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SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 1 Sistemas e Tratamento de Efluentes SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 2 Sistemas e Tratamento de Efluentes 1. Introdução Observa-se que o principal problema na atualidade está associado à falta de água potável no mundo, devido a uma gestão inadequada dos recursos hídricos. A contaminação da água, uma das principais questões a ser analisada nesta disciplina, tem como causa a falta de saneamento básico e o lançamento de esgoto doméstico in natura, a descarga de dejetos industriais sem o devido tratamento e a contaminação por produtos químicos provenientes de atividades agrícolas. Sem dúvida, o consumo de água no mundo aumentou em razão do crescimento populacional e a consequente maior demanda pela produção de alimentos, bem como a necessidade de uma maior oferta de água frente ao crescimento dos centros urbanos. Se levarmos em conta que a maioria dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento lança as águas residuais nos rios, lagos e oceanos sem nenhum tipo de tratamento, constataremos que há uma grave ameaça à saúde da população e o comprometimento do acesso à água potável. O aumento da industrialização também se torna uma ameaça, pois muitas indústrias são altamente poluentes e grandes consumidoras de água, especialmente nos países desenvolvidos. O cálculo apresentado pelas pesquisas é de que as indústrias chegam a utilizar entre a metade e 3/4 de toda a água extraída do mundo, já que em determinados processos produtivos chega-se a gastar toneladas de litros d’água e produzir toneladas equivalentes de efluente contaminado. As grandes poluidoras a se destacar são as indústrias de produtos químicos, polpa e papel, entre outras, em função do processo que utilizam em suas atividades. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 3 Visto, então, que se trata de um recurso básico para nossa sobrevivência e de alta utilização, nada mais justo que tratemos os efluentes com a coleta e o tratamento de esgotos, que atendam aos aspectos sanitários e legais para devolvê-lo à natureza da forma mais adequada possível para que seja reaproveitado sem que contenha agentes nocivos que a poluam e à proteção dos mananciais. Fundamentos Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não apenas a ausência de doença ou enfermidade. Através da análise dos dados históricos, temos que a questão da saúde se encontra com as condições ambientais em que a comunidade se insere. Surge, então, a Saúde Pública como a ciência e a arte de promover, proteger e recuperar a saúde, através de medidas de alcance coletivo e de motivação da população, num esforço organizado em prol da saúde tal como entendida pela OMS. Deste modo, o Saneamento é o controle dos fatores do meio físico, que exercem ou podem exercer efeitos sobre o bem-estar do homem, consistente em um conjunto de medidas que tende a modificar o meio e quebrar o elo da cadeia de transmissão de doenças com o propósito de promoção e proteção da saúde. O saneamento adquire, assim, grande importância econômica, pois reduz o número de enfermidades e de mortes de indivíduos e o gasto com internações hospitalares. Com a construção de um sistema de esgoto sanitário numa comunidade, procura-se atingir os seguintes objetivos: Melhoria das condições higiênicas locais e consequente aumento da produtividade; Conservação de recursos naturais, especialmente das águas; Coleta e afastamento rápido e seguro do esgoto sanitário; SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 4 Disposição sanitariamente adequada do efluente; Eliminação de focos de poluição e contaminação, assim como de aspectos estéticos desagradáveis; Proteção de comunidades e estabelecimento de jusante; Diminuição dos custos no tratamento de águas para abastecimento, ocasionados pela poluição dos mananciais; Redução de gastos públicos com campanhas de imunização e/ou erradicação de moléstias endêmicas ou epidêmicas. Breve história do esgotamento sanitário Os primeiros sistemas de esgotamento executados pelo homem foram projetados para protegê-lo das vazões pluviais, pois não havia sistemas de recolhimentos de dejetos subterrâneos, mas abertos, o que se tornava um problema quando da ocorrência de chuvas. Desde a antiguidade, quando consumimos a água, geramos vazões de águas residuárias ou esgotos, que precisam ser devidamente coletadas e transportadas com rapidez e segurança para regiões afastadas do núcleo comunitário, para passar por processos de tratamento adequados antes do lançamento nos corpos receptores. Historicamente, observamos que as civilizações primitivas não se destacaram por práticas higiênicas individuais por razões sanitárias, mas por religiosidade, de modo a se apresentarem puros aos olhos dos deuses a fim de não serem castigados com doenças. Os primeiros indícios de tratamento científico do assunto, ou seja, de que as doenças não eram exclusivamente castigos divinos, começaram a aparecer na Grécia, por volta dos anos 500 a. C., com Empédocles de Agrigenco, que construiu obras de drenagem das águas estagnadas dos rios no litoral sul da Sicília, visando combater uma epidemia de malária. No entanto, a repercussão deste tipo de prestação de serviços foi prioridade apenas em áreas SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 5 nobres das cidades gregas e romanas, onde os moradores tinham de pagar pelo uso do serviço, tornando-se um serviço para a elite. Com a queda do Império romano, em 476, iniciou-se uma fusão de culturas clássicas, bárbaras e ensinamentos cristãos, centralizando em Constantinopla grande parte dos conhecimentos científicos, iniciando o Período medieval europeu – a “Idade das Trevas”. Neste período, o conhecimento científico restringiu-se ao interior dos mosteiros. As instalações sanitárias, como encanamentos de água e esgotamentos canalizados, ficaram por conta da iniciativa eclesiástica, mas com clara defasagem com relação às práticas mais antigas. Enquanto no século IX, a cidade do Cairo, no Egito, já dispunha de um serviço público de adução de água encanada, por exemplo, apenas em 1310 os franciscanos concordaram em que habitantes da cidade de Southampton utilizassem a água excedente de um convento que tinha um sistema próprio de abastecimento de água desde 1290. Com o constante crescimento das aglomerações humanas e a necessidade cada vez maior de água de consumo e a consequente geração de efluentes, o transtorno de poluir os corpos receptores e causar desequilíbrios ecológicos com danos ao meio ambiente se torna cada vez mais evidente. O que se observa nas cidades que possuem um sistema de abastecimento de água, mas não possuem um sistema de abastecimento de esgotos, é que as águas servidas acabam por contaminar e poluir o solo, as águas superficiais e lençóis freáticos, contribuindo para a disseminação de doenças. As primeiras leis públicas de instalação, controle e uso de serviços de esgotamento sanitário têm origem a partir do século XIV. A partir do século XVI, com a crescente poluição dos mananciais de água, o maior problema era o destino dos esgotos e do lixo urbanos. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 6 No século seguinte, o abastecimento de água urbano teve largo desenvolvimento, pois se passou a empregar bombeamentos com máquinas movidas a vapor e tubos de ferro fundido para recalques de água, na Alemanha, juntamente com a formação de empresas especializadas em fornecimento de água. Os estudos de John Snow, o movimento iluminista, a revolução industrial e as mudanças agrárias provocaram alterações no final do século XVIII, transformando o antigo panorama de ruas estreitas e sinuosas em avenidas largas e alinhadas, pavimentadas, iluminadas e drenadas. A distribuiçãode água encanada e das peças sanitárias com descarga hídrica fez com que a água passasse a ser utilizada com uma nova função, a de afastar os dejetos e outras sujeiras indesejáveis do ambiente de vivência. A evolução dos conhecimentos científicos, inclusive na área de saúde pública, tornou imprescindível a necessidade de canalizar as vazões de esgoto de origem doméstica e os efluentes domésticos e industriais para as galerias de águas pluviais existentes, dando origem ao Sistema Unitário de Esgotos, no qual todos os esgotos eram reunidos em uma só canalização e lançados nos rios e lagos receptores. Fatos como a epidemia de cólera de 1831/32 chamaram a atenção para a necessidade de um serviço de saneamento nas cidades, pois evidenciou que a doença era mais intensa em áreas urbanas carentes de saneamento efetivo, ou seja, em áreas mais poluídas por excrementos e lixo. No final do século XIX, a construção dos sistemas unitários propagou-se pelas principais cidades do mundo. Nas cidades situadas em regiões tropicais e equatoriais, com índices pluviométricos de cinco a seis vezes maiores que a média europeia, a adoção de sistemas unitários tornou-se inviável devido ao elevado custo das obras, pois a construção das avantajadas galerias transportadoras das vazões máximas contrapunham-se às desfavoráveis condições econômicas. No entanto, a SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 7 evolução tecnológica e a necessidade do intercâmbio comercial forçavam a instalação de medidas sanitárias eficientes, pois a proliferação de pestes e doenças contagiosas em cidades desprovidas dessas iniciativas propiciavam aos seus visitantes os mesmos riscos de contaminação, gerando insegurança e risco de contaminação da tripulação, causando prejuízos da mesma forma. No Brasil, os portos do Rio de Janeiro e de Santos temiam os efeitos deste desastre econômico; assim, o imperador D. Pedro II contratou profissionais ingleses para elaborarem e implantarem sistemas de esgotamento para o Rio de Janeiro e São Paulo - na época, as principais cidades brasileiras. Foi pensado um sistema diferenciado, no qual eram coletadas e conduzidas às galerias, além das águas residuárias domésticas, apenas as vazões pluviais provenientes das áreas pavimentadas interiores aos lotes (telhados, pátios etc.). Criava-se, então, o Sistema Separador Parcial, cujo objetivo seria reduzir os custos de implantação e as tarifas a serem pagas pelos usuários. Sistema separador absoluto Fonte: Adaptado de Von Sperling (2005) Em 1879, o engenheiro George Waring foi contratado para projetar um sistema de esgotos para a cidade de Memphis, no Tennesee, EUA, região onde predominava uma economia rural e pobre. Waring, então, projetou um sistema SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 8 de coleta e remoção das águas residuárias domésticas, excluindo as vazões pluviais no cálculo dos condutos. Estava criado o Sistema Separador Absoluto, constituído de uma rede coletora de esgotos sanitários e outra exclusiva para águas pluviais, que foi rapidamente difundido pelo resto do mundo. No Brasil, destacou-se na divulgação do novo sistema Saturnino Brito, cujos estudos fizeram com que, a partir de 1912, o separador absoluto passasse a ser adotado obrigatoriamente no país. Elementos de um sistema de esgotamento sanitário O Sistema de Esgotos Sanitários é o conjunto de obras e instalações destinadas a realizar a coleta, o transporte e o afastamento, o tratamento e a disposição final das águas residuais de uma comunidade, de forma sanitária adequada. O conjunto de condutos e obras destinado a coletar e transportar as vazões para um determinado local de convergência é denominado Rede Coletora de Esgotos. A coleta e o transporte das águas residuais, desde a origem até o lançamento final, constituem o fundamento básico de um sistema de saneamento. Os condutos que recolhem e transportam essas vazões são denominados de coletores e o seu conjunto compõe a rede coletora. A rede coletora, os emissários e as unidades de tratamento constituem o sistema de esgotos sanitários. Para este estudo, cabe conhecermos alguns conceitos que embasam o entendimento do sistema de esgotamento sanitário: Bacia de Drenagem: área delimitada pelos coletores que contribuem para um determinado ponto de reunião das vazões finais coletadas nessa área. Caixa de Passagem (CP): câmara subterrânea sem acesso, localizada em pontos singulares por necessidade construtiva e econômica do projeto. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 9 Coletor de Esgoto: tubulação subterrânea da rede coletora que recebe contribuição de esgotos em qualquer ponto ao longo de seu comprimento, também chamado coletor público. Coletor Principal: coletor de esgotos de maior extensão dentro de uma mesma bacia. Coletor Tronco: tubulação do sistema coletor que recebe apenas as contribuições de outros coletores. Corpo Receptor: curso ou massa de água onde é lançado o efluente final do sistema de esgotos. Diâmetro Nominal (DN): número que serve para indicar as dimensões da tubulação e acessórios. Emissário: canalização que deve receber esgoto exclusivamente em sua extremidade de montante, pois se destina apenas ao transporte das vazões reunidas. Estação Elevatória de Esgotos (EEE): conjunto de equipamentos, em geral dentro de uma edificação subterrânea, destinado a promover o recalque das vazões dos esgotos coletados a montante. Estação de Tratamento de Esgotos (ETE): unidade do sistema destinada a propiciar ao esgoto recolhido ser devolvido à natureza sem prejuízo ao meio ambiente. Interceptor: canalização que recolhe contribuições de uma série de coletores de modo a evitar que deságuem em uma área a proteger, por exemplo, uma praia, um lago, um rio. Ligação Predial: trecho do coletor predial situado entre o limite do lote e o coletor público. Órgãos Acessórios: dispositivos fixos sem equipamentos mecânicos (definição da NBR 9649/86 - ABNT). Passagem forçada: trecho com escoamento sob pressão, sem rebaixamento. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 10 Poço de Visita (PV): câmara visitável destinada a permitir a inspeção e trabalhos de manutenção preventiva ou corretiva nas canalizações - é um exemplo de órgão acessório. Profundidade do Coletor: a diferença de nível entre a superfície do terreno e a geratriz inferior interna do coletor. Recobrimento do tubo coletor: diferença de nível entre a superfície do terreno e a geratriz superior externa do tubo coletor. Rede Coletora: conjunto de condutos e órgãos acessórios destinados à coleta e remoção dos despejos gerados nas edificações, através dos coletores ou ramais prediais. Sifão Invertido: trecho de conduto rebaixado e sob pressão, com a finalidade de passar sob obstáculos que não podem ser transpassados em linha reta. Sistema Coletor: Todo o conjunto sanitário, constituído pela rede coletora, emissários, interceptores, estações elevatórias e órgãos complementares e acessórios. Tanque Fluxível: reservatório subterrâneo de água destinado a fornecer descargas periódicas sob pressão dentro dos trechos de coletores sujeitos a sedimentação de material sólido, para prevenção contra obstruções por sedimentação progressiva. Terminal de Limpeza (TL): dispositivo que permite introdução de equipamentos de limpeza, localizado na extremidade de montante dos coletores. Trecho de coletor: segmento de coletor, interceptor ou emissário limitado por duas singularidades consecutivas, por exemplo, dois poços de visita. Tubo de Inspeção e Limpeza (TIL): dispositivo não visitável que permite a inspeção externa do trecho e a introdução de equipamentos de limpeza. Tubo de Queda (TQ): dispositivo instalado no PV de modo a permitir que o trecho de coletora montante deságue no fundo do poço1. 1 Fonte: http://www.ceap.br/material/MAT15052014142755.pdf SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 11 Concepção de Rede de Esgotamento Sanitário Para o estudo de concepção de sistemas de esgoto sanitário, é necessário o desenvolvimento de uma série de atividades, sendo as principais: Dados e características da comunidade (localização; infraestrutura existente; cadastro dos sistemas existentes: abastecimento de água, esgoto sanitário, galerias de águas pluviais, pavimentação, telefone, energia etc. e condições sanitárias atuais); Análise do sistema de esgoto sanitário existente; Estudos demográficos e de uso e ocupação do solo (dados censitários, pesquisas de campo, análise socioeconômica do município, plano diretor da cidade, projeção da população da cidade etc.); Critérios e parâmetros de projeto (consumo efetivo per capita, coeficientes de variação de vazão – k1, k2 e k3, coeficientes de contribuição industrial, coeficiente de retorno esgoto/água, vazão de infiltração etc.); Cálculo das contribuições (doméstica, industrial e de infiltração ano a ano, por bacia ou sub-bacia); Formulação criteriosa das alternativas de concepção (estimativa de custo das alternativas estudadas e comparação técnico-econômica e ambiental das alternativas); Estudo de corpos receptores (vazões características, cotas de inundação, condições sanitárias e usos de montante e jusante atuais e futuros, aspectos legais da Resolução 20/90 do CONAMA e das legislações estaduais e municipais). Sistemas alternativos SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 12 As redes de esgotos representam cerca de 75% do custo de implantação de um sistema de esgoto sanitário, os coletores tronco 10%, as elevatórias 1%, e as estações de tratamento 14%. Devido ao alto custo da construção das redes, têm sido apresentados alguns sistemas alternativos para coleta e transporte, visando à diminuição dos custos das redes de esgotos, tais como Sistema Condominial de Esgoto ou Rede Coletora de Baixa Declividade. Sistema Condominial O condominial foi desenvolvido no Rio Grande do Norte, espalhando-se para outros estados brasileiros com pequenas adaptações. Esse sistema é uma forma de concepção de traçados de redes, cuja ideia central de sua implementação é a formação de condomínios, em grupos de usuários, em nível de quadra urbana como unidade de esgotamento. No aspecto físico, o ramal condominial, constitui uma rede de tubulações que passa quase sempre entre os quintais no interior dos lotes, cortando-os no sentido transversal. Intercalada nesta rede interna à quadra, de pequena profundidade, encontra-se em cada quintal, uma caixa de inspeção à qual se conectam as instalações sanitárias prediais, independentemente, constituindo um ramal multifamiliar. No aspecto social, resulta da formação de um condomínio, ou de condomínios, na quadra urbana, abrangendo o conjunto de usuários interligados pelo ramal multifamiliar. O condomínio, informal, é alcançado através de pacto entre vizinhos, o qual possibilita o assentamento dos ramais em lotes particulares e disciplina a participação dos condôminos no desenvolvimento dos trabalhos. A execução das obras é realizada pelos usuários do sistema com a ajuda do município ou empresa de saneamento básico. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 13 O traçado mais racional é discutido com os usuários e apresentado como padrão do serviço, permitindo modificações, desde que sejam assumidos os ônus adicionais por quem assim desejar. A operação e manutenção desse ramal é de responsabilidade do próprio condomínio, com cada condômino assumindo sua parcela do sistema que integra a rede coletora. Rede Coletora de Baixa Declividade Em áreas planas ou onde o terreno apresenta baixas declividades, a implantação e operação de redes coletoras de esgoto sanitário podem tornar-se bastante onerosas. Estas condições estão presentes, por exemplo, em um grande número de cidades litorâneas da costa brasileira. Nestes locais há uma situação de áreas planas com solos moles e lençol freático alto, exigindo disposições construtivas especiais, como escoramento contínuo de valas, rebaixamento do lençol, fundações especiais para a tubulação etc. Em consequência, a incidência dos custos relativos à escavação, escoramento, reaterro e recomposição da via se situa na faixa dos 80 a 90% do custo total de implantação. O custo nessas áreas eleva-se também pelo emprego de estações elevatórias de esgoto nesses locais. A busca de soluções de menor custo de implantação e operação de redes coletoras de esgotos para as situações antes descritas levou ao desenvolvimento das redes coletoras de baixa declividade. Trata-se de solução em que a rede é assentada a declividades drasticamente reduzidas, bem menores que as resultantes dos cálculos propostos na normalização com as vazões originais de dimensionamento. Para um coletor atendendo ao mesmo trecho, porém com uma declividade muitíssimo menor, observa-se a montante do trecho a presença de um dispositivo gerador de descargas (DGD) que através de suas descargas de esgoto origina o escoamento requerido para o transporte da carga sólida depositada, como na cidade de Guarujá, Estado de São Paulo. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 14 Ligações prediais e vazões de esgotos Os sistemas de ligações dos ramais prediais nos coletores de esgoto podem ser principalmente de dois tipos: sistema radial e sistema ortogonal. No sistema radial, dois ou mais ramais prediais são conectados ao coletor em um único ponto de ligação pré-definido. Neste sistema, o ramal interno e o ramal predial geralmente não ficam num mesmo alinhamento. É frequentemente empregado em áreas povoadas, com predominância de lotes estreitos (até 10 m de fachada) com até dois pavimentos ou em arruamentos com construções geminadas. No sistema ortogonal, diversamente do radial, para cada ramal predial haverá um ponto de conexão no coletor. Normalmente os ramais prediais são perpendiculares ao alinhamento da propriedade e no mesmo plano vertical do ramal interno. Este sistema é mais frequente em loteamentos de grandes fachadas (mais de 10 m) ou em conjuntos populares com construção simultânea de rede coletora convencional. As vazões para dimensionamento dos trechos de uma rede coletora são compostas por três parcelas: Contribuições devido ao esgoto doméstico Contribuições concentradas Contribuição de águas de infiltração Contribuição de Esgoto Doméstico SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 15 Calculadas para início e final do Alcance do Projeto. A consideração para o início do projeto é devida principalmente à condição mais crítica com relação à inclinação mínima que deve ter um coletor de modo que o material sólido não seja sedimentado no mesmo. Os valores usualmente empregados no Brasil variam entre 0,75 e 0,85. A Norma NBR 9649/86 recomenda adotar, na falta de dados confiáveis, C = 0,80. No entanto, o coeficiente de retorno pode variar desde 0,60 até 1,30, sendo que quando este é maior do que 1,0 indica que existem vazões provenientes de outras fontes de abastecimento como consumo de água de chuva, abastecimento próprio de indústrias etc. As cidades brasileiras geralmente apresentam o traçado das ruas em forma de xadrez com um padrão no qual a extensão das vias públicas por hectare varia relativamente pouco. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a extensão das vias públicas por hectare varia entre 150 e 200 metros, com um valor médio de 170m/ha. Contribuições Concentradas São devidas às áreas de expansão, indústrias, lavanderias públicas, clubes e demais instalações que gerem vazões elevadas concentradas. Calculadastambém para início e fim de projeto. Entram de maneira pontual e localizada em uma rede coletora de esgotos. Contribuição de Águas de Infiltração A infiltração ocorre devido à entrada de águas em juntas mal executadas, fissuras e rupturas nos coletores, entrada pelos poços de visita. Seu volume depende do nível d’água, da natureza do subsolo, da qualidade de execução da obra, do material da tubulação, tipo e distância das juntas etc. Na falta de dados, a NBR 9649/86 recomenda que se utilize uma taxa de infiltração entre 0,05 e 1,00l/s.km. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 16 Aspectos econômicos Dados divulgados pelo Ministério da Saúde afirmam que para cada R$ 1,00 investido no setor de saneamento, economizam-se R$ 4,00 na área de medicina curativa. A importância da implantação do sistema de abastecimento de água dentro do contexto do saneamento básico deve ser considerada tanto nos aspectos sanitário e social quanto nos aspectos econômicos, visando atingir aos seguintes objetivos: Aumento da vida produtiva dos indivíduos economicamente ativos; Diminuição de despesas com o tratamento de doenças evitáveis; Facilidade para instalações de indústrias, onde a água é utilizada como matéria-prima ou meio de operação; Incentivo à indústria turística em localidades com potencial para seu desenvolvimento; Redução do custo do tratamento de água de abastecimento, pela prevenção da poluição dos mananciais; Controle da poluição das praias e locais de recreação a fim de promover o turismo; Preservação da fauna aquática, especialmente os criadouros de peixes. Materiais empregados Tubos Cerâmicos e/ou Manilhas Cerâmicas de Barro Vidrado: construídos unicamente com ponta e bolsa nos diâmetros de 75, 100, 150, 200, 250, 375, 450, 525 e 600mm. As manilhas cerâmicas vidradas quase não são SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 17 afetadas pelos ácidos ou produtos de decomposição oriundos da matéria orgânica dos esgotos. Tubos de Concreto (simples ou armados): construídos com diâmetros a partir de 150mm, passam a substituir as manilhas cerâmicas acima de 350mm. Cuidados especiais devem ser tomados quando se utilizam tubos de concreto, pois se o esgoto que estiver sendo veiculado possuir temperaturas elevadas e havendo quantidades consideráveis de matéria orgânica e sulfatos, ocorre a formação de gás sulfídrico, que ataca o concreto dando origem à formação do enxofre. O enxofre é utilizado por determinadas bactérias aeróbias em seus processos respiratórios, dando origem à formação de ácido sulfúrico que ataca o cimento do concreto reduzindo sua resistência. Os tubos de concreto simples são fabricados nos diâmetros 150, 200, 225, 250, 300, 375, 400, 450, 500 e 600mm. Para grandes diâmetros é necessário o emprego de concreto armado que pode ser fabricado com 300, 350, 400, 450, 500, 600, 700, 800, 900, 1000, 1100, 1200, 1300, 1500, 1750 e 2000mm. Os tubos de concreto são muito empregados em sistemas de águas pluviais, devido a sua resistência à abrasão, disponibilidade em grandes diâmetros, grande resistência aos impactos e geralmente baixo custo em relação aos demais. Tubos de Cimento-Amianto: é durável e possui uma superfície lisa, mesmo sem revestimento. Tubos para coletores por gravidade são fabricados entre 100 mm e 400mm. Tubos de Ferro Fundido: são tubos de ponta e bolsa, acoplados com juntas elásticas ou não elásticas. São disponíveis nos diâmetros 50, 60, 75, 100, 125, 150, 175, 200, 225, 250, 275, 300, 350, 400, 450, 500, 550 e 600mm. Possuem elevada resistência às cargas externas. São SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 18 empregados principalmente nas seguintes situações: instalações elevatórias e linhas de recalque de esgoto, passagem sob rios, onde haja pequeno recobrimento (em zonas de trânsito pesado), em grandes profundidades e passagens sob estruturas sujeitas a trepidação (pontes ferroviárias ou rodoviárias). Os tubos de ferro fundido estão sujeitos à corrosão pelos esgotos ácidos ou em estado séptico e por solos ácidos, devendo ser previstos revestimentos internos e/ou externos de cimento ou de asfalto. Tubos de Aço: são recomendados nos casos em que ocorrem esforços elevados sobre a linha, como nos casos de travessias diretas de grandes vãos, pois devido à sua grande flexibilidade resistem ao efeito de choques, deslocamentos e pressões externas. Tubos de Plástico: os tubos plásticos mais usados nas redes coletoras são os de PVC. Os tubos de PVC são fabricados em duas classes e principalmente nos seguintes diâmetros 75, 100, 150, 200, 250, 300, 350, 400mm. Alguns fabricantes produzem-nos em diâmetros maiores. O comprimento padrão é de 6 metros. São empregados principalmente em ligações prediais e coletores secundários. Conclusão A implantação de estações de tratamento de esgotos (ETE) é o método mais adequado a ser utilizado para os corpos receptores das vazões esgotáveis, provenientes tanto de esgoto doméstico quanto industrial, pois o ambiente não possui a capacidade de absorção da carga orgânica ou química total do efluente. A capacidade das ETE será sempre dimensionada de modo que o efluente contenha em seu meio uma carga orgânica no máximo suportável pelo corpo SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 19 receptor, ou seja, que não cause danos irreversíveis ao equilíbrio do ambiente como meio natural. 2. Estação Elevatória de Esgoto Segundo a NBR 12208/92, estações elevatórias de esgoto são obras civis como poços de sucção e instalações eletromecânicas responsáveis pelo transporte do esgoto sanitário do nível do poço de sucção das bombas ao nível de descarga na saída do recalque propiciando assim o recalque das vazões de esgotos coletadas a montante. As estações elevatórias de esgotos são comuns em cidades de grande porte que possuem áreas planas ou onde existam declividades superficiais menores às consideradas mínimas necessárias para seu devido funcionamento e, nestes casos, temos que na evolução do traçado das tubulações coletoras elas vão constantemente se afastando da cota superficial até alcançarem as profundidades necessitando então que se elevem as cotas dos coletores a profundidades mínimas, o que só é possível através de instalações de recalque; após, seguirá um novo coletor até o destino da linha ou outro conjunto de recalque. As estações elevatórias são comumente utilizadas no caso de interceptores muito longos com atenção maior nos que estão localizados às margens dos corpos hídricos, nas entradas das Estações de Tratamento de Esgotos ou nos emissários. As estações elevatórias podem ser classificadas segundo a sua vazão e a altura manométrica de acordo com a NB 569/89. Segundo a vazão, elas são SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 20 consideradas pequenas quando é menor que 50l/s; médias quando estão compreendidas entre 50l/s e 500l/s e grandes quando são acima de 500l/s. Pequena: Qr ≤ 50l/s (aproximadamente uma população de até 20.000hab); Média: 50 ≤Qr ≤ 500l/s (população entre 20.000 e 200.000hab); Grande: Qr ≥ 500l/s (população acima de 200.000hab). Segundo a altura manométrica, elas são consideradas de baixa carga quando são menores que 10 metros de coluna d´água (mca); são de média carga quando estão compreendidas entre 10mca e 20mca; e são de alta carga quando são superiores a 20mca. Baixa: Hman ≤ 10mca; Média: 10 ≤ Hman ≤ 20mca; Grande: Hman ≤ 20mca. As vazões máximas e mínimas desde o início até o final do projeto e as informações do coletor ou do interceptor afluente são os parâmetros básicos de um projeto de estação elevatória. Já a escolha da localização das instalações deve ter como parâmetros não só os aspectos técnicos, mas também os econômicos, tais como acesso arede elétrica de distribuição, acesso para manutenção, custo da área onde serão instaladas bem como menor desnível geométrico entre a captação e o fim do recalque e menor extensão; abrigo contra inundações; distância das habitações; a possibilidade de descargas dos esgotos em cursos d’água ou galerias se ocorrerem eventuais paralisações do sistema elevatório, além de prever futuras ampliações. O conhecimento das variações das vazões máximas e da topografia da região vai determinar o tipo de projeto e todas as suas fases (assim como o conjunto motobomba para pequenas vazões) de instalações automatizadas. As Estações Elevatórias de Esgotos são constituídas de: SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 21 Poço de Coleta, ou Poço de Detenção, de Sucção ou Poço Úmido, local destinado a receber e acumular os esgotos por um período de tempo. Nos casos em que a vazão de bombeamento for superior à de chegada dos Esgotos, poderá haver entrada de ar na bomba e seu funcionamento será comprometido. Quando ocorrer a acumulação temporária dos esgotos num poço de coleta, é possível fazer com que as bombas entrem em funcionamento ou se desliguem automaticamente de acordo com o nível do esgoto com posições mais elevadas ou mais baixas no local. Poço Seco ou Câmara de Trabalho, local onde são instalados os conjuntos de geradores, motobombas, válvulas de controle, exaustores, além das estruturas de manutenção e transporte de equipamentos. Dependências Gerais se localizam sobre o poço seco possuindo acomodação para os operadores, equipamentos e os dispositivos necessários para a operação e manutenção. Estação elevatória convencional Fonte: http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/ES10_02.html As condições para determinar o tipo de bomba são a altura manométrica local e a capacidade da mesma. As bombas devem poder recalcar a quantidade de SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 22 esgoto afluente. A altura manométrica da bomba deve estar de acordo com a altura estática de recalque que é a elevação entre o nível máximo de líquido no poço da descarga menos o nível mínimo do líquido no poço de sucção. A chamada altura dinâmica consta das perdas de carga que ocorrem nas linhas de sucção e de recalque. Os principais tipos de bombas utilizadas para recalques são as centrífugas com velocidade fixa ou variável com eixo vertical ou horizontal. As verticais podem ser com motor acoplado ou de eixo longo. Existem também os conjuntos motobombas submersíveis de eixo vertical. As bombas devem trabalhar afogadas, ou seja, com carga na entrada, que permite o funcionamento sem necessidade de escorvá-las - isto é, eliminar o ar existente no interior da bomba e da tubulação de sucção. Além destas, existem as bombas tipo parafuso e as elevatórias com ejetor pneumático. Bombas centrífugas As bombas centrífugas para esgotos são do tipo aberto, com diâmetros até 5 cm, possibilitando o bombeamento de sólidos em suspensão no esgoto. Nas estações elevatórias utilizam-se bombas dos tipos: a) De eixo vertical para instalação em poço seco; b) De eixo vertical para instalação em poço molhado c) De eixo horizontal; d) Conjunto motobomba submersível. As bombas de eixo horizontal são as mais utilizadas, porém as bombas de eixo vertical possuem a vantagem de serem operadas por motores colocados em cota elevada. A vazão de bombeamento, partindo do pressuposto de somente uma unidade em funcionamento, deverá ser igual ou pouco superior à vazão SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 23 máxima de chegada dos esgotos na estação, para que, quando houver maior chegada, o nível do líquido no poço de sucção seja constante. Bomba eixo vertical Fonte: http://bhandariengg.com/product/sewage-sumbrsible-pump Bomba eixo horizontal http://pt.made-in-china.com/co_yzsuhua/product_Split-Casing-Sewage- Centrifugal-Submersible-Water-Pump-OMEGA-_hrguhyeeg.html Para a altura manométrica total, deverá somar-se a distância vertical medida entre o nível do esgoto no poço de coleta e o nível de chegada ao ponto de lançamento; e como o nível de sucção varia, para efeito de cálculo pode ser usado o nível médio, ou seja, a média entre os níveis máximo e mínimo. Para o funcionamento de uma só bomba por vez observa-se que a sua capacidade deverá ser um pouco superior à vazão máxima, evitando que o poço transborde e refluxos na tubulação de chegada. Para as elevatórias com duas bombas, é comum que elas operem de maneira alternada; para isto, instala-se um sistema de comando possibilitando o SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 24 revezamento automático das bombas quando o nível do esgoto atingir o nível superior. Dimensionamento do poço de sucção O Poço de sucção é o compartimento que vai receber e acumular os esgotos durante um dado período de tempo. Para o dimensionamento do poço de sucção, o volume útil utilizado é o volume líquido entre o nível máximo e o nível mínimo de operação do poço que é a faixa de operação das bombas, e é determinado observando-se o intervalo de tempo entre partidas consecutivas do motor ou o tempo de ciclo que vai levar ao tempo de detenção do esgoto no poço. Outro ponto de conhecimento é a vazão de bombeamento. Volume útil do poço de sucção Para o cálculo do volume útil do poço de sucção, e em relação às bombas, é de conhecimento que o número de partidas por hora não vá ultrapassar 10 minutos e que não aconteça mais do que 4 acionamentos por hora. Então, temos que o volume é dado por: V = (Q .T) / 4 Onde: V = Volume útil do poço (m3) Q = Vazão da maior bomba com velocidade constante (m3 / minuto). T = intervalo de tempo entre duas partidas consecutivas de uma bomba com o mínimo de 10 minutos Volume efetivo SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 25 Para determinar o volume efetivo estabelece-se que o tempo de detenção máximo do esgoto no poço esteja entre 10 e 20 minutos onde temos: V1 = Q1 . T1 Onde: V1 = Volume efetivo do poço de sucção (m3) Q1 = Vazão média de projeto, afluente da elevatória (m3 / minuto) T1 = Tempo de detenção no poço em minutos Interceptores De acordo com a NBR 12207, interceptores são canalizações cuja função principal é a de receber e transportar o esgoto sanitário coletado, caracterizada pela defasagem das contribuições, da qual resulta o amortecimento das vazões máximas. Devem ter como requisitos o levantamento topográfico planialtimétrico dotado de curvas de nível de metro em metro e pontos intermediários cotados nas depressões e pontos altos, da faixa necessária ao projeto do interceptor possuindo escala mínima de 1:1000. Deve-se fazer um levantamento cadastral de interferências, acidentes e obstáculos, tanto superficiais como subterrâneos, na faixa da diretriz provável do interceptor bem como as sondagens de reconhecimento da natureza do terreno e níveis do lençol freático ao longo da diretriz provável do interceptor. Deve-se ter, também, o estudo de concepção de acordo com a norma NBR 9648 e os relatórios de projeto das redes coletoras afluentes de acordo com a norma NBR 9649. Em relação à avaliação das vazões, para cada trecho do interceptor devem ser estimadas as vazões inicial e final, onde: SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 26 a) Qi, n = vazão inicial do trecho n; b) Qi, n = Qi, n - 1 + ∑ Qi onde Qi = vazão inicial a jusante do último trecho de uma rede afluente ao PV de montante do trecho n, calculada conforme critério da NBR 9649; c) Qf, n = vazão final do trecho n; d) Qf, n = Qf, n - 1 + ∑ Qf onde Qf = vazão final a jusante do último trecho de uma rede afluente ao PV de montante do trecho n, calculada conforme critério da NBR 9649; Aspectos como as populaçõesou as áreas de edificações, em casos de estiagem ou tempo seco, e contribuições pluviais conhecidas como parasitárias devem ser levados em consideração. As populações ou as áreas edificadas contribuintes a considerar na avaliação da vazão final devem ser as do alcance do projeto. A contribuição de tempo seco lançada ao interceptor, permanente ou temporariamente, deve ser adicionada à vazão inicial e, quando for o caso, à vazão final. A contribuição pluvial parasitária deve ser adicionada à vazão final para a análise de funcionamento e para o dimensionamento dos extravasores, bem como deve ser determinada com base em medições locais. Em caso do não levantamento das medições, pode ser adotada uma taxa cujo valor deve ser justificado e que não deve superar 6 l/s.km de coletor contribuinte ao trecho em estudo. O traçado do interceptor deve ser constituído preferencialmente por trechos retos em planta e em perfil e, nos casos especiais justificados, podem ser empregados trechos curvos em planta. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 27 Interceptores Foto: Sanepar/Foz Quanto ao dimensionamento hidráulico, observa-se que o regime de escoamento no interceptor é gradualmente variado e para efeito do dimensionamento hidráulico ele pode ser considerado permanente e uniforme. Algumas condições específicas podem ser observadas, tais como: trecho com grande declividade deve ser interligado ao de baixa declividade por um segmento de transição com declividade crítica para a vazão inicial; as ligações ao interceptor devem ser sempre através de dispositivo especialmente projetado para evitar conflito de linhas de fluxo e diferença de cotas. A admissão da contribuição de tempo seco no interceptor deve ser através de dispositivo que SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 28 evite a entrada de material grosseiro, detritos e areia; e o dispositivo de admissão de água no interceptor deve limitar esta contribuição, de modo a não superar 20% da vazão final do trecho a jusante do ponto de admissão. Emissários Segundo a norma NBR 9649 (ABNT 1986), o emissário é a tubulação que recebe esgoto exclusivamente na extremidade de montante. Ele é comumente o último trecho de um interceptor que precede e contribui para uma estação elevatória ou uma ETE ou para descarga no destino final do esgoto. Os emissários são projetados para funcionar como condutos livres e devem ser dimensionados atendendo a situações extremas de projeto. De acordo com a ocorrência nas localidades onde os coletores estão impossibilitados de continuar ou descarregar o esgoto bruto, tem-se que instalar interceptores, bem como para transportar vazões finais para longe da área de coleta, será necessária a construção de um emissário. Recomenda-se que, em qualquer trecho, o menor valor de vazão a ser utilizado nos cálculos seja de 1,5l/s, que está de acordo com o pico instantâneo decorrente de descarga de um vaso sanitário. Sifão Invertido O sifão invertido é um trecho de tubulação rebaixado e com escoamento sob pressão. Possui a finalidade de transpor depressões, algum obstáculo ou transpor rios, valas, canais ou a maioria dos cursos de água. Os sifões invertidos, bem como as tubulações de recalque das estações elevatórias, são as poucas unidades que funcionam sob pressão nos sistemas de SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 29 esgotos sanitários. O escoamento acontece por gravidade muito embora estejam sob pressão, diminuindo então o gasto com energia elétrica. Sistema de disposição oceânica de esgotos sanitários A resolução do Ministério do Meio Ambiente – MMA nº 430, de 13 de maio de 2011, informa que Emissário submarino é a “tubulação provida de sistemas difusores destinada ao lançamento de efluentes no mar, na faixa compreendida entre a linha de base e o limite do mar territorial brasileiro”, e tem como função promover o tratamento de efluentes utilizando processos naturais que dispersam, diluem e assimilam naturalmente os efluentes após um pré-tratamento nas ETEs com a finalidade de reduzir as concentrações de poluentes, tornando-as admissíveis em relação à legislação, diminuindo assim o impacto na saúde pública e no meio ambiente. A disposição oceânica através de emissários submarinos possui algumas vantagens como um menor custo operacional, afasta para longe o efluente e assim promove melhoria da saúde pública, uma maior confiabilidade operacional, possibilita menor geração de odor. Como desvantagens podemos citar o custo elevado da obra e tubulações, a possibilidade de causar impacto no ambiente bentônico, utilizar o efluente para reúso não é aplicável e uma menor aceitabilidade da população. Os materiais utilizados nas tubulações dos emissários submarinos variam em função das características do ambiente, tais como batimetria e dinâmica das ondas em função da agressividade deste ambiente no material das tubulações e estruturas de ancoragens no leito marinho. Para locais profundos, com marés muito fortes e grandes vazões de efluentes, utiliza-se ferro ou aço revestido de concreto ou somente de concreto. Para SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 30 menores vazões, leito raso e menor incidência da força das marés utilizam-se materiais como o polietileno de alta densidade. Antes do lançamento, os efluentes devem passar por uma Estação de Tratamento ou de Pré-Condicionamento com a finalidade de diminuir as concentrações dos poluentes e contaminantes presentes nos esgotos brutos; pode ser planejada a forma de realizar um tratamento preliminar, primário ou secundário, de acordo com as possiblidades econômicas e técnicas. Para a implantação de um sistema de tratamento anterior ao lançamento nos emissários, alguns aspectos devem ser levantados, tais como a composição do esgoto, o local de lançamento, a capacidade de difusão dos efluentes no corpo receptor bem como os padrões de qualidade. No Brasil, as estações responsáveis pelo tratamento dos efluentes antes do lançamento nos emissários possuem apenas o tratamento preliminar, visando retirar os sólidos grosseiros do efluente através de processos como gradeamento e caixas de areia. Quando lançado no mar através, de emissário submarino, o processo de dispersão dos efluentes possui três fases. A primeira é a de diluição inicial na qual a energia mecânica do efluente e a dinâmica das correntes marítimas promovem uma diluição no corpo receptor; a segunda fase consiste na difusão horizontal e vertical do efluente; e a terceira fase ocorre com a difusão turbulenta promovida pelas correntes marítimas na região do lançamento. Os emissários são utilizados em várias partes do mundo como uma alternativa para afastar os efluentes da população. Como exemplos de emissários no Brasil, temos o de Ipanema/RJ, com uma extensão de 4325m a uma profundidade de 26m e com uma vazão de 12m3/s; o SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 31 de Maceió/AL possui 3100m a 15m de profundidade e com uma vazão de 4,2 m3/s; o de Salvador/BA possui 2350m a 28m de profundidade com uma vazão de 2 m3/s. Nos Estados Unidos, em Boston/Massachusetts, o emissário possui 15000m a 30m de profundidade e com uma vazão de 55,6m3/s. Sistema de Disposição Oceânica Jaguaribe (Salvador) Fonte: http://piniweb.pini.com.br/construcao/infra-estrutura/emissario-submarino-da- bahia-utiliza-metodos-nao-destrutivos-240568-1.aspx SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 32 Emissário Ilha Deer, Boston, Mass (EUA) Fonte: Marjari, 2008, p. 20. A efetiva realização de um Sistema de Esgotamento Sanitário beneficia efetivamente as comunidades e o meio ambiente evitando que as águas servidas possam poluir o solo e contaminaras águas superficiais e lençóis freáticos; e eliminando o escoamento pelas valas a céu aberto e sarjetas que constitui em focos de disseminação de doenças. Promove mudanças de hábito, aumento da expectativa de vida da população e melhoria nas condições sociais e econômicas. 3. Tecnologias A composição do esgoto é bastante variável, apresentando maior teor de impurezas durante o dia e menor durante a noite. A matéria orgânica, especialmente as fezes humanas, confere ao esgoto sanitário suas principais características, mutáveis com o decorrer do tempo, pois sofre diversas alterações até sua completa mineralização ou estabilização. Enquanto o esgoto sanitário causa poluição orgânica e bacteriológica, o industrial produz a poluição química. O efluente industrial, além das substâncias presentes na água de origem, contém impurezas orgânicas e/ou inorgânicas resultantes SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 33 das atividades industriais, em quantidade e qualidade variáveis de acordo com o segmento industrial. Os corpos d’água podem se recuperar da poluição, ou depurar-se pela ação da própria natureza. O efluente pode ser lançado sem tratamento em um curso d'água, desde que a descarga poluidora não ultrapasse cerca de quarenta avos da vazão: um rio com 120l/s de vazão pode receber, grosso modo, a descarga de 3l/s de esgoto bruto, sem maiores consequências. Frequentemente, os mananciais recebem cargas de efluentes muito elevadas para sua vazão e não conseguem se recuperar pela autodepuração, havendo a necessidade da depuração artificial ou tratamento do esgoto. O tratamento do efluente pode, inclusive, transformá-lo em água para diversos usos, como a irrigação ou a limpeza, por exemplo. A escolha do tratamento depende das condições mínimas estabelecidas para a qualidade da água dos mananciais receptores e em função de sua utilização. Em qualquer projeto é fundamental o estudo das características do esgoto a ser tratado e da qualidade do efluente que se deseja lançar no corpo receptor. Os principais aspectos a serem estudados são vazão, pH e temperatura, demanda bioquímica de oxigênio - DBO, demanda química de oxigênio - DQO, toxicidade e teor de sólidos em suspensão ou sólidos suspensos totais - SST. Ao se definir um processo, deve-se considerar sua eficiência na remoção de DBO e coliformes, a disponibilidade de área para sua instalação, os custos operacionais, especialmente energia elétrica, e a quantidade de lodo gerado. Alguns processos exigem maior escala para uma maior população atendida, apresentando custos per capita compatíveis. Na implantação de um sistema de esgotamento sanitário, compreendendo também a rede coletora, a estação de tratamento representa cerca de 20% do custo total. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 34 O tratamento biológico é a forma mais eficiente de remoção da matéria orgânica dos esgotos. O próprio esgoto contém grande variedade de bactérias e protozoários para compor as culturas microbiais mistas que processam os poluentes orgânicos. O uso desse processo requer o controle da vazão, a recirculação dos micro-organismos decantados, o fornecimento de oxigênio e outros fatores. Os fatores que mais afetam o crescimento das culturas são a temperatura, a disponibilidade de nutrientes, o fornecimento de oxigênio, o pH, a presença de elementos tóxicos e a insolação (no caso de plantas verdes). A matéria orgânica do esgoto é decomposta pela ação das bactérias presentes no próprio efluente, transformando-se em substâncias estáveis, ou seja, as substâncias orgânicas insolúveis dão origem a substâncias inorgânicas solúveis. Havendo oxigênio livre (dissolvido), são as bactérias aeróbias que promovem a decomposição. Na ausência do oxigênio, a decomposição se dá pela ação das bactérias anaeróbias. A decomposição aeróbia diferencia-se da anaeróbia pelo seu tempo de processamento e pelos produtos resultantes. Em condições naturais, a decomposição aeróbia necessita três vezes menos tempo que a anaeróbia e dela resultam gás carbônico, água, nitratos e sulfatos, substâncias inofensivas e úteis à vida vegetal. O resultado da decomposição anaeróbia é a geração de gases como o sulfídrico, metano, nitrogênio, amoníaco e outros, muitos dos quais malcheirosos. A decomposição do esgoto é um processo que demanda vários dias, iniciando-se com uma contagem elevada de DBO, que vai decrescendo e atinge seu valor mínimo ao completar-se a estabilização. A determinação da DBO é importante para indicar o teor de matéria orgânica biodegradável e definir o grau de poluição que o esgoto pode causar ou a quantidade de oxigênio necessária para submeter o esgoto a um tratamento aeróbio. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 35 As tecnologias de tratamento de efluentes nada mais são que o aperfeiçoamento do processo de depuração da natureza, buscando reduzir seu tempo de duração e aumentar sua capacidade de absorção, com consumo mínimo de recursos em instalações e operação e o melhor resultado em termos de qualidade do efluente lançado, sem deixar de considerar a dimensão da população a ser atendida. Existem alguns outros processos alternativos para tratamento de esgotos e de águas residuais que são mais econômicos por serem processos naturais e sem mecanização. Os principais são: Valos de Oxidação; Lagoas de Estabilização; Lançamento no Terreno. Valo de Oxidação Trata-se do mesmo princípio do processo biológico de lodos ativados, com períodos de aeração maiores (aeração prolongada) que os comumente adotados nos processos convencionais. Os Valos de Oxidação são unidades compactadas de tratamento por meio de aeração prolongada. Logo, são estações a nível secundário. O processo procura reproduzir os fenômenos dos rios com velocidade abaixo de 0,5 m/s. Podem ou não ser sucedidos por Decantadores Secundários. Tanque de aeração Fonte: http://www2.corsan.com.br/sitel/www/?page_id=54 Lagoas de Estabilização SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 36 São unidades de tratamento de águas residuárias vantajosas sempre que existir disponibilidade de terreno e área suficiente, pois apresentam reduzidos custos de implantação e operação. O processo é simples, de fácil operação e sem necessidade de equipamentos elétricos e mecânicos. A área deve ser predominantemente plana. Lagoa de estabilização Fonte: http://www2.corsan.com.br/sitel/www/?page_id=54 Lançamentos no Terreno Constituem-se normalmente em um misto de tratamento a nível secundário e disposição final. É classificado como nível secundário devido à atuação de mecanismos biológicos e à sua elevada eficiência na remoção de poluentes. Graus de Tratamento Usualmente, consideram-se os seguintes níveis para o tratamento de esgotos domésticos, que compreendem normalmente processos físicos, químicos e biológicos, atuando isolada ou concomitantemente: Preliminar; Primário; Secundário; Terciário (apenas eventualmente). Tratamento Preliminar SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 37 Destina-se principalmente à remoção de sólidos grosseiros que são substâncias de maiores dimensões, tais como minerais na forma de areia, materiais flutuantes, óleos e graxas. O tratamento preliminar possui como finalidades principais proteger as unidades de tratamento; proteger os corpos receptores da poluição; prevenir a abrasão nos dispositivos de transporte do esgoto, tais como as tubulações e as bombas; evitar o entupimento nas tubulações. Tratamento Primário Destina-se à remoção de impurezas sedimentáveis, grande parte de sólidos em suspensão sedimentáveis e sólidos flutuantes com a utilização de mecanismos físicos. Os resultados obtidos geralmente estão compreendidos entre 30 e 40% de remoção daDBO, dependendo das unidades constituintes. A decantação é o processo primário básico. Os lodos retirados dos decantadores são submetidos a tratamento próprio. As instalações para tratamento primário normalmente são precedidas de unidades de tratamento preliminar e possuem dispositivos para tratamento do lodo decantado, que se constitui na fase sólida do tratamento. Nos decantadores primários, ocorre o que se denomina sedimentação floculenta, onde são removidos Sólidos em Suspensão (SS). A remoção do lodo acumulado será feita diretamente para os digestores ou para adensadores de lodo, por bombeamento. Uma forma de tratamento a nível primário para pequenas vazões são as Fossas Sépticas e os Tanques Imhoff. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 38 Esquema de fossa séptica Fonte: http://www.fkcomercio.com.br/dicas_de_fossa_septica.html Tratamento Secundário O processo de tratamento secundário destina-se principalmente à remoção de toda a matéria orgânica fina e a matéria orgânica na forma de sólidos dissolvidos não removidos no processo de tratamento primário. Ele reproduz os fenômenos naturais de estabilização da matéria orgânica no corpo receptor, por isso também é conhecido como Tratamento Biológico. Os resultados obtidos são entre 70 e 98% da DBO, dependendo das unidades constituintes. Normalmente, em grandes Estações de Tratamento de Esgotos, o tratamento secundário envolve um Processo Biológico Aeróbio (Oxidação) seguido de Decantação Secundária, e não necessariamente é antecedido por um Tratamento Primário, pode seguir diretamente de um Tratamento Preliminar. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 39 Fonte: http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/esg4.htm Decantador secundário Fonte: http://www2.corsan.com.br/sitel/www/?page_id=54 Tratamento Terciário São tratamentos para situações especiais, que se destinam a completar o tratamento secundário sempre que as condições locais exigirem um grau de depuração excepcionalmente elevado (devido aos usos e reúsos das águas receptoras) e também para os casos em que seja necessária a remoção de nutrientes dos efluentes finais, para evitar a proliferação de algas no corpo de água receptor (fenômeno da eutrofização). SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 40 Lago eutrofizado Fonte: http://biocarthagenes.blogspot.com.br/2011/07/eutrofizacao-eutroficacao_12.html Operações e Processos O Tratamento de Esgoto e Efluentes compreende normalmente processos Físico- Químicos e Biológicos. Processo Físico-Químico Este processo consiste na adição de soluções químicas, de composição e concentração conhecidas, a um efluente de origem industrial, ou não, que possui componentes na forma solúvel e na forma particulada, usado para remover poluentes que não podem ser removidos por processos biológicos convencionais. Esse tipo de tratamento também é usado para reduzir a carga orgânica antes do tratamento biológico. Com isso, a carga orgânica da estação de tratamento de efluentes (ETE) biológica é também diminuída. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 41 Esquema ETE Fonte: http://selmawebsite.blogspot.com.br/2009/04/esquema-de-uma-ete.html Estações de Tratamento de Água (ETAs) utilizam o tratamento físico-químico para tornar a água potável. Esquema ETA Fonte: https://aguapratodos.wordpress.com/author/wimacpp/ SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 42 O processo Físico-Químico consiste das seguintes etapas: Floculação; Coagulação; Decantação; Separação. Floculação Nessa etapa, os flocos são agregados, por adsorção, às partículas dissolvidas ou em estado coloidal. No Brasil, o coagulante mais utilizado é o sulfato de alumínio (Al2(SO4)3), que é obtido por meio da reação química entre o óxido de alumínio (Al2O3) e o ácido sulfúrico (H2SO4). O sulfato de alumínio é adicionado à água com o óxido de cálcio (CaO), mais conhecido como cal virgem. Quando essas duas substâncias misturam-se na água, ocorre uma transformação química que forma uma substância gelatinosa, o hidróxido de alumínio (Al(OH)3). Essa transformação química ocorre porque, em meio aquoso, o sulfato de alumínio gera os seguintes íons: Al2(SO4)3 → 2 Al3+ + 3 SO42- Os íons Al3+ passam a atuar de duas formas: (1) a minoria desses cátions neutraliza as cargas negativas das impurezas presentes na água, e (2) a maioria desses cátions interage com os íons hidroxila (OH-) da água, formando o hidróxido de alumínio: Al2(SO4)3 + 6 H2O → 2 Al(OH)3 +6 H+ + 3 SO42- O hidróxido de alumínio está carregado positivamente e, por essa razão, consegue neutralizar as impurezas coloidais carregadas negativamente que estão SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 43 na água. O resultado é que as partículas de sujeira sofrem aglutinação e se ligam ao hidróxido de alumínio, formando “flocos” (ou flóculos) sólidos. Isso é feito para o controle do pH do meio. Note que a última equação química acima apresenta um excesso de H+. Isso constitui um problema porque torna o meio ácido (pH < 7), o que impede a formação do hidróxido de alumínio. Assim, quando a cal é adicionada à água, ela forma o hidróxido de Cálcio (cal hidratada, cal extinta ou cal apagada): CaO + H2O → Ca(OH)2 O hidróxido de Cálcio (Ca(OH)2) é uma base e, portanto, torna o meio alcalino ou básico, aumentando o pH do sistema. Depois disso, essa água é levada para a próxima etapa do tratamento, que ocorre nos tanques de decantação. Lá os flóculos (formados de lama, argila e micro-organismos) sedimentam-se e são separados. Etapa de floculação em Estação de Tratamento de Água Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/floculacao.htm Coagulação Esta etapa se resume na aglomeração das impurezas que estão em estado coloidal, e algumas que se encontram dissolvidas, em partículas maiores que SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 44 possam ser removidas por decantação ou filtração. A coagulação usa produtos químicos como sais de alumínio e ferro que reagem com a alcalinidade da água formando hidróxidos desestabilizadores dos coloides e partículas em suspensão. O processo de coagulação pode ser, então, realizado por meio da adição de Cloreto Férrico e tem por finalidade transformar as impurezas da água que se encontram em suspensão fina, em estado coloidal. Inicialmente, são adicionados no canal de entrada da ETA a solução de Cal e o Cloreto Férrico. Em seguida a água é encaminhada para o tanque de Pré-Floculação para que o coagulante e a cal se misturem uniformemente no líquido, agindo assim de uma forma homogênea e efetiva. Decantação Nessa etapa, os flocos são sedimentados. As partículas são arrastadas até o fundo do decantador para constituírem lodo químico (formado pela adição de coagulantes, geralmente não naturais). Tanques de sedimentação em estação de tratamento de água Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/decantacao.htm Separação SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 45 Esta etapa consiste na separação entre os sólidos (lodo) e o líquido (efluente bruto) por meio da sedimentação das partículas sólidas através dos decantadores, permitindo que os sólidos em suspensão, que apresentam densidade maior do que a do líquido circundante, sedimentem gradualmente no fundo, dando origem ao Lodo Primário Bruto. Processo biológico O processo de digestão biológico consiste na redução da carga poluidora DBO e DQO, contida em um efluente de origem sanitária. Ele ocorre no interior de reatores anaeróbios ou reatores aeróbios que possuem em seu interior microfauna anaeróbica ou aeróbica. O resultado desta depuração é a obtençãode lodo anaeróbico ou lodo ativado, além do efluente tratado com baixa carga de DBO e DQO que, atendendo aos parâmetros de emissão, pode ser descartado em corpo receptor ou utilizado como água de reuso. Este processo reproduz, de certa forma, o que ocorre em um curso de água onde são lançados despejos. No corpo d'água, a matéria orgânica é convertida em produtos mineralizados inertes por mecanismos naturais – é o denominado fenômeno da autodepuração. Em uma estação de tratamento de esgotos ocorre o mesmo, mas com tecnologia se consegue fazer com que o processo se desenvolva em condições controladas (controle da eficiência) e em taxas mais elevadas, permitindo soluções mais compactas. A remoção da matéria orgânica dos esgotos ocorre por dois tipos de processos, o oxidativo (oxidação da matéria orgânica) ou o fermentativo (fermentação da matéria orgânica). No processo oxidativo a matéria orgânica é oxidada por um agente presente no meio líquido – oxigênio, nitrato ou sulfato. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 46 No processo fermentativo ocorrem determinadas reações de forma que depois de várias ocorrências sequenciais os produtos se tornam estabilizados, isto é, não mais suscetíveis à fermentação. Há organismos adaptados funcionalmente para as diversas condições de respiração para o tratamento de esgotos. Os organismos aeróbios estritos utilizam apenas o oxigênio livre na sua respiração; os organismos facultativos utilizam o oxigênio livre (preferencialmente) ou o nitrato; os organismos anaeróbios estritos utilizam o sulfato ou o dióxido de carbono, não podendo obter energia através da respiração aeróbia. As reações de oxidação que ocorrem no tratamento de esgotos são, portanto, do tipo aeróbias, anóxicas ou anaeróbias. Os sistemas anaeróbios trazem como vantagem a reduzida mecanização e o baixo consumo energético, com uma menor taxa de geração de lodo residual e uma menor área de instalação, tendo custos de implantação e operação mais vantajosos. No entanto, os tratamentos anaeróbios apresentam eficiência inferior aos aeróbios. Uma desvantagem associada aos sistemas anaeróbios de tratamento de efluentes é o risco de emissão de odores, dependendo do tipo de efluente a ser tratado e do nível de controle operacional do sistema, pois o processo anaeróbio converte parte da matéria orgânica em gás metano, o que permite produzir um menor volume de lodo residual. O uso de queimadores de gases, especialmente quando se trata de grandes unidades, reduzem o risco operacional. Os sistemas anaeróbios têm sido implantados com sucesso no tratamento de esgoto sanitário de comunidades e indústrias, principalmente do ramo de alimentos e bebidas, seguidos por um sistema aerado que os complementa. Para o tratamento biológico das águas residuárias em cidades de pequeno e médio porte, o tratamento anaeróbio é mais utilizado quando o processo aeróbio exigir a alimentação de oxigênio com custos suplementares de energia elétrica. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 47 O que ocorre, na maioria dos casos, é um consórcio entre estes processos, sendo destacados os reatores anaeróbios (RAFA) associados a filtros biológicos e lagoas, com eficiência e baixo custo. 4. Tratamento Preliminar A primeira fase do tratamento nas estações é o preliminar. Destina-se à remoção de sólidos grosseiros, que são substâncias de maiores dimensões, tais como minerais na forma de areia, materiais flutuantes, óleos e graxas. O tratamento preliminar possui, como finalidade principal, proteger as unidades de tratamento, prevenir e proteger os corpos receptores da poluição, prevenir a abrasão nos dispositivos de transporte do esgoto, tais como as tubulações e as bombas, e também evitar o entupimento nas tubulações. No Tratamento Preliminar, existem unidades ou dispositivos específicos empregados, que são: Gradeamento; Caixas de areia; Tanques para remoção dos sólidos flutuantes; Tanques para remoção de óleos e graxas. As unidades ou dispositivos se iniciam com o Gradeamento, destinado a reter os sólidos de maior tamanho ou chamados sólidos grosseiros que não foram diluídos ou não constituem elementos a serem tratados na estação. Os tipos de grades no gradeamento podem variar em função da tecnologia especificada ou com os investimentos disponíveis para o tratamento. As grades simples apresentam a utilização de funcionários para a limpeza manual e são destinadas a pequenas instalações ou para pequenas comunidades. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 48 Gradeamento simples Fonte: http://jorcyaguiar.blogspot.com.br/2011_05_01_archive.html?view=classic As grades mecanizadas são mais sofisticadas, possuem limpeza mecânica e são indicadas para grandes instalações. Por serem mais sofisticadas, necessitam de uma maior manutenção, elevando o custo de sua instalação e, por isso, geralmente são adotadas em instalações cujas características justifiquem o investimento. Gradeamento mecanizado http://www.sigma.ind.br/produtos/grades-mecanizadas SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 49 No gradeamento, levando-se em consideração o espaço entre as barras da grade, elas são classificadas como grosseiras de 40 a 100mm, médias de 20 a 40mm, finas de 10 a 20mm e ultrafinas de 3 a 10mm. Os modelos de grades conhecidas são as grades para canais, com profundidade até 2,5m. Existem as grades mecanizadas, normalmente utilizadas como grade média para canais com nível líquido até 2,0m. A remoção e destino final do material gradeado são uma preocupação diária no tratamento primário. Não se pode obstruir a entrada do efluente e, assim, a limpeza deve ser constante. Nas pequenas instalações, o trabalho de limpeza é feito manualmente pelos funcionários responsáveis, utilizando ferramentas simples, como os rastelos manuais, e o material retirado é enviado para os aterros sanitários ou, se a localidade possuir tecnologia, podem ser incinerados. Nas instalações de grande porte, os detritos são removidos mecanicamente, podendo ser incinerados, digeridos ou enviados para algum tipo de tratamento. Para eliminar óleos, graxas, gorduras ou outros materiais com densidade menor do que a da água, o que as faz permanecerem na superfície do esgoto, utilizam- se caixas de separação, dimensionadas de acordo com a densidade do material a ser recolhido (a concentração de gordura dos esgotos pode variar entre 6 e 70mg/l. Esse material é originado no esgoto doméstico, nos postos de gasolina, em pequenos estabelecimentos industriais, em curtumes e frigoríficos. Estas substâncias também são chamadas de sólidos flutuantes, escuma ou gorduras e os principais dispositivos para removê-los, primeiramente quando analisamos as residências, são as caixas de Gordura Domiciliares, utilizadas antes do lançamento na rede coletora. Temos também em estabelecimentos como indústrias e postos de gasolina, o Separador de Óleo. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 50 Em unidades como um conjunto de residências ou indústrias, pode-se constituir uma unidade de tratamento com Caixas de Gordura Coletivas. Os Dispositivos de Remoção de Gordura em Decantadores, para o tratamento primário em geral, são adaptados nos decantadores que possibilitam recolher o material flutuante em lugares especificados para depois serem levados às unidades de tratamento do lodo. Em algumas estações ou indústrias, temos os Tanques Aerados que são dispositivos que injetam ar comprimido ao tanque para aumentar ou auxiliar a flotação, que veremos mais adiante, e aumentar a eficiência de todo o processo, tornando mais rápida a retirada destas substâncias. São dispositivos dispendiosos e que necessitam, além da energia elétrica, de manutenção periódica. Fonte: http://pt.slideshare.net/grupoagua/saneamento-basico-5987397Caixas de areia SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 51 A segunda unidade corresponde aos desarenadores ou caixas de areia que são unidades destinadas a reter areia ou outros detritos minerais mais pesados ou os inertes presentes nas águas dos esgotos. Os desarenadores evitam o acúmulo dos sólidos nos tanques de tratamento diminuindo seu volume útil e o tempo de reação biológica. Nas caixas de areia são removidas as partículas com diâmetros entre 0,1 a 0,4mm e em geral obtém- se 30 litros de areia para cada 1000m³ de esgoto sanitário. Geralmente esta areia pode ser removida por raspadores de fundo. Desarenador Convencional Fonte: http://jorcyaguiar.blogspot.com.br/2011/05/tratamento-primario.html As caixas de areia mais usadas são construídas de forma quadrada com altura compreendida entre 1,0 e 1,6m. Nas Estações de grande porte geralmente são construídas caixas de areia tipo profunda e de forma retangular. Existe também um dispositivo conhecido por bomba parafuso acionada por um moto redutor e montada em uma calha feita de aço carbono ou inox. Esta areia é lavada posteriormente e a água volta à estação para tratamento enquanto a areia pode ser descartada. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 52 O material retido nas caixas de areia, no caso de ocorrer uma grande quantidade de matéria orgânica capaz de causar um odor muito forte, deve ser imediatamente levado ao aterro sanitário. A areia com baixa percentagem de matéria orgânica pode ser aproveitada para ser levada a aterros, por exemplo, ou utilizada em leitos de secagem de lodo. O Tratamento Primário Esta fase é a que vem logo a seguir ao tratamento preliminar. Este tratamento é destinado à remoção das impurezas sedimentáveis, a maioria dos sólidos em suspensão sedimentáveis e os sólidos flutuantes através de mecanismos físicos e removendo de 30 a 40% da DBO. O processo primário básico é a decantação, e os lodos retirados dos decantadores são submetidos a tratamento próprio. É aconselhável que as instalações para tratamento primário possuam antes unidades de tratamento preliminar com tratamento do lodo decantado. Geralmente, temos o tratamento preliminar com as grades e caixas de areia, depois a sedimentação nos decantadores primários, depois a digestão e secagem e disposição final do Lodo. Para as médias e grandes vazões, o dispositivo mais utilizado nas estações de tratamento são os Decantadores Primários. Eles são empregados para remoção de sólidos sedimentáveis antes de haver qualquer tratamento biológico, bem como para evitar a formação de depósitos de lodo nos corpos receptores, quando não se possui nenhum tipo de tratamento seguinte. A sedimentação floculenta ocorre nos decantadores primários onde as partículas em pequena concentração formam partículas maiores e aumentando SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 53 gradativamente a velocidade de sedimentação onde todo o processo depende das características de floculação e da sedimentação das partículas. Os Sólidos em Suspensão são removidos nos decantadores primários em torno de 40 a 60% e 25 a 35% da DBO; geralmente, nos decantadores primários podem existir dispositivos para remover a gordura e a escuma que não foram removidas no tratamento preliminar - seguem para um poço de escuma e, depois, são encaminhadas para os digestores ou para adensadores de lodo, por bombeamento. Classificação dos Decantadores Os decantadores podem ser construídos de diversas formas, levando-se em consideração o projeto e a área onde será construída a estação, bem como os investimentos necessários. Em geral são construídos de acordo com a forma, do tipo circular e retangular. De acordo com o fundo construído, pouco inclinado, inclinado com 1 a 4% e fundo com poço. De acordo com o sistema de remoção de lodos, pode ser mecanizado ou de limpeza manual; e de acordo com o sentido de fluxo, horizontal ou vertical. O elemento mais importante para o dimensionamento dos decantadores é a taxa de escoamento superficial dada em m3/m2.dia. As taxas muito elevadas levam a pequenas taxas de remoção da DBO e de sólidos em suspensão. As taxas mais baixas levam a decantadores antieconômicos. Para as pequenas vazões, uma forma de tratamento a nível primário muito utilizado no Brasil são as Fossas Sépticas e, um pouco menos, os Tanques Imhoff. Nestes tipos de tratamento, os sólidos sedimentáveis são levados para o fundo onde, com o tempo, serão estabilizados pela ação dos micro-organismos responsáveis por sua digestão. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 54 Tratamento físico-químico Flotação A flotação, ou flotação por ar dissolvido, envolve a dissolução do ar nas águas de esgoto através da pressurização em um vaso de pressão. Quando o ar pressurizado é liberado na água para o tanque de flutuação, a súbita diminuição da pressão faz com que o ar, ao sair da solução na forma de microbolhas, vá se juntar às partículas sólidas presentes nas águas e fazê-las flutuar. Neste processo, ao contrário do que acontece na sedimentação, na qual as partículas em suspensão se depositam no fundo do recipiente pela ação da gravidade e depois são retiradas por decantação, a flotação leva as partículas até a superfície da mistura. O resultado é uma esteira flutuante das partículas sobre a superfície, que é retirada depois. A flotação operando sem o uso de coagulantes, que promovem a formação de flocos, remove de 40 a 80% de sólidos em suspensão e óleos e graxas; com o uso de coagulantes, podem retirar cerca de 80 a 93% dos sólidos e 85% dos óleos e graxas. Os tanques podem ser circulares ou em forma retangular. A flotação pode ser comumente aplicada rotineiramente para separação de sólidos e líquidos em esgotos domésticos para o pré-tratamento de efluentes, ou na remoção de gorduras, óleos e graxas. Ela também permite o controle e a remoção de gases e odores no esgoto devido à oxigenação. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 55 Os flotadores são usados como pré-tratamento dos esgotos para redução de carga orgânica (DBO). Pode ser usado também em um pós-tratamento para a remoção de nutrientes, algas, cor e turbidez. Tratamento químico O tratamento químico dos efluentes é usado principalmente para controlar os poluentes que não foram removidos pelos processos biológicos convencionais e reduzir a carga orgânica antes do tratamento biológico possibilitando a menor dimensão de uma Estação de Tratamento de Esgotos. Coagulação Grande parte dos coloides presentes na água possui carga negativa, resultante da adsorção preferencial de íons negativos ou da ionização das suas moléculas; essas partículas muito pequenas não são removidas por decantação simples e, dotadas de mesma característica elétrica, a força de repulsão não permite a aglomeração. Para retirada destas partículas, tem-se que neutralizar as cargas negativas e a posterior aglutinação para que elas fiquem mais densas e maiores e assim decantar mais rapidamente. Os coagulantes são os agentes químicos geradores de cargas positivas que neutralizam os coloides. O objetivo do tratamento é formar flocos mais pesados aumentando a velocidade de decantação ou flotação retirando assim de forma mais eficiente as partículas nos efluentes. As substâncias comumente utilizadas são os sais de ferro, o sulfato de alumínio e a cal para fornecer alcalinidade ou algum fator requerido para o tratamento. A especificação da substância utilizada para o tratamento depende da capacidade da estação, das características do esgoto, do custo da substância e da facilidade de obtenção. SISTEMAS E TRATAMENTO DE EFLUENTES 56 Algumas substâncias agem de maneira mais eficiente nos esgotos. Uma análise criteriosa é necessária para estabelecimento
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