entrar numa fase nova de desenvolvimento. � Os objectivos fixados pelos aderentes a longo (objectivos gerais) e a curto prazo (objectivos operacionais), traçam a via a seguir pela mutualidade. Para retomar a com- paração com a pilotagem de uma viatura, os objectivos operacionais são as cidades por etapa e os objectivos gerais as cidades de destino final. Para controlar o seu desenvolvimento, uma mutualidade de saúde deve poder, conforme a sua evolução, situar-se em relação às diferentes fases que atravessa, assim como, em rela- ção aos seus objectivos. Por outro termos, deve avaliar a sua evolução e o seu avanço, relativamente à obtenção dos fins fixados. A avaliação consiste em apreciar se os objectivos fixados são totalmente, parcialmente ou não atingidos. Dedica-se a identificar as razões dos desvios entre o nível de obtenção dos objectivos e as previsões.22 Pelas informações e análises que ela fornece, a avaliação constitui um poderoso meio de aperfeiçoamento do funcionamento da mutualidade. A avaliação é uma actividade periódica. Pode ser realizada no decurso ou no fim do exercício ou de forma mais espaçada, consoante os meios disponíveis para a realizar. A avaliação pode ter diversos objectivos. Por exemplo, pode ter como objectivo a viabili- dade, a pertinência, a eficácia, a eficiência, ou o impacto da mutualidade ou reportar-se a um aspecto particular do seu funcionamento (promoção junto do público-alvo). Parte VII • O controlo, o acompanhamento e a avaliação 245 22 BIT/STEP, CIDR. 2001: Guia de acompanhamento e de avaliação dos sistemas de microseguros de saúde (Genève), volumes 1 e 2. Os mecanismos e os suportes de avaliação não serão aqui desenvolvidos. São objecto de um guia específico23 para o qual são os leitores convidados a recorrer. Aqui, limitar-nos-emos a descrever as diferentes formas de avaliação e a ilustrar, com a ajuda de um exemplo, o seu papel respeitante aos ajustamentos do funcionamento de uma mutualidade. Existem numerosas maneiras de conceber a avaliação e esta pode ter múltiplas funções e revestir várias formas. Aqui, apenas nos con- tentaremos em distinguir três grandes formas de avaliação: ✔ a auto-avaliação; ✔ a avaliação interna; ✔ a avaliação externa. A auto-avaliação A auto-avaliação é uma avaliação conduzida pelos principais inte- ressados, isto é, os aderentes. Assenta numa aproximação partici- pativa, que permite aos aderentes medirem, eles mesmos, o nível de realização dos objectivos que eles se fixaram e controlar a boa exe- cução das acções programadas. A auto-avaliação constitui um momento importante de reflexão dos aderentes sobre: ✔ o seu empenhamento em relação aos princípios de base da mutualidade: solidariedade, democracia, responsabilidade, etc.; ✔ o passado e o futuro da mutualidade, o seu funcionamento, o seu financiamento, a sua irradiação e a sua capacidade de res- ponder às necessidades. Implicando todos os aderentes no processo de análise e de tomada de decisões, a auto-avaliação constitui um instrumento importante de animação e de informação. Os principais inputs de uma auto-avaliação são: ✔ o relatório anual de actividades e, através deste, os documentos de acompanhamento, o orçamento, as contas anuais, os racios financeiros, etc., assim como, os diferentes suportes (quadros, cartazes, etc.) de comunicação que daí resultam; ✔ os quadros de funções teórico e real; ✔ os testemunhos dos aderentes. A avaliação interna Será aqui chamada avaliação interna uma componente da auto- avaliação que é, contudo, importante distinguir desta, pois não intervém no mesmo momento. Trata-se da avaliação anual, reali- zada pelos responsáveis e pelos Gestores da mutualidade, no final de um exercício, no momento da preparação do relatório anual de actividade. Esta avaliação assenta na síntese e análise das informa- As diferentes formas de avaliação 246 Guia de gestão das mutualidades de saúde em África BIT/STEP 23 BIT/STEP, CIDR.2001:Guia de acompanhamento e de avaliação dos sistemas de microseguros de saúde (Genève), volumes 1 e 2. ções de todos os domínios de gestão. Ela prepara a auto-avaliação conduzida por todos os aderentes. A avaliação externa Esta terceira forma de avaliação assenta numa intervenção exterior (ONG, mutualidade, agência de cooperação, gabinete de estudos, etc.). A sua importância assenta na independência dos avaliadores e o seu “distanciamento”, relativamente às actividades da mutualidade. Esta avaliação permite, igualmente, pôr em prática competências e meios não necessariamente disponíveis no seio da mutualidade. Estes três tipos da avaliação são complementares, mas não intervêm simultaneamente. A avaliação interna e a auto-avaliação são anuais, a primeira, precedendo e preparando a segunda. A auto- avaliação pode desenrolar-se no tempo de uma AG ou num período mais longo, conforme a sua amplitude. A avaliação externa é, geralmente, menos frequente. Intervém no decurso ou no final de um programa plurianual. Parte VII • O controlo, o acompanhamento e a avaliação 247 O acompanhamento e a avaliação constituem um dispositivo glo- bal, indispensável à pilotagem da mutualidade no quotidiano, assim como, a médio e longo prazo. Contudo, a boa condução das actividades não assenta apenas nos utensílios e nas técnicas. Depende, também, das competências, da experiência, da perícia, da capacidade de análise, de bom senso, até mesmo da intuição dos responsáveis e dos gestores da mutualidade. O exemplo seguinte ilustra a condução de uma mutualidade, na base das actividades de acompanhamento e de avaliação. Exemplo Aquando da AG Constituinte, uma mutualidade de saúde fixa como objectivos: atingir o equilíbrio financeiro e cobrir 75% do público-alvo ao fim de três anos. Ela aplica o seguinte programa de ava- liação: Exemplo Uma organização de aldeia decide criar uma mutualidade de saúde. A aldeia conta 6000 habitan- tes. Está dotada com um dispensário (consultas, cuidados ambulatórios e partos) e está situada perto do hospital regional (internamentos e cirurgia). Com a ajuda de uma ONG local, a organização de aldeia realiza um estudo de viabilidade, de que resulta a elaboração, para o ano 1, de três cenários. Estes são propostos aos habitantes da aldeia na AG Constituinte. Todos os cenários têm em comum assentar numa adesão familiar e fixar uma quotização por beneficiário. Foram estabelecidos a partir das animações realizadas na aldeia e na base das necessidades expressas pelos habitantes. Os três cenários são os seguintes: 1.1 A mutualidade cobrirá as tarifas de consulta a 100% mais os medicamentos (genéricos) a 50% ao dispensário, com uma quotização de 800 UM/ano /pessoa. 1.2 A mutualidade cobrirá unicamente os medicamentos para as consultas no dispensário a 70%, com uma quotização de 700 UM/ano/pessoa. 1.3 A mutualidade cobrirá as tarifas de consultas mais os medicamentos a 90%, com uma quotiza- ção de 700 UM/ano/pessoa. Nestes três cenários, o montante dos direitos de adesão é fixado em 100 UM por aderente (montante do reembolso fixo). As quotizações são anuais e devem ser pagas nos primeiros quinze dias de Janeiro. Estes três cenários são apresentados na AG Constituinte. No final desses debates, o terceiro cenário (1.3) foi escolhido e será preparado para o primeiro ano. Primeiro exercício Na base do cenário escolhido, os objectivos fixados para o primeiro exercício da mutualidade são: atingir 500 aderentes, seja 3000 beneficiários (a dimensão média de uma família é de seis pessoas). A ficha de síntese de acompanhamento-avaliação do ano 1 mostra que, globalmente, os resultados do exercício são bons no plano financeiro. Contudo, o racio de sinistralidade é inferior à norma habitual de 75%. Isso resulta, principalmente, do montante de quotização que parece demasiado elevado. A mutualidade sofre de um problema de atractividade: quase metade das quotizações é utilizada em outra coisa diferente do pagamento de prestações de doença, podendo os aderentes questionar-se sobre o interesse de se quotizarem. De