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Estatutos e pelo Regulamento Interno, esta escolha incumbe à CE, ao CA ou, muito excepcional- mente, à AG, reunida em sessão extraordinária. 6. A aplicação da solução escolhida A implementação da solução retida pode implicar novas tarefas e responsabilidades e/ou uma nova repartição destas, um ajustamento do orçamento, etc. 7. O teste da solução A resolução de um problema ou a adaptação a uma nova situação não pára na imple- mentação de uma solução. Com efeito, é preciso verificar que esta é pertinente e efi- caz. Do mesmo modo que para a primeira etapa, a solução testada será objecto de um acompanhamento e de um controlo. 234 Guia de gestão das mutualidades de saúde em África BIT/STEP A análise da viabilidade financeira e económica de uma mutualidade de saúde A viabilidade económica e financeira de uma mutualidade de saúde pode ser considerada como a sua capacidade para cobrir de forma duradoura os seus encargos com os seus produtos e para fazer face aos seus compromissos financeiros nos prazos requeridos. A análise da viabilidade financeira e económica de uma mutualidade é uma operação indispensável, que deve ser realizada periodicamente. Permite determinar as medidas a tomar para reforçar a solidez da mutualidade e evitar que ela “abra falência”. É, igual- mente, necessária para o desenvolvimento das relações da organização com terceiros, nomeadamente, com os bancos. Em grande medida, a análise financeira assenta na utilização da conta de resultados e do balanço do exercício. Apoia-se, igualmente, nas situações financeiras dos anteriores exer- cícios e em outras fontes de informação, relativas às actividades, nomeadamente, as res- peitantes às adesões e às prestações. Este capítulo não incorpora as possibilidades da contabilidade analítica, que ainda é muito raramente utilizada nas mutualidades visadas por este guia. Esta contabilidade é, contudo, uma ferramenta extremamente poderosa, cuja utilização é fortemente recomendada nas mutualidades que tenham capacidades para a empregar. O método aqui proposto é o dos racios que permite uma análise da gestão, da situação financeira e uma explicação financeira da mutualidade. A apresentação é sucinta, sendo esta análise objecto de um tratamento mais detalhado no Guia de acompanhamento e de avaliação dos sistemas de microseguros de saúde, produzido e publicado pelo programa STEP e o CIDR21. Exemplo Para ilustrar o cálculo dos diferentes racios abaixo apresentados, utilizar-se-á o exemplo da Mutuali- dade Saphir, que conta 575 aderentes, todos também membros de uma mesma cooperativa. A mutua- lidade não exige direitos de adesão. Ela recebe no primeiro ano um subsídio de exploração por parte da cooperativa, destinado a sustentar o seu arranque. A quotização eleva-se a 1000 UM no ano 1, será aumentado em 1200 UM no ano 2. Contudo, a política adoptada pela mutualidade é de manter a quotização a um nível inferior ao seu montante nor- mal, pois os rendimentos dos seus aderentes são particularmente baixos. Assim, ela organiza festas e outras actividades lucrativas, a fim de completar os seus recursos. Os balanços e contas de resultados simplificados dos dois primeiros anos de funcionamento da mutua- lidade (ano 1 e ano 2) apresentam-se assim: Parte VII • O controlo, o acompanhamento e a avaliação 235 21 O conteúdo deste capítulo é, em grande parte, extraído deste guia. 3.1 A análise da situação financeira pelos rácios Um racio é uma relação entre dois dados por cifras. Para que ele possa interessar, deve haver uma relação entre as duas grandezas escolhidas, o numerador e o denominador. Um racio não tem sentido em termos absolutos, deve ser comparado com qualquer coisa. São possíveis dois tipos de análise: � a análise das tendências. Consiste em comparar os racios com diferentes datas, para apreciar a evolução da situação financeira da mutualidade; � a comparação dos racios de uma mutualidade com os de outras mutualidades. Havendo falta de informação neste domínio, serão propostas aos avaliados “normas padrão”, que permitirão caracterizar a situação da mutualidade. O método dos racios no domínio financeiro permite uma análise sistemática da gestão e da situação da mutualidade, quer seja num preciso momento ou no decurso de sucessivos exercícios. Esta análise permite responder a três questões fundamentais: � a mutualidade é solvente? Dito de outra forma, está à altura de fazer face aos seus com- promissos? (solvabilidade da mutualidade); � as quotizações permitem financiar a actividade? (financiamento da mutualidade); � as quotizações são essencialmente utilizadas no pagamento das prestações? (“bom fun- cionamento financeiro” da mutualidade). Os racios completam a primeira informação relativa à viabilidade, que constitui o resultado do exercício e a sua evolução ao longo do tempo. A interpretação dos racios é, contudo, 236 Guia de gestão das mutualidades de saúde em África BIT/STEP Conta de resultados exercícios 1 e 2 Balanço exercícios 1 e 2 delicada. Geralmente é preciso utilizar não só um único racio, mas um conjunto de racios para caracterizar e interpretar uma situação financeira. Uma mutualidade de saúde deve estar, constantemente à altura de fazer face aos seus compromissos financeiros, nomeadamente, face aos prestadores de cuidados. Em caso contrário, a sua existência pode mesmo ser questionada, a menos que tome, rapidamente, medidas excepcionais. Três racios permitem medir a solvabilidade de uma mutualidade a curto, médio e longo prazo: ✔ o racio de liquidez imediata; ✔ o racio de capitais próprios; ✔ o racio de cobertura dos encargos. O racio de liquidez imediata O racio de liquidez imediata avalia a solvabilidade da mutualidade a curto prazo comparando as disponibilidades, isto é, os depósitos em caixa e no banco, com as dívidas exigíveis a curto prazo. Depósitos em caixa + Depósitos em banco Racio de liquidez imediata = Dívidas a curto prazo Este racio permite, assim, saber se a mutualidade pode pagar a tempo os seus fornecedores (principalmente os prestadores de cuida- dos, no caso do sistema de terceiro pagador). Quanto mais elevado for o racio, mais importante é a liquidez. Um racio superior a 1 é considerado satisfatório. Exemplo Para os seus dois primeiros exercícios, os racios de liquidez da Mutualidade Saphir são: � Ano 1: (24 470 + 52 680) / 53 000 =1,5; � Ano 2: (18 490 + 164 660) / 68 500 = 2,7. O racio de capitais próprios O segundo racio indica a capacidade da mutualidade em honrar as suas dívidas (a curto prazo e a longo prazo) sem recorrer ao empréstimo. Compara todas as dívidas contraídas pela mutualidade (as quais não são todas imediatamente exigíveis) com os seus capi- tais próprios. Para ser considerada como solvente, uma mutualidade deve ter um racio de capitais próprios superior a 100%. Capitais próprios Racio de capitais próprios = × 100 Dívidas A solvabilidade Parte VII • O controlo, o acompanhamento e a avaliação 237 Exemplo Os racios de capitais próprios da Mutualidade Saphir nos anos 1 e 2 são os seguintes: � Ano 1: 99 150 / 53 000 = 187%; � Ano 2: (99150 + 125 500) / 68 500 = 328%. O racio de cobertura dos encargos Este racio, igualmente chamado taxa de reserva, é um terceiro indi- cador da solvabilidade de uma mutualidade e, mais precisamente, da sua autonomia financeira. Compara as reservas da mutualidade com os seus encargos mensais em prestações de doença. Este racio pode ser expresso em percentagem: Reservas + Saldo do resultado Racio de cobertura a transferir dos encargos = × 100 Encargos com prestações doença ou em meses: Reservas + Saldo do resultado Racio de cobertura a transferir dos encargos = × 12 Encargos com prestações doença O valor da taxa de reserva a atingir é geralmente fixado entre 50 e 75%, isto é, entre seis e nove meses de despesas em prestações de doença. É aconselhado fixar-se uma taxa de nove meses em período de crescimento, que pode, depois, ser limitado a seis meses, quando a mutualidade atingiu o seu equilíbrio e um financia-