Logo Passei Direto

A maior rede de estudos do Brasil

Grátis
13 pág.
Material de Apoio- Análise Textual - Aula 1 -  A LINGUAGEM

Pré-visualização | Página 4 de 7

dissertativo, instrucional, informativo; a correspondência pessoal ou comercial; a poesia; etc.)
Os gêneros se constituem a partir do uso prático da língua em situação comunicativa. Eles se diferenciam pelos conteúdos específicos que veiculam, pelas características particulares dos textos produzidos nas diferentes situações e pelas configurações específicas utilizadas neste ou naquele texto.
O TEXTO NARRATIVO
A narração é um tipo de texto marcado pela temporalidade. Ou seja, como seu material é o fato e a ação que envolve personagens, a progressão temporal é essencial para o seu desenrolar: essas ações direcionam-se para um conflito que requer uma solução. A trama que se constrói com os elementos do conflito desenvolve-se necessariamente numa linha de tempo e num determinado espaço.
O fio da narrativa – a organização dos fatos no tempo e o ponto de vista pelo qual são relatados – é conduzido por um narrador que pode participar ou não dos acontecimentos, que pode ou não estar envolvido neles. Esse aspecto é fundamental para o resultado final do texto.
O TEXTO DESCRITIVO
A descrição normalmente vem associada ao gênero narrativo. Um texto narrativo-descritivo é aquele predominantemente narrativo, com passagens descritivas. O texto a seguir foi retirado do conto “A causa secreta”, de Machado de Assis. Observe como entremeiam-se ações e caracterísiticas dos personagens, num trabalho de verdadeira sondagem do narrador para desvendar os mistérios que cercam as atitudes do personagem focalizado.
Garcia estava atônito. Olhou para ele, viu-o sentar-se tranquilamente, estirar as pernas, meter as mãos nas algibeiras e fitar os olhos no ferido. Os olhos eram claros, cor de chumbo, moviam-se devagar, e tinham a expressão dura, seca e fria. Cara magra e pálida; uma tira estreita de barba, por baixo do queixo, e de uma têmpora a outra, curta, ruiva e rara. Teria quarenta anos. De quando em quando, voltava-se para o estudante e perguntava alguma coisa acerca do ferido; (...)
O TEXTO DISSERTATIVO E ARGUMENTATIVO
Sempre que desejamos expor opiniões ou persuadir alguém de alguma coisa, recorremos a um tipo de texto que se diferencia dos demais em vários aspectos, um deles fundamental: enquanto na narração e na descrição utilizamos o concreto (personagens, ambiente, espaço e tempo determinados) e com ele construímos figuras, na dissertação e na argumentação empregamos o abstrato (conceito, ideias, concepções).
Na dissertação, expomos ideias ou opiniões fundamentadas na observação, no conhecimento de mundo ou no conhecimento específico que acumulamos e desenvolvemos. Na argumentação, nós nos propomos a influernciar o interlocutor; portanto, selecionamos argumentos (razões, exemplos, raciocínios) com esse objetivo muito claro.
O tipo de texto que decorre desses posicionamentos deve caracterizar-se pela cuidadosa ordenação lógica. O encadeamento do raciocínio deve organizar-se de tal forma que leve o ouvinte ou leitor, no caso da dissertação, a compreender a ideia defendida e, na argumentação, a convencer-se da veracidade de uma determinada posição tomada.
Aula 6 – Material de Apoio – Profª Rossana – Análise Textual
CONTO
Das narrativas orais à atualidade, o conto vestiu-se de inúmeras roupagens, inclusive assimilando recursos de outros gêneros textuais, resultando numa riqueza de tipos de difícil classificação. É comum encontrarmos antologias que reúnem contos por nacionalidade: o conto brasileiro, o conto russo, o conto francês, etc.; ou antologias que os reúnem por regiões: o conto brasileiro do Norte, do Sul, etc.; ou por subgêneros: contos maravilhosos, fantásticos, de terror, de mistério, policiais, de amor, de ficção científica; e por outras classificações: o conto tradicional, o conto moderno, o conto contemporâneo, etc.
Características de conto:
narrativa concentrada e limitada ao essencial;
apresenta os elementos básicos da narrativa: fatos, personagens, tempo e lugar;
o enredo apresenta normalmente a seguinte estrutura: apresentação, complicação, clímax e desfecho;
número reduzido de personagens;
tempo e espaço bastante delimitados;
pode apresentar narrador-observador ou narrador-personagem;
linguagem predominatemente de acordo com o padrão culto, formal ou informal, da língua.
EXEMPLOS
No fim de um ano de trabalho, João obteve uma redução de quinze por cento em seus vencimentos.
João era moço. Aquele era seu primeiro emprego. Não se mostrou orgulhoso, embora tenha sido um dos poucos contemplados. Afinal, esforçara-se. Não tivera uma só falta ou atraso. Limitou-se a sorrir, e agradecer ao chefe.
No dia seguinte, mudou-se para um quarto mais distante do centro da cidade. Com o salário reduzido, podia pagar um aluguel menor. (...)
CRÔNICA
A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a crônica é um gênero menor.
“Graça a Deus” ― seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica perto de nós.
Características da crônica:
geralmente é publicada em jornais e revistas;
relata de forma artística e pessoal fatos colhidos no noticiário jornalístico e no cotidiano;
consiste em um texto curto e leve;
tem por objetivo divertir e/ou refletir criticamente sobre a vida e os comportamentos humanos;
pode apresentar os elementos básicos da narrativa: fatos, personagens, tempo e lugar;
o tempo e o espaço são normalmente limitados;
pode apresentar narrador-observador ou narrador-personagem;
linguagem geralmente de acordo com o padrão culto formal ou culto informal da língua.
EXPLORANDO O GÊNERO
Leia esta crônica, de Ignácio de Loyola Brandão:
Adolescentes do ano 2000
Elas se telefonam, se beijam, marcam encontros e se reúnem nervosas diante da escrivaninha, cadernos e livros abertos e espalhados. Não devo dizer escrivaninha, é termo da minha adolescência, e entre a minha e a de minha filha se passaram 47 anos, o Brasil mudou, as palavras mudaram. No entanto, alguma coisa permanece imutável. Percebo ao passar pelo corredor, vendo-as no quarto, deitadas no chão, sentadas à escrivaninha, livros e cadernos compulsados sofregamente. Não, não se diz caderno, e sim fichário. Elas estão ansiosas, inquietas. São dias de prova. O clima é o mesmo da minha adolescência. Na aula a atenção se dirigia pouco ao professor. A menos que fosse criativo e soubesse segurar a classe. Se houvesse, como hoje, jovens professores, as meninas gostariam mais. Por que professores pareciam velhos e sisudos? (...)
TEXTO ARGUMENTATIVO
Não há uma regra ou um modelo único para a construção de um texto dissertativo-argumentativo. As possibilidades para se iniciar, desenvolver ou concluir um texto desse tipo são muitas e depedem do tema, das idéias que o autor pretende desenvolver, do enfoque que deseja dar a elas e de sua própria criatividade.
Apesar disso, é conveniente conhecer essa variedade de possibilidades, a fim de ampliar seus recursos de expressão nessa modalidade de texto.
Como você sabe, a estrutura convencional do texto dissertativo-argumentativo é constituída de três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. Vejamos as possibilidades existentes na construção de cada uma dessas partes.
INTRODUÇÃO
A introdução pode ser constituída por um ou mais parágrafos. Quando o texto é construído pelo método dedutivo (do geral para o particular), é nela que se lança a tese, isto é, a idéia principal do texto a ser desenvolvida.
DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento é constituído por parágrafos que fundamentam a idéia principal do texto. Geralmente, cada parágrafo correspondente a um dos argumentos que sustentam a idéia principal, embora possa haver desdobramento e, no caso, ser necessário mais de um parágrafo para um único argumento.
A força desses argumentos depende muito da consistência do raciocínio e das “evidências” ou “provas” que contêm, capazes de fundamentar o ponto de vista
Página1234567