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Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 1 Fármacos Anti-inflamatórios BREVE REVISÃO SOBRE INFLAMAÇÃO A inflamação e o sistema imune estão muito relacionados. A inflamação consiste em uma complexa rede de resposta a lesão tecidual e a infecção, isso pode ser demonstrado com cinco sinais clínicos: rubor, calor, edema, perda de função e dor. Visão geral do sistema imune: O organismo tem o objetivo de compreender o que é “seu” e o que não é. Quando um determinado agente agressor penetra nessas barreiras, o sistema imune desencadeia uma resposta. As respostas podem ser classificadas como inatas e adaptativas. As repostas inatas são muito estereotipadas a determinado estimulo, exemplificando isso, a liberação de histamina e a fagocitose de bactérias. Já na adaptativa, são reações especificas para o antígeno agressor. Farmacologia dos Eicosanoides Os Eicosanoides representam uma família distinta dos autacoides (substâncias sintetizadas a estímulos específicos) e essa deriva principalmente do ácido araquidônico. Esses fármacos desempenham funções distintas nos processos de inflamação e sinalização celular. A maioria dessas vias dependes de reações ligadas ao ácido araquidônico. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 2 Via da ciclo-oxigenase: A via da ciclo-oxigenase leva a formação de prostaglandinas, prostaciclina e tromboxanos; as vias da lipo-oxigenase produzem leucotrienos e lipoxinas. São conhecidas como COX-1 e COX-2. Prostaglandinas: são dividas em três, PG1, PG2, PG3. A PG2 É a que mais prevalece biologicamente. As prostaglandinas são importantes me muitos processos fisiológicos, inclusive nos que não se relacionam diretamente com a inflamação. PGE2: mantém a vasodilatação compensatória na arteríola aferente em resposta á norepinefrina ou angiotensina II. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 3 Tromboxano e prostaciclina: As plaquetas expressam altos níveis da enzima tromboxano sintase. TXA2: Indutor da coagulação – pró-coagulante. PGI2: Inibidor da coagulação – anti-coagulante. Via da lipo-oxigenase: Essa via acarreta na formação de leucotrienos e lipoxinas. Leucotrienos: são potentes para constrição da musculatura lisa. Participam nos processos de inflamação aguda, aumentando a permeabilidade vascular e favorecem, o edema da zona afetada. Além disso favorecem os leucócitos. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 4 Lembrar que: AINES atuam na COX e Lipoxigenase e AIES nas fosfolipases. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS Fármacos que apresentam propriedades analgésicas, antipiréticas e anti-inflamatórios usados no tratamento dos sintomas da inflamação. O objetivo da maioria das terapias com AINE consiste na inibição da produção de eicosanoides pró-inflamatórias mediada pela COX, bem como na limitação da extensão da inflamação, febre e dor. São geralmente inibidores competitivos reversíveis rápidos de COX-1. A inibição da COX-2 é dependente do tempo e costuma ser irreversível. Removem espécies reativas de oxigênio (ROS) produzidos por neutrófilos e macrófagos. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 5 EFEITO ANALGÉSICO Menor sensibilização dos nociceptores aos mediadores inflamatórios. Menor vasodilatação. O efeito analgésico leve a moderado de condições originadas de inflamação e lesão tecidual. Isoladamente ou em combinação com opioides diminuem a dor do pós-operatorio e em alguns casos podem reduzir a necessidade de opioides em até 1/3. Efeito antipirético: diminuí PGE2 no hipotálamo, retorno ao ponto de ajuste hipotalâmico para o controle da temperatura. Efeito anti-inflamatorio: menor prostaglandinas vasodilatadoras e menor edema. Algumas indicações: alívio da febre, dor, edema nas atropatias crônicas, inflamações agudas; dores pós- inflamatórios, odontológicas e menstruais; alívio de cefaleia e enxaqueca. Salicilatos (atípico) Incluem o Acetilsalicílico e seus derivados. Comercialmente conhecido como AAS. Utilizado amplamente no tratamento de dor moderada, cefaleia,mialgia e artralgia. Diferentemente de outros AINE atua irreversivelmente acetilando o resíduo de serina do sitio ativo de COX-1 e COX-2. Essa acetilação inibe a produção de prostaglandinas, tromboxanos e prostaciclinas. Esse fármaco em baixas doses (30mg-100mg) diárias é utilizado como agente antitrombogênico. Inibe a COX-1 plaquetária de forma irreversível – efeito mais duradouro. Não pode utilizar em casos de Dengue. Causas de muitas intoxicações – alcalinizar a urina. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 6 Em doses tóxicas: pode ocorrer acidose respiratória e metabólica, particularmente em crianças. A aspirina também é veiculada a uma encefalite pós viral, rara mas grave – Síndrome de Reye. Derivados do ácido propiônico (típico) Os AINE derivado de ácido propiônico. Comercialmente incluem o ibuprofeno, naproxeno, cetoprofeno e fluriprofeno. O Ibuprofeno é relativamente potente e é utilizado no tratamento da artrite reumatoide, osteoartrite, espondilite anquilosante, gota e dismenorreia primária. Naproxeno que apresenta meia vida longa, é 20x mais potente que o AAS e inibe diretamente a função dos leucócitos e provoca efeitos adversos gastrointestinais menos graves. Paracetamol (atípico) Um dos analgésicos-antipiréticos mais comuns. A hepatotoxicidade constitui o efeito mais adverso importante do paracetamol. A modificação deste por enzimas hepáticas do citocromo P450 produz um metabolito reativo, que normalmente é detoxificado por conjugação com glutationa. Uma superdosagem de paracetamol pode se sobrepor as reservas de glutationa resultando em lesão celular e oxidativa, e em casos muito graves pode gerar necrose hepática aguda. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 7 Não compartilha os efeitos gástricos ou plaquetários adversos de outros AINEs Administrado via oral – 4 g/dia Derivado de ácido acético (típico) Indometacina, sulindaco, etodolaco, diclofenaco e cetrolaco. Inibem a COX e promovem a incorporação de ácido araquidônico não esterificado, reduzindo a disponibilidade do substrato da COX. Utilizados principalmente para aliviar sintomas no tratamento de artrite reumatoide, espondilite anquilosante e outros distúrbios músculos- esqueléticos. O uso desse tipo de AINE provoca ulceração gastrointestinal, como também hepatite e icterícia. Dipirona (atípico) Chance remota de saudar: agranulocitose (redução de neutrófilos, basófilos e eosinófilos); aplasia medular Semelhante ao paracetamol, mas tem baixo risco de lesão hepática grave Pode ocorrer hipotermina É mais bem aceito em pacientes pediátricos. Coxibes Celecoxibe, etoricoxibe, parecoxibe. Indicações: osteoartrite, artrite reumatoide, lombalgia, dor pós operatória, disminorreia. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 8 (típicos) Não utilizar em pacientes com ICC grave, cardiopatias isquêmicas, propensão a trombos. EFEITOS ADVERSOS Em idosos e uso por tempo prolongado aumenta a probabilidade. Efeitos no TGI, rins, fígado, baço, sangue e medula óssea. Efeitos no TGI: incidência: 15 a 46% dos usuários. Desconforto gástrico, constipação, náuseas e vômitos e em alguns casos, hemorragia e ulcerações gástricas. Pode ocorrer também lesão no intestino delgado. Não é claro se um mecanismo dependente da COX está envolvido. Risco maior nos infectados por H. pylori , consumo excessivo de álcool ou presença de outros fatores de risco para a lesão mucosa gástrica. Inibidores seletivos da COX-2: menor possibilidade. Efeitos renais: o risco de insuficiência renal é maior emrecém-nascidos e idosos, assim como em pacientes com doenças cardíacas, hepáticas ou renais ou com redução do volume do sangue circulante. Aumento da retenção de sódio e água= efeito hipertensivo – interage com anti-hipertensos e diuréticos. Efeitos cardiovasculares: Com a exceção da aspirina em baixa dose, os efeitos cardiovasculares adversos são comuns a todos os AINEs, especialmente no seguimento de uso prolongado (meses-anos), ou em pacientes com risco cardiovascular pré-existente. Naproxeno parece promover cardioproteção em alguns indivíduosInibidores seletivos da COX-2 aumentam o risco de trombose, AVC e infarto do miocárdio: Inibem PGI2, mas não inibem TXA2 Distúrbios hepáticos Broncoespasmo Hipersensibilidade: asma, urticaria, angioedema Superdosagem de paracetamol: insuficiência hepática Rashes cutâneos: desde lesões eritematosas leves, urticaria e fotosensibilidade até doenças graves como Stevens-Johnson (rash bolhoso que se estende para o intestino). Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 9 ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS Glicocorticoides, como são conhecidos os AIE. Os glicocorticoides não são armazenados na suprarrenal, mas são sintetizados sob influência do ACTH circulante secretado na adeno-hipófise e liberados de forma pulsátil para corrente sanguínea. O precursor dos glicocorticoides é o colesterol. MECANISMO DE AÇÃO DOS GLICOCORTICOIDES Os efeitos relevantes dos glicocorticoides se iniciam pela interação dos fármacos com receptores intracelulares específicos de glicocorticoides, pertencentes à superfamília dos receptores nucleares (essa família também incluí receptores de mineralocorticoides, esteroides sexuais, de hormônios tireoidianos, de vitamina D3 e de ácido retinóico. Hidrocortisona Mecanismo de ação está ligado a inibição da enzima fosfolipase A2, impedindo a formação de ácido aracdônico e, consequentemente, das prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos. Como agonista do receptor de glicocorticóide, a hidrocortisona promove o catabolismo protéico, a gliconeogênese, a estabilidade da parede capilar, a excreção renal de cálcio e suprime as respostas imunológicas e inflamatórias. Prednisolona A prednisolona é um glicocorticoide sintético com as propriedades gerais dos corticosteroides. Comparado à hidrocortisona, a prednisolona possui uma atividade glicocorticoide e anti- inflamatória três vezes mais potente, porém é consideravelmente menos ativa no que diz respeito à sua atividade mineralocorticoide. A prednisolona, assim como a Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 10 hidrocortisona, é um potente agente terapêutico que influencia a atividade bioquímica na maioria dos tecidos corpóreos. O mecanismo de ação dos corticosteroides parece ser por controle da síntese das proteínas. Os corticosteroides reagem com os receptores de proteínas no citoplasma das células sensíveis na maioria dos tecidos para formar um complexo receptor esteroide AÇÕES METABÓLICAS • Carboidratos: redução da captação e utilização da glicose, e aumento da glicogênese → HIPOGLICEMIA • Proteínas: aumento do catabolismo (processo metabólico que decompõe moléculas complexas, transformando-as em moléculas menores) e redução do anabolismo (síntese de moléculas complexas por meio de subs. Simples) • Lipídeos: efeito permissivo sobre os hormônios lipolíticos e redistribuição da gordura como na síndrome de Cushing. • Efeitos metabólicos gerais: • Glicocorticoides → reduzem a captura e utilização da glicose → aumento da gliconeogênese → hiperglicemia (portanto, aumento concomitante do armazenamento do glicogênio) • Síntese reduzida de proteínas e aumento da quebras de proteínas → atrofia do tecido • Os glicocorticoides também exercem efeito permissivo na resposta lipolítica → dependente de AMPc às catecolaminas e outros hormônios → ativação da lipase → quinase dependente de AMPc → síntese requer a presença de glicocorticoides → causa redistribuição da gordura corporal característica da síndrome de Cushing. • Os glicocorticoides tendem a produzir um balanço negativo de cálcio → redução de absorção no TGI → aumento na eliminação pelos rins. EFEITOS ADVERSOS A terapia de reposição com glicocorticoides em doses baixas normalmente não causam problemas, contudo, quando administrados em doses elevadas ou administração prolongada ocorrem efeitos adversos graves. PRINCIPAIS EFEITOS: Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 11 • Infecções oportunistas podem tornar-se muito graves se não forem tratadas de modo rápido com agentes antimicrobianos e com aumento na dose de esteroide. Sapinho, por exemplo, acontece com frequência quando os glicocorticoides são administrados por inalação. • A cicatrização de lesões é prejudicada e também pode ocorrer uma ulcera péptica. • Diabetes e fraqueza muscular • Insuficiência aguda da suprarrenal • Densidade óssea Farmacologia do Sistema Digestório CONTROLE NEURONAL Há dois plexos intramurais principais no trato: o primeiro é o plexo mioentérico e o plexo submucoso (plexo de Meissner), esses plexos são interconectados e suas células ganglionares recebem fibras parassimpáticas pré-ganglionares do vago, que são principalmente colinérgicas e excitatórias, embora algumas sejam inibitórias. As fibras simpáticas que chegam são na maioria pós-ganglionares. Além de inervar vasos sanguíneos, músculo liso e algumas células, algumas fibras terminam nesses plexos, onde inibem a secreção da acetilcolina. Os neurônios no interior dos plexos constituem o sistema nervoso entérico e secretam: acetilcolina, 5-HT, norepinefrina, purinas, óxido nítrico e vários peptídeos. CONTROLE HORMONAL Os hormônios do TGI incluem secreções endócrinas e parácrinas. As secreções endócrinas incluem gastrina e colecistoquinina. As secreções parácrinas incluem muitos peptídeos, esses hormônios atuam sobre células próximas, e o mais importante desses é a histamina. Alguns fatores parácrinos funcionam como neurotransmissores. Os fármacos administrados por via oral são obviamente absorvidos durante a sua passagem pelo TGI, mas há outras intervenções: secreção gástrica, vômitos e náuseas, motilidade intestinal e eliminação e de fezes, formação e eliminação da bile. SECREÇÃO GÁSTRICA O estômago secreta suco gástrico. Os principais componentes exócrinos são pró-enzimas, como a pró-renina e o pepsinogênio, elaborados pelas células principais ou pépticas e o ácido clorídrico e o fator intrínseco secretados pelas células parientais ou oxínticas. A produção da secreção é importante para promoção da digestão de proteínas, absorção do ferro e eliminação de patógenos. Desiquilíbrios desses mecanismos secretores e protetores envolvidos na patogênese da ulcera péptica e DRGE e lesões causadas por AINEs. REGULAÇÃO DA SECREÇÃO DE ÁCIDO PELAS CÉLULAS PARIETAIS Histamina As células enterocromafinssímeles são células contendo histamina semelhante aos mastócitos que se localizam próximo às células parietais. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 12 Essas células fazem uma liberação basal constante que é aumentada pela gastrina e acetilcolina. A histamina atua de forma parácrina nos receptores H1. Essas células respondem a concentração de histamina que estejam abaixo do limiar para ativação dos receptores H2 vasculares. Gastrina É sintetizada pelas células G no antro gástrico e é secretado no sangue da porta. A principal ação é a estimulação das células enterocromagins através da sua ação nos receptores CCK que aumentam o cálcio intracelular. Receptores de gastrina são encontrados em células parietais. Acetilcolina É liberada pelos neurônios colinérgicos pós- ganglionares, estimula receptores M3 elevando a decorrência, o cálcio e estimulando a liberação de prótons. Prostaglandinas A maioria das células doTGI produz prostaglandinas. As prostaglandinas exercem efeitos citoprotetores. Somatostatina É liberado pelas células D, exerce efeito inibitórios sobre a liberação da gastrina pelas células G, sobre a liberação pelas células ECS, assim como produção de ácido pelas células parietais. FÁRMACOS USADOS PARA INIBIR OU NEUTRALIZAR A SECREÇÃO DE ÁCIDO GÁSTRICO Antiácidos São bases fracas, que realizam uma neutralização. Não interferem na produção. Alívio imediato. Efeito adverso: não deve ser usado em grandes quantidades visto que pode mascarar o verdadeiro problema. Pode causar efeito rebote (corpo produz mais ácido) e interações Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 13 (tetraciclina, flourquinolonas, itraconazol) Bicarbonato de sódio: reação rápida, mas o NaCl pode causar retenção de líquido. O CO2 formado na reação pode dar distensão gástrica e eructações. O Bicarbonato em grande quantidade, fica em porção livre, muitas vezes causando uma alcalose metabólica. Hidróxido de magnésio ou alumínio: reagem mais lentamente, sais de magnésio pode causar diarreia osmótica e constipação. Em conjunto, pode causar um impacto na função intestinal. Antagonistas H2 Comercialmente conhecidos como Cimetidina, Ranitidina, Nizatidina (não comercializado no Brasil) e Famotidina Inibição competitiva dos receptores de H2 das células parietais. Suprimem a secreção ácida basal e a produzida após refeição. A mais potente é a Famotidina. Cimetidina: fármaco de primeira geração, a biodisponibilidade é cerca de 70%. Inibe o metabolismo do estradiol, aumenta a secreção da prolactina → ginecomastia e galactorreia. Inibe várias enzimas CYP (diminuí o efeito de vários fámarcos) Ranitidina: (retirada do mercado) Famotidina: é o mais potente, indicado para prevenção de Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 14 reincidivas de ulceração duodenal e condições de hipersecreção (gastrite e síndrome de Zollinger-Ellison) O uso é comum na DRGE, como profilático para inibir a pirose, ulceras gástricas e duodenais e prevenção de sangramento. Efeitos colaterais: seguros, diarreia, constipação, mialgia, confusão mental – comum em idosos. Inibidores da bomba de prótons Comercialmente conhecidos como: Omeprazol, Esomeprazol, Rabeprazol, Lansoprazol e Pantoprazol Usos: DRGE → são os tratamentos mais eficazes sejam eles erosivos ou não erosivos. Doença ulcerosa péptica → cicatrização de mais de 90%. Ulceras associadas ao H. pylori → Associação IBP + atb. Ulceras associadas ao uso de AINES. Condições patológicas hipersecretoras como síndrome de Zollinger- Ellison e hipersecreção idiopática. Esses fármacos são bases lipofílicas fracas – ou seja, é melhor absorvido no intestino. Formulações de via oral possuem revestimento entérico – protegem esse fármaco do ambiente ácido. Todos são pró-fármacos, ativando esses medicamentos nos canalículos. Esses fármacos também possuem interação com as CYP. Mecanismo de ação: absorção → difusão para os canalículos das células parietais → Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 15 protonação e conversão na forma ativa: sulfonamida → ligação dissulfeto com a bomba de prótons. A biodisponibilidade de todos os fármacos é reduzida em aproximadamente 50% pelo alimento. Os IBP devem ser administrados cerca de uma hora antes da refeição de modo que a concentração sérica máxima coincida com a atividade máxima de secreção de bomba de prótons. Os fármacos apresentam meia- vida sérica curta de 1,5 hora; todavia, a duração da inibição da secreção de ácido alcança 24h, em virtude da inativação irreversível (ligação dissulfeto- covalente) da bomba de prótons. Em estudos, o perfil do pH intragástrico varia, sendo assim, a diferença entre esses fármacos. Efeitos colaterais: dor abdominal, diarreia e cefaleia. Advertências: redução na absorção da vitamina B12 e sais de cálcio, aumento do risco de infecções entéricas, hipersecreção rebote transitório. Interações: altera a absorção de outros fármacos, como Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 16 itraconazol e atazanavir, inibição CYPs, redução da atividade antiplaquetárioa do clopidogel Citoprotetores Sucralfato e compostos de bismuto Aumentam mecanismos endógenos de proteção mucosa e formam barreira física sobre as úlceras ou erosões. Sucralfato: sal de sacarose sultada com hidróxido de alumínio. Soluções ácidas forma um gel viscoso de consistência firme → adere nas úlceras e erosões por até 6h. Ações: barreira física, reduz atividade da pepsina, estimula secreção de PG e bicarbonato. Efeitos colaterais: desprovidos de efeitos sistêmicos e constipação. Interações: Misoprostol É administrado via oral e usado para promover a cicatrização de úlceras ou para prevenir lesão gástrica. Não é utilizado mais como citoprotetor. Faz com que haja o aumento do fluxo sanguíneo. Efeitos adversos: diarreia, cólicas abdominais, esse fármaco não dever ser utilizado durante a gravidez. FÁRMACOS ANTIEMÉTICOS As náuseas e vômitos são efeitos colaterais indesejáveis de muitos fármacos. Vomitar é uma resposta defensiva com objetivo do corpo “se livrar” do elemento tóxico. O ato físico de vomitar é controlado pelo centro do vômito na medula. As localizações não são únicas, mas sim uma rede de vias neurais que integra sinais vindos de outras localizações. Uma das áreas mais conhecidas é a área postrema, é conhecida como a Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 17 zona do Gatilho quimiorreceptora (ZGQ). A ZGQ recebe estímulos do labirinto através do núcleo vestibular e de aferentes vagais vindos do TGI. Substâncias tóxicas são detectadas pela ZGQ por que a barreira hematoencefálica é relativamente permeável. Os principais neurotransmissores envolvidos nesse circuito são a acetilcolina, histamina, 5-HT, dopamina e a substância P, e os receptores. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 18 Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 19 Antagonistas dos receptores de H1 Os mais comumente empregados desse grupo são dimenidrinato (Dramin B6), prometazina (fenergan), Meziclina (Meclin), Cinarazina. Eficazes na Cinetose (enjoo de movimento) e contra a êmese causada por substâncias que atuam localmente no estômago. Dimenidrinato (Dramin): profilaxia e tratamento da cinetose e vertigem, náuseas e vômitos durante a gravidez e no pré e pós-operatório. Sedação, efeitos anticolinérgicos. Prometazina (Fenergan): enjoo grave matinal da gravidez, cinetose, distúrbios vestibulares. Meziclina: profilaxia e tratamento da cinetose e vertigem, tratamento de náuseas e vômitos durante a gravidez. Propriedades anticolinérgicas mínimas, menos sedação. Cinarazina: Cinetose, distúrbios de equilíbrio (Ex. doença de Ménière, irritabilidade do labirinto) Antagonistas D2 Conhecidos como Metoclopramida (Plasil) e Domperidona (Motilium). Usos clínicos: DRGE, normalmente em associação com antissecretores para pacientes com regurgitação ou pirose refratária. Náuseas e vômitos e gastroparesia. Efeitos no TGI: pró-cinético: maior motilidade, acelerando esvaziamento gástrico. Maior contração esofágicas e gástricas. Efeitos no SNC: ações antináusea e antiemética. Metoclopramida (ORAL e IV): síndrome extrapiramidal aguda Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 20 (mais comuns em crianças e adultos jovens). Tratamento não deve exceder 3 meses → discinesia tardia. Tontura, diminuição do nível de consciência. Idosos: inquietação, sonolência/insônia. Estimulaliberação de prolactina a partir da hipófise – galactorreia e ginecomastia. Domperidona: efeitos colaterais mais comuns: diarreia e cefaleia. Reações extrapiramidais mais raras, estimula liberação de prolactina a partir da hipófise – galactorreia e ginecomastia. Antagonistas 5-HT3 Antieméticos potentes: bloqueio dos receptores centrais e sobretudo, periféricos. Prevenção de náuseas e vômitos atribuídos a estimulação vagal (pós- operatório, radioterapia, quimioterapia). Efeitos adversos: cefaleia, tontura, desconforto no TGI. Antagonista muscarínico Conhecido como Hioscina (escopolamina). Antiemético e antiespasmódico é empregado principalmente para profilaxia e tratamento de cinetose. Os efeitos adversos mais comuns são xerostomia, visão embaçada, retenção urinária. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 21 LAXATIVOS → formadores de massa: coloides hidrofílicos → distensão do cólon. A base de produtos naturais (psílio, metilcelulose) ou fibras sintéticas (policarbolifa). Usos: constipação intestinal crônica ou associada a diverticulose, secundária a mudança de hábitos, doenças perianais. Farmacologia do Sistema Respiratório RINITE Rinite é uma inflamação da mucosa de revestimento nasal, caracterizada pela presença de um ou mais dos seguintes sintomas: obstrução nasal, rinorreia, espirros, prurido e hiposmia. A fisiopatologia da doença envolve a reação de hipersensibilidade tipo 1 mediada por IgE e mastócitos. A resposta imediata resulta em histamina → rinorreia, prurido e espirro. Já a resposta tardia envolve citocinas e leucotrienos. HISTAMINA Histamina é uma amina encontrada em muitos tecidos, localizada em mastócitos, basófilos, linfócitos, neurônios e células gástricas semelhantes à enterocromafínicas. Trata-se de um autacoide. A histamina é importante para processos alérgicos e inflamatórios e desempenha funções significativas em regulação da secreção de ácido gástrico, neurotransmissão e imunomodulação. Os receptores de histamina são: • H1 – células endoteliais e musculares lisas (inflamação e alergias) • H2 – células parietais da mucosa gástrica • H3 – neurônios histaminérgicos pré-sinapticos no SNC e células ECL no estomago • H4 – mastócitos, eosinófilos e basófilos Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 22 Anti-histaminicos → mecanismo de ação: anti-histamínicos são agonistas inversos, mais do que antagonistas dos receptores H1. Favorecem o estado inativo do receptor H1. Anti-histamínicos H1 (Primeira geração) • Difenidramina • Hidroxizina • Clorfeniramina • Prometazina São anti-histamínicos utilizados com maior frequência. São neutros em pH fisiológico e atravessam prontamente a barreira hematencefálica, onde bloqueiam a ação dos neurônios histaminérgicos no SNC. Corticoesteroides • Beclometasona • Budesonida • Fluticasona • Ciclesonida • Mometasona • Triancinolona São medicamentos eficazes para o tratamento da rinite alérgica. Eles melhoram o sintoma e absorção sistêmica é mínima. Os efeitos adversos são localizados. Não se deve inalar. Para pacientes com rinite crônica, a melhora pode não ser percebida antes de 1 Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 23 a 2 semanas após iniciar o tratamento. Anti-histamínicos H1 (Segunda geração) • Loratadina • Cetirizina • Fexofenadina • Levocetirizina • Desloratadina São ionizados em pH fisiológico e não atravessam com precisão a barreira hematencefálica. Os efeitos adversos são diferentes, tendem a causar depressão no SNC – sonolência, e boca seca. Os anti-histamínicos H1 são de grande utilidade no tratamento dos distúrbios alérgicos para aliviar sintomas de rinite, conjuntivite, urticária e prurido. Eles bloqueiam fortemente o aumento da permeabilidade capilar necessário para a formação de edema, portanto são mais efetivos quando usados de modo profilático do que após a ocorrência de uma reação alérgica. Tanto de primeira geração, quanto de segunda, são eficazes no tratamento de urticaria crônica e rinite alérgica. Os de segunda geração são preferíveis para uso clinico prolongado. Enquanto isso, a maioria dos anti-histamínicos H1 administrados via oral não produz alivio significativo dos sintomas e congestão nasal. Os anti-histamínicos são usados para diminuir a permeabilidade, ou seja, edema, espirros, rinorreia e prurido. São ineficazes sozinhos para anafilaxia ou edema de glote e asma. Para cinetose, náusea e vômito, é usado Dimenidrinato, difenidramina e prometazina. Para efeito de ansiolítico fraco, insônia ou hipnóticos são usados o Dimenidrinato, difenidramina, hidroxizina e prometazina. Os efeitos colaterais são: sedação, diminuição de neurotransmissão e rendimento cognitivo; visão turva, xerostomia, constipação e retenção urinária. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 24 Anti-histamínico H1 intranasal • Azelastina Inibe a liberação de histamina, leucotrienos e serotonina. Eficaz para rinorreia, congestão e prurido. Tem duração de 12h, podem causar sedação e tonturas. Vasoconstritores • Oximetazolina • Nafazolina • Fenilefrina Eles promovem a vasoconstrição diminuindo a permeabilidade celular e o extravasando plasmático. Melhora a passagem de ar. O uso prolongado pode causar necrose tecidual, devido a baixa oxigenação. Estabilizadores de mastócitos • Cromoglicato • Nedocromila Eles impedem a liberação de histamina dos mastócitos. Inibem a liberação de citocinas dos linfócitos e suprime a ativação de outros leucócitos. É administrado pela via nasal e é excretado pelos rins e bile. Seus efeitos adversos são: sibilos, cefaleia e náuseas. TOSSE A tosse é um mecanismo de defesa importante do sistema respiratório contra irritantes e é uma causa comum para procura de cuidados médicos. A tosse tem diversas etiologias: resfriado, sinusite ou doença respiratória crônica. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 25 Antitussígenos • Clobutinol • Dropropizina • Dextrometorfano • Codeína Inibem a tosse somente em caso de tosse não produtiva e de curta duração. Doentes sem patologia crônica de base. Clobutinol é um não opioide com ação seletiva no centro da tosse. Dropropizina: tem ação periférica no reflexo da tosse e age como anti- histamico em casos de alergia. Dextrometorfano: eleva o limiar da tosse no centro da tosse. Codeína: opioide supressor moderado, diminui a secreção e atividade ciliar – age no centro da tosse. Mucolíticos • Acebrofilina • Ambroxol • N-acetilcisteína • Carbocisteína Diminuem a viscosidade das secreções. Fludificantes • Iodeto de potássio • Guaifenasina (xarope Vick) Aumentam o fluxo das secreções Emolientes • Mel • Glicerol Uteis para tosse causada por irritação da laringe. ASMA Asma é doença crônica das vias respiratórias, caracterizada por acentuada inflamação e variabilidade exagerada no calibre dessas vias, em decorrência da hiper-responsividade do músculo liso brônquico. Os sintomas da asma consistem em dispneia e sibilância, bem como na produção de muco e tosse, principalmente à noite. A asma é uma doença pulmonar obstrutiva e inflamatória. O componente obstrutivo caracteriza-se por broncoconstrição, enquanto o componente inflamatório, por edema das vias respiratórias, hiperplasia das células caliciformes, secreção de muco e infiltração por células imunes e inflamatórias que liberam citocinas. Embora a obstrução das vias respiratórias seja, em geral, reversível, a asma, com o passar do tempo, pode causar remodelagem das vias respiratórias e deterioração permanente da função pulmonar. Os medicamentos utilizados no tratamento da asma atuam de duas maneiras → relaxamentodo m. liso brônquico ou prevenção e tratamento da inflamação. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 26 Tipos de asma: • Alérgica • Não alérgica • Obesidade • Tardia • AAS BRONCODILATADORES Os broncodilatadores afetam o tônus do musculo liso das vias aéreas por meio de sua ação sobre receptores do SNA e vias de sinalização. A ativação simpática via receptores Beta-adrenérgicos resulta em broncodilatação. Brometro de ipratrópio (SAMA) O brometo de ipratrópio é um sal de amônio quaternário derivado da atropina. Como a atropina inalada é altamente absorvida pelo epitélio respiratório, produz muitos efeitos anticolinérgicos sistêmicos, incluindo taquicardia, náuseas, boca seca, constipação intestinal e retenção urinária. Diferentemente da atropina, o ipratrópio não é absorvido significativamente, e esses efeitos adversos sistêmicos são minimizados. Entretanto, o ipratrópio inalado pode causar boca seca e desconforto gastrintestinal decorrente de sua deposição na boca e absorção oral inadvertida; se o ipratrópio nebulizado entrar inadvertidamente em contato com olho, pode produzir midríase (dilatação da pupila) e elevação da pressão intraocular, resultando em glaucoma de ângulo fechado Atropina, Ipratrópio e tiotrópio antagonistas competitivos nos receptores muscarínicos de acetilcolina. Nos quatro subtipos Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 27 (LAMA) de receptores muscarínicos expressos nos pulmões (M1 , M2 , M3 e M4), o receptor M3 excitatório é o mais importante no processo de mediar contração do músculo liso e secreção glandular de muco nas vias respiratórias. Ipratrópio e tiotrópio antagonizam o efeito da acetilcolina endógena nos receptores M3, com consequente broncorrelaxamento e diminuição da secreção de muco. Tiotrópio apresenta duração de ação longa, com meia-vida de 5 a 6 dias, decorrente, em grande parte, de sua dissociação lenta dos receptores M1 e M3. Na asma crônica, a estimulação colinérgica desempenha apenas papel secundário na produção de broncoconstrição, embora o aumento da estimulação vagal à noite possa representar importante fator contribuinte para os sintomas noturnos. – Epinefrina Epinefrina é agonista adrenérgico não seletivo que se liga a receptores α, β1 e β2- adrenérgicos. A epinefrina produz estimulação cardíaca por meio dos receptores β1, resultando em taquicardia, palpitações e, potencialmente, arritmias, bem como em vasoconstrição periférica por meio dos receptores α, levando ao desenvolvimento de hipertensão. Isoproterenol O isoproterenol estimula os receptores β1 e β2, e, por conseguinte, provoca Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 28 broncodilatação e estimulação cardíaca; todavia, como não estimula receptores α, não causa vasoconstrição periférica. Isoproterenol não é usado com frequência na prática atual, dada a disponibilidade de agentes mais seletivos para receptores β2. Salbutamol Salbutamol foi o primeiro desses agentes fortemente β2- seletivos a tornar-se disponível na forma inalada, reduzindo ainda mais os efeitos sistêmicos. Os modernos agonistas β2-seletivos inalados foram os primeiros fármacos a proporcionar tratamento regular da asma, com perfil aceitável de efeitos adversos. Todavia, quando administrados em altas doses, particularmente se tomados por via oral, até mesmo esses fármacos podem causar estimulação cardíaca. Além disso, como os receptores β2- adrenérgicos são expressos no músculo esquelético periférico, a ativação desses receptores por agentes β2-seletivos pode resultar em tremor. Vale ressaltar: remédios de ação curta (SABA) → salbutamol e fenoterol e ação longa (LABA) → formoterol e sameterol são fármacos da mesma natureza e os efeitos adversos são os mesmos. AGONISTAS DOS RECETORES CIS-LTS CisLT: mucosa respiratória e células inflamatórias infiltrativas. Montelucaste e o zafirlucaste inibem a ligação de LTC4, LTD4 e LTE4 aos receptores de cistenil leucotrienos (CisLT). Os inibidores da via dos leucotrienos exercem efeitos como: reduzem as frequências Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 29 das exacerbações, inibem a asma induzida pelo exercício, relaxam as vias aéreas, ação aditiva B2, reduzem a eosinofilia do escarro. É uma alternativa ao uso de corticoides para tratamento de asma. Os efeitos indesejáveis são: cefaleia e distúrbios gastrointestinais. GLICOCORTICOIDES Principal tratamento para os pacientes com asma. Corticosteroides alteram a transcrição de muitos genes. Em geral, aumentam a transcrição de genes que codificam o receptor β2-adrenérgico e diversas proteínas anti-inflamatórias como IL-10, IL-12 e antagonista do receptor de IL-1 (IL-1Ra). Corticosteroides diminuem a transcrição de genes que codificam numerosas proteínas pró-inflamatórias (e outras proteínas); os exemplos incluem IL-2, IL-3, IL-4, IL-5, IL-6, IL-11, IL-13, IL-15, TNF-α, GM-CSF, SCF, moléculas de adesão endoteliais, quimiocinas, sintase de óxido nítrico induzível (iNOS), ciclo-oxigenase (COX), fosfolipase A2 , endotelina-1 e receptor de NK1-2. Beclometasona, budesonida, fluticasona, mometasona Os corticoides induzem a apoptose em diversas células inflamatórias, principalmente eosinófilos e linfócitos Th2; não afetam os mastócitos, mas com o passar do tempo são inibidos indiretamente; diminuem as células inflamatórias, reduzindo as lesões do epitélio das vias respiratórias; reduzem a permeabilidade vascular, ou seja, reduzem o edema; com o passar do tempo diminui a hiper- responsividade das vias respiratórias; reduzem a ativação de linfócitos B e a produção de IgE, reduzindo a sensibilização e desgranulação dos mastócitos Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 30 ANTI-IGE inativação ou remoção dos anticorpos anti- IgE da circulação pode atenuar a resposta aguda a um alérgeno inalado. O Omalizumabe é um anticorpo monoclonal murinho humanizado, que se liga ao domínio de ligação de alta afinidade do receptor IgE na IgE humana. Ele diminui a quantidade de IgE circulante e também impede a remoção da IgE remanescente, Ele afeta as respostas asmáticas tanto na fase inicial quanto na fase tardia, além da redução esperada com a simples remoção da IgE circulante. Em resposta a níveis circulantes mais baixos de IgE, ocorre infrarregulação do receptor em mastócitos, basófilos e células dendríticas. Essa infrarregulação dos receptores diminui a estimulação dos linfócitos TH2 e a resposta asmática de fase tardia. Isso diminui as exacerbações da asma em pacientes tratados com omalizumabe. Ele precisa ser administrado por via subcutânea, a cada 2 a 4 semanas. DPOC É causada por resposta inflamatória anormal a uma agressão ambiental inalada (poluentes, tabaco). Do ponto de vista clínico ela é dividida em: enfisema e bronquite crônica. O enfisema pulmonar refere-se a aumento dos alvéolos causado por destruição das paredes alveolares e perda da retração elásticas, enquanto a bronquite crônica é diagnóstico clínico estabelecido com base na ocorrência de tosse crônica durante 3 meses ou mais, por 2 anos consecutivos. A DPOC é uma obstrução persistente das vias aéreas. Ela faz uma limitação crônica do fluxo de ar e, portanto, um dos sintomas é a dispneia, além de tosse e aumento na produção de muco. A DPOC não é reversível. Ao contrário da asma, em que os linfócitos CD4, linfócito B, mastócitos e eosinófilos, representam as principais células inflamatórias, a resposta inflamatória à fumaça do tabaco é primariamente neutrofílica e monocítica. A fumaça do tabaco estimula os macrófagos alveolares residentes a produzir quimiocinas que atraem os neutrófilos. Esses neutrófilos e macrófagos liberam proteinase, que degradam a elastina, responsável pela retração elástica dos alvéolos. Como consequência,ocorre morte celular decorrente da fixação prejudicada das células alveolares à matriz e com isso há degradação dos alvéolos que coalescem, formando o aumento característico dos espaços aéreos típicos do enfisema. Ocorre também aumentos na produção de muco e fibrose. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 31 Beta2-agonista LABA E SABA Anticolinérgicos SAMA E LAMA Corticoides inalatórios Beclometasona, budesonida, fluticasona, mometasona Roflumilaste Inibidor de fosfodiesterase – dose única. Aumento de ampciclico intracelular – reduz liberação de mediadores inflamatórios, expressão de marcadores e apoptose. Usado também para exacerbações na bronquite crônica grave. Efeitos adversos: náusea, emese, diarreia, cefaleia, perda de peso, dor abdominal e distúrbios do sonos. Antibióticos CONCEITOS GERAIS Célula procarionte, com DNA circular, material genético disperso no citoplasma. Tem pili – “comunicação”. Os alvos terapêuticos estão no: material genético, ribossomos, membrana e parede. Em relação à parede bacteriana: BACTÉRIAS GRAM POSITIVAS: é mais espessa e rígida, tem até 40 camadas de peptídeoglicano, ausência de membrana externa, presença de proteínas, lipídeos e ácido teicoico – importante para adesão; Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 32 BACTÉRIAS GRAM NEGATIVA: menos espesso e mais complexo, camada única de peptídeoglicano, membrana externa previne a entrada de agentes antibacterianos, presença de fosfolípideos, lipoproteínas e lipopolissacarídeos (LPS); BACTÉRIAS DE IMPORTÂNCIA CLÍNICA Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 33 Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 34 INIBIDORES DA SÍNTESE DA PAREDE ESTRUTURA DA PAREDE BACTERIANA O peptídeoglicano (mureina) é um açúcar que compõe a parede bacteriana. Essa substância tem uma importância muito grande para sobrevida das bacterinas, que são submetidas a grandes flutuações da pressão osmótica, dependendo do seu meio ambiente. As camadas que envolvem a célula proporcionam a força de tensão necessária para suportar altas pressões de turgor, de outro modo, causariam a ruptura da membrana plasmática. Como esse açúcar é muito importante para sobrevida das bactérias, torna-se um importante alvo para antibióticos. A biossíntese desse açúcar tem três estágios. Resumidamente, o primeiro estágio é intracelular e consiste na síntese dos monômeros a partir dos aminoácidos e unidades de açúcar. O segundo e terceiro estágio é a ligação cruzada em redes bidimensionais e tridimensionais. Essas ligações cruzadas dos polímeros são catalisadas pelas proteínas de ligação da penicilina, que são transpeptidases. Os antibióticos mais conhecidos dessa classe são os Betalactâmicos. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 35 Consideração química sobre betalactâmicos: esses fármacos constituem a classe maior e mais amplamente prescritas. Inibem a síntese da parede celular das bactérias. Os diferentes agentes pertencentes a essa classe variam em sua estrutura química e, portanto, no espectro de ação. Todavia, todos esses fármacos compartilham o mesmo mecanismo de ação → a inibição da ligação cruzada dos polímeros de peptídeoglicano. O mecanismo de resistência é a betalactamase, mudança no sítio da PBP, baixa incidência sobre o sítio da PBP e o efluxo de antibiótico Penicilina G (Benzilpenicilina) Instável em meio ácido → uso parental. Rápida excreção renal; (S. aureus meticilina ou oxacilina resistentes) Resistência: gene mecA que codifica o desenvolvimento de uma nova PBP, a PBP2a. Esse novo receptor não tem afinidade pelos antibióticos betalactâmicos. Frequentemente, os MRSA adquiridos em hospital se mostram resistentes a vários outros antimicrobianos. Os glicopeptideos, a linezolida e tigeciclina são a opção terapêutico. Efeitos adversos: hipersensibilidade – 1 a 10% dos pacientes. • Agudas (rara): choque anafilático • Imediatas (mais graves): angioedema, broncoconstrição, distúrbios TGI e choque. • Tardias: erupções bolhosas, lesões da mucosa oral TGI: alteração da microbiota normal → risco de infecções secundárias – candidíase, colite pseudomembranosa. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 36 As penicilinas são administradas via oral, ou no caso de infecções graves, por via intravenosa. Muito comum administrar esses fármacos com outros antibióticos. • Meningite bacteriana ➔ Benzilpenicilina doses altas por via intravenosa. • Infecções osseas e articulares → flucloxacilina • Infecções de pele e tecidos moles → Benzilpenicilina, fluxloxacilina – mordidas de animas: amoxicilina + ácido clavulânico • Faringite: fenoximetilpenicilina • Otite média: amoxicilina • Bronquite: amoxicilina • Pneumonia: amoxicilina • Infecções no itu: amoxicilina • Gonorreia: amoxicilina – combinada com probenecida • Sífilis: Benzilpenicilina procaína • Endocardite: doses altas por via intravenosa de Benzilpenicilina combinada. Benzilpenicilina+ aminoglicosídio Regra geral Penicilinas naturais e resistentes à penicilinases – mais usadas em organismos gram-positivos. Aminopenicilinas e penicilinas de amplo espectro – para cobrir gram-negativo. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 37 Cefalosporina Mecanismo de ação: semelhante ao de todos os betalactâmicos, inibem a formação da parede bacteriana. Alta toxicidade seletiva: usado na gravidez, lactação e pediatria. Resistência: tem aumento devido a betalactamases codificadas por plasmidios. Alterações nas proteínas da membrana externa ou nas proteínas de ligação. Cefalosporinas são empregadas no tratamento de infecções causadas por microorganismos sensíveis a elas. • Septicemia → cefuroxima, cefotaxima • Pneumonia • Meningite → cetriaxona, cefotaxima • Infecções das vias biliares • Infecções urinárias – especialmente em gravidez • Sinusite → cefadroxila. Efeitos adversos: hipersensibilidade, diarreia, nefrite. Regra geral Primeira e segunda geração – via oral Demais gerações: via parental, intramuscular ou intravenosa Carbapenêmicos Fármacos: imipeném, meropeném e ertapeném. Mecanismo de ação: inibem a formação da parede bacteriana. São mais resistentes aos micro-organismos produtores de betalactamases. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 38 São atb de grande espectro: gram positivo e gram negativo, aeróbicos e anaeróbicos. Reservados para infecções hospitalares graves causadas por bactérias altamente resistentes. Imipeném: A associação imipeném + cilastatina sódica (função: inibir a inativação do imipeném pelas enzimas renais) demonstra eficácia contra muitas infecções causadas por bactérias gram- positivas e gram-negativas, aeróbias e anaeróbias, resistentes às cefalosporinas, aminoglicosídeos e/ou penicilinas. Não é indicado para o tratamento de meningite. Meropeném: Infusão prolongada está indicado para o tratamento de infecções graves, ocasionadas por bactérias multirresistentes, sendo intrinsicamente mais potente contra Acinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa, tais como: pneumonia associada ao uso de ventiladores mecânicos, meningite bacteriana, septicemia. Ertapeném: meia-via longa, mas atividade mais baixa contra Acinetobacter e Pseudomonas. Monobactâmicos Resistente à maioria das betalactamases (mas EBSL hidrolisam). Efetivo apenas contra bacilos gram negativos aeróbicos, como as espécies de Pseudomonas, neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae. NÃO TEM AÇÃO CONTRA microrganismos gram positivos ou anaeróbicos. Nos pacientes alérgicos à penicilinas pode ser usado em infecções graves, como pneumonia, meningite e sepse por patógenosgram-negativos sensíveis. Vias de administração: intramuscular e intravenosa – meia-vida plasmática de 2h. Na terapia empírica, pode ser associado com aminoglicosídeos. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 39 Efeitos adversos: semelhantes aos de outros antibióticos betalactâmicos. Vancomicina Antibiótico produzido pelo Streptococcus orientalis e Amycolatopsis orientalis. Ativa apenas contra bactérias Gram-positivas: estreptococo, pneumococo, estafilococo. Mecanismo de ação: impedir o alongamento do peptídeoglicano → célula torna- se suscetível à lise. Também altera a permeabilidade da membrana citoplasmática e a síntese do RNA. Usos: tratamento da MRSA – intravenosa e em outras infecções graves. Infecções por Staphylococcus em alérgicos à penicilina ou cefalosporina – intravenosa ou para pacientes que não responderam ao tratamento com fármacos destas classes. Colite pseudomembranosa por C. difficile – via oral Para endocardite Enterococcus faecalis, só é eficaz com um aminoglicosídeo. Teicoplanina Semelhante à vancomicina. Meia-vida longa, administrado em intravenosa e intramuscular. Mecanismo de ação: impedir o alongamento do peptídeoglicano → célula torna- se suscetível à lise. Também altera a permeabilidade da Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 40 membrana citoplasmática e a síntese do RNA. – Bacitracina Mecanismo de ação: impedir o alongamento do peptideoglicano. Reservada para uso tópico – muito nefrotóxica, normalmente associada com neomicina. Indicações: infecções de pele e mucosas causadas por micro- organismos gram-positivos sensíveis (ex:. pioderme, acne infectada, furúnculos) Profilaxia de infecções decorrentes de ferimentos cortantes, queimaduras pouco extensas. Fosfomicina Mecanismo de ação: inibe o estagio inicial de síntese do peptídeoglicano. Amplo espectro, baixa toxicidade e meia vida longa, posologia usual de 1 a 2 envelopes. Indicações: tratamento de curta duração de infecções não complicadas das vias urinarias baixas, como cistite aguda e recidivante, uretrite não especifica, bacteriúria na gravidez. Nitrofurantoína Além de inibirem a síntese de parede: geram intermediários reativos que inativam proteínas ribossomais e outras macromoléculas, inibindo a síntese proteica e de outros ácidos nucleicos. Especifico para infecções agudas e crônicas do trato urinário Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 41 principalmente por E. coli, Enterococcus faecalis e S. aureus INIBIDORES DE MEMBRANA Daptomicina Ativo contra MRSA com duração de ação maior que a vancomicina. Ativo contra VRSA. Usos: infecções complicadas de pele e tecidos moles, bacteremia. Efeito colateral: miopatia e dosar CPK. Polimixinas Mecanismo de ação: são detergentes catiônicos que rompem a membrana externa. Também inativam endotoxina. Espectro de ação: atividade bactericida seletiva e rápida em bacilos gram-negativos, principalmente Pseudomonas e enterobactérias – uso intravenoso, intramuscular. Uso clínico: limitado pela toxicidade, restrito a esterilização intestinal e ao tratamento tópico em ouvidos, olhos ou pele. Efeitos adversos: nefrotoxicidade, neurotoxicidade. RESUMO Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 42 Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 43 SULFONAMIDAS MECANISMO DE AÇÃO Competição reversível com o PABA → inibição da di-hidropterotato sintase → inibição da produção de folato → efeito bacteriostático. Sulfonamida + inibidor da di-hidrofolato redutase = sinergismo. CARACTERÍSTICAS Amplo espectro: alguns gram-positivo e gram-negativo e alguns protozoários. A atividade é insuficiente contra anaeróbios. P. aeruginosa apresenta resistência intrínseca. Resistência em muitas cepas originalmente sensíveis → aumento da produção de PABA, produção de enzimas com baixa afinidade, redução da permeabilidade à sulfonamida. Presença de pus → antagoniza efeito bacteriostático. Alguns anestésicos locais são biotransformados em PABA também podem reduzir o efeito bacteriostático. Sulfametoxazol- trimetoprima (Cotrimoxazol) É preferencial para infecções como pneumonia por Pneumocystis jiroveci, toxoplasmose e nocardiose. Pode ser utilizado em outras infecções bacterianas: • Infecções do trato urinário, uretrites e prostatites. • Otite médio, sinusite e exacerbação aguda da bronquite crônica, como alternativa para pacientes alérgicos aos betalactâmicos. • Infecções gastrintestinais – diarreia do viajante, shigelose, febre tifoide e paratifoide. Efeitos adversos: anormalidades hematológicas – leucopenia, trombocitopenia, agranulocitose, anemia hemolítica e supressão de medula óssea. Reações cutâneas – dermatite esfoliativa, síndrome de Steven-Johnson e a necrólise Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 44 epidérmica tóxica. Cristalúria – insuficiência renal pode ocorrer em pacientes hiperalbumênicos. Outras – febre, cefaleia, tumores, nefrotoxicidade, flebite, vasculite, hipercalemia e anafilaxia. Sulfadiazina de prata Tratamento de feridas infectadas. FLORQUINOLONAS As quinolonas importantes são análogos flourados sintéticos do acido nalidíxico. São ativas contra diversas bactérias gram-negativas e gram-positivas. Acumulam-se em vários tecidos principalmente nos rins, próstata e pulmões. São bactericidas. MECANISMO DE AÇÃO Se ligam na topoisomerase II ou na topoisomerase IV → inibe replicação do DNA. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 45 1ª GERAÇÃO Ácido Nalidíxico Utilização via Oral – infecções urinárias e intestinais causadas por gram-negativos sensíveis. 2ª GERAÇÃO Ciprofloxacino Utilização Via Oral – a mais ativa contra do grupo contra gram- negativos, sobretudo Pseudomonas. Não é ativo em S. pneumoniae. Preferido para profilaxia e tratamento do Antraz. Norfloxacino Utilização Via Oral, intravenosa e ocular – menor atividade em gram-negativo e gram positivo. Ofloxacino Utilização Via ocular – Blefarite, conjuntivite, úlcera de córnea, profilaxia de infecção no pós- operatório. 3ª GERAÇÃO Levofloxacino e Moxifloxacino Utilização Via Oral – atividade melhorada contra gram- positivos principalmente S. pneumoniae e alguns estafilococos. As quinolonas de 3ª geração são conhecidas como quinolonas respiratórias; boas opções de tto para infecções de tratamento para infecções respiratórias e pneumonias adquiridas na comunidade. Gatifloxacino Uso ocular. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 46 4ª GERAÇÃO Gemifloxacino Cerca de 32x mais potente que levofloxacino contra pneumococos. Utilizado em: exacerbação de bronquite crônica, sinusite aguda, pneumonia adquirida na comunidade por S. pneumoniae multirresistente. Obs: antiácidos contendo alumino ou magnésio reduzem a absorção da flouroquinolonas quando administrados em via oral. EFEITOS COLATERAIS No geral, são bem toleradas • Gastrintestinais: anorexia, náuseas, vômitos e desconforto abdominal. • SNC: Cefaleia, tontura, insônia e alterações do humor. Alucinações, delírios e convulsões são raras (idosos). Convulsões: associação com teofilina ou AINEs • Alergias e reações cutâneas • Reações fototóxicas → Podem comprometer a cartilagem em crescimento e provocar Artropatia (reversível) → contra-indicado em pacientes menores de 18 anos. • Prolongamento de QT (gatifloxacino, moxifloxaxino, gemifloxacino) → deve- se evitar uso em pacientes tratados com antiarrítmicos ou outros fármacos que possam prolongar o intervalo QT (ex: tricíclicos) • Contra-indicações: gravidez, lactação, insuficiência renal e hepática eem pacientes menores de 17 anos Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 47 Zerbaxa: ceftolozana (cefalosporina) + tazobactam (inibidor de betalactamase). Aprovado pela ANVISA no começo de 2018 para o tratamento de infecções intra-abdominais e infecções do trato urinário mais complicadas. O novo medicamento mostrou 87% de eficiência no combate a Pseudomonas aeruginosa. INIBIDORES DA SÍNTESE PROTEÍCA Tetraciclinas • Tetraciclina • Oxitetraciclina • Democlociclina • Limeciclina • Doxiciclina • Minociclina • Tigeciclina São bacteriostáticos de amplo espectro – ativas contra bactérias gram-positivas e gram-negativas, micoplasmas, clamídias e riquétsias. Geralmente são administrados via oral – com exceção da tigeciclina. O mecanismo de ação: se ligam de maneira reversível à subunidade 30S do ribossomo bacteriano → impedindo a adição de aminoácidos ao peptídeo em crescimento. É comum resistência se há um uso excessivo – influxo comprometido, proteção do sitio do ribossomo, efluxo aumentado por meio de uma bomba proteica transportadora ativa; Farmacocinética: atravessam a placenta e também são excretadas no leite. A doxiciclina e tigeciclina são eliminadas por mecanismos renais → não precisam de ajuste de dose na insuficiência renal. A Tigeciclina tem meia vida de 36h e não são senviveis a vários tipos de bomba de efluxo. Doxiciclina: infecções respiratórias e de tecidos moles causadas por MRSA (Staphylococcus aureus Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 48 resistente à meticilina), DST por C.trachomatis Tigeciclina: opção terapêutica para MRSA ou ORSA (Staphylococcus aureus meticilina ou oxacilina resistentes), infecções complicadas de tecidos moles, intra-abdominais e pneumonia adquirida na comunidade. Efeitos colaterais: náuseas, vômitos e diarreia são os motivos mais comuns. Também se depositam nos dentes provocando manchas, hipoplasia dentaria e deformidades ósseas. Alteram a microbiota normal. Contra- indicado em mulheres gestantes, lactantes e crianças. Macrolídeos • Eritromicina • Claritromicina • Azitromicina São bactericidas ou bacteriostáticos. Mecanismo de ação: ligam-se à subunidade 50 S, próximo ao centro da peptidiltransferase → bloqueiam a formação peptídica. Diminuição da permeabilidade da célula ao antimicrobiano, alteração no sítio receptor da porção 50S do ribossomo e inativação enzimática. Eritromicina: amplo espectro: gram-positiva (pneumococos, estreptococos, estafilococos), clamídias, treponema, micoplasma. Amplamente utilizada nas infecções por corinebactérias. Inativa contra enterobactérias e Pseudomonas spp. Claritromicina: ativa contra gram-positivas (estreptococos e estafilococos). Útil na Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 49 erradicação da H. pylori. Menor incidência de intolerância gastrintestinal e administração menos frequente, em relação a eritromicina. Azitromicina: maior atividade contra gram negativas, sobretudo H. influenzae. Bastante ativa contra espécies de Chlamydia. O fármaco é liberado lentamente dos tecidos – permitem administração de dose única. A pneumonia adquirida na comunidade pode ser tratada com azitromicina administrada por uma dose única diária de 250 mg nos quatros dias seguintes. Não inibe CYP hepáticas. Efeitos colaterais: cólicas abdominais, náuseas, vômitos e diarreia. Hepatite colestática. Prolongamento do intervalo QT, em razão do efeito sobre os canais de potássio. o prolongamento do intervalo QT pode causar arritmia. Aminoglicosídeos • Estreptomicina • Neomicina • Tobramicina • Gentamicina • Amicacina São bactericidas. São usados mais em cominação com antibiótico betalactamico em infecções graves por bactérias gram negativas aeróbicas e também com vancomicina para endocardite por gram-positivos e tratamento de tuberculose. Mecanismo de ação:se ligam a proteínas ribossomais especificas da subunidade 30S, inibindo síntese proteica e/ou produzindo proteínas defeituosas. Efeito concentração-dependente, efeito pós-antibiótico significativo. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 50 Mecanismo de resistência: ocorre através de vários mecanismos diferentes e o mais importante é a inativação por enzimas microbianas. A amicacina foi considerada um substrato fraco para maioria dessas enzimas. Usos clínicos: a amicacina tem maior espectro de ação, associados comumente a betalactamicos ou glicopeptideos. Efeito limitado em anaeróbicos e gram positivos. Utilizados principalmente contra gram- negativos aeróbicos e em cepas de Pseudomonas aeruginosa. Devido a toxicidade o uso deve ser moderado e para indicações especificas. A duração deve ser mínima possível e as concentrações séricas devem ser monitoradas. Efeitos colaterais: todos aminoglicosídeos são ototóxicos e nefrotóxicos. É mais provável ocorrer quando a terapia continua a mais de 5 dias em doses mais elevas, nos idosos e no quadro de insuficiência renal. O uso concomitante com diuréticos de alça ou outros agentes antimicrobianos nefrotóxicos pode potencializar a nefrotoxicidade. Reação rara: bloqueio neuromuscular e apneia. Lincosaminas Mecanismo de ação: atuam da mesma forma que os microlídeos. – Bacteriostáticos ou bactericidas. Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 51 Uso clínico: ativa em cocos gram-positivos, incluindo muitos estafilococos resistentes à penicilina. Efeitos colaterais: diarreia, náusea e exantema cutâneo. Por vezes, ocorre comprometimento da função hepática e neutropenia. Cloranfenicol O uso sistêmico deve ser reservado a infecções graves e fatais, em que o benefício do fármaco se sobrepõe à sua toxicidade hematológica. Mecanismo de ação: semelhante os macrolídeos. Amplo espectro: ativo contra organismos gram-positivos e gram-negativos aeróbicos e anaeróbios. Usos: infecções causadas por H.influenzae resistente a outros fármacos. Meningites em pacientes que não podem fazer uso de penicilinas. Febre tifoide e salmoneloses invasivas. Efeitos adversos: alterações hematológicas: depressão medula óssea e anemia aplásica. Síndrome do bebê cinzento → progressiva palidez cianótica, colapso vasomotor frequentemente acompanhado de respiração irregular e morte. Oxazolidinonas Bacteriostática, mas com ação bactericida contra estreptococos. Alto custo. Espectro: grande variedade de bactérias gram-positivas, incluindo MRSA. Não tem Farmacologia Aplicada – Sabrina Gomes 52 atividade contra gram- negativos. • Efeitos adversos: principal toxicidade é hematológica; os efeitos são reversíveis e geralmente leves. A trombocitopenia é a manifestação mais comum.
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