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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 1 Tutorial 7 – mod XI - Situação osso Leucemias Leucemias agudas - Neoplasia maligna que se não tratada, apresenta sobrevida média de alguns poucos meses. - Na doença, há acúmulo de progenitores ou percursores da linhagem linfoide ou mieloide, ou seja, acúmulo de blastos (células jovens). Esses blastos são incapazes de se diferenciar em células maduras devido a um bloqueio de maturação. - As leucemias representam cerca de 3% dos CA na população americana, sendo que a mais comum é a LMA (leucemia mieloide aguda), seguida pela LLC (leucemia linfocítica crônica), depois LMC (leucemia mieloide crônica) e por fim a LLA (leucemia linfoide aguda). - Em < 12 a, a LLA é a mais frequente (90% dos casos), sendo a primeira causa de neoplasia maligna na infância. - O reconhecimento e o tratamento precoce das leucemias agudas são medidas que aumentam a sobrevida do pcte. PATOGÊNESE - A doença começa quando a célula progenitora ou percursora hematopoiética torna-se um clone neoplásico e não consegue se diferenciar, mas se divide e multiplica. FISIOPATOLOGIA NORMAL: - A célula tronco se diferencia em células que darão origem a duas linhagens: linfoide e mielóide. Conforme as células vão se diferenciando, vão cada vez mais se comprometer com uma certa linhagem, ou seja, vão se maturando. - Os progenitores multipotentes dão origem às células percursoras das diversas linhagens - célula pré T precoce, célula pré B precoce, mieloblasto, monoblasto, proeritroblasto e megacarioblasto. Sendo assim, em determinado momento, uma dessas células se encontra ainda em fase precoce de diferenciação, sofrendo uma transformação neoplásica e se convertendo em um clone proliferativo, mas bloqueado na sua maturação. - Na LMA, como o clone pode ter diversas diferenciações, pode ter várias origens e vários subtipos da doença. - De acordo com a morfologia do blasto, a LMA irá se caracterizar em 8 subtipos: Subtipo Freq Nome Caract do Blasto M0 2-3% LA indiferenciada Blastos indiferenciados, sem grânulos citoplasmáticos M1 20% LMA com diferenciação mínima Mieloblastos com poucos grânulos Mais de 3% + para mieloperoxidase M2 30- 40% LCA com diferenciação Mieloblastos com grânulos, Mieloperoxidase +, Bastonetes M3 5- 10% L promielocítica aguda (promielócitos) Promielócitos hipergranulares, mieloperoxidase + e bastonetes M4 15- 20% L mielomonocítica (mieloblasto, monoblastos) Mieloblastos (mieloperoxidase+), monoblastos (esterase +), M5 10% Leucemia monocítica aguda (monoblastos) M5a (monoblasto) M5b (Promonócito) Esterase + M6 5% Eritroleucemia aguda (eritroblastos) Precursores eritróides megaloblásticos M7 1% Leucemias- megacariocíticas aguda (megacarioblasto s) Megacarioblastos Fator de VWB e FIIb/IIIa na membrana - Já na LLA, o clone neoplásico pode derivar-se de um progenitor linfoide de uma célula pré T ou B precoce, de células pré T ou B e linfócitos B que assumem característica de blasto. - Todas as células do LLA jovens são consideradas linfoblastos. - Em 80% das LLA a origem neoplásica é de origem da linhagem de linfócitos B. Em 20% por causa de linfócito T. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 2 - Na LLA dependendo da morfologia do linfoblasto, há 3 subtipos morfológicos. Subtipo Crianças Adultos Nome Caract do Blasto L1 80% 25% LLA infantil Célula pré-B, células T blastos pequenos, citoplasma escasso L2 17% 70% LLA adulto Célula pré-B, célula B, célula T, blastos maiores, irregulares, com nucléolo L3 3% 5% LLA – Burkitt- simile Célula B do linfoma de Burkitt – blastos maiores, nucléolo proeminente, citoplasma vacuolado e basofílico - As células jovens clonais-blastos- irão infiltrar a MO e ocupar > 20 ou 30% do total de células nucleadas. A primeira consequência disso será a supressão da hematopoiese normal. - Como a expansão dos blastos neoplásicos vai ocupar o espaço necessário à produção fisiológica das células hematológicas na medula, haverá pancitopenia (anemia, neutropenia e plaquetopenia). - Os blastos anormais secretam fatores inibitórios e indutores da fibrose, e a disfunção medular ainda mais grave. - Os blastos neoplásicos vão para a corrente sanguínea, justificando o nome de leucemia - “células brancas no sangue”. Essas células NÃO são capazes de se maturar em granulócitos, monócitos ou linfócitos ativos, não tendo função fisiológica, sendo que a defesa do corpo continua dependendo dos poucos neutrófilos e monócitos existentes. - No sangue, blastos podem infiltrar órgãos (linfonodo, baço, fígado, gengiva, SNC, meninge, testículo, pele). Pcte acaba morrendo por metástase ou pancitopenia grave. Tipagem e imunofenotipagem - Os blastos da LMA são um pouco maiores que os da LLA e apresentam grânulos azurófilos em seu citoplasma, definindo a linhagem granulocítica. - É possível, apenas com a visualização de aspectos morfológicos das células, diferenciar entre LMA e LLA em até 70% dos casos. Isso é possível devido a citoquímica. - Coloração positiva para mieloperoxidase: LMA mieloblástica. - Coloração positiva para esterase não específica: LMA monoblástica. - Coloração positiva para PAS: LLA. - No restante que não pode ser diferenciado pela citoquímica, faz-se a Imunofenotipagem, que é considerado o método de melhor acurácia para tipar a leucemia. - A técnica consiste em procurar marcadores de membrana ou citoplasma, com a administração de anticorpos específicos para um marcador determinado. A positividade para esse marcador será vista pela presença de atividade fluorescente na membrana ou no citoplasma da célula neoplásica. - Esses marcadores são nomeados pela sigla CD (cluster designation), e cada subtipo CD tem seus marcadores específicos. Citogenética Origem da Leucemia aguda - Por trás da maioria das neoplasias tem a expressão de um ou mais oncogenes, ou seja, porções de DNA do genoma humano responsáveis pela síntese de fatores indiscriminados na reprodução desordenada das células ou no bloqueio da apoptose. - Geralmente esses oncogenes são localizadas em regiões inativas de cromossomos. Porém, mutações genéticas podem ativar essas regiões. - Há também os antioncogenes que são responsáveis pela síntese de fatores que inibem a expressão dos oncogenes. - Mutações podem causar deleções, inversões, translocações (troca de fragmentos), ganhos cromossomais ou perdas cromossomais, promovendo ativação de oncogenes e supressão de antioncogenes. - Essas anomalias citogenéticas podem ser visualizadas no exame de cariótipo (citogenética convencional) ou através da técnica de FISH que é uma técnica mais rápida do que a citogenética convencional. - Quando não se detectam anormalidades pelos exames, faz-se o PCR (ampliação de RNA). EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 3 - Alterações citogenéticas em leucemias agudas são parâmetros prognósticos que guiam o melhor tratamento. - O exame de cariótipo nas leucemias agudas é obtido pelo estudo de blastos no mielograma (aspirado de medula óssea). Alterações citogenéticas na LMA: > 50% dos casos. Alterações no clone leucêmico, como as translocações e a inversão. Alterações citogenéticas na LLA: > 35% dos casos. Pode haver hiperploidia, com n° de cromossomos > 46. Tem um bom prognóstico e predomina na leucemia infantil. Fatores de risco para Leucemias - Leucemias Primárias: pctes sem nenhuma doença hematológica prévia e sem uso prévio de quimioterápicos. - Leucemia secundária: associada à doença hematológica pré-leucêmica (Sd. mielodisplásicas e mieloproliferativa e hemoglobinúria paroxística noturna) ou secundária ao uso de quimioterápicos citotóxicos (agentes alquilantes - clorambucil - inibidores da topoisomeraseII). - São via de regra do tipo LMA. - Fatores de risco: Radiação ionizante: LLA e LMA. Exposição a benzeno: LMA. Agentes alquilantes: LMA (4-6a após exposição a droga e quase sempre precedida pela Sd. mielodisplásica) Inibidores da Topoisomerase II: LMA (ñ se associa a S. mielodisplásica) Distúrbios hereditários: LMA (instabilidade cromossomial – Anemia de Fanconi) Anomalias citogenéticas congênitas (Sd. de Down, Sd. de Patau, Sd. de Klinefelter) Classificação das Leucemias segundo OMS Leucemia mieloide aguda (LMA) - A mais comum, afetando uma faixa etária bastante ampla. Sua incidência começa a aumentar a partir dos 15 anos e tende a aumentar com a progressão da idade. - Em crianças com menos de 12 anos a LLA é mais comum (90% dos casos). - Levemente mais prevalente em homens. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - A evolução dos sintomas pode ser aguda ou subaguda (semanas), mas metade dos pctes geralmente apresenta queixas nos últimos 3 meses. Tríade: astenia, hemorragia, febre. - Todos esses sintomas são relativos à insuficiência hematopoiética medular. OBS: Essa tríade é a mesma da anemia aplásica, sendo esse um importante diagnóstico diferencial. - A astenia (fadiga) é o sintoma inicial em metade dos casos. Isso ocorre, pois, esses pctes tem uma anemia moderada a grave e de instalação rápida. Pode haver também fadiga, dispneia, cefaleia e tontura postural. - A hemorragia reflete a plaquetopenia grave que é desenvolvida por esses pctes. Manifesta-se com sangramento cutâneo (petéquias, equimoses) e mucoso (sangramento gengival, epistaxe, hemorragia digestiva). - Já a febre ocorre por 2 mecanismos: por causa da neutropenia ou disfunção neutrofílica relacionada a infecções bacterianas OU pela febre neoplásica que se dá pela rápida proliferação clonal. - Hepatoesplenomegalia (diferencia da anemia aplásica que NÃO cursa com hepatoesplenomegalia). - Porém a esplenomegalia das LA não é tão proeminente quanto a da LMC. - Pode ocorrer linfadenopatia - Dor óssea: sintoma decorrente da expansão medular pela proliferação de blastos ou da invasão do periósteo. - Há algumas manifestações infiltrativas que são características de certos subtipos: - Hiperplasia gengival: comum nos tios M4 e M5. Figura 1 - Classificação das leucemias agudas de acordo com a OMS, 2008. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 4 - Sarcoma granulocítico (cloromo): tumor de órbita. - A leucometria alcança valores MUITO ELEVADOS: > 100.000/mm³, gerando Hiperleucocitose. - Os leucócitos (blastos) aumentam a viscosidade sanguínea podendo aderir ao endotélio das vênulas pulmonares e de outros órgãos. - O pcte tem sintomas neurológicos (cefaleia, borramento visual, parestesias, torpor, coma, crise convulsiva), pulmonar (dispneia, taquipneia, insuficiência respiratória com hipoxemia grave), geniturinários (priapismo, IRA). - Os casos mais graves são tratados imediatamente com leucoforese (retirada de leucócitos do sangue). Nos demais, faz-se apenas quimioterapia. ACHADOS LABORATORIAIS - O hemograma: anemia + plaquetopenia com leucometria total de diferencial variável. - A anemia pode ser moderada a grave, normocítica, normocrômica e sem reticulose. - O grau de plaquetopenia varia muito e cerca de 25% dos pctes tem plaquetas abaixo de 20.000/mm³. - Leucocitose: achado comum. Embora alguns casos gerem leucopenia. Cerca de 50% dos casos apresentam leucócitos entre 5.000- 50.000/mm³. Blastos na periferia, associados a neutropenia. - A média encontrada de leucometria oscila em torno de 15.000/mm³.10-20% dos pctes tem leuc > 100.000 (leucocitose) sob risco de leucostase. - Quase sempre são encontrados blastos no sangue periférico e podem ser contados no hemograma. Porém em uma minoria de casos, os blastos podem estar ausentes no sangue periférico e presente apenas na medula óssea. Isso chama-se “leucemia aleucêmica”. - A presença de mais de 5% de blastos no sangue periférico indica leucemia aguda. - Presença de grânulos azurófilos citoplasmáticos e bastonetes de Auer são exclusivos da LMA. - Pode estar presente também a hiperuricemia, pelo aumento da produção de ácido úrico decorrente da hiperproliferação celular. DIAGNÓSTICO - Feito pelo mielograma (aspirado de MO), obtido geralmente da crista ilíaca. - Confirmado se presença de mais de 20% de blastos (critério da OMS) ou mais de 30% dos blastos (critério da FAB) entre as células nucleadas do aspirado. - O aspirado deve ser analisado do ponto de vista morfológico, citoquímico, imunofenotípico e citogenético. - Além de confirmar uma leucemia aguda, o exame deve tipar e subtipar a leucemia e obter dados do prognóstico. - A biopsia de medula óssea também deve ser feita para análise das alterações displásicas e da mielofibrose. TRATAMENTO Tratamento de Suporte - Pctes tem complicações com frequência, tanto da própria leucemia como da quimioterapia. É necessário suporte para garantir sobrevida desses pctes. Neutropenia febril: ↓ de neutrófilos < 500 ou 1000 com previsão de cair nos 2 dias consecutivos, com febre > 30,3 ou 38 por 1h ou 2 ep de febre em 12h - É a causa mais comum de mortalidade precoce em pctes por causa das infecções por bactérias e fungos associadas. Início abrupto, curso fulminante. Se manifestam com exsudato purulento. Tem grandes chances de invadir corrente sanguínea. - Esse problema está relacionado com a quimioterapia aplasiante, mas também pode ocorrer pela própria leucemia. - Predomínio de infecções por Gram negativos entéricos (ex: E. coli) - Infecção conhecidas em neutropênicos: Colite necrosante (Tiflite): infecção na parede do ceco por Gram negativos entéricos e anaeróbicos. Lesões cutâneas do tipo extima gangrenoso (por septicemia por Pseudomonas aeruginosa). Candidíase hepatoesplênica - Logo, pctes neutropênicos devem ter contagem neutrofílica diária. - Sendo assim, a terapia com ATB de largo espectro e cobertura antipseudomonas reduz muito a mortalidade desses pctes. Cefepime, Imipenem, Meropenem ou Ceftazidime. - Pode também ser uma terapia combinada com associação de um dos ATB anteriores + amicacina. - A Vancomicina deve ser acrescentada ao esquema inicial em alguns casos mais graves. - APÓS 3 DIAS DE ANTIBIOTICOTERAPIA O PCTE DEVE SER REAVALIADO. - Se o pcte torna-se afebril, mas cresceu um germe especifico na hemocultura: direciona a antibioticoterapia e mantem ela por 14 dias. - Se o pcte está afebril, estável e sem crescimento de germe na hemocultura: mantêm antibioticoterapia enquanto a contagem neutrofílica estiver abaixo de 500. - Se a febre se manter: reavaliar antibioticoterapia, considerar o resultado da hemocultura. - Se a febre persistir por mais de 5-7 dias ou se houver recidiva, há chance de ser infecção fúngica. Por isso, deve-se acrescentar um antifúngico empírico Anfotericina B. - O fluconazol NÃO deve ser usado pela possibilidade de fungos resistentes a esse fármaco. - Em pctes febris de “baixo risco”: Cipro + Amoxi + Clav. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 5 - O uso de GM-CSF reduz a neutropenia em cerca de 5 dias, mas não tem benefício na redução da mortalidade. Portanto NÃO são recomendados rotineiramente. Plaquetopenia: é comum e pode surgir qdo em quimioterapia. Risco de sangramento fatal com plaq < 10.000. - A transfusão de plaquetas é indicada quando: (1) Transfusão terapêutica: sangramento mucoso ou orgânico com plaquetometria inferior a 50.000/mm³. (2) Transfusão profilática: pctes com plaq < 10.000/mm³ ou 20.000/mm³ na presença de febre e infecção. - Pode haver refratariedade à transfusão, e ela geralmente ocorre com a aloimunização por anticorpos anti-HLA da superfície plaquetária. A conduta então é transfundir plaquetas HLA compatíveis.Anemia - A transfusão de concentrado de hemácias é indicada especialmente em pctes com anemia sintomática, para manter a Hb acima de 8. Coagulação intravascular disseminada - Problema específico da leucemia promielocítica aguda. - O uso de ácido transretunoico (ATRA) é capaz de controlar a CIVD em 3 dias pois reduz a quantidade de blastos promielocíticos, havendo menor produção de fatores pró-coagulantes. - Alguns estudos mostram benefícios do uso de baixas doses de heparina (5-10 kg/h) em infusão contínua. Prevenção da Síndrome de lise tumoral - Devido ao aumento do metabolismo do DNA nos blastos hiperproliferativos, é comum a hiperuricemia em pcte com LMA. - Durante a quimioterapia há liberação aguda de ácido úrico pela lise de blastos, gerando importante risco de lise tumoral- nefropatia aguda tubular obstrutiva por cristais de ácido úrico. - Para prevenir tal fato, todos os pctes com leucemia aguda devem receber, 48h antes e durante toda a quimioterapia o esquema: hidratação venosa com bicarbonato de sódio + alopurinol via oral. - A quimioterapia só pode ser feita em segurança se o ácido úrico estiver abaixo de 8mg/dL e a creatinina sérica inferior a 1,6 mg/dL. - Em casos mais graves trata-se com diálise. Leucostase - Podem haver plugs de blastos que obstruem a microvasculatura. - Isso gera: taquidispneia, hipoxemia, distúrbios neurológicos e predisposição à hemorragia. - Devido ao aumento da viscosidade sanguínea, a transfusão de hemácias pode agravar os sintomas da síndrome e, portanto, devem ser evitadas. - O tratamento é feito com a própria quimioterapia indutora de remissão da LMA, ou em casos mais graves com Hidroxiureia em altas doses. - Leucoforese é reservada para casos de leucostase em que a quimioterapia não pode ser iniciada de imediato. Terapia Específica de LMA - Quimioterapia de alto poder mielotóxico, para que se possa destruir completamente os clones mieloblásticos. - O transplante alogênico de células hematopoiéticas é um importante item de terapia e a única chance de cura em alguns pctes. - A terapia é divida em 2 fases: Indução da Remissão e Terapia Pós-Remissão. (1) Indução da Remissão: destruir cones neoplásicos. - A remissão completa é definida pelo desaparecimento dos blastos do sangue periférico, por uma MO com menos de 5% de blastos e sem células com bastonetes de Auer e recuperação das demais linhagens. Acontece em 60- 80% dos casos. - Usa-se agentes potentes citotóxicos: arabinosídeo C + daunorrubicina. - Em pctes jovens substitui-se daunorrubicina idarrubicina. - Se após o primeiro ciclo não houver remissão completa, repete-se mais um ciclo com o mesmo esquema. (2) Terapia pós-remissão - Administrada após o pcte atingir remissão completa. É obrigatória e tem como objetivo prolongar a remissão completa através da prevenção da recaída. - Pode ser feita de 3 maneiras: quimioterapia de consolidação, transplante alogênico de células hematopoiéticas ou transplante autólogo de células hematopoiéticas. - A quimioterapia é indicada para pctes com bom prognóstico e em pctes que não podem receber transplante. - Transplante alogênico = terapia mais eficaz. Vem de outra pessoa. Indicado em pctes sem cariótipo favorável ou com fatores de mau prognóstico. - Transplante autólogo: são retiradas as células tronco do próprio pcte após remissão completa da leucemia -> terapia mieloablativa -> reinfusão das células. Indicado como primeira opção em pctes sem cariótipo favorável e na ausência de irmãos ou com idade superior a 55-60 anos. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 6 Fatores de prognóstico na LMA Leucemia Linfoide Aguda (LMA) - Leucemia mais comum na infância- 90% dos casos. - Pico de incidência entre 2-10 anos (maior aos 4 anos). - Mais comum na raça branca. Discreta predominância no sexo masculino. - Ótima resposta à quimioterapia. - Pode ocorre em adultos, mas com presença de pior prognóstico. Boa resposta à quimioterapia. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Quadro semelhante à LLA, mas com algumas diferenças: - Dor óssea muito frequente (80% dos casos). - Adenomegalia cervical ou generalizada - Ocorrência de massas mediastinais em células no timo. - Acometimento do SNC e dos testículos - Febre neoplásica é mais comum (70% dos casos) - Hiperplasia gengival NÃO faz parte do quadro clínico. DIAGNÓSTICO E TIPAGEM - Anamnese e exame físico (presença de edema testicular). - Hemograma completo, análise de sangue periférico, coagulograma, dosagem de fibrinogênio, provas de função renal e hepática, tipagem ABO, fator Rh e tipagem HLA. - RX e TC: busca por adenomegalias - Punção lombar para coleta de líquor para análise de invasão de blastos. - A diferença entre linfoblastos e blastos é feita por critérios morfológicos, citoquímicos e imunofenotipagem (Biopsia e aspirado). - Ausência de grânulos azurófilos e bastonetes de Auer, coloração positiva para PAS na citoquímica e aparecimento do antígeno C10, CD5, CD19 E CD20 na membrana caracterizam linhagem linfoide imatura. - Segundo a FAB, há 3 subtipos de LLA: (1) Subtipo L1: mais encontrado na LLA infantil (80% dos casos). Apresenta o melhor prognóstico e resposta à terapêutica. (2) Subtipo L2: mais encontrado em adultos. (3) Subtipo 3: menos comum e representa a forma de leucemia do linfoma de Burkit. TRATAMENTO - A terapia de suporte é idêntica a LMA. Mas nesse caso há necessidade de profilaxia com sulfametoxazol- trimetoprim contra pneumocistose. 1. Indução da remissão - Corticoesteroides (prednisona) + vincristina + L- asparaginase. - Em crianças e adultos com prognóstico desfavorável acrescenta-se antraciclina e a ciclofosfamida. 2. Profilaxia do SNC - Ao contrário da LMA, a LLA apresenta grande tendência à recidiva no SNC após quimioterapia. - O SNC é um “santuário” de linfoblastos, pois os quimioterápicos da indução e da consolidação NÃO passam bem a barreia hematoencefálica. - Usa-se então: Metotrexato (MTX) intratecal. - Alguns usam esquema triplo: MTX + ara-C + prednisona. 3. Consolidação da remissão: ñ ter recidivância dos casos. - Drogas: MTX em doses intermediárias, ácido folínico, ciclofosfamida, ara-C, doxorrubicina, dexametasona etc. - Duração de 2-8 meses. - Em crianças usa-se o esquema BFM. - Em adultos usa-se o esquema Hyper-CVAD. 4. Manutenção - Feita com: 6-mercaptopurina VO + Metotrexato. - Duração 2-3 anos. - Com essas 4 fases de tratamento, há cura em 70-85% dos casos em crianças e cerca de 30-40% em adultos. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 7 - A recidiva ocorre em 15-30% dos casos em crianças e em 60-70% dos casos em adultos. A maioria das recidivas ocorre na MO. Em recidivas precoces o melhor tratamento é o de transplante alogênico. - Recidivas no SNC são suspeitadas pela ocorrência de cefaleia, náuseas e vômitos e outros sinais de HAS intracraniana. Outro local de importante recidiva são os testículos, que é tratado com radioterapia. - Complicações da quimioterapia: declínio neurocognitivo, tumores intracranianos, leucemia mieloide aguda, cardiotoxicidade (cardiomiopatia dilatada), déficit de crescimento. - Fatores prognósticos na LLA: Leucemias Crônicas - Caracterizada pelo acúmulo lento e gradativo de leucócitos neoplásicos na medula óssea e no sangue. - Diferente da LA, AS CÉLULAS ESTÃO ACUMULADAS EM UMA FASE TARDIA DE MATURAÇÃO. - Quadro clínico insidioso. - Representadas pela LMC (leucemia mieloide crônica- 15%), LLC (leucemia linfocítica crônica-30%) e Leucemia de células pilosas (tricoleucemia-1%). Leucemia Mieloide Crônica (LMC) - Uma Sd. Mieloproliferativa Crônica, junto com a policitemia vera, mielofibrose idiopática e trombocitemia essencial. Ou seja, síndrome que se origina da célulatronco ou de um progenitor próximo em sua maturação. Porém, ao contrário da leucemia aguda, esse clone segue a maturação até as células finais e NÃO HÁ BLOQUEIO DE MATURAÇÃO. - Pico de incidência: fase adulta - 55. Mas pode ocorrer em crianças. Leve predominância no sexo masculino. PATOGÊNESE - O clone neoplásico da LMC é uma célula tronco, que por adquirem anormalidades citogenéticas: Cromossomo Philadelfia. Isso é, ocorre uma translocação entre os braços longos do cromossomo 9. Isso gera uma forma oncogênese hibrida que promove aumento da divisão celular e bloqueio da apoptose. - 95% dos pctes com LMC apresentam o cromossomo Philadelfia. Nos 5% restantes detecta-se incigene bcr/abl. Detectadas em aspirado de medula óssea ou sangue periférico. - O clone neoplásico é capaz de se diferenciar em células maduras (diferente das leucemias agudas). Essa diferenciação ocorre principalmente na série granulocítica, que gera acúmulo de neutrófilos, bastões, Metamielócitos, mielócitos e raros mieloblastos na medula óssea. - Eosinófilos e basófilos encontram-se elevados também. - Monócitos e plaquetas podem se elevar, mas a anemia geralmente diminui devido a ocupação medular neoplásica que inibe a eritropoese. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Geralmente descobertos na fase assintomática da doença através do exame físico que revela esplenomegalia e hemograma com leucocitose neutrofílica acentuada, desvio para esquerda. - Quando sintomático, é por causa do estado hipercatabólico da esplenomegalia, da anemia e/ou disfunção plaquetária: FEBRE, PERDA PONDERAL, ASTENIA, SUDORESE NOTURNA, DESCONFORTO ABDOMINAL NO HIPOCÔNDRIO E, SACIEDADE PRECOCE, PALPITAÇÃO, DISPNEIA, EQUIMOSES. - Infecções na LMC não são frequentes, pois o neutrófilo maduro possui função normal, não sendo afetado pelo clone neoplásico. - Exame físico: esplenomegalia (60-80%), podendo ser indolor ou dolorosa. Pode haver rotura esplênica espontânea óbito por choque hemorrágico. - Achados pouco comum: dor óssea por expansão da medula. EXAMES LABORATORIAIS - Acentuada leucocitose neutrofílica. >100.000 - Intenso desvio para esquerda (bastões). - Contagem absoluta de eosinófilos e basófilos alta. - Anemia normocítica e normocrômica. - Trombocitose (plaquetometria> 400.000/mm³). - Propensão ao sangramento pela disfunção plaquetária e aumento do risco de trombose. - Apesar da contagem total de leucócitos ser mais na LMC do que na LMA, a síndrome da leucostase é mais frequente nessa última, pois os blastos aumentam mais a viscosidade sanguínea do que os neutrófilos maduros. E geralmente na LMC a leucostase é assintomática e inicia- se apenas em contagens acima de 200.00/mm³. - Outros achados: hiperuricemia (maior risco de gota), aumento dos níveis séricos de B12, aumento do LDH. DIAGNÓSTICO - Inicialmente suspeitado diante da presença de leucitose acentuada em um pcte com esplenomegalia. - Confirmação: detecção do RNAm da mutação bcr/abl através da técnica de RT-PCR no sangue periférico. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 8 - Aspirado de medula/biopsia NÃO é indispensável, mas só é feito no portador de LMC para auxilio da estratificação prognóstica e para acompanhamento da resposta terapêutica. - A MO apresenta hiperplasia mieloide acentuada. - O cromossomo Philadelfia pode ser encontrado em avaliação citogenética das células do aspirado/biopsia. - A maioria dos pctes com LMC é diagnosticada ainda na fase crônica da doença. Porém, após 3-5 anos todos os pctes com LMC não tratada evoluem para crise blástica. Isso é, uma leucemia aguda rapidamente fatal - com sobrevida média de 3 meses. - Pode ser crise blástica mieloide ou crise blástica linfoide. - Alguns , antes de chegar na crise, passam por uma fase acelerada da LMC, com alta contagem granulocítica, esplenomegalia refratária à terapia com mielossupressor. TRATAMENTO Terapia específica - Inibidores da Tirosina Quinase: mesilato de imatinibe (Glivec). É o tratamento de primeira linha, sendo que transplante alogênico ficou em segundo plano. Esse medicamento transforma o clone neoplásico em uma célula que segue o curso normal de maturação e apoptose, evitando seu acúmulo no organismo. Efeitos adversos: anasarca, náuseas, diarreia, hemorragias, câimbras e rash cutâneo. - Ocorre normalização do hemograma e da esplenomegalia após 3 meses. - O cromossomo Philadelfia pode desaparecer. - O monitoramento é feito através da dosagem de bcr/abl por PCR quantitativa a cada 3 meses e com exame citogenético do AMO a cada 6 meses. - Pctes que não respondem ou não toleram a droga acima, podem usar: dasatinibe e nilotinibe. - Em pctes que não respondem a inibidores de tirosina quinase ou pctes que evoluem com progressão da doença devem ser avaliados para o transplante alogênico de células tronco hematopoiéticas. - OBS: em pctes que iniciam tratamento na fase acelerada ou na fase blástica associação de inibidores de tirosina quinase e quimioterapia mielossupressora. Transplante - Indicado para portadores de LMC que falham na terapia com inibidores de tirosina quinase. - Só indicada em pctes com idade inferior a 55-60 anos. Terapia Paliativo - Drogas mielossupressoras: bussulfan e Hidroxiureia. Promovem remissão hematológica e controla sintomas e esplenomegalia. - Alopurinol utilizado na prevenção para gota e nefropatia por deposição de urato. Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) - Representa cerca de 30% das leucemias. Acomete população idosa (> 60 anos) com predominância de 2:1 em homens. - Praticamente não é vista em pessoas com menos de 30- 40 anos e NÃO acomete crianças. - Classificada no grupo de Neoplasias ou Síndromes Linfoproliferativas. - É uma neoplasia hematológica de curso indolente, cujo clone neoplásico é um linfócito B maduro, mas é BLOQUEADO em uma fase de diferenciação que impede sua transformação em plasmócito (célula produtora de anticorpos). - Esse linfócito possui bastante IgM no citoplasma, mas pouco na membrana. Além disso, há marcadores imuno- histoquímicos dos linfócitos B, sendo o principal o CD5. Esse é o grande marco imunofenotípico da doença, juntamente com a negatividade do FMC7. - A LLC NÃO está associada à radiação ionizante, benzeno e agentes alquilantes. - É possível sugerir a existência de uma variante “familiar” da doença que tende a se manifestar numa idade mais precoce. - A etiologia e a etiopatogenia são desconhecidas, sendo que não existe anomalias cromossomiais típicas da LLC. - Diferente das outras leucemias, a LLC é uma doença “cumulativa” e não “proliferativa”. Sendo assim, a evolução da doença é o acúmulo desses linfócitos clonais na medula óssea que passam para o sangue periférico e atingem baço, fígado e linfonodos. - O pcte vai se tornando debilitado e propenso a infecções bacterianas, pois os linfócitos neoplásicos NÃO desenvolvem competência imunológica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E LABORATORIAIS - Maioria diagnosticado na fase assintomática da doença, com encontro de linfocitose (> 3.000/mm³), porém, é por definição > 5.000/mm3. - Além da linfocitose: adenomegalia cervical. Os linfonodos aumentados inicialmente são inferiores a 2 cm, móveis e de consistência elástica. Depois aumentam de tamanho e confluência. - Sintomas: febre, sudorese noturna, astenia, fadiga, perda ponderal e queda no estado geral. Esses sintomas são mais comuns nas fases mais avançadas da doença e geralmente indicam ocorrência de complicações. - O esfregaço de sangue periférico mostra que esses linfócitos são morfologicamente idênticos aos linfócitos normais. Pode ser encontrado linfócitos destruídos ou amassados. - Pode haver esplenomegalia em 40% dos casos. E hepatomegalia em 10%. - Anemia: normocítica normocrômica hipoproliferativa(reticulócitos baixos). EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 9 - Hipogamaglobulinemia: decore do bloqueio de maturação dos linfócitos B. Isso gera infecções de repetição por bactérias encapsuladas, sinusite, pneumonia. DIAGNÓSTICO - Confirmado por um dos seguintes critérios: (1) Linfocitose persistente > 10.000/mm³ + aspirado de medula óssea com > 30% de linfócitos. (2) Linfocitose persistente > 5.000/mm³ + aspirado de medula óssea com > 30% de linfócitos + imunofenotipagem que revela marcadores de linfócitos B maduro em conjunto com marcador CD5. ESTADIAMENTO - Baseado no exame físico e hemograma. Elementos utilizados: linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, anemia, plaquetopenia. - Mais utilizado: Estadiamento de Rai. - A maioria dos pctes vai à óbito devido associação com infecções bacterianas que se transformam em sepse. - Complicação geralmente fatal - Síndrome de Ritcher - transformação neoplásica da LLC em um linfoma não Hodgkin agressivo, geralmente linfoma B difuso de grandes células. Evolução do pcte com grandes massas linfonodais de crescimento rápido, febre, emagrecimento e acometimento extranodal. TRATAMENTO - Pctes com LLC em estágios iniciais (RAI 0 ou I): apenas acompanhamento, pois os efeitos adversos da quimioterapia não resultam em benefício. - A indicação para tratamento ocorre quando o pcte desenvolve os seguintes sintomas: fadiga progressiva, linfadenopatia sintomática, anemia, trombocitopenia. - Pctes com menos de 70 anos, sem comorbidades, tem como esquema de primeira escolha: Fludarabina + Rituximabe associada ou não a Ciclofosfamida. - Pctes com uso de Fludarabina devem receber quimioprofilaxia contra infecções oportunistas até que haja recuperação da função linfocitária. - Pctes com mais de 70 anos de idade e com comorbidades significativas tem como esquema: Clorambucil + Obinutuzumab. Terapia de Resgate - Etapas: recidiva da LLC após tratamento inicial, refratariedade ao tratamento inicial, presença de fatores de prognóstico altamente adversos. - Usa-se: Ibrutinib (inibidor de tirosina-quinase). Casos de anemia hemolítica e/ou trombocitopenia autoimune - Complicação da LLC e deve ser tratada com corticoterapia em dose imunossupressora. Transplante - Não há estudos que comprovem benefício de sobrevida. Terapias Adjuvantes - Esplenectomia: em casos de citopenias significativas associada a grande esplenomegalia. - Radioterapia local: reduzir massas linfonodais. - Leucoforese - Reposição de imunoglobulina humana endovenosa: indicada em casos de infecção grave por repetição quando há hipogamaglobulinemia. Transplante de Células hematopoiéticas - Células tronco transplantadas podem ser extraídas não só da MO, mas também do sangue periférico e do cordão umbilical de RN. TIPOS DE TRANSPLANTE - Alogênicos: doador é outro ser humano. Considerado o melhor tipo de transplante para se obter a cura. O ideal é que seja um parente de primeiro grau (irmão) com HLA compatível. Mas também pode ser por doador parcialmente compatível (50%). - Singênico: o doador é um irmão gêmeo univitelino. Transplante com menor complicação de rejeição, porém com grande chance de recidiva de leucemias. - Autólogo: doador é o próprio pcte. Extração das células citopreservadas para serem infundidas após quimio ou radioterapia mieloablasiva. COMPLICAÇÕES DO TRANSPLANTE 1. Rejeição do enxerto, Falha de enxertia: a recuperação hematopoiética esperada ocorre após uma média de 3 semanas após o transplante bem-sucedido. Definida então com contagem de neutrófilos acima de 500/mm³ e de plaquetas acima de 20.000/mm³. - A rejeição do enxerto ocorre principalmente por incompatibilidade na HLA ou crossmatch positivo, ou extração insuficiente ou malconservada de células hematopoiéticas. - Infecções por CMV podem contribuir para essa falha. 2. Reações adversas não infecciosas imediatas: náuseas, vômitos, diarreia, enterite, estomatite, alopecia, convulsões. ESTADIAMENTO DE RAI Estágio 0: linfocitose (sobrevida > 10 a) Estágio I: linfadenopatia (sobrevida 8 a) Estágio II: hepatomegalia e/ou esplenomegalia (sobrevida 6 a) Estágio III: anemia não hemolítica, com Hg <11 (sobrevida 2 a) Estágio IV: plaquetopenia < 100.000 (sobrevida 2 a) EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 10 - Complicações menos comuns: cistite hemorrágica, pneumonite intersticial idiopática, hemorragia pulmonar, pericardite, miocardite, doença hepática venoclusiva. 3. Infecções: Junto com a reação enxerto vs. Hospedeiro, são as maiores responsáveis pela mortalidade relacionada ao transplante de células hematopoiética. - Após a terapia mieloablasiva surge neutropenia e plaquetopenia grave, sendo que o pcte durante um período de 3 semanas, encontra-se suscetível a infecções bacterianas e fúngicas que podem gerar sepse e morte. - Infecções bacterianas são as mais comuns. Mas também: CMV, vírus herpes simples tipo 1, fungo Pneumocystis - A imunização (vacinação) está indicada contra alguns micro-organismos após o transplante. Os pctes devem tomar vacina antipneumocócica polivalente, anti-hemófilo tipo B, anti-influenza, anti-hepatite B. - Sendo assim, a profilaxia contra os principais agentes infecciosos oportunistas é parte obrigatória nos protocolos de transplante e células hematopoiéticas 4. Doença enxerto vs. Hospedeiro aguda - Uma das principais causas de mortalidade após o transplante alogênico. Ocorre em 30% dos casos quando o irmão é o doador, em 60% quando o HLA é parcialmente compatível ou não aparentado. - Idade maior que 45 anos, principalmente mais que 55- 60 anos: FATOR DE RISCO CONSIDERÁVEL. - É causada pela reação das células T citotóxicas com células teciduais do receptor. - É considerada aguda pois ocorre em até 3 meses do transplante. Em geral ocorre em 2-4 semanas. - A remoção de células T alorreativas do aspirado de célula tronco reduz, teoricamente, o risco da doença do enxerto, mas aumenta a chance de recidiva da neoplasia- pela perda da reação enxerto vs. Neoplasia. - Pcte se apresenta com: febre, rash cutâneo maculopapular, anorexia, náuseas, vômitos, diarreia, icterícia com elevação de enzimas hepáticas. - Deve ser diferenciada da sepse. - Tratamento: metilprednisolona. 5. Doença enxerto vs. Hospedeiro crônica - Ocorre em 20-50% dos pctes que sobrevivem após 3 meses de transplante. - Mesmos fatores de risco para a aguda (idade avançada, não compatibilidade total do HDL e do doador). - Doença semelhante a uma autoimune, manifestando-se com rash malar, poliartrite, síndrome de Sjögren, colestase intra-hepática. - Tratamento: prednisona + ciclosporina. 6. Outras complicações: Disfunção gonadal (amenorreia, esterilidade), hipotireoidismo, linfomas não Hodgkin. 4011 – 4032 4032 - 4061