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ATOS DOS APÓSTOLOS VOLTAR Introdução Capítulo 1 Capítulo 8 Capítulo 15 Capítulo 22 Capítulo 2 Capítulo 9 Capítulo 16 Capítulo 23 Capítulo 3 Capítulo 10 Capítulo 17 Capítulo 24 Capítulo 4 Capítulo 11 Capítulo 18 Capítulo 25 Capítulo 5 Capítulo 12 Capítulo 19 Capítulo 26 Capítulo 6 Capítulo 13 Capítulo 20 Capítulo 27 Capítulo 7 Capítulo 14 Capítulo 21 Capítulo 28 Introdução Este livro une os Evangelhos às epístolas. Contém muitos detalhes sobre os apóstolos Pedro e Paulo, e da Igreja Cristã desde a ascensão de nosso Senhor Jesus até a chegada de Paulo a Roma, período de aproximadamente trinta anos. Lucas é o autor deste livro; esteve presente em muitos dos fatos relatados e auxiliou Paulo em Roma. O relato não descreve uma história completa da igreja durante o período a que se refere, nem sequer da vida de Paulo. Tem-se considerado que o objetivo deste livro é: 1. Relatar a forma em que os dons do Espírito Santo foram concedidos no dia de Pentecostes, e os milagres realizados pelos apóstolos para confirmar a verdade do cristianismo, mostrando que as declarações de Cristo realmente se cumpriram. 2. Provar a pretensão dos gentios de ser admitidos na Igreja de Cristo. Grande parte do conteúdo deste livro demonstra isto. Uma grande parte dos Atos são ocupadas por discursos e sermões de diversas pessoas, cujas linguagens e maneiras diferem, e em todos eles poderá ser visto que estão em conformidade com as pessoas que os proferiram, e as ocasiões em que foram pronunciados. Parece que a maioria destes discursos é somente a essência do que foi dito no momento. Contudo, estão inteiramente relacionados a Jesus como o Cristo, o Messias ungido. Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 2 Atos 1 Versículos 1-5: Provas da ressurreição de Cristo; 6-11: A ascensão de Cristo; 12-14: Os apóstolos se reúnem para oração; 15-26. Matias é escolhido para substituir Judas. Vv. 1-5. Nosso Senhor declarou aos discípulos a obra que teriam de fazer. Os apóstolos se reuniram em Jerusalém, pois Cristo havia lhes ordenado que não saíssem dali, mas que esperassem o derramamento do Espírito Santo. Este seria o batismo com o Espírito Santo, que lhes daria poder para fazer milagres e iria iluminar e santificar as suas almas. Isto confirma a promessa divina e nos anima a depender dela, porque ouvimos de Cristo, e nEle todas as promessas de Deus são sim e amém. Vv. 6-11. Apressaram-se para perguntar algo que seu Mestre jamais lhes mandou nem animou a buscar. Nosso Senhor sabia que a sua ascensão e o ensino do Espírito Santo rapidamente poriam fim e essas expectativas, e portanto somente os repreendeu; porém, isto é uma advertência para sua igreja de todos os tempos: cuidar-se de não desejar conhecimentos proibidos. Cristo dera instruções aos seus discípulos para que cumprissem os seus deveres, tanto antes de sua morte quanto após a sua ressurreição, e este conhecimento para o cristão é suficiente. Basta que Ele tenha proposto dar aos crentes uma força igual às suas provas e serviços; que sob o poder do Espírito Santo, sejam de uma ou de outra forma testemunhas de Cristo na terra, enquanto no céu Ele cuida de seus interesses com perfeita sabedoria, verdade e amor. Quando permanecemos olhando e ocupados em coisas insignificantes, que o pensar na segunda vinda de nosso Mestre nos estimule e desperte; quando ficamos olhando e tremendo, que nos consolem e animem. Que nossa expectativa seja constante e jubilosa, colocando diligência em sermos achados irrepreensíveis por Ele. Vv. 12-14. Deus pode prover lugares de refúgio para o seu povo. Eles suplicaram. Todo o povo de Deus é povo de oração. Agora era o momento de virem problemas e perigos para os discípulos de Cristo; mas se alguém está aflito, ore; isso acalmará as suas preocupações e temores. Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 3 Agora tinham uma grande obra a fazer, e antes que a iniciassem, oraram fervorosamente a Deus pedindo a sua presença. Esperando o derramamento do Espírito Santo e abundando em oração. Aqueles que estão orando, são os que estão em melhor condição para receber bênçãos espirituais. Cristo prometera enviar logo o Espírito Santo; esta promessa não deveria eliminar a oração, mas vivificá-la e alentá-la. Um pequeno grupo, unido em amor, de conduta exemplar, fervoroso para orar e sabiamente zeloso para promover o progresso da causa de Cristo, provavelmente cresça com rapidez. Vv. 15-26. A grande coisa de que os apóstolos deveriam testemunhar diante do mundo era a ressurreição de Cristo, porque é a grande prova de que Ele é o Messias, e o fundamento de nossa esperança nEle. Os apóstolos foram ordenados, não para assumirem dignidades e poderes mundanos, mas para pregar a Cristo e o poder de sua ressurreição. Foi feita uma apelação a Deus: "Tu, Senhor conhecedor dos corações de todos", algo que nós não conhecemos, e é melhor que cada um conheça o seu. É adequado que Deus escolha os seus servos, e à medida que Ele, através de sua providência ou dos dons do Espírito, mostre a quem tem escolhido, ou o que tem escolhido para nós, devemos nos adequar à sua vontade. Reconheçamos a sua mão na determinação de cada coisa que nos sobrevenha, especialmente em alguma incumbência que nos seja encarregada. Atos 2 Versículos 1-4: A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes; 5-13: Os apóstolos falam em diferentes línguas; 14-36. O sermão de Pedro aos judeus; 37-41: Três mil almas se convertem; 42-47: A piedade e o afeto dos discípulos. Vv. 1-4. Não podemos nos esquecer com que freqüência, ainda que o mestre estivesse entre eles, houve discussões entre os discípulos sobre qual deles seria o maior, mas agora todas estas discórdias haviam Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 4 terminado. Oravam juntos, mais do que antes. Se desejamos que o Espírito seja do alto derramado sobre nós, sejamos unânimes. Ponderemos as diferenças de sentimentos e interesses, como as que haviam entre os discípulos. Coloquemo-nos de acordo para amarmo-nos uns aos outros, porque onde os irmãos habitam em unidade, ali o Senhor ordena a sua bênção. Um vento veemente e impetuoso chegou com muita força. Isto era para significar as influências e a obra poderosa do Espírito de Deus nas mentes dos homens, e por meio deles no mundo. Desta forma, as convicções do Espírito Santo dão lugar às suas consolações, e as fortes rajadas deste vento bendito preparam a alma para as suas brisas suaves e amáveis. Apareceu algo com aparência de chamas de fogo, que iluminou a cada um deles, segundo o que João Batista dizia de Cristo: Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. O Espírito, como fogo, derrete o coração, queima a escória, e acende afetos piedosos e devotos na alma, na qual, como o fogo do altar, são oferecidos sacrifícios espirituais. Foram cheios com o Espírito Santo, mais do que anteriormente. Foram cheios da graça do Espírito, e mais do que antes, foram colocados sob o seu poder santificador; mais separados deste mundo, e mais familiarizados com o outro. Foram ainda mais cheios com as consolações do Espírito, se regozijaram, mais que antes no amor de Cristo e na esperança do céu; e nisto todos os seus temores e pesares foram desfeitos. Foram cheios dos dons do Espírito Santo; receberam poderes milagrosos para o avanço do Evangelho. Falaram, não de pensamentos ou meditações previas, mas como o Espírito lhes concedia que falassem. Vv. 5-13. A diferença de línguas que surgiu em Babel muito tem dificultado a difusão do conhecimento e da religião. Os instrumentos que o Senhor empregou primeiramente para difundir a religião cristã, não poderiam ter progredido semeste dom, o qual provou que a sua autoridade era de Deus. Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 5 Vv. 14-21. O sermão de Pedro mostra que ele estava completamente recuperado de sua queda, e cabalmente restaurado ao favor divino; porque aquele que havia negado a Cristo, agora o confessava ousadamente. O seu relato a respeito do derramamento milagroso do Espírito Santo foi concebido para estimular aos seus ouvintes a abraçarem a fé em Cristo e unirem-se à sua Igreja. Isto foi cumprimento das Escrituras, fruto da ressurreição e ascensão de Cristo e prova de ambos. Ainda que Pedro estivesse cheio do Espírito Santo e falasse em línguas conforme o Espírito lhe concedia que falasse, não pensou em deixar as Escrituras de lado. Os sábios de Cristo nunca aprendem mais que a sua Bíblia; e o Espírito é dado, não para suprimir as Escrituras, mas para nos capacitar para entendê-las, aprová-las e obedecê-las. Com toda certeza ninguém escapará da condenação do grande dia, salvo aqueles que invocam o nome do Senhor, e por meio de seu Filho, como o Salvador dos pecadores, e o Juiz de toda a humanidade. Vv. 22-36. A partir deste dom do Espírito Santo, Pedro lhes prega a Jesus: e aqui está a história de Cristo. Aqui há um relato de sua morte e de seus sofrimentos, que os discípulos haviam presenciado algumas semanas antes. Sua morte é considerada como um ato de Deus e de maravilhosa graça e sabedoria, de maneira que a justiça divina dever ser satisfeita, Deus e o homem reunidos novamente, e o próprio Cristo glorificado, conforme o conselho eterno que não pode ser modificado. Quanto à atitude do povo, foi um ato néscio e pecaminoso da parte deles. A ressurreição de Cristo suprime a reprovação de sua morte; Pedro fala muito disto. Cristo era o Santo de Deus, santificado e separado para o seu serviço na obra da redenção. Sua morte e sofrimento devem ser a entrada a uma vida abençoada eternamente, não só para Ele, mas para todos os seus. Este feito aconteceu conforme estava profetizado e os apóstolos foram testemunhas. A ressurreição não se apoiou somente nisto, Cristo havia derramado dons milagrosos e poderes divinos sobre os deus discípulos, e estes foram testemunhas de seus efeitos. Através do Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 6 Salvador os caminhos da vida nos são revelados e somos exortados a esperar a presença de Deus e seu favor para sempre. Tudo isto surge da crença segura de que Jesus é o Senhor e Salvador ungido. Vv. 37-41. Desde a primeira entrega da mensagem divina, percebeu-se que nEle havia poder divino, e milhares foram levados à obediência da fé. Nem Pedro, nem suas palavras e nem o milagre presenciado poderiam produzir tais efeitos se o Espírito Santo não fosse dado. Quando os olhos dos pecadores são abertos, não podem sentir senão remorsos no coração por causa do pecado, e uma grande inquietude interior. O apóstolo os exorta a arrependerem-se de seus pecados e confessarem abertamente sua fé em Jesus como o Messias, e serem batizados em seu nome. Assim, pois, professando a sua fé nEle, receberiam a remissão de seus pecados, e participariam dos dons e das graças do Espírito Santo. Separarmo-nos dos ímpios é a única maneira de nos salvarmos da mesma condenação deles. Aqueles que se arrependem de seus pecados e se entregam a Jesus Cristo, devem provar a sua sinceridade desvinculando-se dos ímpios. Devemos nos salvar de seguir o exemplo deles, o que significa evitá-los com horror e santo temor. Pela graça de Deus três mil pessoas aceitaram o convite do Evangelho. Não há dúvida de que o dom do Espírito Santo que todos receberam, e do qual nenhum crente verdadeiro jamais tem sido excluído, era esse Espírito de adoção, essa graça que converte, guia e santifica, que é dada a todos os membros da família de nosso Pai celestial. O arrependimento e a remissão de pecados ainda são pregados aos principais dos pecadores no nome do Redentor; o Espírito Santo ainda sela a bênção no coração do crente; as promessas alentadoras ainda são para nós e para nossos filhos; e as bênçãos ainda são oferecidas a todos os que estão longe. Vv. 42-47. Nestes versículos encontramos a história da Igreja verdadeiramente primitiva, de seus primeiros tempos; seu estado de verdadeira infância, e, como tal, o seu estado de maior inocência. Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 7 Mantiveram-se próximos às santas ordenanças e abundaram em piedade e devoção; o cristianismo, uma vez que admite alguém em seu poder, dispõe a alma à comunhão com Deus em todas estas formas estabelecidas, para que nos encontremos com Ele, e em que Ele tem prometido reunir-se conosco. A grandeza deste acontecimento os colocou em uma posição mais elevada que o mundo, e o Espírito Santo os encheu com tal amor, que cada um era para o outro como para si mesmo. E deste modo, fez com que todas as coisas fossem comuns, sem destruir a propriedade, mas suprimindo o egoísmo e incentivando o amor. Deus, que moveu-os a isto, sabia que eles seriam rapidamente expulsos de suas propriedades na Judéia. O Senhor, dia após dia, inclinava mais os corações a abraçarem o Evangelho; não os simples professos, mas os que eram realmente levados a um estado de aceitação diante de Deus, sendo participantes da graça regeneradora. Aqueles que Deus tem designado para a salvação eterna serão eficazmente levados a Cristo até que a terra seja cheia do conhecimento de sua glória. Atos 3 Versículos 1-11: Um coxo é curado por meio de Pedro e João; 12- 26: O discurso de Pedro aos judeus. Vv. 1-11. Os apóstolos e os primeiros crentes participavam de cultos de adoração a Deus, na hora da oração no templo. Parece que Pedro e João foram levados por direção divina a realizar um milagre em um homem de mais de quarenta anos, inválido desde o seu nascimento. No nome de Jesus de Nazaré, Pedro ordena que o homem se levante e caminhe. Assim, se intentamos com bom propósito a cura das almas dos homens, devemos em nome e no poder de Jesus Cristo chamar os pecadores incapacitados a se levantarem e andarem no caminho da santidade, pela fé nEle. Quão doce para a nossa alma é pensar que o nome de Jesus Cristo de Nazaré pode nos tornar íntegros, em relação a todas as faculdades paralisadas de nossa natureza caída! Com quanto Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 8 gozo e santo entusiasmo andaremos nos santos átrios, quando o Espírito de Deus nos fizer entrar por eles através de seu poder! Vv. 12-18. Observe a diferença na maneira de fazer os milagres. Nosso Senhor sempre fala como tendo poder onipotente, sem jamais vacilar para receber a maior honra que lhe foi conferida por seus milagres divinos. Porém, os apóstolos atribuíam tudo ao Senhor e se negavam a receber honras, exceto como instrumentos dEle, sem méritos. Isto mostra que Jesus era um com o Pai, e igual a Ele; enquanto os apóstolos tinham consciência de que eram homens frágeis e pecadores, e em tudo dependentes de Jesus, cujo poder era o que curava. Os homens úteis devem ser muito humildes. Nosso nome não deve ser glorificado, e sim o do Senhor. Toda coroa deve ser colocada aos pés de Cristo. O apóstolo mostra aos judeus a enormidade de seus delitos, mas sem a intenção de aborrecê-los ou levá-los a perderem a esperança. Com toda certeza aqueles que desprezam, rejeitam ou negam a Cristo o fazem por ignorância, e isso não será apresentado como desculpa em nenhum caso. Vv. 19-21. A absoluta necessidade de arrependimento deve pesar solenemente na consciência de todos aqueles que desejam que seus pecados sejam apagados e que possam ter parte no refrigério que nada pode dar, senão o sentimento do amor perdoador de Cristo. Bem- aventurados são aqueles que têm sentido isto. Não era necessário que o Espírito Santo desse a conhecer os tempos e as estações desta dispensação. Estes temas ainda estão obscuros, e quando os pecadores tiverem convicção de seus pecados, clamarão ao Senhor por perdão; o penitenteconvertido e crente terá tempos de refrigério na presença do Senhor. Em um estado de tribulação e prova, o glorioso Redentor estará fora do alcance da vista, porque devemos viver por fé nEle. Vv. 22-26. Aqui há um forte discurso para advertir os judeus sobre as temíveis conseqüências de sua incredulidade, com as mesmas palavras de Moisés, seu profeta preferido, devido ao zelo fingido daqueles que estavam prontos para rejeitar o cristianismo e procurar destruí-lo. Cristo veio ao mundo para trazer uma bênção consigo, e enviou o seu Espírito Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 9 para que fosse a grande bênção. Cristo veio abençoar-nos, convertendo- nos de nossas iniqüidades e salvando-nos de nossos pecados. Por causa de nossa própria natureza nos apegamos fortemente ao pecado; o desígnio da graça divina é nos converter disto para que possamos não somente abandoná-lo, mas odiá-lo. Que ninguém pense que pode ser feliz continuando em pecado quando Deus declara que a bênção está em apartar-se de toda iniqüidade. Que ninguém pense que entende ou crê no Evangelho se somente busca ser livre do castigo do pecado, mas não espera felicidade ao ser livre do próprio pecado. Ninguém espere ser livre de seu pecado a não ser que creia em Cristo, o Filho de Deus, e o receba como sabedoria, justiça, santificação e redenção. Atos 4 Versículos 1-4: Pedro e João são encarcerados; 5-14: Os apóstolos testificam de Cristo com ímpeto; 15-22: Pedro e João recusam calar-se; 23-31: Os crentes se unem em oração e louvor; 32-37: A santa caridade dos cristãos. Vv. 1-4. Os apóstolos pregaram a ressurreição dos mortos por meio de Jesus Cristo. Incluem toda a felicidade do estado futuro; eles pregaram isto através de Jesus, pois somente por meio dEle pode-se obtê-la. É miserável o caso daqueles para quem a glória do reino de Cristo é uma dor, pois uma vez que a glória deste reino é eterna, a dor deles também será eterna. Os úteis e inofensivos servos de Cristo, como os apóstolos, costumam ser afligidos em seu trabalho de fé e obra de amor, enquanto os ímpios têm escapado. Até este momento não faltam casos em que a leitura das Escrituras, a oração em grupo e as conversas sobre temas religiosos encontram semblantes franzidos e restrições; porém, se obedecermos os preceitos de Cristo, Ele nos sustentará. Vv. 5-14. Estando cheio do Espírito Santo, Pedro desejava que todos entendessem que o milagre havia sido realizado no nome e pelo poder de Jesus de Nazaré, o Messias, aquEle que eles haviam Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 10 crucificado; e isto confirmava o testemunho de sua ressurreição dentre os mortos, provando que era o Messias. Estes dirigentes deveriam ser salvos por esse Jesus ao qual haviam crucificado, ou pereceriam para sempre. O nome de Jesus é dado aos homens de todas as épocas e nações, porque somente por Ele os crentes são salvos da ira vindoura. Contudo, quando a cobiça, o orgulho ou qualquer paixão corrupta reina no interior, os homens fecham os seus olhos e seus corações, com inimizade contra a luz, considerando ignorantes e indoutos todos aqueles que não desejam saber nada, a não ser sobre Cristo crucificado. Os seguidores de Cristo agiram desta forma para que todos os que falassem com eles, soubessem que haviam estado com Jesus. Isto os torna santos, celestiais, espirituais e jubilosos, e os eleva acima deste mundo. Vv. 15-22. Todo o interesse dos governantes é que a doutrina de Cristo não seja difundida entre o povo, ainda que não possam dizer que seja falsa ou perigosa, ou de -alguma tendência má; e se envergonham de reconhecer a verdadeira razão: que testifica contra sua hipocrisia, iniqüidade e tirania. Aqueles que sabem valorizar com justiça as promessas de Cristo, sabem desprezar com justiça as ameaças do mundo. Os apóstolos olham preocupados para as almas que perecem por saberem que estas não podem fugir da ruína eterna, a não ser por Jesus Cristo; portanto, são fiéis ao advertir e mostrar o caminho reto. Ninguém desfrutará de paz mental, nem agirá corretamente até que tenha aprendido a guiar sua conduta pela norma da verdade, e não pelas opiniões e fantasias vacilantes dos homens. Evitem especialmente o vão intento de servir a dois Senhores: a Deus e ao mundo; a conclusão será que não pode servir fielmente a nenhum deles. Vv. 23-31. Os seguidores de Cristo andam de uma melhor maneira quando vão acompanhados, sempre e quando a companhia seja de outros como eles. Estimula os servos de Deus tanto para fazer a obra como para suportar o trabalho, saberem que servem ao Deus que criou todas as coisas, e que portanto, determina todas as coisas; e que as Escrituras se cumprirão. Jesus foi ungido para ser Salvador; portanto estava Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 11 determinado que Ele seda o sacrifício expiatório pelo pecado. O pecado não é um mal menor para que Deus extraia coisas boas dele. Em épocas ameaçadoras nosso interesse não deve ser tanto evitar os problemas, como poder seguir adiante com júbilo e coragem em nossa obra e dever. Eles não oram: Senhor permita que nos afastemos de nossa tarefa agora que tem se tornado perigosa, mós: Senhor dá-nos tua graça para seguirmos adiante com constância em nossa obra, e não temermos o rosto do homem. Aqueles que desejam ajuda e exortação divina, podem depender daquEle que as tem, devem sair e seguir adiante no poder do Senhor Deus. Ele deu um sinal de que aceitaria as suas orações. O lugar tremeu para que a fé deles se estabilizasse, e não para que fosse vacilante. Deus lhes deu o seu Espírito na maior medida, e todos foram cheios com o Espírito Santo, mais do que nunca; por isto não somente foram estimulados, mas capacitados para falar a Palavra de Deus com ousadia. Quando dizem que o Senhor Deus lhes ajuda por seu Espírito, sabem que não serão confundidos (Is 50.7). Vv. 32-37. Os discípulos amavam-se uns aos outros. Este era o bendito fruto do preceito da morte de Cristo para os seus discípulos, e a sua oração a favor deles quando estava prestes a morrer. Assim foi e assim será novamente, quando do alto o Espírito for derramado sobre nós. A doutrina pregada era a ressurreição de Cristo; algo que se cumpriu, e que quando é devidamente explicada, é o resumo de todos os deveres, privilégios e consolos dos cristãos. Havia frutos evidentes da graça de Cristo em tudo o que diziam e faziam. Estavam mortos para este mundo. Isto era a grande prova da graça de Deus neles. Não se apoderavam da propriedade alheia, mas eram indiferentes a ela. Não consideravam nada como seu, porque com amor haviam deixado tudo por Cristo, e esperavam ser despojados de tudo para se apegarem fortemente a Ele. Não é de se admirar que todos tivessem um só coração e uma só alma, quando assim se desprenderam das riquezas do mundo. Com amor tinham tudo em comum, de modo que não havia entre eles nenhum necessitado, e cuidavam da provisão Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 12 dos menos abastados. O dinheiro era lançado aos pés dos apóstolos. Deve-se ter um grande cuidado na distribuição da caridade pública para dar aos necessitados, àqueles que não forem capazes de conseguir o sustento por si mesmos; deve-se prover àqueles que estão em necessidade por fazerem o bem e pelo testemunho de uma boa consciência. Aqui há um homem mencionado em particular, por ser notável por esta generosa caridade; era Barnabé. Como alguém que foi nomeado para ser um pregador do Evangelho, ele se desembaraçou e se desprendeu dos assuntos desta vida. Quando tais disposições prevalecem, e são exercidas conforme as circunstâncias dos tempos, o testemunho terá um poder muito grande sobre o próximo. Atos 5 Versículos 1-11: A morte de Ananias e Safira; 12-16. O poder que acompanha a pregação do Evangelho; 17-25: Os apóstolos são encarcerados, mas um anjo os coloca em liberdade; 26-33: Os apóstolos testificam de Cristo diante do concílio; 34-42:O conselho de Gamaliel - O concílio permite que os apóstolos vão embora. Vv. 1-11. O pecado de Ananias e Safira foi que as pessoas pensassem que eles eram discípulos eminentes, quando não eram discípulos verdadeiros. Os hipócritas podem negar-se a si mesmos, e deixar suas vantagens mundanas em um determinado caso se tiverem a perspectiva de alcançar benefícios em outro. Ambicionavam a riqueza do mundo e não confiavam em Deus, nem em sua providência. Pensavam que podiam servir a Deus e a Mamom, e poderiam enganar os apóstolos. O Espírito de Deus em Pedro viu o princípio de incredulidade que reinava no coração de Ananias. Qualquer que tenha sido a insinuação de Satanás, este não poderia ter enchido o coração de Ananias com esta maldade, se ele não houvesse consentido. A falsidade dele foi o intento de enganar o Espírito de verdade, que falava e agia tão manifestamente por meio dos apóstolos. O delito de Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 13 Ananias não foi reter parte do preço do terreno; poderia ter ficado com tudo se quisesse; seu delito foi tentar impor-se sobre os apóstolos com uma mentira espantosa unida à cobiça, com o desejo de ser visto. Se pensamos que podemos enganar a Deus, fatalmente enganaremos a nossa própria alma. Como é triste ver as relações que deveriam estimular-se mutuamente às boas obras, endurecerem-se mutuamente no que é mau! Este castigo, na realidade foi uma misericórdia para muitas pessoas. Ele faria as pessoas examinarem a si mesmas rigorosamente, com oração e terror da hipocrisia, cobiça e vanglória, e a continuarem agindo assim. Impediria o aumento dos falsos crentes. Aprendamos com isto quão odiosa a falsidade é para o Deus da verdade, e não somente evitar a mentira direta, mas todas as vantagens obtidas com o uso de expressões duvidosas e de significado duplo em nosso falar. Vv. 12-16. A separação dos hipócritas por meio dos juízos discriminatórios deve fazer com que os sinceros se apeguem mais estritamente uns aos outros e ao ministério do Evangelho. Tudo o que tenda à pureza e à boa reputação da Igreja promove o seu crescimento; porém, somente aquele poder que realizava tais milagres por meio dos apóstolos pode resgatar os pecadores do poder do pecado e de Satanás, e agregar novos crentes à companhia de seus adoradores. Cristo opera por meio de todos os seus servos fiéis, e todo aquele que recorrer a Ele será curado. Vv. 17-25. Não há cárcere tão escuro nem tão seguro em que Deus não possa entrar e visitar os seus, e se lhe agrada, tirá-los dali. A recuperação das enfermidades e a libertação dos problemas nos são concedidos, não para que desfrutemos das consolações da vida, mas para que Deus seja honrado com os serviços de nossa vida. Não é próprio que os pregadores do Evangelho de Cristo se escondam em lugares distantes quando têm a oportunidade de pregar a uma grande congregação. Devem pregar aos mais vis, cujas almas são tão preciosas para Cristo quanto às almas dos mais nobres. Falai a todos, porque todos estão incluídos. Falai como aqueles que decidem defender, viver e morrer por algo. Dizei todas Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 14 as palavras desta divina vida celestial, comparada à qual, esta vida atual terrena não merece o nome de vida. Falai as palavras de vida que o Espírito Santo coloca em vossas bocas. As palavras do Evangelho são palavras de vida; palavras pelas quais podemos ser salvos. Quão infelizes são aqueles que se sentem angustiados pelo êxito do Evangelho! Não podem deixar de ver que a Palavra e o poder do Senhor estão contra eles, e tremendo pelas conseqüências, mesmo assim seguem adiante! Vv. 26-33. Muitos fazem ousadamente, algo mal, e mais tarde não suportam ouvir sobre este fato, ou que lhes acusem de tê-lo cometido. Não podemos esperar ser redimidos e curados por Cristo se não nos entregamos para ser governados por Ele. A fé nos faz aceitar ao Salvador em todos os seus ofícios, porque Ele veio não para nos salvar em nossos pecados, mas para nos salvar de nossos pecados. Se Cristo tivesse sido enaltecido para dar domínio a Israel, os principais sacerdotes teriam lhe dado as boas-vindas. Contudo, o arrependimento e a remissão dos pecados são bênçãos que eles não valorizavam nem perceberam que necessitavam; portanto, não reconheceram sua doutrina em absoluto. Onde o arrependimento opera, a remissão é outorgada sem falta. Ninguém se livra da culpa e do castigo, senão aqueles que são libertos do poder e do domínio do pecado, aqueles que se apartam do pecado e voltam-se contra ele. Cristo concede arrependimento por seu Espírito, que opera através da Palavra para despertar a consciência, para dar sentimento de tristeza pelo pecado e uma eficaz mudança no coração e na vida. Dar o Espírito Santo é uma prova evidente de que a vontade de Deus é que Cristo seja obedecido. Com toda certeza Ele destruirá aqueles que não querem que reine sobre eles. Vv. 34-42. O Senhor ainda tem todos os corações em suas mãos, e às vezes dirige a prudência do sábio do mundo para refrear os perseguidores. O bom senso nos ensina a ser prudentes, uma vez que a experiência e a observação indicam que o êxito das fraudes em matéria de religião tem sido muito breve. Ser reprovados pelo mundo por amor a Cristo deve ser a nossa verdadeira preferência, porque faz com que nos Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 15 coloquemos mais de acordo com Ele e sirvamos os seus interesses. Eles se regozijaram nisto. Se sofrermos o mal por fazermos o bem, desde que o soframos fazendo o bem, como é o nosso dever, devemos nos regozijar nessa graça que nos capacitou para agir assim. Os apóstolos não pregavam a si mesmos, mas a Cristo. Esta era a pregação que mais ofendia aos sacerdotes. Pregar a Cristo deve ser a atividade constante dos ministros do Evangelho; a Cristo crucificado, a Cristo glorificado; nada fora disto, a não ser o que se refere a isto. Qualquer que seja a nossa situação ou nível social nesta vida, devemos procurar conhecê-lo e glorificar o seu nome. Atos 6 Versículos 1-7: A nomeação dos diáconos; 8-15: Estêvão é falsamente acusado de blasfêmia. Vv. 1-7. Até agora os discípulos haviam sido unânimes; isto fora notado para honra deles, mas agora que estavam se multiplicando, começaram a surgir reclamações. A Palavra de Deus era suficiente para cativar todos os pensamentos, interesses e o tempo dos apóstolos. As pessoas escolhidas para servir as mesas devem estar devidamente qualificadas. Devem estar cheias com os dons e graças do Espírito Santo, necessários para administrar corretamente este encargo; devem ser homens verazes, que odeiem a cobiça. Todos os que estão a serviço da Igreja devem ser encomendados à graça divina pelas orações da Igreja. Eles os abençoaram no nome do Senhor. A Palavra e a graça de Deus são grandemente magnificadas quando trabalham nas pessoas que parecem menos prováveis para isto. Vv. 8-15. Quando não puderam contestar os argumentos de Estêvão como polemista, julgaram-no como delinqüente e trouxeram falsas testemunhas contra ele. É quase um milagre da providência que um maior número de pessoas religiosas não tenha sido assassinada no mundo por meio de perjúrios e pretextos legais, quando tantos milhares as odeiam e não têm problemas de consciência por jurar falsamente. A Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 16 sabedoria e a santidade fazem o rosto de um homem brilhar, ainda que não garanta aos homens que não serão maltratados. Que diremos do homem, um ser racional, mas que ainda assim tenta sustentar um sistema religioso por meio de falsos testemunhos e assassinatos! E isto tem sido feito em inumeráveis casos. A culpa não reside tanto no entendimento quanto no coração da criatura caída, que é enganoso e perverso acima de todas as coisas. Porém o servo do Senhor, que tem a consciência limpa, uma esperança jubilosa e os consolos divinos, pode sorrir em meio ao perigo e à morte.Atos 7 Versículos 1-50: A defesa de Estêvão; 51-53: Estêvão reprova os judeus pela morte de Cristo; 54-60: O martírio de Estêvão. Vv. 1-16. Estêvão foi acusado de blasfemar contra Deus; como conseqüência, demonstra que é filho de Abraão e valoriza a si mesmo como tal. Os passos lentos com que a promessa feita a Abraão avançava até seu cumprimento mostram claramente que tinha um significado espiritual, e que a terra da qual fazia alusão era a celestial. Deus sustentou José em suas tribulações, e esteve com ele pelo poder de seu Espírito, dando consolo a sua mente e concedendo-lhe favor diante dos olhos das pessoas com quem se relacionava. Estêvão lembra os judeus de seu pequeno começo, como um freio para seu orgulho pelas glórias dessa nação. Também os faz lembrar da maldade dos patriarcas de suas tribos, ao terem invejam de seu irmão José; o mesmo espírito ainda operava neles em relação a Cristo e seus ministros. A fé dos patriarcas, ao desejarem ser enterrados na terra de Canaã, demonstra claramente que eles tinham consideração pela pátria celestial. É bom que à primeira manifestação de costumes ou sentimentos pervertidos, apressemo-nos a procurar recuperá-los. Se desejamos conhecer a natureza e os efeitos da fé justificadora, devemos estudar o caráter do pai dos fiéis. Sua chamada mostra o poder e a gratuidade da graça divina, e a natureza da conversão. Aqui também vemos que as Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 17 formas e distinções externas são como nada, quando comparadas com a separação do mundo e a consagração a Deus. Vv. 17-29. Não nos desanimemos pela lentidão com que às vezes as promessas de Deus se cumprem. Os tempos de sofrimento são, muitas vezes, tempos de crescimento para a Igreja. Quando o momento deles é o mais escuro e mais profunda a sua angústia, Deus está preparando a libertação de seu povo. Moisés "foi agradável a Deus"; é a beleza da santidade que tem grande valor diante dos olhos de Deus. Foi maravilhosamente preservado em sua infância porque Deus cuida de maneira especial daqueles que tem destinado para um serviço especial; e se assim protegeu ao menino Moisés, não assegurará muito mais os interesses de seu Santo Filho Jesus contra os inimigos que se reúnem contra Ele? Eles perseguiram Estêvão por argumentar em defesa de Cristo e de seu Evangelho: contra ele apresentaram Moisés e sua lei. Poderiam entender, se não fechassem voluntariamente os seus olhos para a luz, que Deus os livrará em Cristo de uma escravidão pior do que a do Egito. Ainda que os homens prolonguem as suas misérias, o Senhor cuidará de seus servos e concretizará os seus desígnios de misericórdia. Vv. 30-41. Os homens se enganam se pensam que Deus não pode fazer o que vê que é bom em alguma parte; pode levar o seu povo ao deserto, e ali falar-lhes de consolo. Apareceu a Moisés em uma chama de fogo; porém, o arbusto não se consumia, o qual representava o estado de Israel no Egito, onde, ainda que estivessem no fogo da aflição, não foram consumidos. Isto também pode ser visto como símbolo da assunção da natureza humana por meio de Cristo, e da união das naturezas divina e humana. A morte de Abraão, Isaque e Jacó não podem romper a relação do pacto entre Deus e eles. Nosso Salvador prova através disto, o estado futuro (Mt 22.31). Abraão morreu, mas Deus ainda é o seu Deus, portanto Abraão ainda vive. Bem, esta é a vida e a imortalidade que é trazida à luz pelo Evangelho. Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 18 Estêvão mostra aqui que Moisés foi um tipo eminente de Cristo, como libertador de Israel. Deus se compadece dos problemas de sua Igreja e dos gemidos de seu povo quando sofre perseguições; e a libertação deles brota de sua compaixão. Esta libertação tipifica a que Cristo proporcionou quando desceu do céu por nós, os homens, e para nossa salvação. Este Jesus, a quem agora rejeitaram, como seus pais rejeitaram a Moisés, é o mesmo que Deus levantou para ser Príncipe e Salvador. Nada se diminui da justa honra de Moisés, ao dizer que ele foi somente um instrumento cujo brilho é infinitamente superado por Jesus. Ao afirmar que Jesus deveria mudar os costumes da lei cerimonial, Estêvão estava muito longe de blasfemar contra Moisés, a quem, na realidade, honrava. Demonstrou como se cumpriu a profecia de Moisés, que era tão clara. Deus, que lhes deu estes costumes através de seu servo Moisés, podia mudar o costume por meio de seu Filho Jesus. Porém, Israel rejeitou Moisés, e desejava voltar para a escravidão, mostrando que muitos homens não obedecerão a Jesus porque amam este mundo mau e se regozijam em suas obras e inventos. Vv. 42-50. Estêvão reprovou diante dos judeus a idolatria de seus pais, à qual Deus os entregou como castigo por tê-lo abandonado anteriormente. Não foi uma desonra, mas honra para Deus que o tabernáculo desse lugar ao templo; e agora, o templo terreno deve dar lugar ao espiritual; e assim será quando, ao final, o templo espiritual der lugar ao eterno. Todo o mundo é o templo de Deus, onde Ele está presente em todas as partes, enchendo-o com a sua glória; então, que necessidade tem de ter um templo onde manifestar-se? Estas coisas mostram seu eterno poder e divindade. Como o céu é o seu trono e a terra é o estrado de seus pés, nenhum de nossos serviços beneficiam àquEle que fez todas as coisas. Depois da natureza humana de Cristo, o coração quebrantado e espiritual é o templo mais valioso para Ele. Vv. 51-53. Parece que Estêvão prosseguiria demonstrando que o templo e o serviço do templo chegariam ao fim, e que dar lugar a adoração do Pai em espírito e em verdade seria glória para ambos; Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 19 porém, ele se deu conta de que eles não o suportariam. Portanto, se calou, e pelo Espírito de sabedoria, coragem e poder, repreendeu fortemente seus perseguidores. Quando argumentos e verdades claras provocam os opositores do Evangelho, deve-se mostrar a eles a sua culpa e perigo. Estes, como seus pais, eram obcecados e soberbos. Em nossos corações pecaminosos há algo que sempre resiste ao Espírito Santo, uma carne cujo desejo é contra o Espírito, e esta batalha contra os seus movimentos; porém, no coração dos eleitos de Deus, essa resistência será vencida quando a plenitude dos tempos chegar. A partir de então o Evangelho era oferecido, não por anjos, mas pelo Espírito Santo, mas não o abraçaram porque decidiram não estar de acordo com Deus, fosse em sua lei ou em seu Evangelho. A culpa lhes endureceu o coração, e procuraram o alívio assassinando aquele que os repreendia, ao invés de chorarem e pedirem misericórdia. Vv. 54-60. Nada é tão consolador para os santos moribundos, ou tão animador para os santos que sofrem, do que ver Jesus à destra de Deus: bendito seja Deus! Pela fé podemos vê-lo ali. Estêvão fez duas breves orações em seus momentos de agonia. Nosso Senhor Jesus é Deus, ao qual devemos buscar e em quem devemos confiar e nos consolar, vivendo ou morrendo. Se esta fora nossa preocupação enquanto vivermos, será nosso consolo quando morrermos. Aqui há uma oração por seus perseguidores. Ainda que o pecado tenha sido muito grande, e mesmo que lhes pesasse no coração, Deus não os lançaria na conta deles. Estêvão morreu de uma maneira tão rápida, como homem algum morreu antes; porém, ao morrer, foi dito que dormiu. Ele se dedicou à tarefa de morrer com tanta compostura, como se houvesse ido dormir; despertará novamente na manhã da ressurreição para ser recebido na presença do Senhor, onde há plenitude de gozo, e para compartilhar os prazeres que estão à sua destra, para sempre. Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 20 Atos 8 Versículos 1-4: Saulo persegue a igreja; 5-13: O êxito de Felipe em Samaria – Simão, o mago, é batizado; 14-25: A hipocrisia de Simão é detectada; 26-40: Felipe e o etíope. Vv. 1-4. Ainda que a perseguição não deva nos apartar de nossa obra, pode, todavia,nos enviar a trabalhar em outra parte. Onde quer que o crente estável seja levado, leva consigo o conhecimento do Evangelho de Cristo, e dá a conhecê-lo em todos os lugares. Onde o simples desejo de fazer o bem influencie o coração, será impossível impedir que o homem não utilize todas as oportunidades para servir. Vv. 5-13. Quando o Evangelho prevalece, os espíritos malignos, especialmente os espíritos imundos, são expulsos. Estes trazem todas as inclinações às luxurias da carne, que batalham contra a alma. Aqui são nomeados os transtornos mais difíceis de curar seguindo o curso da natureza, e aqueles que melhor expressam a enfermidade do pecado. Orgulho, ambição e desejos de grandeza sempre têm causado abundante mal ao mundo e à Igreja. As pessoas diziam que Simão possuía grande poder de Deus. Observe nisto de que maneira ignorante e sem reflexão as pessoas erram; porém, grande é o poder da graça divina pela qual são levados a Cristo, que é a própria Verdade! O povo não somente ouvia o que Felipe dizia; foram plenamente convencidos de que o que ele dizia era de Deus, e não de homens, e se deixaram ser dirigidos por isto. Até os homens maus, e com corações que ainda andam após a cobiça, podem ir a Deus como o seu povo vai, e por um tempo continuar com eles. Muitos daqueles que se assombram diante das provas das verdades divinas, nunca experimentaram o poder delas. O Evangelho pregado pode efetuar uma operação geral em uma alma que jamais produziu santidade interior. Nem todos os que professam crer no Evangelho são convertidos para a salvação. Vv. 14-25. O Espírito Santo ainda não havia sido derramado sobre nenhum destes convertidos, com os poderes extraordinários transmitidos Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 21 pelo derramamento do Espírito no dia de Pentecostes. Podemos receber ânimo deste exemplo, orando a Deus, para que dê as graças renovadoras do Espírito Santo a todos aqueles por cujo bem-estar espiritual estamos interessados, pois elas incluem todas as bênçãos. Nenhum homem pode dar o Espírito Santo impondo as suas mãos, mas podemos orar deste modo e devemos empregar os maiores esforços para instruir aqueles por quem oramos. Simão, o mago, ambicionava ter a honra de um apóstolo, mas não se interessava em absoluto por ter o espírito e a disposição do cristão. Desejava mais ter honra para si, do que fazer o bem ao próximo. Pedro lança-lhe em rosto o seu delito. Estimava a riqueza deste mundo, como se correspondessem às coisas que se relacionavam à outra vida, e desejava comprar o perdão dos pecados, o dom do Espírito Santo e a vida eterna. Este era um erro condenatório de tal magnitude, que de maneira nenhuma se harmonizaria com o estado de graça. Nossos corações são aquilo que são diante dos olhos de Deus, que não pode ser enganado, e se não podem ser justos diante de seus olhos, nossa religião é vã e de nada nos serve. O coração orgulhoso e cobiçoso não pode ser justo diante de Deus. Pode ser que um homem ande sob o poder do pecado, ainda que se revista de uma aparente forma de santidade. Quando fores tentado com dinheiro para fazer algo mal, observe quão perecível é o dinheiro e despreze-o. Não penses que o cristianismo é um meio de vida para se ganhar dinheiro neste mundo. Há muita maldade no pensamento do coração, falsas noções, afetos corruptos, e maus projetos, dos quais devemos nos arrepender ou estaremos acabados. Porém, se nos arrependermos, serão perdoados. Aqui se duvida da sinceridade do arrependimento de Simão, não de seu perdão, se o seu arrependimento foi sincero. Conceda-nos, Senhor, um tipo de fé diferente daquela que fez Simão somente entusiasmar-se, mas não santificar o seu coração. Faça com que aborreçamos todo pensamento de fazer a religião servir os propósitos do orgulho ou da ambição. Guarda-nos, Senhor, contra este veneno sutil do orgulho Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 22 espiritual, que busca glória para si mesmo, mesmo através da humildade. Faça com que busquemos somente a honra que vem de ti. Vv. 26-40. Felipe recebeu instruções para ir ao deserto. Às vezes, Deus abre uma porta de oportunidades para os seus ministros nos lugares menos prováveis. Devemos pensar em fazer o bem àqueles que nos fazem companhia quando viajamos. Não devemos ser tão tímidos com os estranhos, como alguns costumam ser. Quanto a estes, a quem não conhecemos, saibamos que possuem almas. A sabedoria dos homens de negócios é remir o tempo para os deveres santos; aproveitar cada minuto com algo que traga benefícios. Ao ler a Palavra de Deus devemos fazer freqüentes pausas para perguntar de quem e de que falam os escritores sagrados, mas os nossos pensamentos devem ocupar-se principalmente no Redentor. O etíope foi convencido, através dos ensinos do Espírito Santo, a respeito do exato cumprimento das Escrituras; compreendeu a natureza do reino do Messias e sua salvação, e desejou ser contado entre os discípulos de Cristo. Aqueles que buscam a verdade e dedicam tempo para esquadrinhar as Escrituras, podem ter a certeza de que colherão benefícios. A aceitação do etíope deve ser entendida como expressando uma confiança pura em Cristo para a salvação, e uma devoção a Ele sem limites. Não nos basta adquirir fé como o etíope, através do estudo diligente das Santas Escrituras e dos ensinos do Espírito de Deus, se não nos dermos por satisfeitos até que tenhamos os seus princípios estabelecidos em nossos corações. Assim que o etíope foi batizado, o Espírito de Deus levou Felipe, e o etíope não voltou a vê-lo. Porém, isto ajudou a confirmar sua fé. Quando aquele que busca salvação familiariza-se com Jesus e com o seu Evangelho, irá por seu caminho regozijando-se, e desempenhará a sua função na sociedade cumprindo seus deveres, por outros motivos e de uma maneira diferente daquela que apresentava até então. Ainda que sejamos batizados com água no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, não será o suficiente sem o batismo no Espírito Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 23 Santo. Senhor, concede isto a cada um de nós; então iremos por nosso caminho regozijando-nos. Atos 9 Versículos 1-9: A conversão de Saulo; 10-22: Saulo se converte e prega a Cristo; 23-31: Saulo é perseguido em Damasco e vai para Jerusalém; 32-35: A cura de Enéias; 36-43: A ressurreição de Dorcas. Vv. 1-9. Saulo estava tão mal informado, que pensava ter de fazer o que pudesse contra o nome de Cristo, e que com isso fazia um serviço a Deus; parece que ele se fundamentava nisto. Não percamos a esperança da graça renovadora para a conversão dos piores pecadores, nem permitamos que estes percam a esperança na misericórdia de Deus, que perdoa os maiores pecados. É um sinal do favor divino, por meio da obra interior de sua graça ou pelas ações exteriores de sua providência, impedir-nos de continuar ou executar objetivos pecaminosos. Saulo viu o Justo (22.14 e 26.13). Quão próximo de nós está o mundo invisível! Se Deus descortina o véu, os objetos se apresentam à vista, comparados com os quais, tudo o que mais se admira na terra será vil e desprezível. Saulo submeteu-se sem reservas, desejoso de saber o que o Senhor Jesus queria que ele fizesse. As revelações de Cristo às pobres almas são humilhantes; as abatem profundamente com pobres pensamentos sobre si mesmas. Saulo não comeu durante três dias, e Deus se agradou em deixá-lo sem alívio durante esse tempo. Agora seus pecados foram colocados de modo ordenado diante dele; estava em trevas em relação ao seu próprio estado espiritual, e o seu espírito estava ferido pelo pecado. Quando o pecador é levado a uma percepção adequada de seu estado e conduta, lança-se totalmente à misericórdia do Salvador, perguntando-lhe: O que desejas que eu faça, Senhor? Deus dirige o pecador humilhado, e ainda que não costume levar os transgressores ao gozo e à paz de crer sem dor, nem intranqüilidade de consciência, sob os quais a almaé profundamente comprometida com as coisas eternas, de qualquer modo, Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 24 bem-aventurados são aqueles que semeiam com lágrimas, porque eles colherão com gozo. Vv. 10-22. Uma boa obra foi começada na vida de Saulo quando foi levado aos pés de Cristo com estas palavras: Senhor, que queres que eu faça? Cristo jamais desprezou alguém que chegasse a esse ponto. Contemple o fariseu orgulhoso, o opressor impiedoso, o blasfemo atrevido, orando! Até hoje acontece o mesmo com o infiel orgulhoso ou com o pecador abandonado. Que novas felizes são estas para todos aqueles que entendem a natureza e o poder da oração, de uma oração que apresenta o pecador humilhado rogando as bênçãos da salvação gratuita! Agora começou a orar de uma maneira diferente da que fazia antes, quando apenas pronunciava palavras de oração; agora orava de fato. A graça regeneradora leva as pessoas a orar; é mais fácil encontrar um homem vivo que não respire, do que encontrar um crente que não ore. Porém, mesmo os discípulos eminentes como Ananias às vezes vacilam diante das ordens do Senhor. Contudo, a glória do Senhor é superar as nossas pequenas expectativas e mostrar que aqueles que consideramos objetos de sua vingança, são vasos de sua misericórdia. O ensino do Espírito Santo elimina do entendimento as escamas da ignorância e do orgulho; então, o pecador passa a ser uma nova criatura e dedica-se a recomendar aos seus antigos companheiros, o Salvador ungido, o Filho de Deus. Vv. 23-31. Quando entramos no caminho de Deus, devemos esperar provas; porém, o Senhor sabe livrar o santo e também dará, com a prova, o escape. A conversão de Saulo foi e é prova da verdade do cristianismo, mas não podia por si mesma converter uma alma que se encontrava em inimizade com a verdade; nada pode produzir a fé verdadeira, senão este poder que recria o coração. Os crentes têm a tendência de suspeitar excessivamente daqueles contra os quais têm preconceitos. O mundo está cheio de engano, é necessário ser cauteloso, e devemos exercer a caridade (1 Co 13.5). O Senhor esclarece o caráter dos crentes verdadeiros, os une ao seu povo, e Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 25 lhes dá a oportunidade de testemunharem de sua verdade diante daqueles que foram testemunhas de seu ódio. Agora Cristo apareceu a Saulo e lhe ordenou que saísse rapidamente de Jerusalém, porque deveria ser enviado aos gentios (veja o capítulo 22. 21). As testemunhas de Cristo não podem morrer enquanto não tiverem terminado seus testemunhos. As perseguições foram suportadas. Aqueles que professavam o Evangelho andaram retamente e gozaram de muito consolo da parte do Espírito Santo, na esperança e paz do Evangelho, e outros foram ganhos para este. Viveram do consolo do Espírito Santo, não somente nos dias de transtornos e aflições, mas também nos dias de repouso e prosperidade. É mais provável que aqueles que caminham com cautela, caminhem com mais gozo. Vv. 32-35. Os cristãos são santos, ou povo santo; não somente os eminentes como Pedro e Paulo, mas todo sincero professo da fé em Cristo. Ele escolheu pacientes com enfermidades incuráveis, conforme o curso natural, para mostrar quão desesperadora é a situação da humanidade caída. Ele enviou a sua Palavra para nos curar quando éramos completamente fracos, como este pobre homem. Pedro não pretende curar por poder próprio, mas dirige Enéias a olhar para Cristo em busca de ajuda. Ninguém diga que como é Cristo que realiza todas as obras em nós, pelo poder de sua graça, não temos obra para fazer nem dever para cumprir; ainda que Jesus Cristo te cure, deves levantar-te e usar o poder que Ele te dá. Vv. 36-43. Muitos daqueles que estão cheios de boas palavras estão vazios e estéreis de boas obras; porém, Tabita era uma grande trabalhadora, não uma grande conversadora. Os cristãos que não possuem propriedades para dar como caridade podem realizar outras obras de caridade, trabalhando com as suas mãos, ou indo com os seus pés, para o bem do próximo. São certamente mais elogiados aqueles cujas obras os elogiam, não importando se as palavras dos demais o façam ou não. São ingratos os que não reconhecem o bem que lhes é feito, nem a bondade que lhes é mostrada. Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 26 Enquanto vivermos a plenitude de Cristo para nossa plena salvação, devemos desejar estar cheios de boas obras para a glória do seu nome e para benefício de seus santos. Pessoas com o caráter de Dorcas são úteis onde quer que morem, porque mostram a excelência da Palavra da verdade por meio de suas vidas. Quão vis são as preocupações de tantas mulheres que não procuram ser distintas, senão no ornamento exterior, e desperdiçam as suas vidas na frívola busca de vestidos e vaidades! O poder uniu-se à Palavra, e Dorcas voltou à vida. Assim é a ressurreição das almas mortas à vida espiritual: o primeiro sinal de vida é abrir os olhos da mente. Aqui vemos que o Senhor pode compensar toda perda, que Ele governa cada acontecimento para o bem daqueles que confiam nEle, e para a glória do seu nome. Atos 10 Versículos 1-8: Cornélio recebe ordens de mandar buscar a Pedro; 9-18. A visão de Pedro; 1933: Pedro vai à casa de Cornélio; 34-43: Seu sermão a Cornélio; 44-48: O derramamento dos dons do Espírito Santo. Vv. 1-8. Até agora ninguém havia sido batizado na Igreja cristã, exceto judeus, samaritanos e os prosélitos que foram circuncidados e observavam a lei cerimonial; agora, os gentios eram chamados a participar de todos os privilégios do povo de Deus, sem ter que primeiramente tornarem-se judeus. A religião pura e sem contaminação, às vezes, é encontrada onde menos esperamos. Onde quer que o temor de Deus reine no coração, se manifestará em obras de caridade e piedade, sem que uma seja escusa da outra. Cornélio tinha fé verdadeira na Palavra de Deus, à medida que a entendia, ainda que não possuísse uma fé clara em Cristo. Esta foi a obra do Espírito de Deus, pela mediação de Jesus Cristo ainda antes que Cornélio o conhecesse, como acontece com todos nós, que antes estávamos mortos em pecado, quando somos vivificados. Por meio de Cristo, as suas orações e esmolas, que de outra maneira seriam rejeitadas, também foram aceitas. Cornélio foi obediente à visão Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 27 celestial, sem discutir nem demorar. Não percamos tempo nos assuntos de interesse da nossa alma. Vv. 9-18. Os preconceitos de Pedro contra os gentios o impediriam de ir à casa de Cornélio, se o Senhor não o tivesse preparado para este serviço. Dizer a um judeu que Deus havia ordenado que estes animais fossem reconhecidos como limpos, quando até agora eram considerados imundos, era dizer efetivamente que a lei de Moisés estava terminada. Logo foi concedido a Pedro o seu significado. Deus sabe quais são os serviços que temos a fazer, sabe como nos preparar, e entenderemos o significado daquilo que Ele nos tem ensinado quando encontrarmos ocasião para usá-lo. Vv. 19-33. Quando percebemos claramente que somos chamados a determinado serviço, não devemos nos confundir com dúvidas e escrúpulos que surjam de prejulgamentos ou de idéias anteriores. Cornélio reunira seus amigos para que participassem com ele da sabedoria celestial que esperava de Pedro. Não devemos desejar comer sozinhos nossas porções espirituais. Devemos considerá-las como dadas e recebidas, e em sinal de bondade e respeito para com nossos parentes e amigos, devemos convidá-los a unirem-se a nós nos exercícios religiosos. Cornélio declara a ordem que Deus lhe deu de mandar buscar a Pedro. Estamos corretos em nossos objetivos ao auxiliarmos um ministério do Evangelho, quando o fazemos com reverência à ordem divina, que nos pede que façamos uso desta ordenança. Com quão pouca freqüência se pede aos ministros que falem a estes grupos, por menores que sejam, dos quais pode-se dizer que estão todos presentes àvista de Deus, para ouvir todas as coisas que Deus manda! Contudo, estes estavam prontos para ouvir o que Deus mandou Pedro dizer. Vv. 34-43. A aceitação não pode ser obtida sobre outro fundamento que não seja o do pacto da misericórdia, pela expiação feita por Cristo; porém, onde quer que se encontre a religião verdadeira, Deus a aceitará sem considerar denominações ou seitas. O temor a Deus e as obras da justiça são a essência da religião verdadeira, os resultados da graça Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 28 especial. Ainda que estes não sejam a causa da aceitação do homem, contudo, a indicam; e o que quer que falte em conhecimento ou fé, lhes será dado no devido momento por aquEle que começou esta boa obra. Em geral eles conheciam a Palavra de Deus, isto é, o Evangelho que Deus enviou aos filhos de Israel. A intenção desta Palavra era que Deus, por seu intermédio, revelasse a boa nova de paz por Jesus Cristo. Eles conheciam os diversos fatos relacionados ao Evangelho. Conheciam o batismo de arrependimento que João pregou. Devem saber que este Jesus Cristo, por quem se faz a paz entre Deus e o homem, é Senhor de tudo; não somente acima de tudo, o Deus bendito pelos séculos dos séculos, como também o Mediador. Toda potestade no céu e na terra está em suas mãos, e a Ele foi confiado todo juízo. Deus estará com aqueles que ungir; estará com aqueles .a quem tenha dado o seu Espírito. Então, Pedro declara a ressurreição de Cristo dentre os mortos, e as suas provas. A fé se refere ao testemunho, e a fé cristã está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sobre o testemunho dado por eles. Observe no que se deve crer acerca dEle: que todos são responsáveis por prestar contas a Cristo, porquanto é o nosso juiz; assim cada um deve procurar o seu favor e tê-lo como Amigo. Se cremos nEle, todos seremos justificados por Ele como Justiça nossa. A remissão de pecados coloca o fundamento para todos os demais favores e bênçãos, tirando do caminho todo obstáculo à sua concessão. Se o pecado é perdoado, tudo está bem e terminará bem para sempre. Vv. 44-48. O Espírito Santo veio sobre outros depois que foram batizados, para confirmá-los na fé, porém, sobre estes gentios desceu antes que fossem batizados nas águas, para demonstrar que Deus não se limita a sinais exteriores. O Espírito Santo desceu sobre aqueles que nem sequer estavam circuncidados, nem batizados nas águas. O Espírito Santo é aquEle que vivifica; a carne para nada aproveita. Eles glorificaram a Deus, e falaram de Cristo e dos benefícios da redenção. Qualquer que seja o dom com o qual estejamos dotados, devemos honrar Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 29 a Deus com ele. Os judeus crentes que estavam presentes ficaram atônitos de que o dom do Espírito Santo fosse derramado também sobre os gentios. Devido a noções errôneas das coisas, criamos dificuldades acerca dos métodos da providência e da graça divina. Como foram inegavelmente batizados com o Espírito Santo, Pedro concluiu que não deveria recusar-lhes o batismo nas águas, e a ordenança foi administrada. O argumento é conclusivo: podemos negar o sinal àqueles que têm recebido as coisas significadas pelo sinal? Aqueles que estão familiarizados com Cristo não podem senão desejar mais. Até aqueles que têm recebido o Espírito Santo devem perceber a necessidade de aprender diariamente mais sobre a verdade. Atos 11 Versículos 1-18: A defesa de Pedro; 19-24: O êxito do Evangelho em Antioquia; 25-30: Os discípulos são chamados cristãos - O socorro enviado à Judéia. Vv. 1-18. O estado imperfeito da natureza humana se manifesta com muita força, quando pessoas santas sentem-se incomodadas até quando ouvem que outras receberam a Palavra de Deus, mas sem prestar atenção ao seu método. Temos a tendência de perder a esperança de fazer o bem àqueles que, ao serem provados, mostram que não têm o desejo de ser ensinados. A causa da ruína e prejuízo da Igreja é excluir dela, e dos benefícios dos meios da graça, aqueles que não são como nós em tudo. Pedro contou todo o passado. Em todo momento devemos suportar as fraquezas de nossos irmãos, e em lugar de ofender ou responder de modo frágil, devemos explicar os motivos e mostrar a natureza de nossos procedimentos. É correta a pregação por meio da qual o Espírito Santo é concedido aos ouvintes. Ainda que os homens sejam muito zelosos em seus próprios regulamentos, devem se guardar de resistir a Deus; e aqueles que amam ao Senhor o glorificarão quando estiverem certos de que Ele tem concedido o arrependimento para a vida, a todos os nossos Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 30 semelhantes pecadores. O arrependimento é um dom de Deus; a sua livre graça não somente o aceita; sua graça onipotente opera em nós, a graça retira o coração de pedra e nos dá um de carne. O sacrifício para Deus é um espírito quebrantado. Vv. 19-24. Os primeiros pregadores do Evangelho em Antioquia foram dispersos desde Jerusalém por causa da perseguição; desse modo fez-se com que aquilo que pretendia causar dano a Igreja, trabalhasse para o seu bem. A ira do homem se transforma em louvor a Deus. O que os ministros do Senhor devem pregar senão a Cristo, crucificado e glorificado? A pregação deles foi acompanhada de poder divino. A mão do Senhor estava com eles para levar aos corações e consciências dos homens, o que somente se podia dizer ao ouvido exterior. Eles creram e foram convencidos da verdade do Evangelho. Converteram-se de uma maneira carnal e indolente de viver a uma vida santa, espiritual e celestial. Converteram-se de adorarem a Deus para serem vistos e do formalismo, a adorá-lo em e espírito e em verdade. Converteram-se ao Senhor Jesus, que passou a ser tudo para eles. Esta foi a obra de conversão realizada neles, e que deve ser efetuada em cada um de nós. Foi fruto da fé deles; todos aqueles que crerem sinceramente se converterão ao Senhor. Quando se prega ao Senhor Jesus com clareza, e conforme as Escrituras, Ele dará êxito; e quando os pecadores são desta maneira levados ao Senhor, os homens realmente bons, que estão cheios de fé e do Espírito Santo, contemplarão e se regozijarão na graça de Deus, concedida a eles. Barnabé estava cheio de fé, da graça da fé, e dos frutos da fé que operam por amor. Vv. 25-30. Até agora os seguidores de Cristo eram chamados discípulos, isto é, aprendizes, estudantes; porém, a partir desta época, foram chamados cristãos. O significado apropriado deste nome é seguidor de Cristo; denota que a pessoa com pensamento sério abraça a religião de Cristo, crê em suas promessas, e faz com que sua principal Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 31 tarefa seja edificar a sua vida por meio dos preceitos e do exemplo de Cristo. A partir daqui, fica claro que há multidões que adotam o nome de cristãos, às quais não condizem com este nome porque o nome sem a realidade somente aumenta a nossa culpa. Enquanto a profissão de fé sozinha não traz benefícios nem deleites, a posse dela nos dá a promessa para a vida presente e para a vindoura. Concede, Senhor, que os cristãos se esqueçam de outros nomes e outras honras e amem-se uns aos outros, como devem fazer os seguidores de Cristo. Os cristãos verdadeiros compadecer-se-ão de seus irmãos que passam por aflições. Assim gera-se fruto para o louvor e a glória de Deus, se toda a humanidade fosse verdadeiramente cristã, com quanto júbilo as pessoas se ajudariam umas às outras! Toda a terra seria como uma grande família, e cada membro se esforçaria para cumprir o seu dever e ser bondoso. Atos 12 Versículos 1-5: O martírio de Tiago e a prisão de Pedro; 6-11: Pedro é liberto do cárcere por um anjo; 12-19: Pedro vai embora - A fúria de Herodes; 20-25: A morte de Herodes. Vv. 1-5. Tiago era um dos filhos de Zebedeu, a quem Cristo disse que beberia o cálice que Ele iria beber, e seria batizado com o batismo com que Eleseria batizado (Mt 20. 23). Agora estas palavras de Cristo se cumpriram na íntegra: se sofrermos com Cristo, reinaremos com Ele. Herodes mandou prender a Pedro: o caminho da perseguição é morro abaixo, como o de outros pecados; quando os homens estão nEle, não podem ser facilmente detidos. Aqueles que se ocupam em agradar aos homens são presas fáceis de Satanás. Tiago terminou a sua carreira, porém Pedro, estando destinado a novos serviços, estava a salvo, ainda que agora parecesse designado ao próximo sacrifício. Nós, que vivemos em uma geração fria, que não ora, dificilmente temos uma idéia do fervor dos santos homens do passado. Porém, se o Senhor trouxesse à Igreja uma perseguição terrível, como a Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 32 de Herodes, os fiéis em Cristo aprenderiam o que é orar com toda a alma. Vv. 6-11. A consciência tranqüila, a esperança viva e a consolação do Espírito Santo podem manter os homens em paz diante da perspectiva total da morte, mesmo as pessoas que estiveram confusas com os terrores dela. Quando as situações das pessoas são levadas a extremos, então chega o tempo de Deus ajudar. Pedro tinha toda certeza que o Senhor poria fim a esta prova, da maneira que fosse uma glória maior para Deus. Aqueles que são libertos da prisão espiritual devem seguir seu Libertador, como os israelitas quando saíram da casa da escravidão. Não sabiam para onde iam, mas sabiam a quem seguiam. Quando Deus realiza a obra da salvação de seu povo, todos os obstáculos do caminho são superados, e até as portas de ferro se abrirão sozinhas. Esta libertação de Pedro representa a nossa libertação por meio de Cristo, aquEle que não só proclama liberdade aos cativos, mas os tira da prisão. Pedro compreendeu quão grandes coisas Deus havia feito por ele, quando recuperou a sua consciência. Desta maneira, as almas libertas da escravidão espiritual não se dão conta, no início, do que Deus tem feito nelas; muitos daqueles que já possuem a verdade da graça, precisam de provas dela. Quando vier o Consolador, enviado pelo Pai, lhes fará saber, mais cedo ou mais tarde, que mudança bendita tem sido realizada. Vv. 12-19. A providência de Deus dá lugar ao emprego de nossa prudência, ainda que Ele tenha empreendido a execução e o aperfeiçoamento daquilo que começou. Estes cristãos continuaram orando por Pedro, porque eram verdadeiramente fervorosos. Desta maneira, os homens devem orar sempre, sem desanimar. Se almejamos alcançar uma misericórdia, devemos continuar orando por ela. Às vezes, aquilo que desejamos com mais fervor é aquilo em que menos cremos. A lei cristã de negar-se a si mesmo e sofrer por Cristo não revoga a lei natural de cuidar de nossa segurança por meios lícitos. Em épocas de perigo público, todos os crentes têm a Deus como refúgio, um refúgio tão secreto que o mundo não pode encontrá-los. Além do mais, os Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 33 próprios instrumentos da perseguição estão expostos ao perigo; a ira de Deus pesa sobre todos aqueles que se dedicam a esta aborrecível obra. A ira dos perseguidores costuma ser espalhada sobre todos aqueles que estão em seu caminho. Vv. 20-25. Muitos príncipes pagãos reivindicaram e receberam honras divinas; porém, a impiedade de Herodes, que conhecia a Palavra e a adoração do Deus vivo, foi muito mais terrível quando aceitou honras idólatras sem repreender a blasfêmia. Os homens como Herodes, que se incham com orgulho e vaidade, estão amadurecendo rapidamente para a vingança a que estão destinados. Deus é muito zeloso de sua honra e será glorificado naqueles por quem não é glorificado. Observe que corpos vis estamos trazendo conosco; têm neles a semente de sua dissolução, e por ela logo serão destruídos, bastando Deus somente dizer a palavra. Adquiramos sabedoria com o povo de Tiro e Sidom, porque temos ofendido ao Senhor com nossos pecados. Dependemos dEle para viver, respirar e para todas as coisas; certamente convém nos humilharmos diante dEle, para que, por meio do Mediador designado, que está sempre pronto para ser nosso Amigo, possamos ser reconciliados com Ele, para que a ira não nos sobrevenha com todo o seu rigor. Atos 13 Versículos 1-3: A missão de Paulo e Barnabé; 4-13: Elimas, o encantador; 14-41: O discurso de Paulo em Antioquia; 42-52: Paulo prega aos gentios e é perseguido pelos judeus. Vv. 1-3. Que equipe temos aqui! Vemos nestes homens que o Senhor levanta instrumentos para a sua obra de diversos lugares e posições sociais; o zelo por sua glória induz os homens a renunciar relações e perspectivas promissoras para fomentar a sua causa. Os obreiros de Cristo estão capacitados e dispostos para o seu serviço por seu Espírito, que os tira de outros interesses que lhes serviam de obstáculos. Eles devem dedicar-se à obra de Cristo, e sob a direção do Espírito, agir para a glória de Deus Pai. São separados para Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 34 empreenderem trabalhos árduos, e não para assumir posições sociais no mundo. Buscaram a bênção para Paulo e Barnabé naquilo que empreenderiam, para que fossem cheios com o Espírito Santo na obra que fariam. Não importa que meios sejam usados, ou que regras sejam observadas, somente o Espírito Santo pode capacitar os ministros para a importante obra a que o Senhor os designa, e chamá-los a ela. Vv. 4-13. Satanás está especialmente ocupado com grandes homens e com homens que estão no poder para impedir que sejam religiosos, porque o exemplo deles influencia a muitos. Aqui, pela primeira vez, Saulo é chamado de Paulo, e nunca mais foi chamado de Saulo. Quando era hebreu seu nome era Saulo; como cidadão de Roma, seu nome era Paulo. Sob a influência direta do Espírito Santo, revelou o verdadeiro caráter de Elimas, porém, não de forma emocional. A plenitude do engano e da maldade reunidas podem fazer com que um homem se torne filho do Diabo. Aqueles que são inimigos da doutrina de Jesus são inimigos de toda justiça, porque nela se cumpre toda justiça. O caminho do Senhor é o único caminho reto para o céu e para a felicidade. Há muitos que não somente se desviam deste caminho, mas também colocam outros contra ele. Estes estão freqüentemente tão endurecidos, que não cessarão de fazer o mal. O procônsul ficou, em seu próprio coração e consciência, maravilhado pela força da doutrina, e pelo poder de Deus com que foi confirmada. A doutrina de Cristo deixa as pessoas atônitas; e quanto mais sabemos sobre ela, mais razões teremos para nos maravilharmos com ela. Aqueles que colocam a sua mão no arado e olham para trás não são aptos para o reino de Deus. Aqueles que não estão preparados para enfrentar oposições e suportar dificuldades, não são aptos para a obra do ministério. Vv. 14-31. Quando nos reunimos para adorar a Deus, devemos fazê-lo não somente com oração e louvor, mas também para ler e ouvir a Palavra de Deus. Não basta somente ler as Escrituras nas assembléias Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 35 públicas; elas devem ser expostas e as pessoas exortadas com elas. Isto ajuda as pessoas a fazerem o necessário para tirar proveito da Palavra e aplicá-la a si mesmas. Neste sermão se mencionou tudo que era necessário para que os judeus fossem convencidos da melhor maneira para receberem e abraçarem a Cristo como o Messias prometido. Toda opinião, não importa quão breve ou frágil seja ao falar sobre os tratos do Senhor com sua igreja, nos lembra sua misericórdia e paciência, e a ingratidão e perversidade do homem. Paulo vai de Davi ao Filho de Davi, e demonstra que este Jesus é a sua semente prometida; o Salvador faz por eles, os seus piores inimigos, o que os antigos juizes não podiam fazer para salvá-los de seus pecados. Quando os apóstolos pregavam a Cristo como o Salvador, distavam muito de ocultar a sua morte, tanto é que sempre pregavam a Cristo crucificado. A nossa completa separação do pecado representa que somos sepultadoscom Cristo. Porém, Ele ressuscitou dentre os mortos e não viu corrupção. Esta era a grande verdade que deveria ser pregada. Vv. 32-37. A ressurreição de Cristo era a grande prova de que Ele é o Filho de Deus. Não era possível que fosse retido pela morte porque é o Filho de Deus, e portanto, tinha a vida em si mesmo a qual não poderia entregar sem o propósito de tornar a tomá-la. A certeza das misericórdias de Davi é a vida eterna, a ressurreição era sinal seguro e as bênçãos da redenção em Cristo ainda são uma primícias certas, mesmo neste mundo. Davi foi uma grande bênção para a época em que viveu. Não nascemos para nós mesmos, porém, ao nosso redor vivem pessoas, as quais devemos ter presentes para servir. Aqui está a diferença: Cristo iria servir a todas as gerações. Olhemos para aquEle que é declarado Filho de Deus por sua ressurreição dentre os mortos, para que, por fé nEle, possamos andar com Deus e servir à nossa geração segundo a sua vontade; e quando a morte chegar, durmamos nEle com a bendita esperança de uma gloriosa ressurreição. Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 36 Vv. 38-41. Todos aqueles que ouvem o Evangelho de Cristo devem saber estas duas coisas: 1. Que através deste Homem, que morreu e ressuscitou, lhes é pregado o perdão dos pecados. Vossos pecados, ainda que sejam muitos e grandes, podem ser perdoados, e podem sê-lo sem prejuízo da honra de Deus. 2. Somente por Cristo, e por ninguém mais, aqueles que crêem nEle são justificados de todas as coisas, e justificados de toda a culpa e mancha do pecado, do qual não puderam ser justificados pela lei de Moisés. O grande interesse dos pecadores convictos é serem justificados, exonerados de toda a sua culpa e aceitos como justos diante dos olhos de Deus, porque se algo ficar a cargo do pecador, estará acabado. Por Jesus Cristo podemos obter a justificação completa, porque por Ele foi feita a completa expiação pelo pecado. Somos justificados por Ele não somente como nosso Juiz, mas também por Ele como Jeová, Justiça nossa. O que a lei não podia fazer por nós, porquanto era frágil, o Evangelho de Cristo faz. Esta é a bênção mais necessária, que traz todas as demais. As ameaças são advertências; o que nos foi dito que sobrevirá aos pecadores impenitentes, está concebido para nos despertar e nos alertar, para que não caia sobre nós. Destrói a muitos que desprezam a fé em Cristo. Aqueles que não se maravilharem e não forem salvos, se assombrarão e perecerão. Vv. 42-52. Os judeus se opunham à doutrina que os apóstolos pregavam, e quando não puderam encontrar algo para objetar, blasfemaram de Cristo e de seu Evangelho. Freqüentemente aqueles que começam contradizendo, terminam blasfemando. Quando os adversários da causa de Cristo são ousados, seus advogados devem ser ainda mais atrevidos. Enquanto muitos não se julgam dignos da vida eterna, outros que parecem menos prováveis desejam ouvir mais da boa nova da salvação. Isto está de acordo com o que foi anunciado no Antigo Testamento. Que luz, que poder, que tesouro, este Evangelho traz consigo! Quão Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 37 excelentes são suas verdades, seus preceitos e suas promessas! Vieram a Cristo aqueles a quem o Pai trouxe, e aqueles a quem o Espírito fez o chamamento eficaz (Rm 8.30). Todos aqueles que estavam ordenados para a vida eterna, preocupados com a sua situação vindoura e queriam assegurar a vida eterna, creram em Cristo, em quem Deus havia guardado a vida, e que é o único caminho a ela; e foi a graça de Deus que operou neles. É bom ver mulheres nobres devotas; quanto menos tenham a fazer neste mundo, mais devem fazer por suas próprias almas, e pela alma do próximo; porém, é triste que elas procurem mostrar ódio a Cristo sob o pretexto da devoção a Deus. Quanto mais nos deleitamos com as consolações e exortações que encontramos no poder e na santidade, e quanto mais cheios os nossos corações estiverem com estes, melhor preparados estaremos para enfrentar as dificuldades da profissão da santidade. Atos 14 Versículos 1-7: Paulo e Barnabé em Icônio; 8-18: A cura de um paralítico em Listra – O povo deseja oferecer sacrifícios a Paulo e Barnabé; 19-28: Paulo é apedrejado em Listra – Nova visita às igrejas. Vv. 1-7. Os apóstolos falavam com tanta simplicidade, demonstração do Espírito e poder, tão calidamente e com tanto interesse pelas almas dos homens, que aqueles que os ouviam não podiam senão dizer que verdadeiramente Deus estava com eles. Porém, o êxito não deveria ser atribuído ao estilo de pregar, mas ao Espírito de Deus que usava esse meio. A perseverança em fazer o bem em meio aos perigos e dificuldades é uma bendita demonstração de graça. Para onde quer que os servos de Deus sejam levados, devem falar a verdade. Quando iam no nome e no poder de Cristo, Ele não deixava de dar testemunho da Palavra da sua graça. Nos assegura que é a Palavra de Deus e que podemos julgar a nossa alma por ela. Os gentios e os judeus estavam em inimizade uns contra os outros, mas unidos contra os cristãos. Se os inimigos da Igreja se unem para destruí-la, os seus amigos Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 38 não se unirão para preservá-la? Deus tem um refúgio para o seu povo em caso de tormenta: Ele mesmo é e será o seu refúgio. Em épocas de perseguição, os crentes podem ter motivos para sair de um lugar, ainda que não deixem a obra de seu Mestre. Vv. 8-18. Todas as coisas são possíveis para aquele que crê. Quando temos fé, dom tão precioso de Deus, seremos livres da falta da defesa espiritual em que nascemos, e do domínio dos costumes pecaminosos que se formam à medida que crescemos; seremos capacitados para nos colocarmos de pé e andar jubilosos nos caminhos do Senhor. Quando Cristo, o Filho de Deus, manifestou-se à semelhança dos homens, e realizou muitos milagres, os homens estavam tão distantes de oferecer-lhe sacrifício, que ofereceram-no como sacrifício para a soberba e maldade deles. Contudo, Paulo e Barnabé foram tratados como deuses por terem realizado um milagre. O mesmo poder do deus deste mundo, que fecha a mente carnal contra a verdade, faz com que o erro e os equívocos sejam facilmente admitidos. Não lemos que tenham rasgado os seus vestidos quando o povo falou em apedrejá-los, mas quando falaram de adorá-los; eles não puderam tolerar isto, pois estavam mais preocupados com a honra de Deus do que com a sua própria honra. A verdade de Deus não necessita dos serviços da falsidade do homem. Os servos de Deus podem obter facilmente honras indevidas, se cederem aos erros e vícios dos homens; porém, devem aborrecer e detestar este respeito mais do que qualquer reprovação por parte dos homens. Quando os apóstolos pregaram aos judeus que odiavam a idolatria, só tiveram que pregar a graça de Deus em Cristo; porém, quando pregaram aos gentios, tiveram que corrigir os erros da religião natural. Compare a conduta e a declaração deles com as opiniões daqueles que pensam falsamente que a adoração a Deus, sob qualquer nome ou de qualquer maneira, é também aceitável para o Todo-Poderoso. Atos (Comentário Bíblico de Matthew Henry) 39 Os argumentos de maior força, os discursos mais fervorosos e afetuosos, até mesmo acompanhados com milagres, bastam apenas para resguardar os homens de absurdos e abominações; muito menos são capazes de, sem a graça especial, voltar os corações dos pecadores a Deus e à santidade. Vv. 19-28. Observe quão incansável era a fúria dos judeus contra o Evangelho de Cristo. O povo apedrejou Paulo em um tumulto popular. Tão forte é a inclinação do coração corrupto que por um lado, com extrema dificuldade os homens se abstêm do mal, e por outro, com muita facilidade são persuadidos a fazer o mal. Se Paulo fosse Mercúrio, poderia ser adorado, mas sendo um fiel ministro do Senhor, deveria ser apedrejado e lançado para fora da cidade. Assim, pois os homens que facilmente se submetem a fortes
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