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Universidade Federal do Rio Grande Escola de Química e Alimentos Curso de Engenharia Química Disciplina de Bioquímica Industrial II Obtenção de iogurte a partir de cultura liofilizada e iogurte natural Bruna Coseglio – 117771 Carla Costa – 128153 Filipe Velho – 128175 Roni Capa Verde – 117754 Sabrina Ulguim – 118895 Prof. Dr. Carlos André Veiga Burkert Rio Grande, RS, outubro de 2019 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..........................................................................................3 2. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................4 2.1. TRATAMENTO PRÉVIO................................................................4 2.2. INCUBAÇÃO..................................................................................4 2.3. PROCESSO DE FERMENTAÇÃO.................................................4 2.4. RESFRIAMENTO...........................................................................5 2.5. VISÃO GERAL...............................................................................5 3. OBJETIVO................................................................................................5 4. METODOLOGIA.......................................................................................6 4.1. MATERIAIS....................................................................................6 4.2. MÉTODOS.....................................................................................6 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................7 6. CONCLUSÃO.........................................................................................11 7. REFERÊNCIAS.......................................................................................11 8. ANEXO....................................................................................................11 3 1. INTRODUÇÃO O iogurte é um produto fermentado do leite, com caráter ácido, obtido a partir da ação de uma cultura de microrganismos bacterianos, o Streptococcus thermophilus e o Lactobacillus bulgaricus, adicionando-se ou não frutas, açúcar e outros ingredientes que possam melhorar sua apresentação e modificar o seu sabor. A fermentação lática tem um grande impacto econômico, considerando que o consumo de iogurte vem aumentado cada vez mais (Robert, 2008). Através da coagulação da lactose, os microrganismos conseguem produzir o iogurte, pois utilizam a fonte de carbono e de energia através de um processo de fermentação láctica; isso facilita a assimilação do iogurte em indivíduos com intolerância à proteína do leite. Esta ação bacteriana resulta na produção de ácido láctico, responsável pelo caráter ácido característico deste alimento (Dias, 2008). Ademais, o consumo do iogurte auxilia na produção de anticorpos, hormônios e enzimas importantes para o metabolismo, contribuindo para reforçar o sistema imunológico e, consequentemente, retardar o envelhecimento. Todavia, para ser considerado iogurte, é preciso que o leite contenha culturas vivas, composta dos microrganismos exclusivos que são responsáveis pelos diversos benefícios à saúde e nutrição (Robert, 2008). Além disso, o processo de produção é simples e permite que muitos sabores e ingredientes, como cereais e mel, sejam adicionados, elevando, assim, a variedade de produtos no mercado. Um dos benefícios do iogurte está ligado diretamente ao sistema digestivo, onde atua como regulador das funções digestivas. Ele também contribui para o fortalecimento dos ossos e do sistema nervoso, o que atribui relevância ao produto no mercado (Dias, 2008). Esse produto pode ser classificado de acordo com o sabor; teor de gordura, como creme (mínimo 6%), integral (3% < g > 5,9%), parcialmente desnatado (0,6% < g > 2,9%) ou desnatado (máximo 0,5%); em relação aos ingredientes, podendo ser natural (elaborado somente com leite e microrganismos), flavorizado (adição de essências, corantes e açúcar) ou com frutas (adição de polpa ou pedaços de frutas); consistência; textura; e, ainda, de acordo com o processo de elaboração (Robert, 2008): I. Iogurte tradicional (set yogurt): processo de fermentação ocorre dentro da própria embalagem, promovendo a homogeneização e resultando em um produto firme, mais ou menos consistente. II. Iogurte batido (stirred yogurt): processo de fermentação ocorre dentro de fermentadoras ou incubadoras, com posterior quebra do coágulo, e depois embalado. III. Iogurte líquido (fluid yogurt): processo de fermentação realizado em tanques; são comercializados em embalagens plásticas tipo garrafas, são normalmente adicionados açúcares, frutas e cereais. A fabricação do iogurte de boa qualidade implica diversos cuidados prévios. O leite utilizado deve apresentar boa qualidade, ser higienicamente produzido e manipulado, de composição físico-química normal, isento de antibióticos e preservativos e não deve ser utilizado congelado (Robert, 2008). No Brasil, a indústria láctea é bastante significante, apresentando elevado nível de desenvolvimento tecnológico, o que é comprovado pela grande variedade de produtos nas prateleiras dos mercados. Entretanto, apesar do 4 exponencial crescimento a cada ano, ainda falta muito para que o consumo brasileiro atinjam os valores europeus de consumo de iogurte (Robert, 2008). 2. REFERENCIAL TEÓRICO O processo de obtenção do iogurte está dividido em quatro fases gerais: tratamento prévio do leite (padronização, filtração, homogeneização, tratamento térmico e cultivo iniciador), incubação, fermentação e resfriamento. 2.1. TRATAMENTO PRÉVIO O leite utilizado para fabricação de iogurte deve apresentar boa qualidade e portanto, deve apresentar as seguintes condições: acidez inferior a 20º Dornic; alto teor de sólidos solúveis; ausência de substâncias inibidoras de enzimas; ausência de microrganismos patogênicos; teor de gordura padronizado. O tratamento prévio começa pela padronização do leite com a adição de leite em pó desnatado, com o objetivo de aumentar a consistência do produto final, além de reter água das proteínas do leite (Saccaro, 2008). A homogeneização reduz o tamanho dos glóbulos de gordura e impede a formação da nata. Já o tratamento térmico destrói os microrganismos patogênicos e outros que possam competir com as culturas do iogurte, além de aumentar o crescimento da cultura láctica, pois reduz o teor de oxigênio do leite ocasionando o aumento da viscosidade e textura ao iogurte (Saccaro,2008). 2.2. INCUBAÇÃO Após o tratamento prévio, ocorre a etapa de incubação. O inóculo é constituído pelos microrganismos Streptococus thermophilus e Lactobacilus bulgaricus, em proporções iguais, para obter a consistência e a característica desejável do produto. A temperatura de incubação ideal é entre 40 e 45ºC, em que as bactérias fermentadoras trabalham em equilíbrio (Saccaro,2008). 2.3. PROCESSO DE FERMENTAÇÃO Antes de ocorrer o processo fermentativo, a lactose, a qual é o açúcar presente em maior quantidade no leite, necessita ser quebrada pela ação das enzimas produzidas pelas bactérias fermentadoras. Elas quebram a lactose, composta por dois açúcares unidos por ligação glicosídica, em açúcares mais simples, a glicose e a galactose. E a partir da glicose que ocorre a fermentação, originando o ácido láctico como produto final. Esse processo ocorre em duas fases (vias metabólicas), na primeira ocorre a glicólise e, na segunda, a fermentação propriamente dita (Robert, 2008). Na primeira fase, cada molécula de glicose é oxidada, gerando duas moléculas de piruvato. Na segunda fase, as moléculas de piruvato são reduzidas originando o ácido láctico, e sua produção provoca um abaixamento gradual do pH, até o momento em que as cargas da superfície das moléculasda caseína (proteína do leite) tornam-se nulas, ou seja, as cargas se anulam, atingindo o menor grau de solubilidade dessas proteínas e suas moléculas começam a se unir formando aglomerados de caseína (Robert, 2008). Para um melhor desempenho do processo fermentativo, as culturas devem apresentar resistência à degradação, possuir poder acidificante, ser capazes de 5 desenvolver em simbiose e produzir substâncias responsáveis pela viscosidade e atribuição de sabor e aroma ao iogurte. 2.4. RESFRIAMENTO O resfriamento é uma etapa crítica do processo de produção de iogurte, sendo realizado logo após o produto atingir o grau de acidez esperado na fermentação lática. Como é um processo biológico, torna-se necessária a utilização da refrigeração para reduzir a atividade metabólica da cultura bacteriana. Na literatura, é recomendado que a refrigeração seja feita em duas etapas para evitar o choque térmico, que provoca um encolhimento da massa e danos ao coágulo, pois pode provocar a separação do soro no iogurte. Essa primeira etapa é realizada em temperaturas mais baixas por um curto período de tempo; já na segunda etapa, a massa deve atingir a temperatura de 10°C e o aparecimento do sabor característico do produto ocorre durante as 12 horas posteriores ao resfriamento (Robert, 2008). Para tal etapa, os sistemas mais modernos utilizados nas produções em larga escala são os resfriadores de placas ou tubulares, os quais são mais rápidos e eficientes (Robert, 2008). 2.5. VISÃO GERAL Na etapa de pré-tratamento, o leite pode ser padronizado em seus teores de gorduras e sólidos não-gorduroso,s afim de que apresente uma composição química constante, preservando-se as características sensoriais (sabor, aroma, textura e aspecto). Logo após a etapa de inoculação, o Streptococcus thermophilus cresce primeiro. Com isso, o ácido lático é acumulado, diminui parcialmente o pH e lança ao meio algumas substâncias aminadas originadas da proteína do soro que estimulam o crescimento do Lactobacillus bulgaricus. Com o passar do tempo, ocorre a diminuição do pH, atingindo certo ponto de inibição do Streptococcus thermophilus. Para o pH em torno de 4,3, ambas as bactérias passam a ser inibidas (Robert, 2008). Sendo assim, o iogurte e os produtos fermentados possuem uma maior validade quando comparados ao leite pasteurizado, visto que o ácido lático atua como inibidor de bactérias contaminantes e putrefativas (Robert, 2008). Na fabricação de iogurte, a agitação deve ser mínima durante todo o tempo de incubação e resfriamento para evitar problemas de sinerese. Além disso, o ponto de resfriamento é uma das etapas fundamentais do processo e garante que o produto seja viável e rentável. 3. OBJETIVO Produção de iogurte a partir da fermentação lática do leite, comparando o uso de diferentes culturas e concentrações de leite em pó, analisando a mudança de pH e acidez durante a fermentação. 6 4. METODOLOGIA 4.1. MATERIAIS Bureta; Erlenmeyer; Béquer; Proveta; Pipeta graduada de 10 mL; Fita indicadora de pH; Água destilada; Banho termostatizado regulado em 45 ± 1ºC; Leite UHT integral; Leite em pó integral; Cultura liofilizada probiótica formada por Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium e Streptococcus thermophilus (Bio Rich®); Iogurte natural integral (contendo Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus); Solução de NaOH 0,1 N padronizada; Solução alcoólica de fenolftaleína 1%. 4.2. MÉTODOS Misturou-se o leite integral UHT e o leite em pó de acordo com as quantidades expressas na Tabela 1. Em seguida, aqueceu-se o leite entre 43 e 45 ºC, adicionou-se a cultura (liofilizada ou o iogurte natural) e a solução foi homogeneizada. A solução foi transferida para frascos adequados e devidamente identificados, sendo incubada a 45 ± 1ºC. A fermentação ocorreu entre 4 e 5h até atingir pH entre 4,5 e 4,7. Durante esse processo, alíquotas de 10 mL foram coletadas para quantificação de ácido lático (a partir da titulação com solução de NaOH) e medição do pH. O produto final foi resfriado e armazenado sob refrigeração. Todos os resíduos gerados durante o experimento foram descartados de forma adequada. Tabela 1 – Formulações do iogurte. Formulação Leite integral (mL) Leite em pó (g) Cultura lática 1 1000 30 Liofilizada 2 1000 30 Iogurte natural 3 1000 15 Liofilizada 4 1000 15 Iogurte natural 7 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao final do procedimento experimental, foi possível verificar o comportamento do pH ao longo da fermentação, bem como a acidez do produto através do volume gasto de NaOH durante a titulação utilizando a Equação 1. % á𝑐𝑖𝑑𝑜 𝑙á𝑡𝑖𝑐𝑜 (𝑚/𝑣) = 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻 × 𝑁 × 𝑓 × 0,09 𝑉𝑎 × 100% (1) Onde 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻 é o volume de NaOH gasto na titulação em mL; 𝑁 é a normalidade da solução de NaOH; 𝑓 é o fator de correção da solução de NaOH (f =0,9812); 0,09 corresponde ao fator de conversão em ácido lático (equivalente- grama do ácido lático) e 𝑉𝑎 é o volume de amostra em mL. Os resultados obtidos estão expressos nas Tabelas 2, 3, 4 e 5 para as formulações 1, 2, 3 e 4, respectivamente, descritas na Tabela 1. Tabela 2 – Acidez e pH durante a fermentação para a formulação 1. Tempo (h) pH Volume NaOH (mL) Acidez (% ácido lático) Acidez (ºD) Só substrato 7,0 2,2 0,19 19,43 0 7,0 2,2 0,19 19,43 1 6,0 3,3 0,29 29,14 2 5,5 5,2 0,46 45,92 3 4,5 7,9 0,70 69,77 4 4,5 9,6 0,85 84,78 5 4,5 9,6 0,85 84,78 Tabela 3 – Acidez e pH durante a fermentação para a formulação 2. Tempo (h) pH Volume NaOH (mL) Acidez (% ácido lático) Acidez (ºD) Só substrato 7,0 2,0 0,18 17,66 0 6,0 3,4 0,30 30,03 1 5,5 3,5 0,31 30,91 2 5,5 4,2 0,37 37,09 3 5,0 6,4 0,57 56,52 4 4,5 7,1 0,63 62,70 5 4,5 7,7 0,68 68,00 Tabela 4 – Acidez e pH durante a fermentação para a formulação 3. Tempo (h) pH Volume NaOH (mL) Acidez (% ácido lático) Acidez (ºD) 8 Só substrato 7,0 2,0 0,18 17,66 0 7,0 2,0 0,18 17,66 1 6,0 3,3 0,29 29,14 2 5,0 6,0 0,53 52,99 3 4,5 8,7 0,77 76,83 4 4,5 7,8 0,69 68,88 5 4,5 7,8 0,69 68,88 Tabela 5 – Acidez e pH durante a fermentação para a formulação 4. Tempo (h) pH Volume NaOH (mL) Acidez (% ácido lático) Acidez (ºD) Só substrato 7,0 2,3 0,20 20,31 0 6,0 3,3 0,29 29,14 1 6,0 3,4 0,30 30,03 2 5,5 5,3 0,47 46,81 3 5,0 5,4 0,48 47,69 4 4,5 6,3 0,62 61,82 5 4,5 7,0 0,56 55,64 A partir dos volumes de NaOH gastos nas titulações das amostras de cada formulação e os respectivos valores de pH, é possível a construção das curvas de titulação. Essas curvas estão expressas nas Figuras de 1 a 4, respectivas a cada formulação da Tabela 1. Figura 1 – Curva de titulação da formulação 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 2 4 6 8 10 12 p H Volume de NaOH (mL) 9 Figura 2 – Curva de titulação da formulação 2 Figura 3 – Curva de titulação da formulação 3 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 p H Volume de NaOH (mL) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 p H Volume de NaOH (mL) 10 Figura 4 – Curva de titulação da formulação 4 De acordo com tais curvas, é possível notar que para as formulações 1 e 3, as quais contém a cultura liofilizada, a mudança de pH foi mais rápida do que as demais formulações que continham a cultura de iogurte natural. Isso indica que as culturas liofilizadas fazem com que o ácido lático seja formado mais rapidamente durante a fermentação do que a cultura de iogurte natural, conforme esperado, uma vez que apresentam maiores concentrações de microrganismos. O comportamento do pH ao longo do tempo de fermentação para as quatro formulações pode ser representado pela Figura 5. Figura 5 – pH ao longo do tempo da fermentação lática Considerando a Figura 5, pode-se verificar que para todasas formulações, o pH decaiu ao longo do tempo de fermentação. Isso confirma que o ácido lático foi formado no meio durante esse processo. Além disso, é possível verificar que 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 p H Volume de NaOH (mL) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 p H Tempo (h) Formulação 1 Formulação 2 Formulação 3 Formulação 4 11 as formulações com cultura liofilizada estabilizam o pH mais rapidamente do que as formulações com cultura de iogurte natural, visto que na cultura liofilizada há inicialmente disponibilidade de uma maior quantidade de microrganismos. 6. CONCLUSÃO Após a obtenção do iogurte utilizando diferentes formulações, foi possível notar que tanto a cultura liofilizada quanto a cultura de iogurte natural são eficazes para produção de iogurte. Entretanto, a cultura liofilizada acelera o processo de fermentação, considerando que o pH desejado é atingido mais rapidamente, por apresentar maior quantidade de microrganismos disponíveis no início da fermentação do que o iogurte natural. Outro aspecto interessante de ser avaliado é a quantidade de leite em pó utilizada. Para as formulações com maior quantidade em massa de leite em pó (formulações 1 e 2), o iogurte resultante apresentou maior consistência do que as demais formulações. 7. REFERÊNCIAS DIAS, Mariana Chagas. Utilização de diferentes substratos e culturas lácteas comerciais empregadas na produção de bebidas lácteas. 2008. 67 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 2008. ROBERT, Noely Forlin. Fabricação de iogurtes. Rio de Janeiro: Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - Sbrt, 2008. 32 p. SACCARO, Daniela Marques. Efeito da associação de culturas iniciadoras e probióticas na acidificação, textura e viabilidade em leite fermentado. 2008. 119 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de Alimentos, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Carlos, São Paulo, 2008. 8. ANEXO ESTUDO DIRIGIDO 1. Quais são as principais etapas no processo de produção de iogurte em escala comercial. Aponte as principais características de cada etapa. A produção comercial de iogurte pode ser de dois tipos, iogurte tradicional ou iogurte batido. As etapas de preparo do substrato são as mesmas para ambos os iogurtes, a diferença está na fase de fermentação. Para a produção do iogurte é utilizado o leite pasteurizado, que possui o seu teor de gordura padronizado. As principais características desse leite são possuir uma acidez menor que 20ºD, o teor de gordura deve ser padronizado de acordo com o tipo de iogurte que será produzido e o leite deve ter uma qualidade microbiológica adequada. Após isso, é iniciado o processo de produção do iogurte: - Pré-aquecimento à 55ºC: para melhorar a dissolução do leite em pó e do açúcar. 12 - Adição do leite em pó à 3ºC: para aumentar o teor de sólidos com objetivo de aumentar a viscosidade do iogurte. - Homogeneização por 1 h à 55 ºC e sob alta pressão: para reduzir os glóbulos de gordura, que impedem a separação da nata e evitam a formação da dessoração no produto final. - Pasteurização à 83ºC por 30 min: para eliminar os patógenos, diminuir a flora microbiana e precipitar as proteínas do soro. Uma alternativa para essa etapa é utilizar o leite esterilizado (leite UHT). - Resfriamento à 43ºC: para que atinja a temperatura recomendada para a fermentação de 43ºC. - Inoculação: corresponde à etapa mais importante do processo e se diferencia para o tipo de iogurte que será produzido. Nessa etapa, são inseridas as culturas láticas, que podem ser fermentos láticos que possuem características selecionadas ou podem ser o próprio iogurte natural obtido em um processo anterior. Para o iogurte tradicional, a fermentação é feita diretamente nas embalagens. Após o processo de fermentação, ocorre um resfriamento (para parar o processo de fermentação) e, por fim, o iogurte é armazenado sob refrigeração para a futura comercialização. Para o iogurte batido, a fermentação é feita em tanques e depois passa por um processo de agitação e adição de frutas. Após isso, passa pelo processo de resfriamento, segue para o preenchimento das embalagens e por fim o iogurte é armazenado sob refrigeração para a futura comercialização. 2. Quais aspectos que devem ser considerados no controle de qualidade do iogurte? Segundo as definições de padrão de identidade e qualidade, os produtos considerados iogurtes devem ser resultantes da fermentação do leite, pasteurizado ou esterilizado. Sendo essa fermentação dada pela ação dos cultivos de Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus, os quais podem acompanhar, de forma complementar, outras bactérias ácido-láticas que, devido a sua atividade, contribuem para a determinação das características do produto final. Além disso, os ingredientes obrigatórios são leite e/ou leite reconstituído, padronizado em seu conteúdo de gordura e os cultivos de bactérias láticas específicas, segundo as definições. Já os ingredientes não lácteos devem, no mínimo, estar presentes numa proporção de 30% (m/m). 3. Defina, de acordo com a legislação vigente: leite fermentado; leite acidófilo; kefir; kumys; coalhada. Leite fermentado é o produto resultante da fermentação do leite pasteurizado ou esterilizado por fermentos láticos próprios. Leite acidófilo é o produto resultante da ação do Lactobacillus acidophilus sobre o leite. Deve apresentar, além de suas características próprias, as condições específicas para o iogurte, com acondicionamento em frascos de fecho inviolável e a declaração no rótulo dos teores de ácido lático e de gordura. 13 Kefir é o produto resultante da fermentação do leite pelos fermentos contidos nos grão de kefir ou por adição de levedura de cerveja e fermentos láticos próprios. Kumys é feito a partir do leite de égua, a lactose é fermentada em ácido lático, etanol e dióxido de carbono intolerante à lactose. Coalhada é o produto resultante da ação de fermentos láticos selecionados sobre o leite pasteurizado ou esterilizado. 4. Explique do ponto de vista metabólico, a fermentação lática. Indique também a reação global da mesma. No processo de fermentação, o aceptor final de elétrons é uma molécula orgânica. Ela se inicia quando ocorre a quebra da glicose em duas moléculas de piruvato, que recebe íons do NaOH e se transforma em ácido lático. Outro aspecto, a respeito do controle de qualidade, é verificar a viabilidade dos microrganismos que estão presentes no iogurte, pois o produto durante a comercialização precisa ter os microrganismos vivos, para isso, ao final da fermentação, deve ser feita uma verificação da contagem de microrganismo, ou seja, verificar se atingiu o que é recomendado. 5. O que são micro-organismos probióticos? Cite alguns exemplos. Qual a importância comercial dos mesmos na elaboração de fermentados lácteos? Quando um produto (iogurte) é considerado probiótico? Microrganismos probióticos são microrganismos que agem no corpo facilitando a digestão e a absorção de nutrientes. Os probióticos são bactérias que sobrevivem à acidez do estômago e chegam vivas ao intestino, contribuindo para a saúde digestiva e podem favorecer a imunidade e ajudar em problemas como o de constipação. O Bifidobacterium animalis é o mais comum. Assim, para um produto ser considerado probiótico deve conter esses microrganismos. Como a ingestão desses microrganismos auxiliam na digestão e, por consequência, melhoram a saúde do indivíduo, a elaboração de fermentados lácteos que os contenham apresentam certa importância comercial, pois podem, inclusive, ser indicados por profissionais da saúde para indivíduos necessitados. 6. O que são ingredientes prebióticos. Cite alguns exemplos usados na elaboração de iogurtes. Qual a importância comercial do mesmos na elaboraçãode fermentados lácteos? Quando um produto (iogurte) é considerado prebiótico? Prebióticos são componentes alimentares não digeríveis que estimulam seletivamente a proliferação ou atividade de populações de bactérias desejáveis no intestino (cólon), beneficiando o indivíduo hospedeiro dessas bactérias. Além disso, são fibras que chegam intactas no intestino e estimulam apenas a proliferação das bactérias benéficas. Acredita-se que estes alimentos tenham benefício para a saúde como redução do colesterol, a redução do risco de câncer de cólon e podem exercer importante papel no controle da pressão arterial. Entretanto, ainda existem efeitos resultantes desses prebióticos que estão sendo estudados. 14 Esses alimentos são isolados por processos industriais e adicionados aos alimentos. Uma fonte rica em prebióticos é a chicória, erva nativa da Europa e da Ásia utilizada como planta medicinal. 7. O que é um iogurte simbiótico? Iogurte simbiótico é um iogurte que combina probióticos (suplemento alimentar microbiano vivo) e prebióticos (componentes alimentares não digeríveis), atuando sobre a microbiota intestinal para beneficiar a saúde do indivíduo. Esse iogurte simbiótico contém microrganismos e leveduras combinados a carboidratos e fruto-oligossacarídeos. Essa combinação resulta em efeitos importantes para o equilíbrio e bom funcionamento do intestino, capazes de estimular seletivamente a proliferação e/ou atividade microbiana no local. Isso coopera para uma colonização da microbiota intestinal por microrganismos benéficos, diminuindo riscos de infecções por patógenos que podem causar doenças.
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