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LEUCEMIAS • Cânceres do sangue (leucemias, linfomas, tumores líquidos) são derivados de células formadoras de sangue → com capacidade de entrar na corrente sanguínea e se deslocar para áreas distantes o Por isso são frequentemente consideradas malignas • A leucemia é um conjunto de cânceres que atingem as células brancas do sangue, produzidas pela MO • Se caracterizam pela quebra do equilíbrio da produção dos elementos do sangue, causada pela proliferação descontrolada de célula o Geralmente é de origem desconhecida • O acúmulo de células doentes substitui as células sanguíneas normais → célula que não atingiu a maturidade sofre mutação maligna virando uma célula leucêmica o Essa célula leucêmica se multiplica mais rápido e morre menos que a célula normal → faz a MO ser progressivamente tomada por esse tipo de célula ❖ Leucemias são classificadas de acordo com o tipo de leucócito que afetam o Linfocítica → ataca células derivadas do precursor linfoide (céls NK, linfócitos T e B, plasmócitos) o Mieloide → ataca células derivadas do precursor mieloide (mastócitos, basófilos, neutrófilos, eosinófilos e monócitos) • Também são classificadas na velocidade da reprodução celular e evolução da doença o Agudas → rápido crescimento de células imaturas (blastos), que não desempenham seu papel como deveriam e se multiplicam aceleradamente ▪ Esses blastos não conseguem se diferenciar em células maduras, devido a um bloqueio de maturação → marco fisiopatológico da doença. o Crônicas → aumento de células maduras ou quase maduras, porém anormais, de forma um pouco mais lenta Leucemias Agudas • Estatísticas dos EUA → 1 / 10.000 indivíduos desenvolve leucemia aguda → neoplasia maligna extremamente agressiva, que possui elevada letalidade. o Nos EUA as leucemias são responsáveis por 3% dos cânceres. o No BR ocupam a 9ª posição no ranking de neoplasias em homens e 10ª em mulheres. • A Leucemia Mieloide Aguda é a forma mais comum no mundo → pela maior incidência em orientais. o Em países ocidentais a forma mais comum é a Leucemia Linfocítica Crônica • Em crianças < 15a → leucemias costumam ser AGUDAS, sendo a Linfoblástica Aguda mais comum Patogênese • A doença começa quando uma célula progenitora sofre mutações genéticas, que a torna incapaz de prosseguir na diferenciação hematopoiética o Esta célula não vai além da forma jovem (blasto) e começa a se proliferar descontroladamente, → ocupando a MO e impedindo o crescimento e a diferenciação das células normais ❖ HEMATOPOIESE NORMAL: • Célula-tronco → se diferencia em progenitores Multilinhagem MIELOIDE (granulócitos, monócitos, hemácias, plaquetas) e LINFOIDE → se diferenciam em progenitores de Linhagem Única o Qualquer uma dessas células pode sofrer transformação neoplásica, inviabilizando o processo normal de maturação → resultando em proliferação e acúmulo de um “clone”. • Na LMA → clone pode ter origem na célula-tronco, CFU-mieloide, CFU-GM o Ou CFU-E/mega, mieloblasto/pró-mielócito, monoblasto, eritroblasto, megacarioblasto, etc. ▪ Cada subtipo morfológico de LMA corresponde ao tipo de célula que sofreu transformação → a morfologia do blasto irá caracterizar 8 subtipos de LMA • Na LLA → o clone neoplásico deriva de um progenitor linfoide → uma célula pré-T ou pré-B “precoce”, uma célula pré-T ou pré-B o Ou mesmo um linfócito B que assume características de blasto. o Em 80% a origem da neoplasia é na linhagem B, e 20% é da linhagem de células T. ▪ Há 3 subtipos de LLA Evolução • Os blastos leucêmicos 1º infiltram a MO, ocupando mais de 20% (pela OMS) ou mais de 30% (pela FAB) do total de células nucleadas, podendo chegar a 80-100% de ocupação. o Gera supressão da hematopoiese normal → a expansão do clone neoplásico ocupa o espaço necessário à produção das células hematológicas normais, culminando em PANCITOPENIA ▪ Anemia, leucopenia e plaquetopenia, o grande marco clínico da doença. • Os blastos anormais secretam fatores inibitórios e indutores de fibrose, tornando a disfunção medular ainda mais grave → são lançados no sangue, atingindo nm suficiente para determinar leucocitose o Uma vez no sangue, os blastos também podem infiltrar órgãos (linfonodos, baço, fígado, gengiva, órbita, SNC, meninges, testículos, pele etc) • Como tais células não são capazes de “amadurecer”, não exercem função fisiológica → as defesas continuam dependendo dos poucos neutrófilos e monócitos existentes. • Paciente vai a óbito pela infiltração tecidual maciça (leva à falência orgânica), e/ou pela pancitopenia grave e suas consequências (anemia, infecção, hemorragia) Tipagem E Imunofenotipagem • Blastos da LMA são um pouco maiores que os da LLA, e geralmente tem grânulos azurófilos no citoplasma → define a linhagem granulocítica (M2, M3, M4). • A presença no citoplasma de filamentos eosinofílicos (BASTONETES DE AUER) é patognomônica de LMA → presente apenas nos subtipos M1, M2, M3 e M4. • A coloração (+) para mieloperoxidase ou Sudan Black B indica LMA mieloblástica → M1, M2, M3, M4 o E para esterases não específicas indica LMA monoblástica → M4, M5 • A coloração (+) para PAS (ácido periódico de Schiff) sugere LLA derivada de células B o Coloração (+) para fosfatase ácida indica LLA derivada de células T • Analisando apenas aspectos morfológicos, um hematologista consegue diferenciar LMA da LLA em até 70% → com apenas citoquímica, cerca de 15-20% dos blastos ainda continuam sem definição da origem IMUNOFENOTIPAGEM • A imunofenotipagem é um teste sensível, considerado padrão outro para tipagem das leucemias → possibilita a determinação do tipo e da origem celular através de marcadores • Consiste na pesquisa de marcadores na membrana ou citoplasma do blasto → pela adm de anticorpos específicos ligados a substâncias fluorescentes o A positividade para determinado marcador é vista pela presença de atividade fluorescente na membrana ou citoplasma da célula neoplásica → citometria de fluxo • Esses marcadores são nomeados pela sigla CD → cada subtipo de leucemia tem uma combinação própria de marcadores que o caracteriza. CITOGENÉTICA • É usada com fins diagnósticos e como forma de definição de prognóstico • É possível saber se a doença tende a evoluir de forma mais ou menos agressiva → orienta ttos • A maioria das neoplasias expressam oncogenes → responsáveis pela reprodução celular desordenada ou bloqueio de apoptose o Geralmente localizados em regiões inativas do genoma (proto-oncogenes) → diversas formas de mutação podem transformar eles em oncogenes • Antioncogenes → são genes supressores de tumor, responsáveis pela síntese de fatores que inibem a expressão dos oncogenes → podem ser inativados • Mutações frequentes nas leucemias agudas se associam a desarranjos estruturais nos cromossomos → anomalias citogenéticas, que resultam na ativação de oncogenes ou supressão de antioncogenes. o Deleções, inversões, translocações, ganhos cromossomiais e perdas cromossomiais completas • Essas anomalias podem ser visualizadas no exame do cariótipo (citogenética convencional) ou através da técnica FISH (Fluorescence In Situ Hibridization) o Consiste na aplicação de sonda fluorescente de DNA complementar que se combina à sequência do DNA genômico que contém a alteração buscada • Porém, nem sempre as anomalias poderão ser vistas nesses exames → ai se faz técnicas de amplificação do RNAm – Como a RT-PCR • Nas LA (leucemias agudas) o exame do cariótipo é realizado com blastos obtidos no aspirado de MO o Em pessoas normais → pode ser realizado pelo estudo de linfócitos do sangue periférico ❖ Alterações Citogenéticas na LMA • Em mais de 50% dos casos são observadas alterações cromossomiais no clone leucêmico, sendo as mais importantes as translocações e as inversões ❖ Alterações Citogenéticas na LLA • Alterações cromossomiais são bastante frequentes (>85%o Hiperploidia é alteração típica da forma infantil → bom prognóstico o A translocação (ex: cromossomo Filadélfia) denota prognóstico reservado → mais comum nos adultos. Fatores De Risco • As LA podem ser primarias → quando surgem em pacientes sem doença hematológica e uso prévio de quimioterápicos leucemogênicos • Ou secundarias, em pctes com o Doenças hematológicas pré-leucêmicas → síndromes mielodisplásicas e mieloproliferativas o Uso prévio de certos quimioterápicos → agentes alquilantes e Inibidores da topoisomerase II • Toda secundária tem prognóstico reservado → o clone neoplásico tende a ser + resistente ao tto • Além disso, maioria é do tipo LMA • Os fatores de risco para as LA fazem parte da sua etiopatogenia: ❖ RADIAÇÃO IONIZANTE → geralmente doses altas em indivíduos jovens, como na radioterapia para tumores sólidos (LLA) o Além disso, incidência de LMA aumentou muito no Japão após a explosão das bombas atômicas ❖ EXPOSIÇÃO → a benzeno e derivados do petróleo, pesticidas e herbicidas (LMA) ❖ AGENTES ALQUILANTES (LMA) → clorambucil, bussulfan, mostarda nitrogenada, melfalan o LA aparece 4-6 anos após exposição à droga → quase sempre precedida por SMD ❖ INIBIDORES DA TOPOISOMERASE II (LMA) → etoposídio, tenoposídio o Leucemia se apresenta precocemente (1-2 anos após exposição) e não se associa à SMD ❖ DISTÚRBIOS HEREDITÁRIOS (LMA) → os que levam à instabilidade cromossomial o Anemia de Fanconi, síndrome de Bloom, ataxia-telangiectasia, neutropenia congênita... ❖ ANOMALIAS CITOGENÉTICAS CONGÊNITAS → síndrome de Down (trissomia do 21), síndrome de Patau (trissomia do 13) e síndrome de Klinefelter (XXY). Leucemia Mieloide Aguda • Grupo heterogêneo de doenças clonais, em que há proliferação anormal de progenitores hematopoiéticos da linhagem mieloide o Com células alteradas ainda muito imaturas → incapazes de realizarem a defesa do organismo. • É a leucemia mais comum no mundo como um todo (pois tem maior incidência no oriente) • Incidência começa a aumentar aos 15 anos e aumenta progressivamente com a idade o Tem ligeira preferência pelo sexo masculino Epidemiologia • Sabe-se de alguns fatores predisponentes a chance mais elevada do desenvolvimento da doença • Exposição à radiação ionizante e a derivados de benzeno são FR o LMA é considerada câncer ocupacional em virtude da exposição ao benzeno • A incidência de LMA é 1,3-2x maior nos fumantes → exposição aos agentes carcinogênicos, como o benzeno presente no tabaco do cigarro • A LMA é resultado de inúmeras alterações genéticas que se relacionam de forma cumulativa o Quando as mutações afetam genes que codificam fatores de transcrição da hematopoiese, pode haver descontrole desse processo • Fatores de Risco de Pior Prognostico → idade, LDH aumentado, longo intervalo do diagnostico a RC, outra classificação que não M2 e M3, alterações no cariótipo... Manifestações Clínicas • Evolução dos sintomas pode ser aguda (dias) ou subaguda (semanas) → mas metade dos pctes apresenta queixas inespecíficas nos últimos 3 meses. • Tríade sintomática → astenia + hemorragia + febre → relativos à insuficiência hematopoiética medular • Astenia é o sintoma inicial em metade casos • Esses pacientes normalmente desenvolvem anemia moderada a grave de instalação rápida o Outros sintomas de anemia podem estar presentes → dispneia, cefaleia e tontura postural. • Sangramento → reflete a plaquetopenia grave e eventual distúrbio da coagulação, como coagulação intravascular disseminada • Quando distúrbio é secundário só à plaquetopenia, se manifesta como sangramento cutâneo → petéquias, equimoses o E mucoso → sangramento gengival, epistaxe, metrorragia, hemorragia digestiva • Sintomas se relacionam à gravidade da trombocitopenia o Portadores de LMA M3 que cursam com CIVD podem manifestar sangramentos orgânicos graves • Febre pode decorrer de 2 mecanismos o Neutropenia ou disfunção neutrofílica → favorece infecções bacterianas e fúngicas sistêmicas o Febre neoplásica → consequente à rápida proliferação clonal • Outros sinais e sintomas são decorrentes da infiltração leucêmica de órgãos e tecidos: • Hepatoesplenomegalia é frequente e pode diferenciar clinicamente a LA de anemia aplásica. o Não é tao proeminente quanto na LMC • Linfadenopatia pode ocorrer, embora seja mais comum na LLA. • Dor óssea é decorrente da expansão medular pela proliferação dos blastos, ou da invasão do periósteo. ❖ Algumas manifestações infiltrativas são características de subtipos → hiperplasia gengival em M4 e M5 • Infiltração cutânea pode levar ao aparecimento de placas eritematosas ou violáceas (leukemia cutis). • O sarcoma granulocítico (CLOROMA) é uma tumoração extramedular de blastos → pode se apresentar como tumor de órbita ou ossos, pulmões, SNC, ovário, útero etc o Pode ocorrer em qualquer subtipo, mas mais frequente nos casos com a translocação ❖ Quando a leucometria alcança valores exorbitantes (> 50.000 ou > 100.000/mm3 = hiperleucocitose) a SÍNDROME DA LEUCOSTASE pode se instalar • Leucoblastos aumentam viscosidade sanguínea e podem se aderir ao endotélio das vênulas pulmonares e outros órgãos, como o cérebro o Paciente apresenta sintomas neurológicos → cefaleia, borramento visual, parestesias, torpor... ▪ Pulmonares → dispneia, taquipneia, insuficiência respiratória ▪ E geniturinários → priapismo, insuficiência renal aguda EXAMES LABORATORIAIS • Hemograma caracterizado pela presença de anemia + plaquetopenia, com leucometria variável. o Anemia geralmente é moderada a grave (Hb:5-9g/dl), normo-normo e sem reticulocitose. o Grau de plaquetopenia varia → 25% tem plaquetas <20.000/mm3. • Leucocitose é achado comum, embora alguns casos abram com leucopenia. • Representada por blastos na periferia, geralmente associada à neutropenia o 50% apresentam leucócitos entre 5.000-50.000/mm3 o 25% >50.000/mm3 o 25% < 5.000/mm3 (leucopênicos). • Na maioria dos casos, o paciente apresenta leucocitose com presença de mieloblastos ESFREGAÇO DE SANGUE PERIFÉRICO • Quase sempre os blastos são encontrados → mas em 5% estão ausentes, sendo encontrados apenas na MO → “leucemia aleucêmica” o Presença de > 5% de blastos indica leucemia aguda ▪ É comum um predomínio > 70% de blastos sobre os outros leucócitos. • Os blastos são leucócitos de maior tamanho, com cromatina nuclear imatura (mais clara) e geralmente contendo + de 1 nucléolo. o Presença dos bastonetes de Auer é patognomônica da LMA ❖ Hiperuricemia presente em 50% → aumento de produção de ácido úrico decorrente da hiperproliferação celular. • Síndrome de lise tumoral → temida complicação da quimioterapia e deve ser prevenida o O aumento de níveis séricos de lisozima (presente nos grânulos dos monócitos e monoblastos) é característico dos subtipos M4 e M5 e pode ter consequências → como lesão tubular renal. • Pseudo-hipercalemia e Pseudo-hipoglicemia podem ocorrer quando sangue colhido demora a ser processado (os blastos no tubo de ensaio liberam K+ e consomem glicose) Diagnóstico • Sempre confirmado pelo MIELOGRAMA, obtido geralmente da crista ilíaca o É necessária a presença de > 20% de blastos entre as células nucleadas do aspirado • Um achado patognomônico da LMA é a visualização de Bastones de Auer → vistos como pequenas linhas dentro do citoplasma celular • O aspirado deve ser analisado do ponto de vista morfológico, citoquímico, imunofenotípico (citometria de fluxo), citogenético (cariótipo, FISH) e molecular (RT-PCR). • Biópsia da MO também deve ser realizada → análise das alterações displásicas e grau de mielofibrose • Métodos mais modernos utilizados para a definição dos tipos de leucemias mieloides agudas são a imunofenotipagem e a citogenética Exceção → classificação da OMS aceita o diagnóstico de LMA com < 20% de blastos na MO quando existe um sarcoma mieloide o Ou quandocertas alterações citogenéticas são identificadas, como t(8;21), inv(16) e t(15;17). Tratamento e Prognóstico TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES ❖ PLAQUETOPENIA → comum, pode surgir ou piorar nos 1ºs dias de quimioterapia. • Risco de sangramento potencialmente fatal aparece quando há < 10.000/mm3 • A transfusão de plaquetas está indicada nos seguintes casos: o Transfusão terapêutica → sangramento mucoso ou orgânico, com plaquetometria <50.000/mm3 o Transfusão profilática → todo pcte com < 10.000/mm3 (ou 20.000/mm3 se febre ou infecção). • A dose é de 1 unidade a cada 10 kg de peso • Deve-se colher o sangue para contagem plaquetária 1h após a infusão dos concentrados, para avaliar a resposta → num adulto médio, espera-se que produza incremento de 30.000 células/mm3 Plaquetopenia refratária à transfusão → quando incremento após 1h é <10.000 células/ mm3 após a transfusão de 06 unidades ou 1 unidade extraída por aférese o Ou se incremento for < 2.000 células/mm3 por cada unidade de plaquetas transfundida • A causa mais comum é a aloimunização por anticorpos anti-HLA da superfície plaquetária • Uma forma de prevenir a aloimunização é utilizar hemocomponentes leucodepletados e irradiados ❖ ANEMIA → transfusão de concentrados de hemácia é indicada nos pctes com anemia sintomática. o Recomenda-se manter a Hb > 8,0 g/dl. ❖ CIVD - Coagulação Intravascular Disseminada → problema específico do subtipo M3 • O uso do ácido transretinoico (ATRA) é capaz de controlar a CIVD em cerca de 3 dias → diminui a quantidade de blastos promielocíticos, tendo menor produção de fatores pró-coagulantes o Durante sangramento, prescrever transfusão de plaquetas e de crioprecipitado ❖ PREVENÇÃO DA SÍNDROME DE LISE TUMORAL • Pelo aumento do metabolismo do DNA nos blastos hiperproliferativos, é comum hiperuricemia em pacientes com LMA (50% casos). • Durante a quimio, ocorre liberação aguda de AU pela lise dos blastos, com risco de síndrome de lise tumoral → nefropatia aguda por obstrução intratubular pelos cristais de AU o Prevenção é feita por hidratação venosa e drogas hipouricemiantes (alopurinol ou rasburicase) antes do início da quimioterapia, em todos os pacientes com LA. • A QT poderá ser feita com segurança se a uricemia estiver < 8 mg/dl e CrS < 1,6 mg/dl. • Se ocorrer a SLT → IR renal oligúrica deve ser tratada com hidratação venosa e diálise. ❖ LEUCOSTASE • Alguns pacientes (especialmente subtipos monocíticos M4, M5) podem apresentar hiperleucocitose à custa de blastos, com > 100.000 células por mm3. • Síndrome da leucostase é provocada pela formação de plugs de blastos, obstruindo a microvasculatura o Pcte apresenta taquidispneia, hipoxemia, distúrbios neurológicos e predisposição à hemorragia. • Por aumento da viscosidade sanguínea, transfusão de hemácias deve ser evitada o A transfusão de plaquetas deve ser realizada se houver hemorragia • O tto da leucostase deve ser feito com a própria QT, ou com hidroxiureia em altas doses • Leucoaférese em casos que a QT não pode ser iniciada de imediato TERAPIA ESPECÍFICA DA LMA • A terapia é dividida em 2 fases: Indução Da Remissão → para exterminar clone neoplásico (população de blastos). ❖ Remissão Completa (RC) é definida por: o Desaparecimento dos blastos do sangue periférico; o MO com <5% de blastos; o Ausência de células com bastonetes de Auer; ❖ Recuperação hematopoiética → hemograma com > 1.000/mm3 neutrófilos e > 100k/mm3 plaquetas • A avaliação quanto à ocorrência ou não de redução é feita 1 semana após o término da QT, através da realização de novo mielograma e nova hematoscopia. ❖ Essa etapa é feita em um ou dois ciclos de um esquema quimioterápico chamado de 3+7 → por 3 dias é usado um agente antracíclico, seguido por 7 dias de uso de citarabina • O esquema padrão utiliza 1 único ciclo de 2 potentes agentes citotóxicos: o Arabinosídeo-C (citarabina ou ara-C - doses 100 mg/m2 em infusão contínua de 7 dias) + daunorrubicina (uma antraciclina - 40-60 mg/m2 IV 1x/dia por 3 dias) ➔ Esquema 7 + 3. ▪ Em pacientes jovens, substitui a daunorrubicina por idarrubicina por 3 dias • Se após adm do 1º ciclo não houver remissão completa → se repete + 1 ciclo com o mesmo esquema o Com ara-C adm em 5 dias e a daunorrubicina ou idarrubicina em 2 dias (esquema 5 + 2). RC é atingida em 60-80% dos casos → 2/3 com 1o ciclo e 1/3 com 2 ciclos • Prognóstico dos pacientes que não remitem inicialmente é muito ruim, porém ainda podem se beneficiar do transplante alogênico de células hematopoiéticas. Terapia Pós-Remissão (Consolidação versus Transplante) • É obrigatória e tem por objetivo prolongar a RC → pela prevenção da recaída da doença, maximizando a chance de cura → sem este componente, a recidiva ocorre em poucos meses. ❖ QUIMIOTERAPIA DE CONSOLIDAÇÃO • Indicada para pacientes com cariótipos de bom prognóstico e nos sem condições de receber transplante de células hematopoéticas • Composta por 2 a 4 ciclos de citarabina em altas doses o Melhor esquema utiliza altas doses de ara-C (no total de 6 doses), por 4 ciclos ▪ Ou 2 ciclos seguidos de transplante) • 30-50% pacientes atingem remissão duradoura (>5 anos) • Um dos principais efeitos colaterais da ara-C em altas doses é a toxicidade cerebelar → tende a ocorrer com maior frequência em idosos ❖ TRANSPLANTE ALOGÊNICO DE CÉLULAS HEMATOPOIÉTICAS • É considerado a terapia mais eficaz da LMA, em termos de cura o Possui alta toxicidade → mortalidade de 20% o Quando utilizado logo após a 1a remissão a chance de cura oscila entre 50-60%. • Deve ser considerado como 1a opção de terapia pós-remissão em pacientes sem cariótipo favorável ou com outros fatores de mau prognóstico o Principalmente se for < 55-60 anos e existir doador HLA compatível. • Transplante autólogo de células hematopoiéticas → indicado em mais velhos, sem doadores compatíveis. ❖ TERAPIA DA RECIDIVA • Recidiva da LMA quase sempre ocorre na MO, com novo aumento do percentual de blastos. • A recidiva após QT de consolidação ainda pode ser curável com transplante alogênico → taxas de cura de 20% se recidiva ocorrer antes de 6 meses o Ou 30-50% (se ocorrer após 6 meses -recidiva tardia). • Pode-se tentar transplante autólogo ou novas terapias experimentais → anticorpo monoclonal anti-CD33 (gentuzumab ozogamicina), com taxas de RC com duração de 1 ano em torno de 30%. • A recidiva pós-transplante alogênico tem chance menor de cura → mas ainda há 2 opções o 2º transplante alogênico o Infusão dos leucócitos do doador, cujas células-T citotóxicas podem destruir os blastos leucêmicos remanescentes pelo efeito enxerto-versus-leucemia. • As taxas de remissão completa duradoura oscilam entre 10-40% → sem essas terapias, essa recidiva tem péssimo prognóstico, com sobrevida média de alguns meses. Leucemia Linfoide Aguda • É a leucemia mais comum na infância → 90% dos casos o Pico de incidência entre 2-10 anos → maior aos 4 anos • É mais comum na raça branca e tem discreta predominância no sexo MASC (57%). o LLA B corresponde a 85% o LLA T → 15% maioria adolescente • LLA infantil responde muito bem à quimioterapia, com chance de cura em torno de 90%. o Pode ocorrer no adulto, com pior prognóstico → taxa de cura de apenas 25-40% • Sua etiologia é desconhecida → suspeitas de que fatores genéticos influenciam no desenvolvimento o Aqui são os linfoblastos que param de funcionar corretamente e começam a multiplicar-se descontroladamente na MO → com evolução extremamente rápida Manifestações Clínicas • Quadro clínico é muito semelhante ao da LMA, mas há certas diferenças • Dor óssea é muito frequente → 80% • Adenomegalia cervical ou generalizada é mais frequente → 75% casos o Podem ocorrer massas mediastinais no subtipo de células-T do timo • Acometimento do SNC e dos testículos (especialmente na recidiva) é mais comum • Febre neoplásicaé mais comum → 70% • Hiperplasia gengival não faz parte do quadro clínico • Anemia → palidez, fraqueza e cansaço • Podem apresentar hemorragias, principalmente na pele e em mucosas o Em decorrência de infiltração ou de hemorragias no SNC → pode ter confusão mental, cefaleia e compressão de nervos cranianos, sobretudo dos pares VI e VII Diagnóstico e Tipagem • O critério diagnóstico é a presença de linfoblastos na medula óssea → na proporção ≥ 25% do total de células nucleadas. • No hemograma, normalmente encontramos leucocitose com presença de blastos o A diferenciação entre linfoblastos e mieloblastos da LMA é feita por critérios morfológicos, citoquímicos e imunofenotipagem Linhagem Linfoide Imatura é caracterizada por: o Ausência de grânulos azurófilos e bastonetes de Auer o Coloração (+) para PAS (célula B) ou fosfatase ácida (célula T) na citoquímica o Presença do TdT citoplasmático e dos antígenos CD10 (CALLA), CD5, CD19 e CD20 na membrana ❖ Pelos critérios da FAB há 3 subtipos de LLA L1 → o mais encontrado na LLA infantil (80%), apresenta o melhor prognóstico e resposta terapêutica o O linfoblasto possui núcleo arredondado e citoplasma escasso. L2 → forma mais comum no adulto (70%) o O linfoblasto é maior que o L1, tem nucléolos, mais citoplasma e núcleos irregulares. L3 → o menos comum (< 5%) e representa a forma leucêmica do linfoma de Burkitt o Com lb de tamanho intermediário, com citoplasma proeminente, basofílico e cheio de vacúolos. ▪ A LLA de células T é menos frequente o Nesse caso, o clone neoplásico é idêntico ao do linfoma linfoblástico → e geralmente se apresenta com massa mediastinal (origem no timo) ❖ Pela imunofenotipagem, é possível identificar o tipo de linfócito afetado, B ou T → através dos marcadores celulares o E também o estágio de maturação em que as células se encontram → importante p prognóstico • Pela citogenética, identifica-se alterações genéticas presentes especificamente nas células alteradas, o que também auxilia no prognóstico • Em alguns casos da doença o paciente pode apresentar a translocação entre os cromossomos 9 e 22 → cromossomo Philadelphia, sinal indicativo de prognóstico desfavorável Tratamento e Prognóstico ❖ Terapia de suporte é a mesma que a pra LMA • A diferença é a menor mielotoxicidade do esquema indutor de remissão da LLA infantil com critérios prognósticos favoráveis → não usa antraciclinas nem ara-C o E a necessidade de profilaxia com sulfametoxazol-trimetoprim contra a pneumocistose, devido ao uso de altas doses de corticoide TERAPIA ESPECÍFICA Indução de Remissão • Esquema padrão para Leucemia Linfoide Aguda infantil composto por pelo menos 3 drogas: o Corticosteroide por 28 dias + vincristina por 4 doses + L-asparaginase por 12 doses ▪ Dura 4 semanas. • No adulto e crianças com prognóstico desfavorável, se acrescenta antraciclina, por 4 doses. • Altas doses de prednisona levam a deficiência parcial da imunidade celular, predispondo à pneumocistos Vincristina é neurotoxica → pode causar neuropatia periférica sensitiva altamente sintomática L-asparaginase pode provocar reação anafilática, sintomas neurológicos e trombose; Daunorrubicina e Ciclofosfamida são mielotóxicas → exige acréscimo do G-CSF para diminuir o período de neutropenia ❖ 90-95% das crianças e 75% dos adultos atinge a RC • Tratamento inclui prevenção de lise tumoral – Alopurinol • Suporte hemodinâmico ao paciente • Profilaxia contra infecções - Sulfametoxazol-trimetopima e levofloxacina Profilaxia do SNC • LLA tem grande tendência à recidiva no SNC (meningite leucêmica) após a quimioterapia. o SNC funciona como “santuário” para linfoblastos → quimioterápicos da indução e consolidação não passam pela barreira hematoencefálica. • Profilaxia é iniciada junto com esquema de indução → com METOTREXATE (MTX) intratecal infundido por punção lombar, a cada 20 dias por 8 doses Consolidação da Remissão • Sem esta fase, todos os casos recidivam em poucos meses • Feita com esquemas com geralmente MTX em doses intermediárias (quinzenal) o Seu uso exige o “resangueate” com ácido folínico, para diminuir toxicidade medular • Outras drogas utilizadas são → ciclofosfamida, ara-C, doxorrubicina, dexametasona, vincristina... • Os esquemas de consolidação costumam durar 2-8 meses, divididos em → intensificação precoce, ínterim e intensificação tardia. o Esquema + usado em crianças é o do grupo BFM → intensificação precoce de 4 semanas com ciclofosfamida + ara-c + 6-mercaptopurina interim ▪ E intensificação tardia com espécie de “reindução” de 4 semanas (dexametasona, vincristina, L-asparaginase, doxorrubicina) e uma “reintensificação” de 4 semanas (ciclofosfamida, ara-C e 6- tioguanina). MANUTENÇÃO • Feita com 6-mercaptopurina + metotrexate semanal num período total de 2-3 anos. o Muitos protocolos acrescentam pulsos mensais de vincristina (1 dose) + prednisona (5 dias). • Chance de cura com a quimioterapia com as 4 fases da QT → LLA pode ser curada em 90% das crianças e 30-40% dos adultos, mas depende dos fatores prognósticos. • Recidiva observada em 15-30% casos de LLA em crianças e em 60-70% dos adultos o Nas recidivas precoces e nos casos de não remissão → melhor terapia é o transplante alogênico de células hematopoiéticas, com chance de cura entre 20-40%. • Anticorpo monoclonal blinatumomab → recentemente aprovado para tratamento da LLA recidivada ou refratária, com excelentes taxas de resposta → serve como “ponte” para transplante. Leucemias Crônicas • Caracterizam-se pelo acúmulo lento e gradativo de leucócitos neoplásicos na MO e no sangue. o Aqui, as células que se acumulam estão numa fase tardia de maturação. • Embora tenham curso clínico insidioso, se não tratadas acarretam importante redução da sobrevida → na LMC de 2-5 anos, na LLC de 1-10 anos. • São representadas pela LMC (Leucemia Mieloide Crônica), LLC (Leucemia Linfocítica Crônica), leucemia de células pilosas (tricoleucemia) e outros tipos muito raros. • Considerando apenas os países ocidentais, a leucemia mais comum é a LLC → ~ 30% o LMC fica em 2º lugar → ~15% o Leucemia de células pilosas é bem mais rara → <1% Leucemia Mieloide Crônica • É uma síndrome mieloproliferativa crônica → neoplasia hematológica que se origina da célula-tronco ou de um progenitor próximo a esta em sua maturação o Ao contrário das LA, esse clone segue o curso normal de maturação até as células finais → não há bloqueio na maturação • O pico de incidência é na fase adulta, por volta dos 55 anos o Pode ocorrer em crianças → até 2% das leucemias da infância • Há discreto predomínio no sexo masculino Patogênese • O clone neoplásico da LMC provavelmente é uma célula-tronco → essas células adquirem uma anomalia chamada de cromossomo Filadélfia • Diferente de outras leucemias com etiologia desconhecida, na LMC é possível identificar a presença de uma mutação genética bem definida o Trata-se de uma translocação entre os braços longos dos cromossomos 9 e 22, nas localizações q34 e p11 → representada por t(9;22) (q34; p11) • Essa fusão de genes dá origem a um gene híbrido, chamado BCR-ABL, que irá definir a transcrição de uma proteína com alta atividade de tirosina quinase o A fusão pode ocorrer em outras 2 regiões, dando origem a outras proteínas → P190 ou P230. ▪ Essas enzimas implicam no aumento da divisão celular e bloqueio da apoptose ❖ 95% dos pctes apresentam o cromossomo Filadélfia detectável na análise do cariótipo das células do aspirado de MO → nos 5% restantes, na maioria detecta-se o oncogene bcr/abl o Através do FISH ou RT-PCR. • O clone neoplásico consegue se diferenciar em células maduras → essa diferenciação ocorre preferencialmente para série granulocítica o Levando ao acúmulo na MO e sangue periférico de neutrófilos, bastões, metamielócitos,mielócitos e raros mieloblastos (< 5%). • Monócitos e Plaquetas podem aumentar, mas a hematimetria tende a diminuir (anemia) → por conta da ocupação medular neoplásica, inibindo a eritropoiese. Manifestações Clínicas e Laboratório • Muitos pacientes são descobertos em fase assintomática, através de EF mostrando esplenomegalia o E/ou hemograma revelando leucocitose neutrofílica acentuada, com desvio para esquerda até mielócito ou mieloblasto ▪ O marco da LMC é justamente a associação • Sintomas mais comuns decorrem do estado hipercatabólico, da esplenomegalia, anemia e/ ou disfunção plaquetária → febre, perda ponderal, astenia, sudorese noturna o Desconforto abdominal no HE, saciedade precoce, palpitação, dispneia, equimoses, etc • As infecções na LMC não são frequentes, nem caracterizam a doença o O clone neoplásico é capaz de se diferenciar até o neutrófilo maduro (segmentado) → que possui função normal ou levemente diminuída EXAME FISICO • Esplenomegalia em 60-80% → pode ser de grande monta (> 5 cm do RCE), e algumas vezes com o baço palpável na fossa ilíaca esquerda o Pode ser indolor ou dolorosa → e há relatos de rotura esplênica espontânea • Até 50% tem Hepatomegalia indolor LABORATORIO • Anemia + hiperleucocitose + trombocitose • Acentuada leucocitose neutrofílica → contagem leucocitária pode atingir até 1.000.000/ mm3 o Comuns valores > 100.000/ mm3 (hiperleucocitose), quase sempre > 50k • Desvio para esquerda intenso → com muitas formas jovens granulocíticas na periferia o Contagem absoluta de eosinófilos e basófilos está tipicamente alta (eosinofilia e basofilia). • Anemia normo-normo está presente em 50% casos. • Trombocitose é a regra (plaquetometria > 400.000/mm3), ocorrendo em 1⁄2 casos. o Pacientes estão propensos ao sangramento por conta da disfunção plaquetária → ao mesmo tempo, têm risco maior de trombose, pela leucostase e trombocitose acentuada. • Leucostase começa a ocorrer nessa doença apenas com leucometrias >200.000/ mm3 o A síndrome da leucostase é mais comum na LMA • Hiperuricemia (maior risco de gota) • Aumento dos níveis séricos de vitamina B12 → maior produção de transcobalamina I e IIIi o Aumento do LDH e lisozima. História Natural da Doença • FASE CRÔNICA → costuma ser pouco sintomática e geralmente dura 3 a 5 anos • FASE ACELERADA → aparecimento de mais sintomas e aumento dos atuais o Observa-se a duração de alguns meses, além de surgimento de resistência a terapêutica inicial • CRISE BLÁSTICA → doença passa a se comportar como leucemia aguda, com QC mais grave o Fase considerada fatal → algumas vezes pode ser alcançada sem que o pcte passe pela acelerada o Aumento dos sintomas e sinais → pode haver infiltração extramedular dos blastos ▪ Acometendo pele, linfonodos, ossos e SNC Diagnóstico e Evolução • Suspeitado na presença de leucocitose acentuada (> 25-50k/mm3) em pcte com esplenomegalia. o DD feito com reação leucemoide, outras SMP e Leucemia Mielomonocítica Crônica • Confirmação pela detecção do RNAm da mutação BCR/ABL → feito pela RT-PCR no sangue periférico • Aspirado/biópsia de MO não é indispensável → mas a biopsia sempre acaba sendo realizada na LMC, pra estratificação prognostica e acompanhamento da resposta terapêutica ❖ Histopatologicamente → MO apresenta hiperplasia mieloide acentuada, com relação mieloide-eritroide entre 15:1 e 20:1 (normal no máximo 3:1). o Pode ocorrer grau de mielofibrose, que eventualmente pode ser acentuado. • Cromossomo Filadélfia pode ser encontrado na avaliação citogenética das células do aspirado/biópsia → tem o mesmo significado da detecção do gene BCR/ABL no sangue. o Também pode ser diretamente pesquisada no aspirado/biópsia por RT-PCR ou FISH. PROGNÓSTICO • Maioria (90-95%) é diagnosticado ainda na fase crônica da doença • Após 3-5 anos, todos não tratados evoluem para crise blástica → leucemia aguda rapidamente fatal (sobrevida média de 3 meses) → causa mais comum de óbito na doença o 1/3 evolui diretamente para crise blástica o 2/3 restantes passam pela fase acelerada → alta contagem granulocítica e esplenomegalia refratárias à terapia supressora, com perda da capacidade de diferenciação do clone neoplásico ▪ Surgindo maior nm de blastos na MO e sangue periférico ▪ Estes logo irão complicar com LA → têm sobrevida média de 18 meses. • A progressão para as fases acelerada e blástica é pela aquisição de anomalias citogenéticas ou moleculares adicionais pelo clone leucêmico da LMC Tratamento INIBIDORES DA TIROSINA-QUINASE • O mesilato de imatinibe (Gleevec) propicia taxas impressionantes de remissão da doença. o É o tto de 1ª linha → transplante alogênico de células hematopoiéticas em 2º • É um inibidor específico da tirosina-quinase mutante codificada pelo gene BCR/ABL → atua só nas células neoplásicas, bloqueando o estímulo hiperproliferativo • Em geral os efeitos adversos são leves a moderados → anasarca, náuseas, diarreia, hemorragias, cãibras e rash cutâneo o A dose padrão é 400 mg/ dia, VO. • O principal objetivo da terapia com Gleevec é a obtenção de resposta citogenética completa → com desaparecimento das células carreadoras do cromossomo Ph no aspirado de MO o Geralmente ocorre após 12-18 meses de tratamento. o É o único parâmetro terapêutico que se associa de forma consistente com aumento da sobrevida. ❖ Outros parâmetros também devem ser monitorados Resposta Hematológica Completa → normalização do hemograma e esplenomegalia; Resposta Molecular → queda do nm de transcritos do gene BCR-ABL conforme PCR quantitativo no sangue periférico. ❖ Em casos de intolerância ou falência terapêutica → se troca por outro inibidor de TQ mais potente ou encaminha para transplante de células hematopoiéticas. • Com o tempo, alguns tornam-se refratários a todos os inibidores → esses geralmente têm a mutação T315I no gene BCR/ABL, que acarreta resistência cruzada a essas drogas o Nesses casos, a droga de escolha é o ponatinibe → único problema é o risco de trombose arterial TRANSPLANTE • É indicado para portadores de LMC que falham na terapia com inibidores de tirosina-quinase. • Pré-requisito básico é a idade < 55-60 anos. • Idealmente, se busca um doador “aparentado” HLA compatível → chance de cura oscila em 50-60% o 70-80% em pacientes < 50 anos quando o transplante é feito no 1º ano do diagnostico • PARA pacientes sem irmãos HLA compatíveis → alternativa do transplante alogênico de um doador não aparentado HLA compatível, localizado no “banco de medula” nacional. o Os resultados se mostram semelhantes ao transplante de doador aparentado em pacientes < 30 anos, mas não naqueles com mais de 30 anos TERAPIA PALIATIVA • As drogas mielossupressoras, em especial bussulfan e hidroxiureia, promovem a remissão hematológica → diminuem contagem leucocitária e plaquetária o E controlam os sintomas e a esplenomegalia. • Remissão citogenética quase nunca atingida → agentes mielossupressores não modificam a história natural da doença Leucemia Linfocítica Crônica Epidemiologia, Patogênese e Fisiopatologia • Representa 30% das leucemias, acometendo caracteristicamente a população idosa (> 60 anos) o Com predominância de 2:1 no sexo masculino • Anualmente, a incidência é de 2-6/100 mil habitantes → incidência mais alta quanto maior a faixa etária • Praticamente não é vista em pessoas < 30-40 anos → não acomete crianças. ❖ Trata-se de neoplasia hematológica de curso indolente → o clone neoplásico é um linfócito B maduro bloqueado em fase de diferenciação → que impede a sua transformação em plasmócito. o Este linfócito tem bastante IgM no citoplasma, mas muito pouco na membrana o Além dos marcadores imuno-histoquímicos dos linf B (CD19, CD20, CD21, CD23, CD24), também está presente o CD5 → marcador normalmente encontrado em linfócitos T ▪ É o grande marco imunofenotípico da doença,juntamente com a negatividade do FMC7. • A imunofenotipagem é importante para diagnóstico → e tem grande valor na avaliação prognóstica o (+) para 2 marcadores de superfície celular, CD38 e ZAP 70 → subtipo de pior prognóstico. ❖ A LLC não está relacionada à radiação ionizante, benzeno ou agentes alquilantes • Em 10% dos casos a história familiar de LLC ou outras neoplasias linfoproliferativas é presente → sugere existência de uma variante “familiar” da doença • Recentemente, um estudo mostrou que cerca de 3% das pessoas > 40 anos possui uma população de células-B com marcadores idênticos aos da LLC → sugere uma “linfocitose monoclonal indeterminada” o Tal condição agora é considerada precursora da LLC • Não existe 1 única anomalia cromossomial típica da LLC, apesar de existirem alterações que modificam o prognóstico da doença ❖ É uma doença “cumulativa”, e não “proliferativa”. • Os linfócitos B neoplásicos CD5+ são células de turnover lento, com meia vida bem superior a LB normal → provavelmente por apresentarem um bloqueio de maturação. o A evolução da doença é o acúmulo desses linfócitos clonais na MO → passam para sangue periférico e atingem os linfonodos, baço e fígado. • Pcte vai se tornando debilitado e propenso a morrer de infecções bacterianas → pois linfócitos neoplásicos não desenvolvem competência imunológica. • Eles tambem têm maior incidência de outras neoplasias não hematológicas → principalmente Ca de pulmão e gastrointestinal. Manifestações Clínicas e Laboratório • Muitos pacientes são diagnosticados na fase assintomática da doença. • Marco da LLC é a associação → linfocitose acentuada + adenomegalia o Linfocitose é > 5.000/mm3 → geralmente entre 25.000-150.000/mm3 o Adenomegalia cervical → linfonodos aumentados inicialmente são < 2 cm, móveis e de consistência elástica, sugerindo benignidade ▪ Depois aumentam o tamanho e confluência → podendo se apresentar como grandes massas cervicais. ▪ Pode se generalizar, acometendo linfonodos viscerais. Sintomas que podem acompanhar → febre, sudorese noturna, astenia, fadiga, perda ponderal e queda do estado geral. o São mais comuns nas fases mais avançadas da doença, geralmente indicam complicações, como infecção e anemia • Esfregaço do sangue periférico mostra linfócitos morfologicamente idênticos aos normais → pequenos, com núcleo arredondado, cromatina condensada e citoplasma escasso o Uma alteração que pode chamar atenção é o encontro de linfócitos destruídos ou “amassados” → manchas de grumpets ❖ Exame físico → 40% podem ter esplenomegalia o 10% podem ter hepatomegalia • Raramente, há derrame pleural e ascite (sinal de doença avançada). • Anemia normo-normo hipoproliferativa (reticulócitos baixos) em 20%, com plaquetopenia em 10% o Ambas são sinais de mau prognóstico → indicam maior ocupação medular pelo clone neoplásico. ❖ Outro achado típico é a hipogamaglobulinemia → por bloqueio de maturação dos linfB neoplásicos • Apesar de se ter qtd elevada de linfócitos B maduros, eles não fazem a devida função → transformar-se em plasmócitos, células produtoras de anticorpos o Ocorre em 25% → na medida em que a doença avança, acomete a maioria dos pctes • As consequências são infecções de repetição por bactérias encapsuladas (S. pneumoniae, H. influenzae), geralmente sinusite e pneumonia. • Disfunção dos linfócitos T pode ocorrer, acarretando deficiência da imunidade celular nas fases mais avançadas da doença. Diagnóstico • No hemograma de um pcte com LLC encontramos linfocitose persistente → > 5.000 cél/microL por mais de três meses o 20% também apresentam quadro de anemia ou de trombocitopenia • O diagnóstico é feito pela análise das características morfológicas das células presentes no sangue periférico e pela realização de mielograma, para análise das células em esfregaço da MO Linfocitose persistente > 10.000/mm3 + aspirado de MO com > 30% de linfócitos Linfocitose persistente > 5.000/mm3 + aspirado de MO com > 30% de linfócitos + imunofenotipagem revelando marcadores de linf B maduro em conjunto com marcador CD5. Estadiamento e Prognóstico • O estadiamento da LLC é fundamental para determinar a história natural da doença e orientar tto o Baseia-se no exame físico e hemograma → linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, anemia e plaquetopenia. • O curso é indolente, mas não é considerada curável → sobrevida media de 7 anos • A transformação para linfoma de alto grau ocorre em 3,5% → doença de richfer o Transformação neoplásica da LLC em um linfoma não Hodgkin agressivo, geralmente o linfoma B difuso de grandes células • Paciente evolui com grandes massas linfonodais de crescimento rápido, febre, emagrecimento e acometimento extranodal • A sobrevida média é de poucos meses, porque resposta à quimioterapia é precária. Tratamento • Pacientes com LLC em estágios iniciais (Rai 0 ou I), assintomáticos → não necessitam de tratamento específico, apenas acompanhamento Indicação do tratamento → quando paciente desenvolve 1 ou + destes: o Fadiga progressiva; o Linfadenopatia sintomática; o Anemia; o Trombocitopenia • Geralmente isso já está presente a partir do estágio Rai II. ❖ Pacientes < 70 anos, sem comorbidades significativas → fludarabina + rituximab, podendo ou não associar ciclofosfamida o Fludarabina → análogo nucleosidico o Ciclofosfamida → agente alquilante o Rituximab → anticorpo monoclonal anti-CD20 • Adição de ciclofosfamida aumenta a eficácia anti-leucêmica, principalmente em portadores de fatores de mau prognóstico → mas também aumenta toxicidade, acarretando infecções oportunistas. • Ciclo de “FCR” é feito a cada 28 dias, por 6 ciclos → taxa de resposta “parcial” em torno de 90-95% o Resposta “completa” é esperada em 40-70% dos casos. • Usuários de esquemas com fludarabina devem receber quimioprofilaxia contra infecções oportunistas e infecções fúngicas invasivas → até que haja indícios de recuperação da função linfocitária. ❖ Pacientes > 70 anos de idade, ou com comorbidades significativas → clorambucil + obinutuzumab • É mais bem tolerado neste subgrupo de doentes e seus resultados são satisfatórios o A taxa de resposta “parcial” é de 78%, e a resposta “completa” é vista em 21% TERAPIA DE RESGATE • Caso o Recidiva da LLC após trat inicial o Refratariedade ao trat inicial o Presença de fatores de prognóstico altamente adverso, como a del 17p. • Nesses casos, ibrutinib pode ser usado → inibidor de tirosinaquinase específico de linfócitos B o Inibe a tirosina-quinase de Bruton, enzima importante na sinalização IC dos linfócitos B • Quando utilizado isolado, produz respostas hematológicas em até 75% o Nos portadores da del 17p (péssimo prognóstico) a sobrevida média é prolongada para > 2 anos. Efeitos adversos → agravamento transitório da linfocitose durante o início do tto, por “mobilização” dos linfócitos neoplásicos presentes no interior dos linfonodos para circ periférica. • Outra opção é o IDELALISIB (inibidor da enzima ic PI3-delta-quinase). TRANSPLANTE • Transplante alogênico tem sido estudado → potencial curativo em < 50 anos, e com doença de alto risco o Descritas taxas de cura de 40-50% → mas mortalidade relacionada ao tpt é alta (25-50%). • Possibilidade de transplante autólogo é bastante limitada devido à persistência de infiltração da MO e à mielossupressão secundária às terapias prévias TERAPIAS ADJUVANTES • ESPLENECTOMIA também pode ser indicada se citopenias significativas + grande esplenomegalia. • RADIOTERAPIA LOCAL é indicada para diminuir as grandes massas linfonodais. • LEUCOFERESE é raramente realizada em casos de síndrome de leucostase • Reposição de imunoglobulina humana EV indicada no caso de infecções graves de repetição na vigência de hipogamaglobulinemia, embora seja muito caro Palquetopenia mais nas agudas, e aumentamais nas crônicas Linfonodos + nas linfocítica
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