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19
EVELYN CAROLINE BRITEZ 
THIAGO DE MOURA LOMBALDO
INFLUÊNCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO COMPORTAMENTO DA ARARA-PIRANGA (Ara macao) EM CATIVEIRO
FOZ DO IGUAÇU
2
2012
EVELYN CAROLINE BRITEZ
 THIAGO DE MOURA LOMBALDO
INFLUÊNCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO COMPORTAMENTO DA ARARA-PIRANGA (Ara macao) EM CATIVEIRO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas pela Faculdade União das Américas – UNIAMÉRICA.
Orientador (a): Ivaneliza Simionato de Assis
FOZ DO IGUAÇU
2012
INFLUÊNCIA DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL NO COMPORTAMENTO DA ARARA-PIRANGA (Ara macao) EM CATIVEIRO.
Evelyn Caroline Britez[footnoteRef:1] [1: Acadêmica (o) de Ciências Biológicas da Faculdade União das Américas – Uniamérica. Foz do Iguaçu – PR.] 
Thiago de Moura Lombaldo1
Ivaneliza Simionato de Assis[footnoteRef:2] [2: Professora Orientadora Mestre em Saúde e Meio Ambiente. Faculdade União das Américas – Uniamérica. Foz do Iguaçu – PR.] 
_______________________________________________________________
RESUMO
O enriquecimento ambiental tem um papel fundamental nos estudos do comportamento animal, tendo em vista os processos dinâmicos nas estruturas de implantação de técnicas com o objetivo de aperfeiçoar o ambiente dos animais em cativeiro dentro da realidade dos comportamentos biológicos do ambiente natural desses animais. O objetivo deste trabalho foi confeccionar etogramas de um casal de arara-piranga (Ara macao), aplicando as técnicas de enriquecimento ambiental no recinto e comparar os etogramas dos tratamentos com e sem enriquecimento, visando buscar o bem-estar destes animais em cativeiro. Os resultados obtidos no comparativo dos etogramas mostraram que as técnicas de enriquecimento alimentar obtiveram um resultado positivo, estimulando o aumento de outros comportamentos na queda do stress no cativeiro.
PALAVRA-CHAVE: Enriquecimento ambiental, comportamento, etograma, bem-estar.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente os estudos sobre conservação da biodiversidade e do meio ambiente são de grande importância para a preservação das espécies que estão ameaçadas de extinção, como também o remanejamento e os estudos de comportamento animal (SGARBIERO, 2009). 
Dentro desse contexto é importante a realização dos estudos etológicos com o intuito de verificar e analisar o bem-estar dos animais em cativeiro, tendo em foco a satisfatória qualidade de vida do animal, seu comportamento e a forma com a qual ele se adapta ao seu ambiente cativo. O enriquecimento ambiental leva em conta os fatores comportamentais que podem considerar um indicador do bem estar desse animal que não estão em seu ambiente nativo, que acabam levando muitos animais a terem um comportamento diferenciado, já que os locais onde permanecem guarnecidos não proporcionam as condições de seu habitat natural (PEREIRA et al., 2009).
No enriquecimento ambiental são utilizados técnicas de introdução de objetos com a finalidade de estimular a interação dos animais proporcionando um ambiente mais próximo ao do seu ambiente natural, amenizando o estresse de cativeiros. O tipo de enriquecimento utilizado deve ser específico para a espécie em questão, desse modo as diferentes técnicas de enriquecimento empregadas podem ser divididas em cinco grupos: físico, que consiste em introduzir instrumentos, como, troncos, vegetação para deixar o recinto mais semelhante ao habitat da espécie; sensorial, que visa estimular o sentido do animal, como ervas aromática e sons de vocalização; ambiental, que consiste em colocar dispositivos mecânicos como penduricalhos coloridos para os animais manipularem; social, que consiste na interação intra-específica, como espelhos e pelúcias para os animais se relacionarem e interagirem, dando a impressão de ter mais indivíduos dentro do cativeiro; alimentação, oferecendo os alimentos que consomem em seu habitat natural que não fazem parte do cardápio em cativeiro (PEREIRA et al., 2009).
Psitacídeos cativos comumente realizam uma série de comportamentos anormais (HOEK & CATE, 1998 apud SGARBIERO, 2009). Estima-se que 1 em 10 psitacídeos cativos apresentam o comportamento de arrancar penas (GRINDLINGER, 1991 apud SGARBIERO, 2009), este comportamento é chamado de pterotillomania e é considerado um dos maiores problemas comportamentais observados em aves. O enriquecimento ambiental se mostra eficaz com aves, através do enriquecimento as aves interagem mais entre si, tornam-se mais ativas e isso acarreta na diminuição dos comportamentos anormais.
O presente trabalho tem como objetivo geral aplicar técnicas de enriquecimento ambiental no recinto do casal de arara-piranga (Ara macao), e como objetivo específico confeccionar etogramas de um casal de arara-piranga (Ara macao), com e sem as técnicas de enriquecimento ambiental.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Comportamento Animal em Cativeiro
Na etologia o comportamento é considerado como “todo movimento e posição, assim também como toda forma de mudança temporária, que são possíveis de serem constatadas” em um animal (LAMPRECHT, 1982 apud SOUTO, 1999).
O comportamento animal, “baseia-se a conduta no movimento dos animais. Este não se resume apenas no correr, nadar, rastejar, além de outras formas animação. Ele envolve a ação dos animais na alimentação, no acasalamento e no ato de respirar [...], até mesmo o mais silencioso movimento de uma parte do corpo, quando, por exemplo, o animal levanta a orelha ou emite um som, representa formas de comportamento” (TINBERGEN, 1976 apud KLEINERT et al., 1994 In SOUTO, 1999).
Animais em cativeiro costumam desenvolver comportamentos que ou não fazem parte de seu repertório natural ou exibem uma frequência acima àquela considerada normal. Algumas vezes zoológicos introduzem estressores não naturais aos animais, como as restrições espaciais e sociais, e, para algumas espécies a simples exposição aos visitantes e seus comportamentos já representam um fator de estresse. Outro fator pode ser a proximidade de outros animais potencialmente competidores ou predadores que, mesmo fora do campo de visão, podem ser percebidos por senhas odoríferas, auditivas entre outros sensores. Pode-se argumentar que alguns comportamentos têm sido observados em situações estressantes também na natureza, porém a preocupação nos zoológicos é que um comportamento anormal torne-se uma estereotipia (DRAZILOVÁ, 2006).
Pitsko (2003) relata que a pesquisa etológica é de alta prioridade para zoológicos, por proporcionar a melhor maneira de abordar as questões envolvendo o bem estar animal e projetar melhores ambientes voltados para eles. O estudo do comportamento de animais em cativeiros nos leva a entender como as condições restritas de um recinto zoológico vêm modificar o comportamento natural dos animais e a observar quais as alternativas que estes encontraram para se adaptar a uma vida cativa. 
O cativeiro impõe aos animais selvagens condições muito diferentes daquelas encontradas em seus ambientes naturais. Sabe-se que comportamentos incomuns a espécie, tais como agressividade excessiva, estereotipias ou inatividade, são considerados resultados do cativeiro inadequado (CARLSTEAD, 1996; MORATO et al., 2001 apud MORATO, 2005). Para Broom e Johnson (1993) a presença de estereotipias é sinal de baixo grau de bem-estar, e quanto mais tempo da vida do animal for gasto expressando comportamentos anormais pior é o seu grau de bem-estar.
Segundo Young (2003) o ambiente cativo frequentemente expõe animais para uma vasta gama de fatores de stresse e estes estressores pode causar uma diminuição das funções cognitivas, por exemplo memória. A maioria dos animais em cativeiro precisa usar funções cognitivas como memória para localizar recursos (alimentos, por exemplo) dentro de seu ambiente. Assim, protegendo o funcionamento cognitivo é um aspecto importante do enriquecimento do meio ambiente.
De acordo com Hurnik (1992) bem-estar animal é o "estadode harmonia entre o animal e seu ambiente, caracterizado por condições físicas e fisiológicas ótimas e alta qualidade de vida do animal". Broom (1991) propõe que bem-estar não é um atributo dado pelo homem aos animais, mas uma qualidade inerente a estes. O bem-estar se refere, então, ao estado de um indivíduo do ponto de vista de suas tentativas de adaptação ao ambiente. Ou seja, se refere a quanto tem de ser feito para o animal conseguir adaptar-se ao ambiente e ao grau de sucesso com que isto está acontecendo. O bem-estar pode assim variar entre muito ruim e muito bom e pode ser avaliado cientificamente a partir do estado biológico do animal e de suas preferências. Nesse contexto, produtividade, sucesso reprodutivo, taxa de mortalidade, comportamentos anômalos, severidade de danos físicos, atividade adrenal, grau de imunossupressão ou incidência de doenças, são fatores que podem ser medidos para avaliar o grau de bem-estar dos animais (BROOM, 1991; MENCH, 1993).
2.2. Enriquecimento Ambiental
O Enriquecimento Ambiental na prática abrange uma variedade de técnicas originais e criativas para manter os animais cativos ocupados através do aumento da gama e diversidade de oportunidades comportamentais e do oferecimento de ambientes mais estimulantes (SHEPHERDSON, 1998). O enriquecimento das condições ambientais é importante por três razões básicas: melhorar o bem-estar físico e psicológico dos animais de cativeiro; ambientes enriquecidos são mais interessantes e educacionais para o público e; os enriquecimentos ajudam a conservar a espécie animal de formas diversas como aumentando taxas de reprodução, incentivando comportamento natural da espécie e melhorando taxa de sobrevivência em programas de reintrodução (CELOTTI, 2001).
O enriquecimento ambiental é uma prática que tem se mostrado efetiva na redução de comportamentos estereotipados, buscando satisfazer as necessidades comportamentais típicas de determinada espécie. Deste modo, animais que vivem em ambientes enriquecimentos são mais aptos a resolver problemas, enfrentar manipulações de rotina, reagrupamento social e relocação de recinto (BOERE, 2001).
Acredita-se que o enriquecimento ambiental proporcione aos animais de cativeiro a possibilidade de terem um comportamento mais próximo do exibido no meio natural: a exibição de comportamentos típicos é um dos critérios para se um animal encontra-se em boas condições. Através do enriquecimento, proporciona-se ao individuo a escolha do tipo de ambiente a ser usufruído, maior possibilidade de exploração, imprevisibilidade, [...], companheirismo e privacidade. É também uma forma de otimizar o espaço disponível para os animais cativos, promovendo maior interação destes com o ambiente, respeitando as características da espécie em questão (VASCONCELLOS, 2004). 
Mitchell et al., (2003) afirmam que a inserção de itens de enriquecimento ambiental pode ser um fator de aumento no grau de bem-estar animal. Em específico para os psitacídeos, Rupley (1999) diz que, a manutenção de psitacídeos em cativeiro requer um controle do estado sanitário e de bem-estar do animal dentro dos parâmetros adequados para cada espécie. Isto se deve ao fato de que, os psitacídeos possuem alguns estressores que ocorrem em ambientes naturais como, alterações de temperatura, luminosidade e disponibilidade de alimentos. Em cativeiro esses fatores podem ser controlados, porém as aves são expostas a novos estressores como a imposição da presença humana ou a coabitação forçada entre indivíduos que não se “simpatizam” (WAUGH; ROMERO, 2000).
Para a diminuição de comportamentos anormais em animais que estão em cativo, o enriquecimento ambiental se mostra como uma boa ferramenta, na melhora do bem-estar animal. Para isso, são utilizadas técnicas para aumentar o estímulo no ambiente por meio da introdução de objetos, com os quais os animais podem interagir devendo estes ter um significado e/ou serem úteis para a vida dos animais, como alimentos, brinquedos ou esconderijos. Deste modo o enriquecimento propicia situações próximas do dia a dia dos animais em um ambiente natural, amenizando o estresse de cativeiro (BUMP, 2001 apud SGARBIERO, 2009).
Técnicas de enriquecimento ambiental melhoram as funções biológicas de animais cativos através de modificações em seus recintos ou a introdução de objetos diferenciados, variando conforme a técnica aplicada. Algumas dessas evidências seria o aumento do sucesso reprodutivo e de atividades físicas resultando em uma melhora na saúde dos indivíduos (NEWBERRY, 1995).
2.3 Arara-piranga (Ara macao)
A Ara macao é uma das aves da classe dos psitacídeos. É considerada menos robusta que as outras araras, pois medem em torno de 89 cm, possuem uma grande área amarela nas asas e face branca com ausência de penas SICK (2001). Sua cauda mede aproximadamente 1/2 a 1/3 de todo tamanho corpóreo, sendo que as penas da cauda do macho são maiores que as penas da cauda da fêmea (DOENTE, 1993 apud MECABO, 2005).
É conhecida pelos nomes arara-canga ou arara-piranga e encontrada no México, América Central e América do Sul sendo que, no Brasil, encontra-se na maior parte na região Amazônica (SLUD, 1964 apud MECABO, 2005).
Os indivíduos da espécie Ara macao, recolhem-se em bando durante a noite e seus vôos são em grupos. São vistas sozinhos somente quando estão incubando os ovos ou alimentando seus filhotes sendo que o macho e a fêmea se revezam para se alimentar e alimentar os ninhegos (DOENTE, 1993 apud MECABO, 2005).
Pode viver de 40 a 60 anos e atinge a maturidade sexual aos três anos. É uma espécie monogâmica e seus ninhos são feitos em ocos de árvores, como palmeiras e em fendas de falésias. A fêmea pode botar de dois a quatro ovos e os filhotes recebem o cuidado parental mesmo depois de saírem do ninho, podendo este tempo ultrapassar dois anos. Os adultos procriam novamente apenas após os filhotes deixarem o ninho, o que resulta num crescimento lento da espécie (RENCTAS, 2008 apud SGARBIERO, 2009).
Essas araras costumam gostar de banhos de chuva e de roer madeira, a fim de exercitar a musculatura da mandíbula. Elas são capazes de articular sons imitando palavras humanas ou vozes de outros animais. Apesar de não conseguirem alcançar grandes distâncias em vôo, esses animais são aptos a moverem-se habilidosamente entre os ramos de árvores, graças ao formato do seu bico e de suas patas que possuem quatro dedos, dois voltados para frente e dois para trás (pés zigodáctilos), as quais servem também para manipular o alimento (RENCTAS, 2008 apud SGARBIERO, 2009).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Caracterização da instituição
A pesquisa foi realizada no Zoológico Municipal Bosque Guarani, situado em Foz do Iguaçu, Paraná. O zoológico foi inaugurado em Junho de 1996, está situado em uma área no centro de Foz do Iguaçu, conhecida como Bosque Guarani. Nele encontra-se um remanescente da flora regional com árvores nativas e exóticas. O Zoológico ocupa uma área de 4,5 hectares, possui 21 recintos com aproximadamente 280 animais de espécies silvestres e exóticas: aves, répteis e mamíferos, que podem ser visitados por trilhas pavimentadas. O complexo dispõe de playground e um mini anfiteatro, onde são realizadas palestras e atividades de educação ambiental. Ainda possui aproximadamente 1.000 árvores nativas e pequenas lagoas artificiais, resultado do aproveitamento de uma nascente.
3.2. Descrição do recinto
O recinto possui um formato arredondado (Figura 1), confeccionado em tela de alambrado, sem nenhuma divisão e de tamanho pequeno, possui 5 m de altura e 27,80 m² de área, há um comedouro de alumínio onde são colocadas as badejas móveis com alimento (ração, frutas e grãos), um ninho formado por um tronco de árvore, algumas espécies de plantas, troncos formando poleiros espalhados pelo recinto, bebedouro projetado em uma altura mediana e construído com cimento e pedras e o chão é coberto por areia. O topo do recinto tem um formato de claraboia sendo que metade é coberta por folha de zinco, na claraboia há uma mangueira que fica ligadaem uma torneira do lado de fora do recinto, é útil para os dias mais quentes, pois simula uma chuva artificial.
	
	 Figura 1 - Recinto, no Zoológico Municipal Bosque Guarani (Foz do Iguaçu-PR).
3.3. Descrição dos animais de estudo
Para identificação dos indivíduos de arara-piranga, foi utilizado como critério de diferenciação, o comprimento da cauda, sendo que o macho possui a cauda mais longa, e a fêmea possui a cauda mais curta, além das anilhas, que por se tratar de um casal estão colocadas em sentidos opostos na pata de cada arara-piranga.
3.4 Etograma
Foi realizada a técnica animal focal, que consta na observação de todo tipo de comportamento, que foi dividido nas seguintes categorias, para melhor observação e análise comportamental: repouso, social, manutenção, locomoção, vocalização e alimentação. O quadro 1 (DEL CLARO, 2004) apresenta as categorias e os atos comportamentais que foram observados e analisados em cada categoria, com suas respectivas siglas e descrição do comportamento.
Quadro 1 - Lista de atos comportamentais observados das araras-piranga (Ara macao) com respectivas siglas e descrição dos comportamentos.
	Comportamento
	Sigla
	Descrição
	REPOUSO
	Calma
	C
	Parada no poleiro com os olhos aberto, sem esboçar nenhuma reação.
	Sono
	S
	Parada no poleiro por um tempo com os olhos fechados.
	Bocejando
	BO
	Abre o bico e ergue a língua sem emitir nenhum som.
	Posição de pendulo
	PP
	Ave fica presa as patas no poleiro com o corpo direcionado para baixo.
	Alerta
	A
	Em repouso no poleiro, porem com o ventre erguido e atenta a algo no entorno do recinto.
	SOCIAL
	Interação calma
	IC
	Interação calma entre o casal, como carinho ou de limpeza.
	Interação agressiva
	IA
	Interação agressiva entre o casal quando um individuo da bicadas no outro no sentido de repreender ou machucar.
	Espelho
	ES
	Observando a imagem refletida no espelho, pensando se tratar de outro individuo.
	Mexendo Urso de pelúcia
	MX URSOS
	Interação/aproximação das aves com os ursos de pelúcia colocados nos poleiros.
	MANUTENÇÃO
	Higienização
	H
	Fazendo limpeza de penas e patas com o bico.
	Esticando
	E
	Esticando membros como se estivesse se alongando
	Movimento com a cabeça
	MC
	Mexendo a cabeça para cima ou para baixo repetidas vezes.
	Movendo o corpo
	M
	Movendo o corpo para ambos os lados e arrepiando as penas
	Bebedouro
	B
	Bebendo água.
	LOCOMOÇÃO
	Roendo tela
	RT
	Para na tela com o auxilio das patas e roendo a tela com o bico. 
	Escalando tela
	ET
	Locomovendo-se coma ajuda do bico e das patas pela tela do recinto
	Roendo poleiro
	RP
	Roendo e tirando pequenas lascas do poleiro
	Batendo asas
	BA
	Batendo asas repetidas vezes
	Mexendo nas folhas
	MX FOLHAS
	Mexendo nas folhas espalhadas pelo chão do recinto, tentando encontrar algo.
	Explorando o recinto
	EXR
	Habito de fica andando pelo chão do recinto ou mesmo pela tela.
	VOCALIZAÇÃO
	Vocalização calma
	VC
	Emitindo som em tom baixo
	Vocalização agressiva
	VA
	Emitindo som em tom alto
	ALIMENTAÇÃO
	Forrageamento
	F
	Alimentando-se diretamente com o bico ou com o auxilio de uma das patas.
	Forrageamento na bandeja
	FB
	Alimentando-se na bandeja deixada no chão do recinto.
	Mexendo na pinha
	MX PINHA
	Mexendo na pinha no intuito de pegar a fruta presa nela.
	Mexendo na bola
	MX BOLA
	Mexendo na bola para pegar o alimento que esta dentro dela.
	Mexendo no bambo
	MX BAMBO
	Mexendo no bambo para alimentar-se.
O trabalho foi realizado nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2012. A parte prática do experimento foi dividia em duas etapas, sendo oito dias, para a etapa chamada de Pré-enriquecimento, essa etapa foi utilizada a técnica de observação do animal focal com intervalos de cinco minutos. A partir das observações desses indivíduos foi confeccionada uma lista de comportamentos (quadro 1), com a quantificação dos mesmos, para a confecção do etograma (DEL CLARO, 2004). As observações ocorreram à distância de um metro do recinto entre 09h30min as 11h00min, das 13h00min as 15h00min e das 16h00min às 17h30min, totalizando 5 horas de observação diária, 40 horas de observação e confecção de um etograma para o casal de arara-piranga.
Na etapa pré-enriquecimento foram mantidas as bandejas no local habitual, o mesmo tratador e nenhuma técnica de enriquecimento foi empregada, apenas foi observado e registrado os comportamentos por meio do etograma, fotos e vídeos.
A segunda etapa, foi realizada em 11 dias e foi chamada de enriquecimento, nesta etapa aplicou-se diferentes técnicas de enriquecimento e os comportamentos foram novamente quantificados para realização de análise comparativa e para construção do etograma. Os horários de intervenção na etapa de enriquecimento foram mantidos os mesmos, totalizando 55 horas de observações e a confecção de um etograma.
3.5. Ferramentas de enriquecimento
As ferramentas utilizadas no enriquecimento foram elaboradas no decorrer do presente trabalho, já o móbile foi uma adaptação de uma ferramenta criada por PORTER (2007). O objetivo do enriquecimento foi melhorar o bem-estar das aves, incentivar o forrageamento, tornando as aves mais ativas, aproximando o ambiente do natural da espécie, estimulando a exploração do recinto, a busca por alimento e também a interação entre o casal. As técnicas de enriquecimento foram divididas em: enriquecimento ambiental, social, sensorial, físico e alimentar.
3.5.1 Enriquecimento Social
No enriquecimento social, não foi possível introduzir aves de outras espécies, por isso utilizou-se a introdução de três bichos de pelúcia (Figura 2) que foram colocados em alguns poleiros e três espelhos grandes (Figura 3) que foram presos na tela do recinto, em pontos diferentes. O objetivo desta técnica foi observar se haveria a interação do casal com os bichos de pelúcia e com o espelho e se isso os tornaria mais ativos, diminuindo do ócio e se ocorreria o aumento dos comportamentos sociais.
	
 (a) (b)
	Figura 2 - Enriquecimento social colocados no recinto das arara-piranga. Ursos de pelúcia pendurados nos poleiros das araras (a); araras observando os ursos (b). 
	
 (a)
	
 (b)
	Figura 3 - Enriquecimento social, espelhos colocados fixados na tela do recinto (a). Arara fêmea posicionada em frente ao espelho (b). 
3.5.2 Enriquecimento Sensorial
Durante o enriquecimento sensorial, foi colocado no recinto três vasos pequenos de ervas aromáticas (Figura 4), sendo arruda e alecrim, para estimular o sistema olfativo das aves. Além das ervas aromáticas foi utilizada uma caixa de som, com canto de outras espécies e barulhos de água, chuva e vento.
	 (a) (b)
	Figura 4 - Enriquecimento sensorial, vasos de ervas aromáticas, espalhados pelo recinto (a); ramos de arruda colocados nos poleiros do recinto (b). 
3.5.3 Enriquecimento Cognitivo
Para este enriquecimento, foi confeccionado um móbile (PORTER, 2007) em que foi utilizado corda de sisal, pedaços de PVC cortados em quadrados e tingidos de cores diferentes (amarelo, azul, rosa, vermelho, verde e laranja), pinhas e bambu (Figura 5 a). Foi utilizado também, um balanço (Figura 5 b) feito com corda de sisal, pinhas e bambu, ambos os enriquecimentos foram feitos para que os alimentos fossem dispostos nas pinhas e que as aves pudessem se apoiar neles.
	
 (a) (b)
	Figura 5 - Enriquecimento ambiental: móbile confeccionado, com bambo, pinhas, pedaços de PVC coloridos e corda de sisal (a); Balanço confeccionado com corda de sisal, pinhas e bambo, ambos foram colocados nos poleiros do recinto (b). 
3.5.4 EnriquecimentoFísico
O enriquecimento físico é o estimulo na ambientação, tamanho, forma e clima do recinto. Para este enriquecimento, foram cortados galhos de uma árvore de goiabeira (Figura 6) do zoológico, esses galhos foram dispostos pelo recinto sendo amarrados com corda de sisal, nas telas de proteção e no poleiro central do recinto, no chão foram espalhadas folhas secas (Figura 7) recolhidas no zoológico.
	 (a) (b)
	Figura 6 - Enriquecimento Físico: galhos de goiabeira espalhados pelo recinto e amarrado aos poleiros (a); vista de fora do recinto com os galhos de goiabeira (b). 
	
 (a)
	
 (b)
	Figura 7 - Enriquecimento Físico: folhas espalhadas no chão do recinto (a); Arara fêmea explorando as folhas (b). 
3.5.5 Enriquecimento Alimentar
No enriquecimento alimentar, foram introduzidos alimentos em locais diferentes do habitual, e em objetos que exigissem maior esforço e curiosidade por parte das aves. Para este, foi utilizado duas bandejas de plástico, que ficaram no chão do recinto (Figura 8), pinhas presas nas telas do recinto (Figura 9), bolas de plástico coloridas penduradas nos poleiros com arame galvanizado (Figura 10) e um bambu cortado ao meio com aproximadamente 60 cm de comprimento (Figura 11), que ficou amarrado entre dois poleiros com corda de sisal.
	 (a) (b)
	Figura 8 - Enriquecimento alimentar: bandejas com frutas espalhadas no recinto (a; b). 
	 (a) (b)
	Figura 9 - Enriquecimento alimentar: pinha com banana presa a tela do recinto (a); arara alimentando-se de frutas colocadas na pinha presa ao poleiro (b). 
	 (a) (b)
	Figura 10 - Enriquecimento alimentar: bolas coloridas de plástico com furos amarradas aos poleiros, com alimento dentro, arara observando alimento que estava dentro da bola (a); arara pegando alimento dentro da bola (b). 
	(a)
	(b)
	Figura 11 - Enriquecimento alimentar: Bambo cortado ao meio com aproximadamente 60 cm, onde as frutas foram colocadas, misturadas as sementes (girassol, painço e vitaminas) (a); Bambo colocado próximo ao cocho existente no recinto, onde as araras subiam para pegar as frutas (b). 
17
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os comportamentos exibidos pelos animais nas fases pré e pós-enriquecimento foram classificados no Quadro 1 e quantificados no Apêndice 1. No total foram apresentados 27 atos comportamentais, sendo 25 visuais e 2 sonoros, classificados dentro de 6 categorias (Quadro 1). No etograma da etapa sem enriquecimento foram classificados 17 atos comportamentais, durante o enriquecimento, verificou-se o surgimento de 3 atos comportamentais além dos 7 atos relacionados as técnicas de enriquecimento ambiental. 
Para registro dos dados foram construídos gráficos, comparando as etapas pré-enriquecimento e enriquecimento, sendo que os atos comportamentais foram separados em categorias. Os gráficos a seguir representam cada uma das categorias.
	
(a)
	
(b)
Figura 12 – Representação do número de repetições dos comportamentos na categoria de repouso das araras-piranga macho e fêmea. a) Pré-enriquecimento; b) com enriquecimento. 
A frequência dos comportamentos mais observados na categoria de repouso para o casal de arara-piranga está na (Figura 12), o número de repetições para a arara fêmea foi de: calmo (191), ocorrendo um pequeno aumento na etapa de enriquecimento (209), o comportamento de sono apresentou pouca alteração passando de (65) para (61) no enriquecimento, o comportamento bocejando, posição de pendulo e agitado foram observadas poucas vezes sendo que somente uma das etapas.
Os comportamentos mais observados na arara macho na categoria de repouso foram: calmo (224) no pré-enriquecimento, aumentando para (248) no enriquecimento, sono teve uma queda de (91) para (48), o comportamento de bocejando foi observado somente (5) vezes durante o enriquecimento; posição de pendulo (5) no pré-enriquecimento e agitado não foi observado em nem uma das duas etapas.
O comportamento calmo teve um pequeno aumento, já o de sono diminuiu isto é positivo para a pesquisa, pois demonstra que as aves tornaram-se mais ativas durante o enriquecimento. Sick (1997) diz que a ave no poleiro transmite sinal de satisfação e tranquilidade.
	
 (a)
	
	 (b)
Figura 13 – Representação do número de repetições dos comportamentos na categoria social das araras-piranga macho e fêmea, a) pré-enriquecimento; b) com enriquecimento. 
A figura 13 representa a categoria social da arara fêmea e macho. Na arara fêmea foi observado aumento a interação calma passando de (3) no pré-enriquecimento para (13) durante o enriquecimento, a interação agressiva foi observado uma vez durante o enriquecimento, os espelhos utilizados no enriquecimento surtiram pouco efeito, foi observado apenas (5) vezes. Já a arara macho, teve um aumento de (3) para (11) no comportamento de interação calma, a interação agressiva foi observada somente uma vez durante a etapa de enriquecimento, na utilização dos espelhos foi observado (10) ocorrências.
No enriquecimento social realizado no recinto das araras-piranga (Ara macao), em que foi feita a introdução de ursos de pelúcia, não se obteve o resultado esperado, as aves se isolaram no recinto e apresentaram pouca atividade durante a técnica. Em um trabalho similar em que foi utilizado uma arara-canindé (Ara ararauna), Sgarbiero (2009) relata que os números de comportamentos sociais também não variaram e que possivelmente foi causado por interferência do novo indivíduo introduzido no recinto, que por ser de outra espécie (Ara ararauna), parece ter interferido negativamente no comportamento dos animais já presentes no recinto, indicando que este enriquecimento não tornou os indivíduos mais ativos.
A maior expressão de interações sociais revela maior coerção entre os indivíduos, sendo um indício favorável de bem-estar (BROOM; JOHNSON, 1993).
	 
 (a)
	 
 (b)
No comparativo das duas etapas, observou-se um aumento considerável na interação calma entre as aves durante o enriquecimento, na segunda etapa observou-se, a interação agressiva, este ato comportamental não havia sido observado durante o pré-enriquecimento, isso pode estar relacionado diretamente ao enriquecimento. A utilização de espelhos no enriquecimento social mostrou-se eficaz, durante esta técnica a arara sexo masculino, demonstrou maior interação. Young (2003) relata que espelhos são uma alternativa prática e barata de enriquecimento ambiental de animais em cativeiro. Os espelhos passam a impressão de haver mais indivíduos da mesma espécie no recinto.
Figura 14 – Representando número repetições dos comportamentos na categoria de manutenção das araras-piranga macho e fêmea, a) pré-enriquecimento; b) com enriquecimento. 
O comportamento mais observado na categoria de manutenção para arara fêmea foi de higienização (figura 14), sendo (59) repetições no pré-enriquecimento para (68) durante o enriquecimento, esticando passou de (20) ocorrências para (31), outro comportamento que apresentou um aumento considerável foi de beber água passando de (9) para (22) ocorrências. A arara macho, também apresentou aumento no comportamento de higienização para esta categoria (figura 14), passando de (29) para (64) ocorrências no enriquecimento, esticando teve aumento de (19) para (42), se subsequentemente o ato de beber água foi de (7) para(30) durante o enriquecimento. Os outros comportamentos como mexendo a cabeça e mexendo o corpo foram observados poucas vezes. 
	
(a)
	
(b)
Figura 15 - Representando número repetições dos comportamentos na categoria locomoção das araras-piranga macho e fêmea, a) pré-enriquecimento; b) com enriquecimento. 
A figura 15 mostra os comportamentos de locomoção da fêmea, que apresentaram aumento foram os de roendo poleiro (10) frequências para (22), roendo tela passou de (15) para (21), sendo que o comportamento que apresentou maior aumento foi o de escalando tela passando de (10) para (40). Outros comportamentos como mexer folhas e mexer corda só foi observado no enriquecimento, por se tratar de técnicas utilizadas nessa etapa, sendo que foram observados (13) e (4) vezes sucessivamente, o comportamento de explorar recinto foi observado somente na etapa de enriquecimento.
Na arara macho, destacou-se o ato de escalar tela (figura 15) que teve um aumento de (5) para (43) ocorrências, roendo poleiro também teve um aumento de (10) para (21), e o ato de roendo tela passou de (19) para (18) durante o enriquecimento, o movimento de bater asas foi mais observado durante o enriquecimento que teve um aumento de (1) para (5) ocorrências, explorar o recinto se manteve estável.
Nos comportamentos de locomoção, observa-se que houve aumento considerável na etapa de enriquecimento para ambos, o comportamento exploratório é importante no dia-a-dia dos animais que vivem em cativeiro, porque os mantêm mais ativos e corrobora na diminuição de estereotipias. Este comportamento é utilizado para obter informações sobre disponibilidade de recursos, esconderijos, pontos de fuga e alimento (MENCH, 1998).
	
(a)
	
(b)
Figura 16 – Representação do número de repetições dos comportamentos na categoria vocalização das araras-piranga macho e fêmea, a) pré-enriquecimento; b) com enriquecimento. 
Na figura 16 se observa os comportamentos de vocalização, a vocalização calma da arara fêmea, apresentou um aumento de (46) para (56), já a vocalização agressiva se manteve igual nas duas etapas (9). Nas observações da arara macho, também se notou que a vocalização calma apresentou um aumento de (27) para (36) e a vocalização agressiva apresentou uma pequena diminuição de (3) para (2) no enriquecimento.
	
(a)
	
(b)
Figura 17 – Representando número repetições dos comportamentos na categoria alimentação das araras-piranga macho e fêmea, a) pré-enriquecimento; b) com enriquecimento. 
Na figura 17, se nota que houve interação do casal de arara-piranga, com as técnicas de enriquecimento alimentar, a alimentação foi a última etapa observada, para ambas as araras e os resultados apresentados foram satisfatório no enriquecimento. Nessa etapa o forrageamento foi dividido entre as varias técnicas inseridas no recinto, constatando um aumento no ato da busca por alimento, durante o pré-enriquecimento foi observado (86) vezes esse comportamento para a arara fêmea, sendo que durante o enriquecimento foi subdividido em: mexendo no bambu (7); forrageando na bandeja (40); mexendo na bola (4); mexendo na pinha (9), entretanto a arara manteve a preferência pela alimentação do local habitual do recinto (81).
A arara macho teve resultados parecidos com os da arara fêmea (figura 17), sendo que o ato de forragear durante o pré-enriquecimento foi de (91) e no enriquecimento se dividiu em cindo etapas: mexendo bambu (3); forrageando na bandeja (39) mexendo na bola (5) e na pinha (4), porém a arara manteve a preferência pela alimentação do local habitual do recinto (81).
No enriquecimento alimentar buscou-se fornecer alimentação variada, respeitando o cardápio que já era oferecido as aves pelo zoológico e também as necessidades nutricionais. Para que as aves explorassem o recinto na busca por alimento, este foi distribuído em diferentes locais, com em pinhas, poleiros, bolas, bandejas colocadas no chão do recinto e em um bambu que era amarrado entre os poleiros, exigindo assim maior esforço das aves para obtenção do alimento, nesta etapa foi mantido diariamente uma pequena quantidade de frutas, ração e sementes no local onde as aves se alimentam habitualmente. 
É conhecido na literatura, que a variação na alimentação como enriquecimento ambiental, aumenta os comportamentos manipulativos e exploratórios (BOERE, 2001). Durante a aplicação das técnicas de enriquecimento alimentar, foi notória a preferência das aves pelas sementes que eram misturadas nas frutas, as frutas eram descartadas pelas aves para que obtivessem as sementes. Para SICK (1997), os psitacídeos gostam das sementes e não da polpa das frutas, chegando ate mesmo a desprezar estas.
Notou-se que entre todas as técnicas de enriquecimento, a que apresentou maior interação foram os modelos alimentares, por ser diversificada ocorria de forma prolongada. Isto demonstra que os indivíduos passaram mais tempo explorando os modelos para conseguir o alimento neles contidos.
Os animais, no comparativo dos etogramas, demonstraram variação individual de respostas frente ao mesmo estímulo, isto demonstra a importância de estudar-se individualmente os animais para implementação das técnicas de enriquecimento ambiental.
5 CONCLUSÕES
Por meio dos resultados obtidos, percebe-se que algumas técnicas de enriquecimento se mostram mais eficazes que outras, assim atingindo os objetivos e necessidades comportamentais da espécie, dentre todas as técnicas aplicadas, o enriquecimento alimentar se mostrou o mais efetivo, para a melhora do bem-estar das aves, pois houve a interação por vários minutos e o aumento no tempo de forrageamento, desse modo as aves se mantêm mais tempo entretidas e isso resulta na diminuição de comportamentos anormais. Porem, a técnica de interação social com outros “indivíduos”, não alcançou o objetivo esperado, isso pode estar relacionado, ao estresse vivido no cativeiro, à presença de público, pesquisadores e tratadores.
Com o presente trabalho os resultados previstos, seria um declínio nos comportamentos de ociosidade, no comparativo das etapas de pré-enriquecimento e enriquecimento, observou-se que houve interação moderada com as técnicas aplicadas no enriquecimento, uma grande diminuição no comportamento de sono, fato este que mostrou-se importante para o resultado da pesquisa. Mesmo com a inserção do enriquecimento deve-se levar em contam outros fatores que colaboram para o bem-estar do animal, como o clima e a adaptação das aves no recinto em que estão alocadas, já que não estão há muito tempo no recinto em que foi desenvolvido o estudo.
Além da adaptação ao cativeiro, outro fator que pode ser relevante é a falta de itens diversificados que fiquem disponíveis as aves no cativeiro, assim os animais teriam um envolvimento constante em atividades, o que os tornariam mais ativos e curiosos. Acredita-se que justamente por este fator citado, as aves não tenham respondido bem à técnica em que foram utilizados os ursos de pelúcia, nesta técnica as aves se isolaram. Mesmo não surtindo efeito esperado, há um ponto positivo que comprova o progresso nos níveis de bem-estar das aves estudadas, no comparativo dos etogramas foi possível observar o aumento na interação calma entre o casal.
As aves apresentaram aumento em outros comportamentos de manutenção, locomoção e alimentação, isto demonstra que elas ocuparam mais o tempo, e ficaram mais ativas no enriquecimento. Durante o desenvolvimento do trabalho o macho se apresentou mais ativo que a fêmea, no comportamento de sono do macho observou-se uma diminuição já a fêmea demonstrou resultados com pouca oscilação para alguns comportamentos nas duas etapas, porém foi mais participativa no enriquecimento alimentar e teve maior frequência no comportamento de vocalização.
Os estudos e a aplicação de técnicas apropriadas para cada espécie e o acompanhamento destas são de grande importância, para que seja feita a divulgação dos seus resultados, dessa forma instituições, poderão utilizar as técnicas em benefício dos animais, por serem técnicas baratas e aplicáveis.Mas para que ocorram melhorias efetivas na qualidade de vida dos animais, a utilização de técnicas de enriquecimento ambiental deve ser realizada de forma contínua.
REFERÊNCIAS 
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APÊNDICE
Apêndice 1 - Etograma das araras-piranga (Ara macao) do Zoológico Bosque Guarani de Foz do Iguaçu (PR), demonstrando as atividades e os números totais de ocorrências comportamentais sem e com os enriquecimentos ambientais no recinto.
	Sigla
	Pré-enriquecimento
	Enriquecimento
	
	Fêmea
	Macho
	Fêmea
	Macho
	REPOUSO
	C
	191
	224
	209
	248
	S
	65
	91
	61
	48
	BO
	0
	0
	6
	5
	PP
	7
	5
	0
	0
	A
	0
	0
	9
	0
	SOCIAL
	IC
	3
	3
	13
	11
	IA
	0
	0
	1
	1
	ES
	0
	0
	5
	10
	MX URSOS
	0
	0
	0
	0
	MANUTENÇÃO
	H
	59
	29
	68
	64
	E
	20
	19
	31
	42
	MC
	3
	0
	0
	3
	M
	1
	0
	0
	0
	B
	9
	7
	22
	30
	LOCOMOÇÃO
	RP
	10
	10
	22
	21
	RT
	15
	19
	21
	18
	ET
	10
	5
	40
	43
	BA
	1
	1
	2
	5
	MX FOLHAS
	0
	0
	13
	13
	EXR
	0
	2
	3
	3
	VOCALIZAÇÃO
	VC
	46
	27
	56
	36
	VA
	9
	3
	9
	2
	ALIMENTAÇÃO
	MX BAMBO
	0
	0
	7
	3
	FB
	0
	0
	40
	39
	MX BOLA
	0
	0
	4
	5
	MX PINHA
	0
	0
	9
	4
	F
	86
	91
	81
	81
3
000
3
000
0
2
4
6
8
10
12
14
Int. calmaInt. agressivaEspelhosMXURSO
FêmeaMacho
13
1
5
0
11
1
10
0
0
2
4
6
8
10
12
14
Int. calmaInt. agressivaEspelhosMXURSO
FêmeaMacho
59
20
3
1
9
29
19
00
7
0
10
20
30
40
50
60
70
HigienizaçãoEsticandoMov. CabeçaMov. CorpoBeb. Água
FêmeaMacho
68
31
00
22
64
42
3
0
30
0
10
20
30
40
50
60
70
HigienizaçãoEsticandoMov. CabeçaMov. CorpoBeb. Água
FêmeaMacho
10
15
10
1
00
10
19
5
1
0
2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Roendo
poleiro
Roendo telaEscalando
tela
Batendo
asas
MX
FOLHAS
Explorando
recinto
FêmeaMacho
22
21
40
2
13
3
21
18
43
5
13
3
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Roendo
poleiro
Roendo telaEscalando
tela
Batendo
asas
MX
FOLHAS
Explorando
recinto
FêmeaMacho
46
27
9
3
0
10
20
30
40
50
60
Vocalização CalmaVocalização Agressiva
FêmeaMacho
56
36
9
2
0
10
20
30
40
50
60
Vocalização CalmaVocalização Agressiva
FêmeaMacho
0000
86
0000
91
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
MX BAMBOF. bandejaMX BOLAMX PINHAForrageando
FêmeaMacho
7
40
4
9
81
3
39
5
4
81
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
MX BAMBOF. bandejaMX BOLAMX PINHAForrageando
FêmeaMacho

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