Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) - é um tipo de distúrbio adquirido da coagulação (sempre secundária a uma doença de base) - é uma síndrome caracterizada pela ativação sistêmica da coagulação → acumulo de fibrina na microvasculatura + consumo de fatores da coagulação e plaquetas • Epidemiologia o ocorre em 0,1 a 1% das admissões hospitalares • Etiologia e fisiopatologia o relacionada a: ▪ sepse bacteriana por Gram-negativos (ex.: meningococo, enterobactérias, pseudomonas) ▪ complicações obstétricas (deslocamento prematuro de placenta, feto morto retido, embolia amniótica) ▪ neoplasias malignas (adenocarcinoma mucinoso, LMA promielocítica – M3) ▪ politrauma ▪ grande queimado ▪ hemólise intravascular aguda ▪ reações a toxinas (ex.: veneno de cobra, drogas) ▪ outros agentes infecciosos (estafilococo, estreptococos, arboviroses, riquetsioses, malária, histoplasmose disseminada) ▪ anormalidades imunológicas (ex.: reações alérgicas graves, reação transfusional hemolítica, rejeição de transplante) o 3 mecanismos que contribuem com a ativação desregulada da coagulação: ▪ expressão de fator tissular ▪ incapacidade das vias anticoagulantes ▪ interferência nos mecanismos de controle da fibrinólise → tanto o aumento quanto pela inibição da fibrinólise (atuação da plasmina e do inibidor do ativador do plasminogênio tipo 1 – PAI-1) o a velocidade da expressão da doença influencia na manifestação da CIVD → eventos trombóticos X eventos hemorrágicos o Ex.: sepse: ▪ ocorre expressão anômala de fator tissular e aumento da liberação do inibidor do ativador do plasminogênio do tipo 1 ▪ lipopolissacarídeos bacterianos → endotoxinas → liberada na corrente sanguínea podendo ativar a trombina o exposição e liberação do fator tecidual → cascata de coagulação... (estado de hipercoagulabilidade) → geração excessiva de trombina → depósito sistêmico de fibrina intravascular → resulta no consumo dos fatores de coagulação (ex.: fibrinogênio, fatores V e VIII) o produtos da cascata → + estimulação da ativação e agregação plaquetária → trombocitopenia o consumo de fatores da coagulação → coagulopatia o destruição de hemácias → anemia hemolítica microangiopática, com esquiócitos na periferia o obstrução de pequenos vasos → gangrena periférica o intensificação da fibrinólise → aumento dos PDF (produtos de degradação de fibrina (ex.: D-dímero) ▪ obs: o D-dímero é produto da degradação da fibrina e não dos monômeros ou do fibrinogênio ▪ na fibrinólise primária → são formados produtos de degradação, mas sem D-dímero o fibrinogênio (fator I) → fator mais depletado • Duas formas de CIVD o Forma aguda ▪ relacionada a sepse, trauma, complicações obstétricas, LMA ▪ o consumo dos fatores de coagulação e de plaquetas não é compensado pela produção hepática e da medula óssea ▪ esses pacientes são mais propensos aos eventos hemorrágicos (sangramentos espontâneos) o Forma crônica ▪ relacionada a tumores secretores de fator tecidual, aneurismas de aorta... ▪ há uma resposta compensatória (hepática e medular) ▪ esses pacientes são mais propensos a eventos trombóticos • Manifestações Clínicas o Pode ocorrer manifestações hemorrágicas e ou trombóticas ou o paciente pode apresentar-se assintomático → a depender da rapidez com que o processo se instala.... ▪ sangramentos: • petéquias, equimoses • múltiplos locais → sítio de punção, cateteres, drenos, mucosas • “púrpura fulminans” → condição rara, associada à CIVD e caracterizada por extensa trombose intravascular e infarto cutâneo hemorrágico • TGI, orofaringe, pulmões, urogenital, petéquias o o paciente pode permanecer assintomático → com aumento dos níveis de produtos de degradação de fibrina o o paciente pode apresentar manifestações de trombose → leva a → disfunção renal, hepática, pulmonar e do SNC ▪ tromboses • Tromboflebite Superficial Migratória (Sd. Trousseau) • trombose venosa • trombose arterial • Diagnóstico clínica + doença base 1. Anemia hemolítica com esquizócitos (“hemácias que tentam passar pela circulação e são parcialmente fragmentadas devido a presença de microtrombos”) 2. Alargamento do TTPa, TP e TT 3. Aumento dos PDF → principalmente → D-dímero 4. Trombocitopenia 5. Hipofibrinogenemia (< 70 – 100 mg/dl) OBS: na CIVD crônica → exames podem ser normais, exceto PDF (estarão aumentados) • Diagnóstico diferencial o Microangiopatias trombóticas (ex.:púrpura trombocitopênica trombótica, síndrome hemolítico-urêmica) o Hepatopatia grave o Trombocitopenia induzida por Heparina o Hipofibrinogenemia ou disfibrinogenemia • Tratamento obs: prognóstico ruim... Mortalidade entre 40-80% em casos de sepse, politrauma e grande queimado o tto da doença de base o controle da patologia de base o pacientes com critério laboratorial + sem sangramento ou trombose ▪ expectante o sangramento (ou necessidade de cirurgia) ▪ reposição de plaquetas (se contagem < 50.000/mm3), plasma fresco congelado (contem os fatores de coagulação – visando TAP e TTP < 1,5x normal) e crioprecipitado (1-2 bolsas para cada 10 kg) (visando mante fibrinogênio > 100 mg/dl) o na CIVD crônica ▪ Heparina • PRESCRIÇÃO o Dieta e Hidratação ▪ Dietal oral zero (se intabilidade...) Dieta enteral e/ou reposição calórica mínima endovenosa ▪ SF ou Ringer Lactato 30ml/kg EV, correr rápido o TTO farmacológico ▪ Transfusão de plaquetas: 1 concentrado/10kg • obs: se hemorragia grave ou necessidade de procedimento invasivo + plaquetometria < 50.000/mm3 • se plaquetometria < 10.000 – 20.000/mm3 → independente de outros fatores → transfusão de plaquetas ▪ Plasma fresco congelado: 10-20ml/1kg (cada bolsa tem cerca de 200-250ml) ▪ Crioprecipitado: 1 – 1,5 unidade/10 kg. Cada unidade aumenta o fibrinogênio, em média, em 5 mg/dL – o nível hemostático é de 70-100 mg/dL • obs: se hemorragia grave + TAP ou PTT bastante alargado ou fibrinogênio < 50 md/dL (reposição de fatores da coagulação com plasma fresco ou crioprecipitado) ▪ Analgésico e antitérmico: se presença de dor ou febre ≥ 37,8 C. Escolha uma das opções abaixo ▪ Dipirona sódica (500 mg/ml) • 1-2g EV até 4/4h (dose máxima: 5g em 24h) ▪ Dipirona sódica gotas (500 mg/ml) 20-40 gotas VO até de 4/4h ▪ Dipirona sódica 500-1000mg VO até de 4/4h ▪ Paracetamol gotas (200 mg/ml) 35-55 gotas VO até de 6/6h ▪ Paracetamol 500-750mg VO até de 6/6h Antiemético: se presença de náuseas e/ou vômitos ▪ Metoclopramida (10-mg/2ml) 10 mg EV, diluído em água destilada, até de 8/8h ▪ Metoclopramida (4 mg/ml) 50 gotas VO de 8/8h ▪ Metoclopramida 10mg VO de 8/8h ▪ Bromoprida (10mg/2ml) 10 mg EV de 8/8h ▪ Bromoprida (4 mg/ml) 1-3 gotas/kg VO de 8/8h Proteção gástrica: ▪ Omeprazol (40 mg/10ml) 20-40 mg VO/EV de 24/24h pela manhã ▪ Pantoprazol Sódico 20-40 mg VO de 24/24h, em jejum ▪ Pantoprazol sódico (40 mg/10ml) 40 mg EV de 24/24h HEMOTRANSFUSÃO • antígeno e anticorpo • Grupo ABO o A → anticorpos anti-B o B → anticorpos anti-A o AB → - o O →anticorpos anti-A e anti-B o Obombay → anticorpos anti-A, anti-B e anti-H • Grupo Rh o Rh+ (indivíduo com antígeno D) o Rh- (indivíduo sem antígeno D) OBS: indivíduos Rh- não podem receber sangue Rh+ • No geral são muito mais tipos específicos de sangue → 100 grupos sanguíneos além dos grupos ABO e RH, com mais de 500 antígenos conhecidos • Numa situação de emergência um paciente Rh negativo PODE receber sangue Rh positivo (não ocorre aloimunização “natural” contra o antígeno D de grupo Rh) → porém → o receptor será aloimunizado contra o Rh o não receber novamente o sangue Rh positivo !!! o se mulher em idade fértil → receber imunoglobulina anti-D (RhoGam) junto à transfusão → para evitar a aloimunização anti-D e o risco de doença hemolítica perinatal • Hemocomponentes o CHA → concentrado de hemácias ▪ leucodepletado • reduzir o número de células brancas -→ diminui a chance de transmissão do CMV e de aloimunização contra o HLA ▪ lavado• para remover o plasma em pacientes com história de reação transfusional alérgica ▪ irradiado • inativar leucócitos remanescentes após a leucodepleção • cuidado para pacientes profundamente imunodeprimidos ou quando doador e receptor são parentes de primeiro grau o PFC → plasma fresco congelado o Crioprecipitado • Testagens obrigatórias o Sífilis; Doença de Chagas; Hepatites B e C; HIV; HTLV I e II o Citomegalovírus (CMV) se receptores de tlansplantes com IgG anti-CMV negativo; recém nascido de mão IgG anti-CMV negativo ou sorologia desconhecida; transfusão intrauterina o Malária (em regiões endêmicas) • Reações adversas à hemotransfusão o quando suspeitar → febre, calafrios, dor no sítio de infusão, costas, abdome, alterações agudas da PA, desconforto respiratório, alterações cutâneas, náuseas e vômitos, icterícia ou colúria, sangramento o Condutas gerais → suspender a transfusão, iniciar soro fisiológico para lavar o acesso, verificar sinais vitais, conferir identificação do paciente e da bolsa, comunicar ao banco de sangue, chamar o médico, não jogar a bolsa fora: serão colhidas amostras para novos testes o mpedico: ▪ avaliar o paciente ▪ medidas de suporte clínico: • hidratação, manter PA, antitérmico e antialérgico se necessário, suporte circulatório, suporte ventilatório • preencher o formulário de reação transfusional o Imunes ▪ Reação Hemolítica Transfusional Aguda • causa: anticorpos contra antígenos eritrocitários (principalmente ABO) • clínica: calafrios, febre, hemoglobinúria, hipotensão, insuficiência renal, CIVD, dor nos flancos e no sítio de infusão, ansiedade • exames: hemograma, coagulograma, LDH, função renal, bilirrubinas e amostras para o banco de sangue • tratamento: hidratação, diuréticos, analgesia, vasopressores, reposição de fatores de coagulação se necessário (plasma, crio) • deve-se hiperidratar o paciente ▪ Reação febril não hemolítica • causa: anticorpos contra antígenos leucocitários; citocinas pré-formadas nas unidade de plaquetas • clínica: febre (elevação de pelo menos 1 C de temperatura durante ou após a transfusão), tremores e calafrios • Tratamento e profilaxia: antieméticos, meperidina (calafrios), componentes leucodepletados (filtrados ou coletados por eférese) ▪ Reação Febril Hemolítica • devido a presença de anticorpos anti-HLA no soro do receptor que “atacam” os leucócitos do doador levando à liberação de citocinas pirogênicas • prevenção → leucodepleção dos hemocomponentes ▪ Injúria Pulmonar Aguda Relacionada à Transfusão (TRALI) • obs: não ocorre aumento das pressões de enchimento do coração esquerdo ▪ Reação Hemolítica Transfusional Tardia ▪ Aloimuniação ▪ Reação alérgica/urticariforme/anafilática • causa: anticorpos contra proteínas do doador • clínica: urticária, prurido • Tratamento e profilaxia: anti-histamínico, corticoides, hemácias lavadas • anti-histamínicos (ex.: difenidramina 50 mg) e retornar à transfusão depois • em alguns casos → adrenalina (0,5 – 1 mlda solução 1:1000) + anti-histamínicos + glicocorticoide IV ▪ Doença Enxerto versus Hospedeiro Transfusional ▪ Púrpura Pós-Transfusional o Não imunes ▪ Sobrecarga Circulatóra Associada à Transfusão (TACO) • obs: ocorre aumento das pressões de enchimento do coração esquerdo • dispneia, hipoxemia, infiltrados bilaterais no RX de tórax, hipertensão sistólica • prevenção → administração IV lenta • TTO → suspensão temporária, diuréticos ▪ Sobrecarga de ferro ▪ Contaminação bacteriana ▪ Hemólise não-imunológica ▪ Hipocalcemia ▪ Plaquetopenia ▪ Hipotermia ▪ Distúrbios eletrolíticos e acidobásicos • neonato ou portadores de DRC → hemácias “frescas” ou “lavadas” (a lavagem, ao remover oplasma, elimina o excesso de potássio) • o citrato (quelante de cálcio) é utilizado como anticoagulante → risco de hipocalcemia (parestesia perioral e de extremidades, tetania, crise convulsiva) em transfusões maciças • citrato é convertido em bicarbonato → risco de alcalose metabólica ▪ Trombocitopenia e Coagulopatia “Dilucionais” ▪ Hemocromatose Secundária • sobrecarga de ferro → disfunção hepática, cardíaca, endócrina • quadro instalado → quelantes de ferro (ex.: deferoxamina (parenteral) ou deferasirox (oral) ▪ Episódios Hipotensivos ▪ Imunomodulação ▪ Sepse bacteriana • antibioticoterapia de amplo espectro + suporte o • INDICAÇÔES o Concentrado de Hemácias do Adulto (CHA) volume médio: 250 a 300 ml ▪ hemorragia aguda ▪ pré e peroperatório ▪ anemias *analisar o risco-benefício da hemotransfusão em cada caso ▪ Hemorragia aguda • perda >30% (>1500ml em um adulto de 70 kg) • perda > 15% (>750ml) se: o instabilidade hemodinâmica o anemia preexistente o hemorragia ininterrupta o doença cardiorrespiratória/cerebrovascular crônica ▪ Pré-operatório • Hb < 8 g/dl ou Ht < 24% o Perda sanguínea prevista ≥ 250ml/h ou ≥ 1 L; distúrbio da hemostasia • Hb < 10 g/dl ou Ht < 30% o perda sanguínea prevista ≥ 250 ml/h ou ≥ 1 L em pacientes com comorbidades (doença cardiorrespiratória ou cerebrovascular) • Hb < 7 d/dl ou Ht < 21% o transfundir em todos os casos ▪ Anemia • descompensada → insuficiência cardíaca congestiva; angina; alteração do sensório • de modo geral (Hb < 7 g/dl ou Ht < 21% em pacientes previamente hígidos e Hb < 9 g/dl ou Ht < 27% em portadores de comorbidades crônicas →Em crianças: 10 a 15 ml/kg OBS: filtrada (“retirar” leucócitos) OBS: cada CHA eleva a hemoglobina em 1 g /dl e hematócrito em 3% o Concentrado de plaquetas ▪ Outros → profilaxia • plaq > 10.000 → biópsia de medula óssea • plaq > 20.000 → pequenas cirurgias • plaq > 50.000 → anestesias periduarais, cateteres, biópsias transbrônquicas, hepáticas ou renais, cirurgias de médio porte • plaq > 100.000 → cirurgias de grande porte, neurocirurgias ▪ OBS • Concentrados de plaquetas randômicas o desvantagem: expor o paciente a vários doadores • Concentrado de plaquetas por aférese o na técnica de coleta→ “conecta” o paciente em uma máquina que filtra o sangue (retêm plaqueta e devolve sangue/plasma) o vantagem: retira os leucócitos ▪ Dose → 1 unidade de plaquetas randômicas p/ cada 10Kg (média no adulto: 6 unidades) ▪ 1 hora após infusão → coletar sangue e avaliar resposta (esperado: incremento de 30.000 na 1ª hora; incremento de 5.000 a 10.000 após 24 horas) OBS: refratário → se o incremento após 1h for < 10.000/mm3 ou se incremento for inferior a 2.000 por cada unidade de plaquetas randômicas transfundida ▪ Contraindicações → Púrpura Trombocitopênica trombótica; Trombocitopenia Induzida por Heparina o Plasma Fresco Congelado unidade: 180 – 250ml ▪ Dose: 15-20 ml/kg ▪ OBS: não fazer plasma do grupo O → em indivíduos A, B e AB ▪ Indicações: → reposição de fatores de coagulação (quando não é possível repor o fator específico) • intoxicação por cumarínicos • Insuficiência hepática • Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) • Púrpura Tombocitopênica Trombótica (PTT) • Coagulopatias Hereditárias (exceto Hemofilia A) o OBS: se → houver sangramento por coagulopatia; se o paciente for submetido a procedimento invasivo e tiver um coagulograma com INR < 1,5, atividade de protrombina < 50% ou TTPa > 55s (relação > 1,5) o Crioprecipitado unidade: 10 - 20ml dose: unidade/5kg ▪ obs: rico em → fibrinogênio, fator VIII, fvW, fator XIII e fibronectina ▪ indicações: CIVD; reposição de fibrinogênio na afibrinogenemia/hipofibrinogenemia congênita; Doença de von Willebrand; deficiência do fator XIII • Transfusão maciça o transfusão de uma volemia no período de 24h ou: ▪ reposição de 50% da volemia em 3h ▪ 150ml/kg/h o a coagulopatia é comum e de difícil correção o manter a contagem de plaquetas > 50.000 o manter resgate volêmico com cristaloide o monitorar dosagem de eletrólitos, principalmente do cálcio o esquema mais aceito → 1 conc. de hemácias : 1 conc. plasma : 1 conc. plaquetas (1:1:1)
Compartilhar