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9 Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício OBJETIVO DO CAPÍTULO ♦Possibilitar a compreensão da importância do balanço patrimonial e da Demonstração do Resultado para o conhecimento da situação econômica e financeira da entidade. 9.1Balanço patrimonial (BP) O balanço patrimonial é considerado um dos mais importantes demonstrativos elaborados pelas entidades, por possibilitar o conhecimento da composição do patrimônio, o qual teve sua explicação iniciada no Capítulo 3. Este capítulo pretende aprofundar o estudo dessa demonstração. A importância dessa demonstração deve-se por vários fatores: ♦Permite conhecer a situação patrimonial da entidade, bem como suas variações. ♦Mostra as origens de recursos (passivo e patrimônio líquido) e aplicações de recursos (ativo). ♦Possibilita uma série de análises financeiras, como liquidez, endividamento, capital de giro, entre outras. ♦Sua apresentação é realizada com informações sobre o ano de referência e o ano anterior, mostrando as variações ocorridas na estrutura patrimonial e financeira. O balanço patrimonial evidencia a composição do patrimônio e as variações patrimoniais em conformidade com o Regime de Competência que foi tratado no Capítulo 5. 9.1.1Estrutura A estrutura do balanço patrimonial, conforme a Lei no 11.638/2007, que altera o art. 178 da Lei no 6.404/1976, tem seus elementos patrimoniais organizados em dois grupos no ativo e três grupos no passivo. O ativo é dividido em circulante e não circulante e o passivo em circulante, não circulante e patrimônio líquido. A organização do ativo, além de apresentar os elementos patrimoniais em circulante e não circulante, apesenta também os itens em ordem decrescente de grau de liquidez. O grau de liquidez diz respeito ao prazo para converter um ativo em caixa. Ou seja, a conta caixa é a que possui a maior liquidez. A seguir serão apresentados os três elementos básicos do balanço patrimonial com o detalhamento dos principais itens do ativo, do passivo e do patrimônio líquido. 9.1.2Ativo O ativo, como já apresentado no Capítulo 4, é um recurso do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos, os quais podem fluir para a entidade de algumas maneiras (CPC 00): ♦Trocado por outros ativos. Ex.: compra de mercadorias à vista. ♦Usado para liquidar um passivo. Ex.: pagamento de fornecedores. ♦Usado em conjunto com outros ativos na produção de bens a serem vendidos pela entidade. Ex.: matéria-prima + mão de obra + energia + horas de uso das máquinas = produto pronto para venda. Ou seja, tem que ter a expectativa de contribuição futura, direta ou indireta, ao fluxo de caixa da entidade para ser um ativo. A apresentação das contas no ativo segue uma ordem crescente dos prazos esperados de realização. 9.1.2.1Ativo circulante É representado pelos bens e direitos que serão convertidos em dinheiro ou consumidos no próximo ciclo operacional da entidade (geralmente tem por base um ano). Conforme apresentado no item 66 do CPC 26, para ser classificado como “circulante” o ativo deve satisfazer a um destes itens: a)espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; b)está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; c)espera-se que seja realizado até 12 meses após a data do balanço; ou d)é caixa ou equivalente de caixa. O ativo circulante é o grupo que gera recursos para a entidade saldar seus compromissos (dívidas) no curto prazo. Ele gera informações sobre a perspectiva dos fluxos de caixa futuros da entidade. Esses fluxos de caixa futuros podem estar relacionados aos direitos a receber, bem como à agregação de vários recursos com objetivo de produção e venda de produtos ou serviços. O ativo circulante deve ter seus itens patrimoniais organizados segundo o grau de liquidez, como apresentado a seguir: ♦Disponibilidades: conjunto de valores que representam o dinheiro ou direitos sejam equivalentes: caixa,1 bancos c/ movimento, aplicações financeiras (de alta liquidez, que sejam conversíveis em caixa e com risco insignificante de alteração no valor). ♦Direitos: valores referentes às vendas e/ou serviços prestados e os considerados de difícil recebimento (perda estimada com crédito de liquidação duvidosa (PECLD)), bem como os adiantamentos realizados pela entidade: duplicas a receber, adiantamento a fornecedores etc. Perda estimada com créditos de liquidação duvidosa (PECLD) A PECLD está relacionada ao risco da entidade de não receber valores futuros relativos a vendas a prazo. Ao realizar as operações de venda, a entidade assume o risco de não receber parcela dos valores dos seus clientes. Alguns clientes podem ficar inadimplentes e não honrar os pagamentos. Outros fatores como notícias acerca de processo de falências, recuperação judicial e até mesmo o conhecimento de que o cliente não tem honrado os pagamentos para outras entidades fazem surgir a necessidade de registrar a provisão em contrapartida a uma conta de despesa. Assim, é uma conta redutora de ativo (apresenta saldo credor) por ter a função de demonstrar quanto do total das vendas a prazo poderá não ser recebido. Ao contabilizar a estimativa de não recebimento, a entidade está ajustando os seus valores a receber ao valor provável de realização (recebimento). A contabilização da PECLD reflete um conceito contábil importante: nenhum ativo deve ser avaliado por um valor maior do que aquele que possa ser recuperado. É importante que a entidade identifique os riscos (atraso nos pagamentos, características econômico-financeiras dos clientes) relativos aos recebimentos futuros, para que possa constituir a PECLD (regra básica/geral). ➯ Exemplo da contabilização da PECLD: A) Quando há probabilidade da perda (estimada) ♦A Cia. MCGL espera que não seja recebido 3% do total a receber pelas vendas a prazo que totalizaram R$ 15.000,00 (R$ 15.000 x 3% = R$ 450,00). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788597021530/epub/OEBPS/Text/chapter09.html#rfn1 B) Quando ocorre a efetiva perda do total da estimativa com PECLD contabilizada pela Cia. MCGL, o valor de R$ 200,00 não será recebido. A perda pode ocorrer no valor total estimado ou apenas parte do valor, assim a contabilização acima foi realizada pelo valor que efetivamente não será recebido. C) Quando ocorre a reversão da estimativa da PECLD, pode ser total ou parcial A Cia. MCGL recebeu todo valor relativo às vendas a prazo, assim, deve proceder a reversão da estimativa realizada no valor de R$ 450,00. No caso da reversão, contabiliza-se uma receita e assim é anulado o impacto causado no resultado pela contabilização da despesa com perdas estimadas (letra A). D) Quando ocorre a recuperação após a baixa da duplicata. A Cia. MCGL conseguiu receber o valor de R$ 200,00, referente à duplicata baixada. É importante lembrar que esta literatura tem por fim atender estudantes iniciantes na área contábil, portanto, a PECLD foi apresentada de forma simplificada, ou seja, há outras especificidades em seu reconhecimento e contabilização que não foram aqui tratadas, bem como seus aspectos fiscais. Esses itens devem ser estudados em obras específicas. ♦Estoques: são os itens patrimoniais destinados à revenda ou que se encontram em elaboração, bem como a matéria-prima usada para a sua fabricação. São considerados neste subgrupo os diversos materiais de consumo que pertençam à entidade: mercadorias para revenda, matéria-prima, produtos em elaboração, material de escritório etc. ♦Despesas do exercício seguinte ou Despesas antecipadas: são os itens patrimoniais que possuem características de despesa, mas seu consumo ainda não ocorreu, beneficiando o próximo ciclo operacional. Essas despesas foram explicadas no Capítulo 5, item 5.5. São elas: seguros a vencer, aluguel antecipado, assinatura de periódicos etc. A seguir, um exemplo do grupo ativo circulante organizado em ordem decrescente do grau de liquidez: Importante ressaltar que há outras contas que figuram no ativo circulante, masseu estudo requer uma base conceitual que não é tratada neste livro, pois se destina a alunos dos dois primeiros períodos do curso de Ciências Contábeis ou áreas correlatas. 9.1.2.2Ativo não circulante O grupo ativo não circulante foi criado pela Lei no 11.638/2007, que congrega as contas que representam bens e direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, ou seja, representa a parte do ativo que possui natureza de longo prazo. O ativo não circulante deve ser subdividido em realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível, conforme item 67A do CPC 26. A seguir, será explicado cada um desses subgrupos. ♦Realizável a longo prazo: contempla os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, bem como os valores com prazo de realização incerto, decorrentes de transações não operacionais: duplicatas a receber, empréstimos a controlar, aplicações financeiras etc. ♦Investimentos: aplicações permanentes em outras empresas e em bens destinados a produzir renda: obras de arte, imóveis para locação, participação em outras empresas etc. ♦Imobilizado: bens tangíveis destinados à manutenção das atividades da entidade: imóveis, veículos, equipamentos, móveis e utensílios etc. ♦Intangível: subgrupo criado pela Lei no 11.638/2007, com o intuito de apresentar os bens incorpóreos destinados à manutenção da entidade ou gerado com essa finalidade: marcas e patentes, softwares, direitos de concessão etc. A seguir, um exemplo com os grupos, ativo circulante e ativo não circulante, como explicado: Importante ressaltar que há outras contas que figuram no ativo não circulante, mas seu estudo requer uma base conceitual que não é tratada neste livro, como dito anteriormente. Uma vez apresentado o grupo do ativo de forma completa, é possível visualizar o total dos recursos aplicados pela entidade. Neste momento, surge a necessidade de compreender como os recursos que deram origem a esses bens e direitos são organizados e apresentados no balanço patrimonial. 9.1.3Passivo De acordo com o CPC 00, o passivo é definido como uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos. A liquidação de uma obrigação pode ocorrer de diversas formas: ♦Pagamento. Ex.: pagar fornecedores. ♦Substituição de uma obrigação por outra. – Ex.: refinanciamento de uma dívida. ♦Conversão da obrigação em item do patrimônio líquido. Ex.: uso do pró-labore para aumento de capital. Ou seja, uma característica essencial para a existência de passivo é que a entidade tenha uma obrigação presente. Este grupo tem suas contas organizadas em ordem crescente dos prazos de exigibilidade esperados. 9.1.3.1Passivo circulante O grupo passivo circulante é composto por obrigações que terão vencimento no próximo exercício social. A seguir, são apresentados os critérios definidos pelo CPC 26, no item 69, para a classificação de uma obrigação como passivo circulante: a)espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional da entidade; b)está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado; c)deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço; ou d)a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço. Os termos de um passivo que podem, à opção da contraparte, resultar na sua liquidação por meio da emissão de instrumentos patrimoniais não devem afetar a sua classificação. O item 73 do CPC 26 esclarece sobre a letra “d” do item 69, ao explicar que, caso a entidade tenha expectativa de realização da obrigação no próximo exercício, devido à existência de cláusula no contrato que possibilite o pagamento da obrigação antes do seu efetivo recebimento, a obrigação deverá ser classificada no passivo circulante. Entre as contas que compõem o passivo circulante, encontra-se a conta Duplicatas Descontadas. As duplicatas são emitidas pelo vendedor na emissão da fatura nas operações de venda de mercadorias ou de prestação de serviços. A duplicata representa um compromisso do devedor (cliente) de honrar o pagamento pela aquisição da mercadoria ou do serviço adquirido. Entretanto, o vendedor pode antecipar o recebimento dos recursos financeiros correspondentes a esse título de crédito negociando com um banco o desconto das duplicatas. O banco antecipa os recursos que a entidade só receberia dos clientes em um prazo mais longo, cobrando do emitente uma taxa (desconto) em razão desse adiantamento. A conta Duplicatas Descontadas representa a obtenção de recursos nos Bancos, trata-se, portanto, de um passivo. O desconto de uma duplicata é compreendido como uma operação financeira, e essa transação é representada pela troca da duplicata por um valor a ser disponibilizado para a entidade, em sua conta corrente, pelo qual são cobrados juros (o desconto). Nesse tipo de negociação, a posse da duplicata passa para o banco, porém, a responsabilidade pelo efetivo recebimento da duplicata (pagamento do título pelo cliente) é da entidade. Se o cliente não realizar o pagamento do título ao banco, a entidade terá que pagar. ➯ Exemplo: a Cia. MCGL descontou uma duplicata no valor de R$ 100,00, no banco, em 01/11/X1, sendo cobrada uma taxa de 10% de juros. A seguir é demonstrado, por meio de um balanço patrimonial, o grupo passivo circulante organizado em ordem crescente do grau de exigibilidade. Uma das mais importantes funções das demonstrações contábeis é fornecer informações úteis para os usuários, de forma a possibilitar a tomada de decisões. A partir dos relatórios elaborados pela Contabilidade, os interessados (investidores, credores, sócios, empregados etc.) podem se utilizar de técnicas de análise econômico-financeira. Essas técnicas utilizam-se de indicadores ou índices que auxiliam na interpretação dos dados da entidade. É possível, com as informações apresentadas no balanço patrimonial anterior, mesmo incompleto, conhecer o endividamento da Cia. MCGL no curto prazo, bem como calcular o capital de giro líquido (ativo circulante – passivo circulante) e outros índices como liquidez corrente, seca etc. É importante ressaltar que a classificação correta dos itens patrimoniais favorece as análises financeiras e econômicas que possibilitarão as melhores decisões para a entidade. A seguir, como exemplo, será demonstrado o cálculo do capital de giro líquido (CGL) da Cia. MCGL em X1. Capital de giro líquido = ativo circulante – passivo circulante Capital de giro líquido = 68.200,00 – 38.300,00 Capital de giro líquido = 29.900,00 O que significa o valor encontrado para o CGL? Significa que a Cia. MCGL tem capacidade de pagar suas dívidas de curto prazo, ou seja, a entidade tem os recursos necessários para financiar o próximo ciclo operacional, com sobra de recursos. A seguir, vamos exemplificar o índice de liquidez corrente da Cia. MCGL. Índice de liquidez corrente = ativo circulante/passivo circulante Índice de liquidez corrente = 68.200,00/38.300,00 Índice de liquidez corrente = 1,78 O resultado apurado demonstra que a Cia. MCGL possui R$ 1,78 para saldar cada R$ 1,00 de seus compromissos com terceiros no curto prazo. ➯ Importante: os exemplos apresentados, cálculo do CGL e índice de liquidez corrente, foram realizados com o intuito de demonstrar a importância das informações apresentadas no balanço patrimonial e, assim, despertar no estudante principiante a compreensão da relevância da classificação correta dos itens patrimoniais em conformidade com o ciclo operacional (curto e longo prazos). As análises apresentadas, de forma simples, podem ter seu estudo mais detalhado e melhor compreendido consultando a literatura sobre análise econômico-financeira. 9.1.3.2Passivo não circulante O grupo passivo não circulante é composto pelas obrigações exigíveis a serem liquidadas após o término do exercício social seguinte. A seguir é apresentado um exemplo do passivo não circulante, sendo a organização das contas emordem crescente do grau de exigibilidade. Além dos empréstimos e financiamentos de longo prazo, há outros elementos que figuram no passivo não circulante como as provisões relativas aos benefícios a empregados pós-emprego (planos de previdência) ou passivo fiscal diferido. Tais elementos possuem regramentos específicos e requerem explicações adicionais que fogem ao escopo desta obra voltada para alunos do primeiro ano do curso de Ciências Contábeis. Após ser apresentado o grupo do passivo completo, é possível visualizar o total das origens de recursos, obtidas com terceiros que financiaram as operações da entidade – Cia. MCGL. 9.1.4Patrimônio líquido O patrimônio líquido retrata os recursos disponibilizados pelos sócios/acionistas na entidade. Este grupo, também denominado capital próprio, é composto pelos seguintes subgrupos, conforme a Lei no 6.404/1976 e Lei no 11.638/2007: ♦Capital social: composto pela parcela do capital subscrito deduzida da parcela do capital que falta ser integralizado, denominada capital a realizar ou capital a integralizar. ♦Reservas de capital: são constituídas por recursos obtidos pela empresa que não possuem vínculo com a formação de lucro do exercício. Exemplo: ágio na emissão de ações. ♦Ajustes de avaliação patrimonial: contempla o resultado do valor da avaliação dos bens em relação ao seu valor justo. ♦Valor justo: é a quantia pela qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, por duas partes dispostas a isso e independentes entre si. ♦Reservas de lucros: este subgrupo é constituído pela apropriação de lucros da empresa. Os lucros apurados nos períodos são destinados para esta conta. Este subgrupo congrega as seguintes contas: Reserva Legal, Reserva Estatutária, Reserva para Contingências, Reserva de Incentivos Fiscais, Reserva de Retenção de Lucros e Reserva de Lucros a Realizar. ♦Ações em tesouraria: conta redutora do patrimônio líquido, pois representa as ações de emissão da própria companhia que se encontra em seu poder. ♦Lucros ou prejuízos acumulados: registra os resultados apurados da entidade. É uma conta híbrida, ou seja, apresentará saldo credor quando apurado lucro e saldo devedor (redutora de PL) se for apurado prejuízo. É obrigatória a destinação total dos lucros apurados nas sociedades anônimas e empresas de grande porte.* Ou seja, esta conta permanece no plano de contas dessas empresas, tendo apenas que ter seu saldo zerado ao final do período, de acordo com a Lei no 11.638/2007. As empresas de pequeno e médio porte continuam a ter no patrimônio líquido a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados. ♦Prejuízos acumulados: conta redutora do patrimônio líquido por representar o prejuízo apurado no período nas sociedades anônimas e empresas de grande porte - Lei no 11.638/2007. Assim, nas sociedades anônimas e empresas de grande porte, os prejuízos apurados serão apresentados nesta conta no Balanço Patrimonial. Assim, completamos o balanço patrimonial, o qual é apresentado a seguir com todos os seus grupos. Para a elaboração do balanço patrimonial, é necessário primeiro que a entidade apure o resultado do período, assim, a seguir será apresentada a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). O balanço patrimonial é elaborado com a devida agregação dos saldos das contas patrimoniais de cada grupo a partir do balancete após a Apuração do Resultado (ARE) (conforme apresentado no Capítulo 5, item 5.6). https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788597021530/epub/OEBPS/Text/chapter09.html#rfn2 9.2Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) A Demonstração do Resultado do Exercício pode ser compreendida como um resumo ordenado dos recursos gerados e consumidos em determinado período, exercício social (geralmente um ano), organizados de forma vertical e dedutiva com o objetivo de apresentar o resultado apurado – lucro ou prejuízo. O CPC 00 (R1) “define que as despesas devem ser reconhecidas na Demonstração do Resultado com base na associação direta entre elas e os correspondentes itens de receita”. A norma refere-se ao Regime de Competência, segundo o qual, deve ser deduzido das receitas de cada período as despesas que a ela se referem, explicando melhor, o reconhecimento dos recursos gerados e consumidos deve se referir ao mesmo exercício social. Assim, devem ser excluídas da Apuração do Resultado, de cada período, as receitas e despesas que não são relativas ao período ao qual se refere a Apuração do Resultado. Assim, o objetivo da DRE é fornecer o resultado líquido do exercício e a composição dos elementos envolvidos no resultado encontrado, lucro ou prejuízo, como apresentado a seguir. 9.2.1Estrutura A estrutura para apresentação da Demonstração do Resultado é apresentada a seguir, conforme CPC 26 (R1), e, na sequência, a explicação e cada linha que a compõe. O primeiro item da Demonstração do Resultado do Exercício é a receita bruta, que representa o somatório dos valores das notas fiscais emitidas no exercício social, e dela serão subtraídas as deduções, que são impostos, devoluções e abatimentos ocorridos no período. As deduções foram tratadas no Apêndice do Capítulo 5. Após as deduções, é obtida a receita líquida, sendo desta subtraído os custos das mercadorias vendidas ou dos serviços prestados, obtendo-se, assim, o resultado bruto do período. Ressalta-se que no item 5.2.2, do Capítulo 5, foi explicado sobre a conta de custo das mercadorias vendidas ou serviços prestados. A DRE, em seguida, apresenta o grupo denominado despesas operacionais, o qual é composto pelos subgrupos: ♦Despesas de vendas: representam os gastos de promoção, colocação e distribuição dos produtos da empresa. Exemplo: comissão sobre vendas, despesa com propaganda e publicidades etc. ♦Despesas administrativas: são compreendidas como os gastos ocorridos com a gestão da entidade, como gastos com ocupação, utilidades e serviços, honorários, salários e encargos, gerais. Exemplo: despesa com aluguel, com energia, salários e encargos do pessoal administrativo, honorários da administração etc. ♦Outras receitas e despesas: são classificadas neste subgrupo as receitas e despesas das atividades não continuadas. Exemplo: receitas de aluguéis de imóveis, ganho na venda de ativo imobilizado, perda na venda de investimentos, perda na venda de ativo imobilizado, perda de bens em incêndio ou inundações etc. Assim, subtraindo o resultado bruto das despesas operacionais é obtido o resultado operacional antes do resultado financeiro. Na sequência são apresentadas as receitas e despesas financeiras. ♦Receitas financeiras: apresentam os ganhos auferidos pela entidade em função de terceiros usarem seus recursos. Exemplo: rendimentos recebidos de aplicações financeiras, juros recebidos de clientes por atraso no pagamento, rendimentos de títulos públicos etc. ♦Despesas financeiras: representam os gastos incorridos em função da entidade utilizar recursos de terceiros. Exemplo: juros de empréstimos e financiamentos, impostos sobre empréstimos bancários, comissões e despesas bancárias etc. Após a soma do resultado operacional, antes do resultado financeiro com as receitas, e subtraído das despesas financeiras, é apurado o resultado antes da Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL) e Imposto de Renda (IRPJ). Após a dedução da CSLL e do IRPJ, ambos tratados no Apêndice do Capítulo 5, é obtido o resultado do período. A seguir, um modelo completo da Demonstração do Resultado do Exercício: Tanto o balanço patrimonial como a Demonstração do Resultado do Exercício necessitam de explicações que ajudem a elucidar algumas alterações ocorridas na composição dos itens patrimoniais, como critérios utilizados na classificação, consumo e controle. Essas explicações serão apresentadas no próximo capítulo, são as notas explicativas. Assim, a Demonstração de Resultado do Exercício é elaborada com os saldos das contas de resultado constantes do balancete antes da ARE (conforme apresentado no item 5.6 do Capítulo 5). 9.3Formalidades As demonstrações contábeis devem ser apresentadas conformeas orientações constantes do CPC 26 (R1). Seguem alguns requisitos de apresentação de acordo com a norma: ♦Título da demonstração. ♦O nome da entidade. ♦A data de encerramento do período. ♦A moeda de apresentação. ♦Informar o nível de arredondamento usado na apresentação dos valores (milhares ou milhões). O balanço patrimonial deve também apresentar uma coluna com os valores do período referência (atual) e outra com o período anterior. Assim, é possível realizar algumas análises apenas comparando as alterações ocorridas entre os períodos, em cada grupo, subgrupo e/ou contas. EXERCÍCIOS 1.Relacione: 1 – Subgrupo Direitos 2 – Ativo circulante 3 – Passivo 4 – Subgrupo Realizável a Longo Prazo 5 – Patrimônio líquido ( )Entendido como valor residual, segundo a norma vigente. ( )Capital de giro ( )Empréstimo à controlada, para recebimento em 6 meses. ( )Título a receber com vencimento em 15 meses, adquirido em 03.05.14. ( )Ordenado em ordem crescente dos prazos de exigibilidade. 2.A agência de viagens Invictus Ltda. adquiriu, ao longo do ano de 20x8, três imóveis: uma sala para alocar seu novo departamento de vendas, um terreno de 150 m², com expectativa de venda futura, e um edifício de 3 andares para alugar. A sala, o terreno e o edifício são, respectivamente: a)Investimento, imobilizado, investimento. b)Imobilizado, investimento, imobilizado. c)Imobilizado, investimento, realizável a longo prazo. d)Imobilizado, investimento, investimento. e)Investimento, investimento, investimento. 3.Você foi convocado para fazer uma breve análise econômico-financeira da Royal Port S.A. por meio das informações que seguem: No último trimestre de 20X7, aconteceram estes fatos: ♦15/10 – Aquisição de veículo no valor de R$ 72.000,00, por meio de financiamento em 36 parcelas mensais, com vencimento da primeira parcela em 15/01/20X8. ♦25/11 –Aplicação financeira em renda fixa de R$ 10.000,00 com vencimento e resgate em 25/12/X8. ♦10/12 – Foi realizado, nesta data, um aporte de capital na entidade, pelo sócio Antônio Luís, no valor de R$ 60.000,00, sendo 40% em depósito na conta corrente e o restante por meio de máquinas e equipamentos, conforme alteração do estatuto social. Sua análise será feita a partir de três variáveis: liquidez corrente, capital de giro líquido e composição do endividamento. Você sabe que: Liquidez corrente: representa o quanto a empresa tem de ativo circulante para cada 1 real de dívidas de curto prazo. Se esta for maior que 1, significa que ela consegue pagar todas suas obrigações de curto prazo e ainda sobra. Em geral, quanto maior, melhor. Fórmula: ativo circulante/passivo circulante. Capital de giro líquido: representa o valor monetário de quanto sobrará se a empresa pagar todas suas dívidas de curto prazo. Em geral, quanto maior, melhor. Fórmula: capital de giro (ativo circulante – passivo circulante). Composição do endividamento: representa a porcentagem de dívidas de curto prazo em relação ao total de obrigações exigíveis. Quanto mais longo o prazo das dívidas, maior a folga financeira de curto prazo. Em geral, quanto maior, pior. Fórmula: passivo circulante/passivo exigível. Dado este cenário, em 31/12/X7, as variáveis liquidez corrente, capital de giro líquido e composição do endividamento da empresa em relação a 30/09/X7, respectivamente: a)melhorou, melhorou, melhorou. b)melhorou, piorou, piorou. c)melhorou, sem alteração, piorou. d)sem alteração, melhorou, piorou. e)piorou, sem alteração, melhorou. 4.A direção da Cia. Renovação recebeu o balancete e resolveu contratá-lo para assumir a contabilidade a partir de 01/12/X4. Operações do mês de dezembro/14: a)Cenário sem incidência de impostos, abatimentos, duplicatas descontadas, PECLD e depreciação. ♦02/12 – Compra de um terreno, o qual tem a finalidade de ser vendido no futuro, por R$ 24.000,00, com pagamento em 24 parcelas e vencimento da primeira parcela em 10/01/X5. ♦05/12 – Pagamento do salário e energia do mês de nov./X4. ♦10/12 – Contratação de consultoria tributária, conforme NF nº 0137, no valor de R$ 42.000,00, sendo 50% pago no ato e o restante em 30 dias. As horas gastas neste serviço, pelos contadores, terá um custo de R$ 14.700,00. ♦22/12 – Recebimento da conta de energia no valor de R$ 560,00, com vencimento em 03/01/15. ♦27/12 – Contabilização de todos os bens e serviços consumidos no mês (salário e seguros). ♦29/12 – O consumo do material de escritório, no período, foi de R$ 890,00. b)Cenário com incidência de impostos, abatimentos, duplicatas descontadas, PECLD e depreciação. ♦02/12 – Compra de um terreno, o qual tem a finalidade de ser vendido no futuro, por R$ 24.000,00, com pagamento em 24 parcelas e vencimento da primeira parcela em 10/01/X5. ♦05/12 – Pagamentos do salário e energia do mês de nov./14. ♦07/12 – Após avaliação da sua carteira de clientes, a empresa estimou que um total de R$ 2.000,00 não será recebido devido à inadimplência. ♦10/12 – Contratação de consultoria tributária, conforme NF nº 0137, no valor de R$ 42.000,00, sendo 50% pago no ato e o restante em 30 dias. As horas gastas neste serviço, pelos contadores, terá um custo de R$ 14.700,00. ♦17/12 – Em relação à consultoria feita no dia 10/12, a empresa contratante se demonstrou insatisfeita com um dos relatórios do serviço realizado. Neste sentido, a Cia. Renovação concordou em conceder um abatimento de 30% do valor do serviço prestado. ♦22/12 – Recebimento da conta de energia no valor de R$ 560,00, com vencimento em 03/01/X5. ♦27/12 – Contabilização de todos os bens e serviços consumidos no mês (salário, depreciação e seguro). ♦29/12 – O consumo do material de escritório, no período, foi de R$ 890,00. ♦30/12 – Tendo em vista projetos vindouros, a entidade avaliou necessário aumentar a liquidez de seu ativo circulante. Para tanto, acordou um desconto de duplicatas no valor de R$ 8.000,00 no Banco Sanguessuga, que cobrou, por sua vez, uma taxa de 22% para realização da transação. ♦30/12 – O Departamento Jurídico confirmou, após o esgotamento das possibilidades de recebimento, que um dos clientes incluído na estimativa de devedores duvidosos não pagará sua obrigação perante a empresa. O montante relativo a esse cliente é de 50% do cálculo feito pela empresa. Notas: ♦Contrato de seguro assinado com Seguro Sinistro S/A, em 01/10/X4, no valor de R$ 13.200,00, por um ano. ♦A conta Duplicatas a Receber será recebida em 20/01/20X6. ♦A empresa tem uma funcionária que cuida da parte administrativa, seu salário mensal é de R$ 1.200,00. ♦Para efeitos de cálculo da depreciação, considere que os ativos imobilizados foram comprados em 30/11/X4 e colocados em uso no dia seguinte. Móveis e utensílios não possuem valor residual e sua vida útil é de 8 anos. O veículo comprado tem valor residual de R$ 9.800,00 e vida útil de 6 anos. A empresa deprecia seus ativos linearmente. ♦Alíquota do ISS: 5%. Alíquotas do PIS/PASEP e COFINS estão de acordo com o regime de tributação escolhido. ♦A empresa é optante do Lucro Real. Pede-se: 1)Fazer o lançamento de diário e razonete. 2)Elaborar o balancete de verificação do Livro-razão em seis colunas. 3)Contabilizar os valores a recolher dos impostos sobre o lucro (para o item b). 4)Apurar o resultado do período (lançamento e razonete). 5)Elaborar a DRE e o balanço patrimonial. ________ 1 Também usado o termo caixa e equivalentes de caixa nos balanços patrimoniais, que tem por definição: equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor (CPC 03 (R2) - Demonstração dos Fluxos de Caixa). * São empresas que apresentam faturamento superior a 300 milhões de reais no exercício anterior ao encerrado, como também as empresas com ativos igual ou superior a 240 milhões de reais. https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788597021530/epub/OEBPS/Text/chapter09.html#fn1 https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788597021530/epub/OEBPS/Text/chapter09.html#fn2
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