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aula 4Técnicas Avançadas em Análise de Custos

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TÉCNICAS AVANÇADAS DE 
ANÁLISE DE CUSTOS 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Neide Borscheid Mayer 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá, alunos. Sejam bem-vindos à Aula 4 da disciplina de Técnicas 
Avançadas de Análise de Custos. 
Nesta aula, vamos tratar de alguns aspectos significativos relacionados à 
implantação de sistemas de custos nas organizações, de forma que vocês 
estejam aptos a ponderar sobre os fatores que podem ou não levar a o projeto a 
ser bem-sucedido. 
Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
Atualmente, as empresas encontram-se inseridas dentro de um contexto 
altamente competitivo, no qual o acirramento de estratégias comerciais exige um 
conhecimento aprofundado não somente do produto ou serviço em si, mas 
também dos custos e materiais do processo produtivo, de forma que se possam 
estabelecer estratégias de preço e posicionamentos mais racionais e eficazes. 
Nesse cenário, as organizações utilizam diferentes ferramentas de 
gestão, dentre elas, a que abordaremos nessa aula, chamada de sistema de 
custos. 
O sistema de custos proverá a gestão com informações detalhadas da 
estrutura de custos, para que se possam identificar as linhas ou produtos com 
maiores margens de lucro, maior rotatividade de demanda por parte do cliente, 
entre outros. Além disso, ajudará no controle e avaliação do desempenho da 
organização em relação ao que havia sido previsto com o que foi efetivamente 
realizado, atuando na correção dos desvios identificados, quando necessários. 
 Entretanto, a implementação desse tipo de sistema somente se justificará 
se trouxer um real benefício à organização. Nos próximos cinco temas da aula, 
trataremos de todos esses aspectos com o objetivo de torná-los aptos a se 
posicionar como críticos e analistas do tema. 
TEMA 1 – OBJETIVOS DOS SISTEMAS DE CUSTOS 
Para que possamos compreender a definição de um sistema de custos, é 
importante relembrarmos a definição de sistemas como um todo. Para isso, 
trazemos o conceito de Oliveira (2009), que diz que o sistema corresponde a um 
todo unitário, que trabalha em conjunto em busca de determinado objetivo e que 
 
 
3 
sofre influências de partes interdependentes que interagem constantemente 
entre si. Nesse sentido, podemos dizer que uma empresa pode ser considerada 
um sistema, que sofre constantemente influências externas (fornecedores, 
clientes, governo etc.) e internas (departamentos, acionistas etc.), ao mesmo 
tempo que também influencia essas partes relacionadas. Da mesma forma, um 
único departamento também é considerado um sistema, e assim 
sucessivamente. Conforme Oliveira (2009, p. 54) “um sistema é constituído por: 
objetivos, entradas do sistema, processos de transformação do sistema, saídas 
do sistema, Controles e avaliações do sistema e Retroalimentação ou 
realimentação”. Apresentamos a representação gráfica dos componentes de um 
sistema na Figura 1. 
Figura 1 – Componentes de um sistema 
 
Fonte: Oliveira, 2009. 
Quando o autor fala em objetivos, está se referindo ao fim que se busca 
atingir no sistema como um todo, o motivo principal de sua existência. Já em 
relação a entradas do sistema, são aquelas informações, dados ou insumos que 
entram no sistema para que sejam utilizados nas diferentes etapas do processo. 
Podemos citar como exemplos, em uma empresa, a entrada de mercadorias e 
notas fiscais oriundas de fornecedores, as requisições recebidas de outras 
áreas, dentre outras. O processo de transformação diz respeito ao conjunto de 
funções que são realizadas para transformar as entradas do processo em 
produto final. Após esse processo de transformação, são obtidas as saídas do 
sistema, que são os resultados do processo, ou seja, referem-se ao resultado 
que se esperava atingir no momento que se estabeleceram os objetivos e todas 
as relações do sistema. Uma vez que já se obteve a saída do processo, iniciam-
 
 
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se os controles e avaliações do sistema, com o propósito de verificar se o 
objetivo proposto foi atingido e se há alguma melhoria a ser implementada para 
melhorar o desempenho como um todo. Como decorrência do controle e 
avaliação, ocorre o processo de retroalimentação ou realimentação, que também 
pode ser entendido como o feedback do sistema, uma vez que reintroduz o 
resultado obtido na saída do processo em função da identificação de 
divergências em relação ao padrão proposto ou simplesmente para informar a 
quantidade de resultados bons obtidos na saída do processo. 
Agora que já relembramos os principais aspectos que envolvem a 
definição geral de sistemas, podemos abordar um tipo específico de sistemas 
que é o objetivo dessa aula, o sistema de custos. 
O sistema de custos pode ser entendido como uma ferramenta que tem 
como objetivo subsidiar a gestão das empresas com informações relacionadas 
à estrutura de custos da organização, trabalhando, nesse sentido, nos aspectos 
de custos históricos (passado), estimados ou projetados (futuro) e efetivamente 
realizados (presente). Além disso, o sistema de custos se envolve em todos os 
níveis de gestão: operacional, tático e estratégico, pois atua desde a coleta de 
dados, com a classificação adequada desses dados, e gera informações que 
norteiam as decisões estratégicas das empresas. Martins (2001, p. 28) define 
que “o sistema representa um conduto que recolhe dados em diversos pontos, 
processa-os e emite, com base neles, relatórios na outra extremidade.” 
Em termos práticos, como funciona o sistema de custos? 
O sistema de custos atua desde a coleta dos dados na entrada das 
informações e insumos, classifica e organiza adequadamente os custos de 
acordo com o método de custeio utilizado pela organização (processo de 
transformação) e transforma tudo isso em informações úteis para tomada de 
decisão, em formato de relatórios e indicadores (saídas) e que são 
disponibilizados para a gestão da empresa de maneira tempestiva e contínua. 
Além disso, como já vimos nas aulas passadas, atua de forma intensa na etapa 
de controle e avaliação daquilo que havia sido previsto em relação ao que de 
fato se concretizou. 
Todo esse campo atuação envolve um conjunto de normas, fluxos de 
processos, papéis, rotinas, além de todo o conjunto de pessoas que atuam nos 
processos produtivos em si. Kaspczak, Scandelari e Francisco (2006) dizem que 
 
 
5 
as empresas com maiores diferenciais competitivos utilizam o sistema de custos 
com o foco nos seguintes objetivos: 
• projetar produtos e serviços que correspondam às expectativas 
dos clientes e possam ser produzidos e oferecidos com lucro; 
• sinalizar onde é necessário realizar aprimoramentos contínuos 
e descontínuos (reengenharia) em qualidade, eficiência e 
rapidez; 
• auxiliar os funcionários ligados à produção nas atividades de 
aprendizado e aprimoramento contínuo; 
• orientar o mix de produtos e decidir sobre investimentos; 
• escolher fornecedores; 
• negociar preços, características dos produtos, qualidade, 
entrega e serviço com clientes; 
• estruturar processos eficientes e eficazes de distribuição e 
serviços para os mercados e público alvo. (Crepaldi, 2004, p. 24) 
Para que as empresas consigam atingir os resultados esperados com a 
implantação de um sistema de custos, alguns aspectos importantes precisam ser 
levados em consideração, os quais serão vistos nos próximos temas. 
TEMA 2 – SISTEMAS DE CUSTOS: ASPECTOS GERAIS E REAÇÃO DO 
SISTEMA 
Assim como a implantação de qualquer processo nas organizações, é 
importante que se saiba que os resultados pretendidos com essa ferramenta 
somente serão alcançados na sua integralidade em função do seu nível de 
maturidade, ou seja, a partir do conhecimento efetivo e detalhado do sistema por 
parte de todos os usuários que atualizam e utilizam as informações, assim como 
pelo tempo de uso na empresa. Isso se deve, de acordo com Martins (2010, p. 
357), por dois motivos: “primeiro, porque nenhumsistema é capaz de resolver 
todos os problemas, e, segundo, porque para atingir sua capacidade de 
funcionar como instrumento de administração, precisa desenvolver-se e 
aprimorar-se”, e esse é um processo gradativo, construído e melhorado de forma 
contínua. 
Isso porque o sistema de custos depende primordialmente das 
informações que foram inseridas nele, ou seja, principalmente de pessoas 
(Martins, 2010) e não somente de números, papéis e rotinas. Desde sua 
implantação, é necessário “um treinamento adequado de todo o pessoal 
envolvido” (Perez Junior; Oliveira; Costa, 2008, p. 307), além de ser importante 
 
 
6 
a sensibilização desse pessoal sobre a importância dessa ferramenta e da 
utilidade da informação gerada a partir dela. 
A conscientização da equipe e a transparência no que se pretende 
alcançar com o sistema de custos é fundamental, porque, no início da sua 
implantação, é comum a resistência, uma vez que em muitos momentos 
consideram o monitoramento e controle realizados como uma forma de 
“fiscalização” e, consequentemente, têm predisposição contrária à colaboração. 
De acordo com Martins (2010, p. 358), “pessoas que sempre sentiram ser da 
confiança da administração podem passar a achar que perderam, pelo menos 
parcialmente, essa condição”. 
Outro aspecto que Martins (2010) destaca e que pode vir a causar reações 
adversas em relação ao processo de implementação de sistemas de custos 
ocorre em determinadas situações em que são contratadas pessoas ou 
empresas de fora da empresa como responsáveis por esse processo. A equipe 
pode vir a senti-los como intrusos ou como pessoas que não dominam o 
conhecimento sobre o processo específico da empresa tanto quanto eles o 
conhecem ou que a sua presença redunde em cortes de pessoas (Martins, 
2010). 
Essas reações de medo e resistência em relação ao novo são comuns, 
até porque “o pessoal da produção tem por objetivo principal a produção, não se 
importando com controles burocráticos” (Perez Junior; Oliveira; Costa, 2008, p. 
308), porém, se o processo for adequadamente conduzido e administrado, tem-
se uma maior probabilidade de alcançar êxitos no projeto e consequentemente 
uma maior qualidade nas informações de custos. 
TEMA 3 – CUSTO DO SISTEMA E SEU BENEFÍCIO, ESCOLHA DO SISTEMA 
Antes que a empresa escolha o seu sistema de custos, deverá analisar a 
informação que espera conseguir por intermédio dessa ferramenta, uma vez que 
“o tipo de informação gerada é adequado às necessidades da empresa” (Bornia, 
2009, p. 30). 
 
 
 
7 
Figura 2 – Diferença entre dado e informação 
 
Fonte: Universidade..., 2018. 
Outro aspecto que precisa ser considerado para uma escolha adequada, 
diz respeito à parte de operacionalização, ou seja, como os dados serão 
coletados e processados para gerar a informação que se espera. De acordo com 
Bornia (2009, p. 31), “o sistema de custos vai, primeiramente, decidir o que deve 
ser considerado (qual informação é importante) para, em seguida, analisar como 
a informação será obtida (de que forma será a operacionalização do sistema)”. 
Para que essas definições sejam possíveis, é necessário levar em 
consideração a estrutura administrativa e gerencial da empresa, em outras 
palavras, considerar o “nível de controles existentes e a necessidade de 
informação para tomada de decisões” (Perez Junior; Oliveira; Costa, 2008, p. 
309). Deve-se sempre partir da premissa de que o sistema de custos fará parte 
Você sabe a diferença entre DADO e INFORMAÇÃO? 
Dados são valores ou ocorrências que não estão estruturados e que por 
isso, não conseguem suportar as organizações para tomada de decisão, 
sem que os dados sejam devidamente trabalhados ou estruturados não 
significam nada. 
Informações são os dados apresentados, depois que já tenham sido 
organizados, ordenados e estruturados de forma que possam subsidiar os 
usuários para tomada de decisão e contendo significados e parâmetros de 
medição, comparação e venham a gerar conhecimento, sobre determinado 
processo ou situação. 
 
 
 
8 
de um sistema mais amplo, que é o próprio sistema de gestão que já é utilizado 
na empresa. 
 
Figura 3 – Sistema de gestão e sistema de custos 
 
 
“O sistema de custos deve-se adaptar às necessidades do sistema de 
gestão, a fim de que os gerentes sejam capazes de utilizar plenamente as 
informações fornecidas” (Bornia, 2009, p. 32). Destacamos esse aspecto porque 
é muito comum “uma informação deixar de ser analisada ou transmitida porque, 
no contexto geral, sua prioridade é pequena, e o tempo disponível por parte da 
pessoa a quem se destina é muito escasso” (Martins, 2010, p. 359). 
Essa análise também pode ser chamada como análise do custo x 
benefício, pois, quanto maior o nível de detalhamento da informação, maior 
tende ser o gasto envolvido. Por vezes, é gerada diariamente uma quantidade 
grande de relatórios e dados que acabam nunca virando informação e, por 
consequência, não trazem nenhum benefício e isso tudo porque foi previsto no 
modelo inicial (Martins, 2010) ou porque a empresa escolheu por implementar 
um “pacote” genérico, desconsiderando as particularidades da empresa. 
“A implantação de um sistema de custos – e de sistemas de informações 
em geral – deve ser vista como um projeto; e, como tal, precisa ter sua viabilidade 
econômica comprovada” (Martins, 2010, p. 360) e continuamente analisada. 
Essa análise, ainda de acordo com esse autor, deve ser realizada 
preferencialmente por alguém não envolvido diretamente no próprio sistema 
para que se tenha o nível de independência no parecer obtido. 
Sistema de 
Gestão
Sistema de 
Custos 
 
 
9 
TEMA 4 – IMPLANTAÇÃO GRADATIVA DO SISTEMA DE CUSTOS, 
IMPORTAÇÃO DE SISTEMA DE CUSTOS 
Com base em todas as análises e considerações realizadas nos temas 
anteriores, podemos afirmar que a implantação gradativa do sistema de custos 
é uma estratégia adequada para que o projeto possa ser bem-sucedido. Para as 
empresas que não apresentam sistemas formais de captação e tratamento dos 
dados, é prudente iniciar com o nível mínimo e mais simples de informações. 
Para Bornia (2008, p. 306), a implantação inicial deve partir: 
- da parte para o todo: uma linha de produção ou um produto 
deverá ser escolhido para teste do sistema. Uma vez aprovado, 
outras linhas ou produtos serão incorporados. 
- do simples para o sofisticado: quanto mais simples, mais 
fácil será o processo de implantação do sistema. Assim sendo, 
em princípio, somente os custos relevantes deverão ser 
apurados com precisão. À medida que o pessoal envolvido for 
se habituando ao sistema, outros custos passarão a ser 
apurados e controlados buscando-se o aperfeiçoamento do 
sistema. 
Além disso, como já tratado nos temas anteriores, a motivação inicial e o 
treinamento adequado das equipes envolvidas é um fator-chave de sucesso que 
não deve ser negligenciado. 
Bornia (2008) montou um roteiro para implantação de custos em função 
de alguns passos que precisam ser considerados, os quais apresentaremos na 
sequência: 
 Levantamento da estrutura administrativa e gerencial da empresa a partir 
dos controles já existentes, para que se consigam estabelecer os 
objetivos que se pretendem atingir com o sistema de custos. 
 Conhecer de forma aprofundada os produtos e sistemas de produção. 
Esse processo normalmente se realiza com mapeamentos dos processos 
realizados por meio de entrevistas com o pessoal da produção e 
acompanhando o processo produtivo em si. 
 Definição dos centros de custos aos quais serão incorporados os custos 
dos produtos. 
 Conhecimento detalhado da estrutura do produto e dos componentes de 
produção, que podem ser: matéria-prima, mão de obra e custos indiretos 
de fabricação. 
 
 
10 
 Identificação dos custos como diretos e indiretos para que se defina aquilo 
que pode ser apropriado diretamente ao produto ou que precisa de um 
direcionar de custoem função de rateio. 
 Identificação dos custos-chave, ou seja, àqueles que tem o maior peso ou 
relevância em relação ao todo. Essa identificação é importante, porque 
sobre esses valores o controle deve ser mais intenso, sempre focando no 
custo x benefício da informação e tempo despendido. 
 Definição dos direcionadores de custos e critérios de rateio é de 
fundamental importância, porque, caso não sejam adequadamente 
definidos, podem provocar distorções significativas nos custos dos 
produtos e processos. 
 Definição dos controles que levarão aos apontamentos de produção. 
Esses controles dizem respeito a mão de obra consumida em cada fase 
de produção e por produto, utilização do material, volumes de produção e 
estágios de fabricação dos produtos em processo. 
 Definição de como se dará o controle e a avaliação de estoques, que 
poderá ocorrer de forma manual ou automatizada, exigir atualização em 
controles paralelos, ser valorizado em uma ou mais moedas (real, dólar 
etc.), por meio de um dos métodos como custo médio, PEPS, UEPS ou 
outro a ser considerado. 
 Definição dos formulários do sistema que deverão ser atualizados ao 
longo do processo, que devem respeitar as seguintes premissas: ser de 
fácil preenchimento, detalhar a informação que se pretende obter (códigos 
de produtos, unidades de medidas, quantidades, prazos de entrega, 
responsabilidade pelo preenchimento, aprovação etc.), ser preenchidos e 
aprovados por pessoal que tenha sido devidamente capacitado. 
 Definição de como ocorrerá a contabilização, caso seja optado por essa 
prática. Caso se escolha por não efetuar a contabilização, é importante 
definir como será realizada a conciliação das informações para garantir o 
seu correto apontamento. 
 Definição dos relatórios de controle gerencial que serão gerados, o tipo 
de informações fornecidas e para que usuários será direcionado, 
periodicidade de apresentação e como e por quem será feito o 
acompanhamento. 
 
 
11 
Figura 4 – Exemplificação de definição de processo, atividade e produto 
 
Fonte: Sistema..., 2018. 
4.1. Importação de sistemas de custos 
Para empresas que já possuem uma plataforma de informações de custos 
e pretendem expandi-la ou alterá-la, há uma prática comumente encontrada de 
importar as informações de uma base anterior ou externa para a base do sistema 
de custo a ser implementado. Isso ocorre, por exemplo, quando já há um sistema 
de custos na matriz e se pretende implementá-lo na filial. Para situações como 
estas, somente se recomenda a importação dos dados quando “as estruturas de 
custo são semelhantes, a qualidade do pessoal é de nível bastante igual, o 
processo de produção é semelhante e também as necessidades de informações 
por parte da administração são as mesmas” (Martins, 2010, p. 362). 
Caso contrário, a implementação deve seguir os mesmos passos para 
implementação inicial de um projeto de sistemas de custos, pois, como já 
mencionamos, trata-se de um processo no qual tanto a aprendizagem é 
gradativa quanto os próprios controles são aprimorados ao longo do tempo e do 
nível de maturidade do sistema. 
Se considerarmos essas ponderações importantes para empresas 
culturalmente semelhantes (por exemplo, do mesmo país, estado etc.), tornam-
se ainda mais relevantes quando consideramos estabelecimentos de países 
distintos, porque, por exemplo, em determinado local, o custo da mão de obra 
pode ser um dos fatores mais importantes para gestão, ao passo que em outros 
 
 
12 
a matéria-prima pode ser mais relevante e significativa. Sem que essas 
adpatações sejam realizadas, o projeto pode vir a nunca atingir seu propósito ou 
sucesso a que se propõe. 
TEMA 5 – PROBLEMAS DE INFLAÇÃO NA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE 
CUSTOS 
Como há momentos em que a moeda corrente utilizada para mensuração 
dos custos pode sofrer desvalorização significativa em função da inflação interna 
do país ou da empresa em si, deve-se prever e considerar uma moeda-base na 
análise das variações e custos apurados (Martins, 2010). 
“Uma variação de 5% ao ano já é suficiente para prejudicar a maioria das 
empresas” (Martins, 2010, p. 363), em razão disso, a informação dos valores dos 
custos considerados deve ser atualizada, realizando-se, preferencialmente, a 
sua correção integral. Caso não se realize essa atualização, a variação 
identificada daquilo que foi realizado em relação ao que havia sido previsto pode 
representar uma desvalorização da moeda do país, e não necessariamente um 
processo a ser trabalhado ou melhorado internamente na empresa. 
Para realizar essa atualização de valores, pode ser utilizado o método de 
inflação interna do qual tratamos no Tema 5 da Aula 1 desta disciplina. 
TROCANDO IDEIAS 
 Você já participou de um processo de implantação ou melhoria do sistema 
de custos em alguma empresa? Ou atua profissionalmente em uma organização 
que utiliza esse tipo de sistemas? Se sim, compartilhe com seus colegas no 
fórum de discussão da disciplina as experiências obtidas nesse processo, os 
pontos fortes e fracos identificados no sistema em questão. 
 Caso você ainda não tenha tido a oportunidade de acompanhar ou utilizar 
esse tipo de sistema, leia o artigo disponibilizado no link a seguir, que trata de 
um estudo de caso de análise na implantação de um sistema de custos em uma 
empresa metalúrgica e compartilhe com seus colegas no fórum de discussão as 
suas percepções em relação a esse processo. 
KLEIN, D.; ALVES, A. P. F. Análise da implantação de um sistema de custos: 
o caso de uma empresa metalúrgica. Disponível em: 
 
 
13 
<http://sys.facos.edu.br/ojs/index.php/gestao/article/download/52/40>. Acesso em: 28 
abr. 2018. 
NA PRÁTICA 
Agora que nós já vimos os principais aspectos que precisam ser 
considerados para implementação de sistemas de custos nas organizações, 
vamos praticar um pouco? 
Quais são os objetivos principais de um sistema de custos? 
Quais são os principais aspectos que podem levar a uma informação 
distorcida ao se escolher por importar dados e estrutura de sistemas em um 
sistema previamente utilizado para um projeto novo? 
FINALIZANDO 
Ao longo dessa aula, pudemos retomar os conceitos relacionados a 
sistemas de forma geral e constatamos que, quando tratamos do termo sistema, 
podemos estar nos referindo à empresa como um todo, como também apenas a 
uma área ou um processo em si. E quando falamos de um sistema de custos, 
estamos nos referindo a uma base de informações que tem por finalidade 
subsidiar a alta administração com informações úteis para tomada de decisão e 
que a manutenção e abrangência desse sistema envolve todos os níveis das 
empresas (operacional, tático e estratégico). 
Na sequência, tratamos da questão de viabilidade e utilidade da 
implantação de um sistema de custos, porque a implantação de um sistema 
somente será justificada se disponibilizar informações que de fato gerem valor 
aos usuários a que se destinam e que possam influenciar de forma assertiva na 
tomada de decisões. Em função disso, o primeiro passo na definição de como o 
sistema será estruturado é o de definir qual o tipo de informação que se pretende 
gerar, a quem, com que periodicidade, com que formato, em qual canal será 
divulgado e quais as pessoas que estarão envolvidas em todos os seus níveis. 
Uma vez realizadas essas definições preliminares, outro passo importante 
é a sensibilização e treinamento de todos os usuários que estarão envolvidos na 
implantação ou que tenham suas atividades impactadas por esse sistema, com 
esse cuidado inicial, tem-se uma menor probabilidade de resistências ou 
boicotes que podem vir a inviabilizar a implantação do sistema propriamente dito. 
 
 
14 
Ao longo do Tema 4, abordamos os aspectos operacionais recomendados 
e sugeridos pelos autores utilizados como referência na elaboração do nosso 
material, que recomendam sempre o início do sistema partindodo simples para 
o mais complexo e a implantação gradativa nas linhas, departamentos e 
processos do sistema produtivo. Com esses cuidados, o processo de 
aprendizagem organizacional e de consistência das informações obtidas serão 
mais efetivos, além de torná-lo menos traumático a todos os envolvidos. 
Já no Tema 5, destacamos a importância de adaptar a ferramenta de 
forma a isolar as variações dos custos derivadas das variações de preço 
decorrentes da inflação interna da empresa ou mesmo da inflação geral do país, 
para não incorrer no risco de analisar incorretamente a origem das variações e 
levar a uma tomada de decisão equivocada. 
 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas 
modernas. 3 ed. São Paulo: Altas, 2010. 
CREPALDI, S. A. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: 
Atlas, 2004. 
KASPCZAK, M. C. de M.; SCANDELARI, L.; FRANCISCO, A. C. de. Sistema de 
custos: importância para tomada de decisões. Disponível em: 
<http://www.pg.utfpr.edu.br/ppgep/anais/artigos/eng_producao/30%20SISTEM
A%20DE%20CUSTOS%20IMPORT%20PARA%20TOMADA%20DECISOES.p
df>. Acesso em: 28 abr. 2018. 
MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 10 ed. São Paulo: Altas, 2010. 
_____. Contabilidade de custos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 
OLIVEIRA, D. de P. R. de. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem 
gerencial. São Paulo: Atlas, 2009. 
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de 
informação contábil. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
PEREZ JUNIOR, J. H.; OLIVEIRA, L. M. de; COSTA, R. G. Gestão estratégica 
de custos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 
SCHIER, C. U. da C. Gestão de custos. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2011. 
SISTEMA para gestão e controle de custos – custos por processo e custeio ABC 
– software IVIU 2.0. Disponível em: 
<https://iplanilha.wordpress.com/category/planilha-de-custos/>. Acesso em: 28 
abr. 2018. 
UNIVERSIDADE Literis. Descomplicando a Gestão do Conhecimento. 
Disponível em: <https://literis.com.br/blog/descomplicando-a-gestao-do-
conhecimento/>. Acesso em: 28 abr. 2018. 
 
 
http://www.pg.utfpr.edu.br/ppgep/anais/artigos/eng_producao/30%20SISTEMA%20DE%20CUSTOS%20IMPORT%20PARA%20TOMADA%20DECISOES.pdf
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https://literis.com.br/blog/descomplicando-a-gestao-do-conhecimento/
https://literis.com.br/blog/descomplicando-a-gestao-do-conhecimento/

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