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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 287 f r Vg = –(1/ρ) ∇Z p ^ r k (VII.9.2) Face ao produto vetorial verifica-se que, em uma carta de nível (z constante), o vento ge- ostrófico é necessariamente perpendicular à direção da componente horizontal do gradiente de pressão (∇Z p), ou seja: flui paralelo às isóbaras! No Hemisfério Sul o parâmetro de Coriolis (f = 2Ω senφ) é negativo e as pressões mais altas ficam à esquerda da direção do vento; no Hemisfé- rio Norte (f > 0) ficam à direita (Fig. VII.13). Pode-se concluir, portanto, que (em cartas meteoroló- gicas referentes a níveis afastados da superfície terrestre) as isóbaras retilíneas coincidem com as linhas de corrente do escoamento geostrófico. Por outro lado a equação VII.9.1 (fazendo R infinito, o que eqüivale a tornar as isóbaras retilíneas) fica: – 1/ρ ( ∂ p/∂ n ) = f Vg (VII.9.3) mostrando que, efetivamente, o vento geostrófico corresponde a uma situação de equilíbrio entre a força de Coriolis e a do gradiente de pressão. A aproximação geostrófica não tem aplicação prática na Região Tropical, pois f = 2 Ω sen(φ) tende a zero com a latitude. É válida, porém, nas regiões não tropicais, para se estimar a velocidade do vento na atmosfera livre, quando se conhecem a diferença de pressão (∆p) e a distância (∆n) entre isóbaras retilíneas consecutivas traçadas sobre uma carta. Nessa situação o módulo da velocidade do vento será: Vg = (⏐1/ρf⏐)(⏐∆p/∆n⏐)z (VII.9.4) onde o índice (z) serve apenas para lembrar que o gradiente unidirecional de pressão está sendo tomado sobre uma carta de altitude constante. Segundo Holton (1979), a aproximação geostrófica, nas zonas de médias latitudes, permite estimar o vento na atmosfera livre com um erro de 10 a 15% apenas. Normalmente é empregada em áreas oceânicas (onde o efeito do atrito com a superfície terrestre é pequeno) usando a confi- guração do campo de pressão ao nível médio do mar (carta meteorológica de superfície). As análises sinóticas convencionais relativas à atmosfera livre são elaboradas plotando-se os dados meteorológicos sobre cartas isobáricas (p constante) e não sobre cartas de nível (z constante). Sobre as cartas isobáricas são traçadas as isoípsas isto é, linhas onde a superfície isobárica possui o mesmo geopotencial (Φ). Como já se disse (Capítulo III), as isoípsas (em me- tros geopotenciais) representam curvas de nível (em metros) da superfície isobárica considerada. Em outras palavras: o movimento do ar na atmosfera livre é analisado a partir da topografia de superfícies isobáricas selecionadas (850 mb, 500 mb etc.). Por esse motivo, é preciso efetuar uma transformação que permita usar o modelo geostrófico quando se dispõe do campo do geopotenci- al (Φ) relativo a uma superfície isobárica (p constante) e não do campo bárico (p) em superfícies de nível (z constante), como até agora. Para obter tal transformação basta lembrar que – (1/ρ) ∇Z p = – (1/ρ)(∂ p/∂ x) r i – (1/ρ)∂ p/∂ y) rj
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