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• HEMOFILIAS - Doenças hemorrágicas hereditárias, herdadas como condição recessiva ligada ao cromossomo X Obs: acaba sendo uma doença quase exclusiva do sexo masculino o Hemofilia A → decorre da deficiência quantitativa ou qualitativa do fator VIII o Hemofilia B → decorre da deficiência quantitativa ou qualitativa do fator IX o Epidemiologia ▪ Hemofilia A (80% dos casos), com prevalência de 1/5.000 nascidos do sexo masculino ▪ Hemofilia B – prevalência de 1/30.000 nascidos do sexo masculino ▪ Uma mulher portadora → se tiver um filho homem, a chance de ser hemofílico é de 50% ▪ Registro de Coagulopatias Hereditárias do Ministério da Saúde, ano 2007 → 8.172 hemofílicos ▪ Em 2010 → criação do cadastro com controle nacional (HemovidaWeb Coagulopatias) → + de 10.000 casos o Genética ▪ Influência da herança ... → braço longo do cromossomo X → contém os genes que codificam os fatores VIII e IX ▪ Condições que levam as mulheres a manifestar hemofilia (raro) • XhX (inativação do cromossoma X saudável) • Xh0 (na Sìndrome de Turner) • Homem XhY caso com mulher XhX gerando XhXh (difícil tendo em vista o acompanhamento médico/genético) ▪ Porém existem casos esporádicos (30% dos casos) → surgem devido a uma mutação de novo, fenômeno pode ocorrer na mãe ou no feto ▪ Os homens (XY) hemofílicos sempre passam o cromosso X alterado para as filhas mulheres... o Manifestações clínicas ▪ 70% dos casos de Hemofilia A possuem a forma grave → com atividade do fator VIII < 1% do normal ▪ 30% restantes → formas moderada (atividade entre 1 – 5%) e leve (atividade entre > 5 – 30%) ▪ 20 – 45% dos casos de Hemofilia B manifestam a forma grave • Sangramento intracraniano (durante o parto) o Pode ser evitado com a não utilização da extração a vácuo e uso do fórcipe • Pré-escolares (2 – 4 anos) o Manifestação clínica nas formas graves o Hemartroses (monoartrite de grandes asticulações) → hemorragia de capilares subsinoviais ▪ Destaque: joelho, cotovelo, tornozelo e quadril (outros: ombro, punhos) ▪ Edema ▪ Inflamação, eritema, difícil mobilização ▪ Dor intensa ➔ A progressão pode desencadear um processo degenerativo que pode evoluir para artropatia hemofílica crônica ▪ Perda de movimentação articular, contraturas fixas em flexão, atrofia muscular (secundária ao desuso), deformidade óssea, dor crônica o Hematomas intramusculares ▪ Pode comprimir nervos periféricos → síndrome compartimental (com comprometimento isquêmico) ▪ Ex.: hematoma no músculo íleo-psoas • Compressão do nervo femoral, anteriormente → dor no quadrante inferior do abdome, flexão da coxa, dor na face anterior da coxa, parestesia, hiperestesia, diminuição da força muscular do quadríceps, paralisia dos músculos flexores da coxa... o Hematomas retroperitoneais o Hematomas do psoas (simula apendicite aguda) o Sangramento de língua ou partes moles do pescoço ou garganta ▪ obs. vias aéreas ▪ exige tratamento rápido o Sangramento gastrointestinal ▪ Hematêmese, melena o Sangramento geniturinário ▪ hematúria o Hemorragia intracraniana ▪ 10% dos pacientes / mortalidade de 30% ▪ obs: sempre investigar cefaleia > 4 horas em hemofílicos o Hematoma orofaríngeo (risco de obstrução da via aérea) o Pseudotumores → músculo esquelético, ossos longos, pelve, dedos das mãos e pés ▪ Resultado de hematomas revestido por cápsula fibrosa ▪ No osso → destruição óssea, neoformação óssea, expansão do osso e fratura patológica o Diagnóstico e classificação ▪ Obs: fatores VIII e IX fazem parte da via intrínseca ▪ Contagem de plaquetas, tempo de sangramento e Tempo de Protrombina (TP) → normais ▪ Tempo de tromboplastina Parcial ativado (TTPa) → prolongado • valor normal: 25 – 35 segundos • varia com a gravidade • outras condições que podem elevar o TTPa → uso de heparina não fracionada; CIVD; presença de inibidores circulantes (anticorpos antifator VIII, anticoagulante lúpico; doença de von Willebrand (pode haver uma deficiência leve de fator VIII, não capaz de levar à hemofilia mas que pode elevar o TTPa) ▪ Correção do TTPa após teste de mistura (se corrigido → indica deficiência de fator e não presença de inibidores...) ▪ Ensaio específico para os fatores VIII e IX • atividade < 40% ▪ Antígeno do fator de von Willebrand em pacientes com deficiência de fator VIII (para diagnóstico diferencial) • antígeno do fator de von Willebrand normal na hemofilia A ▪ Avaliar/acompanhar a articulação → RNM (melhor exame); Ultrassonografia • !!! Fluxograma de atendimento o Paciente com suspeita de distúrbio hemorrágico ▪ 1º: as 4 principais “provas de hemostasia” • Contagem plaquetária (normal: 150.000 a 450.000) • Tempo de Sangramento (TS) (normal: 3 – 7 minutos) • Tempo de protrombina (TP) • Tempo de tromboplastina Parcial ativado (TTPa) OBS: 2 primeiras → hemostasia primária / 2 últimas → hemostasia secundária Ex.: sangramento imediato após procedimento cirúrgico, sangramento mucocutâneo → pedir contagem de plaquetas e tempo de sangramento primeiro Ex.: hemartrose, hematoma profundo → pedir TAP e TTPa primeiro - Nas diáteses hemorrágicas não características → pedir todos os testes o Se trombocitopenia (< 50.000/mm3), com TTPa e TP normais (sem coagulopatias) ▪ Procurar causas de trombocitopenia: Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI); Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT); Síndrome Hemolítico- Urêmica (SHU); anemia aplásica; Leucemia; Hiperesplenismo etc o Se trombocitopenia + coagulopatia (alargamento do TTPa e/ou do TP) ▪ Pensar em: Insuficiência Hepática com hiperesplenismo; CIVD; uso de heparina (além de alargar TTPAa, pode induzir trombocitopenia imunomediada) • Para invstigar CIVD → solicitar tempo de trombina, dosagem do fibrinogênio plasmático, Produtos de Degradação da Fibrina (PDF) ➔ Fibrinogênio baixo e PDF altos → CIVD o Se plaquetometria normal e tempo de sangramento anormal (> 10min) ▪ Suspeitar doença de von Willebrand, distúrbios hereditários da função plaquetária (raro) ou adquiridos (uremia etc) ▪ OBS: TS alargado + TTPa alargado e restante das provas hemostáticas normais • → indica doença de von Willebrand • Obs: a deficiência parcial do fator VIIII explica o alargamento do TTPa) o Se contagem plaquetária e TS normais + TP e TTPa alterados ▪ TTPa alterado e TP normal → problema na via intrínseca • uso de heparina; deficiências hereditárias da via intrínseca (ex.: fator VIII (hemofilia A), fator IX (hemofilia B), fator XI, doença de von Willebrand (redução de fator VIII), anticorpos antifator VIII, IX ou XI • as deficiências de fator XII, pré-calicreina ou cininogênio de alto peso molecular alargam o TTPa mas não se associam a sangramento ▪ TTPa normal e TP alterado → problema na via extrínseca • Insuficiência hepática, deficiência de vitamina K (ex.: colestase), uso de cumarínicos (nesses 3 casos a deficiência predominante é do fator VII), alguns casos de CIVD, anticorpo antifator VII, deficiência hereditária da via extrínseca (fator VII) ▪ TTPa e TP alterados → problema na via comum • Insuficiência hepática, deficiência de vitamina K, uso de cumarinicos, uso de heparina, CIVD e deficiências hereditárias da via comum (fibrinogênio, protrombina, fator X ou fator V) ▪ TPPa e TP normais → doença de von Willebrand (alguns casos podem ter TS e TPPa normais); hiperfibrinólise; deficiência de fator XIII; desfibrinogenemia o Diagnóstico diferencial ▪ Diferenciação entre elas (as hemofilias A e B) ▪ Hemofilia A X Doença de Von Willebrand → atividade antigênica e funcional do fator von Willebrand • Obs: na dvW pode haver deficiência de fator VIII... ▪ Outras deficiências da via intrínseca • Deficiência do fator XI → afeta homens e mulheres, apresentando diátese hemorrágica mais leve do que as hemofilias • Deficiência dos fatores XII, precalicreína e cininogênio → embora TTPa prolongado, não cursam com manifestações hemorrágicas • Deficiência combinada dos fatoresV e VIII → além do prolongamento de TTPa, há prolongamento do TP e redução dos níveis dos fatores VIII e V, não associados à doença hepática • Hemofilia B X deficiência de vitamina K → normalização das concentrações plasmáticas dos fatores II, VII e X (são fatores dependentes de vitamina K) o Tratamento - Feito em centro de tratamento com equipe multiprofissional capacitada - Reposição do fator + terapia adjuvante + preventivo + tratamento das complicações associadas ▪ Fator VIII purificado (feito a partir de plasma de cerca de 10.0000 doadores, com inativação de agentes infecciosos por detergentes ou calor) ▪ Fator VIII recombinante (obtido a partir de células de cabras) → Usar no paciente com Hemofilia A - Grave (atividade < 1%) → administra fator → 2 a 3x / semana Profilaxia primária: antes de dano à articulação Profilaxia secundária: após articulação ser comprometida Administra se: Presença de complicação Peroperatório - Leve e Moderada → administra fator em casos de cirurgia e sangramentos → outros: Plasma fresco congelado; Crioprecipitado; • Cálculo da dose deve ser feito para: o Manter atividade do fator VIII entre 15 – 20% nos sangramentos leves o Manter atividade do fator VIII entre 25 – 50 % nas hemartroses ou sangramentos de moderada gravidade o Manter atividade do fator VIII em torno de 50% na hemorragia intracraniana e no preparo cirúrgico ▪ 2x/dia, durante 3 – 14 dias (dependendo da gravidade) ▪ Pós-operatório → 10 – 14 dias, para garantir cicatrização ▪ Terapia adjuvante • Hemorragia branda → DDAVP (Desmopressina) 0,3 g/kg o Aumenta a atividade do fator VIII o para 5 – 10% (4 – 6 vezes) • Antifibrinolíticos → antes de procedimentos na cavidade oral o Ácido épsilon aminocaproico (EACA) → 50 a 60 mg/kg, IV, 4/4 horas, seguido da mesma dose VO o Ácido tranexâmico → 10 mg/kg/dose, IV, 3x/dia ou 20 mg//kg/dose, VO, 3x/dia o Contraindicação: na vigência de hematúria (chance de formar coágulos obstrutivos do sistema uroexcretor) • Evitar medicações contendo ácido acetilsalicílico o Alternativas: paracetamol; codeína; dextropropoxifeno; naproxeno; inibidores seletivos da COX-2 ▪ Fator IX purificado ▪ Fator IX recombinante _______________________________________________________________________________________________________ • Provas da Hemostasia → “coagulograma” OBS: ver mais informações em MedCurso Hemato 3 – pag 14 o Contagem plaquetária o Índices Plaquetários ▪ Volume Plaquetário Médio (VPM) ▪ Índice de anisocitose plaquetário (PDW) o Tempo de Retração do Coágulo o Tempo de Sangramento o Tempo de Coagulação o Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (PTTa) o Tempo de Protrombina (TP) o Tempo de Trombina o Dosagem d Fibrinogênio Plasmático _______________________________________________________________________________________________________ o Complicações ▪ Decorrentes dos sangramentos → ex.: artropatia hemofílica ▪ Decorrentes do tratamento → ex.: doenças transmissíveis por transfusão sanguíneas (ex.: hepatites B e C e HIV) • Raras tendo em vista os protocolos de rastreio atuais (hemocentro) ▪ Pseudotumor hemofílico ou cistos hemorrágicos ▪ Inibidores contra fator VIII ou fator IX
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