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PLACENTA, CORDÃO UMBILICAL E LÍQUIDO AMNIÓTICO → Conceitos iniciais : - O ciclo menstrual pode ter dois desfecho em seu processo fisiológico, sendo um deles a menstruação, nos casos em que não ocorre a fecundação e, consequentemente, a nidação do embrião no endométrio. - O outro desfecho ocorre quando a fecundação é realizada, dando seguimento a uma série de processos que corroboram ao desenvolvimento do embrião, sendo estes : ● Não involução do corpo lúteo (estimulado por LH). ● Produção de progesterona pelo corpo lúteo. ● Aumento nos níveis de hCG - Durante a gestação ocorre a mudança da nomenclatura do endométrio para decídua, devido algumas alterações funcionais. - A partir da decídua e suas subdivisões (capsular, parietal e basal), correspondente a contribuição da mãe, juntamente com a contribuição ovular, respectiva ao trofoblasto, ocorre a formação das membranas e da placenta. → Placenta : - Funções : ● Trocas gasosas. ● Transporte de nutrientes. ● Excreção de metabólitos. ● Produção de hormônios, proteínas e enzimas. ● Modulação imunológica. ● Reserva energética fetal (glicogênio). ● Difusão facilitada de glicose. ● Ultrafiltração de sódio. ● Transporte ativo de vitaminas. ● Excreção de catabólitos do feto. ● Solução de continuidade placentária. OBS : a passagem de substâncias indesejáveis para o bebê mediante filtração da placenta pode variar de acordo com o desenvolvimento gestacional, visto que a medida que as semanas vão se passando e, de forma concomitante, ocorre o crescimento fetal a placenta vai ficando mais permeável e menos seletiva a esse tipo de substâncias. - A placenta participa da produção de : progesterona, estrógeno, gonadotrofina coriônica (HCG), lactogênio placentário, ocitocina e vasopressina, além de polipeptídeos não hormonais ( aproximadamente 30 peptídeos associados a gestação). - Após a fecundação do óvulo ocorre sua transformação em blastocisto, o qual mediante o trofoblasto vai invadir o endométrio para ocorrer a formação da placenta. ● Trofoblasto ancora o blastocisto no endométrio, mediante invasão da artéria espiralada, levando a remodelação da estrutura músculo elástica e diminuição da resistência vascular. ● Esse processo de diminuição da resistência vascular ocorre em dois momentos, primeiramente a nível da decídua (primeira onda / > 8 semanas) e depois atingindo o miométrio (segunda onda / > 14 semanas). ● Por volta da décima oitava semana espera-se que o trofoblasto já esteja incorporado às artérias espiraladas na parede do vaso. ● A invasão do endométrio ocorre pelo sincício trofoblasto, levando a formação de lacunas vasculares. ● Informação importante para o conhecimento de diversas patologias da gestação. - As artérias útero-placentárias apresentam baixa resistência vascular e alto fluxo sanguíneo. - Em caso de invasão trofoblástica insuficiente pode ocorrer comprometimento das funções da placenta. ● Apresenta alta resistência vascular, podendo causar restrição de crescimento fetal, insuficiência placentária e pré-eclâmpsia. - Uma placenta normal apresenta aproximadamente 500 g e 22 cm de diâmetro. - A face materna da placenta se confunde com a decídua pelo fato de apresentar forte ligação. - A face fetal da placenta corresponde com a cavidade amniótica e o cordão umbilical. - Uma placenta normal apresenta localização no corpo uterino. ● Quando a placenta se fixa abaixo do corpo uterino é possível chamá-la de placenta de inserção baixa, a qual dificulta a saída do bebê (obstrução do “trajeto” normal). - A espessura da placenta, a qual pode ser observada e avaliada no ultrassom (US), pode variar de acordo com o desenvolvimento gestacional, sendo : ● < 4 cm até o segundo trimestre. ● < 6 cm até o terceiro semestre. - Quando a espessura da placenta está aumentada, pode estar relacionada a alguma das seguintes alterações : diabetes, hidropsia fetal (anasarca fetal), infecções e cromossomopatias. - Em casos de placenta reduzida, pode ser ocasionada por : CIUR (restrição de crescimento fetal intrauterino) e cromossomopatias. OBS : nem sempre alterações na espessura da placenta são decorrentes de patologias, mas é sempre bom investigar. - Existe uma classificação de calcificação placentária / amadurecimento placentário, chamada de classificação de Grannum, que consiste em : ● Grau 0 : sem classificação. ● Grau 1 : calcificações finas. ● Grau 2 : calcificação indentadas e retas, que não ultrapassam toda a espessura placentária. ● Grau 3 : calcificação mais espessas, arredondadas, que circundam os cotilédones placentários. - Em gestações normais a placenta não chega a exceder o grau 2 dessa classificação. - Quanto mais rápido ocorre esse processo de calcificação / amadurecimento da placenta menor o fluxo sanguíneo e maior a chance de complicação para o bebê. → Cordão umbilical : - Duas artérias (que carregam sangue venoso / ramos das artérias ilíacas fetais) e uma veia que carrega sangue arterial, além da geleia de Wharton (formada por tecido conjuntivo / raiz da veia cava inferior). - Comprimento entre 40 e 70 cm. ● Curto 32 cm. ● Longo > 100 cm (maior que isso indica complicações). - Artéria umbilical única : ● 1:100 gestações. ● Mais comum em gemelares. ● + alterações (cariótipo T13 e T18). ● Relacionado a cardiopatias, SNC e doenças renais (20%). ● CIUR (10%) - importante avaliar o crescimento fetal nos acometidos por essa patologia → Líquido amniótico : - Funções : ● Proteção mecânica. ● Movimentação fetal / desenvolvimento neuromuscular. ● Desenvolvimento pulmonar. ● Prevenção de adesões entre o concepto e ânimo. - Ao longo da gestação o líquido amniótico é produzido de formas e origens diferentes. - Produção do líquido amniótico : ● Primeiro trimestre : produzido pela membrana amniótica (pele fetal não queratinizada). ● Entre 16 e 17 semanas : produção urinária e início da deglutição e absorção intersticial. ● Por volta da vigésima semana : produção e reabsorção alveolar. - Apresenta balanço diário. - Composição de 98-99% de água (solutos variam com a gestação). - Avaliação indireta da função placentária e balanço hidroeletrolítico materno e fetal. - Osmolaridade reduz com a idade gestacional. - No sistema amniótico, alterações indicam processos patológicos (anatômicos ou fisiológicos). - A formação desse líquido advém do equilíbrio entre produção (urina e líquido pulmonar) e reabsorção (deglutição). - Para a avaliação do líquido amniótico podem ser feitos US e medição do fundo uterino. ● 12 semanas : fundo uterino na sínfise púbica. ● 20 semanas : fundo uterino na cicatriz umbilical ● > 20 semanas : altura do fundo uterino semelhante a idade gestacional. ● A partir disso, se o fundo uterino está baixo para a idade gestacional ou tem pouco líquido ou o bebê é pequeno para aquele período. ● Caso o fundo uterino esteja aumentado pode ser pela presença de muito líquido amniótico ou o bebê está grande demais. - Para a avaliação no US : ● Idade gestacional < 24 semanas : avaliação subjetiva. ● Acima de 24 semanas podem ser feitas algumas medidas para avaliação mais precisa, tais como índice de líquido amniótico (observação de 4 quadrantes / normal entre 80 a 180 mm) e o maior bolsão (pegar a maior bolsão entre o 4 quadrantes avaliados no índice de líquido amniótico / normal entre 2 a 8 cm / não precisa ser ajustado para idade gestacional). ● Oligodrâmnia < 2 cm no maior bolsão ou índice de líquido amniótico < 5 cm. - < 17 semanas : doença placentária grave. - > 17 semanas : RAMO e malformação gastro-urinário fetal. - Terceiro semestre : insuficiência útero-placentária e RAMO. - Realizar : especular, US e Doppler.