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Direito ambiental

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DIREITO AMBIENTAL
DIREITOS FUNDAMENTAIS
Direitos de primeira geração: dentro dessa classificação, encontram-se os denominados direitos naturais, isto é, conferidos ao homem antes de qualquer codificação ou normatização, dados pela natureza. Os três mais importantes encontram-se presentes no caput do artigo 5º da Constituição Federal, quais sejam: vida, liberdade e igualdade.
Direitos de segunda geração: são os direitos criados a partir do intelecto humano, codificações e normas desenvolvidas ao longo da história que tiveram uma gênese humana, não divina. Encontram-se classificados nessa geração, como exemplo o direito constitucional, penal, civil, processual, trabalhista e previdenciário.
Direitos de terceira geração: eles ultrapassam os direitos de segunda geração. Se a terceira geração não existisse, o direito ambiental estaria na segunda geração. Os direitos presentes nessa classificação, assim considerados pela doutrina, possuem especiais características e atualizações que tornam eles diferenciados, sendo deslocados dos direitos de segunda geração para a terceira geração, em uma classificação própria. Podem ser citados como exemplos o direito ambiental e o direito do consumidor. 
Algumas doutrinas falam em quarta geração também. 
ANTROPOCENTRISMO x BIOCENTRISMO
Biocentrismo » a vida no centro de tudo
Antropocentrismo » o homem no centro de tudo
DIREITO COLETIVO, DIFUSO, INDIVIDUAL E INDIVIDUAL HOMOGÊNEO
O direito ambiental está inserido no direito difuso. 
Os direitos individuais são aqueles cuja fruição se esgota no círculo de atuação de seu destinatário. Só o indivíduo se beneficia desse direito, quando é exercido. Exemplo: colisão de veículo entre dois motoristas. Só esses indivíduos se beneficiarão da sentença de reparação. O individual não quer dizer que se refere apenas a uma pessoa necessariamente. 
Os direitos individuais homogêneos são aqueles que se apresentam uniformizados pela origem comum, porém na sua essência remanescem individuais. Art. 81, III, CDC. Exemplo: uma pessoa comprou um telefone e ele apresentou um defeito na câmera, porém descobriu que era um defeito daquela série de telefones. Então todas as pessoas que compraram esse telefone tem o mesmo produto defeituoso. Portanto, na origem é comum, mas remanesce individualmente. Qualquer uma dessas pessoas podem ingressar individualmente ou conjuntamente. 
Os direitos coletivos são interesses transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base. Exemplo: um sindicato ajuizando uma ação pelos metroviários. O sindicato representará essa massa. É transindividual porque perpassa mais de uma pessoa, mas é indivisível. 
Os direitos difusos são aqueles que transcendem o indivíduo, ultrapassando o limite da esfera de direitos e obrigações de cunho individual. São interesses que perpassam a esfera de atuação do indivíduo isoladamente considerado, para surpreendê-lo em sua dimensão coletiva. Os interesses difusos possuem a natureza de serem indivisíveis, não há como cindi-los. Trata-se de um objeto que a todos pertence, mas que ao mesmo tempo ninguém o possui. Eles não são passíveis de determinação. O dinheiro da indenização de uma ação ajuizada para pleitear direitos difusos não vai para uma pessoa específica, pois pode ir para uma ONG, um país, um município, um estado, uma pessoa qualquer. 
MEIO AMBIENTE
A CF prevê no art. 225, VI prevê o patamar constitucional, ele serve de guia para o infraconstitucional legal e o infraconstitucional normativo.
Art. 225, CF. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
LEGITIMIDADE DOS DIREITOS DIFUSOS
Legitimidade ativa originária: pelas especiais características do direito ambiental, grande parte das ações difusas possuem autores circunstanciados pela lei, como no caso da ação civil pública, que não permite o ingresso de uma só pessoa natural, para fins de composição do polo ativo da demanda. A considerar, por exemplo, a ação popular vai ser verificar que ela pode ser proposta, por um único cidadão.
Artigo 5, inciso LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
Legitimidade passiva originária: pessoa que lesa o meio ambiente. Poluidor é qualquer pessoa natural ou jurídica. Inicialmente as ações se instalam tendo por réu os infratores e poluidores ambientais. Depois da distribuição, pode o magistrado fazer incluir pessoas que seriam necessárias na participação da lide, cumprindo estas virem se posicionar no polo passivo da ação de modo ulterior. Isso pode se dar tanto pelo litisconsórcio necessário, onde o juiz pode verificar a necessidade da presença de novos réus e ordenar a citação desses réus, sob pena de tornar nula a decisão desse juiz. 
OBJETO JURÍDICO
O objeto jurídico possível de tutela na via coletiva de direitos difusos é o meio ambiente e a ação civil pública é a principal ação que mais permite a efetiva reparação dos danos. O meio ambiente é o maior objeto jurídico do direito difuso. Lembrando sempre que o dinheiro da condenação vai para um fundo, pois os titulares da ação são indefinidos. 
MEIO AMBIENTE NO BRASIL
A partir da Constituição de 1988, o meio ambiente passou a ser amparado com mais abrangência pela legislação brasileira. Nas constituições anteriores falava-se pouco sobre o meio ambiente.
PRINCÍPIOS AMBIENTAIS
Princípio do direito humano fundamental: fundamentado no artigo 225 da Constituição Federal. 
Princípio da participação democrática: movimentos populares, impor a coletividade. 
Princípio da prudência ou cautela: é aquele que determina que não se produzam intervenções no meio ambiente antes de ter certeza de que estas não serão adversas para o meio ambiente (alimentos transgênicos). Antes de produzir essas intervenções é necessário ter uma licença ambiental. 
Princípio do equilíbrio: devem ser pesadas todas as implicações de uma intervenção no meio ambiente, justiça ambiental Lei 6938/81, artigo 14, IV, parágrafo 1º. Esse princípio deve ser respeitado não só pelo Estado, mas também pelas empresas.
Princípio da responsabilidade: a responsabilidade ambiente é objetiva, ou seja, independe de comprovação de culpa. É necessário provar apenas que aquela intervenção ocasionou um dano. Violação x Sanção pela quebra da ordem jurídica.
Princípio do desenvolvimento sustentável: desenvolver as atividades respeitando o meio ambiente. Artigo 225 e 170, VI da Constituição Federal.
Princípio do poluidor pagador: todas as pessoas devem pagar os custos das medidas que sejam necessárias para eliminar a contaminação ou para reduzir o seu limite fixado na lei. Algumas atividades inevitavelmente são poluidoras e para lidar com isso é necessário contribuir para eliminar ou minimizar de alguma forma.
Princípio da responsabilidade objetiva: artigo 225, parágrafo 3º, CF. Todos respondem independentemente de culpa.
Esses princípios em vermelho são considerados os mais importantes.
Princípio da informação ambiental: artigo 225, parágrafo 1º, VI. A informação deve ser disseminada para o máximo de pessoas, pois embora as pessoas não possam alegar desconhecimento da lei, existem muitas práticas de proteção ambiental que não são conhecidas. 
Princípio da ubiquidade: o meio ambiente deve ser colocado no epicentro da discussão mundial protetiva. Atualmente nãoexiste uma política de ubiquidade no Brasil, esse princípio está sendo violado.
BENS AMBIENTAIS
Bem privado: bem privado é tudo aquilo que não é público. 
Bem público: podem ser de uso comum, de uso especial e dominical. Os bens de uso comum são aqueles utilizados por todos, como por exemplo as praças, as estradas e o mar. Os bens de uso especial são aqueles que o poder público se utiliza especificamente, tais como os quartéis, as viaturas policiais e os carros dos bombeiros. É aquele destacado do uso comum e utilizado pelo poder público para fins específicos. Os bens dominicais são residuais, isto é, o que não é público, nem privado é dominical. É aquele bem que o poder público não utilizada, ele pode ser vendido por licitação seguindo as regras licitatórias. 
Bem ambiental: não é público nem privado. Alguns autores os chamam de difuso, mas há divergências. Segundo alguns doutrinadores seria importante a abertura de uma terceira categoria de bens, denominados ambientais, por dois motivos: a) pela possibilidade de maior gerenciamento pela colaboração do poder público e da coletividade; b) pelo afastamento do perigo constante de conferir ao ente público tamanho arsenal dominial, de bens envolvidos em forte conotação ambiental. 
CONCEITO DE ECOLOGIA
Em 1866 o biólogo alemão Haeckel, em sua obra Morfologia Geral dos Organismos, propôs a criação de uma nova e modesta disciplina científica, ligada ao campo da biologia, que teria por função estudar as relações entre as espécies animais e seu ambiente orgânico e inorgânico. Para denominá-la, ele usou a palavra grega oikos logos e cunhou o termo ecologia, que significa ciência da casa, estudo da casa. A casa que ele fala no primeiro momento é a terra. 
CONCEITO DE MEIO AMBIENTE
Previsto no artigo 3º, I da Lei 6938, política nacional do meio ambiente. Essa legislação instituiu o sistema nacional do meio ambiente, cuja finalidade é estabelecer uma rede de agências governamentais, nos diversos níveis da federação, visando assegurar mecanismo capazes de implementar a política nacional do meio ambiente. 
OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Preservação 
Melhoria
Recuperação
Assegurar ao país condições de desenvolvimento socioeconômico
Proteção da dignidade da pessoa humana
PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Direito humano fundamental
Educação ambiental 
Racionalização do uso do solo, da água e do ar
Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais
Controle e zoneamento das atividades poluentes
PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental
Zoneamento ambiental
Avaliação de impactos ambientais 
Licenciamento de atividades potencialmente poluidoras
Incentivos a criação e absorção de tecnologias e incentivos a produção de equipamentos voltados para a melhor da qualidade ambiental (exemplo: empréstimos)
FONTES DO DIREITO AMBIENTAL
Os doutrinadores costumam dividir em fontes materiais e formais. As fontes materiais podem ser os movimentos populares, descobertas científicas e por fim, a doutrina jurídica. As fontes formais podem ser a Constituição Federal, as leis, os atos normativos e as normas internacionais. 
DIVISÃO DO MEIO AMBIENTE
Meio ambiente natural ou físico: advém da natureza. É constituído por solo, água, ar atmosférico flora e fauna. É tudo aquilo que a natureza dá. O Supremo decidiu que o meio ambiente natural vem primeiro do que o artificial, mas a princípio não há hierarquia entre eles. 
Meio ambiente artificial: advém da criação humana. O espaço urbano construído, consistente no conjunto de edificações, chamado espaço urbano fechado e pelos equipamentos públicos, chamado espaço urbano aberto, compondo-se como todos os espaços habitáveis pelo ser humano, inclusive o rural. 
Exemplo: solo (meio ambiente natural); teatro municipal (meio ambiente artificial). São o meio ambiente fechado. As praças, as ruas compõem o meio ambiente aberto. O parque do Ibirapuera comporta os dois ambientes. 
Meio ambiente cultural: abarca as memórias brasileiras. São bens materiais e imateriais que representam a história do Brasil. Exemplo: conventos do Espírito Santo; museus. Um espaço pode ter os três ambientes.
Meio ambiente do trabalho: artigo 200, cf. SUS! Segundo lições de José Afonso da Silva é no meio ambiente do trabalho que se desenrola boa parte da vida do trabalhador, cuja qualidade de vida está, por isso, em íntima dependência da qualidade daquele ambiente. Qual é a relação do SUS com o meio ambiente do trabalho? Se houver prevenção, se o ambiente do trabalho for adequado e primar pela saúde do seu cooperado, o SUS ficará menos sobrecarregado. 
COMPETÊNCIA EM MATÉRIA AMBIENTAL
A Constituição Federal de 1988 atribui competência legislativa sobre assuntos do meio ambiente à União, aos Estados e ao DF conforme dispõe o artigo 24, VI, VII e VIII. O Município ocupa também lugar de destaque porquanto a ele é atribuída competência suplementar segundo artigo 32 da CF. No artigo 24 a competência é concorrente e no 32 é suplementar. 
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Resolução 237 do CONAMA, artigo 1, I. É um procedimento administrativo que compete ao órgão ambiental competente licenciar a localização, licenciar a instalação e licenciar a operação de empreendimentos e atividades. 
LICENÇA AMBIENTAL
Resolução 237 do CONAMA, artigo 1, II. É um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor pessoa física ou jurídica para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras ou aquelas que sob qualquer forma possam causar poluição ambiental. 
O artigo 8 dessa mesma resolução traz as etapas do licenciamento ambiental. A primeira etapa é a LP (licença prévia), ela é concedida na fase preliminar do planejamento estabelecidas as bases e condicionantes a serem atendidas nas próximas etapas. Esta vinculada a viabilidade do empreendimento. O prazo de validade da licença prévia está previsto no artigo 18 da referida resolução, qual seja 5 anos. 
A segunda é a LI (licença de instalação), ela autoriza a instalação do empreendimento, planos, programas e projetos e demais condicionantes. O prazo da LI é de 6 anos.
A terceira é a LO (licença de operação), ela autoriza a operação da atividade com as medidas de controle ambiental e demais condicionantes. O prazo mínimo é de 4 anos e o máximo de 10 anos. 
O parágrafo único do artigo 8 preconiza que as licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, as LP’s e LI’s poderão ter os prazos de validade prorrogados uma vez. 
Atuar sem licença ambiental é crime. 
O estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e o relatório de impacto ao meio ambiente (RIMA) têm essência preventiva e compõe as etapas do licenciamento ambiental, específicas, contemplando as alternativas tecnológicas, avaliação dos impactos ambientais e medidas mitigadoras. Deve ser realizado por equipe multidisciplinar, que pode ser composta de geólogos, físicos, biólogos, psicólogos, advogados entre outras. O RIMA tem por finalidade tornar compreensível para o público o conteúdo do EIA, deve ser claro e acessível. 
A resolução 237 também traz um rol de atividades que necessitam de licenciamento. Para o ampliar o Beto Carrero, por exemplo, precisa de licenciamento. Sem o licenciamento a obra não é aprovada, é crime ambiental e ainda sofre uma ACP do MP (lembrando que o MP não é único legitimado).
Todos tem uma obrigação constitucional que é defender o meio ambiente, prevista no artigo 225 da Constituição Federal.

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