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Lucas Melo – Medicina Ufes 103 Nesses casos tem que fazer uma investigação mais guiada, como colonoscopia com biópsia seriada e endoscopia se suspeitar de doença celíaca. Em alguns casos pode-se pensar em pedir tomografia ou ressonância de abdome. Se após pedir todos os exames e ainda não conseguiu fechar o dx de diarreia crônica, pensar em causa mais rara, como os tumores hormônio-secretores (deve dosar gastrina de jejum, calcitonina, somatostatina, VIP, ácido 5-HIAA na urina em 24 horas) e diarreia factícia (diarreia por abuso de laxativos). O tratamento é dividido em 3 grandes pilares, o TTO etiológico específico, o TTO empírico para casos selecionados e o TTO sintomático. - Tratamento etiológico específico: - Tratamento empírico para casos selecionados: é feito, geralmente, em 3 cenários, antibioticoterapia empírica para supercrescimento bacteriano (rifaximina, tetraciclina, sulfametoxazol -trimetoprim, metronidazol, ciprofloxacina, uso por 14 dias ou ciclos de 7 dias), restrição de lactose da dieta de pacientes com clara relação dos sintomas à ingesta e colestiramina na suspeita de diarreia colerética (aumento de bile no TGI). - Tratamento sintomático: antidiarréicos (loperamida e racecadotrila) e análogos da somatostatina (octreotide, tem a função de inibir a secreção de hormônios, usados quando há presença de tumores carcinóides). Lucas Melo – Medicina Ufes 103 Constipação Intestinal A definição envolve alguns critérios, sendo que o paciente deve apresentar 2 ou mais dos seguintes itens: A definição de constipação não está sempre ligada a diminuição da frequência de evacuação. Os principais fatores de risco para constipação intestinal são a idade (prevalência aumentada em idosos), sexo feminino, baixo nível socioeconômico, ingestão inadequada de fibras e líquidos, baixo nível de atividade física e gravidez. Com relação à etiologia e fisiopatologia, a constipação é dividida em 2 grandes grupos, pode haver a constipação secundária a alguma doença e a constipação funcional/idiopática. Em relação a secundária, existem várias causas: A constipação funcional/idiopática pode ser dividida mais uma vez em 3 grupos, aquela com trânsito colônico normal, trânsito colônico lento (a inércia colônica é a principal causa, pacientes cursam com megacólon bem grande, não possuem o aumento da motilidade colônica após refeições ou uso de estimulantes, isso normalmente acontece por conta da diminuição dos plexos mioentéricos e das células de Cajal) ou com distúrbio na defecação (paciente tem uma evacuação retal prejudicada, ou seja, uma alteração nas forças propulsoras do reto e/ou aumento da resistência a evacuação, podendo se apresentar por sintomas como anismo, contração paradoxal do músculo puborretal, discinesia do assoalho pélvico, alguns fatores que podem causar esse distúrbio são trauma, dano obstétrico ou abuso sexual). Na história dos pacientes, deve-se fazer algo bem detalhado, pois eles podem ter manifestações que devem ser investigadas, como na HDA, perguntar sobre forma das vezes, frequência, esforço evacuatório, sensação de evacuação incompleta, necessidade de manobras manuais, sangramento nas fezes, é importante fazer o diário alimentar. Lucas Melo – Medicina Ufes 103 Classificação para padronizar as formas das fezes. Na HPP, é importante perguntar sobre comorbidades como diabetes, hipotireoidismo e doenças neurológicas, e uso de medicamentos constipantes. Na HF, perguntar sobre neoplasia colorretal. No EF, é importante observar se o paciente possui distensão abdominal, massas palpáveis, examinar bem a região perianal (realização de toque retal). Os sinais de alarme são: E, na presença desses sinais, sempre fazer a colonoscopia para investigar tudo certinho. *Para os pacientes que não possuem nenhum sinal de alarme, é necessário apenas pedir um hemograma para excluir se o paciente tem anemia, e depois começa o tratamento empírico sem a necessidade de exames mais aprofundados. *Se começou o tratamento e o paciente não teve melhora, pensar em pedir exames mais específicos, que são a manometria anorretal, teste de expulsão do balão e defecografia, além do estudo do tempo de trânsito colônico. Em relação ao tratamento da constipação, como medidas gerais vamos lançar mão de influenciar o paciente a fazer atividade física regular, aumento da ingesta de líquidos e fibras, criar o hábito de evacuar depois das refeições e suspender medicamentos constipantes se possível. Em relação a medicamentos, existem várias classes, como fibras (farelo de trigo e psyllium), laxantes osmóticos (lactulose, PEG, hidróxido de magnésio), laxantes estimulantes (bisacodil, picossulfato de sódio, sene), agonista do receptor 5-HT4 (prucaloprida), agentes pró-secretores (lubiprostona, linaclotida) e lubrificantes (óleo mineral). Lucas Melo – Medicina Ufes 103 *Biofeedback é uma fisioterapia do assoalho pélvico, ensinando o paciente a contrair de forma certa os músculos da região. *O tratamento cirúrgico é indicado em raros casos, como inércia colônica, fazendo uma colectomia total, além de casos de retocele.
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