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TEORIA DO LABELLING APPROACH

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TEORIA DO LABELLING APPROACH - ETIQUETAMENTO 
 
Júlia Monteiro Soriano 
 
 
 
Resumo: O objetivo deste artigo é explicar a Teoria do Labelling Approach, como surgiu, a 
influência de Erving Goffman, seu conceito, suas classificações e relacioná-la à seletividade do 
direito penal e das instâncias do controle social. Acerca do etiquetamento social, será exposta 
a relação entre a Teoria do Etiquetamento e a seletividade do direito penal como um todo e 
especificamente no Brasil. Ademais, serão apresentadas as drásticas consequências da 
estigmatização e dos desvios. 
 
 
Palavras-chave: Labelling Approach. Etiquetamento. Instâncias do controle social. Desvio 
primário. Desvio secundário. Estigma. Seletividade do sistema penal. 
 
Sumário: 
 
1. Introdução 
2. Erving Goffman e a sua contribuição para a criminologia 
3. A Teoria do Labelling Approach 
4. A seletividade no Brasil 
5. Desvio Primário e Desvio Secundário 
6. Consequências do Labelling Approach 
7. Conclusão 
 
2 
 
1. Introdução 
 
O presente artigo tem o objetivo de explanar sobre Teoria do Labelling Approach, 
ou Teoria do Etiquetamento, desenvolvida no final da década de 1950 e começo da década de 
1960, sob a forte influência do sociólogo Erving Goffman. 
Outros influenciadores serão citados ao longo do trabalho, como Howard Becker 
e Edwin Lemert, estudiosos estes que buscavam questionar o paradigma funcional dominante 
da criminologia e etiológico àquele tempo. 
Além de explicar no que consiste a Teoria do Labelling Approach, o presente 
trabalho aponta elementos e circunstâncias da atuação das instancias de controle social 
(formal e informal) e como funciona o processo de etiquetamento (desvio primário e desvio 
secundário). 
Outrossim, será relacionada a Teoria do Etiquetamento com a seletividade do 
sistema penal, principalmente no Brasil. 
Por fim, será apresentada a contextualização das consequências da estigmatização 
e o etiquetamento na vida do indivíduo marginalizada e na sociedade e assim chegar na 
conclusão sobre a importância da “destigmatização” para diminuir o índice de criminalidade. 
 
2. Erving Goffman e a sua contribuição para a criminologia 
 
Para analisarmos a Teoria do Labelling Approach, necessário se faz a breve 
introdução do papel do sociólogo Erving Goffman no que diz respeito à criminologia. 
Considerado um dos mais influentes sociólogos do século passado, Erving 
Goffman fora pioneiro da microssociologia, através de exames empíricos das interações sociais 
cotidianas e desse método formulou seu pensamento teórico (a partir de pesquisas em relação 
aos comportamentos da vida cotidiana). 
Por meio científico, criou teoria para a construção social do eu. “A Representação 
do Eu na vida cotidiana”1 (1959) é o primeiro e um dos mais conhecidos trabalhos do 
sociólogo. Goffman propõe uma abordagem microssociológica para interpretar a vida social a 
 
1 GOFFMAN, Erving. A Representação do Eu na vida cotidiana. São Paulo: Editora Vozes, 2014. 
3 
 
partir de uma análise das interações face a face e assim estabeleceu as bases para o estudo 
do gerenciamento de impressões. 
Igualmente relevante para o trabalho em tese, são os estudos de Goffman sobre 
as intuições mentais, consolidados na obra “Manicômios, Prisões e Conventos”2 (1961), onde 
o sociólogo mostra como este tipo de segregação atua sobre o indivíduo. A título 
exemplificativo, no manicômio, explica Goffman, que o comportamento do doente mental em 
face da instituição diz respeito muito mais à sua condição de internado do que propriamente 
à sua doença. 
Ainda, para a Criminologia, interessa saber que Goffman contribuiu 
significativamente no desenvolvimento da teoria da interação simbólica, isso porque seus 
estudos sobre a interação social fizeram marca permanente na forma como os estudiosos, 
como Howard Becker, consagram o estigma. Nesse sentido, sobre interacionismo simbólico: 
 
“Constitui um bom corretivo, relação aos excessos da escola quantitativa. 
Porém, em si mesmo, ele não permite que vocês estruturem ou organizem as 
coisas reais que vocês estudam. Ele se opõe a qualquer sistema, a qualquer 
descoberta minimamente sistemática. É assim que eu vejo as coisas. Desse 
ponto de vista, ele constitui uma abordagem meramente crítica, uma 
abordagem meramente crítica, uma abordagem bastante grosseira, que, em 
minha opinião, não pode levar a lugar nenhum. Eu não vejo como ele pode 
satisfazer vocês, a menos que não tenham a intenção de ser um crítico da 
sociologia, um crítico das outras formas de sociologia. E há pessoas que são 
analistas do que outras disseram na sociologia. Eu suponho que o 
interacionismo simbólico convenha perfeitamente para isso. Porém, para o 
trabalho de análise propriamente dito, quando vocês se põem a estudar algo, 
vocês se interessam em demonstrar que isso apresenta uma determinada 
organização, uma determinada estrutura. Do contrário, vocês provavelmente 
não terão descoberto nada [...] A tese [do interacionismo simbólico] é, talvez, 
a de que não existe modelo; ou melhor, de que os modelos surgem pelo fato 
de que as pessoas se consideram mutuamente e se colocam em relação às 
outras. Portanto, Blumer convém perfeitamente para fornecer uma 
perspectiva bastante ampla e geral sobre a ação social. Mas ele não apresenta 
 
2 GOFFMAN, Erving. Manicômio, Prisões e Conventos. São Paulo: Perspectiva, 2019. 
4 
 
nada para a etapa seguinte, quando se trata de organizar as coisas. Nesse 
sentido, ele me parece sem interesse.”3 
 
Para a Criminologia, Goffman trouxe uma importante contribuição no que diz 
respeito ao estigma, na sua obra “Estigma: Notas sobre a manipulação da Identidade 
deteriorada” (1963), onde fica evidenciado os conceitos de estigma e identidade social, o 
alinhamento grupal e a identidade pessoal, o eu e o outro, o controle da informação, os 
desvios e o comportamento desviante, detendo-se em todos os aspectos da situação da 
pessoa estigmatizada.4 Nesta obra, o autor explana sobre a possibilidade de exclusão de um 
individuo da sociedade pela soma dos processos de exclusão. 
Daí surge uma nova perspectiva sobre desvio, que fica estigmatizado pela culpa 
individual, senão vejamos: 
 
“Um indivíduo que poderia ser facilmente recebido na relação social 
quotidiana possui um traço que se pode impor atenção afastar aqueles que 
ele encontra, destruindo a possibilidade de atenção para outros tributos 
seus.” 5 
 
Verifica-se, portanto, o desviante é considerado como tal, não pelo ato que 
pratica, mas pelo rótulo que lhe foi colocado e este rótulo é capaz de excluí-lo da sociedade, 
atribuindo-lhe o estigma. 
 
“Enquanto o estranho está à nossa frente, podem surgir evidências de que 
ele tem um atributo que o torna diferente de outros que se encontram numa 
categoria em que pudesse ser incluído, sendo, até, de uma espécie menos 
desejável [...]. Assim deixamos de considere-la criatura comum e total, 
reduzindo-a a uma pessoa estragada e diminuída. Tal característica é estigma, 
especialmente quando o seu efeito de descrédito é muito grande [...]. O 
 
3 VERHOEVEN, 1994/2000 apud NIZET; RIGAUX. Op. Cit. P. 104 
4 GOFFMAN, Erving. Estigma: Notas sobre a manipulação da Identidade deteriorada. São Paulo. LTC. 1981. 
5 GOFFMAN. Op. Cit. 1982, p. 14. 
5 
 
termo estigma, portanto será usado em referência a um atributo 
profundamente depreciativo, mas o que é preciso, na realidade, é uma 
linguagem de relações e não atributos. Um atributo que estigmatiza alguém 
pode confirmar a normalidade de outrem, portanto ele não é, em si mesmo, 
nem horroroso nem desonroso.” 6 
 
Com a memorável ascendência de Erving Goffman, surgiu a Teoria do Labelling 
Approach, que iremos aprofundar no trabalho em tese. 
 
3. A Teoria do Labelling Approach 
 
A Teoria do Labelling Approach, também conhecida como Teoria do 
Etiquetamento, fora desenvolvida no fim da década de 1950 e começoda década de 1960, 
resultado de mudanças sociocriminais que sofreu o direito penal. O novo padrão tem por 
objetivo de análise o fenômeno de controle social. 
A partir deste momento, a criminologia passa a observar o desviante como um 
membro de uma sociedade, não somente suas características individuais, analisando 
situações em que o individuo passa a ser considerado um desviante. Assim, a criminalidade 
passa a ser um rótulo, uma etiqueta, atribuídos a determinados indivíduos por meio de 
processos de interações sociais. 
Para Howard Becker, os grupos sociais criam os desvios ao fazerem as regras cuja 
infração constitui o desvio e ao aplicarem tais regras a certos indivíduos em particular, 
qualificam-os como marginais. 
No mesmo sentido, Alessandro Baratta sustenta: 
 
“[...] o criminoso então não seria um indivíduo ontologicamente diferente, 
mas um status social atribuído a certos sujeitos selecionados pelo sistema 
penal e pela sociedade que classifica a conduta de tal individuo como se 
 
6 Idem, p. 12 e 13. 
6 
 
devesse ser assistida por esse sistema. Os conceitos desse paradigma marcam 
a linguagem da criminologia contemporânea: o comportamento criminoso 
como comportamento rotulado como criminoso.” 7 
 
O crime, a partir do novo paradigma, passa a ser algo que foi estipulado por 
complexos processos de interação social e não mais como consequência de uma conduta. O 
desvio só é infração porque alguém determinou. 
O crime então é definido pelo que as instâncias de controle social definem e não 
pela conduta do agente. 
Em relação às instâncias de controle, observamos a existências de duas: a) 
informal; e b) formal. 
As de controle informal são a própria sociedade. Como por exemplo: a família, a 
escola, a opinião pública etc. Já as de controle formal são as estatais como: o executivo, o 
legislativo e o judiciário. 
Para Antonio García-Pablos de Molina: 
 
“Os agentes de controle social informal tratam de condicionar o indivíduo, de 
discipliná-lo a partir de um largo e sutil processo (...) Quando as instancias 
informais do controle social fracassam, entram em funcionamento as 
instancias formais, que atuam de modo coercitivo e impõem sanções 
qualitativamente distintas das sanções sociais: são sanções estigmatizastes 
que atribuem ao infrator um singular status (de desviados, perigosos ou 
delinquentes)”. 
 
Assim, os controles criam os normais (nós) e os outsiders (eles). Nós, os normais, 
são os responsáveis pelos valores, pelas ideologias dominantes das sociedades. Já os outsiders 
são os rotulados negativamente pelos controles sociais. São os estigmatizados. 
 
7 BARATTA. Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à sociologia do direito penal.3. 
ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002. P. 11. 
7 
 
Em “Outsiders: Estudos de sociologia do desvio” (1963), Becker explica de que 
forma as regras são feitas e como, em certos momentos, tentam impô-las. Essas regras sociais 
definem padrões de comportamentos, definindo uns como certos e outros como errados, 
assim quando algum indivíduo desvia-se da regra dada como certa, é considerado outsider 
pelo grupo de certos.8 
Becker conclui que surgindo a intolerância, e esta pode alcançar um traficante de 
drogas ou alguém que bebeu com excesso em uma festa e que se comporta de maneira 
inconveniente (ponderações de Sergio Salomão Shecaira)9, haverá uma espécie de 
estigmatização do agente. 
Conclui-se, então, que o indivíduo não é criminoso pelo ato que pratica, mas sim 
pela etiqueta que lhe é colocada e tal rótulo é capaz de excluí-lo da sociedade, sendo 
estigmatizado e rejeitado. 
Assim, pela Teoria do Labelling Approach, as instâncias do controle social é que 
definem quem serão punidos. 
Ocorre que existe uma seletividade no sistema, existe apenas alguns crimes que 
são perseguidos pelas instâncias de controle social, pois crimes de cifra dourada, por exemplo, 
são cometidos por quem elegeu os representantes e, portanto, não são perseguidos. Ora, 
quem legislaria contra si mesmo? 
Em relação à seletividade dos etiquetamentos dos controles sociais, tem-se, 
também, as cifras ocultas da criminalidade, onde certos crimes nunca são punidos pelas 
instâncias de controle oficiais. Senão vejamos: 
 
“A cifra oculta dos delitos é um fenômeno a ser considerado na análise das 
estatísticas criminais, posto que a criminalidade real é muito maior que a 
oficialmente registrada. E há vieses nas notificações dos crimes, os quais 
produzem uma visão distorcida do fenômeno criminal. O sistema penal não 
 
8 BECKER, Howard S. Outsiders: Estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro. Zahar. 2008. P. 15. 
9 SHECAIRA, Sergio Salomão Criminologia. São Paulo: Ed. RT, 2004. P. 292 
8 
 
consegue lidar com a totalidade dos crimes de uma sociedade, o que o torna 
instrumento seletivo de pessoas e de condutas.”10 
 
Nem todos os crimes são perseguidos, apenas os cometidos pelos indivíduos 
categorizados, com isso passa-se a perseguir somente uma classe de indivíduos e punir tipos 
específicos de crime. 
Segundo Eugenio Raúl Zafffaroni: 
 
“[...] estes estereótipos permitem a catalogação dos criminosos que 
combinam com a imagem que corresponde à descrição fabricada, deixando 
de fora outros tipos de delinquentes (delinquência de colarinho branco, 
dourada, de trânsito, etc.).11 
 
4. A seletividade no Brasil 
 
O sistema carcerário brasileiro é o retrato da seletividade punitivista. 
O perfil da população carcerária brasileira é composto maioritariamente por 
jovens de 18 – 29 anos, que correspondem 55% do total de encarcerados. Dados sobre a cor 
dos presos, no Brasil, demonstram que 61,6% dos presos são declarados negros. Tal assimetria 
fica mais clara quando se afere a porcentagem de negros e brancos na população geral em 
alguns estados e o número encarcerados. Em Santa Catarina, a título exemplificativo, a 
população negra e parda representa 15,72% da população do estado, ao mesmo tempo que 
a população carcerária negra é de 36,76%. Já em São Paulo, onde a população negra geral 
representa mais de um terço, porém mais da metade da população carcerária é de negros ou 
pardos. 12 
 
10 MANDARINO, Renan Posella. A participação de vítima no controle da cifra oculta da criminalidade. Revista do 
Programa de Pós-Graduação em Direito da UFC. P. 17. 
11 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em busca das penas perdidadas: a perda da legitimidade do sistema penal. ed. Rio 
de Janeiro: Revan, 1991. P. 130. 
12 Índices do perfil carcerário brasileiro. Disponível em: https://tempodepolitica.com.br/populacao-carceraria-
brasileira/#:~:text=O%20perfil%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20carcer%C3%A1ria,dos%20jovens%20%C
3%A9%20ainda%20maior. Acesso em 25 de outubro de 2020. 
https://tempodepolitica.com.br/populacao-carceraria-brasileira/#:~:text=O%20perfil%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20carcer%C3%A1ria,dos%20jovens%20%C3%A9%20ainda%20maior
https://tempodepolitica.com.br/populacao-carceraria-brasileira/#:~:text=O%20perfil%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20carcer%C3%A1ria,dos%20jovens%20%C3%A9%20ainda%20maior
https://tempodepolitica.com.br/populacao-carceraria-brasileira/#:~:text=O%20perfil%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20carcer%C3%A1ria,dos%20jovens%20%C3%A9%20ainda%20maior
9 
 
Ainda, a Infopen revelou os índices de grau de escolaridade. Mais de 75% dos 
presos têm até o ensino fundamental, destes 53% possuem o Ensino fundamental incompleto 
e 6% são analfabetos, ou seja, a maioria da população carcerária é analfabeta ou possui um 
grau extremamente baixo de escolaridade. 13 
Em relação aos crimes pelos quais os indivíduos encontram-se presos, no Brasil, 
tem-se o seguinte levantamento: 28% dos detentos cumpriam pena por crime de tráfico de 
drogas, 25% por roubo, 13% por furto e 10% por homicídio. Portanto, percebe-se que os 
crimes perseguidos e rotulados no Brasil, são os crimes de rua, os visivelmente praticados e, 
crimes que são cometidospela parcela da população que fora excluída da sociedade, pelo seu 
baixíssimo grau de escolaridade, pela sua cor e pela sua condição financeira. 
O Labelling Approach no Brasil, a rotulação, está enraizado no sistema penal 
brasileiro, a provar pela opinião pública e pelo legislativo. Vejamos: 
14 
 
13 Índices do perfil carcerário brasileiro. Disponível em: https://tempodepolitica.com.br/populacao-carceraria-
brasileira/#:~:text=O%20perfil%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20carcer%C3%A1ria,dos%20jovens%20%C
3%A9%20ainda%20maior. Acesso em 25 de outubro de 2020. 
14 Imagem extraída do artigo: O criminoso segundo a teoria do “labelling approach”. Disponível em: 
https://fabiofettuccia.jusbrasil.com.br/artigos/175496748/o-criminoso-segundo-a-teoria-do-labelling-approach 
. Acesso em 26 de outubro de 2020. 
https://tempodepolitica.com.br/populacao-carceraria-brasileira/#:~:text=O%20perfil%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20carcer%C3%A1ria,dos%20jovens%20%C3%A9%20ainda%20maior
https://tempodepolitica.com.br/populacao-carceraria-brasileira/#:~:text=O%20perfil%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20carcer%C3%A1ria,dos%20jovens%20%C3%A9%20ainda%20maior
https://tempodepolitica.com.br/populacao-carceraria-brasileira/#:~:text=O%20perfil%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20carcer%C3%A1ria,dos%20jovens%20%C3%A9%20ainda%20maior
10 
 
Ora, “jovens de classe média” presos com 300kg de maconha são apenas jovens, 
mas se o preso for um estigmatizado, um perseguido pelo sistema penal, é “traficante”, 
mesmo que a quantidade de entorpecente seja consideravelmente menor. 
 Fica ainda mais evidente analisando a legislação penal. Senão vejamos: 
 
“Furto 
 Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.” 
“Lesão corporal 
 Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano.” 
 
A pena do crime de furto é de reclusão, de 1 a 4 anos e multa, já a pena do crime 
de lesão corporal é de detenção, de 3 meses a 1 anos. Ora, quem subtrair coisa alheia móvel 
de outrem pode, começar a cumprir pena em regime fechado, pelo prazo de até 4 anos, ou 
mais, a depender das condições, sendo que quem ofender a integridade física de outrem terá, 
na pior das hipóteses, quando da fixação da pena base, pena equivalente à pena mínima do 
furto. 
Essa comparação evidencia que o Brasil atribui mias proteção ao patrimônio 
particular do que a integridade física da pessoa humana. 
No mesmo sentido, a Lei 9.249/95, lei que altera a legislação do Imposto de Renda 
das Pessoas Jurídicas, bem como da contribuição social sobre o lucro líquido, prevê extinção 
da punibilidade em crimes contra o sistema tributário caso o valor seja devolvido antes do 
recebimento da denúncia, vejamos: 
 
“Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº 8.137, de 
27 de dezembro de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quando o 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L4729.htm
11 
 
agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive 
acessórios, antes do recebimento da denúncia.” 
 
Contrária a essa benesse, caso um estigmatizado furte um pequeno valor e se 
arrependa e devolva, isso é caracterizado, no máximo, como arrependimento posterior, 
havendo apenas redução da pena, não a extinção da punibilidade, conforme artigo 16 de 
Código Penal: 
 
 “Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, 
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da 
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois 
terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)” 
 
Existem em nossa legislação diversas outras discrepâncias que demonstram a 
existência do Labelling Approach na sociedade brasileira e o eixo do sistema capitalista. 
Segundo Nilo Batista: 
 
“[O Capitalismo] recorreu ao sistema penal para duas operações essenciais: 
1.ª. Garantir a mão-de-obra; 2.ª. impedir a cessão do trabalho.”15 
 
Ainda nesta linha, o autor afirma que para assegurar a mão-de-obra tornava-se 
necessário a criminalização do pobre: 
 
 
15 BATISTA, Nilo. Punidos e Mal Pagos – Violência, Justiça, Segurança Pública e Direitos Humanos no Brasil de 
Hoje. Ed. Revan 1990. P. 35 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art16
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art16
12 
 
“[Através da] revolução industrial, o esquema jurídico ganhou feiçõesmais 
nítidas: criou-se o delito de vadiagem. Referindo-se à reforma dos 
dispositivos conhecidos como Poor Law, em 1834.”16 
 
Hassemer e Conde evidenciam: 
 
“Próxima à criminologia de cunho marxista porque, para Marx, a delinquência 
não era um comportamento anterior a qualquer sistema de controle social ou 
jurídico, mas sim um produto desse sistema. Outrossim, as ideias de Marx 
contribuíram para a teoria do etiquetamento, especialmente pela crítica ao 
mito do Direito Penal como igualitário, demonstrando a impossibilidade, de 
existir um direito (penal) que prega igualdade em uma sociedade 
extremamente desigual.”17 
 
Este modelo social e político, permite a exclusão dos estigmatizados de toda a 
sociedade, mantém a mão-de-obra e persegue apenas uma parcela de crimes e isso perpetua 
a rotulação, o Labelling Approach. 
 
5. Desvio Primário e Secundário 
 
Em 1951, Edwin Lemert apresentou um estudo focado nas atitudes em que os 
indivíduos fazem ou fracassam ao fazer que qualificam-os como desviantes. Assim, 
apresentou a separação dos desvios de conduta. Lemert, inicialmente, definiu o que são as 
normas sociais e a partir daí demonstrou que, para alguns, quebrar a lei é quebrar a norma, 
mas outros, o mero atraso pode ser considerado como tal. 
Para Edwin Lemert, determinadas situações geram tremenda reação social quanto 
ao seu descumprimento, em determinados grupos, mas em outros tal norma seria permissiva 
e haveria mínima ou nenhuma sanção, também não abalando a consciência do praticante. 
 
16 Idem. 
17 CONDE, Francisco Muñoz; HASSEMER, Winfried. Introdução à criminologia. Rio de Janeiro. Lumen Juris, 2008. 
P. 107-109. 
13 
 
 
“A razão para isso é que as pessoas podem concordar mais facilmente com a 
posição majoritária ou desvios intoleráveis do que quanto ao que constitui 
um comportamento ideal. Uma razão adicional para essa diferença é que 
sociedades e grupos podem tolerar comportamentos que ultrapassem as 
normas do que raramente desprezar um comportamento sociopático.”18 
 
Desvio primário para Edwin Lemert, seria o delitocometido de forma ocasional, 
por alguma vontade ou necessidade que o agente tivesse naquela situação. Tal atitude não 
afetaria psicologicamente o agente que praticou a conduta e tal conduta poderia cair no 
esquecimento. Ocorre que, se pego, o ocasionalmente desviante primário poderia sofrer uma 
enorme consequência, tais como sua rotulação como criminoso. 
Pode-se observar outras definições de desvio primário, que se aproximam mais da 
realidade brasileira, como a de Sandro Sell, onde este afirma que a criminalização primária 
ocorre na medida que o legislador demonstra intolerância ao criar Leis desproporcionais 
somente as condutas dos pobres, vejamos: 
 
"Ao criar leis, portanto, há um processo de criminalização primária, resultante 
da intolerância legislativa com a conduta dos mais pobres. Quando falamos 
de criminalização primária, falamos, em síntese, de duas coisas: a) O crime 
não é uma realidade natural, descoberta e declarada pelo Direito, mas uma 
invenção do legislador, algo é crime não necessariamente porque represente 
um conduta socialmente intolerável, mas porque os legisladores desejaram 
que assim fosse;b) E essa invenção segue critérios de preferência legislativa, 
cujos balizamentos não costumam respeitar princípios de razoabilidade ou 
proporcionalidade, gerando leis penais duríssimas contra as condutas dos 
mais pobres e rarefeitas em se tratando de crimes típicos dos estratos sociais 
elevados.”19 
 
 
18 LEMERT, Edwin M.. Social pathology: A systematic approach to the theory of sociopathic behavior. New York: 
Mcgraw-hill, 1951. Disponível em: 
<http://babel.hathitrust.org/cgi/pt?id=mdp.39015019068728;view=1up;seq=26>. Acesso em: 28 de outubro de 
2020. 
19 SELL, Sandro. A etiqueta do crime. Jus Navigandi, Teresina, 2012, n.º 1507, 17 de agosto de 2007. Disponível 
em <http://jus.com.br/artigos/10290> Acesso em: 29 de outubro de 2020. 
http://jus.com.br/artigos/10290
14 
 
Pode-se observar que a criminalização primária demonstra que a Lei serve para a 
higienização dos mais pobres, pela intolerância às suas atitudes. 
Já o desvio secundário seria quando este indivíduo, que já estava dentro do mundo 
criminoso, comete outros desvios, estando enraizada em sua personalidade a prática 
criminosa, aqui ocorre a reincidência, seria etiquetado e isso, para Lemert, aconteceria pela 
estigmatização acorrida no primeiro delito quando fora punido o praticante. 
Para Sell, a criminalização secundária vai além, senão vejamos: 
 
“Na segunda distorção, chamada de criminalização secundária, entram em ação os 
órgãos de controle social (polícia, judiciário, imprensa etc.) que, ao investigarem 
prioritariamente os portadores de maior índice de marginalização, acharão – por óbvio 
– um maior número de condutas criminosas entre eles. Se mais vezes os pobres são 
tidos como suspeitos, se condições como possuir emprego e residência fixa influenciam 
nos rumos do processo penal, se muitos dos advogados que defendem os mais pobres 
chegam tarde às audiências e demonstram pouco interesse nessas causas, se não ter 
um modelo familiar idêntico ao das classes de onde provêm os juízes e seus auxiliares 
facilita, sobremaneira, o rótulo de" proveniente de família desestruturada ", se ter um 
passado tortuoso é capaz de suprir a ausência de provas na presente acusação, então, 
não há outra saída: os marginalizados serão facilmente convertidos em marginais. A 
etiqueta penal lhes aderirá à pelé, e dela jamais sairá". 20 
 
Para Sandro Sell, os órgãos oficiais são responsáveis pelo controle social e 
consideram os mais pobres como mais suspeitos e, evidentemente, encontrarão mais 
criminalidade. 
Ainda, Nestor Sampaio Penteado Filho, ilustre mestre, sustenta: 
 
“a criminalidade primária produz a etiqueta ou rótulo, que por sua vez produz 
a criminalização secundária (reincidência). A etiqueta ou rótulo 
(materializados em atestado de antecedentes, folha corrida criminal, 
divulgação de jornais sensacionalistas etc.) acaba por impregnar o indivíduo, 
causando a expectativa social de que a conduta venha a ser praticada, 
 
20 Idem. 
15 
 
perpetuando o comportamento delinqüente e aproximando os indivíduos 
rotulados uns dos outros. Uma vez condenado, o indivíduo ingressa numa 
“instituição” (presídio), que gerará um processo institucionalizador, com seu 
afastamento da sociedade, rotinas de cárcere etc.”21 
 
Conclui-se que o desvio primário ocorre por fator sociais. O indivíduo é 
delinquente por circunstâncias sociais. Já o desvio secundário é consequência da 
estigmatizarão, da consequente reação negativa social sobre aquele outsider. 
 
6. Consequências do Labelling Approach 
 
As consequências do etiquetamento são das mais diversas, tanto para o indivíduo 
estigmatizado, quanto para a sociedade. Consequências estas irreversíveis, em que pese a 
pena de prisão tenha o cunho ressocializador. 
Sobre a consequência do desvio primário e o desencadeamento no desvio 
secundário, sustenta Shecaira: 
 
 “Quando os outros decidem que determinada pessoa é non grata, perigosa, 
não confiável, moralmente repugnante, eles tomarão contra tal pessoa 
atitudes normalmente desagradáveis, que não seriam adotadas com 
qualquer um. São atitudes a demonstrar a rejeição e a humilhação nos 
contatos interpessoais e que trazem a pessoa estigmatizada para um controle 
que restringirá sua liberdade. É ainda estigmatizador, porque acaba por 
desencadear a chamada desviação secundária e as carreiras criminais”.22 
 
Baratta sustenta a respeito do desvio secundário, quando cita Lemert em seu 
livro: 
 
21 FILHO, Nestor Sampaio Penteado. Manual Esquemático de Criminologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 
74. 
22 Shecaira, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo: RT, 2004. p. 291. 
http://www.revistaliberdades.org.br/site/outrasEdicoes/outrasEdicoesExibir.php?rcon_id=225#_ftn13
16 
 
 
“(...) sobre o desvio secundário e sobre carreiras criminosas, põem-se em 
dúvida o princípio do fim ou da prevenção e, em particular, a concepção 
reeducativa da pena. Na verdade esses resultados mostram que a intervenção 
do sistema penal, especialmente as penas detentivas, antes de terem um 
efeito reeducativo sobre o delinquente determinam, na maioria dos casos, 
uma consolidação da identidade desviante do condenado e o seu ingresso em 
uma verdadeira e própria carreira criminosa. (...) pode-se observar, as teorias 
do labelling baseadas sobre a distinção entre desvio primário e desvio 
secundário, não deixaram de considerar a estigmatização ocasionada pelo 
desvio primário também como uma causa, que tem seus efeitos específicos na 
identidade social e na autodefinição das pessoas objeto de reação social 
(...)”.23 
 
O fato de um indivíduo ser excluído da sociedade, tanto pelo seu estigma primário, 
quanto pelo secundário, torna-o marginalizado e pode levá-lo à carreira criminosa. A exclusão 
consolida seu status criminoso que perpetuará além das grades da prisão. 
O próprio julgamento como réu, como acusado, como delinquente, faz com que o 
rótulo seja perpetrado em seu próprio sentimento e acaba tornando-o, a título 
exemplificativo, como internado do manicômio de Erwin Goffman, onde seu comportamento 
diz respeito muito mais à sua condição de internado do que propriamente à sua doença. 
Esse status e o comportamento do indivíduo influenciará na vida, como um todo, 
desse estigmatizado e este poderá então não conseguir um emprego, uma oportunidade e 
não terá outra forma de sobreviver em sociedade, senão como criminoso. 
 
7. Conclusão 
 
Em relação às instâncias de controle conclui-se que as formais e informais, 
estipuladas pelo Labelling Approach, ou Teoria do Etiquetamento, estigmatizam o indivíduo 
 
23 Baratta, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à sociologia do direito penal. 3. 
ed. Rio de Janeiro: Revan, 2002. p. 90-91. 
17 
 
que não está nos padrões desejáveis das instâncias de controle, excluindo-o da sociedade e, 
consequentemente, fazendo com que a criminalidade se torne uma opção, trazendo 
consequências drásticas para o rotulado. 
Com o desvio primário, o desviante passa por um processo em que recebe os 
rótulos de réu, acusado, delinquente e enfim, condenado e entra para o sistema carcerário. 
No sistema, após um processo em que fica enraizado os rótulos, entra no cárcere e consolida 
a criminalidade, como frisam os estudiosos da teoria do desvio secundário. 
 Após o cumprimento da pena, o delinquente é impedido naturalmente de 
retornar à sociedade, pois já fora excluído uma vez e carrega o rótulo, assim, por falta de 
condições de sobreviver e retirar o rótulo, volta ao crime. 
Toda a reflexão sobre a Teoria do Labelling Approach deveria levar a sociedade a 
pensar sobre a função do cárcere. Considerando que uma das funções da pena privativa de 
liberdade é a ressocialização. Ora, não como existir ressocialização de indivíduo que nunca foi 
socializado, que fora excluído das redes sociais, do bairro, da escola, do acesso à saúde e do 
indivíduo que se encontra enclausurado àsgrades de uma prisão. Com isso, impossível falar 
em função ressocializadora. 
No mais, o cárcere só perpetua a exclusão do indivíduo da sociedade. Após sua 
condenação e execução da pena, aquele que já era estigmatizado pela sociedade por não ser 
“normal”, por não fazer parte do “nós”, será novamente rotulado, agora pela sua passagem 
pela prisão. Agora, além de não ser possível ressocializar indivíduo que nunca foi socializado, 
a passagem pelo cárcere só dessocializa ainda mais e faz com que seja atribuído novos rótulos 
negativos, sendo excluído cada vez mais da sociedade. 
Assim, considerando que a prisão não é a solução para extinção da criminalidade, 
inicialmente, necessário seria incluir o dessocializado na sociedade com políticas públicas, 
com projetos sociais, com incentivos acadêmicos para que os estigmatizados comecem a fazer 
parte da sociedade, com o oportunidade de trabalho igualitário, com acesso à educação e 
outros serviços públicos e privados retirados destes indivíduos. Há também, urgente 
necessidade de reforma nas instâncias de controle formais, de sorte que o tratamento entre 
indivíduos fosse o mais igualitário possível. 
Segundo o ilustríssimo mestre, Alexandre Sanches Cunha: 
 
18 
 
“Assim, neste cenário destaca-se que a Criminologia brasileira tem um 
enorme desafio pela frente: tem o dever de buscar uma solução para o 
problema proposto. Pesquisas futuras, da Psicologia e Sociologia devem 
estabelecer uma ponte entre os níveis de análise, comparar as causas em 
nível micro e macro e consequências do estigma entre os diferentes grupos 
sociais e identificar as condições que possam promover a 
“destigmatização”.24 
Portanto, para que o índice de criminalidade seja reduzido e os indivíduos 
estigmatizados se sintam parte da sociedade, o desvio primário precisa ser diminuído, o 
estigma preconceituoso das instâncias de controle social amenizados e o desvio secundário 
evitado. 
 
8. Referências 
 
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1998. 
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Janeiro. Lumen Juris, 2008. 
CUNHA, Alexandre Sanches. Atualidades do Direito. Obra em homenagem ao 
Professor Luiz Flávio Gomes. Editora Jus Podivm. 2020. 
 
24 CUNHA, Alexandre Sanches. Atualidades do Direito. Obra em homenagem ao Professor Luiz Flávio Gomes. 
Editora Jus Podivm. 2020. P. 73. 
19 
 
FILHO, Nestor Sampaio Penteado. Manual Esquemático de Criminologia. 4. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2014. 
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