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Sumário: Juízes 1 1 Juízes 2 9 Juízes 3 23 Juízes 4 32 Juízes 5 38 Juízes 6 48 Juízes 7 57 Juízes 8 64 Juízes 9 70 Juízes 10 79 Juízes 11 81 Juízes 12 90 Juízes 13 95 Juízes 14 106 Juízes 15 111 Juízes 16 120 Juízes 17 132 Juízes 18 139 Juízes 19 147 Juízes 20 152 Juízes 21 159 Juízes 22 133 Juízes 1 1 “1 Depois da morte de Josué os filhos de Israel consultaram ao Senhor, dizendo: Quem dentre nós subirá primeiro aos cananeus, para pelejar contra eles? 2 Respondeu o Senhor: Judá subirá; eis que entreguei a terra na sua mão. 3 Então disse Judá a Simeão, seu irmão: sobe comigo à sorte que me coube, e pelejemos contra os cananeus, e eu também subirei contigo à tua sorte. E Simeão foi com ele. 4 Subiu, pois, Judá; e o Senhor lhes entregou nas mãos os cananeus e os perizeus; e bateram deles em Bezeque dez mil homens. 5 Acharam em Bezeque a Adoni-Bezeque, e pelejaram contra ele; e bateram os cananeus e os perizeus. 6 Mas Adoni-Bezeque fugiu; porém eles o perseguiram e, prendendo-o, cortaram-lhe os dedos polegares das mãos e dos pés. 7 Então disse Adoni-Bezeque: Setenta reis, com os dedos polegares das mãos e dos pés cortados, apanhavam as migalhas debaixo da minha mesa; assim como eu fiz, assim Deus me pagou. E o trouxeram a Jerusalém, e ali morreu. 8 Ora, os filhos de Judá pelejaram contra Jerusalém e, tomando-a, passaram-na ao fio da espada e puseram fogo à cidade. 9 Depois os filhos de Judá desceram a pelejar contra os cananeus que habitavam na região montanhosa, e no Negebe, e na baixada. 10 Então partiu Judá contra os cananeus que habitavam em Hebrom, cujo nome era outrora Quiriate-Arba; e bateu Sesai, Aimã e Talmai. 11 Dali partiu contra os moradores de Debir, que se chamava outrora Quiriate-Sefer. 12 Disse então Calebe: A quem atacar Quiriate-Sefer e a tomar, darei a minha filha Acsa por mulher. 13 E tomou-a Otniel, filho de Quenaz, o irmão de Calebe; mais novo do que ele; e Calebe lhe deu sua filha Acsa por mulher. Juízes 1 2 14 Estando ela em caminho para a casa de Otniel, persuadiu-o que pedisse um campo ao pai dela. E quando ela saltou do jumento, Calebe lhe perguntou: Que é que tens? 15 Ela lhe respondeu: Dá-me um presente; porquanto me deste uma terra no Negebe, dá-me também fontes d'água. Deu-lhe, pois, Calebe as fontes superiores e as fontes inferiores. 16 Também os filhos do queneu, sogro de Moisés, subiram da cidade das palmeiras com os filhos de Judá ao deserto de Judá, que está ao sul de Arade; e foram habitar com o povo. 17 E Judá foi com Simeão, seu irmão, e derrotaram os cananeus que habitavam em Zefate, e a destruíram totalmente. E chamou-se o nome desta cidade Horma. 18 Judá tomou também a Gaza, a Asquelom e a Ecrom, com os seus respectivos territórios. 19 Assim estava o Senhor com Judá, o qual se apoderou da região montanhosa; mas não pôde desapossar os habitantes do vale, porquanto tinham carros de ferro. 20 E como Moisés dissera, deram Hebrom a Calebe, que dali expulsou os três filhos de Anaque. 21 Mas os filhos de Benjamim não expulsaram aos jebuseus que habitavam em Jerusalém; pelo que estes ficaram habitando com os filhos de Benjamim em Jerusalém até o dia de hoje. 22 Também os da casa de José subiram contra Betel; e o Senhor estava com eles. 23 E a casa de José fez espiar a Betel (e fora outrora o nome desta cidade Luz); 24 e, vendo os espias a um homem que saía da cidade, disseram- lhe: Mostra-nos a entrada da cidade, e usaremos de bondade para contigo. 25 Mostrou-lhes, pois, a entrada da cidade, a qual eles feriram ao fio da espada; porém deixaram livre aquele homem e toda a sua família. 26 Então o homem se foi para a terra dos heteus, edificou uma cidade, e pôs-lhe o nome de Luz; este é o seu nome até o dia de hoje. Juízes 1 3 27 Manassés não expulsou os habitantes de Bete-Seã, nem os de Taanaque, nem os de Dor, nem os de Ibleã, nem os de Megido, todas com suas respectivas vilas; pelo que os cananeus lograram permanecer na mesma terra. 28 Mas quando Israel se tornou forte, sujeitou os cananeus a trabalhos forçados, porém não os expulsou de todo. 29 Também Efraim não expulsou os cananeus que habitavam em Gezer; mas os cananeus ficaram habitando no meio dele, em Gezer. 30 Também Zebulom não expulsou os habitantes de Quitrom, nem os de Naalol; porém os cananeus ficaram habitando no meio dele, e foram sujeitos a trabalhos forçados. 31 Também Aser não expulsou os habitantes de Aco, nem de Sidom, nem de Alabe, nem de Aczibe, nem de Helba, nem de Afeca, nem de Reobe; 32 porém os aseritas ficaram habitando no meio dos cananeus, os habitantes da terra, porquanto não os expulsaram. 33 Também Naftali não expulsou os habitantes de Bete-Semes, nem os de Bete-Anate; mas, habitou no meio dos cananeus, os habitantes da terra; todavia os habitantes de Bete-Semes e os de Bete-Anate foram sujeitos a trabalhos forçados. 34 Os amorreus impeliram os filhos de Dã até a região montanhosa; pois não lhes permitiram descer ao vale. 35 Os amorreus quiseram também habitar no monte Heres, em Aijalom e em Saalabim; contudo prevaleceu a mão da casa de José, de modo que eles ficaram sujeitos a trabalhos forçados. 36 E foi o termo dos amorreus desde a subida de Acrabim, desde Sela, e dali para cima.” (Jz 1.1-36). Lido fora de seu contexto, o início deste capítulo pode dar a entender que o autor sagrado poderia estar sugerindo que a conquista de Canaã somente começou efetivamente depois da morte de Josué, mas não é exatamente isto que ele está afirmando, pois o que está em foco é o avanço das conquistas, que eles Juízes 1 4 deveriam prosseguir conforme o mandado de Deus, e que haviam sido iniciadas nos dias de Josué. Muitos territórios, que haviam sido previamente distribuídos pelas tribos, por sortes, enquanto Josué ainda vivia, deveriam ser conquistados quando as tribos se instalassem nas áreas, que lhes foram respectivamente designadas, conforme vimos em nosso estudo no livro de Josué. Entretanto, por temor dos inimigos e por terem se acomodado ao que havia sido conquistado inicialmente, as novas gerações não haviam avançado no trabalho de conquistar a terra, e isto está claramente revelado logo no início da escrita deste livro de Juízes. Depois da morte de Josué os israelitas consultaram ao Senhor para saber qual das tribos deveria empreender a primeira ação de combate, para avançar na conquista do território de Canaã, para animar as demais a combaterem também nos respectivos territórios. Enquanto Josué vivia, as batalhas contra os cananeus eram realizadas pela ação conjunta de todas as tribos, mas agora, cada uma, respectivamente, com a eventual ajuda das tribos que lhes estavam associadas, deveria lutar para conquistar os territórios que lhes foram designados previamente por sortes, como foi o caso de Simeão, que lutou ao lado de Judá, porque teria herança no território que havia sido designado para esta tribo. Enquanto estavam lutando juntos, realizaram a conquista de muita terra e de muitas cidades, conforme descrito no livro de Josué, mas agora, tendo cada qual que lutar para estender suas respectivas fronteiras, nós vemos que não houve fé suficiente neles para crerem no Senhor, de modo a terem a Sua forte mão trabalhando em seu favor. E disto nos dá conta todo o relato do livro de Juízes, que revela a incredulidade e idolatria de sucessivas gerações de Israel, confirmando que tinha de fato a sua razão de ser o cuidado de Deus em ter determinado que não se permitissem conviver com os cananeus, para não se contaminarem com as suas práticas idolátricas. Juízes 1 5 Este esfriamento para com Deus ocorreu à medida que o tempo passava, pois nós não vemos isto logo no início, porque ainda havia muito daquela fé, que as tribos demonstravam enquanto vivia Josué, nesta designação inicial feita pelo Senhor para que a tribode Judá subisse primeiro à batalha, prometendo-lhes que teriam sucesso no empreendimento, e Deus jamais teria feito tal promessa, se não vislumbrasse qualquer fé e santidade neles. Judá era o primeiro em dignidade, e então deveria ser o primeiro no cumprimento do dever. O fardo da honra deve ir junto com o fardo do trabalho. Deus prometeu ajudar a tribo de Judá, mas não lhe daria sucesso a menos que se aplicassem vigorosamente ao serviço que deveriam realizar. De igual modo, nenhum ministério florescerá pela ajuda das mãos do Senhor, sem que haja a mesma disposição de empenho nos ministros. O exército de Judá realizou diversas conquistas, mas não tiveram fé suficientemente forte para empreender guerra contra os cananeus, que habitavam no vale, porque tinham carros de ferro (v 19), tendo se apossado somente da região montanhosa. Mesmo para aqueles que têm fé em Deus há desafios à fé, que exigirão uma fé grande para que possam ser enfrentados, e daí a necessidade de se aumentar a fé no Senhor, por uma aplicação mais diligente nos deveres e uso dos meios da graça (oração, meditação na Palavra, consagração, santificação) para que a nossa fé seja aumentada pelo Senhor, de modo que possamos realizar maiores obras para a Sua glória através de uma fé robustecida. A fé de Judá foi suficiente para realizar por exemplo o grande empreendimento de derrota dos cananeus e perizeus em Bezeque, onde dez mil homens foram batidos pelas forças de Judá coligadas com as de Simeão. Eles submeteram também ao rei de Bezeque, denominado Adoni- Bezeque, que significa Senhor de Bezeque. E antes de ser morto, cortaram os seus dedos polegares das mãos e dos pés, e o próprio Adoni-Bezeque reconheceu que estava sendo castigado por Deus, Juízes 1 6 porque ele havia cortado também os dedos polegares das mãos e pés de setenta reis que se alimentavam das migalhas da sua mesa. Ele fizera aquilo para que não pudessem mais lutar empunhando espadas, e nem também terem facilidade de fugir, pela dificuldade de correr sem os polegares dos pés. Naquela dispensação da morte e condenação, onde imperava a lei do olho por olho, para que aprendêssemos o temor devido aos juízos de Deus contra o pecado, nós podemos entender que aquele juízo era de fato procedente do Senhor como paga pelas suas más obras, demonstrando que realmente, com a medida com que tivermos medido, nós também seremos medidos, quer seja para o bem, quer seja para o mal. Isto decorre de que enquanto houver pecado no mundo, ao lado da bondade, amor e misericórdia de Deus, também correrá paralelamente a isto os seus necessários juízos, de modo que os homens sejam desencorajados da prática do mal, pelo temor que lhes venha a suceder o mesmo mal, que fizerem ao seu próximo, ainda que neste período da dispensação da graça, desde que Jesus morreu para o perdão dos pecadores, estes juízos têm sido muito abrandados, por conta da longanimidade de Deus. Nós vimos em nosso estudo do livro de Josué (cap 10), que um rei também chamado Adoni-Bezeque levantou uma coligação de reis para lutar contra os israelitas. Certamente, se tratava de um outro rei de Jerusalém, que foi batido nos dias de Josué. Tudo indica que este nome Adoni-Bezeque, era um título dos reis daquelas terras, tal como nós temos o título de faraó para os reis do Egito, e o de Abimeleque, para os reis dos filisteus. A conquista dos dias de Josué foi realizada mediante ação conjugada de todas as tribos de Israel, mas neste capítulo, nós temos apenas Judá e Simeão em ação. Trata-se portanto de uma ocasião diferente da narrada no livro de Josué. Juízes 1 7 A passagem relativa a Calebe e à conquista de Quiriate-Sefer por seu sobrinho Otiniel, a quem deu por esposa sua filha Acsa, está amplamente comentada em Josué 15.16-19. No verso 18 é citado que Judá tomou também a Gaza, a Asquelom e a Ecrom, três das cidades confederadas dos filisteus com os seus respectivos territórios, mas não tendo expulsado os seus habitantes conforme mandado do Senhor, os filisteus viriam a se fortalecer mais tarde, e tomaram de volta as suas possessões e passaram a ser um grande espinho na carne de Israel, até aos dias do rei Davi, e foram eles que oprimiram a Israel nos dias de Sansão. Os versos 21 a 36 narram a mistura dos israelitas com os cananeus que permaneceram em seus territórios, porque não os expulsaram segundo o mandado de Deus. Os jebuseus permaneceram na posse de Jerusalém porque a tribo de Benjamim não os expulsou (v 21). A tribo de Efraim conquistou Betel porque o Senhor era com eles (v. 22), mas não expulsaram os cananeus de Gezer, que ficaram habitando no meio deles (v. 29). E todas as demais tribos, também não expulsaram os cananeus de seus territórios, de modo que conviviam com eles, e isto se lhes tornou laço, conforme havia sido predito desde os dias de Moisés. Os carros de ferro dos cananeus, que habitavam o vale, e que tanto amedrontaram os israelitas são ainda os mesmos carros de ferro do diabo, que impedem a Igreja de avançar conquistando almas para Cristo em todo o mundo, e especialmente nos países onde predomina o islamismo. São na verdade carros de ferro que não podem ser dominados sem uma ação direta e poderosa de Deus, e para isto é necessário fé, jejum e oração, por parte da Igreja, para que assim como Ele destruiu tais carros nos dias de Débora e Sísera, como veremos nos capítulos quarto e quinto deste livro, Ele possa abrir à evangelização tais portas, que se encontram ainda hermeticamente fechadas, impedindo uma livre pregação do evangelho. Todavia, estes carros de ferro não se limitam apenas aos países de tradição muçulmana, como também se referem aos grandes Juízes 1 8 bolsões de resistência satânica, no mundo ocidental, quer através de um forte secularismo e desinteresse pelas coisas celestiais, como também ao grande e crescente aumento da iniquidade em todas as suas formas de expressão, e isto faz com que a Igreja fique imobilizada, porque são carros de ferro que não podem ser destruídos sem uma ação direta e poderosa de Deus, e por isso necessitamos urgentemente de um novo e grande avivamento do Espírito Santo, para que tais resistências possam ser rompidas. Todavia, sem oração incessante e sem retidão de vida, não haverá nenhum avivamento. Deus tem feito à Igreja a mesma promessa que fez a Josué de pelejar pelo Seu povo, desde que este se mantenha fiel à Sua vontade. "Porém a região montanhosa será tua. Ainda que é bosque, cortá- los-á, e até às suas extremidades será todo teu; porque expulsarás os cananeus, ainda que possuem carros de ferro e são fortes" (Josué 17.18). Juízes 2 “1 O anjo do Senhor subiu de Gilgal a Boquim, e disse: Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe para a terra que, com juramento, prometi a vossos pais, e vos disse: Nunca violarei e meu pacto convosco; 2 e, quanto a vós, não fareis pacto com os habitantes desta terra, antes derrubareis os seus altares. Mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso? 3 Pelo que também eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes estarão quais espinhos nas vossas ilhargas, e os seus deuses vos serão por laço. 4 Tendo o anjo do Senhor falado estas palavras a todos os filhos de Israel, o povo levantou a sua voz e chorou. 5 Pelo que chamaram àquele lugar Boquim; e ali sacrificaram ao Senhor. 6 Havendo Josué despedido o povo, foram-se os filhos de Israel, cada um para a sua herança, a fim de possuírem a terra. Juízes 2 10 7 O povo serviu ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que sobreviveram a Josué e que tinham visto toda aquela grande obra do Senhor, a qual ele fizera a favor de Israel. 8 Morreu, porém, Josué, filho de Num, servo do Senhor, com a idade de cento e dez anos; 9 e o sepultaram no território da sua herança, em Timnate-Heres, na região montanhosa de Efraim, para o norte do monte Gaás. 10 Foi também congregadatoda aquela geração a seus pais, e após ela levantou-se outra geração que não conhecia ao Senhor, nem tampouco a obra que ele fizera a Israel. 11 Então os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, servindo aos baalins; 12 abandonaram o Senhor Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses dos povos que havia ao redor deles, e os adoraram; e provocaram o Senhor à ira, 13 abandonando-o, e servindo a baalins e astarotes. 14 Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e ele os entregou na mão dos espoliadores, que os despojaram; e os vendeu na mão dos seus inimigos ao redor, de modo que não puderam mais resistir diante deles. 15 Por onde quer que saíam, a mão do Senhor era contra eles para o mal, como o Senhor tinha dito, e como lho tinha jurado; e estavam em grande aflição. 16 Mas o Senhor suscitou juízes, que os livraram da mão dos que os espojavam. 17 Contudo, não deram ouvidos nem aos seus juízes, pois se prostituíram após outros deuses, e os adoraram; depressa se desviaram do caminho, por onde andaram seus pais em obediência aos mandamentos do Senhor; não fizeram como eles. 18 Quando o Senhor lhes suscitava juízes, ele era com o juiz, e os livrava da mão dos seus inimigos todos os dias daquele juiz; porquanto o Senhor se compadecia deles em razão do seu gemido por causa dos que os oprimiam e afligiam. Juízes 2 11 19 Mas depois da morte do juiz, reincidiam e se corrompiam mais do que seus pais, andando após outros deuses, servindo-os e adorando-os; não abandonavam nenhuma das suas práticas, nem a sua obstinação. 20 Pelo que se acendeu contra Israel a ira do Senhor, e ele disse: Porquanto esta nação violou o meu pacto, que estabeleci com seus pais, não dando ouvidos à minha voz, 21 eu não expulsarei mais de diante deles nenhuma das nações que Josué deixou quando morreu; 22 a fim de que, por elas, ponha a prova Israel, se há de guardar, ou não, o caminho do Senhor, como seus pais o guardaram, para nele andar. 23 Assim o Senhor deixou ficar aquelas nações, e não as desterrou logo, nem as entregou na mão de Josué.” (Jz 2.1-23). Este capítulo é uma síntese de tudo o que é narrado neste livro de Juízes. Ele é uma preparação para tudo o que será dito daqui em diante. Ele cita o que aconteceu, e estes fatos serão narrados detalhadamente nos capítulos posteriores, com exceção dos cinco últimos capítulos que se referem a um período anterior ao dos juízes. A narrativa se inicia com o anjo do Senhor repreendendo duramente os israelitas, pelo fato de não terem conquistado os territórios que lhes foram designados por sortes, nos dias de Josué, e pelo fato de terem se acomodado e se misturado aos cananeus. Nos versos 11 a 13 é citado que a geração que se seguiu à de Josué não conhecia ao Senhor, e fez o que era mau aos seus olhos, misturando-se aos cananeus e fazendo as mesmas práticas abomináveis deles. O que havia ocorrido com o povo de Israel é o mesmo que ocorre com a Igreja dos nossos dias. A condição de todo o período coberto pela narrativa do livro de Juízes, o qual durou aproximadamente trezentos anos, está declarada de forma resumida nos versos 14 a 23. Juízes 2 12 Nestes versos está revelado claramente que o motivo de estarmos enfraquecidos diante de nossos inimigos espirituais e sujeitados a sermos pisados pelos homens, como sal que perdeu o sabor, está relacionado ao abandono do Senhor, e da prática da Sua Palavra. A comunhão com Deus, garantida por um andar no Espírito Santo, fazendo aquilo que Ele nos tem ordenado na Bíblia e em relação à Sua vontade específica, no que se relaciona ao viver diário, especialmente o que diz respeito às coisas pertinentes ao ministério, que recebemos dEle para cumprir, é o modo de se ter uma vida verdadeiramente próspera e sermos mais do que vencedores, por meio de Jesus, sobre a carne, o mundo e o diabo. Quando nos desviamos dos caminhos do Senhor ficamos sujeitados à disciplina da aliança, que temos com Ele, por iniciativa e autoridade dEle próprio, que nos deixa à mercê da opressão dos nossos inimigos, para que seja produzido em nós o devido arrependimento. Quando este arrependimento ocorre e clamamos pelo livramento de Deus, Ele se apressa em socorrer-nos, voltando a nos conceder a Sua graça e poder, para sermos fortalecidos e podermos voltar a andar na Sua presença. Deus é santo, e sem a santidade que Ele mesmo nos confere, por meio do Espírito Santo, é impossível estar em comunhão com Ele. Por isso necessitamos da Sua graça, para que operando em nós, de forma a nos conceder um coração segundo o Seu coração, possamos retornar à comunhão. Então nós vemos declarado na Palavra de Deus que era Ele próprio que entregava Israel nas mãos dos seus inimigos, e que também, por Sua própria deliberação, decidiu que não desapossaria mais aquelas nações da presença de Israel, para que por meio delas pudesse provar a fidelidade do Seu povo, em não se deixar levar pelas suas práticas abomináveis, e permanecerem fiéis, na guarda dos Seus mandamentos. Por meio da permanência de muitas daquelas nações seria provado até que ponto Israel buscaria uma vida autêntica de fé e obediência, de modo que se pudesse provar através disso que estavam de fato Juízes 2 13 fazendo a vontade de Deus, pois não havia outra maneira de terem sucesso sobre os seus inimigos. Isto ensina claramente que não se vence o diabo com religiosidade desprovida de verdadeira comunhão com Deus, porque é se sujeitando a Ele e à Sua vontade, que vencemos o diabo e todas as suas hostes. Em outras palavras: a vitória sobre as forças do inimigo decorre de um caminhar na presença do Senhor. É sujeitando-se a Deus, mediante prática da Sua Palavra, que o diabo foge de nós. Mas não era isto o que se via nas sucessivas gerações de Israel. Deus havia formado um povo exclusivamente seu a partir de Abraão, para o propósito de preservar a vida do homem na terra. Porque pelo modo santo com que deveriam viver revelariam que a prática da justiça divina preserva e traz prosperidade, mas a prática do mal, não somente destrói pessoas e nações, como também atrai os juízos condenatórios do Senhor. E isto estava sendo observado de modo prático nos dias do Velho Testamento, através das assolações que Deus estava trazendo sobre as nações pagãs, como sobre o próprio povo de Israel, quando este também se encontrava debaixo das mesmas práticas abomináveis daquelas nações. Em vez de serem distintos das nações de Canaã, pelo cumprimento de tudo que lhes foi ordenado na Lei de Moisés, se misturavam às práticas daquelas nações, e perdiam a sua identidade distintiva de povo do Senhor, porque quando se mistura água com vinho, o resultado é uma mistura homogênea, e não dá mais para se distinguir quem é a água e quem é o vinho. Mas quando se mistura água com azeite, o azeite há de ficar por cima da água e não se misturará a ela. É pois somente estando cheios do azeite que simboliza o Espírito Santo, e andando nEle, que apesar de estarmos no mundo e termos que nos relacionar com as pessoas que são dele, com vistas a lhes conduzir à bênção do Senhor, por nosso bom testemunho de vida, não nos misturaremos jamais às coisas deste mundo e ao pecado, Juízes 2 14 como diz o apóstolo Paulo em Gál 5.16: “Andai no Espírito e jamais satisfareis aos desejos da carne.”. Assim, nós podemos concluir que a razão da repreensão que o anjo do Senhor dirigiu aos israelitas se prendeu muito mais à falta de fé, e a esta mistura com as práticas dos povos de Canaã, do que propriamente à falta de iniciativa em combater os cananeus, para se apossarem das terras que lhes foram designadas por sortes. O anjo do Senhor vinha lhes acompanhando desde a saída do Egito, e declara isto nas palavras dos versos 1 a 3, e que estava sendo fiel ao pacto que haviam feito com Deus, de guardarem todos os Seus mandamentos, pois lhes estavaajudando a cumprirem tudo que lhes havia sido ordenado, especialmente no que se referia a prevalecerem contra os seus inimigos, mas manifestou o Seu desagrado diante do seu recuo em fazerem a vontade de Deus, com as seguintes palavras: “1 O anjo do Senhor subiu de Gilgal a Boquim, e disse: Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe para a terra que, com juramento, prometi a vossos pais, e vos disse: Nunca violarei e meu pacto convosco; 2 e, quanto a vós, não fareis pacto com os habitantes desta terra, antes derrubareis os seus altares. Mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso? 3 Pelo que também eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes estarão quais espinhos nas vossas ilhargas, e os seus deuses vos serão por laço.”. Nós lembramos nisto, das palavras de Paulo dirigidas aos Gálatas: “Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho,” (Gál 1.6). E ainda em Gál 5.7: “Corríeis bem; quem vos impediu de obedecer à verdade?”. A síntese de todo o conteúdo do livro de Juízes, que é feita neste segundo capítulo, revela que o propósito principal da escrita deste livro foi o de ensinar que a mistura do povo de Deus com as práticas abomináveis do mundo o torna impotente para conhecer e fazer a vontade do Senhor. Juízes 2 15 Ensina também que a falta de fé e determinação para cumprir tudo aquilo que Deus nos tem ordenado expressamente, como no caso dos israelitas, a indiferença em realizar a conquista total de Canaã, acaba por conduzir o povo de Deus a perder o seu caráter único e santo, e em decorrência disto, não terá poder e autoridade que procedem do Senhor para poder conhecer e fazer a Sua vontade, deixando portanto, de ser bênção para as nações. O mundo espiritual é discernido espiritualmente, pelo Espírito Santo, e este jamais se moverá naqueles que não estiverem se movendo em direção à obediência à Palavra de Deus, pela busca de comunhão com Ele, em vidas verdadeiramente santas. Em linhas gerais, foi este o propósito principal do Espírito Santo ao ter inspirado a escrita do livro de Juízes. Aprendemos também neste livro de Juízes que períodos de arrependimento e de retorno à comunhão com o Senhor, podem ser seguidos por períodos de apostasia, se não cuidarmos diligentemente em prosseguir adiante na aplicação em nossos deveres para com Deus e com o próximo. Vitórias alcançadas jamais devem ser motivo para descansarmos e não incentivarmos as gerações seguintes à mesma fidelidade com que estivermos nos empenhando em agradar ao Senhor. O livro de Juízes dá um claro testemunho e palavra de alerta à Igreja para que não descuide em avançar na comissão que lhe foi ordenada por Jesus de ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura, pois quando a Igreja se desvia deste grande alvo, perdendo o ardor evangelístico e missionário, a consequência natural será o apostatar dos caminhos do Senhor, porque Ele não se deixará achar e não expulsará o Inimigo para que almas sejam conquistadas à fé, porque Ele faz isto, concedendo graça, somente quando há uma verdadeira disposição e empenho em se obedecer à Sua grande comissão. A grande repreensão do anjo do Senhor aos israelitas, exibida nas palavras do verso 2: “Mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso comigo?”, bem demonstra a grande indignação Juízes 2 16 que Jesus sente ao nos ver de braços cruzados em relação à ordem que deu à Igreja de fazer discípulos em todas as nações. Isto é um dever real que impôs à Igreja até que Ele volte. E nós sabemos, pelo testemunho da história, quantas derrotas o povo de Deus teve que amargar em relação aos seus inimigos espirituais, e o pouco ou quase nenhum avanço que fez em determinadas épocas da história, pelo mesmo motivo que levou o anjo a se indignar em relação aos israelitas no passado: falta de empenho em cumprir a Sua ordem de avançar e conquistar para Deus tudo aquilo que Ele nos tem ordenado. Os israelitas choraram por causa da repreensão do anjo (v 4), mas isto não é suficiente. Não basta estarmos dispostos a mudar nossas atitudes, e mesmo lamentar o nosso estado espiritual, se isto não for acompanhado por ações de fé reais na direção do cumprimento daquilo que Jesus nos ordenou quanto à evangelização mundial. Planos, reuniões, congressos, concílios, e quaisquer outras iniciativas serão de nenhum valor se não forem acompanhados de ações concretas visando à conversão de almas para Cristo. Se o Espírito Santo não for conosco, assim como o anjo acompanhava, dirigia, instruía e fazia as conquistas para os israelitas, de modo algum poderemos pensar que estamos agradando a Deus, se fugiu de nós o desejo e o empenho direcionados à salvação dos perdidos. Esta tarefa de conduzir o rebanho à obra de evangelização é uma das principais missões de qualquer pastor, pois são chamados de anjos das Igrejas, pelo Senhor Jesus, no livro de Apocalipse. Foi a eles que se dirigiu cobrando o seu empenho em conduzir o rebanho segundo a Sua vontade, sob o risco de terem o seu candeeiro removido em caso de descumprimento daquilo de que foram encarregados pelo Senhor da Igreja. Estes pastores, que são designados por anjos das Igrejas, aparecem em Apocalipse como estrelas nas mãos de Jesus. Isto indica que assim como o Anjo da aliança apareceu a Josué, como príncipe do exército de Jeová, e conduziu tanto a Moisés, Juízes 2 17 quanto a Josué, e todos os líderes verdadeiros de Israel, que foram levantados por Deus para conduzir o seu povo, de igual modo, Jesus é o mesmo Anjo na Nova Aliança, que tem toda a primazia sobre os pastores que Ele mesmo chama e constitui sobre o Seu povo, para que façam toda a Sua vontade. O lugar onde o anjo falou aos israelitas ficou sendo conhecido por Boquim (v. 1 e 5), porque no hebraico, esta palavra significa chorões, porque que a palavra se encontra no plural, indicando que foram muitos os que prantearam em razão da repreensão do anjo do Senhor. Quem dera, ao menos a Igreja chorasse a sua atual condição de quase completo desinteresse e imobilização quanto a buscar um real compromisso e consagração ao Senhor, para que no poder do Espírito Santo se entregue à obra de evangelização mundial. Mas quando tão poucos se interessam pela salvação da própria alma, como estarão realmente interessados na salvação de outros? Os israelitas ao menos lamentaram e choraram pela condição de desobediência à ordem de avançar e conquistar Canaã. Sequer isto se vê na maior parte das Igrejas de nossos dias, apesar de haver, certamente, uma repreensão do Senhor pelo fato de não terem um maior empenho em prol da salvação dos perdidos em todo o mundo. Os países da Ásia e de grande parte do Oriente, continuam com suas portas fechadas para o evangelho, mas importa que este seja pregado também a eles, para que Cristo volte. Quando a Igreja despertará do seu sono e começará a trabalhar com todo o empenho na direção do cumprimento do Ide de Jesus? Jesus disse que o evangelho será pregado em todo o mundo antes da Sua vinda, e o que nós estamos fazendo para que isto se cumpra? O Senhor garantiu a posse de todo o território de Canaã aos israelitas, e o que eles fizeram em relação a isto? O livro de Juízes revela o quadro, e este não é muito diferente do que tem ocorrido com a história da Igreja ao longo destes dois mil anos, em que o evangelho tem sido pregado no mundo. Juízes 2 18 Da parte do Senhor, a aliança que Ele fez conosco, nunca será quebrada, porque é fiel àquilo que prometeu, mas não se pode dizer o mesmo em relação a nós. Devemos portanto, ser diligentes em todo o tempo e ter todo o cuidado necessário para que não nos desviemos do alvo que devemos atingir. Gostando ou não, querendo ou não, temendo ou não, devemos nos lançar de corpo e alma à missão da qual fomos encarregados, e o Senhor será conosco e nos fará prosperar em nossos empreendimentos,porque Ele fez a promessa de não deixar e desamparar àqueles que Lhe obedecem e Lhe são fiéis. Deste modo, os israelitas foram repreendidos, não somente por terem se desviado da missão de conquistar Canaã, como também por terem se misturado aos cananeus, que deixaram na terra, em vez de expulsá-los, e vieram a praticar as mesmas abominações que eles praticavam. Não é de se estranhar portanto, que quando deixamos de ter este interesse em dar testemunho de Cristo às pessoas, que sejamos também encontrados em disposições de mundano proceder. O pecado de Israel trouxe como consequência, o fato de Deus ter determinado que não expulsaria mais os cananeus. De igual modo, quando deixamos de cumprir o Ide e passamos a nos misturar com as coisas que são do mundo, Deus também deixa de nos usar para conquistar as almas que são preciosas para Ele. Outros o farão no nosso lugar, e teremos que lamentar uma vida vazia e sem frutos, porque o Senhor não dará jamais a honra de o indolente se gloriar em ter sido usado eficazmente por Ele. Se não recebemos graça da parte de Deus, para realizar o trabalho que Ele nos designou, não teremos outra alternativa senão a de enterrar o talento que nos deu para fazer a Sua obra. Aqueles que favorecem e são complacentes com as suas luxúrias e corrupções, que deveriam mortificar, perdem a graça de Deus, e esta é justamente retirada deles. Se nós não resistirmos ao diabo, não devemos esperar que Deus o coloque debaixo dos nossos pés. Juízes 2 19 Por isso, aos infiéis, em vez de promessas de bênçãos, Deus promete dificuldades, assim como disse aos israelitas sobre o que deveriam esperar da parte daqueles aos quais haviam se associado em suas más obras. Seriam como espinhos e laço para eles, e isto indicava dificuldades e opressões. Pois em vez de dominar as nações, Israel seria dominado por elas. Deus os entregaria nas mãos dos seus inimigos por causa do seu pecado. Ele afirmou que os venderia aos seus inimigos, assim como quem é vendido por causa de uma grande dívida que não pode liquidar. A dívida dos israelitas seria cobrada na forma de opressões dos seus inimigos, que seriam determinadas pelo próprio Deus. Porém, sendo benigno e misericordioso, o Senhor prometeu livrá- los das mãos dos seus opressores caso se arrependessem dos seus pecados. Ele suscitaria libertadores para este propósito, e nós vemos esta promessa sendo cumprida em diversas ocasiões na narrativa do livro de Juízes, revelando-se assim o caráter fiel do Senhor, em cumprir as Suas promessas, e a sua infinita misericórdia para conosco. Entretanto, em razão do Seu atributo de justiça, apesar de ser tardio em se irar, o Senhor não pode ser, de modo algum, conivente com o pecado e permanecer insensível às apostasias do Seu povo, e por isso sempre torna a exercer os Seus juízos, a par de toda a misericórdia exibida anteriormente. Por causa de Sua longanimidade, pode até suportar, tolerar por muito tempo todos os nossos pecados, mas certamente não nos deixará sem a devida correção no tempo apropriado. Isto aprendemos não somente na revelação que fez no livro de Juízes, como também em toda a Bíblia. A história da Igreja, tal como a narrada em Juízes, tem revelado o modo como Deus tem levantado pessoas que qualificou e capacitou extraordinariamente, pela Sua graça, para redirecionar o Seu povo à prática da justiça e da santidade, e isto nos faz lembrar de Lutero, Juízes 2 20 Calvino, Jonathan Edwards, Spurgeon, e muitos outros, que em suas próprias épocas, foram instrumentos nas mãos do Senhor para o referido propósito. É notável também, que sempre segue a um período de grande reforma e retorno à santidade, períodos de apostasias. Tal como se deu com Israel, ocorre com a Igreja, e por isso, cada época testemunhará acerca daqueles que Deus levantou e continuará levantando para avivar o Seu povo. Isto indica que o ideal seria que a Igreja permanecesse permanentemente avivada e fiel à vontade de Deus. Mas como o evangelho opera entre pecadores, e por serem estes dados a se desviarem da vontade do Senhor, sempre será necessário manter uma postura de reforma, de modo a não se experimentar apostasias, que sempre virão, sem falta, se deixamos esfriar este espírito de manter as pessoas ocupadas em serem fiéis à vontade de Deus. Veja o caso de Israel, que enquanto vivia Josué e os anciãos da sua geração, o povo andou obedientemente cumprindo a vontade do Senhor, especialmente no que se refere à ocupação e conquista de Canaã. Mas quando uma nova liderança se levantou, e que não tinha o mesmo empenho em conduzir o povo nos caminhos de Deus, o resultado é o que encontramos no livro de Juízes, que afirma o seguinte nos versos 16 a 19: “16 Mas o Senhor suscitou juízes, que os livraram da mão dos que os espojavam. 17 Contudo, não deram ouvidos nem aos seus juízes, pois se prostituíram após outros deuses, e os adoraram; depressa se desviaram do caminho, por onde andaram seus pais em obediência aos mandamentos do Senhor; não fizeram como eles. 18 Quando o Senhor lhes suscitava juízes, ele era com o juiz, e os livrava da mão dos seus inimigos todos os dias daquele juiz; porquanto o Senhor se compadecia deles em razão do seu gemido por causa dos que os oprimiam e afligiam. 19 Mas depois da morte do juiz, reincidiam e se corrompiam mais do que seus pais, andando após outros deuses, servindo-os e Juízes 2 21 adorando-os; não abandonavam nenhuma das suas práticas, nem a sua obstinação.”. E tal é esta obstinação da natureza terrena, do coração carnal, que se diz que o povo não deu ouvido aos juízes e se prostituiu após outros deuses (v. 17). A advertência bíblica para que nos empenhemos com toda diligência em confirmar a nossa vocação e eleição, não é de pouca monta, porque se refere a uma luta titânica contra um inimigo poderoso que é a nossa natureza pecaminosa, que pode ser mortificada somente pelo Espírito Santo, mas este trabalho não poderá ser realizado se não cooperarmos com a Sua vontade, por não nos tornarmos verdadeiramente submissos ao Senhor, e por não crermos e não nos dispormos a colocar em prática, todas as coisas que nos tem ordenado em Sua Palavra, e especificamente em nossa caminhada diária. Assim, os cananeus não seriam expulsos por Deus, para que por meio deles, provasse a fidelidade de Israel. De igual modo o diabo e todos os seus demônios permanecem no mundo, não por que isto seja agradável ao Senhor, mas para que por meio desta presença, a nossa fidelidade possa ser provada, de maneira a permanecermos firmes em fazer a vontade de Deus, em meio a todas as tentações que o inferno possa realizar. E parece que a missão da Igreja de ser sal e luz do mundo se deteriora cada vez mais, permitindo que a luz do evangelho não brilhe em todo o seu fulgor e que o sal perca o seu poder de salgar e preservar. Isto decorre do pecado de os cristãos em serem mundanos, ignorando a ordenança bíblica de serem um povo distinto e de não amarem o mundo e não tomarem a forma dele, como nos exortam especialmente os apóstolos João e Paulo, respectivamente. Muitos cristãos não querem ser diferentes do mundo. Ao contrário, querem trazer para suas vidas e para dentro da Igreja aquilo que não é de Cristo, mas do mundo. Pensam erroneamente, que esta será a melhor forma de trazer outros à conversão. Juízes 2 22 Estamos empenhados numa batalha espiritual de vida ou de morte. Na qual operam principados e potestades com toda a fúria inimaginável, para permanecerem na posse das almas humanas, as quais, para serem resgatadas demandam que primeiro seja amarrado o valente que as aprisiona, e este é um trabalho único e exclusivo para o Senhor Jesus e o Espírito Santo de Deus, sob a atração exercida por Deus Pai para trazer os pecadores em submissão a Seu Filho. E como isto poderá ocorrer quando os cristãos se tornam mundanos? Deus usaria Israel caso eles evitassem o pecado dese misturar com o pecado das nações pagãs. E não é portanto para se admirar que tantas exortações sejam feitas na Sua Palavra neste sentido. E para o propósito de desencorajar o Seu povo à mistura com as nações de Canaã, Deus acrescentou variadas e grandes ameaças de maldições e castigos para os israelitas no caso de serem desobedientes a tal ordenança específica. Muitas aflições viriam sobre eles, da parte do próprio Deus, caso se misturassem com as práticas abomináveis daquelas nações. O que acontece com a Igreja de Cristo em nossos dias não é muito diferente disso. Muitas bênçãos não são alcançadas, e muita correção da parte do Senhor sobrevém à Igreja, exatamente por causa deste pecado de se assumir a forma do mundo. Se, conforme dizer do apóstolo é necessário não se conformar ao mundo para que se possa conhecer a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, então não é difícil de se entender que quando se toma a forma do mundo não somente ficamos impossibilitados de fazer a vontade de Deus, como até mesmo de conhecê-la, conforme se afirma em Rom 12.2. Deus quer um povo santo, puro e separado, e este segundo capítulo de Juízes nos revela isto de forma muito direta e clara, e este povo, é formado na dispensação da graça, por pessoas que se convertem das trevas do mundo para a luz de Jesus. Juízes 2 23 Tudo o que estiver misturado com o mundo, passará debaixo do juízo ou da correção do Senhor, porque nada que provém do mundo pode ser um canal apropriado para trazer a nós a presença real e santa de Jesus. Assim, todo ministério mundano não prevalecerá, e ficará destituído da graça de Deus. Os pastores mundanos não terão qualquer mensagem recebida da parte de Deus para ser pregada com poder ao Seu povo. Porque o Espírito Santo não se detém onde mora o orgulho e disposições de mundano proceder. Aquele que não separa o que é vil do que é precioso, não pode ser a boca de Deus. Deste modo, todos os cristãos que se deixarem seduzir pelos prazeres deste mundo estarão áridos, vazios e confusos. Serão como o povo de Israel, depois de ter fabricado o bezerro de ouro. A presença da nuvem de glória entre eles se retirará e o Senhor não caminhará mais com eles, até que se arrependam e voltem a viver em verdadeira santidade. Juízes 3 “1 Estas são as nações que o Senhor deixou ficar para, por meio delas, provar a Israel, a todos os que não haviam experimentado nenhuma das guerras de Canaã; 2 tão-somente para que as gerações dos filhos de Israel delas aprendessem a guerra, pelo menos os que dantes não tinham aprendido. 3 Estas nações eram: cinco chefes dos filisteus, todos os cananeus, os sidônios, e os heveus que habitavam no monte Líbano, desde o monte Baal-Hermom até a entrada de Hamate. 4 Estes, pois, deixou ficar, a fim de por eles provar os filhos de Israel, para saber se dariam ouvidos aos mandamentos do Senhor, que ele tinha ordenado a seus pais por intermédio de Moisés. Juízes 3 24 5 Habitando, pois, os filhos de Israel entre os cananeus, os heteus, os amorreus, os perizeus, os heveus e os jebuseus. 6 tomaram por mulheres as filhas deles, e deram as suas filhas aos filhos dos mesmos, e serviram aos seus deuses. 7 Assim os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, esquecendo-se do Senhor seu Deus e servindo aos baalins e às aserotes. 8 Pelo que a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e ele os vendeu na mão de Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia; e os filhos de Israel serviram a Cusã-Risataim oito anos. 9 Mas quando os filhos de Israel clamaram ao Senhor, o Senhor suscitou-lhes um libertador, que os livrou: Otniel, filho de Quenaz, o irmão mais moço de Calebe. 10 Veio sobre ele o Espírito do Senhor, e ele julgou a Israel; saiu à peleja, e o Senhor lhe entregou Cusã-Risataim, rei da Mesopotâmia, contra o qual prevaleceu a sua mão: 11 Então a terra teve sossego por quarenta anos; e Otniel, filho de Quenaz, morreu. 12 Os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau aos olhos do Senhor; então o Senhor fortaleceu a Eglom, rei de Moabe, contra Israel, por terem feito o que era mau aos seus olhos. 13 Eglom, unindo a si os amonitas e os amalequitas, foi e feriu a Israel, tomando a cidade das palmeiras. 14 E os filhos de Israel serviram a Eglom, rei de Moabe, dezoito anos. 15 Mas quando os filhos de Israel clamaram ao Senhor, o Senhor suscitou-lhes um libertador, Eúde, filho de Gêra, benjamita, homem canhoto. E, por seu intermédio, os filhos de Israel enviaram tributo a Eglom, rei de Moabe. 16 E Eúde fez para si uma espada de dois gumes, de um côvado de comprimento, e cingiu-a à coxa direita, por baixo das vestes. 17 E levou aquele tributo a Eglom, rei de Moabe. Ora, Eglom era muito gordo: 18 Quando Eúde acabou de entregar o tributo, despediu a gente que o trouxera. Juízes 3 25 19 Ele mesmo, porém, voltou das imagens de escultura que estavam ao pé de Gilgal, e disse: Tenho uma palavra para dizer-te em segredo, ó rei. Disse o rei: Silêncio! E todos os que lhe assistiam saíram da sua presença. 20 Eúde aproximou-se do rei, que estava sentado a sós no seu quarto de verão, e lhe disse: Tenho uma palavra da parte de Deus para dizer-te. Ao que o rei se levantou da sua cadeira. 21 Então Eúde, estendendo a mão esquerda, tirou a espada de sobre a coxa direita, e lha cravou no ventre. 22 O cabo também entrou após a lâmina, e a gordura encerrou a lâmina, pois ele não tirou a espada do ventre: 23 Então Eúde, saindo ao pórtico, cerrou as portas do quarto e as trancou. 24 Tendo ele saído vieram os servos do rei; e olharam, e eis que as portas do quarto estavam trancadas. Disseram: Sem dúvida ele está aliviando o ventre na privada do seu quarto. 25 Assim esperaram até ficarem alarmados, mas ainda não abria as portas do quarto. Então, tomando a chave, abriram-nas, e eis seu senhor estendido morto por terra. 26 Eúde escapou enquanto eles se demoravam e, tendo passado pelas imagens de escultura, chegou a Seirá. 27 E assim que chegou, tocou a trombeta na região montanhosa de Efraim; e os filhos de Israel, com ele à frente, desceram das montanhas. 28 E disse-lhes: Segui-me, porque o Senhor vos entregou nas mãos os vossos inimigos, os moabitas. E desceram após ele, tomaram os vaus do Jordão contra os moabitas, e não deixaram passar a nenhum deles. 29 E naquela ocasião mataram dos moabitas cerca de dez mil homens, todos robustos e valentes; e não escapou nenhum. 30 Assim foi subjugado Moabe naquele dia debaixo da mão de Israel; e a terra teve sossego por oitenta anos. 31 Depois dele levantou-se Sangar, filho de Anate, que matou seiscentos homens dos filisteus com uma aguilhada de bois; ele também libertou a Israel.” (Jz 3.1-31). Juízes 3 26 Os primeiros sete versículos deste capítulo descrevem as nações que foram deixadas em Canaã, para que as gerações, que não haviam conhecido as batalhas empreendidas nos dias de Josué, pudessem ser provadas em sua fidelidade ao Senhor, por não se misturarem e por empreenderem as guerras ordenadas por Deus contra eles. E dentre estas nações que permaneceram em Canaã são citadas as cinco cidades confederadas dos filisteus, a saber: Asdode, Gaza, Ascalom, Ecron e Gate. Três destas cidades haviam sido conquistadas parcialmente, como se vê em Jz 1.18, mas ao que tudo indica, os filisteus, com a ajuda das outras duas cidades recuperaram a sua posse, vindo a dar muito trabalho a Israel, sem serem submetidos, senão apenas nos dias do rei Davi. Além dos filisteus permaneceram também na posse de seus territórios os cananeus, sidônios e heveus, que habitavam ao norte e junto ao Mar Mediterrâneo (v. 3). Aqueles que os israelitas não expulsaram dos territórios que haviam conquistado, permitindo-se habitar com eles, trouxe como resultado o que se descreve nos versos 5 a 7: “5 Habitando, pois, os filhos de Israel entre os cananeus, os heteus, os amorreus, os perizeus, os heveus e os jebuseus. 6 tomarampor mulheres as filhas deles, e deram as suas filhas aos filhos dos mesmos, e serviram aos seus deuses. 7 Assim os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor, esquecendo-se do Senhor seu Deus e servindo aos baalins e às aserotes.”. Isto demonstra que não foi sem razão que o Senhor insistiu tão veementemente com eles, desde os dias de Moisés, mandando que se registrasse em Sua Palavra que não deixassem de conquistar toda Canaã, exterminando todos os seus habitantes, de modo a se prevenirem do que acabou ocorrendo: o se misturarem com eles e perderem a identidade de povo santo separado para o Senhor. Israel foi preparado por Deus para ser uma nação guerreira. Eles combateriam as guerras de Deus contra as nações ímpias de modo Juízes 3 27 a revelar ao mundo que há somente um Deus Todo-Poderoso, único e verdadeiro, e este é o Deus de Israel, que demanda santidade de todas as pessoas do mundo, porque quando Israel vivia santamente prevalecia sobre todos os seus inimigos, e quando se entregava à idolatria era sujeitado por eles, demonstrando com isto qual é o caráter santo do Deus que eles serviam. De igual modo a Igreja está destinada a ser um povo guerreira que combata o bom combate da fé. E as vitórias sobre as forças do inimigo serão alcançadas quando se vive em santidade, e em caso contrário, tal como ocorria com Israel, ficará sujeita a ser entregue ao inimigo, para destruição da carne, quando andar contrariamente com o Senhor, de modo que se revele também ao mundo o caráter santo do Deus que servimos, para que as pessoas sejam incentivadas a abandonarem o pecado e se arrependerem, para viverem de modo santo para Deus, porque esta é a única maneira de ser verdadeiramente abençoado por Ele, e de ser próspero em todas as coisas, particularmente naquelas que se referem a ter sucesso e vitória garantida na batalha contra a carne, o diabo e o mundo. Como bons soldados de Cristo, os crentes devem estar preparados a suportarem dificuldades neste mundo (II Tim 2.3), e para isto deverão se equipar com toda a armadura de Deus, com suas armas de defesa e de ataque, relacionadas por Paulo no sexto capítulo de Efésios. Quão rapidamente Israel deixou o caminho do Senhor para se envolver com os falsos deuses das nações, com as quais haviam se misturado. E com que facilidade também se abandona a prática do único e verdadeiro evangelho, e da sã doutrina, quando não nos apegamos com grande firmeza ao que está revelado na Bíblia e não nos aplicamos em meditar na Palavra para conhecer ao Senhor e ao Seu caráter, conforme Ele mesmo o revelou a nós na Bíblia. A repreensão de Paulo aos Gálatas é aplicável a muitos crentes, em toda a história da Igreja: “Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, Juízes 3 28 para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo.” (Gál 1.6,7). E daí a exortação do apóstolo em Heb 2.1: “Por isso convém atentarmos mais diligentemente para as coisas que ouvimos, para que em tempo algum nos desviemos delas.”. Não é porque existem várias heresias no mundo, que seremos justificados em nossa possível falta de fidelidade à vontade e verdade de Deus, já reveladas de uma vez para sempre na Bíblia, porque como vemos no testemunho que a Bíblia dá, é o próprio Deus que permite que haja heresias no meio dos crentes para que aqueles que são sinceros e fiéis sejam manifestados (I Cor 11.19), tal como o Senhor permitiu que aquelas nações permanecessem entre os israelitas, para provar por meio delas a fidelidade deles. As mulheres israelitas se casaram com os povos idólatras de Canaã, e passaram a adorar os seus deuses (v. 6, 7), provocando a ira de Deus que os vendeu para castigá-los, por causa dos seus pecados, ao rei da Mesopotâmia, Cusã-Risataim, tendo ficado debaixo da sua sujeição por oito anos (v. 8). Mas quando os israelitas clamaram ao Senhor por livramento, Ele levantou a Otniel, o sobrinho de Calebe ao qual dera sua filha em casamento, para libertar Israel (v. 9). Ele foi capacitado pelo Espírito Santo (v. 10) para a obra que deveria realizar, bem como para ser juiz sobre os israelitas. Portanto, do mesmo modo que foi permitido por Deus que o rei da Mesopotâmia oprimisse os israelitas, também procedeu dEle que fossem libertados em razão do seu clamor e arrependimento, tendo Otniel prevalecido sobre o rei da Mesopotâmia porque este foi entregue por Deus a Otniel, para que pudesse vencê-lo (v. 10). E por quarenta anos, Israel teve paz e não foi oprimido por nenhum outro inimigo, debaixo da boa liderança de Otniel, que tinha uma fé igual à de seu tio Calebe (v. 11). Por oito anos os israelitas continuaram em sua idolatria e se acomodaram à opressão de Cusã-Risataim, mas vendo eles que não podiam prevalecer sobre ele enquanto viviam em seu pecado adorando outros deuses, e certamente, dando ouvidos agora Juízes 3 29 àqueles que permaneciam fiéis a Deus entre eles, lembrando-lhes do pacto que haviam feito com o Senhor através da mediação de Moisés, se deixaram convencer da causa da sua ruína e apelaram à misericórdia do Senhor para que lhes perdoasse o pecado e os libertasse dos seus opressores. É digno de destaque o fato de que Otniel esperou a chamada de Deus para entrar em cena e começar a operar, liderando os israelitas nas ações de guerra contra o rei da Mesopotâmia. De igual modo, ainda que muito pese e entristeça ao nosso coração fiel, o estado em que se encontra a Igreja de Cristo, tão misturada ao mundo, nada poderemos fazer em nossa fidelidade, se não formos levantados por Deus, mediante capacitação do Espírito, para tirar a Igreja da sua apostasia e trazê-la de volta a um caminhar santo e obediente na presença de Deus. Se o próprio povo não clamar, nenhum Lutero será levantado. Nenhuma reforma se verá. O Senhor espera que o Seu povo se arrependa para que possa manifestar de novo a plenitude do Seu favor e graça, não apenas nos livrando das opressões do inferno, como também concedendo que tenhamos vitórias sobre os nossos inimigos espirituais. Quando Otniel foi levantado por Deus, ele primeiro julgou Israel, e reprovou os israelitas chamando-os a responder pelos seus pecados, e foi somente depois de ter efetuado uma reforma, que ele saiu para a guerra. Esta é a sequência correta que deve seguir toda Igreja, que deseja prosperar sendo usada por Deus: Primeiro resolver o problema do pecado por um abandono das coisas que provocam a ira do Senhor, porque o grande inimigo que deve ser vencido em primeiro lugar é o próprio pecado, e uma vez tendo sido feito isto, os inimigos do exterior serão vencidos por Deus por maior que seja o seu número e poder. Não é sem motivo que, por tantas vezes no Novo Testamento, os crentes sejam exortados ao dever da vigilância. Vigiar e orar em todo o tempo para que não caiam em tentação e não sejam vencidos pelo mal. Porque a natureza terrena é dada a se desviar de Juízes 3 30 Deus e a vigilância e a oração a manterão debaixo do jugo de Jesus, de modo que não tenha liberdade para nos conduzir à prática do pecado. Foi exatamente por falta de vigilância, depois da morte de Otniel, que os israelitas voltaram a fazer o que era mau aos olhos do Senhor (v. 12), motivo porque o próprio Deus fortaleceu a Eglom, rei dos moabitas, para que pudesse prevalecer contra Israel, para serem castigados pelo retorno deles à prática do pecado. Tendo o rei de Moabe se coligado aos amonitas e amalequitas derrotou Israel e o reduziu à servidão por dezoito anos (v 13,14). Foi somente depois de terem ficado debaixo do jugo de Moabe por dezoito anos, que os israelitas clamaram a Deus por livramento, reconhecendo os seus maus caminhos e necessidade de retornarem à prática da Sua Palavra. Nossas aflições não têm por propósito nos endurecer ainda mais no nosso orgulho e pecado, masjustamente o contrário disto: conduzir-nos à humildade e ao arrependimento. Contudo, se o arrependimento não ocorrer, a justa destruição da carne pelo diabo, para que o espírito seja salvo, será algo que sempre se verá na vida de crentes que insistem em permanecer na prática deliberada do pecado, em nada se importando com o compromisso que têm com Deus, em razão da aliança que fizeram com Ele por meio do sangue de Jesus. Então, como a própria Bíblia revela e a experiência prática confirma, Deus sempre castiga os pecados das pessoas do seu próprio povo neste mundo, uma vez que os crentes estão livres da condenação eterna, por causa da justificação que alcançaram por meio da fé em Cristo. Mais uma vez o clamor dos israelitas fez com que Deus levantasse um libertador na pessoa de Eúde, que era da tribo de Benjamim (v 15). É interessante o fato de o registro bíblico indicar que ele era canhoto, como que a ensinar que quando Deus levanta alguém para ser usado por Ele, esta pessoa não precisa estar revestida de todas Juízes 3 31 as habilidades necessárias, porque Deus mesmo se encarregará de provê-las, conforme operação do Espírito Santo. Deus usa as coisas desprezíveis e as que não são para que se reconheça que toda a glória deve ser tributada tão somente a Ele, pelo reconhecimento de que não nós, mas o Seu poder é quem realiza todas as coisas. E citado no texto que havia imagens de escultura em Gilgal (v. 19, 26), e sabemos que este foi o local onde Josué levantou pedras em testemunho da abertura do rio Jordão, quando eles entraram em Canaã, e foi também em Gilgal em que renovaram a aliança com Deus, pela circuncisão de todos os israelitas e celebração da páscoa, e foi também em Gilgal que o Senhor retirou de sobre eles o opróbrio, tendo este local sido escolhido como acampamento de Israel, enquanto realizava as campanhas de conquista da terra. Tudo isto deve ter servido para aumentar ainda mais a indignação de Eúde contra a dominação de Israel, por um povo idólatra, e certamente isto pesou para que se decidisse em tirar a vida de Eglon, rei de Moabe, e conduzir os israelitas em Efraim a lutarem contra os moabitas, tendo sido mortos cerca de dez mil deles pelos israelitas (v. 29). É dito que estes homens eram robustos e valentes, para que ficasse registrado que não foi propriamente pelo próprio poder dos israelitas que conseguiram tal façanha, mas pelo braço forte do Senhor que era agora com eles. O resultado foi o de que Moabe deixou de ser opressor, e foi subjugado por Israel (v. 30). Assim também ocorre com os crentes, quando se arrependem de seus pecados e se consertam com Deus. Eles também deixam de ser oprimidos pelos espíritos malignos, e ganham autoridade da parte do Senhor sobre eles. O ato de Eúde, em nome de Deus, e para Deus, era plenamente justificável na dispensação da lei, em que Deus usava o Seu povo para se vingar dos Seus inimigos e deles, e para manifestar ao mundo a Sua justiça. Juízes 3 32 Todavia, agora, na dispensação da graça, nenhum fim justificará jamais o emprego de meios semelhantes pela Igreja. Nenhuma ordem é determinada na Nova Aliança, aos crentes, neste sentido. Cristo mandou Pedro embainhar a espada, num ensino a todos nós de que não devemos fazê-lo, ainda que se trate do inimigo mais vil. Este capítulo de Juízes é fechado com a breve citação a Sangar, no verso 31, onde se afirma que matou seiscentos homens dos filisteus, com uma aguilhada de bois, e que tal como Otniel e Eúde, também libertou Israel. (Obs: Aguilhada é o mesmo que aguilhão, e consiste numa vara comprida com um ferrão na ponta para se tanger com ela os bois). Juízes 4 Débora, um Exemplo de Grande Fé – Parte 1 Este quarto capítulo de Juízes é introduzido com a citação de que os israelitas haviam retornado a fazer o que era mau aos olhos do Senhor, depois da morte de Eúde. Não se diz depois da morte de Sangar, e daí podemos inferir que este agira contra os filisteus em seu próprio território, nos dias em que Eúde julgava a Israel, e deste modo, é citado em apenas um versículo do terceiro capitulo de Juízes (v. 31). Esta nova apostasia de Israel produziu uma nova opressão que veio sobre os israelitas e que durou vinte anos, e se diz que foram oprimidos cruelmente neste período pelo rei Jabim de Canaã, cujo general do seu exército se chamava Sísera, e que tinha sob o seu comando novecentos carros de ferro, que foram o motivo alegado pelos israelitas desde os dias de Josué, para não empreenderem guerra contra os cananeus do vale, por temerem aqueles carros. Mas, tendo os israelitas clamado mais uma vez ao Senhor, depois de terem sido devidamente instruídos por Débora quanto ao modo como deviam caminhar diante de Deus, obedecendo os seus mandamentos, pois além de profetiza ela os julgava apontando- Juízes 4 33 lhes qual era a vontade de Deus, e qual era o motivo daquela opressão que perdurava por vários anos. E isto certamente contribuiu grandemente para o arrependimento deles que trouxe como consequência uma promessa de livramento da parte do Senhor, que veio a Débora, apontando-lhe qual a estratégia de guerra que seria usada por Ele para prevalecer sobre o exército de Jabim e seus carros de ferro. A profecia afirmava que o Senhor atrairia o exército de Sísera ao ribeiro Quisom, com a intenção de destruir o exército de Israel que estaria sob o comando de Baraque. O texto deste capítulo não revela o modo como Deus inutilizou os carros de ferro dos cananeus, mas se pode inferir pelas palavras do cântico de vitória de Débora, do capítulo seguinte a este (quinto), que Deus fez desabar uma grande tempestade que fez com que o ribeiro Quisom transbordasse, tornando deste modo todos aqueles carros de ferro inúteis para as ações de guerra. Ao contrário, eles se transformaram num peso para os cananeus e serviram para abalar a confiança deles que era em grande parte depositada naquelas máquinas de guerra. Destacamos a seguir trechos do quinto capítulo que denotam o uso desta estratégia de Deus para paralisar os carros de Sísera: “Ó Senhor, quando saíste de Seir, quando caminhaste desde o campo de Edom, a terra estremeceu, os céus gotejaram, sim, as nuvens gotejaram águas.” (v 4). “Desde os céus pelejaram as estrelas; desde as suas órbitas pelejaram contra Sísera.” (v. 20). “O ribeiro de Quisom os arrastou, aquele antigo ribeiro, o ribeiro de Quisom. Ó minha alma, calcaste aos pés a força.” (v. 21) “Então os cascos dos cavalos feriram a terra na fuga precipitada dos seus valentes.” (v. 22). Israel havia sido desobediente ao mandado de Deus quanto a expulsar os cananeus, sem qualquer piedade, e agora estava pagando o preço da sua desobediência. De igual modo os cristãos quando se deixam arrastar por seus sentimentos e pelas razões do seu próprio coração, para estar em jugo desigual com os incrédulos, ainda que sabendo que está agindo contra a vontade de Deus, o Juízes 4 34 preço a ser pago no final será caro. Há leis espirituais que sempre entrarão em ação para os cristãos, que necessariamente não atuam no caso dos incrédulos, isto em decorrência de os cristãos estarem aliançados com o Senhor e por isso as correções e disciplina da aliança sobrevirão sobre eles toda vez que desobedecerem expressamente o mandado de Deus, porque são filhos amados e já não serão mais condenados eternamente. No caso do ímpio, este poderá ter o seu caminho ainda mais alargado, quando pratica a iniquidade, porque não é filho, não está debaixo da aliança e do compromisso com o Senhor, e sofrerá um maior juízo, porque em vista da abundância de bens e de toda a longanimidade de Deus para com ele, em vez de se arrepender de seus pecados e emendar o seu caminho, isto serviu somente para que se afastasse ainda mais do Senhor. Por isso não se deve invejar a prosperidade do ímpio, enquanto pratica a iniquidade, porque sofrerá um maior juízo e estará sujeito a umacondenação eterna. Veja o caso do próprio Israel que foi vendido a seus inimigos, quando deixou de caminhar com o Senhor e se voltou para os ídolos! A prosperidade deles serviu apenas para afastá-los de Deus, e que prosperidade é esta que nos leva a ficar debaixo da opressão dos nossos inimigos? Por isso se diz que uma grande fonte de lucro é a piedade, com contentamento (I Tim 6.6), e não as riquezas deste mundo que são incertas e passageiras. Todo aquele que quiser fazer do dinheiro a sua segurança estará construindo sobre a areia e mais cedo ou mais tarde sofrerá as consequências de ter colocado as suas esperanças no poder que o dinheiro dá, e não em um viver reto na presença do Senhor, fazendo dEle, em todo o tempo e circunstância, a verdadeira segurança da sua vida. Enquanto os israelitas confiavam em si mesmos e sofriam uma dura opressão dos cananeus, uma mulher chamada Débora colocava toda a sua confiança no Deus de Israel e recebeu bênçãos da parte dEle não apenas para si mesma mas para todo o povo de Israel porque foi o instrumento usado pelo Senhor para trazer libertação a eles. O seu nome Débora significa, no hebraico, abelha, e o caráter dela fazia jus ao seu nome, porque ela produziu doçura para os seus Juízes 4 35 amigos, e foi um ferrão doloroso para os seus inimigos. Ela tinha intimidade com Deus e era usada como Sua boca por ser uma profetiza, e era dotada do dom de conhecimento e de sabedoria, de modo que atingiu um reconhecimento admirável por parte dos israelitas que vinham serem julgados por ela (v. 5), certamente não em questões de demandas pessoais contra o próximo, mas para saberem o caminho e a vontade do Senhor para suas vidas. E ela os concitava a retornarem ao Senhor e abandonar a sua idolatria, que estava sendo a causa da dura opressão que toda a nação estava recebendo da parte dos cananeus por causa da sua desobediência a Deus. É dito que ela os julgava no lugar onde havia uma palmeira, que ficou sendo conhecida como a palmeira de Débora, e disto se dá testemunho na Palavra porque a palmeira era símbolo da justiça. Os julgamentos de Débora deviam reformar a muitos e encorajar os magistrados de Israel a colocarem em uso as leis que foram dadas por Deus através de Moisés. Por ser uma mulher, ela não estava em condições de comandar um exército pessoalmente, e por isso nomeou Baraque, da tribo de Naftali, seguindo a direção e instrução do Espírito Santo, porque através da grande fé de Débora, Baraque seria encorajado a confiar que de fato seria possível, sob a provisão de Deus, vencer os novecentos carros de ferro dos cananeus. Deus havia associado então para aquela empresa a cabeça de Débora às mãos de Baraque, de forma que ela não poderia fazer nada sem as mãos de Baraque, e este nada poderia fazer sem a cabeça de Débora. Isto é ilustrativo da cooperação que deve haver entre os membros do corpo de Cristo, no qual o maior e melhor nunca é auto-suficiente, pois Deus fez com que os membros do corpo necessitem um do outro, para o trabalho que devem realizar para Ele. Débora afiançou a Baraque que ele poderia estar confiante, de acordo com a palavra dela, e a palavra de Débora, era de fato uma palavra de autoridade, porque Deus era com ela em tudo o que havia profetizado em nome dele, de modo que alcançou renome em Israel ao ponto de muitos virem ter com ela para serem julgados. Um ministério confirmado pelo Senhor é uma fonte de bênção para Juízes 4 36 muitos porque é legitimado pelo próprio Deus pelos resultados que o acompanham, e tal era o caso de Débora. O que ela dizia era digno de confiança, de modo que todo um exército de dez mil homens sob o comando de Baraque, se colocou em ordem de batalha porque sabia que a palavra que aquela mulher proferia da parte de Deus era digna de inteiro crédito. Em Amós 3.7 nós lemos o seguinte: “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas.”. Se diz aqui de uma certeza de que Deus nada fará sem que antes o revele aos seus profetas, e isto tem a ver com o fato de que suas grandes ações devem ser preditas para que Ele possa receber a glória, o louvor e as ações de graças que Lhe são devidos, de modo que suas bênçãos não sejam consideradas como sendo obra do acaso. Daí a importância de que haja profetas que sejam reconhecidamente pessoas que são a boca de Deus, na Sua igreja, de modo que as operações da Sua graça e Seus grandes feitos possam ser preditos antes que se cumpram, para que se saiba que foi a Sua poderosa mão e não a força do homem que o fez. Um profeta verdadeiro não profetiza para alcançar renome, e tendo o verdadeiro temor do Senhor, e sabendo a grande responsabilidade que é afirmar aquilo que Deus tem realmente dito, falará sempre debaixo deste temor, e não ousará proferir aquilo que Deus não lhe mandou dizer. E este caráter essencial que identifica um verdadeiro profeta de Deus é algo muito precioso e raro, porque não são poucos os que são governados pela sua própria imaginação e desejo de falarem coisas da parte do Senhor, e não é de se estranhar portanto que muito se ouça debaixo do nome de Deus, coisas que Ele não falou realmente. Mas, no caso de Débora temos uma verdadeira profetiza, cuidadosa e criteriosa em todo o seu caminhar, e isto foi comprovado no fato de ter sido o instrumento escolhido por Deus para trazer a promessa de livramento de Israel depois de vinte longos anos debaixo da opressão dos cananeus. Se a palavra do Senhor não tivesse sido realmente soado através de Débora, dez mil homens de Israel teriam sido horrivelmente Juízes 4 37 massacrados pelos novecentos carros de ferro dos cananeus. Quão grande responsabilidade havia naquela palavra que foi proferida para os israelitas se juntarem em ordem de batalha contra os cananeus. E Baraque sabia disto, de modo que não se dispôs a subir ao campo de batalha sem que Débora estivesse presente com eles. A fé de Baraque não era tão grande ao ponto de receber ele próprio tal instrução diretamente da parte de Deus. E ele se moveu baseado não numa fé que descobrisse por si mesma qual seria a ação de Deus naquela guerra. A fé que descobriu e revelou a vontade de Deu não foi a de Baraque que estava se apoiando na palavra proferida por Débora. Uma fé forte descobre as coisas relativas à verdade que está em Cristo e se apropria tenazmente delas, e jamais se abala ou teme, porque sabe que tudo aquilo que a boca do Senhor proferiu terá cumprimento cabal. E tal era a fé de Débora. Como a fé de Baraque não era tão forte como a de Débora, ela lhe disse que a honra da vitória seria atribuída a ela e não a ele, e isto não foi proferido por motivo de vanglória, mas por revelação de Deus, pois a mesma Débora disse em complementação a tal afirmação que isto se deveria ao fato de o Senhor ter vendido Sísera nas mãos de uma mulher (v. 9), como que a dizer que o mérito não era sequer propriamente dela, mas de Deus que lhe revelara o que iria fazer e a usou com sua grande fé para não somente encorajar o exército de Israel, como o seu próprio general, Baraque. Uma grande fé sempre será honrada por Deus, de modo que a Baraque não foi dada a honra de se gloriar naquela vitória, porque não tinha uma fé da qualidade da de Débora por meio da qual pudesse não apenas conhecer a vontade de Deus, como também ficar firme, sem vacilar até o cumprimento do que lhe foi revelado. Tanto foi do propósito de Deus que Baraque não fosse honrado, apesar de ter dirigido o exército de Israel naquela batalha, que Sísera, general do exército dos cananeus foi morto pelas mãos de uma outra mulher, Jael, fazendo assim o Senhor uso do vaso mais fraco para que toda glória Lhe fosse tributada, como de fato convinha que o fosse. Juízes 4 38 Jael matou a Sísera depois de ter este fugido para onde um dos descendentes do sogro de Moisés havia se instalado com sua família, dando início a umpovoado, e Jael fazia parte desta família. A narrativa do verso 11, aparentemente está solta e deslocada, mas, na verdade, foi feita a título de introdução e entendimento das ações de Jael que são narradas nos últimos versículos deste capítulo. No verso 17 se diz que havia paz entre o rei de Canaã, Jabim, e os queneus, de cujo povo Jael fazia parte. E foi por isso que Sísera fugiu para lá julgando que seria escondido por eles, de Baraque que saiu em sua perseguição. Exausto que estava da batalha, e tendo sobrado somente ele dos dez mil homens do seu exército, que foram todos mortos pelos israelitas, pediu água a Jael, mas esta lhe deu leite a beber, contando certamente que isto ajudaria para que ele caísse num sono profundo, como de fato ocorreu, e ela pegando uma estaca de barraca cravou-a na cabeça de Sísera, pregando-a ao chão. E uma vez morto o general do exército dos cananeus e a quase totalidade do seu exército, e tendo sido destruídos os carros de ferro, o rei de Canaã foi enfraquecido de maneira que se afirma que ele veio a ser destruído pelos israelitas, e ao que parece, eles baniram aquele reino da face da terra, de maneira que daqui em diante não se ouve mais falar em reis de Canaã. Juízes 5 “1 Mas os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau aos olhos do Senhor, depois da morte de Eúde. 2 E o Senhor os vendeu na mão de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor; o chefe do seu exército era Sísera, o qual habitava em Harosete dos Gentios. 3 Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor, porquanto Jabim tinha novecentos carros de ferro, e por vinte anos oprimia cruelmente os filhos de Israel. Juízes 5 39 4 Ora, Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. 5 Ela se assentava debaixo da palmeira de Débora, entre Ramá e Betel, na região montanhosa de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ter com ela para julgamento. 6 Mandou ela chamar a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes- Naftali, e disse-lhe: Porventura o Senhor Deus de Israel não te ordena, dizendo: Vai, e atrai gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom; 7 e atrairei a ti, para o ribeiro de Quisom, Sísera, chefe do exército de Jabim; juntamente com os seus carros e com as suas tropas, e to entregarei na mão? 8 Disse-lhe Baraque: Se fores comigo, irei; porém se não fores, não irei. 9 Respondeu ela: Certamente irei contigo; porém não será tua a honra desta expedição, pois à mão de uma mulher o Senhor venderá a Sísera. Levantou-se, pois, Débora, e foi com Baraque a Quedes. 10 Então Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes, e subiram dez mil homens após ele; também Débora subiu com ele. 11 Ora, Heber, um queneu, se tinha apartado dos queneus, dos filhos de Hobabe, sogro de Moisés, e tinha estendido as suas tendas até o carvalho de Zaananim, que está junto a Quedes. 12 Anunciaram a Sísera que Baraque, filho de Abinoão, tinha subido ao monte Tabor. 13 Sísera, pois, ajuntou todos os seus carros, novecentos carros de ferro, e todo o povo que estava com ele, desde Harosete dos Gentios até o ribeiro de Quisom. 14 Então disse Débora a Baraque: Levanta-te, porque este é o dia em que o Senhor entregou Sísera na tua mão; porventura o Senhor não saiu adiante de ti? Baraque, pois, desceu do monte Tabor, e dez mil homens após ele. 15 E o Senhor desbaratou a Sísera, com todos os seus carros e todo o seu exército, ao fio da espada, diante de Baraque; e Sísera, descendo do seu carro, fugiu a pé. Juízes 5 40 16 Mas Baraque perseguiu os carros e o exército, até Harosete dos Gentios; e todo o exército de Sísera caiu ao fio da espada; não restou um só homem. 17 Entretanto Sísera fugiu a pé para a tenda de Jael, mulher de Heber, o queneu, porquanto havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e a casa de Heber, o queneu. 18 Saindo Jael ao encontro de Sísera, disse-lhe: Entra, senhor meu, entra aqui; não temas. Ele entrou na sua tenda; e ela o cobriu com uma coberta. 19 Então ele lhe disse: Peço-te que me dês a beber um pouco d'água, porque tenho sede. Então ela abriu um odre de leite, e deu- lhe de beber, e o cobriu. 20 Disse-lhe ele mais: Põe-te à porta da tenda; e se alguém vier e te perguntar: Está aqui algum homem? responderás: Não. 21 Então Jael, mulher de Heber, tomou uma estaca da tenda e, levando um martelo, chegou-se de mansinho a ele e lhe cravou a estaca na fonte, de sorte que penetrou na terra; pois ele estava num profundo sono e mui cansado. E assim morreu. 22 E eis que, seguindo Baraque a Sísera, Jael lhe saiu ao encontro e disse-lhe: Vem, e mostrar-te-ei o homem a quem procuras. Entrou ele na tenda; e eis que Sísera jazia morto, com a estaca na fonte. 23 Assim Deus naquele dia humilhou a Jabim, rei de Canaã, diante dos filhos de Israel. 24 E a mão dos filhos de Israel prevalecia cada vez mais contra Jabim, rei de Canaã, até que o destruíram.” (Jz 4.1-24). Juízes 6 Débora, um Exemplo de Grande Fé – Parte 2 O quinto capítulo de Juízes contém a canção triunfal que foi composta e cantada, na ocasião da vitória gloriosa que Israel obteve sobre as forças do rei Jabim de Canaã, e as consequências felizes daquela vitória. Juízes 6 41 Toda vez que é realmente o Senhor quem nos conduz em vitória sobre o inimigo, e quando podemos, pelo Seu poder e graça que nos são concedidos, quando clamamos a Ele por socorro e livramento, esmagar a cabeça da serpente, então a consequência disto sempre será sermos movidos pelo Espírito Santo a entoarmos cânticos de louvor e gratidão a Deus com grande alegria espiritual em nossos corações. Esta é uma lei do mundo espiritual que nunca falha, porque nisto o Senhor é muito exaltado e glorificado, e Ele sempre o fará para testificação espiritual que foi o Seu forte braço que nos trouxe livramento, fazendo-nos triunfar sobre as forças do inimigo, que dantes nos oprimiam e amedrontavam, e que agora, pelo poderoso livramento operado por Deus se tornam como poderes inteiramente subjugados aos nossos pés. E isto traz descanso, paz e regozijo à alma. E a graça de Jesus se torna para nós como o fruto mais doce e valioso que nos satisfaz completamente, ao ponto de não necessitarmos de coisa alguma. E foi exatamente isto que os israelitas experimentaram depois de o Senhor ter subjugado as forças do inimigo diante deles, ao mesmo tempo que se tornava de novo favorável a Seu povo restaurando a comunhão com Ele e de uns com os outros. Não pode haver sossego e paz num espírito verdadeiramente temente a Deus enquanto a força do inimigo prevalece sobre o seu povo, e será sempre pelo clamor por misericórdia e livramento destes, e pela tristeza e pesar em seus espíritos por não estarem vendo os planos de Deus prosperando por meio da igreja, que a mão do Senhor se moverá para restaurar todas as coisas, pelo derramar do Seu Espírito e da Sua graça sobre o Seu povo. E o cristão não pode respirar espiritualmente e experimentar a verdadeira vida celestial sem ter a aprovação e aceitação de Deus. Se a presença do Senhor não vai conosco o resultado imediato disto é que ficaremos à mercê dos nossos inimigos espirituais, e estaremos enfraquecidos diante deles e temeremos a sua força intimidadora, tal como os israelitas se sentiam diante dos carros de ferro dos cananeus. Mas uma vez retornando ao favor do Senhor, a situação se inverte, e então nos Juízes 6 42 tornamos fortes pela graça e podemos contemplar espiritualmente quão fracos e impotentes os nossos inimigos se tornam na presença de Deus quando Ele está pelejando por nós. Vale ou não a pena, portanto, sempre clamar e se arrepender do pecado para que possamos ter Deus agindo como nosso amigo e repreendendo todos aqueles que se levantam contra nós? Qual é o sentido que há na vida quando a presença do Senhor já não segue conosco por causa dos nossos pecados? Quando entenderemos que é um dever orar pelos nossos líderes para
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