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II Timóteo

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II Timóteo 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
DEZ/2015 
 
 
2 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
I Timóteo 1 3 
I Timóteo 2 20 
I Timóteo 3 35 
I Timóteo 4 70 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
II Timóteo 1 
 
Encorajamento para o Ministério 
 
A bênção de Paulo dada a Timóteo no início da 
epístola para que lhe fosse concedida da parte de 
Deus Pai e de Jesus Cristo “graça, misericórdia 
e paz” é na verdade quase tudo que um ministro 
necessita antes que se envolva na obra do 
evangelho. 
Os que falarão da graça e que a comunicarão a 
outros devem estar fortalecidos eles próprios 
pela graça. 
Aqueles que pregarão a misericórdia devem 
estar sendo alvos da misericórdia de Deus. 
Os que impetrarão a paz devem estar vivendo na 
paz do Espírito. 
Enfim, quem ministra a vida eterna deve estar 
cheio da vida espiritual que procede de Deus. 
4 
 
Logo, não era uma simples saudação formal que 
Paulo estava dirigindo a Timóteo, mas coisas 
absolutamente essenciais que devem ser 
encontradas naqueles que estão engajados na 
obra do ministério. 
Por este motivo, o apóstolo disse que orava por 
Timóteo dia e noite, porque sem que se peça tais 
bênçãos espirituais a Deus, não poderemos 
contar com elas em nossas vidas. 
Paulo atribuiu toda a glória a Deus por estas 
orações que fazia por Timóteo, e rendeu-Lhe 
graças porque reconhecia que, pela intercessão 
do Espírito e pelo Seu poder, era capacitado a 
orar de tal maneira por Timóteo e ver a mão do 
Senhor operando em sua vida. 
Quando o apóstolo disse que orava dia e noite, 
nós podemos deduzir disto que ele era um 
homem de oração. Que orava de fato sem cessar. 
Nisto, deixou um exemplo para nós do que 
devemos também fazer para que sejamos bem 
sucedidos na obra do evangelho. 
Deus colocava no coração de Paulo as pessoas 
pelas quais deveria interceder e os motivos para 
estas intercessões porque o apóstolo servia ao 
Senhor com uma consciência pura, isto é, ele 
5 
 
vivia de modo verdadeiramente santo, com um 
coração puro diante de Deus. 
Quando o vaso está limpo, o Senhor derrama 
nele o Seu poder. 
Por isso se diz que a condição básica para uma 
vida de verdadeiro poder é manter o coração 
purificado. 
A grande prova de se ter o poder de Deus na vida 
não é profetizar, ter dons de curar, milagres, ou 
qualquer outro dom extraordinário do Espírito, 
mas sobretudo ter orações respondidas por 
Deus, porque é por meio destas que se prova qual 
é a real intimidade que temos com Ele. 
Até o próprio Judas, que era filho da perdição, 
estava entre os apóstolos, sendo um deles, 
expulsando demônios, operando curas e tudo o 
mais que se pode fazer através dos dons 
extraordinários do Espírito, mas ter a graça do 
Espírito no coração, pela qual se comprova a 
nossa real união com Deus é outra coisa muito 
diferente. 
Os dons extraordinários não estão ligados à vida, 
e isto explica porque Balaão e Saul profetizaram, 
e até mesmo porque a mula de Balaão falou. 
6 
 
Contudo, para ter orações respondidas 
continuamente por Deus, é preciso ter 
verdadeira intimidade com Ele pela habitação da 
Sua graça no nosso coração. 
Esta graça não é operante e não se manifesta a 
não ser por uma boa consciência e pela 
purificação do coração. 
A falta de uma boa consciência para com a 
vontade de Deus é a causa da falta de vigor, de 
vida espiritual em muitos cristãos. 
Eles têm a habitação do Espírito, mas apagaram 
o poder do Espírito por tê-lo entristecido com a 
sua vida carnal. 
Assim, é basicamente a lembrança destas 
verdades que Paulo estava trazendo a Timóteo 
nesta epístola, de maneira que jamais se 
desviasse delas. 
A fé de Timóteo era verdadeira. Era uma fé que 
havia sido provada e aprovada nas tribulações e 
no exercício do ministério. 
Todavia, àquela hora extremamente difícil, que 
não somente Paulo, mas todos os cristãos 
estavam experimentando, debaixo das 
perseguições do imperador romano Nero, estava 
7 
 
ocorrendo muito recuo na fé e na ousadia em se 
pregar o evangelho. 
Por isso Paulo exortou a Timóteo a despertar o 
dom de evangelista que havia recebido de Deus 
pela imposição das suas mãos, dando 
continuidade à obra mesmo em meio àquela 
circunstância difícil. 
Se não nos dispusermos a ousar na fé 
trabalhando para o Senhor, o dom que 
recebemos dEle ficará apagado, e em vez de, 
ousadia, amor e moderação, seremos vencidos 
pelo espírito de temor. 
Por isso Paulo exortou Timóteo a prosseguir na 
realização da obra do ministério e nunca se 
envergonhar de dar testemunho do Senhor, e que 
também não se envergonhasse dele, Paulo, por 
encontrar-se aprisionado por causa do 
evangelho; ao contrário deveria participar 
juntamente com ele das aflições do evangelho 
segundo o poder de Deus. 
Importa, segundo a vontade do Senhor, que 
sejamos achados sempre em fidelidade diante 
dEle e da Sua vontade, principalmente nas 
aflições que sofremos e suportamos por amor ao 
evangelho, porque esta fidelidade traz grande 
glória ao Seu nome, e nos ensina a buscarmos e 
fazermos o que seja da Sua vontade, e não 
8 
 
propriamente o que seja do nosso interesse e 
conforto. 
De um modo ou de outro, Satanás sempre 
perseguirá a obra do evangelho e procurará tudo 
fazer para deter o seu avanço. 
Devemos estar preparados para enfrentar 
resistências, dificuldades e tribulações enquanto 
trabalhamos para o Senhor. 
Não devemos ficar intimidados por estas coisas 
que nos fazem sofrer e que nos entristecem, 
especialmente aquelas relativas aos muitos 
cristãos que recuam na fé em face das 
dificuldades, mas como bons ministros devemos 
permanecer fiéis ao Senhor, tudo suportando 
por amor a Ele, e prosseguir adiante sem espírito 
de temor, mas com ousadia, amor e moderação. 
Se sofremos por causa da justiça, por causa do 
evangelho e por amor a Cristo, somos bem-
aventurados e devemos ter isto por motivo de 
toda alegria e não de tristeza. 
A alegria que procede do Senhor por causa do 
Seu agrado em relação à nossa obediência e 
fidelidade à verdade, será a nossa fortaleza em 
graça e nos conduzirá adiante. 
9 
 
No meio dos vales de tristezas teremos alegria e 
paz em nosso espírito pela certeza de que Ele tem 
caminhado conosco e feito a Sua vontade em 
nossas vidas e através de nós. 
 
 
Preservando a Sã Doutrina 
 
Paulo estava preso e às portas do martírio sob 
Nero, mas estava em paz e alegre no Seu Deus. 
Ele desejava somente ter mais de Cristo, como 
fizera durante toda a sua vida ministerial. 
Estava portanto pleno, contente, apesar de ter 
sido privado de sua liberdade para estar reunido 
com a Igreja pregando o evangelho. 
Muitos haviam lhe abandonado, conforme ele 
afirmou no final deste capítulo, mas podia se 
alegrar pelos poucos que haviam permanecido 
fielmente ao seu lado. 
Prova que eram vasos de honra com os quais 
Deus poderia contar no prosseguimento da obra 
do evangelho depois que ele fosse convocado a 
estar para sempre na Sua presença. 
10 
 
A obra do evangelho prosseguiria. Não poderia 
ser paralisada porque o Senhor sempre terá estes 
vasos de honra que são fiéis em fazer toda a Sua 
vontade, e que não amam a própria vida mesmo 
em face da morte. 
Os que são fiéis a Deus e que sustentam o 
testemunho do verdadeiro evangelho na terra, 
têm muitas aflições e sofrimentos, e por isso 
devem aprender a serem coparticipantes destas 
aflições do evangelho a que Paulo se refere, isto 
é, que são resultantes dele. 
Nisto encontrarão conforto e alívio mútuos, por 
saberem que estes sofrimentos se cumprem entre 
todos aqueles que servem verdadeiramente a 
Deus com uma consciência pura. 
Assim, todos os que estão empenhados numa 
obra de Deus verdadeira devem estar 
preparados para sofrer aflições, que lhes virão 
tanto por resistência dos principados e 
potestades, quanto por permissão divina para 
provação da fé dos Seus servos, de modoque 
sejam achados humildes e dependentes dEle em 
todas as coisas, enquanto permanecem fiéis e 
contentes em toda e qualquer circunstância. 
Deus quer salvar almas, quer fazer avançar a 
pregação, mas deseja sobretudo ensinar aos Seus 
filhos estas lições de obediência a Ele, pela 
11 
 
renúncia às suas próprias vontades, sentimentos 
e emoções. 
Isto significa que se o lugar de reunião para a 
adoração estiver cheio ou vazio, com as pessoas 
alegres ou tristes, não importa, você estará lá 
fielmente pregando e ensinando o verdadeiro 
evangelho, estando contente com o Seu Deus; ou 
mesmo que se levantem contra você e digam todo 
o mal e mentira contra você, não ficará detido 
por isto, mas levará a obra de Deus adiante. 
 Paulo estava preso e seria morto, mas disse a 
Timóteo que a pregação do evangelho não 
poderia parar. 
Com isto ele comprovou que o que importa não 
é vivermos para cumprir o que seja do nosso 
próprio interesse, mas aquilo que é do interesse 
de Deus, e o principal interesse do Senhor em 
relação a este mundo é dar vida aos que estão 
mortos espiritualmente, e isto somente pode ser 
feito através da pregação do evangelho de Cristo. 
Por isso a obra não pode parar, ainda que alguns 
de nós sejamos paralisados por prisões, por 
morte ou seja pelo que for. 
O propósito do evangelho é a nossa salvação. 
Uma salvação que consiste numa chamada para 
sermos santos, conforme se vê no verso 9: “Que 
12 
 
nos salvou, e chamou com uma santa vocação...”. 
Tanto que se afirma na Palavra que sem 
santificação ninguém verá o Senhor. 
O evangelho que nós pregamos foi planejado por 
Deus antes mesmo de ter criado os céus e a terra, 
e o próprio homem. 
Então a proclamação do evangelho é um dever 
para todos aqueles que foram salvos, 
especialmente para os ministros que são 
chamados por Deus para tal propósito. 
 Jesus venceu a morte e trouxe luz, imortalidade 
e vida pelo evangelho. 
Importa pois que se dê a todos o testemunho de 
fé da vitória da Sua vida ressurreta sobre a 
morte. 
Deus confiou à Igreja o bom depósito das sãs 
palavras do evangelho de Cristo, o qual deve ser 
guardado pelo Espírito Santo que em nós habita. 
É pela Palavra verdadeira do evangelho que 
Deus pode gerar vida espiritual e santidade nos 
que são salvos. Não se pode libertar, dar vida, e 
santificar a não ser por meio da verdade. E a 
verdade está em Cristo Jesus, na Palavra do 
evangelho revelada a nós. 
13 
 
Se a doutrina pregada não for a sã doutrina será 
impossível ter vidas santificadas, saudáveis 
espiritualmente, por causa da nossa pregação. 
Ao contrário, uma doutrina imperfeita 
produzirá vidas espirituais defeituosas e 
enfermas. 
Daí ser ordenado que se mantenha o depósito das 
sãs palavras, conforme foram reveladas pelo 
Senhor, a Paulo e aos demais apóstolos. 
Há virtude curativa somente na palavra que for 
verdadeiramente conforme a sã doutrina. 
A sã doutrina é portanto uma joia inestimável de 
grande valor que deve ser adequadamente 
guardada. 
Esta guarda foi confiada por Deus a todos os 
cristãos, especialmente aos ministros do 
evangelho. 
Importa portanto que este depósito da verdade 
seja preservado no testemunho das nossas 
próprias vidas santificadas por esta verdade, de 
maneira que seja guardada pura e íntegra, 
conforme convém ser e como é da vontade de 
Deus. 
Não admira que o Senhor mesmo proíba em 
tantas passagens da Bíblia que nada seja 
14 
 
acrescentado ou retirado da Sua Palavra 
revelada escrita, exatamente para que não se 
perca esta integridade e pureza. 
Aqueles que haviam apostatado da fé, não 
poderiam de modo algum preservar a pregação 
da verdade e é por isto que Paulo fez menção 
deles neste capítulo. 
Ele não queria enfatizar o fato de ter sido 
abandonado por eles, mas mostrar a Timóteo 
que há necessidade que os vasos de honra 
permaneçam como vasos de honra para 
preservação do testemunho da verdade do 
evangelho, porque não são poucos os que recuam 
na fé e se tornam por conseguinte, imprestáveis 
para os propósitos de Deus. 
Os que apostatam da fé, apostatam também da 
doutrina de Cristo. 
 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
Fidelidade na Tribulação 
 
Muitos seguem alegremente no ajuntamento 
dos cristãos na Igreja enquanto tudo está calmo. 
Porém, quando a tribulação e a perseguição vêm, 
eles recuam e já não seguem mais a Cristo. 
A Parábola do Semeador revela isto de modo 
muito claro. 
Somente aqueles que perseveram podem dar 
frutos para Deus, e em vez de recuarem na hora 
da provação, eles serão amadurecidos 
espiritualmente por ela, revelando a constância 
deles em seguir a Cristo e à Sua Palavra. 
Onesíforo foi citado por Paulo a Timóteo para 
servir como exemplo de todos estes que 
perseveram na fé, a par de todas as perseguições 
e tribulações que eles possam sofrer. 
Onesíforo demonstrou ser um cristão fiel quando 
não se envergonhou de Paulo, nem do fato dele 
estar preso em Roma aguardando o martírio. 
16 
 
Ele não viu aquilo como um fracasso ou 
insucesso de Paulo em relação à fé, e muito 
menos como derrota do evangelho de Cristo. 
Ele estava bem inteirado de que para isto mesmo 
os cristãos foram vocacionados, a saber: serem 
coparticipantes dos sofrimentos de Cristo. 
Onesíforo não demonstrou fidelidade ao 
evangelho servindo a Paulo somente em Éfeso, 
como também foi procurá-lo em Roma para dar-
lhe refrigério na prisão. 
Cristãos assim podem contar certamente com a 
recompensa e o agrado de Deus, porque 
adornam a doutrina do amor e da fidelidade do 
evangelho. 
Onesíforo havia demonstrado misericórdia para 
com Paulo e certamente acharia também 
misericórdia de Deus no dia do Julgamento, 
porque segundo a promessa do evangelho os 
misericordiosos alcançarão misericórdia, 
porque Cristo considerará todo o bem que tiver 
sido feito aos seus servos e irmãos, como tendo 
sido feito a Ele próprio, como se vê em Mt 25.40. 
 
 
 
17 
 
“1 Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade 
de Deus, segundo a promessa da vida que está em 
Cristo Jesus, 
2 A Timóteo, meu amado filho: Graça, 
misericórdia, e paz da parte de Deus Pai, e da de 
Cristo Jesus, Senhor nosso. 
3 Dou graças a Deus, a quem desde os meus 
antepassados sirvo com uma consciência pura, 
de que sem cessar faço memória de ti nas minhas 
orações noite e dia; 
4 Desejando muito ver-te, lembrando-me das 
tuas lágrimas, para que eu transborde de 
alegria; 
5 Trazendo à memória a fé não fingida que em ti 
há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e 
em tua mãe Eunice, e estou certo de que também 
habita em ti. 
6 Por cujo motivo te lembro que despertes o dom 
de Deus que existe em ti pela imposição das 
minhas mãos. 
7 Porque Deus não nos deu o espírito de temor, 
mas de fortaleza, e de amor, e de moderação. 
8 Portanto, não te envergonhes do testemunho de 
nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro 
18 
 
seu; antes participa das aflições do evangelho 
segundo o poder de Deus, 
9 Que nos salvou, e chamou com uma santa 
vocação; não segundo as nossas obras, mas 
segundo o seu próprio propósito e graça que nos 
foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos 
séculos; 
10 E que é manifesta agora pela aparição de 
nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a 
morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo 
evangelho; 
11 Para o que fui constituído pregador, e 
apóstolo, e mestre dos gentios. 
12 Por cuja causa padeço também isto, mas não 
me envergonho; porque eu sei em quem tenho 
crido, e estou certo de que é poderoso para 
guardar o meu depósito até àquele dia. 
13 Conserva o modelo das sãs palavras que de 
mim tens ouvido, na fé e no amor que há em 
Cristo Jesus. 
14 Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo 
que habita em nós. 
15 Bem sabes isto, que os que estão na Ásia todos 
se apartaram de mim; entre os quais foram 
Figelo e Hermógenes. 
19 
 
16 O Senhor concedamisericórdia à casa de 
Onesíforo, porque muitas vezes me recreou, e 
não se envergonhou das minhas cadeias. 
17 Antes, vindo ele a Roma, com muito cuidado 
me procurou e me achou. 
18 O Senhor lhe conceda que naquele dia ache 
misericórdia diante do Senhor. E, quanto me 
ajudou em Éfeso, melhor o sabes tu.” (2 Timóteo 
1) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
II Timóteo 2 
 
Fortalecidos pela Graça Para o 
Combate da Fé 
 
À luz de tudo o que havia dito no primeiro 
capítulo, Paulo exorta Timóteo conclusivamente 
a fortificar-se na graça de Jesus Cristo para que 
pudesse continuar cumprindo o seu ministério 
sem temor, naqueles dias difíceis. 
Não somente Timóteo, mas todos os ministros do 
evangelho, diante de perseguições, tribulações, 
aflições, necessitam estar fortalecidos na graça 
de Jesus, porque nada mais poderá mantê-los 
firme em tais circunstâncias. 
 É preciso ter um espírito inabalável e em paz em 
todo o tempo, e somente a graça de Jesus pode 
nos conceder esta bênção. 
Porém, para ser fortalecido pelo Senhor com a 
Sua graça, Timóteo deveria permanecer fiel na 
execução de determinados deveres, e se 
manter constante em certas atitudes que o 
apóstolo lhe recordou neste capítulo, a saber: 
21 
 
- confiar as sãs palavras da verdade que havia 
aprendido do apóstolo a outros homens fiéis que 
fossem idôneos para também as ensinarem a 
outros. 
- suportar as aflições do evangelho juntamente 
com Paulo, com a atitude de um bom soldado de 
Jesus Cristo; lembrando-se que nenhum soldado 
se envolve com negócios desta vida para poder 
agradar a quem o alistou para a guerra. 
Timóteo deveria lembrar que o reino de Deus 
possui leis próprias, e portanto, o ministro do 
evangelho somente poderá triunfar se lutar o 
bom combate da fé segundo estas normas 
espirituais relativas ao reino, assim como um 
atleta só pode ser considerado vencedor se 
competir segundo as normas. 
Um evangelista, como era Timóteo, deve 
trabalhar pacientemente como um lavrador, e 
tal como este, deve ter fruto do seu trabalho. 
Se não houver frutos, dos quais o evangelista 
deve ser o primeiro a participar, assim como o 
lavrador em sua lavoura, então algo está errado 
no trabalho que está sendo efetuado, pois não 
está recebendo da parte de Deus a bênção da 
frutificação. 
22 
 
Paulo estava encorajando Timóteo a ser 
constante e perseverante no seu trabalho, não 
confiando no seu próprio poder e capacidade, 
mas por estar fortalecido na graça de Jesus. 
Não é possível trabalhar para Deus se não 
estivermos fortalecidos pela graça. 
É preciso força para combater o bom combate da 
fé, e esta força deve ser do Senhor. 
A força do homem nada poderá fazer contra 
principados e potestades e não manterá o 
espírito firme nas aflições. 
Este fortalecimento na graça deve aumentar em 
graus, porque assim como aumentam as nossas 
tentações em número e intensidade, nós temos 
necessidade de ficarmos cada vez mais fortes em 
nossas resoluções e em nosso amor a Cristo. 
Deste modo, aqueles que confiam na sua própria 
suficiência não poderão fazer grande progresso 
no reino de Cristo. 
Há graça suficiente em Cristo para todos os 
cristãos. Muito mais do que água nos oceanos 
para os peixes. 
Paulo estava dizendo a Timóteo naquela hora 
difícil para a Igreja: Seja forte! Mas lembrou-lhe 
23 
 
que não deveria procurar esta força em si 
mesmo, senão em Cristo. 
Ele deveria ter forças para continuar treinando 
outros para levarem adiante o trabalho de 
pregação do evangelho. 
Ele deveria ordená-los, tendo o cuidado de 
observar se eram fiéis e idôneos para serem 
ordenados para pregarem a Palavra de Deus e 
cuidar da Sua Igreja. 
Timóteo deveria estar preparado para suportar 
dureza tal como um soldado de Jesus Cristo em 
combate. 
Jesus é o capitão da nossa salvação, e caso 
alguém esteja a Seu serviço, deve esperar ter que 
suportar lutas e tristezas neste mundo porque 
terá que lutar para poder se manter fiel à Sua 
vontade, e terá que se acostumar a isto se 
pretender continuar íntegro na realização do 
trabalho que faz em Seu nome. 
Assim como um soldado que se encontra em 
combate numa guerra convencional neste 
mundo, o cristão engajado no serviço do 
ministério não pode também se embaraçar com 
os negócios desta vida. 
24 
 
Isto não significa necessariamente que não deve 
trabalhar secularmente para se sustentar e à sua 
família, mas que não deve se emaranhar em suas 
atividades temporais, de maneira que não venha 
a se desviar do seu dever para com Deus. 
Todo cristão deve ter a permanente preocupação 
quanto ao que deve ser e fazer para agradar a 
Cristo. 
Deve se inteirar quanto ao que deve ser e fazer 
na Igreja. 
Contudo, deve sempre aferir se as suas atitudes 
estão agradando efetivamente a Cristo e 
cooperando para o avanço do Seu reino, em 
cooperação com a obra do Espírito Santo, ou se 
está agindo apenas para agradar à carne. 
Por isso todos os cristãos são chamados a juntar 
tesouros no céu e não na terra, porque onde 
estiver o seu tesouro ali estará também o seu 
coração. 
Se o objetivo de vida de um cristão diz respeito 
apenas às coisas deste mundo, ele não poderá, de 
modo algum, agradar ao capitão da sua salvação, 
que o tem alistado para um combate espiritual 
contra o pecado, Satanás e o mundo. 
25 
 
 Se quisermos vencer batalhas contra esta 
trindade maligna, nós temos que lutar, mas 
sempre com as armas espirituais, como se vê em 
II Cor 10.3-5. 
Se pretendermos colher frutos como o lavrador, 
temos que trabalhar. 
Se desejamos ser coroados com a coroa da vida, 
nós temos que correr a carreira espiritual que 
nos está proposta segundo as normas 
estabelecidas por Deus. 
Muitos cristãos estão empenhados numa corrida 
mas não para almejarem o prêmio da soberana 
vocação em Cristo Jesus. Assim o alvo deles não 
é o que foi proposto por Deus para que tenham 
mais de Seu Filho e Sua vontade, de maneira que 
o prêmio máximo é para aquele que ganhar mais 
do próprio Cristo. 
Esta corrida é portanto para os que são humildes 
e mansos de coração. 
É uma corrida, que caso estejamos correndo 
segundo as normas divinas, nos trará 
perseguição, privações, lutas e até mesmo em 
alguns casos, martírio, como ocorria com os 
cristãos da Igreja Primitiva. 
26 
 
Então o conselho de Paulo a Timóteo significava 
que ele deveria buscar nada além do próprio 
Cristo, e considerar, como ele, Paulo, todas as 
demais coisas como estrume para poder ganhar 
mais de Cristo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
Alimentando-se da Verdade 
 
 
Timóteo já havia servido ao evangelho por 
muitos anos juntamente com Paulo, quando este 
lhe escreveu esta epístola, e é interessante 
observar que o apóstolo lhe disse que deveria dar 
a devida atenção a tudo o que lhe estava 
escrevendo porque o Senhor lhe daria 
entendimento de todas as coisas. 
Tal como Timóteo sempre temos muito o que 
aprender de Deus. 
Um espírito humilde e submisso muito nos 
ajudará nisto. 
Por isso devemos sempre fugir do endurecimento 
do orgulho espiritual que nos incapacita a 
aprender tudo o que necessitamos da parte de 
Deus. 
Se não nos acomodarmos e se não tentarmos 
fazer com que as coisas se ajustem às nossas 
conveniências, mas se ao contrário, nos 
entregarmos inteiramente ao bom combate da fé, 
trabalhando incansavelmente na seara do 
28 
 
Senhor, e correndo a carreira que nos está 
proposta na busca da nossa santificação para a 
glória do Senhor, então Ele nos dará 
entendimento destas verdades que Paulo disse a 
Timóteo nesta epístola, e nos fará entender qual 
é o caráter da obra que devemos fazer debaixo 
do senhorio de Cristo. 
É somente Deus que pode nos dar compreensão 
das coisas espirituais, porque elas se discernem 
espiritualmente, mas se não estivermos 
compromissados com Ele, considerando 
devidamente a necessidadede nos empenharmos 
no Seu serviço, não poderemos ter os nossos 
olhos espirituais abertos para compreender o 
mundo espiritual. 
Para encorajar Timóteo a suportar os 
sofrimentos impostos pelo evangelho com 
paciência, ele lhe aconselhou a trazer em 
memória o fato de que Jesus havia ressuscitado 
dentre os mortos, e era por causa do testemunho 
desta Sua ressurreição que Paulo estava 
sofrendo trabalhos e até prisões como se fosse um 
malfeitor. 
 Cristo havia padecido grandemente e sofreu a 
terrível morte de cruz por amor aos homens, 
para que eles pudessem ser salvos e livrados do 
poder da morte, através da ressurreição. 
29 
 
Assim, os cristãos já têm triunfado sobre a morte 
por causa da morte e ressurreição de Cristo. 
Como este testemunho deve ser dado até que 
Cristo volte, para que sejam salvos pessoas de 
todas as gerações, então a Palavra de Deus nunca 
estará presa, ainda que nós estejamos presos, tal 
como Paulo se encontrava em Roma, quando 
escreveu esta epístola, aguardando o seu 
martírio. 
Cristo morreu e ressuscitou por amor aos 
escolhidos, e Paulo tudo sofria também por amor 
deles para que pudessem alcançar a salvação que 
está em Cristo Jesus, e isto deveria ser lembrado 
por Timóteo e por todos os ministros de Cristo 
para que tenham a mesma atitude de Paulo e que 
façam o mesmo que ele fazia, estando bem 
cientes de qual é a principal missão da Igreja. 
O cristão não pode portanto ficar intimidado 
ainda que seja pela morte porque já triunfou 
sobre a morte pela sua identificação com a morte 
de Cristo. 
Além da esperança da vida, há uma esperança de 
reinar em glória com Cristo para aqueles que 
sofrerem por causa do seu amor a Ele e da obra 
do evangelho, neste trabalho de salvação dos 
pecadores. 
30 
 
Cristo honrará grandemente àqueles que Lhe 
honrarem, mas negará diante de Seu Pai e dos 
santos anjos a qualquer que negar o Seu nome. 
Entretanto, por maior que seja o número 
daqueles que venham a negar o Seu nome, Ele 
jamais deixará de ser fiel em cumprir o que 
prometeu, porque não pode negar-se a si mesmo. 
 Veja que Paulo alertou a Timóteo, e a todos os 
ministros do evangelho que o dever deles é 
pregar a morte e ressurreição de Cristo para a 
salvação dos pecadores. 
Eles devem suportar sofrimentos por amor aos 
perdidos, de maneira que eles possam alcançar a 
salvação que é pela fé em Cristo Jesus. 
Nenhum ministro deve se permitir ser desviado 
deste grande objetivo e alvo de Deus para eles, 
por causa de contendas de palavras, que não 
servem para nada, senão apenas para perverter 
os seus ouvintes. 
O trabalho de um ministro do evangelho é o de 
edificar aqueles que estão debaixo do seu 
cuidado, e lhes trazer em memória aquelas coisas 
que eles já conhecem, porque este é o trabalho 
dos ministros: não falar coisas diferentes 
daquelas que pertencem ao evangelho, mas o que 
31 
 
foi revelado por Deus em Sua Palavra para a 
nossa edificação na verdade. 
 É por isso que a contenda entre ministros ou 
quaisquer cristãos por causa da interpretação do 
uso e significado de palavras, que em nada 
contribua para a pregação clara e direta do 
evangelho, é um desserviço à causa de Cristo. 
A contenda de palavras em vez de conduzir os 
ouvintes a Cristo, servirá apenas para lhes 
afastar dEle. 
Os ministros têm um trabalho a fazer e terão que 
suportar dores para realizá-lo. 
E qual é o trabalho deles? 
É principalmente compartilharem a palavra da 
verdade. Não inventarem um novo evangelho, 
mas pregarem o evangelho que foi confiado por 
Deus a eles, conforme revelado aos apóstolos que 
testemunharam a morte e ressurreição de Cristo. 
A palavra que os ministros pregam é a palavra 
da verdade, porque o Seu autor é o Deus 
verdadeiro. 
Então se requer grande sabedoria, estudo e 
cuidado para se compartilhar esta palavra da 
verdade da maneira adequada e ter a vida 
conformada a ela. Foi por isso que Paulo 
32 
 
ordenou a Timóteo que se aplicasse ao manejo 
correto da Palavra. 
Por conseguinte, todo ministro que não maneja 
bem a palavra da verdade não pode se 
apresentar aprovado diante de Deus. E ele será 
envergonhado por não estar capacitado a 
desempenhar o serviço para o qual foi 
encarregado por Ele. 
Como a obra do evangelho possui tal caráter com 
tais demandas que exigem especialmente dos 
ministros toda diligência e cautela, eles devem 
dar muita atenção a tudo aquilo que possa ser 
um obstáculo para o desempenho do trabalho 
deles, como por exemplo falatórios profanos que 
em vez de uma vida piedosa produzem 
impiedade e se espalham rapidamente como uma 
gangrena que põe a perder todo o corpo. 
Quando os erros e heresias entrarem na Igreja, 
a infecção de um se espalhará rapidamente 
infectando a muitos, tal como ocorreu com a 
heresia de Himeneu e Fileto nos dias de Paulo, 
que perverteu a fé de alguns, porque estavam 
ensinando que a ressurreição era um fato que 
pertencia ao passado porque seria, segundo eles, 
um modo alegórico de Cristo se referir à 
ressurreição espiritual relativa à conversão. 
33 
 
É verdade que há uma ressurreição espiritual, 
mas afirmar que não haverá uma real 
ressurreição do corpo é o mesmo que afirmar 
que Cristo mentiu ao fazer tal promessa à 
Igreja. 
Ao negarem a ressurreição do corpo deviam 
também estar negando qualquer recompensa 
futura pelos nossos sofrimentos por causa do 
evangelho, e isto desestimularia os cristãos na 
diligência para a santificação deles e empenho no 
serviço de Cristo. 
Apesar de todos estes abalos que são produzidos 
pelas heresias no edifício da Igreja, o seu 
fundamento permanece firme, porque a 
infidelidade e incredulidade dos homens não 
podem anular a promessa de Deus e a Sua 
vontade. 
Até mesmo importa que haja a investida do reino 
das trevas e do erro para que os cristãos fiéis 
sejam inflamados de zelo para a defesa da 
verdade, e da busca de Deus para as respostas e 
ações necessárias para se combater o erro, e com 
isto a verdade é mantida entre os cristãos; a 
saber, entre aqueles que são conhecidos de Deus, 
como sendo efetivamente participantes do Seu 
povo; e estes se desviarão da iniquidade e não se 
deixarão vencer pelo erro. 
34 
 
 Daí o apóstolo afirmar: “O Senhor conhece os 
que são seus, e qualquer que profere o nome de 
Cristo aparte-se da iniquidade.”. 
Então não se deve apenas resistir às heresias, 
como também a toda forma de iniquidade, 
porque é isto que esfria o amor. 
Quando deixamos de andar no amor, conforme 
o mandamento que temos recebido do Senhor, 
ficamos à mercê das investidas do diabo e da 
carne, e podemos até mesmo, em nome de sermos 
zelosos pelas coisas de Deus, agirmos tal como os 
fariseus, produzindo muitas dores em nossos 
irmãos em Cristo, e com isso podemos até mesmo 
impedir uma obra que o Espírito esteja fazendo 
em nosso meio. 
Logo, o dever de combater as heresias não se 
restringe apenas ao dever de manter a sã 
doutrina através de uma pregação e de um 
ensino ortodoxo, mas também e sobretudo em 
manter a disciplina ordenada por Cristo na 
Igreja. 
 
 
 
 
35 
 
 
 
Vasos Para Honra e Para Desonra 
 
 
Paulo dizia e ainda nos diz na Palavra: 
“qualquer que profere o nome de Cristo aparte-
se da iniquidade.”; e ainda: “se alguém se 
purificar destas coisas, será vaso para honra, 
santificado e idôneo para uso do Senhor, e 
preparado para toda a boa obra.”. 
Se algum cristão deseja ser um vaso de honra 
para Deus, útil em Suas santas mãos, ele terá 
portanto, obrigatoriamente, que se purificar de 
todo erro e heresia, e iniquidade, isto é, ele deve 
viver em santidade de vida, em conformidade 
com a sã doutrina. 
A Palavra é muito clara e direta quanto a isto. 
Daí as ordenanças bíblicas para que seja 
diligente na obra do Senhor, e que seja 
santificado em todo o seu espírito, alma e corpo, 
como se vê em I Tes 5.23. 
Todosos cristãos devem ser vasos de honra para 
Deus e não de desonra, mas para tanto é 
36 
 
necessário que se submetam ao dever que lhes é 
imposto de se separarem da iniquidade e de se 
purificarem. 
Por isso até mesmo os cristãos mornos de 
Laodiceia são admoestados por Cristo para que 
se arrependam e se santifiquem comprando 
colírio, ouro refinado e vestes alvas em Suas 
mãos. 
Este preço que Cristo lhes cobra para a 
santificação deles é o preço da consagração, e de 
se submeterem à disciplina do Espírito Santo, 
que é necessária para que sejam santificados, 
nesta disposição de se separarem da iniquidade 
para que possam ser úteis para Deus e honrarem 
o Seu santo nome. 
Nenhum cristão tem concessão da parte do 
Senhor para que não se santifique e deixe de se 
consagrar à Sua vontade, seja a que pretexto for. 
Este é um dever comum imposto a todos os filhos 
de Deus porque foram salvos para serem 
santificados pelo Espírito. 
Os vasos de honra de ouro e de prata, citados por 
Paulo, são aqueles que se santificaram, se 
purificaram, e que se permitiram ser preparados 
por Deus para um uso idôneo em toda a boa 
obra. 
37 
 
Os vasos de madeira e de barro que são para 
desonra são aqueles que não têm se santificado e 
que desta forma nunca poderão ser achados 
agindo de maneira efetiva e contínua, de maneira 
idônea, sendo usados por Deus. 
Estes são chamados de vasos para desonra 
porque não trarão honra ao Senhor, senão 
desonra. 
Há alguns ministros que são como vasos de 
madeira e barro, eles são vasos para desonra. 
Entretanto há vasos de ouro e prata que são para 
honra, que foram santificados para uso do Seu 
Mestre. 
Quando nós estivermos desanimados pela 
iniquidade de alguns, nós temos que nos 
encorajar ao considerar a piedade de outros. 
Entretanto, todos ministros deveriam cuidar 
para serem achados como vasos de honra, 
purificando-se dos erros apontados pelo 
apóstolo, de maneira que possam ser usados para 
a honra do Seu Mestre. 
A santificação do coração é a nossa preparação 
para toda boa obra. 
A árvore deve ser feita boa, e então o fruto será 
bom. 
38 
 
Por isso Paulo advertiu Timóteo especificamente 
para se guardar das paixões da mocidade. 
Apesar de Timóteo ser um homem santo que 
estava crucificado para o mundo e o mundo para 
ele, Paulo achou necessário alertá-lo quanto ao 
perigo das paixões a que estão mais sujeitos os 
jovens do que as pessoas idosas. 
E um dos modos de se combater estas paixões é 
fugir delas, isto é, das fontes de tentação; mas isto 
não é tudo, porque é necessário sobretudo seguir 
a justiça, a fé, o amor e a paz, na comunhão com 
aqueles que invocam ao Senhor com um coração 
puro. 
Nenhum pastor se iluda portanto pensando que 
poderá contribuir para o aperfeiçoamento 
espiritual dos jovens que estão debaixo do seu 
cuidado sem incentivá-los à santificação de suas 
vidas, e sem o hábito de se congregarem para 
buscarem ao Senhor com um coração puro, que 
seja efetivamente governado pela justiça, pela fé, 
pelo amor e pela paz. 
Paulo recomendou a Timóteo que além de todos 
estes cuidados ele deveria também rejeitar 
completamente as questões insensatas e 
absurdas, porque Timóteo já sabia o quanto elas 
produzem contendas; e a missão do servo do 
Senhor não é a de contender. 
39 
 
Ao contrário, deve ser manso para com todos, 
estando capacitado a ensiná-los suportando 
sofrimentos pacientemente, e instruindo com 
mansidão os que resistem à verdade, ficando na 
expectativa se Deus lhes concederá 
arrependimento para poderem conhecer a 
verdade, e serem despertados do sono espiritual 
ao qual foram conduzidos pelo diabo, por terem 
sido aprisionados por ele para fazerem a sua 
vontade. 
Nós vemos portanto, que as perguntas que geram 
contendas devem ser rejeitadas, mas com 
mansidão, e estando o ministro pronto a 
suportar o sofrimento que advém da observação 
da ignorância e endurecimento daqueles que 
estão debaixo do seu ministério. 
Não são poucos os que na Igreja, de um modo ou 
de outro, se encontram aprisionados ainda à 
vontade do diabo, por não terem um 
conhecimento e prática corretos da verdade; pois 
que no sono espiritual a que foram induzidos 
pelo seu endurecimento, tornaram-se 
incapacitados de discernir a verdade, porque 
coisas espirituais são discernidas apenas por 
quem é espiritual e não carnal. 
Mas o ministro é chamado a ser paciente para 
com estes, instruindo-os com mansidão para 
ajudá-los a encontrarem ocasião de 
40 
 
arrependimento da parte de Deus, de maneira 
que possam ser despertados espiritualmente. 
Há vários espíritos enganadores atuando no 
mundo ensinando especialmente doutrinas de 
homens e de demônios, com o intuito de afastar 
os cristãos do conhecimento e da prática da 
verdade. 
Chegaria uma época, conforme o apóstolo 
prosseguiria instruindo Timóteo, logo no início 
do capítulo seguinte, que sobreviriam tempos 
difíceis e os homens se recusariam dar ouvidos à 
sã doutrina e se entregariam às fábulas 
inventadas por estes espíritos enganadores. 
Estes dias são chegados em maior intensidade, a 
nós, pelas coisas que temos observado na Igreja. 
Portanto, de quanto mais paciência e mansidão 
necessitam os ministros do evangelho, no trato 
com as pessoas, nestes dias difíceis! 
Muito mais eles dependerão de estarem 
fortalecidos na graça de Jesus, para que possam 
prevalecer contra os enganos do diabo, e da 
sonolência e encantamento sedutor que ele 
produz no meio da Igreja. 
De quanta capacitação da graça e do Espírito 
Santo eles não necessitarão para poderem 
41 
 
ensinar a verdade, instruindo estas pessoas que 
resistem à verdade, por estarem presas aos laços 
do diabo! 
É de fato uma batalha terrível, e por isso Paulo a 
chama de bom combate da fé. 
É bom porque é uma guerra para um bom e 
elevado propósito, a saber, desprender as 
pessoas das garras do diabo, e despertá-las do 
sono de morte espiritual ao qual ele as conduziu. 
Os pastores devem estar portanto conscientes 
que têm o dever que lhes é imposto por Deus de 
serem mansos para com todos, inclusive em 
relação àqueles que resistem à verdade. 
Eles devem ser instruídos com mansidão porque 
o nosso Mestre é manso e humilde de coração. 
Portanto, através do nosso próprio exemplo 
pessoal eles aprenderão na prática, qual é o 
verdadeiro caráter de Cristo. 
Este é o modo de se carregar a verdade em sua 
luz e poder, vencendo o mal com o bem. 
 O ministério do evangelho é de restauração, de 
renovação, de despertamento, e portanto estes 
que se opõem são também objeto do evangelho, 
porque quando eles se arrependem e são 
42 
 
despertados e renovados, isto traz muita glória 
ao Senhor Jesus. 
 
“1 Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que 
há em Cristo Jesus. 
2 E o que de mim, entre muitas testemunhas, 
ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam 
idôneos para também ensinarem a outros. 
3 Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom 
soldado de Jesus Cristo. 
4 Nenhum soldado em serviço se envolve com 
negócios desta vida, a fim de agradar àquele que 
o alistou para a guerra. 
5 Igualmente o atleta não é coroado se não lutar 
segundo as normas. 
6 O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a 
participar dos frutos. 
7 Considera o que digo, porque o Senhor te dará 
entendimento em tudo. 
8 Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da 
descendência de Davi, ressuscitou dentre os 
mortos, segundo o meu evangelho; 
43 
 
9 Por isso sofro trabalhos e até prisões, como um 
malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa. 
10 Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, 
para que também eles alcancem a salvação que 
está em Cristo Jesus com glória eterna. 
11 Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, 
também com ele viveremos; 
12 Se sofrermos, também com ele reinaremos; se 
o negarmos, também ele nos negará; 
13 Se formos infiéis,ele permanece fiel; não pode 
negar-se a si mesmo. 
14 Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes 
diante do Senhor que não tenham contendas de 
palavras, que para nada aproveitam e são para 
perversão dos ouvintes. 
15 Procura apresentar-te a Deus aprovado, como 
obreiro que não tem de que se envergonhar, que 
maneja bem a palavra da verdade. 
16 Mas evita os falatórios profanos, porque 
produzirão maior impiedade. 
17 E a palavra desses roerá como gangrena; 
entre os quais são Himeneu e Fileto; 
44 
 
18 Os quais se desviaram da verdade, dizendo 
que a ressurreição era já feita, e perverteram a 
fé de alguns. 
19 Todavia o fundamento de Deus fica firme, 
tendo este selo: O Senhor conhece os que são 
seus, e qualquer que profere o nome de Cristo 
aparte-se da iniquidade. 
20 Ora, numa grande casa não somente há vasos 
de ouro e de prata, mas também de pau e de 
barro; uns para honra, outros, porém, para 
desonra. 
21 De sorte que, se alguém se purificar destas 
coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo 
para uso do Senhor, e preparado para toda a boa 
obra. 
22 Foge também das paixões da mocidade; e 
segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, 
com um coração puro, invocam o Senhor. 
23 E rejeita as questões loucas, e sem instrução, 
sabendo que produzem contendas. 
24 E ao servo do Senhor não convém contender, 
mas sim, ser manso para com todos, apto para 
ensinar, sofredor; 
45 
 
25 Instruindo com mansidão os que resistem, a 
ver se porventura Deus lhes dará 
arrependimento para conhecerem a verdade, 
26 E tornarem a despertar, desprendendo-se dos 
laços do diabo, em que à vontade dele estão 
presos.”. (2 Timóteo 2) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
 
Livrando-se dos Laços do Inimigo 
 
Não são poucos os que na Igreja, de um modo 
ou de outro, se encontram aprisionados ainda à 
vontade do diabo, por não terem um 
conhecimento e prática corretos da verdade; pois 
que no sono espiritual a que foram induzidos 
pelo seu endurecimento, tornaram-se 
incapacitados de discernir a verdade, porque 
coisas espirituais são discernidas apenas por 
quem é espiritual e não carnal. 
Mas o ministro é chamado a ser paciente para 
com estes, lhes instruindo com mansidão, para 
ajudá-los a encontrarem ocasião de 
arrependimento da parte de Deus, de maneira 
que possam ser despertados espiritualmente. 
Há vários espíritos enganadores atuando no 
mundo ensinando especialmente doutrinas de 
homens e de demônios, com o intuito de afastar 
os cristãos do conhecimento e da prática da 
verdade. 
Chegaria uma época, conforme o apóstolo 
prosseguiria instruindo Timóteo, logo no início 
do capítulo seguinte, que sobreviriam tempos 
47 
 
difíceis e os homens se recusariam a dar ouvidos 
à sã doutrina, e se entregariam às fábulas 
inventadas por estes espíritos enganadores. 
Estes dias são chegados em maior intensidade, a 
nós, pelas coisas que temos observado na Igreja. 
Portanto, de quanto mais paciência e mansidão 
necessitam os ministros do evangelho, no trato 
com as pessoas, nestes dias difíceis! 
Muito mais eles dependerão de estarem 
fortalecidos na graça de Jesus, para que possam 
prevalecer contra os enganos do diabo, e da 
sonolência e encantamento sedutor que ele 
produz no meio da Igreja. 
De quanta capacitação da graça e do Espírito 
Santo eles não necessitarão para poderem 
ensinar a verdade, instruindo estas pessoas que 
lha resistem, por estarem presas aos laços do 
diabo! 
É de fato uma batalha terrível, e por isso Paulo a 
chama de bom combate da fé. 
É bom porque é uma guerra para um bom e 
elevado propósito, a saber, desprender as 
pessoas das garras do diabo, e despertá-las do 
sono de morte espiritual ao qual ele as conduziu. 
48 
 
Os pastores devem estar portanto conscientes 
que têm o dever que lhes é imposto por Deus de 
serem mansos para com todos, inclusive em 
relação àqueles que resistem à verdade. 
Eles devem ser instruídos com mansidão porque 
o nosso Mestre é manso e humilde de coração. 
Portanto, através do nosso próprio exemplo 
pessoal eles aprenderão na prática, qual é o 
verdadeiro caráter de Cristo. 
Este é o modo de se carregar a verdade em sua 
luz e poder, vencendo o mal com o bem. 
 O ministério do evangelho é de restauração, de 
renovação, de despertamento, e portanto estes 
que se opõem são também objeto do evangelho, 
porque quando eles se arrependem e são 
despertados e renovados, isto traz muita glória 
ao Senhor Jesus. 
 
 
 
 
 
49 
 
 
Quando a Perseguição é Motivo de 
Alegria 
 
O fato de ser perseguido por causa de se viver 
piamente em Cristo, ou até mesmo pelo desejo 
de se viver de tal maneira, não é um privilégio 
para os ministros do evangelho, mas 
para todos os cristãos. 
Jesus disse que o mundo de ímpios odiaria os 
seus discípulos tanto quanto lhe havia odiado. 
É esta semelhança com Cristo que dispara as 
perseguições do inferno. 
Então isto não deve ser motivo de tristeza, mas 
de regozijo, porque se há esta perseguição, é 
porque estamos agradando ao Senhor e vivendo 
como Seus imitadores. 
Ele disse que bem-aventurados seríamos se 
fôssemos perseguidos por causa do nosso amor 
à justiça do reino de Deus, e que disto redundaria 
um grande galardão no céu. 
Mas estes homens maus e enganadores aos quais 
o apóstolo se referiu no início deste 3º capítulo 
50 
 
iriam de mal para pior, em vez de terem 
qualquer boa recompensa prometida a eles, e 
continuariam, por lhes faltar a graça de Deus em 
suas vidas, enganando a muitos e sendo também 
enganados, porque estão presos aos laços do 
diabo que é o pai da mentira e do engano. 
À vista de tal operação do engano Timóteo 
deveria se guardar de tudo isto permanecendo 
fiel ao que havia aprendido, e ter a firme 
convicção de quem havia aprendido, porque fora 
instruído pelo próprio Espírito Santo, e também 
pela instrumentalidade do apóstolo, que havia 
aprendido o evangelho não de homem algum, 
mas diretamente de Jesus Cristo. 
Timóteo teve esta verdade que aprendera por 
confirmada porque desde pequenino havia 
aprendido as sagradas Escrituras aos pés de sua 
mãe e avó, que eram mulheres piedosas e 
tementes a Deus. 
A verdadeira sabedoria relativa à salvação que 
está em Cristo Jesus é somente obtida pelo 
conhecimento correto das sagradas Escrituras. 
A garantia desta certeza reside no fato de que 
toda a Escritura sagrada foi inspirada por Deus, 
e é daí que decorre, por ser a Palavra da verdade, 
a sua utilidade para ensinar, redarguir, corrigir 
e instruir em justiça, de maneira que o 
51 
 
servo de Deus seja aperfeiçoado 
espiritualmente até a plena 
maturidade, de maneira que estando 
perfeitamente instruído na verdade divina, seja 
habilitado a realizar toda boa obra. 
Em suma, o que Paulo queria deixar bem claro 
para Timóteo, é que sofrimentos e perseguições 
debaixo do evangelho não provam o insucesso do 
ministério, ao contrário, comprovam se o 
trabalho é genuinamente de Deus, por que toda 
obra verdadeira procedente dEle sempre terá 
esta marca de perseguições, que os verdadeiros 
ministros atestarão com a paciência e 
longanimidade deles em seus sofrimentos, 
comprovando com isto o verdadeiro amor deles 
pela causa de Cristo, e que não estão afinal Lhe 
servindo por interesse, mas por obediência 
voluntária e fiel. 
Os verdadeiros ministros tudo suportarão por 
amor a Cristo e para que o nome dEle seja 
exaltado, honrado e glorificado. E para isto, não 
importará se o próprio nome deles for injuriado, 
infamado, desonrado, porque afinal não estão 
buscando a própria honra deles, mas a do Seu 
Mestre e Senhor. 
 
 
52 
 
“1 Sabe, porém, isto: que nos últimos dias 
sobrevirão tempos trabalhosos. 
2 Porque haverá homens amantes de si mesmos, 
avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, 
desobedientes a pais e mães, ingratos,profanos, 
3 Sem afeto natural, irreconciliáveis, 
caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor 
para com os bons, 
4 Traidores, obstinados, orgulhosos, mais 
amigos dos deleites do que amigos de Deus, 
5 Tendo aparência de piedade, mas negando a 
eficácia dela. Destes afasta-te. 
6 Porque deste número são os que se introduzem 
pelas casas, e levam cativas mulheres néscias 
carregadas de pecados, levadas de várias 
concupiscências; 
7 Que aprendem sempre, e nunca podem chegar 
ao conhecimento da verdade. 
8 E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, 
assim também estes resistem à verdade, sendo 
homens corruptos de entendimento e réprobos 
quanto à fé. 
53 
 
9 Não irão, porém, avante; porque a todos será 
manifesto o seu desvario, como também o foi o 
daqueles. 
10 Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, 
modo de viver, intenção, fé, longanimidade, 
amor, paciência, 
11 Perseguições e aflições tais quais me 
aconteceram em Antioquia, em Icônio, e em 
Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de 
todas me livrou; 
12 E também todos os que piamente querem 
viver em Cristo Jesus padecerão perseguições. 
13 Mas os homens maus e enganadores irão de 
mal para pior, enganando e sendo enganados. 
14 Tu, porém, permanece naquilo que 
aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de 
quem o tens aprendido, 
15 E que desde a tua meninice sabes as sagradas 
Escrituras, que podem fazer-te sábio para a 
salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. 
16 Toda a Escritura é divinamente inspirada, e 
proveitosa para ensinar, para redarguir, para 
corrigir, para instruir em justiça; 
54 
 
17 Para que o homem de Deus seja perfeito, e 
perfeitamente instruído para toda a boa obra.”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
 
II Timóteo 3 
 
Tempos Trabalhosos 
 
O início deste capítulo está em conexão com o seu 
final, porque o mal que é referido no início tem o 
seu único antídoto na afirmação que é feita no 
final do capítulo, a saber, somente poderão 
prevalecer com Deus nos últimos dias 
trabalhosos de iniquidade, aqueles que têm sido 
aperfeiçoados espiritualmente pelo ensino das 
sagradas Escrituras. 
Somente aqueles que permanecerem na Palavra 
de Cristo poderão ter suas vidas edificadas sobre 
a Rocha. 
Timóteo não deveria estranhar o fato de haver 
na Igreja pessoas ruins, porque na rede do 
evangelho vêm tanto peixes bons quanto ruins, 
como se vê em Mt 22.47, 48. 
Jesus havia alertado os primeiros discípulos 
quanto ao fato de que se levantariam falsos 
profetas sedutores na Igreja, e que o Inimigo 
plantaria o seu joio nela, e nem por 
56 
 
isso deveríamos ficar ofendidos com isto, 
pensando mal da verdadeira Igreja. 
Sempre há muita escória misturada ao ouro que 
não foi completamente refinado, e sempre há joio 
e palha misturados aos grãos de trigo, que estão 
sendo peneirados. 
Então Timóteo deveria estar preparado e 
armado em seu pensamento quanto às coisas que 
deveria suportar com paciência e mansidão no 
seu trabalho de evangelista. 
Quando as pessoas passam a ter as 
características apontadas por Paulo no início 
deste 3º capítulo, pode ser dito que se trata de 
uma época difícil, porque exigirá Reforma na 
Igreja. 
Sendo dias de Reforma, serão dias trabalhosos 
que exigirão dos ministros muito poder em graça 
e paciência para a realização do trabalho deles. 
Eles se espantarão com a facilidade com que as 
pessoas serão visitadas pelo poder de Deus na 
Igreja, para logo depois saírem dando um mau 
testemunho, porque suas vidas não foram 
reformadas pela verdade. 
Se eles se opõem à sã doutrina, como poderão ser 
restaurados e renovados por Deus? 
57 
 
Como poderão ser santificados pelo Espírito 
Santo ainda que ouçam bons sermões que lhes 
ensine a verdade, caso não se disponham a se 
consagrarem ao Senhor? 
De que adiantará ouvirem sermões se não estão 
dispostos a aplicar a verdade em suas vidas e 
lares? 
Então a consequência inevitável será a descrita 
por Paulo no início deste capítulo, onde se vê não 
apenas a desordem pessoal, mas inclusive a dos 
lares. 
É importante frisar que a expressão "últimos 
dias" usada por Paulo se refere à última 
dispensação que é a do evangelho. 
São portanto, os dias do evangelho, e 
evidentemente à medida que o tempo passasse as 
condições difíceis se agravariam porque 
Jesus disse que a iniquidade se multiplicaria no 
tempo do fim. 
Paulo deixou Timóteo bem inteirado do fato de 
que até mesmo os dias do evangelho seriam dias 
trabalhosos e perigosos. 
Que ele não ficasse portanto na expectativa de 
que haveria uma época dourada na terra, onde 
a verdade prevaleceria completamente 
58 
 
pela pregação do evangelho, porque isto não 
ocorrerá a não ser quando da volta do Senhor 
com grande poder e glória. 
Não será portanto a Igreja com o trabalho de 
evangelização, que trará paz e segurança 
eternas ao mundo, mas o próprio Senhor, pela 
força do Seu grande poder, quando da Sua 
segunda vinda. 
Isto é muito importante de ser dito porque assim 
nenhum ministro criará falsas expectativas de 
que chegará o dia em que pelo seu trabalho, terá 
paz perfeita na Sua Igreja, e paz perfeita no 
mundo pelo trabalho de todos os demais 
ministros do evangelho. 
Ao contrário, antes que Cristo volte, a tendência 
é de que as dificuldades se multipliquem, e os 
ministros devem estar bem conscientizados disto, 
e não é por acaso que o conteúdo de textos 
como este desta epístola, seja encontrado como 
um alerta em várias passagens das Escrituras. 
O propósito do Espírito Santo ao nos ter 
revelado estas coisas não é o de gerar 
pessimismo, mas um posicionamento firme para 
perseverar no trabalho sabendo contra que tipo 
de inimigo teremos que lutar. 
59 
 
Não é um inimigo do qual poderemos nos livrar 
definitivamente até que Cristo volte. 
É um inimigo contra o qual devemos nos 
prevenir, de maneira a não perdermos a nossa 
paciência e mansidão pelo fato de vermos que ele 
sempre se fará presente na Igreja até que Cristo 
volte. 
A propósito, os próprios pastores devem olhar 
por si mesmos, como Paulo disse aos presbíteros 
de Éfeso em At 20.28, isto é, eles devem cuidar e 
vigiar para não caírem eles próprios da sua 
firmeza de fé, em face destes dias trabalhosos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
60 
 
 
Corrupção na Própria Igreja 
 
Observe que Paulo não diz que viriam tempos 
difíceis porque os ímpios do mundo tentariam 
acabar com a Igreja de Cristo na terra, mas por 
causa de pessoas com aparência de piedade, mas 
que no entanto negam a sua eficácia, na prática 
das suas vidas ímpias. 
Falsa religiosidade é o que está sendo enfocado 
nesta passagem. Pessoas que gostam de ouvir 
sermões. Que oram, jejuam, frequentam os 
cultos de adoração pública regularmente, mas 
que no final de tudo vivem deliberadamente na 
prática do pecado. 
Elas não colocam por prática o que ouvem, e na 
verdade não podem entender o verdadeiro 
significado espiritual das coisas que ouvem 
porque elas não têm verdadeiro temor do Senhor 
e da Sua Palavra. Elas não vivem para honrar a 
Deus, mas para buscar o que é do próprio 
interesse delas. 
Paulo estava dizendo a Timóteo e a todos 
os ministros fiéis do evangelho que sempre 
haverá tais pessoas na Igreja, e que eles devem 
61 
 
cuidar para que não sejam enganados e 
influenciados por elas. 
Elas devem ser instruídas com a mansidão da 
pomba, mas deve-se ter a prudência da serpente 
no relacionamento com elas, sabendo a quem 
elas estão servindo de fato: a si mesmas, aos seus 
próprios interesses egoístas, ao orgulho e 
avareza delas, pelo que são, presunçosas, 
caluniadoras, ingratas, profanas, sem afeto 
natural, incontinentes, cruéis, traidoras, 
obstinadas, sem amor aos que se santificam. 
Elas são irreconciliáveis porque não podem ser 
apaziguadas com argumentos espirituais,porque são carnais. Caso não experimentem um 
verdadeiro arrependimento produzido pelo 
poder do Espírito em seus corações, não se pode 
ter comunhão com tais pessoas. 
Quando os dias são difíceis, os filhos são 
desobedientes aos pais porque não têm qualquer 
obediência a Deus. Eles não honram a Deus, e 
por conseguinte não sabem o que é o 
mandamento de honrar os pais. 
São traidores porque não conhecem e não se 
importam com a causa da justiça e da verdade. 
62 
 
São obstinados porque sempre estão procurando 
fazer a sua própria vontade e não a vontade do 
Senhor. 
Eles serão achados na Igreja em muito ativismo 
com aparência de piedade, mas não estão 
trabalhando de fato impulsionados, pelo amor 
do Espírito Santo, porque não possuem tal amor 
sobrenatural em seus corações, e assim, tudo o 
que eles fazem sempre será na energia da carne, 
porque vivem segundo a inclinação da carne, e 
não conhecem o que é seguir o pendor do 
Espírito. 
Por isso o conselho de Paulo a Timóteo é curto 
e direto: "Destes afasta-te". Porque são 
irreconciliáveis. 
Eles nunca poderão aprender acerca da verdade 
enquanto estiverem entregues à sua obstinação 
de viverem para fazer a própria vontade deles. 
São como Janes e Jambres, os magos egípcios 
que resistiam a Moisés, que viram os sinais e 
maravilhas de Deus e mesmo assim não se 
arrependeram das suas mistificações e 
ilusionismos. 
Dentre os que aprendem sempre e nunca podem 
chegar ao conhecimento da verdade estão 
aqueles que consagraram suas mentes, talentos e 
63 
 
tempo a Deus, mas não os seus corações. Eles não 
permitem que Ele seja o Senhor dos seus 
espíritos. 
Estes que resistem à verdade podem ouvir 
milhares de sermões e não colocarão uma única 
linha em prática. 
Não será por ouvirem o evangelho que eles 
renunciarão ao ego, negando-se a si mesmos, 
pela operação da cruz. 
Eles poderão até concordar que isto seja 
necessário para seguir a Cristo, mas não se 
disporão a colocá-lo em prática, porque amam 
mais a si mesmos do que amam a Deus. 
Eles estão apegados às suas vidas e pensam que 
podem ter a vida de Cristo apesar deste apego ao 
modo deles de viver pelas paixões da alma, com 
seus sentimentos, vontades e emoções, que 
sempre lhes arrastam a um viver que seja 
contrário a tudo que é da vontade de Deus 
revelada na Bíblia. 
Quanto dano estas pessoas produzem à 
progressão do evangelho! No entanto a 
ordenança é que sejam instruídas com mansidão. 
Dois traidores numa guarnição podem produzir 
mais feridos nela do que mil sitiadores. 
64 
 
Estes traidores não são propriamente apenas de 
pessoas, mas sobretudo da causa do evangelho. 
Eles são usados pelo Inimigo para deter o avanço 
de uma obra do Espírito. 
Lembremos que a luta espiritual não é contra a 
carne e o sangue. 
Não são propriamente pessoas que são os alvos 
destes traidores, mas a própria causa da 
verdade. É a causa do Senhor que eles estão 
traindo. 
 É a estratégia de Satanás de plantar o joio na 
Igreja. 
Eles permanecerão ali sentados em seus bancos, 
prontos para produzir dúvidas nos cristãos 
imaturos, e a tentar fazer com que os maduros 
percam a paciência. 
Endurecidos em suas convicções, incapazes de 
conhecerem a verdade, mas produzindo sérios 
danos por serem instrumentos de Satanás. 
E o que devem fazer os ministros? 
Cruzarem os braços? 
Darem de ombros? 
65 
 
Darem-se por vencidos? 
Tentarem ignorar o mal? 
Não! Mil vezes não! 
Eles não devem ficar abalados por estas coisas e 
devem prosseguir adiante com o trabalho fiel 
deles de pregar e ensinar a verdade. 
Eles devem se empenhar em santificarem cada 
vez mais as suas próprias vidas porque quando 
a corrupção do pecado torna-se geral é muito 
mais difícil manter a nossa integridade pessoal 
no meio desta corrupção geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
66 
 
 
Desviando os Corações Incautos 
 
É preciso estar em alerta quanto às pessoas que 
amam a si mesmas com um amor irregular que 
em vez de se aplicarem às coisas que são boas 
para a edificação da Igreja, pensam somente nos 
seus próprios interesses egoístas. 
Não se pode esperar o bem destes que não amam 
a Deus de todo o seu coração. 
Eles lutarão para conquistar e manter aquilo que 
desejam alcançar com as suas cobiças. 
Eles podem até alegar que aquilo que buscam 
fazer é para a glória de Deus e para o bem da 
Igreja, mas na verdade é apenas busca de 
satisfação dos seus desejos carnais, e que 
portanto tem a ver apenas com a própria 
vontade deles. 
O que é nascido da carne é carne, isto é, não 
se pode obter uma verdadeira vida espiritual de 
um procedimento carnal. 
Por isso aqueles que têm aparência de piedade, 
mas que negam a sua eficácia, poderão arrastar 
a outros debaixo da sua liderança sedutora e 
67 
 
desviada da verdade, mas os seus prosélitos serão 
sobrecarregados de pecados tal como eles, 
especialmente as mulheres que se deixam 
persuadir mais pelos sentimentos e emoções do 
que os homens. 
Estes líderes persuasivos costumam visitar as 
pessoas em seus lares não para pregar e ensinar 
a sã doutrina, mas para persuadi-las de maneira 
impressiva, com apelos sentimentais e emotivos. 
Procuram serem agradáveis em tudo para 
conquistar os corações incautos. 
Nunca pregarão o escândalo da cruz para a 
reforma da vida, mas baratearão a graça e o 
favor de Deus prometendo e profetizando 
bênçãos independentemente do modo de vida 
dos seus ouvintes. 
Isto certamente produz efeitos muito agradáveis 
à carne, mas deixa os ouvintes tanto quanto o 
orador, na mesma condição espiritual decaída 
em que se encontravam dantes, porque não pode 
haver vida espiritual verdadeira onde não for 
ensinada e acolhida a verdade. 
Esta resistência à verdade produz pessoas 
corruptas de entendimento e reprovadas quanto 
à fé. 
68 
 
Mas se estas pessoas são confrontadas por um 
ministério fiel e verdadeiro, tal como era o caso 
do ministério de Timóteo, logo se manifesta o 
desvario delas e elas já não podem ir mais 
adiante com suas falsificações e omissões da 
verdade porque a todos será manifestado o seu 
desatino, assim como se deu com Janes 
e Jambres por causa da sustentação do 
testemunho de Deus por Moisés. 
Importa pois que os ministros do evangelho 
permaneçam fiéis em seu dever de expor a 
verdade em vidas santificadas, porque isto revela 
aos membros da Igreja quem são aqueles que 
estão vivendo segundo a carne e procurando 
agradar às pessoas, também na carne. 
Timóteo tinha aprendido estas coisas no próprio 
exemplo do apóstolo Paulo, pelo testemunho 
irrepreensível da sua vida, quanto à sã doutrina, 
modo de viver, intenção, fé, 
longanimidade, amor, paciência, sobretudo nas 
perseguições e aflições que Timóteo havia 
testemunhado em sua vida, especialmente 
aquelas que ele havia sofrido em Antioquia, 
Icônio e Listra, que era a região onde Timóteo 
residia, e na qual fora ganho por Paulo para o 
evangelho de Cristo. 
Timóteo havia testemunhado também como o 
Senhor havia livrado Paulo de todas aquelas 
69 
 
perseguições, e isto deveria servir para encorajá-
lo a dar prosseguimento à obra de pregação do 
evangelho ainda que Paulo viesse a sofrer o 
martírio que estava prestes a padecer, porque 
assim como o Senhor havia livrado o apóstolo até 
aquele ponto, Ele também livraria Timóteo até 
que ele tivesse cumprido totalmente o seu 
ministério, tal como fizera com Paulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
70 
 
 
II Timóteo 4 
 
Testemunho Fiel 
 
Este capítulo é o fechamento da epístola. 
Nele é como se Paulo estivesse dizendo: “Bem, 
em face tudo o que eu te falei até aqui Timóteo, 
nesta minha carta, então você deve...”; e ele fez 
isto debaixo de uma exortação solene a que se 
comprometesse a fazer tudo o que lhe seria 
ordenado agora, em razão de todos os 
argumentos e verdadesque lhes haviam sido 
apresentados até este ponto. 
A palavra para “conjuro” no original grego é 
diamartiromai, uma palavra composta pela 
preposição diá, que significa por meio de, 
mediante, através de, e martiromai, que significa 
testemunhar, testificar, exortar energicamente. 
Cabe destacar que a palavra testemunha é 
traduzida do grego mártir, revelando qual é o 
caráter do testemunho cristão, isto é, até ao 
martírio, se necessário for. 
71 
 
O próprio Paulo estava à porta do martírio sob 
Nero e ele afirma que estava perto o dia da sua 
partida para o Senhor. 
É até mesmo provável que ele soubesse o dia que 
havia sido marcado para a sua execução, e qual 
é o testemunho deste grande homem de Deus? 
De completa firmeza e serenidade diante do 
martírio que ele estava convicto que sofreria, 
tanto que desta vez não pediu que ninguém 
orasse por ele para que fosse livrado da prisão ou 
da morte, tal como havia feito antes em suas 
epístolas de Ef, Fp, Col e Fm, que havia escrito 
na sua primeira prisão em Roma e da qual havia 
sido efetivamente posto em liberdade. 
Mas agora ele se sujeita inteiramente à vontade 
de Deus, sabendo que havia terminado o seu 
ministério e que deveria morrer daquela 
maneira para que o nome do Senhor fosse 
glorificado no seu testemunho de firmeza na fé 
diante da morte. 
Isto serviria para encorajar a muitos cristãos nas 
perseguições que eles sofreriam debaixo 
especialmente do Império Romano, por quase 
três séculos, depois da morte de Paulo. 
Homens de Deus de verdade não se intimidam 
diante das grandes aflições que eles sofrem. 
72 
 
Tal como Davi no passado, quando perseguido 
por todo Israel com Absalão, Paulo manteve 
tranquilidade de espírito o bastante, e firmou-se 
inteiramente no Senhor para continuar 
deliberando a realização das coisas que eram 
necessárias para o triunfo da causa da justiça, 
como nós vemos particularmente neste 4º 
capítulo, nas instruções que deu a Timóteo em 
relação aos interesses de Cristo e da Sua Igreja, 
ainda que debaixo daquela grande aflição, 
enquanto aguardava na prisão a execução da sua 
sentença de morte. 
Funções seculares neste mundo podem ser 
abandonadas e negligenciadas, mas ai do 
ministro de deixar de pregar fielmente o 
evangelho, por causa de sofrimentos ou por 
quaisquer motivos pessoais! 
Eles sabem que terão que prestar contas a Deus 
no dia do Juízo de tudo que fizeram em 
cumprimento da chamada deles para serem 
ministros da Palavra. 
Eles sabem que pesa sobre eles esta 
responsabilidade que foi colocada em seus 
ombros não por homem algum, mas pelo próprio 
Deus. 
73 
 
É por isso que não se permitirão descansar até o 
dia da sua morte, quando ao desencargo fiel da 
missão que receberam da parte do Senhor. 
Paulo não estava ensinando a Timóteo algo que 
ele não soubesse ainda, mas lembrando qual era 
o seu dever para com o Senhor na condição de 
evangelista e ministro da Palavra. 
Não é uma função para o nosso aprazimento, 
diversão ou algo de que poderemos abrir mão a 
nosso bel-prazer, mas um dever do qual teremos 
que prestar contas a Deus. 
Somente Ele que nos investiu neste sagrado 
encargo poderá nos isentar do nosso dever, mas 
Ele não fará isto porque seus dons e vocação são 
irrevogáveis. 
Por isso haverá prestação de contas de tudo o que 
fizermos em relação à nossa chamada. 
Paulo conhecia o temor do Senhor e este era um 
dos grandes motivos de toda a sua fidelidade e 
perseverança. 
Ele sabia que haverá um dia de prestação de 
contas no Tribunal de Cristo, e pretendia fazer 
isto com alegria e não gemendo. 
São suas palavras em II Cor 5.10,11: 
74 
 
“Porque é necessário que todos nós sejamos 
manifestos diante do tribunal de Cristo, para que 
cada um receba o que fez por meio do corpo, 
segundo o que praticou, o bem ou o mal. 
Portanto, conhecendo o temor do Senhor, 
procuramos persuadir os homens;”. 
Veja que ele diz que tinha o temor do Senhor 
quanto à prestação de contas no tribunal de 
Cristo. 
Então os deveres dos quais estava encarregando 
Timóteo não eram deveres emanados dele 
próprio, Paulo, mas do Senhor, em relação ao 
ministério. 
Paulo trouxe estes deveres à lembrança de 
Timóteo como prova do seu amor e cuidado por 
ele, de maneira que não viesse jamais a se desviar 
deles, e assim não ficar sujeito ao juízo de Deus. 
O sucesso da Igreja é o sucesso de Cristo e o 
sucesso do ministro é também o sucesso de 
Cristo, e assim tanto um quanto outro estão 
satisfeitos. 
Importa portanto, que haja plena diligência no 
cumprimento das coisas que nos são ordenadas 
por Deus, porque de outro modo Ele não pode 
estar contente conosco. 
75 
 
Há pessoas que se dão por satisfeitas se tiverem 
uma revelação ocasional da parte de Deus, se 
puderem ser ocasionalmente usadas como seu 
oráculo em profecias para outros, mas qual será 
a vantagem disto se não viverem segundo a sã 
doutrina buscando em tudo e em todo o tempo 
serem agradáveis a Ele? 
Não terá sido este o erro daqueles que 
protestarão com Jesus na Sua vinda que 
profetizaram, realizaram milagres e expulsaram 
demônios em Seu nome, e no entanto ouvirão 
dEle que nunca os conheceu porque praticam a 
iniquidade? 
Qual é a vantagem de fazer tudo isto e afinal ser 
rejeitado por Cristo? 
Qual é a vantagem de ter sido usado um dia, 
ainda que por Deus, e no entanto ter o mesmo 
fim que teve Balaão e Judas? 
Importa portanto que os ministros do evangelho 
não se iludam com a aparência das coisas e que 
instruam as suas ovelhas a viverem de modo 
efetivamente obediente e consagrado à vontade 
de Deus. 
Porque afinal, como poderá alguém se gloriar 
diante do Senhor, no dia do Juízo, em ter sido 
76 
 
usado por Ele apesar de ter continuado a viver 
deliberadamente na prática do pecado? 
Por acaso Jesus aceitaria esta insinuação de que 
é ministro do pecado e da iniquidade e que é 
indiferente ao fato de alguém ter decidido viver 
no pecado? 
Não é preciso nem mesmo ser um cristão para 
que se possa ver o absurdo de uma tal 
possibilidade. 
Por isso o trabalho de um ministro do evangelho 
não é uma coisa indiferente, mas absolutamente 
necessária. 
Foi por causa disto que Paulo conjurou Timóteo 
a cumprir os seus deveres de ministro do 
evangelho, não diante de si próprio, mas diante 
de Deus e de Jesus Cristo, e sob o argumento da 
Sua segunda vinda como juiz de vivos e de 
mortos, para estabelecer o Seu reino: 
“Conjuro-te diante de Deus e de Cristo Jesus, 
que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua 
vinda e pelo seu reino;”. 
 
 
 
77 
 
 
Pregar, Admoestar, Repreender, 
Exortar 
Os olhos de Deus e de Jesus Cristo estão 
continuamente sobre os Seus ministros, 
acompanhando os passos deles e atitudes; de 
maneira que darão contas a Deus de tudo o que 
fizeram neste mundo enquanto se encontravam 
ainda neste corpo mortal. 
Tendo falado do peso da responsabilidade, Paulo 
apresentou em seguida a Timóteo, de maneira 
resumida, quais são os principais deveres do 
ministro do evangelho: 
Primeiro: Pregar a Palavra, instando a tempo e 
fora de tempo. 
Em segundo lugar: Admoestar. 
Em terceiro: Repreender. 
E em quarto: Exortar. 
Sendo que tudo isto deve ser feito com toda 
longanimidade e doutrina. 
Nós veremos agora, mais detalhadamente, cada 
um destes deveres. 
78 
 
Em primeiro lugar, o da pregação da Palavra. 
Muito pode ser dito sobre a verdadeira pregação, 
mas não é nosso propósito esgotar o assunto 
neste breve comentário. 
A pregação da Palavra é citada em primeiro 
lugar por Paulo porque é este o principal dever 
do ministro do evangelho. 
Eles não devem pregar fábulas, invenções, 
filosofia, psicologia, sociologia, ou seja o que for 
que seja diferente da Palavra de Deus. 
Por isto Paulo não disse simplesmente a Timóteo 
para pregar, mas para pregar a Palavra. Ele 
definiu assim o que deve ser pregado.A ação de instar a tempo e fora de tempo tem a 
ver com a aplicação da pregação, porque o dever 
do ministro não é apenas o de pregar sermões 
mas aplicar a Palavra à vida dos seus ouvintes, e 
isto ele deve fazer instando com eles em toda 
ocasião oportuna. 
Em segundo lugar há também o dever do pastor 
de admoestar as pessoas. 
Admoestar é o mesmo que repreender, censurar, 
corrigir. 
79 
 
Os ministros do evangelho também estão 
encarregados deste dever por Deus em relação às 
ovelhas, porque todos os que são tornados filhos 
de Deus por meio da fé em Cristo, estão 
automaticamente debaixo da disciplina da 
aliança que Deus fez com eles através do sangue 
de Jesus Cristo. 
No décimo oitavo capítulo do evangelho de 
Mateus Jesus detalhou o modo de aplicação 
desta disciplina corretiva. 
Muito se fala da finalidade da disciplina que é a 
de conduzir os filhos de Deus ao arrependimento 
por suas faltas relativas a um viver deliberado no 
pecado, mas infelizmente isto tomou em nossos 
dias a conotação de tolerância para com os seus 
pecados, quando que, apesar de ser verdade que 
há esta finalidade de conduzir ao 
arrependimento, nosso Senhor deixou 
claramente afirmado que aquele que não se 
arrepender deve ser considerado como um 
gentio e publicano, isto é, como um estranho 
para a Igreja. 
Este abrandamento da disciplina, ou até mesmo 
a falta da sua aplicação tem levado 
indiretamente muitos cristãos a viverem sem 
qualquer temor do Senhor em suas Igrejas, e 
também a não respeitarem e honrarem àqueles 
que foram levantados por Ele para 
80 
 
apascentarem as suas vidas. A consequência é 
que o poder do Espírito fica ausente na 
congregação. 
Mas Paulo disse a Timóteo que ele estava 
encarregado deste dever de corrigir os 
indisciplinados, e não somente ele, como todos os 
ministros do evangelho, porque têm recebido do 
Senhor, autoridade para reter e perdoar pecados 
na Igreja. 
Não que o poder seja propriamente deles, mas 
têm recebido autoridade delegada para 
exercerem essa disciplina em nome de Cristo e 
segundo a Sua vontade e Palavra. 
Assim, não é nenhuma agressão pessoal que um 
ministro da Palavra faz quando repreende 
cristãos de sua congregação por causa de faltas 
praticadas por eles. 
Ao contrário ele está velando pelas suas almas e 
cumprindo o dever que lhe foi imposto por 
Cristo. Ele está exibindo verdadeiro amor e 
misericórdia para com os faltosos, de maneira a 
livrá-los de futuros juízos no tribunal de Cristo, 
quanto todos terão que prestar contas a Deus. 
 A palavra usada no original grego para 
admoestação é elégko e esta mesma palavra é 
usada em textos como Ef 5.11, 13; Tito 1.13; 2.15 
81 
 
e Hb 12.5, por exemplo, onde é traduzida por 
correção, reprovação e repreensão. 
Em terceiro lugar, é dever do pastor repreender. 
Isto pode parecer uma repetição do dever 
anterior de admoestar, mas a palavra usada por 
ele no original grego para repreender é outra 
palavra diferente de elégko. 
Aqui ele usou a palavra epitimáu que 
encontramos em outros textos tais como Mt 8.26; 
16.22; 17.18; Jd 1.9. 
Esta palavra significa repreender, advertir, 
prevenir, e também admoestar, tanto quanto 
admoestar inclui também o significado de 
repreender. 
A diferença básica entre estas duas ações 
consiste então no alvo de cada uma delas, porque 
a palavra grega elégko tem o alvo de reprimir, de 
corrigir, e epitimáu, o de prevenir. 
Com a primeira ação nós combatemos e 
confrontamos diretamente o mal através da 
palavra de admoestação, e na segunda nós o 
prevenimos através da palavra de 
aconselhamento. 
A palavra de repreensão preventiva, eptimáu, 
tem por alvo principalmente mostrar aos 
82 
 
cristãos o quanto Deus fica desgostoso com as 
faltas deles, de maneira que sejam levados ao 
arrependimento. 
Finalmente, o quarto dever do pastor apontado 
por Paulo é o de exortar. 
A exortação tem em vista incentivar à 
perseverança na busca de santidade. 
Assim devem ser também exortados os que estão 
firmes na fé, de maneira que busquem fazer um 
progresso cada vez maior em santificação, e para 
que nunca venham a se desanimar em seus 
esforços em diligência rumo à maturidade cristã 
e preservação da fidelidade deles a Deus. 
Desde o início desta epístola, Paulo lembrou a 
Timóteo o dever dos ministros do evangelho de 
serem pacientes no sofrimento no exercício do 
seu ministério. 
Então, não podem esquecer que devem pregar, 
instar, admoestar, repreender, e exortar com 
toda a longanimidade, isto é, não perdendo a 
paciência em ira contra as ovelhas, mesmo 
contra as indisciplinadas. 
O conteúdo destas ações pastorais deve ser 
segundo a sã doutrina, e não por qualquer outro 
meio. 
83 
 
Em suma, este trabalho deve ser feito muito 
pacientemente, para que seja efetivo. 
O motivo alegado por Paulo para ter 
encarregado Timóteo destes deveres, e não 
somente ele, mas a todos que ele deveria ordenar 
e ensinar a fazer as mesmas coisas que lhe estava 
ordenando tinha em vista principalmente 
manter a pregação da verdade no mundo porque 
ele sabia que o erro se manifestaria de uma tal 
forma na Igreja a partir de uma determinada 
época que muitos se desviariam de ouvir a sã 
doutrina e se voltariam às fábulas, isto é, a mitos, 
contos, estórias espetaculares, por preferirem 
dar ouvidos a coisas agradáveis segundo os seus 
desejos carnais, e assim escolheriam mestres 
para si na Igreja que lhes ministrassem segundo 
estes desejos carnais deles, rejeitando toda forma 
de admoestação, repreensão e exortação a uma 
vida santificada. 
Em face deste perigo que se aproximava e que 
assolaria a Igreja em todas as partes do mundo, 
nada seria mais necessário do que esta firme 
posição em defesa da verdade, que deveria ser 
achada nos ministros do evangelho, em face das 
pressões que eles sofreriam das pessoas para 
afrouxarem na doutrina. 
 
84 
 
 
Fiel Até o Fim 
 
O testemunho que foi deixado como um legado à 
Igreja pelos apóstolos; e pelos chamados pais da 
Igreja depois deles, foi de grande valor 
especialmente para arrancar o povo de Deus do 
seu estado de ignorância, em períodos, por 
exemplo como o da Idade Média. 
Depois deles nos foi também deixado o 
testemunho dos reformadores, dos puritanos, e 
de muitos outros grandes homens de Deus, de 
maneira que Deus tem usado este testemunho 
para nos firmar nestes nossos dias difíceis da 
predominância da Igreja morna de Laodiceia, 
citada no livro de Apocalipse. 
Devemos seguir o exemplo deles, e sermos muito 
gratos a Deus pelos conselhos de Paulo a Timóteo 
de se apegar à Palavra para fazer valer o 
testemunho da verdade nestes dias difíceis em 
que as pessoas se recusariam a dar ouvidos à sã 
doutrina. 
Elas se recusam a dar ouvidos à sã doutrina, 
principalmente porque não suportam ouvir o 
antigo evangelho da cruz que chama o homem a 
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negar-se a si mesmo e a carregar a sua cruz a 
cada dia. 
Isto significa renunciar à própria vontade para 
fazer a vontade de Deus, e numa época em que o 
humanismo prevalece e o homem se 
autoproclama o centro de todas as coisas, 
dificilmente admitirá que lhe seja pregado que 
deve viver para a exclusiva glória de Deus 
negando-se a si mesmo. 
Nenhuma ciência de caráter humanista admitirá 
o evangelho da cruz em seus preceitos. 
Os seus adeptos afirmarão que é necessário 
separar a ciência da religião como forma de 
argumento para rejeitarem completamente a 
verdade evangélica da submissão à Palavra de 
Deus e prestar a ela a devida honra e obediência. 
Isto leva consequentemente a uma espécie de 
vergonha de Cristo e de tudo o que é 
verdadeiramente santo. 
Não admira portanto que na própria Igreja não 
se encontre tantos cristãos que estejam dispostos 
a sustentar o testemunho do amor deles a Cristo 
em qualquer lugar e circunstância. 
Isto é um sintoma destes dias difíceis aos quais 
Paulo

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