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Só se Vê a Deus com Santificação

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Só se Vê a Deus 
Com Santificação 
 
 
Silvio Dutra 
 
NOV/2015 
 
Só se vê a Deus com Santificação 
2 
 
Sumário 
 
1 - Introdução 3 
 
2 – O que é Ver a Deus? 5 
 
3 – O que é Estar Santificado 8 
 
4 - Como a Santificação é Forjada? 18 
 
5 – Jesus é a Nossa Santificação 23 
 
6 – Os Componentes da Santificação 31 
 
7 – A Medida da Santificação 39 
 
8 - Estamos Santificados? 44 
 
9 – O Motivo 55 
 
Só se vê a Deus com Santificação 
3 
 
1 – Introdução 
 
Quando o texto de Hebreus 12.14 foi escrito, é provável 
que o seu autor estivesse pensando no retorno do 
Senhor Jesus para arrebatar o seu povo. 
Sabedor de tantas instruções e advertências que haviam 
sido dadas pelo próprio Cristo para que seus discípulos 
estivessem devidamente preparados para recebê-lo por 
ocasião da Sua volta, como por exemplo as que 
encontramos nas Parábolas dos Talentos e das Dez 
Virgens, o autor de Hebreus não tinha então qualquer 
dúvida sobre a referida necessidade de santificação para 
que os crentes pudessem ver o Senhor na citada ocasião. 
Ora, na avaliação que fizermos desta matéria não 
podemos esquecer de que temos o exemplo do ladrão 
que morreu na cruz ao lado de Jesus e que pôde ver a 
face de Deus no paraíso sem que tivesse tido tempo para 
receber qualquer medida adicional de santificação além 
da que acompanha a conversão (novo nascimento do 
Só se vê a Deus com Santificação 
4 
Espírito Santo) e que ele certamente recebeu quando 
ouviu dos lábios do Senhor que estaria com ele ainda 
naquele dia no paraíso. 
Muito bem, outro ponto também a ser considerado é 
que Deus é poderoso o bastante para renovar e 
reconciliar consigo mesmo a qualquer crente que tenha 
andado desviado da Sua presença, e isto não exclui o 
momento da volta de Jesus. 
Agora, temos que ter a devida prudência em nossas 
afirmações porque a Parábola das Dez Virgens assegura 
que não houve tempo hábil para as cinco virgens 
insensatas serem renovadas, de modo que não subiram 
com o Senhor juntamente com as demais cinco virgens 
prudentes. 
A conclusão a que chegamos é a de que não somos 
chamados a especular com isto e nem tampouco nos 
descuidarmos do nosso dever de vigiar, orar e 
perseverar diariamente, confirmando cada vez mais a 
nossa eleição pela prática da Palavra de Deus, para a 
santificação do Espírito Santo. 
Só se vê a Deus com Santificação 
5 
Como dissemos antes, devemos recorrer ao próprio 
texto bíblico e analisar cuidadosamente as passagens 
que tratam do assunto da santificação para que sejamos 
devidamente esclarecidos pelo menos sobre o que seja 
estar santificado e o que é necessário fazer para que o 
possamos obter. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Só se vê a Deus com Santificação 
6 
 
2 – O que é Ver a Deus? 
 
Das várias passagens bíblicas que discorrem sobre o 
assunto do nosso título, destaca-se a citação de Jesus no 
Sermão do Monte quando disse diretamente que são os 
puros de coração que verão a Deus. 
A par do verbo estar no tempo futuro, a citação aplica-
se também ao presente pois é notório que só podemos 
ter comunhão com o Senhor quando estamos 
santificados. 
Não pensemos que ver a Deus equivale a uma 
contemplação com nossos olhos de carne, uma vez que 
Deus é espírito invisível aos nossos olhos, de modo que 
a visão aqui referida é de caráter espiritual, indicando 
um maior conhecimento da pessoa de Deus e da Sua 
vontade, como sucedeu com o patriarca Jó que pôde 
declarar que passou a ver a Deus depois de tudo o que 
passou, e não somente mais ouvir falar acerca dele. 
Só se vê a Deus com Santificação 
7 
É digno de nota também que quando Moisés manifestou 
o desejo de ver a glória do Senhor, em vez de lhe ter sido 
concedido uma visão contemplativa, foi-lhe dada a 
declaração pelo próprio Deus acerca do Seu caráter 
divino, em ser longânimo, misericordioso e justo. 
Disto tudo se depreende então que este ver a Deus 
equivale a ser admitido à Sua presença, a se privar do 
Seu favor e companhia, e a condição necessária para tal 
é declarada como sendo a nossa santificação, como no 
dizer do Senhor, a purificação do nosso coração. 
 
 
 
 
 
 
 
Só se vê a Deus com Santificação 
8 
3 – O que é Estar Santificado 
 
O pecador é transformado em santo quando nasce de 
novo do Espírito Santo. 
Na sua conversão ele é santificado ao ser transformado 
em uma nova criatura. 
Ele recebe um novo coração, uma nova natureza, a 
natureza divina, e assim tem acesso à santidade que o 
faz aceitável a Deus. 
Esta é a razão pela qual o apóstolo Paulo se refere aos 
cristãos em todas as suas epístolas, chamando-os de 
santos, apesar de que muitos deles eram ainda carnais, 
como, por exemplo, parte dos cristãos coríntios (I Cor 
1.2; 6.11; 14.33; II Cor 1.1; 13.12; Ef 1.1; 2.19; Fp 1.1; Col 
1.2; Jd 3) que eram santos, separados para Deus, apesar 
de não serem ainda cristãos espirituais. 
Entretanto, aquele que foi santificado pelo Espírito, é 
chamado a prosseguir nesta santificação, através de um 
Só se vê a Deus com Santificação 
9 
processo que não deve cessar ao longo de toda a sua 
vida, e pelo qual obterá graus cada vez maiores de 
crescimento na graça e no conhecimento pessoal e 
íntimo de Jesus (Jo 17.17,19; Ef 4.12;I Tes 5.23; Apo 
22.11). 
Este processo consiste basicamente no despojamento 
das obras da carne (natureza terrena) e do revestimento 
das virtudes de Cristo. 
O texto de Hebreus 12.14 diz, “segui a paz com todos e 
a santificação” – ambas as coisas, tanto a paz quanto a 
santificação devem ser seguidas de forma prática. 
Se a santificação tivesse sido obtida em sua forma plena 
e final na regeneração (novo nascimento), não haveria 
necessidade de se mandar segui-la, ordenança que não 
se aplica à justificação, por ter sido obtida de uma vez 
para sempre na conversão. 
Santificação é conformidade à vontade de Deus, e 
obediência aos mandamentos do Senhor. Isto é o 
trabalho do Espírito na alma, pelo qual o homem é feito 
semelhante a Deus, e torna-se participante da natureza 
Só se vê a Deus com Santificação 
10 
divina, sendo livrado da corrupção que há no mundo 
através da cobiça. 
Não é dito em Heb 12.14 “perfeição de santificação”, 
mas, “santificação”. 
A santificação é uma coisa que cresce. 
Ela pode ser na alma como o grão de mostarda, e ainda 
não estar desenvolvida; ela pode ser uma vontade e um 
desejo no coração, um suspiro, uma aspiração. 
Com as águas do Espírito de Deus, ela crescerá como o 
grão de mostarda até se tornar uma árvore. 
A santificação, no coração regenerado é como criança, 
não está madura – está perfeita em todas as suas partes, 
mas não perfeita no seu desenvolvimento. 
Uma criança é um ser perfeito, mas não quanto ao 
desenvolvimento que ainda terá até ser uma pessoa 
madura. 
Por conseguinte, quando nós achamos muitas 
imperfeições e muitas falhas em nós mesmos, não 
Só se vê a Deus com Santificação 
11 
devemos concluir que isto significa que não temos 
interesse na graça de Deus. 
A santificação requer que o coração esteja em Deus, e 
que pulse de amor por Ele. 
“Sem santificação ninguém verá o Senhor”. 
Isto quer dizer, nenhum homem pode ter comunhão 
com Deus nesta vida, e na vida por vir, sem santidade. 
“Podem dois caminharem juntos se não houver entre 
eles acordo?”. 
Santificação é uma palavra que significa mais do que 
purificação, porque ela inclui mais do que a ideia de 
sermos limpos, ela inclui também a necessidade de 
estarmos adornados com todas as virtudes de Cristo. 
“Por causa deles eu me santifico a mim mesmo”. Estas 
são palavras que foram proferidaspor Jesus em João 17. 
No caso do Senhor não pode significar purificação do 
pecado, porque ele não tinha pecado. 
Só se vê a Deus com Santificação 
12 
A santificação do Senhor era sua consagração ao 
completo propósito divino, sua absorção na vontade do 
Pai. 
Assim, nossa própria santificação também significa a 
nossa consagração à vontade de Deus, além da nossa 
purificação, já que somos pecadores. 
“Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade” 
(João 17.17). 
Ninguém pode santificar uma alma mas somente o Todo 
Poderoso Deus, o grande Pai dos espíritos. 
Somente aquele que nos fez pode fazer-nos santos. 
A regeneração é onde a santificação começa, e é 
totalmente o trabalho do Espírito de Deus. 
Cada pensamento sobre santidade, e cada desejo 
posterior por pureza, vêm somente do Senhor, porque 
nós, por natureza, somos inclinados ao pecado. 
Assim que a última vitória sobre o pecado em nós, e 
sermos feitos perfeitamente como o nosso Senhor, deve 
Só se vê a Deus com Santificação 
13 
ser inteiramente o trabalho do Senhor Deus, que faz 
novas todas as coisas, desde que não temos nenhum 
poder para realizar tão grande trabalho em nós mesmos. 
Isto é uma criação (Tg 1.18). Nós podemos criar esta 
nova vida? 
Isto é uma ressurreição. Nós podemos levantar da 
morte, pelo nosso próprio poder? 
Nossa natureza degenerada (terrena) pode estar 
rumando em direção à putrefação, mas não pode jamais 
retornar à pureza ou à perfeição por si mesma; por isto 
está sentenciada à morte, pela nossa identificação com 
a crucificação de Jesus, e temos recebido uma nova 
natureza de Deus pela fé, que está realizando em nosso 
espírito um trabalho de santificação, e isto é de Deus, e 
de Deus somente. 
Veja então que grande coisa é a santificação, e como é 
necessário para isto que o nosso Senhor orasse ao seu 
Pai: “Santifica-os na verdade”. 
Todavia, somente a verdade não santifica o homem. 
Só se vê a Deus com Santificação 
14 
Ele pode permanecer num credo ortodoxo, mas se isto 
não tocar o nosso coração e influenciar o nosso caráter, 
qual é o valor da nossa ortodoxia? 
Não é a doutrina que, de si mesma, nos santifica, mas o 
Pai santifica usando a doutrina como meio. 
A verdade é o elemento em que nós devemos viver para 
sermos santos. 
A falsidade (mentira) conduz ao pecado; a verdade 
conduz à santidade; mas há o espírito mentiroso, e há 
também o Espírito da verdade, e por estes o erro e a 
verdade são usados como meios para se atingir o fim, 
respectivamente. 
A verdade deve ser aplicada com poder espiritual à 
mente, à consciência, ao coração, senão o homem pode 
receber a verdade, e ainda permanecer na injustiça. 
Eu creio que isto é a coroação do trabalho de Deus no 
homem, que seu povo seja perfeitamente livre do mal. 
Ele os escolheu para que sejam seu povo particular, 
zeloso de boas obras; Ele os redimiu para que fossem 
Só se vê a Deus com Santificação 
15 
livres de toda a iniquidade, e purificados; ele os chamou 
efetivamente para uma elevada e santa vocação, a saber 
para a verdadeira santidade. 
Todo o trabalho do Espírito de Deus na nova natureza 
tem em mira a purificação, a consagração, o 
aperfeiçoamento de todos aqueles que Deus, em amor, 
tomou para Si. 
Tudo o que nos sucede na caminhada para o céu tem o 
propósito de nos preparar para o fim último da nossa 
jornada. 
Nosso caminho através do deserto tem por objetivo nos 
provar, para que possamos conhecer quem realmente 
somos, e para que nossos males possam ser 
descobertos, e nos arrependermos, e assim, para que 
nos apresentemos a Deus, no fim, sem máculas, diante 
do Seu trono. 
Nós estamos sendo educados pelos céus, para o 
encontro na assembleia dos perfeitos. 
Só se vê a Deus com Santificação 
16 
Ainda não se manifestou o que seremos, mas seremos 
como Ele, porque o veremos assim como Ele é. 
Nós estamos sendo levantados: através de um duro 
combate, de longa vigilância, e paciente espera, 
estamos sendo levantados em santidade. 
Estas tribulações que trilham o nosso trigo e que lançam 
a palha para longe, estas aflições que consomem nossas 
escórias, e que tornam nosso ouro mais puro, têm um 
objetivo glorioso em vista. 
Todas as coisas cooperam juntamente para o bem 
daqueles que amam a Deus; e o resultado esperado de 
tudo isso será a apresentação dos escolhidos a Deus, não 
tendo mancha ou ruga ou qualquer coisa semelhante. 
Não devemos pensar que a santificação ocorre 
instantaneamente, quando se ouve um pregador 
sincero. 
Este não é o trabalho de um momento, de alguns dias, 
ou da habilidade humana, mas é o próprio Deus que 
deve trabalhar em nós. 
Só se vê a Deus com Santificação 
17 
Devemos, antes de tudo, ter a habitação do Espírito 
Santo. 
É pela fé em Cristo que se é renascido pelo Espírito. É 
também pela mesma fé que somos santificados, assim 
como temos crido para o seu perdão e justificação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Só se vê a Deus com Santificação 
18 
4 - Como a Santificação é Forjada? 
 
Jesus disse em João 17: “Santifica-os na verdade, a tua 
palavra é a verdade.”. 
Observem como Deus tem juntado a verdade e a 
santificação. 
Tem havido uma tendência recentemente para se dividir 
a verdade da doutrina; a verdade do preceito. 
Nenhuma vida santa será produzida em nós por crer na 
falsidade. 
A santificação em seu caráter visível vem da edificação 
em fé no interior do coração, ou de outra forma é uma 
mera casca. 
Boas obras são o fruto da verdadeira fé, e a verdadeira 
fé é uma sincera crença na verdade. 
Cada verdade conduz à santificação, cada erro de 
doutrina, direta ou indiretamente conduz ao pecado. 
Só se vê a Deus com Santificação 
19 
E não estamos falando de mero conhecimento 
intelectual, mas de conhecimento espiritual, por 
experiência pessoal, na implantação das virtudes de 
Cristo em nossa nova natureza, recebida pela fé nEle 
(longanimidade, amor, benignidade, paciência, domínio 
próprio, alegria etc). 
Por isso, somente o ensino que é segundo a Palavra de 
Deus revelada, nos santificará. 
A Palavra de Deus é viva e demonstrará se estamos 
santificados ou não por vermos as realidades afirmadas 
por ela implantadas e manifestadas em nossas vidas. 
Por isso se diz que a santificação é operada pela Palavra. 
A matemática é uma verdade, mas ninguém é 
santificado por ela. 
O erro pode soprar sobre você, ele pode mesmo levar 
você a pensar que você está santificado, mas há uma 
grande e séria diferença entre ostentar santificação e 
estar santificado de fato, uma grave diferença entre se 
Só se vê a Deus com Santificação 
20 
sentir mais purificado que outros, e estar sendo 
realmente aceito por Deus. 
A verdade nunca é a sua opinião, nem minha; sua 
mensagem, nem minha. Jesus disse, “a tua Palavra é a 
verdade”. 
O que santifica os homens não é apenas a verdade, mas 
a verdade que está revelada na Palavra de Deus. 
É uma bênção que toda a verdade que é necessária para 
nos santificar esteja revelada na Palavra de Deus, tanto 
que nós não temos que gastar nossas energias tentando 
descobrir a verdade, mas podemos, para nosso maior 
proveito, usar a verdade revelada nas Escrituras. 
Não haverá mais revelações da verdade, não são mais 
necessárias. E não pensemos esta prática da Palavra 
consiste apenas em se cumprir os mandamentos morais, 
pois é muito mais do que isso, uma vez que o que se tem 
em mira é a nossa transformação à semelhança de Jesus, 
então mais do que obedecer ao preceito, temos na 
Palavra a direção de como seremos em nosso caráter, 
Só se vê a Deus com Santificação 
21 
mente, coração e espírito quando andarmos no Espírito 
em comunhão com Cristo. 
O cânon está fixado e completo, e por isso se diz que 
nada deve ser retirado ou acrescentado à Palavra, sob a 
pena de lhe serem acrescentadas as pragas descritas em 
Apo 22.18,19. 
O Senhor nunca reescreveu ou reeditouSua Palavra e 
certamente nunca o fará, porque ela, verdade que é, 
permanece para sempre. 
Nosso ensino pode estar cheio de erros, mas o Espírito 
não erra. A fé foi entregue de uma vez por todas aos 
santos. 
A Escritura sozinha é a verdade absoluta e eterna. 
É por isso que nos é ordenado que a Palavra de Deus 
habite ricamente em nosso coração, e para tanto, será 
necessário que a leiamos e que meditemos nela dia e 
noite. 
Só se vê a Deus com Santificação 
22 
É pela leitura e meditação das Escrituras que se chega ao 
conhecimento do caráter de Deus, e a termos temor e 
tremor em nossa caminhada diante dEle e da Sua justiça. 
Quando a verdade for totalmente usada, ela destruirá o 
pecado diariamente, nutrirá a graça, inspirará nobres 
desejos, e produzirá ações santas em nós. 
Agora, ninguém espere ter uma verdadeira santificação 
sem isto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Só se vê a Deus com Santificação 
23 
5 – Jesus é a Nossa Santificação 
 (I Cor 1.30) 
 
Quando Deus diz “sede santos por que eu sou santo” o 
que está em foco é uma convocação direta a ser imitado. 
Jesus é o nosso exemplo de vida que devemos seguir, se 
desejamos de fato ser santificados. 
E m ais do que exemplo, a sua própria vida em nós é o 
que nos santifica, de modo que não pode haver 
qualquer santificação verdadeira aparte da comunhão 
real e vital com Ele. 
Por isso há várias convocações diretas na Palavra neste 
sentido em Mt 10.25; Fil 2.5; I Cor 11.1; Ef 5.1; I Ts 1.6; I 
Pe 2.21; I Jo 2.6; 4.17, entre outras. 
A imitação de Cristo está embutida na ordenança bíblica 
que nos manda nos revestirmos de Cristo ou do novo 
homem, o que é a mesma coisa (Rom 13.14; Ef 4.24; Col 
3.10). 
Só se vê a Deus com Santificação 
24 
Cabe ressaltar que na regeneração já ocorreu um 
revestimento do novo homem, e um despojamento do 
velho homem, mas tanto uma coisa quanto outra 
(revestimento e despojamento) devem prosseguir na 
santificação. 
Quando encontramos na Palavra de Deus, citações ao 
fato de já termos sido lavados, santificados, revestidos 
do novo homem e despojados do velho, a referência se 
aplica no caso à REGENERAÇÃO (novo nascimento), e 
quando há uma exortação no sentido de se prosseguir 
com o trabalho de purificação da alma, de 
despojamento da carne, mortificação da natureza 
terrena e revestimento de Cristo ou do novo homem, a 
referência então se aplica ao processo da 
SANTIFICAÇÃO, que deve prosseguir por toda a vida, até 
que sejamos recebidos na glória. 
A santificação consiste basicamente na ordenança de 
Rom 13.14: revestir-se de Cristo e nada dispor para a 
carne quanto às suas concupiscências. 
Só se vê a Deus com Santificação 
25 
E para revestir-se externamente de Cristo é necessário 
primeiro conhecê-lo interiormente. 
Jesus deve ser recebido no coração por fé, antes de 
poder se manifestar na vida pela santidade. 
Para que a luz apareça e ilumine é preciso primeiro 
acender a lâmpada. 
É assim que a luz do cristão brilha no mundo, pelo 
testemunho de sua própria vida, pelas virtudes visíveis 
de Cristo que se manifestam na mesma. 
Esta luz pode brilhar mais em uns do que em outros, 
conforme o nível de sua consagração, e 
consequentemente, da sua santificação. 
Assim, o exterior e visível deve ser precedido 
e inspirado pelo interior e invisível, para que o mundo 
não possa negar que somos filhos da luz e do dia (I Tes 
5.5,8). 
Não basta que Cristo seja o alimento que sustém o 
homem interior, é também necessário que seja o 
Só se vê a Deus com Santificação 
26 
vestido que cobre o homem exterior, e que deve ser 
visto pelo mundo, através do seu testemunho. 
O cristão deve estar vestido de Cristo em todo o tempo, 
e deve estar de tal maneira vestido do Senhor, que se 
confunda com Ele. 
Na conversão, quando é regenerado pelo Espírito esta 
exortação é cumprida num sentido parcial, pois o cristão 
se reveste de Cristo como um manto de justiça. 
A justiça de Cristo que é imputada ao cristão na 
justificação, passa a ser dele, porque Cristo agora lhe 
pertence e ele a Cristo. 
Embora injusto por natureza, o cristão passa a ser justo. 
Mas a ordenança de Rom 13.14 não se refere à 
justificação, mas à santificação. 
Entretanto o ato de se revestir de Cristo só pode ser 
cumprido por aqueles que já foram justificados e 
regenerados. 
Só se vê a Deus com Santificação 
27 
Devemos nos revestir de Cristo, continuamente, para 
que a santidade de Cristo seja reproduzida em nossa 
conduta diária. 
Se é a Cristo que devemos ir para obter o perdão e a 
justificação, não devemos ir a outro para obter a 
santificação (I Cor 1.30). 
Havendo começado com Jesus, devemos seguir com Ele 
até o fim. 
Devemos andar no mundo como Cristo andava. 
Uma pergunta deve acompanhar o cristão em todas as 
áreas de atividades e situações de sua vida: 
“o que faria Jesus em meu lugar?”, e sua ação deve ser 
norteada pela resposta a tal pergunta. 
É pela vida de Jesus que devemos modelar a nossa. 
O motivo ativo e potente que nos encoraja a imitar Jesus 
como nosso modelo é a santificação das nossas almas. 
Só se vê a Deus com Santificação 
28 
Acheguemo-nos ao Senhor e Ele nos dará o vigor que nos 
falta. 
Sem a graça que está em Cristo Jesus não é possível ter 
a verdadeira santidade. 
O próprio Moisés e todos os que agradaram a Deus na 
dispensação da lei foram assistidos e fortificados pela 
graça, que também operou mediante a fé. 
A fonte da verdadeira santidade está em que “o pecado 
não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da 
lei, e sim, da graça.”. 
Todos os que agradam a Deus não são os que se deixam 
constranger pela força dos Seus mandamentos, como 
quem serve a um rude patrão, mas, são os que O servem 
como filhos que estimam e amam a seu Pai. 
A motivação do cristão deve repousar na gratidão pela 
graça e redenção de Jesus, que lhe trouxe a salvação. 
Não é no Sinai que deve buscar o estímulo à sua 
santidade, mas no Calvário. 
Só se vê a Deus com Santificação 
29 
Inflamado de amor pelo Salvador, que morreu por ele, 
será a sua felicidade estar pronto para viver ou para 
morrer, para trabalhar ou para sofrer pelo seu Senhor. 
O desejo de ser louvado e o temor de ser censurado não 
são motivos para a santidade, são indignos de quem 
pertence a Cristo. 
O servo do Senhor não pode se fazer servo dos homens, 
agindo como que para agradar a homens. 
Antes, a glória do seu Mestre é sua paixão, e tudo o mais 
é sem importância. 
Dizer “revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” é o mesmo 
que dizer, “revesti-vos da perfeição”. 
Assim, o cristão deve se revestir das virtudes que fazem 
parte do caráter de Jesus. 
Não de parte destas virtudes, mas de todas elas. 
Não é somente sua humildade ou doçura, ou amor, ou 
zelo o que devemos imitar, mas a sua completa 
santidade. 
Só se vê a Deus com Santificação 
30 
A nossa comunhão com Cristo deve ser tão íntima, que 
a sua personalidade possa ser reproduzida em nós. 
A nossa vontade deve ser conformada à dEle. 
É a vontade de Deus que sejamos cada vez mais 
semelhantes a Jesus (Rom 8.29). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Só se vê a Deus com Santificação 
31 
6 – Os Componentes da Santificação 
 
Lendo o texto de Col 3.12-14 vemos que Paulo está 
descrevendo o traje do cristão. 
As vestes que ali são descritas devem ser usadas 
permanentemente. 
Nenhuma delas deve ser deixada de lado. 
Todas devem ser vestidas. 
Não apenas no domingo, mas durante todos os dias da 
semana. 
As primeiras vestes citadas são a misericórdia e a 
bondade. 
Somos tão misericordiosos, benignos, ternos e 
compassivos com os nossos semelhantes como é o 
próprio Cristo? 
Pela santificação, obtivemos este traje, e estamos com 
ele vestidos? 
Só se vê a Deus com Santificação 
32 
Esforçamo-nos para alcançá-lo? 
Se não, a nossa alegada santidade está nua em parte. 
Longe de nós a presunção da igrejade Laodiceia que lhe 
custou a reprimenda de Apo 3.17. 
Em seguida são citadas como parte do vestuário de 
Cristo, a mansidão e a humildade. 
Jesus não oprime nem tiraniza a ninguém. 
Ele foi sempre humilde, manso e cheio de graça, sendo 
o Mestre de todos, e o Senhor dos senhores. 
Somos arrogantes e duros de coração por natureza. É 
somente pelo trabalho de quebrantamento do Espírito 
Santo que deixamos de sê-lo. 
Há também os vestidos da longanimidade e da 
paciência, no trato com os semelhantes. 
Há cristãos que se não fazem tudo a seu gosto, logo se 
encolerizam. 
São egoístas, obstinados, iracundos e suscetíveis. 
Só se vê a Deus com Santificação 
33 
Não se sujeitam à disciplina do Espírito Santo, e nem à 
autoridade da Palavra de Deus. 
A verdade que servem é a própria, engendrada por sua 
imaginação e sentimentos carnais. 
Estas vestes da velha natureza devem ser trocadas pelas 
vestes de Jesus, da longanimidade (tardio em se irar) e 
da paciência. 
Devemos ser pacientes ainda quando tenhamos sido 
vítimas de grandes injustiças: mais vale sofrer do que 
devolver mal por mal (Rom 12.17-21; I Pe 2.19-23; 4.12-
14). 
O apóstolo segue dizendo: 
“Perdoai-vos mutuamente...”. 
Não é evidente que tal ensino não é da terra, mas que 
nos veio do céu? 
Tratemos pois de colocá-lo em ação. 
Só se vê a Deus com Santificação 
34 
Vesti-vos do Espírito de Cristo, e sua língua não soltará 
palavras tão amargas. 
Vesti-vos do seu amor, e seu coração não abrigará 
sentimentos tão ásperos. 
Que suas almas se encham de sua santidade, e de boa 
vontade perdoarão, não sete, mas setenta vezes sete. 
Agora, o cinturão que mantém em seu lugar cada peça 
deste vestuário espiritual é: 
“Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o 
vínculo da perfeição.”. 
Este cinturão é divino: o amor. 
Tudo o que temos feito tem muito pouco valor se nossas 
animosidades não têm sido sepultadas com o velho 
homem. 
Ainda que tenhamos muitos defeitos, que não nos falte 
o amor pelo Senhor e por nossos semelhantes. 
E finalmente: 
Só se vê a Deus com Santificação 
35 
“a paz de Deus governe os seus corações e sejam 
agradecidos.”. 
A gratidão deve ser achada entre os discípulos de Jesus. 
Bem-aventurada a alma que está em plena possessão de 
si mesma, sempre tranquila e descansada. 
Se desejamos ser semelhantes a Jesus devemos estar 
vestidos da Sua paz. 
Uma pessoa santa, além das virtudes destacadas em Col 
3.12-14 também possui: submissão, domínio próprio, 
auto negação, amor fraternal por seus irmãos em Cristo, 
pureza de coração, temor de Deus, fidelidade em todos 
os deveres e relacionamentos, e todas as demais 
virtudes que caracterizam o cristão fiel, segundo o que 
está revelado na Bíblia. 
Apesar de estarmos revestidos de Jesus, temos 
necessidade ainda de lutar contra a carne como se diz 
em Rom 13.14. 
Não devemos ser indulgentes com a carne, nem 
desculpá-la. 
Só se vê a Deus com Santificação 
36 
Nunca digamos: “Cristo me tem perdoado porque tenho 
mau gênio, e não posso livrar-me dele.”. 
Nunca justifiquemos aquilo que em nós não se encontra 
na natureza de Cristo. 
Alguém pode dizer: “Sou muito alegre por natureza e 
assim, um pouco de prazer mundano me é necessário.”. 
Jogo perigoso é este! 
Está fazendo o que a Palavra proíbe. 
Está adulando a carne para satisfazer os seus desejos. 
Cuidado! 
Não se deve dar trégua ao pecado, nem por um dia, uma 
hora, um minuto, um segundo. 
Nossa obediência deve ser sem interrupção. 
Não devemos consentir que a carne levante a cabeça, 
pois não se pode saber até onde é capaz de nos arrastar. 
A carne é voraz e nunca se sacia. 
Só se vê a Deus com Santificação 
37 
Não devemos lhe dar nem ainda as migalhas que caem 
da mesa. 
Revesti-vos do Senhor Jesus e já não haverá lugar para 
as concupiscências da carne. 
O pecado está onde Cristo não está. 
Qual é o vestido de casamento que nos fará dignos de ir 
ao encontro de Cristo e participar do Seu triunfo? É o 
próprio Cristo. 
Se aqui neste mundo Ele é meu adorno, e minha 
formosura, posso estar seguro de que Ele será minha 
glória durante a eternidade. 
A carne é tão ardilosa que os próprios mandamentos de 
Deus, que nos são dados para vida (Rom 7.10), ela os 
utiliza para reviver o pecado (a carne gosta do que é 
proibido – Rom 7.9), e assim, o pecado, se prevalecendo 
do mandamento, pelo próprio mandamento nos engana 
e mata (Rom 7.11). 
Só se vê a Deus com Santificação 
38 
Diante de um inimigo tão ardiloso, que ainda opera na 
natureza terrena do cristão, toda vigilância e cuidado 
são poucos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Só se vê a Deus com Santificação 
39 
7 – A Medida da Santificação 
 
Nunca podemos dizer que a santificação chega ao 
amadurecimento e perfeição total, ou que todas as 
virtudes citadas até aqui, especialmente as de Col 3.12-
14, sejam achadas em total florescimento e força, para 
que possamos dizer que a pessoa é santa. 
Não, longe disto. 
A santificação é sempre um trabalho progressivo, e 
consoante a concessão da graça do evangelho, que 
trabalha muito mais com a nossa consagração a Deus e 
à Sua Palavra, do que com a nossa perfeição presente, 
quanto aos nossos pensamentos, motivações, 
sentimentos e ações. 
As virtudes ou graças de algumas pessoas são como 
plantas em germinação, em outras, como plantas 
crescidas, e ainda em outras como plantas maduras com 
frutos. 
Mas todas elas tiveram um começo. 
Só se vê a Deus com Santificação 
40 
Nós nunca devemos desprezar “o dia dos humildes 
começos” (Zac 4.10). E a santificação neste mundo, no 
melhor dos snaos, é um trabalho imperfeito. 
Spurgeon disse: 
A história dos maiores santos que já viveram contém 
muitos “poréns”, “todavias” e “emboras”. 
O ouro nunca será sem algumas escórias e nós nunca 
brilharemos sem algumas nuvens, até que alcancemos a 
Jerusalém celestial. 
Os homens e mulheres mais santificados têm tido 
muitas manchas e defeitos, quando comparados com o 
padrão elevado e santo da Palavra de Deus. 
Suas vidas estão continuamente em guerra com o 
pecado, e o diabo; e algumas vezes vocês os verão não 
submetendo o Inimigo e a carne, mas sendo 
submetidos. 
Assim, não é pelo tanto que ainda haja de imperfeições 
e fraquezas em nós, que estaremos impedindo ou 
desacelerando o processo de santificação, mas o quanto 
Só se vê a Deus com Santificação 
41 
não nos arrependemos do nosso procedimento 
contrário à vontade de Deus. 
Enquanto tivermos o temor do Senhor e da Sua Palavra, 
enquanto confessarmos os nossos pecados, e nos 
arrependermos de nossas más obras, buscando andar 
do modo que Deus aprova, sempre haverá esperança 
para o nosso caso, quanto a fazermos progresso em 
santificação. 
Afinal, a carne está sempre lutando contra o Espírito, e 
o Espírito contra a carne, e “todos nós tropeçamos em 
muitas coisas” (Tg 3.2; Gál 5.17). 
Mas todo verdadeiro cristão, renascido do Espírito, 
perseguirá o alvo da santificação. 
E corajosa e confiantemente eu digo, que a verdadeira 
santificação é uma grande realidade. 
Ela é algo que pode ser visto nos homens e mulheres, e 
mesmo em crianças, e que pode ser sentido por todos 
ao seu redor. 
Só se vê a Deus com Santificação 
42 
Eu sei que o caminho pode ir de um ponto a outro, e ter 
muitas curvas e deformações, e a pessoa pode ser 
verdadeiramente santa, e ainda ser rodeada por muitas 
fraquezas. 
O ouro não é menos ouro porque está misturado com 
algum liga metálica; nem a luz é menos luz porque é 
fraca e turva; nem a graça é menos graça porque é jovem 
e fraca. 
Mas depois de todas estas considerações eu não posso 
dizer que uma pessoa mereça ser chamada 
“santificada”, que deliberadamente se permite 
continuar habitualmente nos seus pecados, e que não se 
sente envergonhada por causa deles. Eu não ousaria 
chamar de “santo” quem faz um hábito deliberado 
negligenciaros deveres conhecidos, e que pratica aquilo 
que sabe que Deus tem claramente proibido em Sua 
Palavra. 
John Owen se expressou muito bem quanto a isto: “Eu 
não entendo como um homem pode ser um cristão 
Só se vê a Deus com Santificação 
43 
verdadeiro sem que o seu pecado não lhe seja a maior 
aflição, tristeza e problema.”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Só se vê a Deus com Santificação 
44 
 
8 - Estamos Santificados? 
 
J. C. Riley nos faz esta pergunta em um de seus 
memoráveis sermões. 
Esta é a pergunta de maior importância para as nossas 
almas. 
Se a Bíblia é a verdade, e é certo que é, a menos que nós 
sejamos santificados, nós não seremos salvos. 
Há três coisas que de acordo com a Bíblia, são 
absolutamente necessárias à salvação de cada homem e 
mulher cristão. 
Estas três coisas são a justificação, a regeneração e a 
santificação. Aquele em quem falte alguma destas três 
coisas, não poderá ir para o céu quando morrer. 
Onde, então está o dano em perguntar, “estamos 
santificados?”. 
Estranhas doutrinas têm se levantado ultimamente 
sobre todo o assunto da santificação. 
Só se vê a Deus com Santificação 
45 
Alguns parecem confundi-la com a justificação. Outros a 
fragmentam em nada, sob o pretenso zelo pela livre 
graça. 
Outros levantam um erro de uma santificação padrão 
diante dos seus olhos, e falham ao tentar alcançá-la em 
suas vidas através de repetidas mudanças de igreja a 
igreja, na vã esperança que eles acharão o que eles 
desejam. 
Num dia como este, o calmo exame da pergunta em 
título, pode ser de grande utilidade para nossas almas. 
Quanto maior a santificação, maior a consciência 
espiritual de que se estava morto, separado da vida de 
Deus, e da comunhão com Ele, porque o oposto disto, 
ou seja, vida e comunhão, crescem à medida que a 
santificação aumenta em graus. 
Muitos se iludem por sentimentos, dizendo que sentem 
algo lhes dizendo no seu interior que são salvos. 
Apesar de o Espírito Santo testificar com o nosso espírito 
que fomos salvos, não se pode ter por seguro que toda 
Só se vê a Deus com Santificação 
46 
voz ouvida no coração seja do Espírito, porque a carne 
ou o Inimigo poderão nos enganar. 
Então essa testificação do Espírito Santo, aumenta em 
graus, naqueles que se santificam. 
E é especialmente pela constatação pessoal do aumento 
das suas graças transformadoras em nós, que podemos 
ter a plena certeza que somos de fato de Cristo (pelo 
aumento da longanimidade, do amor aos irmãos e a 
Deus, da benignidade, paciência etc). 
O Espírito nunca permanece adormecido e ocioso na 
alma: Ele sempre faz Sua presença conhecida pelo fruto 
que Ele produz no coração, no caráter e na vida. 
“O fruto do Espírito”, diz Paulo, “é amor, alegria, paz, 
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, 
mansidão, domínio próprio,” (Gál 5.22,23). 
Quando estas coisas são encontradas, há o Espírito: 
quando estas coisas não existem, os homens estão 
mortos diante de Deus. 
Só se vê a Deus com Santificação 
47 
O Espírito é comparado ao vento, e, como o vento, Ele 
não pode ser visto pelos nossos olhos de carne. 
Mas assim como nós conhecemos o efeito que o vento 
produz nas ondas, nas árvores, na fumaça, assim nós 
podemos saber que o Espírito está no homem pelos 
efeitos que Ele produz na conduta dos homens. 
É possível supor que nós temos o Espírito, se nós 
também “andarmos no Espírito” (Gál 5.25), produzindo 
o fruto que é consequente dessa santa 
Assim, os que são realmente “guiados pelo Espírito de 
Deus, são filhos de Deus.” (Rom 8.14). 
A santificação, ainda, é uma coisa que sempre será vista, 
assim como a Grande Cabeça da Igreja, de quem isto 
procede, não pode ser escondida. 
Cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto (Lc 6.44). 
Uma pessoa verdadeiramente santificada pode ser tão 
vestida de humildade, que ela pode ver em si mesma, 
nada além de fraquezas e defeitos. 
Só se vê a Deus com Santificação 
48 
Como Moisés, quando ele veio ao monte, ele pode não 
ter tido consciência que sua face brilhava. 
Como os justos na importante parábola das ovelhas e 
dos bodes, que não podiam ver que eles tinham feito 
algo para o seu Mestre quando o fizeram a outros (Mt 
25.37). 
Mas ainda que não vejam isto em si mesmos ou não, 
outros sempre verão neles, um tom, um caráter e uma 
forma de vida não vista em outros homens. 
A luz pode ser muito turva, mas se houver somente uma 
centelha num quarto escuro, ela será vista. 
A vida pode estar muito débil, mas se houver pulsação, 
ainda que fraca, isto será percebido. É exatamente o 
mesmo que ocorre com o homem santificado: sua 
santificação será algo sentido e visto, embora ele 
mesmo não possa compreender isto. Um santo em 
quem nada pode ser visto mas mundanismo ou pecado, 
é um tipo de monstro não reconhecido pela Bíblia. 
Só se vê a Deus com Santificação 
49 
A santificação, ainda, é uma coisa pela qual cada cristão 
é responsável. 
Cada homem na terra é responsável diante de Deus, e 
todos os perdidos estarão mudos e sem desculpas no 
último dia. 
Cada homem tem poder para “perder sua própria alma” 
(Mt 16.26). 
Deus tem dado aos cristãos graça e um novo coração, e 
uma nova natureza, de modo que tem negado a eles 
toda a desculpa, caso não vivam para o Seu louvor. 
Este é um ponto que é muito esquecido. 
Um homem que professa ser um verdadeiro cristão, 
enquanto se assenta ainda, contente com um muito 
baixo grau de santificação (se de fato ele tem alguma), e 
friamente diz que ele “nada pode fazer quanto a isto”, é 
de fato uma muito lamentável visão, de um homem 
muito ignorante. 
Contra esta ilusão deixem-nos vigiar e estar em guarda. 
Só se vê a Deus com Santificação 
50 
Se o Salvador de pecadores nos der uma graça 
renovadora, e nos chamar, pelo Seu Espírito, nós 
podemos estar certos que Ele espera que usemos a 
nossa graça, e que não venhamos a dormir como os 
demais. 
É o esquecimento disto a causa de muitos cristãos 
entristecerem o Espírito Santo, e se tornarem inúteis. 
A santificação, ainda, é uma coisa que permite o 
crescimento e o progresso. 
Um homem pode escalar um degrau após outro em 
santidade, e ser mais santificado num período de sua 
vida do que em outro. 
Mais perdoado e mais justificado do que era quando 
creu no princípio ele não pode ser, embora ele possa 
sentir isto com mais intensidade. 
Mais santificado ele certamente pode ser, porque cada 
graça em seu novo caráter pode ser fortalecida, 
ampliada e aprofundada. 
Só se vê a Deus com Santificação 
51 
Este é o evidente significado da última oração de nosso 
Senhor por seus discípulos, quando ele usou as palavras, 
“santifica-os” (Jo 17.17), e Paulo orou pelos 
tessalonicenses “o mesmo Deus da paz vos santifique 
em tudo” (I Tes 5.23). 
Em ambos os casos a expressão claramente implica a 
possibilidade de aumento da santificação; enquanto que 
uma expressão paralela como “justifica-os” nunca é 
encontrada uma só vez nas Escrituras, aplicada aos 
cristãos, porque eles não podem ser mais justificados do 
que eles já estão. 
A justificação é recebida de uma vez para sempre na 
conversão e não é portanto um processo. 
Já a santificação é um processo que dura toda a vida. 
A ideia de uma “santificação imputada” numa 
experiência de poder em avivamento do Espírito não 
tem respaldo bíblico e contraria a verdade da Palavra e 
da própria experiência prática, porque não existe uma 
santificação completa que se receba de uma vez para 
sempre em determinado momento da vida. 
Só se vê a Deus com Santificação 
52 
O que pode ocorrer é um renovo espiritual que desperte 
a santidade que estava adormecida, mas esta 
necessitará ser sempre mantida e renovada e 
aumentada. 
A ordem de Cristo em Apocalipse é que o que é santo, 
santifique-se mais ainda. 
Isto denota a necessidade de exercício espiritual, de 
disciplina, de esforço, de vigilânciaconstante, 
perseverança e diligência. 
Há necessidade de formação progressiva de um hábito 
de santidade na vida, em todas as suas áreas. 
Se há um ponto em que os santos mais consagrados a 
Deus concordam, é este que eles veem mais, e 
conhecem mais, e sentem mais, e fazem mais, e se 
arrependem mais, e creem mais, à medida que avançam 
na vida espiritual, e em proporção à intimidade da sua 
caminhada com Deus. 
Só se vê a Deus com Santificação 
53 
Em resumo, eles crescem na graça, como Pedro exorta 
os cristãos a fazerem (II Pe 3.18), e progridem cada vez 
mais, conforme as palavras de Paulo em I Tes 4.1. 
A santificação, ainda, é uma coisa que depende 
grandemente do diligente uso dos meios das Escrituras. 
Quando eu falo “meios” eu me refiro à leitura da Bíblia, 
à sua prática na vida, à presença regular à adoração 
pública, a regular escuta da Palavra de Deus, a 
constância na oração, e a regular recepção da Ceia do 
Senhor. 
Eu não posso achar qualquer exemplo de algum santo 
eminente que sempre tenha negligenciado tais coisas. 
Elas são apontadas como canais através dos quais o 
Espírito Santo conduz novos suprimentos da graça à 
alma, e fortalece a obra que ele tem começado no 
homem interior (nova criatura, nova natureza). 
Deixem os homens chamarem isto de deveres legalistas. 
Que o façam se lhes agrada, mas eu nunca recuarei em 
declarar minha crença de que não há ganhos espirituais 
Só se vê a Deus com Santificação 
54 
sem esforço ou sofrimento. Eu seria como um agricultor 
que espera prosperar em seu negócio, se contentando 
em semear seu campo e nunca cuidar dele até a 
colheita. 
Assim é o cristão que espera alcançar muita santidade 
mas que nunca foi diligente na leitura da sua Bíblia, em 
suas orações, e no uso do dia do Senhor, para a adoração 
e serviço. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Só se vê a Deus com Santificação 
55 
9 – O Motivo 
 
Apesar de tudo que já foi dito anteriormente ainda 
há espaço para refletirmos sobre o motivo pelo qual não 
se pode ver a Deus sem santificação. 
Creio que o principal motivo decorre do fato de ser Deus 
santo, decorre da Sua própria santidade que demanda 
de todo ser moral e espiritual que seja também santo 
para que possa participar da Sua natureza divina. 
Por isso Jesus, sendo Deus se fez homem, para que nós 
também pudéssemos participar da Sua natureza 
essencial. 
Há um dito que afirma que arara voa no bando de araras 
e não no de urubus. 
É a indicação da natureza que temos que nos torna 
participantes da unidade com nossos semelhantes. 
E então é somente pela santidade que podemos ser 
tornados semelhantes a Deus. 
Não se exige de nós a Sua Onipotência, a Sua 
Onipresença, a Sua Onisciência divina, mas com certeza, 
é exigido de nós que sejamos santos assim como ele é 
santo. É nisto que consiste a nossa semelhança com 
Deus, a propósito, para a qual fomos projetados desde 
o princípio da criação.

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