Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Motivos e Meios para quem Pensa Estar em Pé Veja que Não Caia Por Silvio Dutra Ago/2018 2 A474 Alves, Silvio Dutra Motivos e Meios para quem Pensa Estar em Pé Veja que Não Caia / Silvio Dutra Alves Rio de Janeiro, 2018. 67p.; 14,8 x21cm 1. Teologia. 2. Vida Cristã. 3. Alves, Silvio Dutra. I. Título. CDD 252 3 Trato civilizado e educado pode existir, sem a santidade. A santificação não consiste em se educar o velho homem, mas em crucificá-lo e se despojar dele, de maneira que toda a santidade habita somente na nova criatura gerada pelo Espírito Santo. Tampouco vida sem dor e sofrimento neste mundo, não é o alvo da santidade; muito ao contrário, por causa de um viver santificado as tribulações e perseguições aumentam. A santidade não nos garante o recebimento de uma reserva em depósito da graça, de tal forma que poderemos estar prontos para enfrentar e vencer todas as provações, sentindo-nos sempre fortes e capacitados para o confronto com elas. Na verdade, a promessa divina é que a nossa força será concedida conforme a necessidade do dia, e exatamente proporcional a ela devendo, portanto ser buscada a graça, conforme somos ensinados na oração do Pai nosso: “o pão nosso de cada dia dai-nos hoje”, e também nos ensina o Senhor Jesus que basta a cada dia o seu próprio mal. 4 Daí ser afirmado na Escritura: “Conforme os teus dias, será a tua força”. Como caem por terra diante desta verdade bíblica, as expressões que são muito comumente ouvidas, como estas: “Venha para Jesus para parar de sofrer.” “Os santos no céu acumularam méritos suficientes para interceder por nós.” (pensamento católico romano). “Desde que me converti recebi força e graça suficiente para ficar sempre de pé.” “Já tenho Jesus e não preciso ficar orando e vigiando em todo o tempo, porque a vitória já está garantida.” Há um pensamento errado em razão disso, de quem é crente, por pertencer a Jesus, é sempre calmo, educado, cortês, cheio de fé, etc. Ainda que isto seja um dos alvos a ser buscado, não é uma realidade em perfeição na vida de qualquer crente, enquanto estiver neste mundo, porque estamos rodeados de fraquezas, e nosso suprimento de graça vem do Senhor, quando o buscamos, e temos por alvo a perfeição em santificação. 5 Toda a plenitude, toda a graça está depositada em Jesus, e não em nós, nem sequer na totalidade dos crentes. É então, somente nEle que devemos buscar a graça que necessitarmos. A Palavra de Deus nos ordena a cuidarmos para permanecermos de pé e firmes na fé, para que não caiamos; que guardemos a nossa coroa para que ninguém a furte; a orarmos e vigiarmos em todo o tempo, porque a nossa permanência em santificação depende disto, porque temos uma carne para ser mortificada, e um velho homem para nos despojarmos dele, para que sejamos revestidos do novo homem. Estando assim ordenados por Deus para um conflito com as forças do mal, há uma guerra a ser travada de muitas batalhas, que somente cessarão no final desta vida. É o chamado bom combate da fé, no qual devemos vestir toda a armadura de Deus, para que sejamos bem-sucedidos nas batalhas que empreendermos contra os poderes das trevas e o mal que habita no nosso próprio coração, para que dali o expulsemos. “10 Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. 6 11 Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; 12 porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. 13 Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. 14 Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. 15 Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; 16 embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. 17 Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; 18 com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos 7 19 e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho, 20 pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo.” (Efésios 6.10-20). Esta guerra possui várias frentes de batalha, porque são muitas as áreas em que somos chamados a atuar: - Na familiar, no relacionamento entre os cônjuges, dos pais em relação aos filhos, e estes em relação aos pais. - No trabalho, entre empregados e patrões. - Na sociedade em geral, pela submissão às autoridades constituídas, no trato com o próximo, etc. Deus tem regras para o comportamento do Seu povo em todas as circunstâncias que for chamado a viver. É nisto principalmente, que a fé é provada, no sentido de ser visto se será obediente aos mandamentos do Senhor ou não. Além disso, há o combate direto com os espíritos das trevas, que procuram afastar o 8 crente da comunhão com Deus, insuflando-lhe dúvidas, desconfiança, e incredulidade nas promessas divinas, e com isto levá-lo a ficar deprimido, intimidado, e enfim detido em sua caminhada feliz com o Senhor. Tão grandes e sutis são as artimanhas dos demônios, que para confundir o homem fazem com que deposite a sua confiança numa fonte maligna, pela concessão de bens temporários pelo poder que têm, até mesmo para curar enfermidades, abrir portas de trabalho, gerar influências de encantamento apaixonado entre pessoas, e tudo com vistas a afastá-las de Deus, pelo compromisso que assumem com estas “fontes geradoras de bondade e benefícios” espúrios. Aqui reside um grande perigo a que ficamos expostos, quando buscamos apenas a concessão de coisas sem levar em conta qual é a fonte da qual elas procedem: se de Deus ou do diabo. Jesus nos alertou, que especialmente nos últimos dias, falsos pastores e mestres se levantariam na terra operando sinais e maravilhas; que se fosse possível, até mesmo os eleitos seriam enganados. 9 Eles não estão a serviço de Deus, senão do diabo, para conduzir pessoas ao erro e afastá-las assim, da verdade - mesmo nas situações em que estes espíritos do erro atuarem sob o comando de Deus, que lhes restringe as ações, como foi no caso citado em I Reis 22.20-23: “20 Perguntou o SENHOR: Quem enganará a Acabe, para que suba e caia em Ramote- Gileade? Um dizia desta maneira, e outro, de outra. 21 Então, saiu um espírito, e se apresentou diante do SENHOR, e disse: Eu o enganarei. Perguntou-lhe o SENHOR: Com quê? 22 Respondeu ele: Sairei e serei espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas. Disse o SENHOR: Tu o enganarás e ainda prevalecerás; sai e faze-o assim. 23 Eis que o SENHOR pôs o espírito mentiroso na boca de todos estes teus profetas e o SENHOR falou o que é mau contra ti.” A obstinação de Acabe contra o Senhor foi usada por Deus contra ele mesmo, por aprofundar-lhe a convicção do erro em que insistia, através do engano citado anteriormente. 10 Como o trabalho de enganar e mentir, não poderia ser feito por um anjo eleito de Deus, ele foi feito por um demônio que se apresentou para tal, porque a vocação e o prazer deles é o de enganar. O mesmo podeser dito de Balaão, que foi destruído em sua obstinação, e morreu lutando contra Deus, apesar de ter tido a Sua Palavra em sua própria boca, para profetizar em determinadas ocasiões. Judas seguiu pelo mesmo caminho, e em nossos dias, os exemplos se multiplicam nas vidas daqueles que se apresentam como servos de Deus, que falam em nome dEle, mas cujo propósito é sempre o de enganar o coração dos incautos. Quão complexo é o mundo espiritual! Quanto cuidado e discernimento devemos ter para não sermos enganados! Em outra consideração que nos cabe fazer, é que Deus jamais nos levará a ficar devendo alguma coisa a alguém, seja por empréstimo não devolvido, ou dívida contraída não saldada, pois Seu mandamento é que sejamos honestos e confiáveis em todas as coisas. 11 “Balanças justas e medidas justas”, é o mandamento. “A ninguém nada dever, senão somente o amor”. Então, não pode ser considerado uma bênção, acumular bens mal adquiridos, mediante o prejuízo de terceiros. Se demônios se levantam contra nós e nos oprimem, será de pouco ou nenhum efeito repreendê-los em nome de Jesus, em um suposto exercício da fé, quando nos encontramos na condição citada anteriormente, com nossa vida pessoal comprometida com coisas em que deveríamos fazer primeiro a devida reparação, ou restituição do mal que praticamos. Isto se aplica, sobretudo na área de não concessão de perdão, e somos alertados diretamente pelo próprio Senhor Jesus, a perdoarmos os nossos ofensores, para que não sejamos lançados em uma prisão espiritual sob a opressão de verdugos (demônios), da qual somente poderemos sair depois de pagarmos o último centavo do perdão que devemos conceder ao ofensor. 12 Há casos em que a obstinação pela permanência em uma deliberada posição, contrária a um possível e necessário arrependimento é punida por Deus, a ponto de sermos considerados estranhos para Ele, e sujeitados a Satanás para a destruição da carne, de modo que nosso espírito possa ser salvo no dia do Senhor. Não é sem razão que somos ordenados veementemente, a ter a devida reverência e temor a Deus - na verdade, temor e tremor diante dEle, porque as consequências de um viver desordenado, contrário à Sua vontade são terríveis, ainda que não venhamos a perder a salvação eterna que obtivemos pela fé em Jesus. “12 Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; 13 porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. 14 Fazei tudo sem murmurações nem contendas, 13 15 para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo,” (Filipenses 2.12-15). “Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação,” (I Pedro 1.17). Ainda que não alcançássemos o tipo de temor filial, que é o ideal que Deus espera de nós, é melhor ter o temor servil do tipo de um escravo relativo ao seu senhor, do que não possuir nenhum tipo de temor dos juízos de Deus que não nos leve a nos afastar do pecado, e buscar removê-lo de nossas vidas. O temor filial - de um filho por um Pai amoroso, é baseado no respeito, na reverência, no amor, e não no medo, como é o caso do temor servil. É este tipo de temor filial que devemos aprender a cultivar e nunca nos descuidarmos dele, porque quando o fazemos já não andamos conforme nos convém diante do Senhor, no cumprimento dos Seus mandamentos. Este temor filial não é, no entanto entre seres separados entre si por um abismo, por um 14 afastamento entre o que é grande e o que é pequeno, pois há uma união vital do crente com Cristo, assim como há entre os ramos da videira e seu caule, e da cabeça com os membros do corpo. É nesta união que consiste toda a nossa santificação. É nEle que somos aperfeiçoados. É nEle que vivemos e somos transformados. Essa é a essência mesma da santificação, que nos revela claramente, que não está fundada em nossas boas obras isoladas, mas em quanto temos da própria vida de Jesus se manifestando em nós. Onde isto faltar, por melhores que sejam as obras, não haverá nenhuma santificação aprovada por Deus. A consequência dessa nossa união com nosso Senhor Jesus Cristo, é que se vivêssemos em pecado negaríamos esta verdade, porque se somos um com Ele, então devemos estar no mundo como Ele estava; e cheios do Seu Espírito procurar reproduzir Sua vida perante o mundo. Daí o apóstolo comparar a nossa união com Cristo, com a que deve existir entre os cônjuges, pois além da união vital que há entre a videira e os ramos, há no presente caso do casamento, a união em amor: 15 “29 Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; 30 porque somos membros do seu corpo.” (Efésios 5.29,30). Esta unidade do crente com Cristo é unidade espiritual de fé e amor, fundada na verdade da Palavra, na doutrina verdadeira, a saber, a do Senhor e Seus apóstolos. Esta unidade é promovida pelo Espírito Santo e é vista principalmente, quando os crentes se reúnem para adorar o Senhor em Espírito e em verdade. Seus corações são unidos num mesmo querer e sentir, e o poder e amor de Deus se faz sentir entre eles, fazendo-os se sentir um só corpo com o Senhor e entre eles mesmos. Outros tipos de unidade são promovidas pela carne e não pelo Espírito, e assim, não podem contar com o reconhecimento de Deus para que manifeste a Sua presença entre eles. É somente quando se reúnem em nome do Senhor para adorá-Lo, segundo as condições que Ele estabeleceu em Sua Palavra para ser cultuado, que se pode contar com Sua bênção. 16 Tudo o que passa, ou fica aquém disso terá nascido na carne e na carne morrerá, porque tudo o que a carne pode gerar é carnal, e jamais, verdadeiramente espiritual. Toda a unidade verdadeira com Jesus requer que haja previamente santificação; por isso somos ordenados na Palavra, a purificar o coração para nos aproximarmos de Deus. “19 Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, 20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, 21 e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, 22 aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. 23 Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. 24 Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. 17 25 Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.” (Hebreus 10.19-25). “5 Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. 6 Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. 7 Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. 8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. 9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (I João 1.5-9). Nossas orações devem ser segundo a vontade de Deus, em razão de que a nossa união com Cristo não é apenas de vida e amor, mas também de identidade, pois somos partedo Seu corpo, do qual Ele é a cabeça. 18 Spurgeon se referiu a isto belamente, quando disse: “Cristo é a Cabeça e nós somos membros do Seu corpo. Quão maravilhosa é essa união! Na primeira metáfora, a da fundação e a da pedra, tivemos a ideia de apoio; na segunda, a da videira e dos ramos, a ideia de vida; a união de marido e mulher nos deu o pensamento de amor; agora, aqui temos a sugestão de identidade. Há duas vidas no marido e na esposa, mas há apenas uma vida na cabeça e no corpo; e, nesse sentido, essa metáfora revela a verdadeira relação de Cristo com Seu povo, mais claramente do que qualquer outra. Existe uma maravilhosa união entre a cabeça e os membros do corpo. É uma união da vida e uma união do corpo que sempre continua. O marido pode ter que viajar para longe de sua esposa, mas nunca pode acontecer que a cabeça se afaste do corpo. Se eu soubesse de um homem cuja cabeça foi separada do corpo por trezentos milímetros, ou pelo menos meia polegada, eu diria que este homem era um homem morto. Deve haver uma união perpétua entre a cabeça e os membros, caso contrário a morte ocorre; e lembre-se, morte não só do corpo, mas também da cabeça. Quando eles estão divididos, eles morrem. Quão glorioso é 19 este pensamento, quando o aplicamos ao Senhor e ao Seu povo redimido! Sua união é para sempre. Eles morreriam se fossem separados dEle, e até Ele deixaria de existir se perdesse os membros; bem, de um jeito ou de outro, eles são tão unidos, que Ele não ficará sem eles - e não pode ficar sem eles, porque significaria que a Cabeça da igreja estava separada dos membros de Seu corpo místico. Por essa razão, podemos cantar: "E isso eu descobri, nós dois somos tão unidos, que Ele não estaria na glória, deixando-me para trás." Tudo a que temos nos referido deve ser vivido pela fé, e tomado somente pela mão da fé, de maneira que teremos mais da experiência destas realidades, quanto maior for a nossa fé no Senhor e nas Suas promessas. Se ainda não aprendemos a dar total crédito à Palavra de Deus, quando nossa fé for colocada à prova, é bem certo que ela falhará. 20 Aqueles que continuam crendo e agindo de acordo com a Palavra revelada, ou mesmo obedecendo a direções particulares que tenha recebido da parte de Deus pelo Espírito Santo, hão de saber que o Senhor é sempre fiel, e nunca falhará em cumprir tudo o que tem prometido fazer. Ele quer que aprendamos isto, porque é dando- Lhe toda a nossa confiança, que podemos melhor experimentar de forma alegre e sossegada, a comunhão com Ele em todas as circunstâncias, por mais adversas que possam se apresentar a nós. Nisto Deus é glorificado, pois damos-lhe ocasião para revelar em nossas vidas toda a Sua bondade, amor e fidelidade. Nada mais lhe agrada do que manifestar Seu amor, longanimidade, graça e misericórdia. Os juízos e correções dolorosas são a Sua obra estranha, pois recorre aos mesmos por exigência do atributo da Sua justiça, mas não que se agrade na morte de ímpios, ou mesmo em açoitar Seus filhos por conta dos males que praticam, mas para conduzi-los à verdade, para o próprio bem deles. 21 Se somos desobedientes voluntariamente, e nos tornamos endurecidos ao arrependimento, ficamos imediatamente sujeitos à ação do Inimigo de nossas almas. Esta é uma lei espiritual que não pode deixar de ser cumprida, e explica a razão de ser tão deplorável a condição daqueles filhos de Deus, que andam de maneira desordenada, não consentindo abandonarem a posição de desviados em que se encontram. Afinal, a Sua eleição foi feita em amor, antes mesmo da fundação do mundo, para que fossem santos e piedosos no Espírito Santo. Sua conversão não foi uma questão de sorte, que dependeu de terem decidido por si mesmos crerem em Cristo para serem salvos. Se assim fosse, haveria o risco de não crerem, caso cogitassem ser algo não necessário, e por se encontrarem satisfeitos com o que vinham sendo em suas vidas. Mas, como a salvação de nossas almas não é algo que foi deixado por Deus à incerteza e instabilidade de nossas decisões, Ele enviou o Espírito Santo para fazer o trabalho de convencimento, de que somos pecadores necessitados da justiça de Cristo, para sermos aceitos como Seus filhos amados. 22 Não existe, portanto esta hipótese de que alguém venha a ficar fora do céu, por motivo de não ter tido a sorte e a ventura de fazer a escolha certa e necessária. O tempo, a hora da nossa conversão encontram- se no poder e decisão de Deus. Ele conhece o propósito, as circunstâncias, e tudo o que cooperará de modo adequado para que sejamos atraídos por Ele a Cristo, para sermos salvos. Ele conheceu em Sua onisciência todos aqueles que resistiriam à Sua pessoa e vontade, antes mesmo de serem concebidos nos ventres de suas mães, e assim o Senhor os rejeitou antes de ter sido rejeitado por eles, como foi o caso de Esaú, faraó nos dias de Moisés, Judas e tantos outros. Destes que têm sido rejeitados, muitos se aproximam dEle e dos Seus assuntos, mas pelos mais diversos motivos errados e egoístas, como foi o caso de Judas, e assim permanecem rejeitados para a salvação. Crer em Cristo é algo substancial, real e consciente. Ninguém ao chegar no céu suspirará aliviado e surpreso, com o fato de lá estar, e concluir: 23 “Que sorte que eu tive de ter acreditado em Jesus. Imagine se eu não tivesse crido? Eu não estaria aqui agora.” Quando o assunto é assim com alguém, que considera se terá a sorte ou não de estar no céu, é melhor que tal pessoa examine-se à luz da Palavra e diante de Deus, para ver que tipo de conversão foi a sua, pois por esta forma de duvidar, tudo indica que não houve uma experiência real com a fé verdadeira, que é a única que salva. Há evidências indicativas da nossa eleição e conversão. Há uma transformação real de nossa mente e inclinação, que antes de uma conversão real, não era para Deus e Sua Palavra como verdade revelada, e também para o mover do Espírito Santo. Toda conversão real vence o pendor da carne, e estabelece no crente um pendor para o Espírito Santo. O que é puro e santo é o que ele ama agora, e não mais o pecado. A inclinação remanescente na carne é algo que o desagrada, e fica na expectativa de vencer pelo poder da graça de Jesus. 24 Sua sede pela verdade é genuína, e nada além da verdadeira Palavra de Deus, tal como se acha revelada na Bíblia, é o que lhe satisfaz, de modo que preferirá perder amizades, conveniências e tudo o mais que possuía antes, por causa do seu amor a Cristo e à verdade. Todavia, não significa que se sinta livre do pecado e de tentações, pois sua experiência real é a relatada pelo apóstolo Paulo no sétimo capítulo de Romanos. Ele quer sempre o bem, ele ama o Senhor de todo o seu coração, e rejeita o mal, todavia está sujeito a não fazer o bem que prefere, e a fazer o mal que rejeita, pois nele ainda habita o que se chama de pecado residente, ou resquícios do pecado. Isto decorre que, apesar de ser uma nova criatura (nova criação) com uma nova natureza divina, o crente possui enquanto estiver neste mundo, também uma natureza terrena no qual habita o pecado. Esta natureza terrena, que é chamada de velho homem recebeu a sentença de morte na cruz, mas o livramento completo dela somente ocorrerá no dia da nossa morte, quando deixarmos este corpo que possui uma mente corrompida pelo pecado, sujeita a errar e 25 a pecar ao lado de todo o trabalho da nova natureza para contê-la. Quando Jesus disse, que não se coloca vinho novo em odres velhos, significando que é necessário nascer de novo, receber uma nova natureza divina, para que nela seja colocado o vinho novo do Espírito Santo que dá ao crente o pendor que hánele para o que é divino, celestial e espiritual, é comum se pensar, que o crente ficou livre completamente na conversão, da velha natureza, do odre velho, que mantém nela o vinho velho do pecado. Se não houvesse essa realidade dual, não haveria necessidade de se ordenar na Bíblia que mortifiquemos, mesmo como crentes, o pecado - que nos despojemos progressivamente do velho homem. Este é o trabalho da santificação do Espírito Santo, ao qual devemos nos entregar com toda a diligência, para contarmos com o agrado de Deus. Já fomos aceitos por Ele na justificação e santificação, mas para contar com Seu agrado dependemos de andar em santidade de vida, ainda que não signifique que alcançaremos um 26 dia, o estado de total não pecaminosidade neste mundo. Isto está reservado para o porvir, para o dia em que formos para o céu, pois somente então receberemos a perfeição total, todavia ainda sem o corpo ressuscitado glorificado que teremos somente no dia do arrebatamento da igreja. Quando nosso Senhor restaurar todas as coisas ao estado de perfeição absoluta, depois da Sua segunda vinda, então e somente então, estaremos para sempre livres de qualquer ação do pecado, seja em nosso próprio interior, seja por tentação externa. Até lá, devemos andar na fé exercitando-nos na piedade, aprendendo nas provações a nossa inteira dependência de Jesus; tanto que a perfeição total será atingida somente na Sua volta, para que saibamos que toda a nossa santificação depende inteiramente dEle, de modo que toda a glória Lhe pertence, e será muito glorificado na Sua volta, sobretudo por esta vitória completa sobre o pecado. “19 Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, 27 20 a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus, 21 ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade.” (Atos 3.19-21). “18 Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. 19 A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. 20 Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, 21 na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. 22 Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. 23 E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. 28 24 Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? 25 Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.” (Romanos 8.18-25). “49 E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial. 50 Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção. 51 Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, 52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. 53 Porqueé necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. 54 E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a 29 palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. 55 Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? 56 O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. 57 Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.” (I Coríntios 15.49-57) “2 Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. 3 E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele épuro.” (I João 3.2,3). Recomendável a todos é a leitura do livro de John Owen, intitulado “Resquícios de Pecado em Crentes”, que temos publicado na Web, numa tradução pioneira para a língua portuguesa, no qual há argumentos suficientes para comprovar, que de fato, a experiência do apóstolo Paulo em Romanos 7, não é aplicável apenas ao tempo anterior à sua conversão, mas 30 retrata a condição de todo crente enquanto estiver neste mundo, inclusive do próprio apóstolo. Ele clama dizendo ser um homem miserável, que buscava o livramento do corpo de morte que carregava, ou seja, o velho homem, que apesar de morto na cruz, ainda se fazia presente nos resquícios do pecado que permanecem na carne, a par de termos recebido uma nova natureza. Ele dá graças a Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, que pela lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, nos livrou da lei do pecado e da morte. Há uma lei maior operando no crente, que é a lei do Espírito; a graça que agora reina, e é muito maior que o pecado. Esta liberdade já opera na medida em que caminhamos no Espírito, mas vemos aqui e acolá, o pecado ainda operando em nossos membros, num conflito de vida e morte em que todo crente está empenhado. A libertação completa e definitiva já foi conquistada, porque se diz que fomos livrados da lei do pecado e da morte, mas isto será visto de forma completa, somente depois da nossa 31 partida deste mundo, porque Deus determinou que assim fosse, para uma maior glória de Jesus, e para vermos o quanto dependemos dEle para ter vida. Suas palavras, de que Ele é o caminho, a verdade e a vida, que veio para nos dar vida em abundância, que sem Ele estamos mortos em delitos e pecados, não possuem qualquer exagero nelas, pois Ele e somente Ele é a fonte da vida celestial, espiritual e divina; e na verdade, até mesmo de toda vida natural. Tudo foi entregue a Ele pelo Pai. Nele habita toda a plenitude, e sem Ele nada existiria. Um nada absoluto e completo é o que haveria sem Cristo. De modo que Ele é tudo em todos. Felizes aqueles que têm tal reconhecimento e se entregam a Ele para serem justificados do pecado, regenerados e santificados, de modo que possam coparticipar da natureza divina. “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Romanos 11.36) “5 Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos Senhores, 32 6 todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.” (I Coríntios 8.5,6). “27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, exclui aquele que tudo lhe subordinou. 28 Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitaráàquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.” (I Coríntios 15.27,28). “9 desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, 10 de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra; 11 nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade,33 12 a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo;” (Efésios 1.9-12). “13 Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, 14 no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. 15 Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; 16 pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. 17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. 18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, 19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude 20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo 34 mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.” (Colossenses 1.13-20). “1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, 2 nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. 3 Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, 4 tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles.” (Hebreus 1.1-4). “8 Todas as coisas sujeitaste debaixo dos seus pés. Ora, desde que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou fora do seu domínio. Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas; 9 vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem. 35 10 Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles.” (Hebreus 2.8-‘0). “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.” (Apocalipse 4.11). Qual crente, em sã consciência, à luz de toda esta verdade revelada, teria a ousadia de afirmar estar agradando da vontade de Deus, à parte de uma real comunhão com Jesus Cristo? Muita carnalidade e mundanismo terá que amargar todo aquele que pensa de modo diferente. É a própria pessoa de Jesus, a nossa santificação. Nele e somente nEle que podemos estar santificados, pois nos foi dado pelo Pai para que vivêssemos por Ele (I Cor 1.30). Bem-aventurados são aqueles que sabem e reconhecem que têm uma natureza pecaminosa contra a qual lutar, sujeitando-a à graça de Jesus, para que seja mortificada. 36 São de grande benefício para ajudarem a outros, a acharem descanso e paz em Jesus, por removerem o grande fardo de acusação que a carne e o diabo lançam sobre eles, por pensarem, que por terem ainda em si estes resquícios do pecado, não podem de modo algum agradar a Deus. Devem confiar em Cristo, no poder de Seu sangue para purificar, e confessarem seus pecados para serem perdoados e retornarem à comunhão com o Senhor. O que passa ou que fica aquém desta doutrina, não é o genuíno evangelho de Jesus, que veio ao mundo para curar os doentes e injustos. Ele veio para curar pecadores, para recebê-los por meio da fé nEle, e garantir-lhes a herança de uma vida perfeita no céu. Muito desta perfeição será experimentada como primícias, enquanto aqui vivermos, mas a colheita completa da festa de Tabernáculos, ainda aguarda pela vinda do Senhor. Somente então, cumprir-se-á a Palavra de Apocalipse 11.15-18: “15 O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo 37 se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos. 16 E os vinte e quatro anciãos que se encontram sentados no seu trono, diante de Deus, prostraram-se sobre o seu rosto e adoraram a Deus, 17 dizendo: Graças te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar. 18 Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra.” Estamos apresentando a seguir, o décimo quarto capítulo do livro “Resquícios de Pecado em Crentes”, no qual John Owen discorre sobre a realidade do pecado atuando na vida de homens santos, conforme o próprio relato das Escrituras, e o modo pelo qual eles o venceram. 38 CAPÍTULO 14. O poder do pecado mais demonstrado pelos efeitos que teve na vida dos professantes - primeiro, nos pecados reais; em segundo lugar, em declínios habituais. Agora vamos proceder a outras evidências, daquela triste verdade que estamos demonstrando, mas o principal de nosso trabalho sendo passado, eu vou ser mais breve na gestão dos argumentos que permanecem. Por isso, então no próximo lugar, o que pode ser citado é a demonstração que esta lei do pecado tem em todas as épocas, dado o seu poder e eficácia, pelos frutos que ela produziu, mesmo nos próprios crentes. Agora, estes são de dois tipos: 1. As grandes erupções reais do pecado em suas vidas; 2. Suas declinações habituais do estado e condição de obediência e comunhão com Deus, que obtiveram; que segundo a regra de Tiago, antes de se desdobrarem, devem ser colocados à conta desta lei do pecado, e ambas são evidências convincentes de Seu poder e eficácia. 39 1. Considere as terríveis erupções do pecado real que estiveram na vida dos crentes, e devemos encontrar nossa posição evidenciada. Devo abordar em grande parte essa consideração, devo contar todas as falhas tristes e escandalosas dos santos que foram registradas na Sagrada Escritura, mas seus detalhes são conhecidos de todos, de modo que eu não precisarei mencioná-las, nem os muitos agravamentos que, em suas circunstâncias são atendidos. Somente algumas coisas úteis que tendem à nossa presente consideração podem ser observadas; como, (1.) Elas são encontradas em sua maioria, na vida dos homens que não eram da forma mais baixa ou do tipo comum de crentes, mas dos homens que tinham uma eminência peculiar neles, por conta de sua caminhada com Deus em sua geração. Tais foram Noé, Ló, Davi, Ezequias e outros - não eram homens de estatura comum, mas superiores aos seus irmãos, em sua profissão, sim, na santidade real. E certamente, isso deve ser de uma poderosa eficácia que possa apressar tais gigantes nos caminhos de Deus para pecados tão abomináveis como aqueles em que eles caíram. Um motivo comum nunca poderia tirá-los do curso de sua obediência; foi um veneno que nenhuma 40 constituição atlética de saúde espiritual, sem antídoto poderia suportar. (2.) Esses homens não caíram em seus grandes pecados no início de sua profissão, quando tinham pouca experiência da bondade de Deus, da doçura e prazer da obediência, do poder e do oficio do pecado, de seus impulsos, solicitações e surpresas, mas depois de uma longa caminhada com Deus, e conhecimento de todas essas coisas, juntamente com inúmeros motivos para a vigilância. Noé, de acordo com a vida dos homens naqueles dias, andou retamente com Deus algumas centenas de anos, antes de ser tão surpreendido como foi. (Gênesis 9). O justo Ló parece ter sidocontaminado no final de seus dias, com as abominações que havia condenado antes. Davi, em uma vida curta, teve tanta experiência de graça e pecado, e tão íntima comunhão espiritual com Deus, como jamais teve algum dos filhos dos homens, antes de ser levado para o chão por esta lei do pecado. Assim foi com Ezequias em seu grau, que não era pior. 41 Agora, para se estabelecer sobre tais pessoas, tão bem familiarizadas com seu próprio poder e engano, tão armadas e proporcionadas contra o pecado residente, que tinham sido vencedores por tantos anos, e ainda assim prevaleceu contra eles, argumenta um poder e eficácia muito poderosos. Quem pode vigiar para ter um maior estoque de graça inerente, do que aqueles homens tiveram; para ter mais experiência de Deus e da excelência de Seus caminhos, da doçura de Seu amor e da comunhão com Ele, do que eles? Quem tem melhor mobiliário para se opor ao pecado, ou mais obrigação para agir, do que eles? E, no entanto, vemos com quanto temor foram atacados. (3.) Como se Deus tivesse permitido suas quedas em propósito fixo, para que possamos aprender a desconfiar desse poderoso inimigo - todos eles caíram quando receberam novas e maravilhosas misericórdias da mão de Deus, que deveriam ter produzido uma forte obrigação de diligência e vigilância em estreita obediência. 42 Noé, porém surgiu recentemente daquele mundo de águas, onde viu o mundo ímpio perecer pelos seus pecados, e ele mesmo foi preservado por aquele milagre surpreendente que todas as épocas devem admirar. Enquanto a desolação do mundo era uma lembrança para ele, de sua estranha preservação pelo cuidado imediato da mão de Deus, ele caiu na embriaguez. Ló tinha visto recentemente o que todo aquele que pensa estar de pé não pode deixar de tremer, viu, como se fala "o inferno que cai do céu" sobre os pecadores impuros; a maior prova, exceto a cruz de Cristo, que Deus jamais deu em Sua providência do julgamento por vir. Ele viu a si mesmo e suas filhas livrados pelo cuidado especial e mão milagrosa de Deus; e ainda assim, enquanto estas estranhas misericórdias estavam frescas sobre ele, caiu em embriaguez e incesto. Davi foi libertado de todos os seus problemas, e teve seus inimigos ao redor entregues em sua mão, e ele faz uso de sua paz em um mundo de provações e problemas para praticar homicídio e adultério. 43 Imediatamente após houve a grande e milagrosa libertação de Ezequias, e ele caiu em orgulho carnal. Eu digo que suas quedas, em tais ocasiões parecem ser permitidas com o objetivo de instruir todos nós, na verdade que temos à mão; de modo que nenhuma pessoa, em nenhuma época, com que mobiliário de graça que tenha possa prometer-se a segurança, desde a sua prevalência de outras maneiras, além de guardar-se constantemente para Aquele que tem provisões para distribuir, que estão acima de seu alcance e eficácia. Parece que isso deve nos fazer vigiar sobre nós. Somos melhores do que Noé, que teve esse testemunho de Deus, de que era "um homem perfeito em suas gerações", e "andou com Deus?" Somos melhores do que Ló, cuja "alma justa estava vexada com as más ações dos homens ímpios", e, portanto é recomendado pelo Espírito Santo? Somos mais santos, sábios e atentos que Davi, que obteve esse testemunho, de que era "um homem segundo o próprio coração de Deus?" Ou melhor do que Ezequias, que apelou para o 44 próprio Deus, que ele o tinha servido retamente, com um coração perfeito? E, no entanto qual a prevalência que esta lei do pecado causou sobre eles, nós vemos. E não há fim de exemplos semelhantes. Todos eles são configurados como boias para nos revelar os bancos de areia, as rochas, com os quais eles fizeram naufrágio - o perigo, a perda, sim, e teriam feito sua ruína, se Deus não tivesse ficado satisfeito graciosamente em Sua fidelidade, para evitar isso. Esta é a primeira parte dessa evidência do poder do pecado em seus efeitos. 2. Ele manifesta seu poder nas declinações habituais do zelo e da santidade, do estado e da condição de obediência e comunhão com Deus que alcançaram, e é encontrado em muitos crentes. Promessas de crescimento e melhoria são muitas e preciosas o meio excelente e eficaz, os benefícios são excelentes e indescritíveis; e embora muitas vezes sejam derramados, em vez disso, muitos dos santos de Deus desmoronam. Agora, enquanto isso deve ser causado principalmente pela força e eficácia do pecado residente, e é uma boa evidência disso, devo demonstrar primeiro, que a própria observação é verdadeira, ou seja, que alguns dos próprios santos o fazem muitas vezes, recusando esse 45 crescimento e melhoria na fé, graça e santidade que poderia se esperar justamente deles, e então mostrar que a causa desse mal está no que estamos tratando. E qual é a causa da apostasia total em professantes infundados, que deve ser depois declarada? Mas, este é um trabalho maior que temos em mãos. O prevalecer sobre os verdadeiros crentes em uma declinação pecaminosa e apostasia gradual, exige uma colocação de mais força e eficácia do que sobre os professantes infundados, que prevalecem para a total apostasia; como o vento que derrubará uma árvore morta que não tem raiz no chão, dificilmente agitará ou derrubará uma árvore viva e bem enraizada - mas isso vai acontecer. Há menção feita na Escritura dos "primeiros caminhos de Davi", que são elogiados acima de seu último, 2 Crônicas 17: 3. Os últimos caminhos, mesmo de Davi foram manchados com o poder do pecado residente. Embora mencionemos apenas a erupção real do pecado, ainda que a impureza e o orgulho que estava trabalhando nele, em seu censo do povo, 46 certamente foram enraizados em uma declinação de seu primeiro quadro. Aqueles brotos não cresceram sem lodo. Davi não teria paralelo em seus primeiros anos, quando seguiu a Deus no deserto sob tentações e provações, cheio de fé, amor, humildade, quebrantamento de coração, zelo e carinho para todas as ordenanças de Deus; todos os quais eram eminentes nele. Mas, sua força é prejudicada pela eficácia e engano do pecado, suas fechaduras cortadas, e ele se torna uma presa de velhos desejos e tentações. Nós temos um exemplo notável, na maioria das igrejas que nosso Salvador desperta para a consideração de sua condição em Apocalipse. Podemos citar uma delas. Muitas coisas boas estavam ali na igreja de Éfeso, Apocalipse 2: 2, 3, pelas quais é grandemente elogiada, mas ainda é carregada com uma decadência, uma declinação, uma queda gradual e uma apostasia, versículos 4, 5: "Abandonaste o teu primeiro amor. Lembra, pois, de onde caístes, arrepender-te e faz as primeiras obras". Houve uma decadência, tanto interna no coração quanto à fé, ao amor; e no exterior, quanto à obediência e às obras, em comparação 47 com o que antes tinham vivido, pelo testemunho do próprio Cristo. O mesmo pode ser mostrado sobre o resto dessas igrejas, exceto uma ou duas delas. Cinco são acusadas de decadências e declínios. Por isso, é mencionado na Escritura da "bondade da juventude", e do "amor”, de acordo com o grande elogio, Jeremias 2: 2, 3, De nossa "primeira fé", 1 Timóteo 5:12, Do "princípio da nossa confiança", Hebreus 3:14. E somos advertidos que "não percamos as coisas que alcançamos", 1 João 8. Mas, por que precisamos que olhemos para trás, ou procuremos instâncias para confirmar a verdade dessa observação? Uma declinação habitual dos primeiros compromissos com Deus, desde as primeiras conquistas de comunhão com Ele; de primeiro rigor nos deveres de obediência, é comum entre os professantes. Para isso, procuremos uma visão geral dos professantes nessas condições, entre os quais o melhor dosmelhores de nós será encontrado, em parte ou no todo, em um tanto ou em tudo, pronto para cair - podemos 48 convencer-nos abundantemente da verdade desta observação: (1.) Seu zelo por Deus é caloroso, vivo, vigoroso, eficaz, solícito, como foi em sua primeira entrega a Deus? Ou melhor, não existe um quadro de espírito comum, superficial e egoísta na maioria dos professantes? A iniquidade abundou, e seu amor esfriou. Não era um fardo para seu espírito ouvir o nome, maneiras, e adoração de Deus blasfemado e profanado? Não poderiam ter dito com o salmista, no Salmos 119: 136: " Os meus olhos derramam rios de lágrimas, porque os homens não guardam a tua lei.?" Não eram suas almas preocupadas com o interesse de Cristo no mundo, como Eli era sobre a arca? Eles não lutavam fervorosamente pela fé, uma vez entregue aos santos, e todas as suas partes, especialmente em que a graça de Deus e a glória do evangelho eram consideradas? Eles não trabalharam para julgar e condenar o mundo, por um comportamento santo e separado? 49 E agora é observado, que a generalidade dos professantes segue nesse quadro? Eles cresceram e fizeram melhorias; ou não há uma frieza e indiferença crescidas sobre os espíritos de muitos nessa coisa? Sim, muitos não desprezam todas essas coisas, e consideram seu próprio zelo como loucura? Não podemos ver muitos, que anteriormente foram estimados em formas de profissão, tornarem-se diariamente um desprezo e uma censura por seus abortos espontâneos semelhantemente aos homens do mundo? Não é com eles como antigamente, com as filhas de Sião, Isaías 3:24, quando Deus julgou-as por seus pecados e desejos? O mundo e o ego não destruíram sua profissão? Eles não são independentes das coisas em que anteriormente declararam um acordo singular? Sim, não são alguns os que vêm, em parte em uma pretensão, em parte sobre outra, para uma inimizade aberta, e odiar os caminhos de Deus? Não lhes agradam mais, porém são maus aos seus olhos, mas para não mencionar esses apóstatas abertos mais adiante, cuja hipocrisia o Senhor Jesus Cristo julgará em breve? 50 Não são quase todos os homens crescidos e frouxos quanto a essas coisas? Eles não estão menos preocupados com elas do que antigamente? Eles não estão cansados, egoístas em sua religião, e assim as coisas são indiferentes tanto em casa, quanto no mundo exterior? Pelo menos, eles não preferem sua facilidade, crédito, segurança, vantagens seculares antes dessas coisas? Um quadro que Cristo abomina, e declara que aqueles em quem prevalece não são dEle. Alguns, de fato parecem manter um bom zelo pela verdade, mas no que fazem a aparência mais justa, neles serão considerados mais abomináveis. Eles gritam contra erros; não pela verdade, mas por causa do partido e dos interesses. Deixe um homem estar em seu partido e promova seu interesse, e seja nunca tão corrupto em seu julgamento, então ele é abraçado e pode ser admirado. Isso não é zelo para Deus, mas para o próprio homem. Não é "O zelo da tua casa me consumiu", mas "Mestre, proíbe-os, porque não seguem conosco". 51 Era melhor, sem dúvida, que os homens nunca pretendessem nenhum zelo em tudo, além de substituir esse egoísmo furioso. (2). O prazer dos homens nas ordenanças e adoração de Deus é o mesmo que antigamente? Eles acham a mesma doçura e se deleitam nelas como fizeram no passado? Quão preciosa tem sido a palavra deles antes! Que alegria e prazer eles tiveram em vigilância! Como correram, para terem sido feitos participantes disso, onde foi dispensado em seu poder e pureza, na evidência e demonstração do Espírito! Eles não chamaram o domingo de dia deleitoso, e não foi sua abordagem uma alegria real para suas almas? E esse quadro ainda permanece sobre eles? Não há decadências e declínios encontrados entre eles? Pode não ser dito: "Os cabelos grisalhos estão aqui e ali sobre eles, e não o percebem?" Sim, não são homens prontos para dizer com aqueles do passado: "Eis aqui, que canseira!" Malaquias 1:13. É mesmo um fardo e um cansaço ter que ser atado à observação de todas essas ordenanças. O 52 que precisamos que seja tão estrito na observação do domingo? O que precisamos ouvir com tanta frequência? O que precisamos dessa distinção em audição da Palavra? Insensivelmente um grande desrespeito; sim, até mesmo um desprezo sobre os caminhos agradáveis e excelentes de Cristo e Seu evangelho caiu sobre muitos professantes. (3) Não pode ser feita a mesma convicção por meio de uma indagação sobre o curso universal de obediência e o desempenho de deveres em que os homens estão envolvidos? Existe a mesma ternura consciente para não pecar, que permanece em muitos, como era antigamente a mesma execução exata de deveres privados, o mesmo amor aos irmãos, a mesma disposição para a cruz, a mesma humildade de espírito, a mesma abnegação? O vapor das luxúrias dos homens, com o que o ar está contaminado, não nos sofrerá para dizer. Precisamos, então não avançar mais do que esta geração miserável em que vivemos, para evidenciar a verdade da observação estabelecida como o fundamento da instância 53 insistida. Que o Senhor se arrependa de executar o juízo, antes que seja tarde demais! Agora, todas essas declinações, todas estas decadências, que são encontradas em alguns professantes; todas elas procedem dessa raiz e causa - são todas produtos do pecado residente, e todas demonstram o excesso de poder e eficácia dele, para provar que não precisarei ir mais longe do que a regra geral que, de Tiago já consideramos, a saber, essa luxúria ou pecado residente é a causa de todo pecado real, e todas as declinações habituais nos crentes. Isto é o que o apóstolo pretende ensinar e declarar nesse lugar. Devo, portanto lidar com essas duas coisas, e mostrar, (1.) Que isso demonstra uma grande eficácia e poder no pecado; (2.) Declara os meios através dos quais traz ou provoca esse efeito amaldiçoado; tudo em desígnio do nosso fim geral, ao invocar e advertir os crentes para evitá-lo, e se opor a ele. 1. Parece ser um trabalho de grande poder e eficácia, a partir da disposição que é feita contra ele, que prevalece. Existe na aliança da graça uma abundante provisão feita, não só para a prevenção de declínios e decadências nos 54 crentes, mas também pelo contínuo progresso para a perfeição, como; (1.) A palavra em si, e todas as ordenanças do evangelho são nomeadas e dadas a nós para este fim, Efésios 4: 11-15. O que é o fim de dar aos oficiais do evangelho à igreja, é o fim também, de dar todas as ordenanças a serem administradas por eles, pois são dadas "para o trabalho do ministério", isto é, para a administração das ordenanças do evangelho. Agora, o que é ou o que isso aperfeiçoa? Eles são todos para a prevenção de decadências e declínios nos santos, tudo para levá-los à perfeição, como é dito, no versículo 12. Em geral, é para o "aperfeiçoamento dos santos", concluindo a obra da graça neles, e a obra de santidade e obediência por eles, ou para a edificação do corpo de Cristo; sua construção em aumento de fé e amor mesmo de todo verdadeiro membro do corpo místico. Mas, até onde eles são designados para carregá- los assim, para edificá-los? Isso tem um limite fixado ao seu trabalho? Isso os leva até agora, e depois os deixa? 55 "Não", diz o apóstolo, versículo 13. A dispensação da palavra do evangelho e suas ordenanças é projetada para nossa ajuda, assistência e adiantamento, até que toda a obra de fé e obediência seja consumada. É nomeado para aperfeiçoar e completar essa fé, conhecimento e crescimento em graça e santidade, que nos é atribuído neste mundo. Mas, como isto é feito seas oposições e tentações estão no caminho, com Satanás e seus instrumentos trabalhando com grande sutileza e engano? Porque, versículo 14, essas ordenanças são projetadas para nossa salvaguarda e libertação de todas as suas tentações e assaltos; que assim sendo preservados em seu uso, ou que "falando a verdade em amor, possamos crescer em todas as coisas nAquele que é a cabeça, o próprio Cristo Jesus". Isto é em geral, o uso de todas as ordenanças do evangelho, o principal fim para o qual foram dadas e nomeadas por Deus, isto é, para preservar os crentes de todas as decadências de fé e obediência, e conduzi-los para a perfeição. Estes são meios que Deus, o bom Agricultor usa para fazer prosperar a videira e produzir frutos. E eu também poderia manifestar o mesmo, com o fim especial deles distintamente. 56 Resumidamente, a Palavra é leite e alimento forte, para nutrir e fortalecer todos os tipos e os graus dos crentes. Ela tem semente e água, para torná-los frutíferos. A ordenança da ceia é nomeada de propósito, para fortalecer nossa fé, na lembrança da morte do Senhor e no exercício do amor. A comunhão dos santos é para edificar a fé, o amor e a obediência. (2). Há o que acrescenta peso a essa consideração. Deus não nos deixa despreocupados com essa assistência que nos concedeu, mas está continuamente nos chamando a fazer uso dos meios designados, para alcançar o fim proposto. Ele nos mostra, como o anjo mostrou a fonte de água para Agar. Comandos, exortações, promessas, e ameaças são multiplicados para este propósito; veja-os resumidos, em Hebreus 2: 1. Ele nos diz continuamente: "Por que você deixará de se alimentar, por que se amaldiçoará e decairá? Venha para as pastagens previstas para você, e sua alma viverá". 57 Se vemos um cordeiro correr do redil para a região selvagem, não nos perguntamos se ele corre o risco de ser devorado pelos animais selvagens. Se vemos uma ovelha deixando suas verdes pastagens e cursos de água, para permanecer em regiões secas e áridas, não consideramos nenhuma maravilha, nem nos perguntamos mais se a encontraremos pronta para perecer, mas se encontrarmos cordeiros feridos no redil, nos perguntamos sobre a ousadia e a raiva dos animais selvagens que os atormentavam ali. Este é o pecado residente. Tão surpreendentemente poderoso, tão eficazmente venenoso, que pode trazer levedura às almas dos homens em meio a todos os preciosos meios de crescimento e florescimento. Pode muito bem nos fazer tremer, ver os homens que vivem sob o uso dos meios do evangelho; a pregação, a oração, e a administração dos sacramentos, e ainda se tornarem mais frios todos os dias do que outros em zelo por Deus, mais egoístas e mundanos, mesmo habitualmente declinando quanto aos graus de santidade que alcançaram. (3.) Juntamente com a dispensação dos meios externos de crescimento ou melhoria espiritual, também há provisões de graça que os santos têm de forma contínua, Cristo. 58 Ele é o chefe de todos os santos; é uma cabeça viva, e assim, uma cabeça viva como Ele nos diz que, "porque ele vive, também viveremos", João 14:19. Ele comunica a vida espiritual a todos os que são dEle. NEle está a fonte da nossa vida; que dela é dito, estar "escondida com ele em Deus", Colossenses 3: 3. Esta vida Ele dá aos Seus santos, vivificando-os pelo seu Espírito, Romanos 8:11; e continua com os recursos da graça viva que lhes comunica. É dito que Ele habita em nós; Gálatas 2:20: "vivo; não mais eu, mas Cristo vive em mim"; "A vida espiritual que eu tenho não é minha, pois não foi instruída nem é mantida por mim mesmo, mas é meramente e unicamente a obra de Cristo; de modo que não sou eu a vida, mas Ele vive em mim, toda a minha vida sendo só dEle." Nem esta cabeça viva comunica apenas uma vida aos crentes, para que apenas vivam não mais uma vida pobre, fraca e moribunda, por assim dizer; mas Ele dá o suficiente para dar- lhes uma vida forte, vigorosa, próspera e florescente, João 10:10. 59 Ele não vem, apenas para que Suas ovelhas "possam ter vida", mas que "elas possam tê-la com mais abundância"; isto é, de forma abundante, para que possam florescer, ser saudáveis e frutíferas. Assim é com todo o corpo de Cristo; com todos os membros. Efésios 4:15, 16, "antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor." O fim de todas as comunicações de graça e suprimentos da vida, a partir desta cabeça viva e abençoada é o aumento de todo o corpo, de cada membro dele, e a edificação de si mesmo no amor. Seus tesouros de graça são insondáveis; Seus depósitos são inesgotáveis; Sua vida, a nossa fonte, cheia e eterna; Seu coração generoso e grande; Sua mão aberta e liberal, de modo que não há dúvida, senão que Ele comunica suprimentos de graça para o aumento de santidade em abundância para todos os Seus santos. 60 De onde então, é que nem todos eles prosperam de acordo com isso? Como você pode vê-lo muitas vezes em um corpo natural, então o mesmo sucede aqui. Embora o assento e a elevação do sangue e do espírito, na cabeça e no coração sejam excelentes e sadios, ainda pode haver um membro murchando no corpo; um pouco intercepta as influências da vida para isso, de modo que, embora o coração e a cabeça executem o seu ofício em dar não menos recursos do que a qualquer outro membro, contudo todo o efeito produzido é apenas para mantê-lo em perdição absoluta, tornar-se fraco e decair todos os dias. A queda e decadência de qualquer membro no corpo místico de Cristo, não é pela falta de Sua comunicação de graça para uma vida abundante, mas da intercepção poderosa que é feita da sua eficácia, pela interposição e oposição do pecado residente. Por isso, é aí que a luxúria cresce forte. Muitas vezes, Cristo dá muita graça, onde muitos dos seus efeitos não aparecem. Ele gasta sua força e poder para resistir aos contínuos assaltos de violentas corrupções e desejos, de modo que não pode apresentar suas virtudes adequadas para uma maior fecundidade. 61 Como um remédio virtuoso, isso é adequado, tanto para verificar os humores viciosos e nocivos, quanto para confortar, refrescar e fortalecer a natureza, se o temperamento for forte e prevalecente, gasta toda a sua força e virtude na subjugação e correção, contribuindo muito menos para o abrandamento da natureza do que de outra forma, se não se encontrar com essa oposição; assim é com a graça de cura que abundamos nas asas do Sol da Justiça. É forçada, muitas vezes, a apresentar sua virtude para se opor e contrariar, e em qualquer medida subjugar desejos e corrupções prevalecentes. Quão saudável, e florescente, quão frutífera e exemplar em santidade, pode haver uma alma com essa graça que é continuamente comunicada a ela por Cristo, que agora, por causa do poder do pecado interior, não está apenas morta, mas fraca, murchando e inútil! E isso, se é alguma coisa, é uma evidência notável da eficácia do pecado residente, que é capaz de dar tal parada ao poderoso e eficaz poder da graça, de modo que, não obstante os suprimentos abençoados e contínuos que recebemos de nossa Cabeça, contudo muitos crentes diminuem e se deterioram, e isso habitualmente, quanto ao que alcançaram - 62 seus últimos modos não respondendo aos primeiros deles. Isso torna a vinha na "colina muito frutífera", para produzir tantas uvas selvagens, e faz com que muitas árvores sejam estéreis em campos férteis. (4.) Além dos suprimentos contínuos de graça que constantemente, de acordo como mandato da aliança são comunicados aos crentes, o que os impede de não terem sede de indigência total, há, além disso, uma disposição no Senhor Jesus Cristo para dar um socorro peculiar às suas almas, conforme suas ocasiões exigirão. O apóstolo nos diz que ele é "um Sumo Sacerdote misericordioso" e "capaz" (isto é, pronto, preparado e disposto)" para socorrer os que são tentados", Hebreus 2:18; e somos nessa conta convidados a "vir com ousadia ao trono da graça, para que possamos obter misericórdia e encontrar a graça para ajudar em caso de necessidade", isto é, graça suficiente, adequada a qualquer provação especial, ou tentação que possamos estar sofrendo. O nosso Sumo Sacerdote misericordioso está pronto para distribuir essa graça especial, além das constantes comunicações dos suprimentos do Espírito que mencionamos antes. Além das fontes que jamais falham da graça comum da 63 aliança, Ele também tem dúzias refrescantes, peculiares para períodos de seca; e isso é extremamente vantajoso para os santos, para sua preservação e crescimento na graça, podendo ser adicionado muito mais. Agora, eu digo, apesar de tudo isso, e o resíduo da mesma importância; tal é o poder e a eficácia do pecado residente, tão grande é o engano e a inquietação, tantas são suas artimanhas e tentações, que muitas vezes muitos deles caem. Pelo crescimento e melhoria, toda essa provisão é feita, mas ainda como foi mostrado recuam e se recusam a permanecer na caminhada com Deus. A força de Sansão se evidenciou completamente, quando ele partiu sete cordas novas com as mãos, com as quais estava preso. O humor nocivo no corpo, que é tão teimoso como o fato de que nenhum recurso dos remédios mais soberanos pode prevalecer contra ele, deve ser considerado. Tal é o pecado que existe, se não for vigiado. Quebra todas as cordas feitas para amarrá-lo; isso desencadeia os instrumentos designados para arrancá-lo, e resiste a todos os medicamentos de cura, embora nunca tão soberanos; e está, portanto seguro de superar a eficácia. 64 Além disso, os crentes têm inúmeras obrigações sobre eles, desde o amor, o mandamento de Deus, crescer em graça, e avançar para a perfeição, pois eles têm meios abundantes para que o façam. O fato de ser assim, é uma questão de grande vantagem, lucro, doçura e satisfação para eles no mundo. É o fardo, o problema das suas almas, que não o fazem, que não são mais santos, mais zelosos, úteis e frutíferos; eles o desejam acima da própria vida. Eles sabem que é seu dever vigiar contra esse inimigo, lutar e orar contra ele; e assim eles fazem. Eles desejam mais sua destruição, do que o gozo de todo esse mundo e tudo o que o dinheiro possa pagar. E, no entanto, apesar de tudo isso, tal é a sutileza, a fraude, a violência, a fúria, a urgência e a importunidade desse adversário, que frequentemente prevalece para trazê-los para a condição triste mencionada. Os crentes têm um bom vendaval de suprimentos do Espírito; eles atendem com diligência, oram constantemente, ouvem atentamente e não omitem nada que possa levá- los à sua viagem para a eternidade, mas depois de um tempo, levando a considerar seriamente pelo exame de seus corações e maneiras sobre o progresso que fizeram, eles acham que toda a 65 sua assistência e deveres não conseguiram sustentá-los contra uma forte maré, ou corrente de pecado residente. Deus os guardou de fato, para que eles não fossem conduzidos e divididos em rochas e bancos de areia, os preservou de pecados grosseiros e escandalosos, no entanto, eles perderam sua boa condição espiritual, ou voltaram atrás e estão enredados em muitas decadências vorazes; que é uma evidência notável da vida do pecado residente sobre o qual estamos tratando. Agora, porque o fim de nossa descoberta desse poder do pecado é para que possamos ter cuidado para evitá-lo em sua operação, e por causa de todos os efeitos que produz, pois não há situação mais perigosa ou perniciosa do que a última insistida, ou seja, que prevalece sobre muitos professantes para uma declinação habitual de seus modos e conquistas anteriores, apesar de toda a doçura e excelência que suas almas encontraram. Devo, como foi dito, no próximo lugar considerar de que jeito e meio, e para fins de ajuda geralmente prevalece nesse tipo, para que possamos instruir-nos melhor a encarar isso. Até aqui as sábias palavras de John Owen. 66 Quão real e oportuna é esta palavra para que, principalmente possamos entender qual é a causa de tantos decaimentos na Igreja; por que apesar de serem tantas as boas ministrações da Palavra verdadeira, e as instruções ministeriais para um viver santo, há todavia esta tendência para não permanecer de pé, senão cair. Muitos crentes estão caídos, pensando estarem de pé, porque têm sido enganados por Satanás e pelo pecado residente, que lhes impede de fazerem progresso espiritual em uma verdadeira santificação de suas vidas. Somente uma verdadeira fidelidade, humildade e diligência em se submeter a Cristo, à Palavra, aos deveres ordenados, à congregação com os santos no dia do Senhor, à vigilância, ao arrependimento, à confissão podem garantir uma permanência de pé, naqueles que nisto se exercitam diariamente, carregando sua cruz e negando o ego, para seguirem a Jesus. Votos e compromissos temporários, não garantirão a vitória sobre o pecado residente, e muito menos contra Satanás. Somente um exercício contínuo na piedade, na fidelidade aos deveres ordenados, principalmente no que diz respeito ao crescimento na comunhão da Igreja, 67 podem levar a um viver verdadeiramente piedoso e santo.
Compartilhar