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FISD40-P01 Experimento 7 Experimento 7: Constante de Tempo em Circuitos RC J. C. Enrique, Discente Eng. Elétrica, DEEC, A. Marilia, Discente BI de CT, IHAC Universidade Federal da Bahia (UFBA) FISD40-P01-Fı́sica Experimental III Professor: Luan Orion de Oliveira Salvador, Bahia, 2021 1. Objetivos O experimento consiste em verificar a constante de tempo de carga e descarga de um capacitor. Nesse sentido, vamos analisar como se comporta seu descarregamento, bem como seu carregamento, através desses pontos obtidos iremos plotar no gráfico e verifi- car como se comporta esses pontos no gráfico e poder constatar algumas observações. Além disso, através dos dados vamos calcular a resistência interna do voltı́metro. 2. Introdução Um circuito RC é produzido a partir de um capacitor e um resistor, ligados em série. A função do capacitor é armazenar energia por um perı́odo determinado pelo circuito e o resistor é pode interferir o quanto o capacitor carrega ou descarrega energia. Figura 1: Circuito RC com chave SPDT de 3 terminais A definição de capacitância ou capacidade (C) é a quantidade de energia que o Vol. , No. 28, Abril 2021 Page 1 FISD40-P01 Experimento 7 capacitor pode armazenar, isso dependendo da geometria das placas, sua unidade de medida definida por Farad (F). Logo sua equação é definida por: C = Q V (1) Sendo Q a quantidade cargas e V a diferença de potencial nos terminais. Numa estrutura de duas placas paralelas a capacitância é calculada através C = ǫ A d (2) Sendo A a área das placas, d a distância entre elas e ǫ a uma caracterı́stica do meio entre as armaduras, quando este meio é o vácuo ǫ = ǫ0. 2.1. Circuito RC Série - Constante de Tempo Capacitiva O circuito da figura (1) contém uma fonte de tensão 10V, um resistor R de 50 ohms, e um capacitor 5 Microfarad, em série. Inicialmente, o capacitor está descarregado. Ligamos o circuito no instante t=0, chave na posição 1. Vamos ver agora que a carga Q do capacitor não se estabelece de maneira instantânea. Sabendo que a corrente é a derivada da carga em relação ao tempo: I = dQ dt (3) E pela Lei de Ohm temos: V R = RI (4) 2.2. Carga do Capacitor Aplicando a lei das malhas de Kirchhoff ao circuito da figura 1, (chave na posição 1), temos: V0 = V R+ Vc (5) Entretanto V0 = 10V . Logo, 10 = V R+ Vc. Das equações 1 e 4, podemos escrever: V0 = RI + Q C (6) Então 10 = RI + Q C . Da equação 3, substituindo em 6 temos: V0 = R dQ dt + Q C (7) Então 10 = RdQ dt + Q C . A solução para esta equação diferencial é do tipo: Vol. , No. 28, Abril 2021 Page 2 FISD40-P01 Experimento 7 Q = C ∗ Vo(1− ǫ −t RC ) (8) Considerando t = RC Q = C ∗ Vo(1− 1 ǫ ) (9) Substituindo os valores de V0 = 10V e C = 5µF . Q = 5 ∗ 10(1− 1 ǫ ) = 50 ∗ 0, 63% = 31, 61 A grandeza RC, que tem dimensão de tempo, é chamada de constante de tempo capacitiva. Ela representa o tempo necessário para que a carga ou a tensão atinja, no capacitor, um valor de aproximadamente 63% do seu valor máximo. No experimento o valor encontrado Q = 31, 61FV . O comportamento da tensão Vc, tensão no capacitor, é obtido a partir do comporta- mento de Q, equação 1. Vc = QC = Vo(1− ǫ −t RC ) (10) 2.3. Descarga do Capacitor Suponha agora que, na figura (1), a chave tenha permanecido na posição 1 por um longo perı́odo de tempo, de modo que o capacitor esteja completamente carregado. Levando a chave para a posição 3 ele começa a ser descarregado pelo resistor R. Aplicando novamente a equação das malhas de Kirchhoff para esse circuito, chave em 3, temos: V R+ V C = 0 (11) Da equação 1 e 4: RI + Q C = 0 (12) Substituindo equação 3 na 12: R dQ dt + Q C = 0 (13) Organizando os termos e aplicando a integral em ambos os lados da EDO separável, temos: ∫ dQ Q = − 1 RC ∫ dt Logo a solução da equação diferencial: Q = Q0 ∗ ǫ −t RC (14) Q0 é a carga inicial ou carga máxima no capacitor. Derivando a equação 14, com respeito a t temos a corrente: Vol. , No. 28, Abril 2021 Page 3 FISD40-P01 Experimento 7 I = dQ dt = − Q0 RC ∗ ǫ −t RC (15) O sinal negativo na equação 15 define que a corrente é em sentido contrário ao que convencionamos inicialmente. RI = − Q0 C ∗ ǫ −t RC (16) Fazendo as substituições das equações 1, 4 e 11 em 16 temos: Vc = V0 ∗ ǫ −t RC (17) A equação acima fornece o valor da tensão V da descarga do capacitor em função do tempo. 3. Procedimentos Experimentais O experimento se deu 4 pré-determinadas etapas evidenciadas nos subtópicos abaixo: 3.1. Chave em 1 - Carga do Capacitor De inı́cio carregou-se o capacitor, fechando o circuito com a chave na posição 1, isto é no caminho do resistor e do capacitor, com visto na figura (1). Por conseguinte foi cronometrado e anotado valores de tensão no capacitor até atingir o valor de 63% da tensão da fonte independente do circuito de 10V, isto é, medições até, aproximadamente, 6.3V registrados nos terminais capacitor. 3.2. Chave em 3 - Descarga no capacitor Na segunta etapa, com a chave na posição 3, como mostra a figura (2), foi cronometrado e anotado os valores de tensão no capacitor em descarga, até atingir o valor de 37% da tensão da fonte indepente, ou seja, até 3.7V, aproximadamente. Figura 2: Circuito RC com chave na posição 3 Vol. , No. 28, Abril 2021 Page 4 FISD40-P01 Experimento 7 3.3. Chave em 2 - Descarga sobre o resistor Nesta terceira etapa, ao colocar a chave na posição 2, intermediária ou do meio, o resistor iria descarregar a sua tensão sobre os resistores, tanto o interno do voltı́metro, quanto o em série do capacitor, dissipando-a pelo Efeito Joulle. Entretanto, devido ao software de simulação tratar de simulação ideal, ao simular com a chave nessa posição o capacitor permaneceu carregado, sem declı́nio, caracterizando como um circuito aberto livre de dissipações. Mas é válido ressaltar que experimentalmente, em nı́vel real, ou em um software mais robusto, ocorreria o descrito acima, do capacitor descarregar-se sobre a resistência. 3.4. Repetição dos procedimentos de carga e descarga Na quarta e última etapa repetiram-se as etapas anteriores para provar a consistência dos dados coletados. 4. Resultados e Discussões 4.1. Chave em 1 - Carga do Capacitor Com a chave em 1 foram anotados, com o auxı́lio de um cronômetro digital, 8 valores de tensão e tempo, como evidenciado na tabela abaixo. O tempo necessário para a carga chegar em 63% da tensão da fonte foi de 25,65 segundos. Chave em 1 - Carregamento até 63%V DDP no Capacitor (V) 0 0,356 0,54 0,907 1,825 3,293 5,21 6,358 Tempo (s) 0 2,8 6,654 10,204 16,384 20,48 23,211 25,65 Construiu-se e analisou-se, por conseguinte, o gráfico resultante dos pontos encon- trados (figura (3)), este cuja expressão exponencial: y = 0.01 ∗ 1.286x Figura 3: Gráfico V x t - Carregamento do capacitor até 63% de V É válido ressaltar, de acordo com a teoria e evidenciado no experimento, que quando t → 0 o valor da tensão no capacitor tende a 0V, e, quando t → ∞, o valor da tensão no capacitor tende a ∞, porém, devido à limitação da fonte em 10V, ele tenderá a 10V, valor da fonte. Vol. , No. 28, Abril 2021 Page 5 FISD40-P01 Experimento 7 4.2. Chave em 3 - Descarga do capacitor Com a chave em 3 foram anotados, com o auxı́lio de um cronômetro digital, 8 valores de tensão e tempo, como evidenciado na tabela abaixo. O tempo necessário para a descarga chegar em 37% da tensão da fonte foi de 24,48 segundos. Chave em 3 - Descarregamento até 37%V DDP no Capacitor (V) 10 7,414 7,121 6,339 4,284 4,081 3,98 3,791 Tempo (s) 0 4,911 10.769 14,382 18,385 20,435 22,03 24,48 Construiu-se e analisou-se, por conseguinte, o gráfico resultante dos pontos encon- trados (figura (6)), este cuja expressão exponencial: y = 10 ∗ 0.9611x Figura 4: Gráfico V x t - Descarregamento do capacitor até 37% de V É válido,de acordo com a teoria e evidenciado no experimento, que quando t → ∞ o valor da tensão no capacitor tende a 0V, e, quando t → 0, o valor da tensão no capacitor tende a 10V, valor inicial 4.3. Chave em 2 - Descarga sobre o resistor Sem medições, explicação descrita no tópico Procedimentos Experimentais 4.4. Repetição dos procedimentos de carga e descarga Ao refazer as medições foi então observada, vide tabela abaixo, que os valores, em tempo, mensurados nas medições de carga, e, posteriormente, em descarga, foram muito próximos, validando então o experimento. Medida 1 Medida 2 Medida 3 t1 (Tempo para tensão se elevar até 63% de V) 25,65s 24,892s 26,10s t3 (Tempo para tensão decair até 37% de V) 24,48s 22,98s 24,523s Por outro lado, a pequena variação deve-se, primordialmente, ao erro do operador no pausar do cronômetro, computando alguns centésimos de segundos. A partir da refação da medição é possı́vel visualizar também que o tempo de carga e descarga dos capacitores são iguais, desde que seja feito nas mesmas condições e Vol. , No. 28, Abril 2021 Page 6 FISD40-P01 Experimento 7 com a mesma resistência, que foi o que verificou-se na tabela acima, onde todos os valores de tempo são muito próximos. Observando a figura (??) abaixo conseguimos também notar visualmente que o tempo de carregamento é próximo do tempo de descarregamento. Figura 5: Gráfico V x t - Comparação Carga e Descarga Abaixo, com o eixo Y sendo logaritmo, o gráfico linearizado do carregamento do capacitor, bem como sua linha de tendência, de onde será calculado C. Figura 6: Gráfico V x t - Monolog Carregamento e Descarregamento Esse gráfico tem duas reta de tendência, uma para carregamento, em azul, e outra para descarregamento, em laranja, cujas equações da reta são do tipo V = at+ b. Sa- bemos que, para descarregamento é válida a equação (17). Desse modo, calcularemos o coeficiente angular da seguinte forma: a = log(Vf )− log(Vi) tf − ti , Escolhendo dois pontos da linha de tendência de descarregamento e substituindo: Vol. , No. 28, Abril 2021 Page 7 FISD40-P01 Experimento 7 a = log(3, 98)− log(6, 339) 22, 03− 14, 382 a = −0.0264 Dessa forma, aplicando o log na equação (17), tem-se que: a = −log(ǫ) RC (18) Desse modo, isolando C: C = −log(ǫ) Ra (19) Substituindo: C = −log(ǫ) 50 ∗ −0.0264 C = 0.329F Já é possı́vel verificar um discrepância gigantesca em relação ao valor experimental da capacitância, sendo de 5µF, enquanto calculado de 0.329F. Isto se dá devido, na simulação, podermos controlar o tempo de descarregamento. Por outro lado não se faz possı́vel encontrar a resistência interna do voltı́metro, devido às medidas, no software, terem sido feitas com a ponta de prova (mouse) em relação ao terra, como um voltı́metro ”ideal”, sem resistência interna. 5. Conclusão Através do experimento, foi possı́vel entender, na prática, o que são e a importância dos circuitos RC, bem como do que é de fato um capacitor. Esses conhecimentos adquiridos serão importantes para os próximos experimentos. Devido a simulação ter sido feita em ambiente virtual ocorreu que não foi possı́vel fazer a parte onde a chave estaria na posição 2, porque o software tratava como se não houvesse dissipação no resistor. Por outro lado, o experimento possibilitou, na prática, a analisar o circuito RC, bem como a importância e caracterı́sticas da carga e descarga do capacitor e como o mesmo interage com a resistência. servindo de alicerce para toda a teoria estudada na parte teórica do curso. Referências [1] Halliday and Resnick, “Fundamentos de Fı́sica: Eletromagnetismo”, vol. 3, oitava edição, GEN. [2] H Moysés Nussenzveig, “Curso de Fı́sica Básica: Eletromagnetismo”, vol. 3, primeira edição. Vol. , No. 28, Abril 2021 Page 8
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