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HflRCEio M. M. Pelissoh >TÜ Ií -| l ni"T XLLA /tnTn77/*/*+- I I i iQyv-Xtr' MfflISMOS OE ttOES MIH 39 EDIÇÃO @ I 'Ví». /•£*.—'«>■ Prefácio O estudo dos mecanismos das reações constitui sem dúvida a quinta-essência da compreensão e domínio do conhecimento da Química Orgânica. Não é raro um estudante, após estudar os mecanismos, mostrar- -se admirado com a vastidão e complexidade dos dados experimentais que podem ser explicados com um número surpreendentemente pequeno de princípios gerais. Com este livro, o Prof. Dr. Marcelo M. M. Pelisson propicia-nos um agradável e breve passeio por este mágico mundo das explicações simples para fenômenos complexos e fornece-nos material para estudo, consulta e trabalho. Bem-estruturado, o livro cobre os pontos mais importantes da matéria, sem aprofundamento nos aspectos que pertencem mais ao domínio dos especialistas. Nota-se, ao longo de todo o texto, a preocupação do autor em manter um constante nível de excelência didática e científica, qualificando corretamente as diversas propostas mecanísticas como "bem-estabelecidas" ou como sugestões ainda sujeitas a verificações e esclarecimento. Trata-se, enfim, de material didático de ótima qualidade para ser utilizado em cursos universitários de Química Orgânica. Maurício Gomes Constantino Professor de Química Orgânica Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto » Apresentação Uma das partes mais importantes da metodologia científica é a habilidade do postular uma hipótese razoável que explique os resultados observados. A química orgânica é, frequentemente, tida pelos estudantes como um assunto que exige um grande esforço de memorização para seu aprendizado. A memorização de conceitos básicos e regras é, na verdade, condição essencial para o aprendizado de qualquer ciência, desde o escritor que necessita das regras gramaticais ao físico que necessita dos conceitos matemáticos. No entanto, um escritor não utiliza textos decorados para escrever um livro nem um físico utiliza-se de cálculos memorizados para resolver um novo problema. O aprendizado da química orgânica, da mesma forma, exige sim os conhecimentos básicos de química geral, assim como o aprendizado de reações orgânicas exige os conhecimentos básicos de química orgânica. Mas, considerando-se a variedade e o enorme número de reações orgânicas, seria um equívoco de qualquer estudante tentar entendê-las por memorização. Assim, o objetivo deste livro é permitir que o estudante entenda, baseado no processo mecanístico da reação, por que, como e quando uma reação ocorre, de forma que ele desenvolva uma intuição química que o capacite a propor um mecanismo razoável para qualquer reação e, consequentemente, prever qual será o produto. Não é proposta do autor abranger a totalidade dos mecanismos existentes, mesmo porque muitos ainda são alvo de discussões, mas sim oferecer um livro de consulta rápida ao mecanismo de reações clássicas e bem-estabelecidas. Este livro destina-se principalmente a alunos de graduação e pós- -graduaçâo, como complementar a iivros-textos de química orgânica. Não raro os livros adotados nesses cursos são extremamente extensos e têm uma estrutura organizacional voltada para a descrição de como uma classe de compostos pode ser sintetizada e como pode ser transformada em outra. Neste livro, as reações estão organizadas pelo tipo de mecanismo, o que permite uma visualização mais rápida e genérica das reações. Não poderia deixar de citar a importância de oferecer um livro de mecanismo de reações orgânicas em português e, portanto, preencher a lacuna entre o conhecimento de química orgânica de um estudante do ensino médio e a exigência de conhecimento de bons cursos de pós- -graduação em síntese orgânica em nossa língua. Marcelo M. M. Pelisson Sumário CAPITULO 2 - Mecanismo de substituição via radicais livres 2. Mecanismo de substituição via radicais livres.......................... 2.1. Halogenação do metano................................................. 2.2. Halogenação de alcanos maiores................................... CAPÍTULO 5 - Mecanismo de adição via radicais livres 5. Mecanismo de adição via radicais livres......................... 5.1. Hidrogenação de ligações duplas e triplas.......... 5.2. Hidrogenação de aromáticos................................. 5.3. Adição de HBr na presença de peróxido............ 5.4. Polimerização........................................................... 19 20 20 22 27 28 28 29 38 39 45 45 46 .47 11 12 12 14 53 54 .54 .54 .59 .63 67 68 69 71 72 74 77 78 78 79 CAPÍTULO 6 - Mecanismo de adição nucleofílica.................................. 6. Mecanismo de adição nucleofílica.......................................................... 6.1. Adição nucleofílica em ligações múltiplas carbono-carbono.... 6.2. Adição nucleofílica em ligações múltiplas carbono-heteroátomo CAPÍTULO 3 - Mecanismo de substituição nucleofílica. 3. Mecanismo de substituição nucleofílica......................... 3.1. Substituição nucleofílica alifática........................... 3.1.1. Mecanismos SN1 e SN2............................ 3.2. Substituição nucleofílica acílica............................. 3.2.1. Mecanismo tetraédrico............................. 3.3. Substituição nucleofílica aromática...................... 3.3.1. Mecanismo S^Ar....................................... 3.3.2. Mecanismo SN1......................................... 3.3.3. Mecanismo via benzino............................ CAPÍTULO 1 - Introdução........ 1. Introdução............................. 1.1. Tipos de mecanismos. 1.2. Tipos de reações........ CAPÍTULO 4 - Mecanismo de substituição eletrofílica 4. Mecanismo de substituição eletrofílica......................... 4.1. Substituição eletrofílica aromática...................... 4.1.1. Mecanismos do arênio........................... 4.1.2. Reatividade e orientação........................ 4.2. Substituição eletrofílica alifática........................... Apêndice... Gabarito.... Bibliografia. 161 167 181 CAPÍTULO 7 - Mecanismo de adição eletrofílica 7. Mecanismo de adição eletrofílica....................... 7.1. Adição eletrofílica em alcenos................... 7.2. Adição eletrofílica em alcinos.................... 7.3. Adição eletrofílica em dienos..................... CAPÍTULO 8 - Mecanismo de adição pericíclica. 8. Mecanismo de adição periciclica....................... 8.1. Reação de Diels-Alder............................... 105 106 106 131 132 133 133 138 141 142 142 143 . 144 145 ..87 ..88 ..90 ..98 100 151 152 152 154 155 156 109 110 110 111 111 126 127 CAPÍTULO 11 - Outros mecanismos................. 11. Outros mecanismos......................................... 11.1. Halofórmio............................................... 11.2. Hidrólise de nitrilas................................. 11.3. Substituição de halogênios por metais. 11.4. Formação do sal de diazônio............... CAPÍTULO 10 - Oxidação e redução............................................... 10. Oxidação e redução...................................................................... 10.1. Oxidação............................................................................... 10.1.1. Oxidação dos álcoois............................................. 10.1.2. Oxidação de alcenos.............................................. 10.1.3. Oxidação de alquil benzenos................................ 10.2. Redução................................................................................ 10.2.1. Redução de carbonilas para CH2 ........................ 10.2.2. Redução de ácido carboxilico a álcoois............... 10.2.3. Redução de derivados de ácido carboxilico com LiAJH4 10.2.4. Redução de nitrocompostos................................ CAPÍTULO 9 - Mecanismo de eliminação 9. Mecanismo de eliminação..................... 9.1. Mecanismo da a- eliminação....... 9.2. Mecanismo da (J-eliminação........9.2.1. Mecanismo heterolítico.... 9.2.2. Mecanismo periciclico.... 9.2.3. Via radicais livres............. Introdução 1. A+ : B- í 1 1.1. Tipos de mecanismos A maioria das reações orgânicas envolve a quebra de uma ou mais ligações covalentes. Nós podemos dividir os mecanismos orgânicos em três tipos básicos, dependendo de como a ligação quebra. 1. Mecanismo heterolítico: Quando uma ligação covalente quebra, de forma que o par de elétrons permanece com um dos fragmentos, o mecanismo é dito heterolítico. Geralmente, este mecanismo envolve intermediários iônicos, mas é mais importante notar que, neste caso, não existem elétrons desem- parelhados. Para a maioria das reações orgânicas é conveniente chamar um dos reagentes de substrato. Por convenção, o substrato será o reagente que fornece carbono para a nova ligação. Introdução Um mecanismo de reação é o processo pelo qual uma reação ocorre, ou seja, quais ligações são quebradas, em qual ordem, quantos passos são envolvidos, a velocidade relativa de cada etapa etc. Para se determinar completamente o mecanismo de uma reação, deve-se especificar a posição de todos os átomos, incluindo os do solvente, e a energia do sistema em todos os pontos do processo. No entanto, detalhar cada um desses itens pode se tornar uma tarefa árdua e algumas vezes irrelevante para o entendimento do processo global de uma reação. Neste livro procuramos focar o mecanismo das reações sob o ponto de vista do fluxo de elétrons, ou seja, principalmente como as ligações são quebradas e como são formadas. Apesar de a maioria das reações já possuir mecanismo proposto com um bom grau de certeza, nenhum mecanismo é profundamente conhecido. Em alguns casos, existem vários mecanismos propostos para uma mesma reação, e todos explicam completamente os resultados obtidos na reação. CAPÍTULO 1 - Introdução AcfeB A. • B X—Y X A = B 3. Mecanismo pericíclico: A quebra das ligações covalentes deve, obviamente, ocorrer de uma das duas formas citadas anteriormente (heterolítica ou homolitica). No entanto, existe um terceiro tipo de mecanismo onde os elétrons se movem simultaneamente num anel fechado. Não existem intermediários, íons ou radicais livres e é impossível dizer se os elétrons estão emparelhados ou desemparelhados. Reações desse tipo são ditas pericíclicas. 2. Mecanismo via radical livre: Quando uma ligação covalente quebra, de forma que cada fragmento fica com um elétron, o mecanismo é dito homolítico ou via radical livre. Setas curvas, no mecanismo, são usadas para mostrar movimento de elétrons. As setas seguem o movimento dos elétrons e nunca de núcleos ou outra coisa qualquer (deve estar claro que o resto da molécula seguirá seus elétrons). Setas comuns ) são usadas para mostrar o movimento de um par de elétrons, enquanto semissetas ) são usadas para mostrar o movimento de um elétron desemparelhado. As setas apontarão para a “posição" final dos elétrons, ou seja, para o local onde se formará uma nova ligação ou para o orbital de um átomo. Em reações heterolíticas, o reagente que fornece um par de elétrons ao substrato é chamado de nucleófilo e a reação de nucleofilica, enquanto o reagente que remove um par de elétrons do substrato é chamado de eletrófilo e a reação de eletrofílica. Y Á—B Y- Y—A X-A—X X@ Y—A Y0 x0A—X Y—A •Y A = B Y—W b.2) Nucleofílica Y—W b.3) Eletrofílica w@A=B Y \ I •A—B Y O I A — B Y@ a.3) Eletrofílica b) Adição a ligações duplas ou triplas b.1) Via radical livre a) Substituição a.1) Via radical livre Todas as espécies são mostradas sem carga, uma vez que reagentes e/ou substratos com diferentes cargas poderão sofrer reações análogas. 1.2. Tipos de reações O número e a variedade de reações orgânicas são tão grandes que, à primeira vista, parece impossível classificá-las. No entanto, praticamente todas podem ser incluídas em uma das categorias abaixo. O > A=B n Y—W wQ W Y I I A—B W Y I I A —B a.2) Nucleofílica n A—X W Y I I A —B CAPÍTULO 1 - Introdução A = B A = B a) Br. H2C=CH2 + “:Ô’-CH3 EXEReíei0S>i H I :O—H d) Oxidação e redução Reações orgânicas de oxirredução recebem a classificação de oxidação ou de redução de acordo com a variação no número de oxidação do substrato orgânico. Muitas reações de oxidação e redução podem ser classificadas quanto a um dos três tipos acima, mas muitas outras não. Mecanismo heterolítico ou pericíclico. No entanto, via radical livre, é muito raro. b.4) Pericíclica (concertada) X—Y H I + H-N —H I H H I + H-O-H c) Eliminação W XIR) l^> A—B ;O:- H3C-C-CI: I " :O—CH3 •‘O'* h3c—C-Õ-CH3 + :CiF •b'- c) H3C-(Í-CI: H I b) H-N ; H X Y I I A—B ... Q-01 Desenhe as setas curvas necessárias para as reações abaixo: Br I . H2C—ch2 + X@ + WQ d) H’ H2O. e) + CHjCHaOH-OCH/JHj = HaC- :t?H- Q-02 Classifique as reações a seguir quanto ao tipo: + HBra) H3C-CH3 I + h2o + h2o + HQ H3C OR' ---- - HaC' * H3C-ÇH2 Br H 'O- o ! 0 'x> o x f 9—OCHaCHa X 'OH ’ H?c •' ch2oh + LiOH +AI(OH)3 ÇU3 ÇHa ÇH3 ÇHa H3C C=CH? *■ H3C C ÇHj -------- *• H3C—C—CFb ------ *■ H3C—C—CFfo + H+ H ÓH + Br2 CAPÍTULO 1 - Introdução OH + H2CT2O/ + Q2Q3 g) H2C=CH2 + Br2 Br2 Br Br I I h2c—ch2 h) H3C— CH-CH-CH3 Br Br H3C— CH=CH-CH3 + Mecanismo de Substituição Via Radicais Livres Z\ (*'■• 2. calor ou luzCl—Cl(D Cl- cisão homoliticaCl- (2) Cl- H-CI + -CH3 CI-Í-CI(3) H3C - H3C—Cl •Cl CH3CI clorometano HCI ácido clorídrico CH4 metano Cl2 cloro O primeiro passo, que consiste na cisão homolitica da ligação cloro- -cloro, requer, como qualquer outra ligação, energia (243 KJ/mol) e leva à formação de radicais livres cloro. Como quase todos os radicais, o átomo de cloro é extremamente reativo e procura formar uma nova ligação química. Para formar tal ligação, o cloro tem que se chocar com outro átomo ou molécula. Tal mecanismo é válido, não só para a cloração, como também para a bromação, e não só do metano, como de outros alcanos; pode aplicar-se igualmente a reação desses halogênios com muitos outros compostos, que, embora não sendo alcanos, apresentam na respectiva molécula porções de natureza semelhante à dos alcanos. Mais importante ainda: o estudo das provas em que se apoia o mecanismo permite-nos aprender algo do modo como o químico procede quando estuda o que se passa durante uma reação química. Entre os fatos que se tem de justificar, temos os seguintes: I. O metano e o cloro não reagem no escuro à temperatura ambiente. II. A reação ocorre no escuro desde que a temperatura seja superior a 250 °C. III. A reação ocorre à temperatura ambiente sob ação de luz ultravioleta. IV. A reação torna-se muito lenta na presença de uma pequena quantidade de O2. O mecanismo que permite interpretar esses fatos mais satisfato riamente e que é, por isso, geralmente aceito ocorre em três passos, como ilustrado abaixo: Mecanismo De Substituição Via Radicais Livres 2.1. Halogenação do metano Vamos examinar o mecanismo da cloração do metano com bastantes pormenores. calor ou luz O' H—CH3 CAPÍTULO 2 - Mecanismo de Substituição Via Radicais Livres As colisões possíveis do radical cloro seriam: Cl—ClCI- CI- CI—ClCl- H—Cl + -CH3 <==Cl. Cl- + -CH3 H3C—Cl H3C—ch3H3C- + -CHj H3C—HH3C- H3C—ClH3C ■ calor ou luz Passo iniciadorCl—Cl(D Cl-Cl- (2) Cl. H-CI + -CHs (3) CP-CI H3C— Cl + -Clh3c ■ Colisão improvável devido à baixa concentração do Cl. Colisão provável, mas improdutiva. Colisão provável e produtiva. Colisão provável e produtiva. Passos propagadores Colisão improvável devido - <^= à baixa concentração das espécies. hQ;h3 Cl-Qll A colisão produtiva, neste caso, é o passo (3) do mecanismo. A repetição das etapas produtivas conduz aos produtos da reação em questão. Obviamente, esse processo não pode prosseguir indefini damente. A diminuição da concentração dos reagentes CHd e Cl2 aumenta a probabilidade das colisões antes improváveis. Essas colisõescon duzem à interrupção da sequência, já que as espécies reativas desa parecem. Assim temos: A colisão com o metano constitui o passo (2) do mecanismo. O radical metila formado, tal como o radical cloro, é extremamente reativo e irá chocar-se com outra espécie para formar nova ligação. As colisões possíveis do radical metila seriam: CI-^CI O H—CH3 h-Q>h3 x Colisão provável, + • uh3 x— mas /mproclutiva Subsequentes repetições de (2) e (3) até que: (4) Cl—ClCl-Cl- (5) ■ <^= Passos extintoresH3C- ■ch3 h3c—ch3 (6) Cl- + -ch3 h3c—Cl H3C- h3c—o—o- h3C—ch3 CtoroetanoEtano H3C—CH2-CH3 Propano H3C—CH2-CH;,-CH3 Butano Cl I h3c—ch2 ci I h3c—ch-ch3 ci I H3C—CHj-CH-CHj Inibidor é toda substância que, embora em pequena quantidade, diminui a velocidade ou para completamente uma reação. 2-cbropropano 55% 1-cloro butano 28% 2-clorobutano 72% Cl I -» H3C—CHj-CHj-CHa Cl2 luz,25°C É fácil ver agora como o mecanismo explica os fatos I, II e III referidos anteriormente. É necessário luz ou calor para se produzir cloro radical. Uma vez formado, cada um deles tem a possibilidade de dar origem a numerosas moléculas de clorometano. Para explicar o fato IV, segundo o qual oxigênio diminui a velocidade da reação, devemos levar em consideração que o radical H3C-O-O é muito menos reativo que o radical H3C. Assume-se então que o oxigênio reage com o radical metila com a formação de um novo radical: O2 Cl2 luz, 25°C Cl Cl2 | luz, 25°C ** H3C ch2“CH2 1 -cloropropano 45% 2.2. Halogenação de alcanos maiores O mecanismo de halogenação de alcanos é essencialmente o mesmo da cloração do metano. No entanto, pode ser complicado pela formação de mistura de isômeros. Observe o resultado experimental das reações abaixo: CAPÍTULO 2 - Mecanismo de Substituição Via Radicais Livres Metilpropano H3C—CHj-CHa Propano 3% H3C—CH2-CH2-CH3 Butano 1 -brorro-2-metilpropanoMetilpropano <1% >99% • Reatividade: Cl2 > Br2 & I HgC—d-fe-CH-CH, Br I H3C—CHj-CHj-CHj As diferentes porcentagens obtidas nas diversas reações podem ser explicadas pelas velocidades relativas das reações concorrentes e pelos fatores que determinam as velocidades dessas reações. Br I h3c—ch2 brorroetano 1 -bromobutano 2% H3C—CH3 Etano 2-bromobutano 98% h3c—c-ch3 Cl 2-cloro-2-metipropano 36% ÇHj H3C—ch-ch3 HaC—CH-CH2 HgC—CH-CH2 CH. H3C—CH-CH3 Br; luz, 127°C Cl2 luz, 25°C &2 luz, 127°C Apesar de tanto a cloração como a bromação fornecerem misturas, pode-se observar que a bromação é mais seletiva, predominando sempre um único produto, isso se deve ao fato de o bromo ser menos reativo e, portanto, mais seletivo. 1 -cbro-2-metilpropano 64% Br I h3c—ch-ch3 2-brorropropano 97% Br I HaC—CH2-CH2 1 -bromopropano h3c—c-ch3 Br 2-bromo-2-metipropano Br2 luz, 127°C &2 luz, 127 °C Cl2 Cl- Cl2H- 3,8 1,0 H I H I H I 6 15,2 6^ 4 28% 72% Velocidades relativas da substituição de hidrogênio remoção do H primário 1.0 3,8 remoção do H secundário 1- clorobutano 2- clorobutano 1 -clorobutano 2-clorobutano reatividade dos H primários reatividade dos H secundários H H Q H H H H H H2” que nos permitem prever, satisfatoriamente, as proporções dos diversos compostos clorados isômeros numa reação de halogenação de alcanos em temperatura ambiente. H30 5,0 1 -clorobutano 2-clorobutano H1° número de H primários número de H secundários A frequência de choque deve ser a mesma nas duas reações, pois os reagentes são os mesmos. No entanto, a orientação do choque nos leva ao fator probabilidade. O cloro incidirá sobre átomos de hidrogênio 1° 1,5 vez mais frequentemente que em átomos de hidrogênio 2°. Se considerarmos apenas o fator probabilidade, seremos levados a predizer que a cloração do butano fornece 1 -clorobutano e 2-clorobutano na proporção de 3:2, respectivamente. No entanto, experimentalmente, observamos que a proporção é, na verdade, de aproximadamente 3:7,6. Conclui-se que os choques do radical cloro com o hidrogênio 2o são 3,8 vezes mais eficazes do que nos primários. Com base em estudos de cloração em diversos alcanos, chegou-se aos seguintes resultados: H H I I H H I I Por exemplo, na reação de butano com Cl2 tem-se duas reações concorrentes: H H H H H H H H I I I I rrrra H H H H H H H H I I I I rrr?' H H H H H H H H Butano CAPÍTULO 2 - Mecanismo de Substituição Via Radicais Livres Q-02 Q-03 Os alcanos dão, predominantemente, reações: A. ( ) de adição B. ( ) de degradação C. ( ) de substituição D. ( ) de oxidação E. ( ) nenhuma delas é uma reação: A. ( ) de substituição polar B. ( ) de substituição por radicais livres C. ( ) de homólise D. ( ) de adição E. ( ) em hidrocarbonetos saturados não ocorre esse tipo de reação A reação entre um mol de n-butano e 1 mol de bromo produz, principalmente: A. ( ) brometo de n-butila B. ( ) brometo de sec-butila C. ( ) brometo de terc-butila D. ( ) brometo de isobutila E. ( ) 1 -bromo-butano Q-04 Os alcanos reagem com: A. ( ) cloreto de mercúrio B. ( ) nitrato de prata amoniacal C. ( ) ozônio D. ( ) cloreto cuproso amoniacal E. ( ) nenhum deles Q-01 A reação de halogenação dos alcanos: R - H + \ ■■ luz -> R - X + HX q ps Quando o metano é clorado, além dos produtos normais de cloração, são encontrados traços de cloroetano. Como ele é formado? Q-10 Q-11 A monocloração do n-pentano leva à formação de três isômeros de fórmula C5H11CI. Qual é a porcentagem esperada para cada isômero? Q-08 Quand0 ° propano é aquecido a temperaturas muito altas, ocorre “cracking" térmico através da quebra de ligações C-C e C-H. Os produtos principais dessa reação são o metano e o eteno. O mecanismo proposto para essa reação é via radicais livres. Desenhe o passo iniciador e propagador dessa reação. . g Quantos compostos diferentes são formados pela monocloração do metilpropano? Qual é o produto formado em maior porcentagem? Q-09 Moléculas de 3-metilpentano, ao serem submetidas ao “cracking”, podem originar uma série de novas moléculas. Quantos compostos diferentes podem ser obtidos caso ocorra apenas uma cisão por molécula? Obs.: Desconsidere isômeros espaciais. A. ( )6 B. ( )7 C. ( )8 D. ( )9 E. ( )10 Q -12 ve'ocidade relativa da substituição de hidrogênio na bromação é de 1600:82:1 para H3°: H2°: H'°,respectivamente. Qual a proporção dos isômeros obtidos na monobromação do 2,2,3,4,4-pentametilpentano? Q - 06 Considere a cloração do pentano com cloro suficiente para causar dicloração. Depois da reação pronta, você terá uma mistura de isômeros com fórmula C5H10CI2. Submetendo-se a mistura a uma destilação fracionada, diga quantas frações você obterá e quem são os compostos presentes nessas frações. Alguma delas será opticamente ativa? q_q7 Em adição a outros produtos policlorados, a cloração do butano resulta em uma mistura de isômeros com fórmula C„H9CI. Levando- -se em conta a estereoquímica, quantos isômeros serão obtidos? Quantas frações diferentes serão obtidas por destilação fracionada? GÃrtnuioí1' * Mecanismo de Substituição Nucleofílica 3. x@Y@ Y— A R— I R—I r+ + R—SH2+ solvente R—Y X Tipo I Tipo II Tipo III Tipo IV Em todos os casos, Y deverá possuir um par de elétrons livre; dessa forma, serão sempre bases de Lewis. Quando Y for um solvente, a reação pode ser chamada de solvólise. Nesta equação genérica, não temos informações a respeito de cargas. O Y pode ser neutro ou carregado negativamente, enquanto RX pode ser neutro ou carregado positivamente. Dessa forma, existem quatro tipos possíveis de reações. Exemplos possíveis: Grupo Alquílico R—X Substrato Grupo de saída (nucleófugo) Mecanismo De Substituição Nucleofílica Na substituição nucleofílica, o reagente (nucleofílico), que ataca o substrato, leva o par de elétrons para formar a nova ligação química. O grupo que é substituído leva consigo o par de elétrons da ligação rompida. R—OH + r R—-N(CH3)3 + R-OH + N(CH3)3 N(CHa)3 3.1. Substituição nucleofílica alifáticaA substituição nucleofílica alifática pode receber o nome de alquilação do nucleófilo quando o grupo R for alquílico. Por exemplo, a reação tipo II pode ser chamada de alquilação da trimetilamina. De maneira similar, se R for um radical acila, a reação poderá ser chamada de acilação. n A—X + Y — Nucleófilo OH’ N(CH3>3 R—+N(CH3)3 + OH’ R—-NfCHás + H2S CAPÍTULO 3 - Mecanismo de Substituição Nucleofílica XY V = K-[RX][Y] A ligação C-Y é formada enquanto a ligação C-X é quebrada. A energia necessária para quebrar a ligação C-X é fornecida pela formação simultânea da ligação C-Y. O grupo X deve sair para que o grupo Y possa entrar, para evitar que o carbono fique com mais do que oito elétrons na sua camada mais externa. No estado de transição, o carbono central passa do estado híbrido sp3 para sp2, adquirindo um orbital p perpendicular. Um lóbulo do orbital p irá formar overlap com o reagente nucleofílico e o outro lóbulo irá formar overlap com o nucleófugo. De fato, esta expressão está de acordo com exemplos analisados. No entanto, vale lembrar que na solvólise (quando Y for um solvente) a concentração de Y será muito grande e o comportamento da reação se assemelha à de primeira ordem (pseudoprimeira ordem). Existem muitas evidências que provam o mecanismo SN2. As duas mais importantes são a evidência cinética e a inversão da configuração quando o carbono for quiral. • Evidência cinética: Uma vez que ambos os reagentes estão envolvidos no passo determinante da velocidade da reação, a equação para a velocidade dessa reação deverá ser de segunda ordem. Y — C—-C-X / Mecanismo SN2 Neste mecanismo, ocorre o ataque do nucleófilo ao carbono numa posição 180° em relação ao nucleófugo (backside attack). Y CDjCDX 3.1.1. Mecanismos SN1 e SN2 Consideraremos primeiro a substituição em carbonos saturados, sendo que os mecanismos mais comuns para essas reações são: substituição nucleofílica unimolecular ou de primeira ordem (SN1) e a substituição nucleofílica bimolecular ou de segunda ordem (SN2). OHBr H3Ch3c + Br'Br Hi H3C CH3 + OH"R— X X'► R—OH + + H2O 2-bromooctano (-) [a] = -39,6° 2-octanol (+) [a] = +10,3° Verificamos que o grupo -OH não tomou a posição previamente ocupada pelo -Br; o álcool obtido tem uma configuração oposta à do brometo. Em uma reação em que o resultante tem configuração oposta à do reagente, diz-se que se produziu com inversão de configuração. -bV HX ----------► R—X (R = CH3, 1°ou 2o) (X = Cl, Br ou I) 2-bromooctano (-) [a] = -39,6° • Evidência da inversão da configuração: Muito mais convincente é a evidência da inversão de configuração. Tomemos como exemplo o 2-bromooctano e o 2-octanol, em que ambos são quirais. Estes, por conseguinte, podem existir sob forma de enantiômeros e apresentar atividade óptica. Foram atribuídas as seguintes configurações a esses compostos: • Exemplos de reações de substituição nucleofílica de 2a ordem a) Interconversão de haletos em álcoois e vice-versa 2-octanol (-) [a] = -10,3° /CeH13 >-H HisC6\ H—( H13C6\ H—( Notemos que o brometo (-) e o álcool (-) têm configurações análogas, quer dizer, o -OH ocupa a mesma posição relativa no álcool que o -Br no brometo. Quando se faz reagir o 2-bromooctano (-) com hidróxido de sódio, nas condições em que se verifica cinética de segunda ordem, obtém-se 2-octanol (+). Hi3C( HO’ + H- 5H13CVHO—-O-- HjC R—OH + CAPÍTULO 3 - Mecanismo de Substituição Nucleofílica Exemplos: brometo de butila 1-butanol álcool s-butílico Mecanismo H. H* R— X + + Exemplos: O—CHj—CH3 NaOHCHj- O-Í2- Br Brometo de etila feno! etoxibenzeno Na+ H3C—Br álcool t-butílico brometo de metila 2-metil-2-metoxipropano R- R' Cl I CH3—CHj—CH—CH3 + H2O OH CH3—CH2—CH—CH3 + HO a I CH3—CHg—CH—CH3 + H2O cloreto de s-butila CH3—CH2—CH2-CH2 + NaOH Br c) Formação de tioéteres R—X + -S—R' ÇH3 H3G— o— oh ch3 :ÕH H* ' I l^> CH3-CH2-CH-CH3 - CHa-CHj-CH-CHa cr-' b) Formação de éteres assimétricos (reaçao de Williamson) -► R— O— R' + X- H2° »■ CH3—CHjj-CHj-CHj, OH Exemplo: S—CH3 NaOHH3C—I tiofenol iodeto de metila sulfureto fenílico e metílico R— O— R + H2OR—OH Exemplo: CH3-CH2-O— CHg— CH3 + H2Och3—ch2-oh álcool etíllco éter etíllco Mecanismo HSQi'CHj-CHj-ÕH H* HÕ— CH2-CH3 HSOa' CHa-CHj-O—Ofe—CHj e) Formaçao de sais de amônio quaternário X “R—X Exemplo: (CH3)3NCH3[CH2]nBr brometo de dodecila trimetilamina brometo de dodeciltrimetilamônio d) Formaçao de éteres por desidrataçao intermolecular de álcoois H+ R'3N CHs-Ot-d—CHj-Ok Io . H r r' _ i R— N— R1 ch3 H25C12—N—CH3 Br" CH3 H H <S| CHa-CHj H2SO4 140 “C* CAPÍTULO 3 - Mecanismo de Substituição Nucleofílica f) Hidrólise de epóxidos O H + ou OH" + H2O Exemplo: O H+ Passo 1 (lento) R—X R+ + X Passo 2 (rápido) R+ Y R—Y V = K-[RX] O primeiro passo é a lenta ionização do substrato e é também o passo determinante da velocidade da reação. O segundo passo é a rápida reação entre o carbocátion intermediário e o reagente nucleofílico. A ionização do substrato ocorre sempre acompanhada da solvatação do carbocátion pelo solvente, uma vez que a energia necessária para quebrar a ligação é recuperada pela solvatação dos íons formados. Na busca de evidências para esse mecanismo, nos deparamos inicialmente com a cinética da reação. Considerando-se que o passo determinante da velocidade da reação é o passo lento e este envolve apenas o substrato, conclui-se, como de fato, que a expressão da velocidade para essa reação deve ser de primeira ordem. As demais evidências são baseadas no complexo estudo dos carbocátions. Dessa forma, seguiremos com um breve estudo de sua estrutura e estabilidade. / \ + H2O oxido de etileno Mecanismo SN1 A substituição nucleofílica unimolecular consiste num mecanismo de dois passos: OH OH I I h2c—ch2 etilenoglicol OH OH LÓ- 120° R' G- ©3 G cede elétrons dispersa a carga estabiliza o cátion G saca elétrons intensifica a carga desestabiliza o cátion Consideraremos, assim, o saque de elétrons e a cedência de elétrons como resultante da ação de dois fatores: o efeito indutor e o efeito de ressonância. O efeito indutor depende da tendência de um substituinte para ceder ou sacar elétrons (eletronegatividade). O efeito enfraquece progressivamente com o aumento da distância em que se encontra o substituinte. A maioria dos elementos que podem substituir o hidrogênio numa molécula orgânica são mais eletronegativos que ele; por essa razão, a maioria dos substituintes exerce efeitos indutores sacadores de elétrons; por exemplo, -F, -Cl, -Br, -I, -OH, -NH2, -NO2. Os grupos alquila, destituídos de tendências polares fortes próprias, podem fazer praticamente o que lhes é pedido por outros grupos na molécula. Portanto, a ordem de estabilidade dos carbocátions, para R alquílico, é a seguinte: • Estrutura: O carbocátion é um grupo de átomos que contém um átomo de carbono cuja camada exterior tem apenas seis elétrons. Num carbocátion, o carbono está ligado a três outros átomos através de ligações por meio de orbitais sp2. Essa parte do carbocátion é, portanto, planar. O carbono tem ainda um orbital p vazio com os respectivos lóbulos acima e abaixo do plano das ligações a. • Estabilidade: De acordo com as leis da Eletrostática, a estabilidade de um sistema carregado é tanto maior quanto maior for a dispersão da carga. Consideremos um substituinte G, ligado a um carbocátion em vez de um átomo de hidrogênio. Comparando com o hidrogênio, G pode ceder elétrons ou sacar elétrons. Tal efeito sobre a disponibilidade dos elétrons no centro reacional denomina-se efeito polar. i+ >>R ô CAPÍTULO 3 - Mecanismo de Substituição Nucleofílica R-R R- Cátion 1o Cátion 2oCátion metila H2C’ Cátion alílicoCátion 1° Cátion benzílico Voltemos agora ao estudo da substituição nucleofílica. 1 < 8+ O efeito de ressonância implica em deslocalização de elétrons 7t. Em virtude da sua própria natureza, o efeito ressonância é umefeito estabilizador e equivale, por isso, a um saque de elétrons de um centro carregado negativamente ou a uma cedência de elétrons a um centro carregado positivamente. Dessa forma, a estabilidade de carbocátions em ressonância é a seguinte: • Evidência da racemização: Na reação de SN2, como vimos, o nucleófilo ataca diretamente a molécula do substrato. No caso, porém, da reação de SN1, o nucleófilo ataca não o substrato, mas o intermediário, o carbocátion. Dessa forma, ao contrário da reação de Sn2, que se processa com inversão completa de configuração, obteremos a racemização devido à planaridade do carbocátion. H 8+ 8+ H I ? H HT+ R—»-C I H r í.rR Cátion 3o ii H \T H H c+ I H HO- H13C61 H a CH3 Br HsC Hõ:- h3c Exemplos: Cátion primário Cátion terciário ÇH3 Cátion terciárioCátion secundário Cátion primário Cátion terciário Rearranjo • Evidência rearranjo: Outro fator a considerarmos nas reações de SN1 é o rearranjo. O rearranjo se produz para que um carbocátion menos estável se converta num mais estável. ÇH3 H3C—C—CH2- ch3 + 2-bromooctano (-) [a] = -39,6° HiaCe H— 2-octanol (+) [a) = +10,3°Hi3Cy H- <pH3 H3C— C-—CH2-OC2H5 Não há rearranjo CH3 C6H,3 — H <fH3 H3C—<p—CHz-CH3 OC2H5 <j!H3 H3C—y—CH2~Br CH3 Brometo de neopentila C2H5OH Sn1 C2H5O' Sn2 çh3 H3C— C— C H~C H3 Dessa forma, poderemos obter resultados distintos quando a reação ocorrer por mecanismos diferentes: ÇH3 h3c— o-+ch2 H -----b_ b Hí>r q|_| 2-octanol (-) [a] = -10,3° CAPÍTULO 3 - Mecanismo de Substituição Nucleofílica • Exemplos de reações de substituição nucleofílica de 1a ordem a) Interconversão de haletos em álcoois + H2OR— X + HX Exemplos: Hl+ H20 álcool t-butílico h20: N' Em todas as reações em que se formam carbocátions, a estabilidade do carbocátion desempenha um papel dominante no governo da reatividade e da orientação. Quanto mais estável for o carbocátion, tanto mais rapidamente ele se forma. *- R—OH (R = 3o) (X = Cl, Br ou I) H3C—C----OH CHg ÇH3 H3C— ch3 ÇH3 h3c—ç—i ch3 Sn2 versus SN1 As reações de haletos de alquila via mecanismo SN1 são favorecidas pelo uso de substratos que formam carbocátions estáveis, pelo uso de nucleófilos fracos e pelo uso de solventes polares. Um exemplo importante é a solvólise de haletos terciários, especialmente quando o solvente é muito polar. Nessa solvólise, o nucleófilo é fraco (molécula neutra do solvente), o ÇH3 H3C—C—OH CH3 iodeto de t-butila Mecanismo ÇH3 H3C—Ç—I ------- I ch3 CH3 H H3C- ré o CH, H I’ 33 3.2. Substituição nucleofílica acílica Os mecanismos de substituição discutidos até agora dizem respeito apenas a carbonos saturados. A substituição nucleofílica é importante também em carbonos sp2, especialmente quando esse carbono é de uma carbonila (substituição nucleofílica acílica). Gráfico 1: Substituição nucleofílica alifática: efeito típico da variação da velocidade em função da estrutura do substrato RX. O cruzamento das duas curvas indica mudança de mecanismo. carbocátion é estável (carbocátion 3°) e o solvente polar ajuda a estabilizar o carbocátion por solvatação. Se quisermos favorecer a reação de um haleto de alquila via mecanismo SN2, deveremos usar um haleto desimpedido (haleto 1o ou 2°), um nucleófilo forte (ânion) em alta concentração e um solvente não ionizável. A SN1 é caracterizada por: a) cinética de 1a ordem b) racemização c) rearranjo d) ordem de reatividade: Terciário > Secundário > Primário > CH3X A Sn2 é caracterizada por: a) cinética de 2a ordem b) inversão estereoquímica total c) ausência de rearranjo d) ordem de reatividade: CH3X > Primário > Secundário > Terciário A substituição nucleofílica em carbonos vinílicos é muito difícil e rara, portanto não abordaremos tal assunto. CAPÍTULO 3 - Mecanismo de Substituição Nucleofílica R' +o- 3.2.1. Mecanismo tetraédrico O átomo de carbono carbonflico encontra-se ligado a três átomos por ligações o; essas ligações (visto utilizarem orbitais sp2) são coplanares e fazem ângulos próximos de 120°. O orbital p do átomo de carbono forma uma ligação tt com o orbital p do oxigênio. A reação típica de substituição nucleofílica acílica ocorre em ácidos carboxílicos e seus respectivos derivados (ésteres, amidas, anidridos e cloretos de ácidos), na qual -OH, -NH2, -OOCR ou -OR é substituído por qualquer outro grupo básico. A substituição ocorre muito mais facilmente do que nos átomos de carbono saturados; na realidade, a substituição dos grupos citados dificilmente ocorre na ausência da carbonila. Resultante Trígonal Grupo Nucleófugo Base mais fraca sai mais fácil z I R-C. xí> Intermediário Tetraédrico Carga negativa no oxigênio x„ a) Em meio básico R C=O X ■ -120° O carbono do grupo carbonila está particularmente susceptível ao ataque de um nucleófilo, devido à tendência do oxigênio de adquirir elétrons (mesmo sob pena de ganhar uma carga negativa) e ao estado relativamente desimpedido do reagente trigonal. A substituição nucleofílica acílica processa-se em dois passos, sempre com a formação de um composto tetraédrico, e pode ocorrer tanto em meio básico como em meio ácido. %=o Reagente Reagente Trigonal Nucleófilo b) Catalisada por ácido IZ XHX Z@ + R'- X@z—X R' Substituição nucleofílica acílica Z0 + X@z X O’ Comparação entre as substituições nucleofílicas alquílicas SN2 e acílicas A cinética da substituição nucleofílica acílica é também de segunda ordem, uma vez que o intermediário tetraédrico envolve os dois reagentes. No entanto, não devemos confundir com o mecanismo SN2 que envolve um intermediário menos estável. C Trigonal Ataque relativamente desobstruído C Tetraédrico Ataque obstruído C=Ô' C pentavalente Instável C Tetraédrico Estável Substituição nucleofílica alquílica V Mais susceptível ao ataque nucleófilo R. y...x R" R + 'c=o Zx R - J?C=O" z z R-C/O ’P-H +zH z* H+ R ( 'c=ó:x • X CAPÍTULO 3 - Mecanismo de Substituição Nucleofílica • Exemplos de reações de substituição nucleofílica acílica RCOOH R'OH RCOOR' + Exemplo: O o,eci-b HO,8CH3 Ácido benzoico O18-Metanol Benzoato de metila Mecanismo HjO* ho’-ch3 H/j: +■ H3O' O mecanismo dessa reação pode ser elegantemente elucidado pelo uso de isótopos de oxigênio (O16). Quando o ácido benzoico foi esterificado com O,8-metanol e meio ácido, verificou-se a presença do O'8 apenas no éster formado, o que evidencia o mecanismo sugerido. Como dissemos, a substituição nucleofílica acílica processa-se muito mais facilmente do que a alquílica. Parte disso deve-se à estabilidade do intermediário, como pôde ser observado anteriormente. a) Formação de ésteres a. 1) Ácidos carboxílicos mais álcoois H+ H2O O,8-ch3 ,8-ch3 + HjO a.2) Anidrídos ou cloretos de ácidos mais álcoois ou fenóis RCOOR' (ou RCOOAr) + RCOOH(RCO)2O + R'OH (ou ArOH) RCOOR' (ou RCOOAr) + HCIRCOCI + R'OH(ouArOH) Exemplos: NaOHt + H3CCOOH Acetato de fenilaAnidrido acético Fenol NaOHf HCIHOCHjCtfe EtanolCloreto de etanoila RCOOR' RCONH2 R'OH+ NH3 Exemplo: + HOCH2CH3 '2 EtanolAcetamida b.2) Amonólise de anidrídos (RCO)2O rconh2 RCOONH4 Exemplo: CH3 + 2 NH3 Anidrido acético •39 b) Formação de amidas b.1) Amonólise de ésteres o II O II c. o II H3c< nh3 + 2 NH3 H3C—c' NH. Z/° h3o-c^ nh2 Acetamida Z-° H3o-cr a Z/° och2ch3 Acetato de etila H3C— Cx + OCHjCHj Acetato de etila .0 + H3C— 0^ onh4+ Acetato de amônio o II ^CHa + CAPÍTULO 3 - Mecanismo de Substituição Nucleofílica b.3) Amonólise de cloretos de ácidos + NH4CIRCONH2RCOCI + 2 NH3 Exemplo: NH2 + 2 NH3 + NH4Q cloreto de benzoila benzamida H* + R'OHRCOOH RCOOR' + H2O---- OHT + R'OHRCOO’ Mecanismo da hidrólise ácida: (todos os passos reversíveis = equilíbrio) H3O+•Ü- HO H+ OR'R’ OR'R R H20: hA h3o+ RH2O: R‘OH Mecanismos da hidrólise básica: (reação global irreversível) r:QR' O5 Observe que o último passo desse mecanismo não é reversível H HO£o±r- ' XQ-h OR' =s= OH R^^CH-H +O" c)Hidrólise dos derivados de ácidos carboxílicos c.1) Hidrólise dos ésteres O8 + R'OH ;ÕR' H HÕ:’> Exemplos: HjSQ, + HOCHjCHaO EtanolOCHsCHa + H2O NaOHBenzoato de etila benzoato de sódio Etanol c.2) Hidrólise das amidas H+ RCOOH + NH4+ RCONH2 + H2O ----- OH' + nh3RCOO' Exemplos: O NH2 OHH2SO4+ H2O + NH4+HSO4' benzamida ácido benzoico NaOH+ H2O butirato de sódio c.3) Hidrólise de anidridos (RCO)2O + H2O 2 RCOOH Ácido benzoico O O'Na+ + HOCH2CH3 ch3ch2ch2cch3ch2ch2c^ nh2 butanoamida + NH3 O’Na+ CAPÍTULO 3 - Mecanismo de Substituição Nucleofílica H2O hocxxh2ch2cooh ácido butanodioico RCOOH + HCI Exemplo: + H2O ácido benzoicocloreto de benzoila 3.3.1. Mecanismo SNAr O mais importante dos mecanismos de substituição nucleofílica aromática ocorre em duas etapas: 3.3. Substituição nucleofílica aromática Substratos aromáticos são bem pouco reativos frente à substituição nucleofílica. Isso pode ser atribuído a vários fatores. Os principais são: a alta densidade de elétrons do anel aromático, que atrai espécies químicas positivas e não negativas, como os nucleófilos; o outro ponto é o fato de o carbono sp2 ser mais eletronegativo que o sp3 e, portanto, atrair mais fortemente o par de elétrons de suas ligações, assim, o nucleófugo tem mais dificuldade para deixar o substrato. No entanto, existem exceções: • reações ativadas por grupos retiradores de elétrons nas posições orto e para (mecanismo SrjAr). • reações de substituição do diazônio (mecanismo SN1). • reações catalisadas por bases muito fortes (mecanismo do benzino). Exemplo: O4 anidrido butanodoico (anidrido succínico) c.4) Hidrólise de cloretos de ácidos RCOCI + H2O ------- Passo 1 (lento) Formas canônicas Passo 2 (rápido) x- Exemplo: OjNOjN N20 NzO 03 NjO + H3CCT —- NOJ •<—► etc. Formas canônicas são representações possíveis para um dado intermediário que nos ajudam a entender a distribuição de cargas numa espécie química. As setas de mecanismo nas estruturas canônicas, neste e em outros casos, estarão representando a transformação das estruturas no sentido direto da reação. Ní> + HsCjO' Passo 1 (lento) ® N=N 3.3.2. Mecanismo SN1 O mecanismo unimolecular (formação de carbocátion) na substituição nucleofílica aromática nunca pode ser confirmado com certeza. No entanto, existem evidências que reações de sais de diazônio ocorram por este mecanismo: Essas reações ocorrerão quando tivermos grupos retiradores de elétrons nas posições de concentração de carga negativa nas formas canônicas. CAPÍTULO 3 - Mecanismo de Substituição Nucleofílica Passo 2 (rápido) Exemplo: Passo 1 NH2‘ + crNH3 Passo 2 NH2 Exemplo: NH2nh2~ 3.3.3. Mecanismo via benzino Esse mecanismo ocorre em haletos de arila que não possuem grupos desativadores nas posições orto e para. Necessitam de bases muito fortes e, mais interessante ainda, o reagente nem sempre ocupa o mesmo carbono que o nucleófugo no substrato. Tal fato foi elegantemente demonstrado pela reação 1 -14C-clorobenzeno com amideto de potássio: k'""' :NH3 ou K_^:NH3 NaNOg HzSOjiac) NH2 + 1 CH3 H Br Q-02 Q-03 2 b) CH3CH2CH2I c) ch3ch2och2ch2ch3 d) CH3CH2CH2SCH3 Qual o produto obtido da etanólise do cloreto de t-butila? Descreva os passos sabendo que o mecanismo é SN1. O II e) CH3COCH2CH2CH 3 h2o 77 Partindo de 2-bromobutano, quais reagentes seriam necessários para se obter: a) CH3<pHCH2CH3 OCH2CH3 b) ch3c(;hch2ch3 SH Q . 04 Mostre qual reagente pode ser usado para sintetizar os compostos abaixo a partir de 1 -bromopropano: a) CH3CH2CH2OH q.q-] Lembrando que o carbocátion tem estrutura planar, escreva a estrutura do carbocátion intermediário e a estrutura do álcool formado pela reação abaixo: H3C c) CH3<pHCH2CH3 occh3 O d) CH3tpHCH2CH3 sch3 CAPÍTULO 3 - Mecanismo de Substituição Nucleofílica g) ch3ch2ch2cn Q-05 a) CHsCHgCHjCHjBr ou ou c) CH3CH2CH2CI CH3CH2CH2Brou ou Q-06 8A Q-07 Proponha um mecanismo para as reações a seguir: a) HOCH2CH2Br H2C------CH2 Quando o 3-bromo-2 butanol (A), com a estereoquímica ilustrada abaixo, é tratado com HBr concentrado, ele fornece meso-2,3- -dibromobutano. Numa reação similar, o 3-bromo-2-butanol (B) fornece (±)-2,3-dibromobutano. Proponha um mecanismo que explique os resul tados. b) CHgCHjCpHCHa Br Decida, entre os pares de haletos abaixo, qual reage mais rapidamente pelo mecanismo SN2 e explique sua resposta: d) CH3(jíHCH2CH2Br CH3 <pH3 H3Q—Ç—CH3 Br CHâChWHCH^r CH3 CHsCH^HCHs Br OH' H2O H L-CH3 + ^H3 f) H3c—1\|—CH2CH2CH3Br' CH3 PH3 H-/C \ h3c oh BT\ H-/C—' H3C OH b) H2NCH2CH2CH2CH2Br H e Q-10 ®) T p) H-C-O-H I H OH' H2O Onde se encontrará o oxigênio marcado (O’8) se for realizada uma hidrólise ácida do benzoato de metila em H2O’8? Q-08 Reagindo-se etanol, o qual contém oxigênio marcado (O18), com o ácido propiônico, para obtenção de um éster, podemos demonstrar o mecanismo da reação, sabendo-se que: A. ( ) água resultante da reação contém O18. B. ( ) o éster formado, propionato de etila, contém o oxigênio marcado. C. ( ) o oxigênio do álcool (O18) será encontrado tanto no éster formado como na água resultante. D. ( ) a aplicação de compostos contendo isótopos não se presta ao estudo da esterificação. E. ( ) nenhuma das afirmações é valida. Q-09 Ao se realizar uma reação entre as substâncias: p ‘O. H, I .C-C-H // I O HXD obteve-se um éster e água. Verificou-se que as moléculas de água continham átomos de oxigênio radioativo isótopo l8O. Com base nessa informação, pode-se prever que o isótopo ,8O estava presente somente no(s): A. ( ) oxigênio 1 B. ( ) oxigênio 1 e 2 C. ( ) oxigênio 2 D. ( ) oxigênio 2 e 3 E. ( ) oxigênio 3 CAPÍTULO 3 - Mecanismo de Substituição Nucleofílica Q-11 Q-12 Em relação às reações apresentadas: I. OH + HjC—ONa II. oooa-tcHj III. oo IV. + NaOH ONa + H3C— NHj V. a + HjC—OH + NaO + Hp Q-13 ♦ CH. I H ocorrem: A. ( ) apenas I e II. B. ( ) apenas I, III e IV. C. ( ) apenas II e IV. D. ( ) apenas I, II e V. E. ( ) apenas III, IV e V. Com a finalidade de se produzir biodiesel, um mol de um éster glicérico de ácido graxo (óleo vegetal) foi transesterificado com metanol. Considerando que a massa de biodiesel obtida foi 0,49% maior do que a do óleo vegetal de partida, qual a massa molar do óleo vegetal? Quais os produtos esperados quando o propanoato de etila reage com cada um dos compostos a seguir? a) H3O\ H2O b) OH-, H2O c) 1-octanol, HCI d) CH3NH2 e) LiAIH4 f) C6H5MgBr, depois H2O I H O O O H-t, ' 'C< " + CHjCHjOH Q-14 I II Quando o composto I é tratado com NaOCH3 ocorre a formação do composto II. Indique todos os passos de um mecanismo provável para essa reação. A. ( ) 816 g/mol B. ( ) 828 g/mol C. ( ) 804 g/mol D. ( ) 868 g/mol E. ( ) 872 g/mol CH2-CH2 Br Mecanismo de Substituição Eletrofílica 4. xQY0 A—X Y—A Ar—H + Y+ Ar—Y + H+ Tipo II W ■Ar—H Ar—Y + HW H Y Formas canônicas 4.1.1. Mecanismos do arênio O mecanismo do arênio pode ser descrito de diversas formas diferentes, mas o que acontece no anel aromático é basicamente a mesma coisa em todos os casos. O primeiro passo é o ataque de um par de elétrons ao reagente eletrofílico. Esse passo é lento, pois a aromaticidade do anel é perdida. No entanto, o carbocátion formado pode ser estabilizado por ressonância. O segundo passo é a saída do H*, que, devido à restauração da aromaticidade, ocorre rapidamente. Mecanismo Passo 1 (lento) 4.1. Substituição eletrofílica aromática Em substituições eletrofílicas aromáticas, os grupos de saída mais importantes são aqueles que existem sem o par de elétrons da última camada. O grupo de saída mais comum para essas reações é o próton (H+). Tipol H Y—íí 5+ 5- Y—W Mecanismo De Substituição Eletrofílica A maioria das substituições em sistemas alifáticos são nucleofílicas. Em sistemas aromáticos, a situação é inversa, porque a alta densidade eletrônica atrai espécies positivas (eletrófilos) mais efetivamente do queespécies negativas (nucleófilos). Em substituições eletrofílicas, o reagente eletrófilo é uma espécie positiva ou um átomo com carga parcial positiva de uma molécula polar. Ar( Y Ar( Y CAPÍTULO 4 - Mecanismo de Substituição Eletrofílica 5+l<- NO2 H2SO4HNO3 HjO+ Benzeno Nitrobenzeno Mecanismo Passo 1 H-Õ-NO2 + H2SO4 Passo 2 + NO2 + H2O Passo 3 NO2©NO2no2 HH Passo 4 H2SO4HSO4‘NO2 H—Õi-NO2 + HSO4' H Reações típicas A substituição eletrofílica aromática inclui uma grande variedade de reações, sendo que as mais importantes - nitração, sulfonação, halogenação e reações de Friedel-Crafts - são apresentadas não só pelo benzeno como por quase todos os anéis aromáticos. a) Nitração Passo 2 (rápido) S+ NO2 + ■ rH © ■Q H—O-NO2 ®<\h b) Sulfonação SO3H S03H2SO4 h2o Ácido benzenosulfônicoBenzeno Mecanismo Passo 1 + H3O+ + HSO4‘2 H2SO4 Passo 2 H etc.SO3’ Passo 3 HSO4SO3' Passo 4 SO3H H3O+ c) Halogenação + Br HBr BromobenzenoBenzeno 2 FeBr3 Mecanismo 2 Fe + 3 Br2 O -II S=O II O SO3 SO3 + H2SO4 + h2o CAPÍTULO 4 - Mecanismo de Substituição Eletrofílica Passo 1 Br+ + FeBr4'FeBr3 Passo 2 Br H :Br-j-FeBr3’ d) Alquilação de Friedel-Crafts AICI3PCI HCI+ Benzeno Alquilbenzeno Exemplo: C(CH3)3 aici3•ch3 HCI+ Benzeno í-butilbenzeno + AICI4 Passo 2 ÇFb -CH3 CHs Br + HBr + FeBr3 ÇH3 Ç-CHa CH3 Br—Sr: Mecanismo Passo 1 CH3 ^AICI3 H3C-C-CI: i CH3 çh3 HaC—C—' Cl ÇH3 h3c-c+ ch3 h3c ch3 ch3 + HCIC(CH3)3 + aici3 e) Acilação de Friedel-Crafts aici3+ RCOCI + HCI Exemplo: AICI3 HCI Benzeno metilfenilcetona Mecanismo Passo 1 H3C-Ô=Ô: h3c-c=Ô + AICI4' Passo 2 COCH3 S0 O II c. o II c ■CH3 Passo 3 <^:CljAICI3- C-CH3 O X ?H3 ' c zz° + H3C—c' Cl z° h3c-c (2CI: AICI3 ch3 + HCI + AICI3 Passo 3 f-' :ÕI-AICI3‘ 1.CH V* CAPÍTULO 4 - Mecanismo de Substituição Eletrofílica — NH2 —NHR — NR2 —OH Ativadores moderados —NHCOCH3 —NHCOR ----NRg+ —OCHO —OCOR —CF3 —CCI3 4.1.2. Reatividade e orientação Quando o benzeno monossubstituído é submetido a uma reação de substituição eletrofílica aromática, o grupo existente no anel afeta tanto a velocidade da reação quanto a posição da substituição. Portanto, dizemos que o grupo substituinte afeta a reatividade e a orientação na substituição eletrofílica. Nós podemos dividir os grupos substituintes em duas classes, de acordo com a influência na reatividade do anel: • Grupos ativadores: são grupos substituintes que tornam o anel aromático mais reativo que o benzeno. • Grupos desativadores: são grupos substituintes que tornam o anel aromático menos reativo que o benzeno. Os grupos substituintes podem ser divididos também em outras duas classes, de acordo com a influência na posição de substituição: • Grupos orto-para dirigentes: são grupos que orientam a entrada do grupo eletrofílico nas posições orto e para em relação a eles mesmos. • Grupos mefa-dirigentes: são grupos que orientam a entrada dos grupos eletrofílicos nas posições meta em relação a eles mesmos. Orto-Para dirigentes Ativadores fortes Meta-dirigentes Desativadores moderados —C=N —SO3H —CO2H —CO2R —CHO —COR Desativadores fortes —NO2 Ativadores fracos —CH3 —C2H5 —R —CeHs Desativadores fracos --- F = --- çi: --- Br: ---- j": ceder ou sacar G + Y+ G + Y+ Grupo G cede elétrons Grupo G saca elétrons Reação é mais rápida Reação é mais lenta H íon arênio instabilizado H íon arênio estabilizado Teoria da orientação: Ativadores do tipo -R cedem elétrons para o anel aromático em virtude dos seus efeitos indutores. Certos grupos (-NH2 e -OH) atuam, porém, como poderosos ativadores da substituição eletrofílica aromática, apesar de conterem átomos eletronegativos com efeito indutor de sacar elétrons. No caso desses grupos, apesar de eletronegativos, o átomo ligado diretamente ao anel possui um ou mais pares de elétrons não compartilhados. O par de elétrons não compartilhado pode participar da ressonância do anel aromático e, por conseguinte, contribuir com uma quarta forma canônica, relativamente estável: Teoria da reatividade: Quando analisamos o mecanismo da substituição eletrofílica aromática, nos deparamos invariavelmente com a formação do íon arênio, sendo que a formação desse íon é o passo determinante na velocidade dessas reações (etapa lenta). A reatividade na substituição eletrofílica aromática dependerá, portanto, da tendência do grupo substituinte em elétrons: CAPÍTULO 4 - Mecanismo de Substituição Eletrofílica W Y3 Y H —1| H Y+ Particularmente estável: todos os átomos com o octeto completo W Particularmente estável: todos os átomos com o octeto completo Y 'H— Íí Em virtude da contribuição das estruturas híbridas, particularmente estáveis, resultantes dos ataques nas posições ortoepara, a substituição nessas posições ocorrem mais rapidamente. De modo análogo, os desativadores do anel aromático, frente à substituição eletrofílica, o fazem por efeito indutivo dos átomos eletronegativos, ou seja, grupos desativadores cujo átomo ligado diretamente ao anel não possui par de elétrons desemparelhados orientam a substituição sempre na posição meta. Podemos entender como esses grupos afetam a orientação se examinarmos as estruturas de ressonância: Ataque na posição Para W Ataque na posição Orto Ataque na posição Meta W Particularmente instável Particularmente instável Ataque na posição Orto Ataque na posição Meta Ataque na posição Para Podemos notar que, na substituição das posições orto epara, surge carga positiva no carbono do anel que contém o grupo eletronegativo. Esses híbridos de ressonância, particularmente instáveis, diminuem muito a velocidade de substituição nessas posições. Portanto, como pode ser observado, o efeito de qualquer grupo (quer ativante, quer desativante) é mais intenso nas posições orto e para. CAPÍTULO 4 - Mecanismo de Substituição Eletrofílica Exemplos: NO2 no2 Br Br2 NO2 no2 no2 no2 4.2. Substituição eletrofílica alifática Nós ressaltamos no item anterior que o grupo de saída mais importante na substituição eletrofílica é o próton (H*). Prótons, em cadeias alifáticas, são bem pouco reativos, mas substituições eletrofílicas poderão ocorrer em posições mais ácidas como no hidrogênio a-carbonila ou em carbonos sp (alcinos verdadeiros). NO2 m-nitro(trifluormetil)benzeno -100% 2,4,6-Tribromofenol -100% m-nitrotolueno 4% HNO3 H^Qt HNO3 o-nitrotolueno 59% no2 p-nitrotolueno 37% NO2 •9 no2 o-dinitrobenzeno p-dinitrobenzeno m-dinitrobenzeno 6% 1 % 93% HBrBr2 + Exemplo: O Mecanismo Passo 1 OH + H+ Tautomeria Cetona Enol Passo 2 + Br’ Br—Br Br Passo 3 :Bn HBr Br H I O: Em alguns casos, o mecanismo dessas substituições não é ainda muito claro, dessa forma, não o discutiremos mais profundamente. Os dois exemplos, em que o grupo de saída é o hidrogênio, estão ilustrados a seguir: H 'I . O+ H+ ou OH’ a) a-Halogenação de compostos carbonílicos I °I II ---- OH —C—R H I . 0+ + HBr Br I o ! ii (j)—' c—R Br CAPÍTULO 4 - Mecanismo de Substituição Eletrofílica ---- C=CM Exemplos: H3C —C=C' Na+Na + 1/2 H2 Acidez relativa: ■ Q-01 Q-02 b) Formação de alcinetos de metais -----C=CH + M ----- ou base mais forte A cloração total do tolueno, em presença de limalha de ferro, a frio e na obscuridade, conduz a: A. ( ) cloreto de benzila B. ( ) cloreto de benzilideno C. ( ) tricloro-fenil-metano D. ( ) 1,3,5-triclorotolueno E. ( ) 2,4,6-triclorotolueno A síntese de Friedel-Crafts é uma reação do núcleo aromático de: A. ( ) adição B. ( ) substituição C. ( ) oxidação D. ( ) redução E. ( ) nenhuma delas E5 H—OH > H—OR > H-C=CR > H—NH2 > H-CH=CH2 > H-CH2CH3 pKa 15,7 16-17 25 38 44 50 H3C—C= CH H3C—(pH—C=C'Na+ + NH3 ch3 H3c—(pH—C=CH + NaNH2 ch3 Cl Q-03 Q-04 Q-06 Q-07 Benzanilina Qual dos anéis da benzanilina é mais susceptível à substituição eletrofilica aromática? Escreva as estruturas de ressonância para justificar sua resposta.a) b) c) d) e) f) OII c— rsi H Pela nitração do benzeno, seguida de outra nitração e posteriormente de uma cloração, obtém-se preponderantemente qual dos compostos acima? B.( ) NO2 [orNO> Cl E-( ) no2 O no2 D.( ) NO, Cl no2 no2 Para cada uma das reações abaixo diga qual o produto principal: Sulfonação do p-CH3C6H4COCH3 Nitração do m-diclorobenzeno Nitração do 1,3-dimetoxibenzeno Monobromação do p-CH3CONHC6H4NH2 Nitração do p-HO3SC6H4OH Cloração do C6H5CCI3 Para responder às questões 3 e 4, utilize as alternativas abaixo: C.( ) Cl NO2 no2 Pela cloração do benzeno, seguida de uma nitração e outra nitração, obtém-se preponderantemente qual dos compostos acima? q Qg Escreva as estruturas de ressonância para o cátion benzílico (C6H5CH/). A.( ) Cl NO2 Mecanismo de Adição Via Radicais Livres 5. luzY-W Y • w- R—O • R—O-W Y- Passo 2 W Y Esse novo radical poderá, ainda, adicionar em outra ligação dupla, gerando um novo radical. A repetição dessas adições em ligações duplas poderá formar cadeias, curtas ou muito longas, sendo esse o mecanismo de polimerização via radicais livres. Os passos extintores ocorrem também de forma semelhante à substituição via radical livre (tópico 2.1.). Diferentemente da substituição via radical livre, na adição, poderá ocorrer dimerização ou polimerização. Quando o radical gerado no passo 1 adicionar em outra ligação dupla, ocorrerá formação de um dímero: Mecanismo De Adição Via Radicais Livres O mecanismo de adição via radical livre segue o mesmo modelo discutido na substituição via radical livre. O radical é gerado pela cisão homolítica de uma ligação ativada por luz; -H- ou por um gerador de radicais (usualmente peróxidos); w-Q LU-ô- i i i i Os passos propagadores ocorrem da seguinte forma: Passo 1 n Y-W CAPÍTULO 5 - Mecanismo de Adição Via Radicais Livres H H3C— CH3 Uma forte evidência, que sustenta esse mecanismo, é o fato de a adição de H2 ocorrer de forma sinestérea (pela mesma face) e não antiestérea (por faces opostas). Isso só seria possível caso os reagentes estivessem, de alguma forma, presos à superfície do catalisador. Para exemplificar esse fato, tomemos como exemplo a adição de deutério ao ciclopenteno. Uma vez que a adição ocorre de forma sinestérea, obtemos sempre o composto meso em vez da mistura racêmica. 5.1. Hidrogenação de ligações duplas e triplas A hidrogenação catalítica de ligações duplas e triplas pode ser dividida em duas grandes classes: catálise heterogênea (clássica) e catalise homogênea. A catálise homogênea envolve reagentes formados por metais de transição (principalmente ródio e rutênio) complexados com ligantes orgânicos que são solúveis no meio reacional. Essas reações, descobertas mais recentemente, envolvem mecanismos bastante complexos, que não serão abordados aqui. O mecanismo da catálise heterogênea de ligações duplas não está totalmente esclarecido. O fato de a reação ser heterogênea torna bastante complexa a obtenção e interpretação dos dados cinéticos dessa reação. O mecanismo envolvendo a formação de radicais livres, pela adsorção do hidrogênio, e da ligação dupla, pela superfície do catalisador metálico, é o mais aceito atualmente. Superfície metálica H2C=CH2n = hw CH3 isômero meso mistura racèmica h3c—ch=ch2 h3c—ch2—ch3+ H2 co2h co2h ch3(ch2)4ch3h3c—ch2—c=c—ch2—ch3 + 2H2 #•) Na adição de 1 mol de H2, utilizando catálise heterogênea, a adição ocorre também de forma sinestérea, de forma que o alceno obtido será cis. Ligações triplas também são hidrogenadas nessas condições. A velocidade de hidrogenação das ligações triplas depende do catalisador utilizado. Na maioria dos casos, as ligações triplas são hidrogenadas mais facilmente quando comparadas à hidrogenação de ligações duplas. Exemplo: P2 sinestérea (sin) Pt 25° Pt 25° Pt 25° Pt 25° Na grande maioria dos casos, as reações de hidrogenação catalítica são realizadas à temperatura ambiente e a uma pressão um pouco maior que uma atmosfera. Os catalisadores mais comuns são metais de transição fmamente particulados (paládio em carvão ativo, platina, óxido de platina, níquel, liga de níquel e alumínio, ródio e rutênio). Vários grupos funcionais (-OH, -COOH, -NH2, -CHO, -COR, -COOR ou -CN) são inertes à hidrogenação nessas condições, o que permite que a hidrogenação de ligações duplas possa ser realizada em um elevado número de compostos orgânicos e não apenas em alcenos. Exemplos: __ E1V antiestérea/\ (anti) h2 h2 CAPÍTULO 5 - Mecanismo de Adição Via Radicais Livres Exemplo: h3c— ch-csc—ch2-ch3 + h2 2H2 h2c=ch—ch=ch—ch2-ch3 12 3 4 h3c—ch=ch—ch3-ch3H2 h3c—ch2—ch3 Os ciclopropanos sâo clivados quando submetidos â hidrogenação catalítica. Essa reação é mais difícil que a hidrogenação de alcenos, mas não requer altas temperaturas. Os catalisadores mais frequentemente usados são Ni, Pd e Pt. Exemplo: 5.2. Hidrogenação de aromáticos Os anéis aromáticos também podem ser hidrogenados cataliti- camente. No entanto, devido à estabilidade causada pela ressonância, são requeridas temperaturas maiores para essa reação do que para a hidrogenação de ligações duplas comuns. No caso da hidrogenação catalítica de anel benzênico, é impossível parar a reação depois que a primeira ligação dupla é hidrogenada; uma vez desfeito o sistema aromático, teremos ligações duplas conjugadas que sofrem hidrogenação mais facilmente do que sistemas aromáticos. Dessa forma, se 1 mol de benzeno for tratado com 1 mol de H2, obteremos 1/3 mol de ciclo-hexano e serão recuperados 2/3 mol de benzeno. Pd/CaCO., (Catalisador de Lindlar) Pt 25° Pt 25° Ni 25°/50 atm Dienos conjugados podem ser totalmente ou parcialmente hidrogenados. Quando a hidrogenação é parcial (1 mol de H2), a adição pode ocorrer tanto nas posições 1,2 quanto nas posições 1,4, sendo que esta última ocorre preferencialmente. Exemplos: h3c-ch2X CH3(CH2)4CH3 , /CH2-CH3 H c/s-3-hexeno 97% + h2 h2c=ch-ch=ch-ch2-ch3 12 3 4 Exemplos: cat. 00-0*0cat.+ 1 H2 66,6%33,3% 0% 0% OH OH cat.+ 2H2 Metal Metal ROH ROH e. 5.3. Adição de HBr na presença de peróxido Na ausência de peróxido, a reação de adição de ácido bromídrico aos alcenos segue o mecanismo de adição eletrofílica (discutido no capítulo 7) e obedece a regra de Markovnikov para a orientação de adição. Na presença de peróxidos, o mecanismo segue via radicais livres e a orientação de adição passa a ser inversa à de Markovnikov (regra de Karasch). O ponto fundamental do mecanismo está no fato de os peróxidos iniciarem a reação de radical, portanto o intermediário nessa reação é um radical formado pela adição homolítica de bromo radical à ligação dupla. No entanto, quando o anel benzênico é reduzido por Na, Li ou K em amônia líquida (geralmente na presença de um álcool), ocorre hidrogenação nas posições 1,4 e obtém-se ciclo-hexadieno não conjugado. Esse mecanismo envolve transferência direta de elétrons do metal para o sistema conjugado, gerando um íon-radical, que, após capturar um próton do álcool, recebe outro elétron do metal, tornando-se um carbânion. Esse, finalmente, captura outro próton do álcool. + 3H2 CAPÍTULO 5 - Mecanismo de Adição Via Radicais Livres R H3OR—Ç- Radical 3o Radical 1oRadical 2o Metil Mecanismo Passo 1 peróxido •O-W Br—H H—O-WBr • + Passo 2 Passo 3 + Br • Br' HBrH3C—ch=ch2 X Br—Ç— Exemplos: Adição eletrofílica: orientação de Markovnikov H3C—CH—CH3 cátion 2° H3C—CH2—CH2 cátion 1° U-ó- H3C—<pH—CH3 Br V R-?. R Br H I I > R-?- H O H—Br p, A estabilidade do radical intermediário, devido a fatores polares e indutivos, segue a mesma sequência da estabilidade dos carbocátions: HsC— CH=CH2 X 2R- + 2 CO2 Passo 2 Passo 3 n n n Tfi. CH=CH I R1 O II O o II 2R—C—O-, H3C— CH— CH2 radical 1o R—CH2-CH R1 R-^-CH^ÇH-^-’ + R-^CF^-CH-^-1 r4ch2-ch4' nH2C=ÇH RHHt HBr peróxido Passo 4 r4ch2-ch4i t 4; ■CH2-CH 5.4. Polimerização Polímeros são substânciasque consistem em moléculas muito grandes (macromoléculas) formadas a partir da repetição de subunidades. As subunidades moleculares, usadas para sintetizar polímeros, são chamadas de monômeros e as reações, pelas quais os monômeros se conectam, são chamadas de polimerização. A polimerização de alcenos e seus derivados , iniciada por radicais livres, leva à formação de polímeros por reações sucessivas de adição. Mecanismo Passo 1 O II CH2-CH2 R1 ’ O h2cXch R1 Adição via radical livre: orientação anti-Markovnikov • I |Qr -------- H3C— CH-<pH2 ------► H3C—CH2-(pH2 radical 2° Br------------------Br ■CH-CH M IH R, n "'x CH2-CH À, R—CHp-CH4 4 R1 CAPÍTULO 5 - Mecanismo de Adição Via Radicais Livres Exemplos: peróxidonH2C=CH2 Etileno Polietileno peróxido Cloreto de vinila H2C=CH-CH=CH2H2C=CH!-CH=CH2 R—CH2—CH =CH—CH2-CH2-CH =CH-CH2-CH2-CH =CH-CFt-~ Exemplo: calor Isopreno Q-01 O “zingebereno”, uma fragrância extraída do gengibre, tem fórmula molecular C15H24 e não possui ligação tripla. Sabendo que 1 mol de “zingebereno" absorve 3 mois de H2 na hidrogenação catalítica, quantas ligações duplas e quantos anéis existem nesse composto? poli-isopreno (borracha natural) ZZj n H2C=CH— <p=CH2 ch3 nHjC—(pH Cl Os dienos conjugados apresentam também polimerização via radical livre. Esses polímeros diferem dos polímeros obtidos dos alcenos simples por possuírem uma ligação dupla em cada unidade estrutural de repetição. A ligação dupla remanescente indica que o mecanismo, nesse caso, foi de adição 1,4. Mecanismo Cl Policloreto de vinila (PVC) H2gZcÍÍ-CH^CH2 +-H2C—CH= tp-CHzÀ- \ CH3 In ~^-H2C—ch2-^ Q-03 Q-04 Q-05 ch3 H Q-06 r© Q-07 O buteno-1, ao reagir com HBrem presença de peróxido, fornece: A. ( ) brometo de terc-butila B. ( ) brometo de sec-butila C. ( ) brometo de n-butila D. ( ) brometo de isobutila E. ( ) nenhuma das respostas Três alcenos diferentes fornecem 2-metilbutano quando submetidos à hidrogenação catalítica. Dê suas estruturas e escreva as reações de hidrogenação. Um composto X tem fórmula molecular C6He e é opticamente ativo. A hidrogenação catalítica de X leva à formação de um composto Y com fórmula molecular C5H10, que é opticamente inativo. Qual a fórmula estrutural de X e Y? Quatro ciclenos diferentes fornecem metilciclopentanos quando submetidos à hidrogenação catalítica. Dê suas estruturas e escreva as reações de hidrogenação. Partindo de 1 -metilciclo-hexeno, mostre como o composto abaixo pode ser sintetizado. Q-02 O “esqualeno” é importante intermediário na biossíntese de esteroides, sua fórmula molecular é e não possui ligação tripla. Quando submetido a hidrogenação catalítica, fornece um composto de fórmula C30H62. Quantas ligações duplas e quantos anéis existem nesse composto? Mecanismo de Adição Nucleofílica 6. w+Y-W Passo 2 W+ CN Passo 2 H+ !-L W Y I I A-B 6.1. Adição nucleofílica em ligações múltiplas carbono-carbono Devido à existência de elétrons n, as ligações duplas entre carbonos são mais susceptíveis à adição eletrofílica do que à nucleofílica. No entanto, nos casos em que essas ligações estiverem altamente polarizadas, o carbono com carga parcial positiva poderá sofrer ataque do agente nucleófilo. a) Adição de HCN em compostos carbonílicos-a, fj-insaturados Mecanismo Passo 1 NC’~^ 8+ x Y Y I A-B CN “H Y - I A-B + O’ C=C- A^B ÇN ! —c-c- l Mecanismo De Adição Nucleofílica No primeiro passo da adição nucleofílica, o nucleófilo leva um par de elétrons para um carbono de uma ligação dupla ou tripla, forçando os elétrons n a ir para o outro átomo da ligação e criando, assim, um ânion. O segundo passo é a combinação do ânion com a espécie positiva. Passo 1 <?■ 8+ 8+ CAPÍTULO 6 - Mecanismo de Adição Nucleofílica O + HCN “CN Passo 2 HCN R' R‘ b) Adição de HCN em triplas Mecanismo Passo 1 Apesar de também possuírem elétrons rr e, portanto, serem mais susceptíveis à adição eletrofílica do que à nucleofílica, as ligações triplas entre carbonos podem sofrer reações de adição nucleofílica. Nesse caso, mesmo não estando polarizada, o alto caráter s do carbono da ligação tripla (hibridação sp) torna esse carbono mais eletronegativo do que carbonos sp2 ou sp3, o suficiente para atrair o agente nucleófilo. Exemplo: HC=CH —C=i CN z —é=(> CN —C=C— CH2—(jJH—CH3 CN Exemplo: O 6.2. Adição nucleofílica em ligações múltiplas carbono-heteroátomo Quando a ligação dupla ou tripla envolvida na reação de adição for entre carbono e oxigênio ou carbono e nitrogênio, o estudo mecanístico torna-se bastante simples. Uma vez que as ligações C=O, C=N e CsN são fortemente polares, a espécie nucleofílica sempre atacará o carbono dessas ligações. 8+ 8" R—C=N HgC=CH CN CH=CH—CH3 R\§+ 8” c=o \8+ 8",C=N^ R" Mecanismo 2: Rx "Z(J « '.E aldeido 3® É importante notar que, em ambos os casos, além de o produto final ser o mesmo, as reações são reversíveis e, em muitos casos, o composto mais estável é o insaturado. A adição de água a aldeídos e cetonas, catalisadas por ácidos, são casos típicos em que o composto insaturado (no caso, o composto carbonílico) é mais estável que o produto de adição. Tentativas de isolar os produtos (dióis geminais) dessas adições deslocam o equilíbrio para formação do composto carbonílico. Exemplo: :Ò’h2 ho i == h3c-'c—oh + h3o+ h diol geminal Z R—C— OH R'1 O mecanismo de adição nesses compostos pode ser visualizado de duas maneiras distintas. As características do nucleófilo, tais como força do ácido, concentração de carga etc., sugerem que o mecanismo ocorra de uma ou de outra forma: Mecanismo 1: gj Para ilustrar os dois possíveis mecanismos, utilizamos a adição —■ de um nucleófilo à carbonila. No entanto, os mesmo passos serão seguidos pelos demais compostos contendo ligações múltiplas altamente polarizadas. 'c=o* == H3C-C-0H ■ Z R—C—OH + Z” R'1 H3C >=0: H rH3°* HC' H3C, - “ v— Hz KJ H R / "Z ;c=o r,z Cf ^H^C=O R,Z Cf z R—C—0~ | rJ h-z r*H—Z :c=õ- ' R'z CAPÍTULO 6 - Mecanismo de Adição Nucleofílica A NaOH HCN Mecanismo Passo 1 *■ Na+ + 'CN + HgOHCN NaOH Passo 2 CN'O, “CN Passo 3 NC HO HO' a) Adição de HCN em carbonilas Exemplo: Quando o produto de adição for mais estável do que o composto insaturado e/ou existam passos irreversíveis, o produto poderá ser isolado. A seguir, estão ilustradas reações tipicamente de adição nucleofílica a ligações múltiplas entre carbono e um hetero-átomo. ' Hidrato de triflúor-etanal sofre desidratação apenas sob aquecimento ' Alguns compostos, contendo grupos fortemente eletronegativos I— .ligados à carbonila, são exceções a esse caso, podendo formar dióis geminais estáveis. OH HC-—Cç— H OH f3c— + H2O H H HaC— CH; Mecanismo 8+ CH3CH; Li+ (S = solvente) O’Li+ + AIH3 b) Adição do reagente de Grignard Exemplo: Etapa 2 ■ (Hidrólise ) (j)MgBr -tp—CH2-CH3 H 6” . _ H3C—CHg: MgBr S I O—Li+—Só Passo 2 XoHaCHa H HgC— CHMgBr + Reagente de Grignard l< 1 H 1. LiAIH 4 / éter anidro 2. HgO c) Redução de carbonila com LiAIH4 Exemplo: ó Mecanismo Passo 1 O' CH3CH2—Ó—CH2CH3 + +MgBr H /C—CH2-CH3 H pi-CHzCHa H \ OH CH3CH2—A—CHjCHa + 'OH H S I (*O—Li + — S b1- Etapa 1 / Adição \ \ nucleolihca ] CAPÍTULO 6 - Mecanismo de Adição Nucleofílica Passo 3 LiOH I OHH O' Passo 2 I HjO f Eliminação Exemplo: <pH3 N—NH2 + H2O HidrazinaAcetofenona Acetofenona hidrazona H H I Passo 1 — N : I H Outros exemplos desse tipo de mecanismo, em que a adição ocorre apenas em passos específicos do processo, estão ilustrados no capítulo 11. d) Adição de amônia e derivados Em algumas reações, apenas alguns passos do mecanismo podem ser classificados como adição nucleofílica. Adição nucleofílica :Õ;Li+ ó OH ó ch3 + H2N-NH2 H i —N-L I T ?H Passo 3 —N— H O I I — N-C I H —N=Ç— + Q-01 Q-04 A. ( ) álcool n-butílico B. { ) álcool sec-butílico C. ( ) álcool terc-butílico D. ( ) álcool isobutílicoE. ( ) nenhum dos citados Q-02 A redução de cetona permite obter: A. ( ) apenas álcoois primários B. ( ) apenas álcoois secundários C. ( ) apenas álcoois terciários D. ( ) álcoois secundários ou terciários E. ( ) nenhuma das respostas Q-03 A reação da acetona com HCN leva à formação de: A. ( ) 2-hidroxipropanonitrilo B. ( ) acetonitrila C. ( ) 2-hidroxiacetonitrilo D. ( ) 2-hidroxi-2-metilpropanonitrilo E. ( ) outro composto A reação do metilpropanal com NaBH4 seguido de hidrólise fornece: Quais produtos são esperados para a reação do brometo de etilmagnésio com cada um do compostos abaixo? a) H2O b) D2O O II c) C6H5CH, depois H2O ff d) C6H5CCH3, depois H2O e) C6H5COCH3, depois H2O O f) CH3ÇH2C—CH, depois CH3CH, depoisHjO CAPÍTULO 6 - Mecanismo de Adição Nucleofílica Q-06 Q-08 Qual é o produto da reação do butanodial com hidrazina? H2N-NH2 Q-07 Na reação de redução da 2-metilciclo-3-hexenona com LiAIH4, obtém-se: A. ( ) 2-metilciclo-hexano B. ( ) 2-metilciclo-hexanona C. ( ) 2-metilciclo-3-hexeno D. ( ) 2-metilciclo-3-hexenol E. ( ) 2-metilciclo-hexanol Qual opção se refere ao(s) produto(s) da reação entre 2-butanona e o hidreto metálico LiAIH4? A. ( ) Butano B. ( ) 1-butanol C. ( ) Ácido butanoico D. ( ) Mistura racêmica de 2-butanol E. ( ) Ácido propanoico e ácido etanoico q.qS Quando a acetona é dissolvida em água contendo O'8 (ou seja, H2O'6 em vez de H2O16), ela começa a adquirir O18, tornando-se O18 II CH3CHCH3. a formação dessa acetona, com oxigênio marcado, pode ser catalisada por ácido. Mostre os passos mecanísticos que explicam o resultado. G^fíi... Mecanismo de Adição Eletrofílica - f - (í® ®í \ íí li® O ... .6^ VLÁ' - ,- '.í í .. )#.i .... I- il\® $ . . i?'" li® "' a 7. Y +A=B Passo 2 W O reagente eletrofílico não é obrigatoriamente um elemento carregado positivamente, como acabamos de apresentar, mas qualquer espécie química que aceite um par de elétrons (ácido de Lewis). Em geral, a reação de adição eletrofílica envolverá também um reagente nucleofílico para que o segundo passo se complete. Existem muitas evidências de que o mecanismo se processe dessa forma. Dentre elas, as principais são: a) A velocidade da reação depende das concentrações do composto insaturado e do reagente eletrofílico: esse fato está obviamente de acordo com um mecanismo que começa pela reação entre dois reagentes. c) Onde a estrutura permitir ocorrerá rearranjo: Como já foi discutido no tópico “evidência do rearranjo no mecanismo SN1”, o rearranjo se produz sempre que um carbocátion menos estável possa ser convertido num mais estável. b) A reação requer um ácido de Lewis: De acordo com o mecanismo, o primeiro passo dessas reações é a transferência de um par de elétrons para o reagente eletrofílico (ácido de Lewis). d) Orientação da adição: obedece à regra de Markovnikov - "Na adição de HX à ligação dupla de um alceno, o hidrogênio do ácido liga-se ao átomo de carbono que já possuir maior número de átomos de hidrogênio". Mecanismo De Adição Eletrofílica Nesse mecanismo, o primeiro passo ocorre quando uma espécie positiva (reagente eletrofílico) se aproxima da ligação dupla ou tripla e converte um par de elétrons 7t em um par de elétrons o. O segundo passo é a combinação da espécie positiva formada com uma espécie carregando um par de elétrons. Passo 1 Y »+ I A-B Y A+-B W Y I I A-B CAPÍTULO 7 - Mecanismo de Adição Eletrofílica H3C-CH2-CH2 Energia H3C—Cl ch3 h3c— ch=ch2 Caminho da reação Gráfico 2: Energia X caminho da reação na formação de um carbocátion. H+H3C-CH=CH2 X Dessa forma, podemos substituir a regra de Markovnikov por outra mais geral: a adição eletrofílica a uma ligação múltipla implica na formação do cátion intermediário mais estável. Regra de Markovnikov De acordo com o mecanismo, o reagente eletrófilo se fixa a qualquer um dos carbonos da ligação dupla para formar um carbocátion. Por exemplo, na adição de HCI ao propeno, se o reagente eletrófilo (H*) se dirigir para o carbono 2, formar-se-á um cátion primário; se for para o carbono 1, formar-se-á um cátion secundário. Uma vez formado, o carbocátion reage rapidamente com o Cf para formar o produto da reação. Levando-se em conta que o intermediário mais estável é carbocátion secundário, o único produto dessa reação será o 2-cloropropano (gráfico 2). H3C-CH-CH3 cátion 2° Cl çi HgC—CH2—CH2 Ou H3C—CH—CH3 :Cl7 -^*h3c-ch-ch3 Cl H3C— ch2—ch2 cátion 1o R-R- Cátion 2° H5C;c2h5 H :CI:‘ ■ClH-Cl- H H3C 50% HCI 5® a) Adição de HX Exemplos: 7.1. Adição eletrofílica em alcenos Estereoquímica da adição eletrofílica em alcenos Quando a adição em alcenos gerar um centro quiral em um dos carbonos da dupla, o produto final ocorrerá na forma de uma mistura racêmica. Isso ocorre devido à planaridade do carbocátion formado, ou seja, de maneira análoga ao mecanismo de substituição nucleofílica do tipo SN1, o ataque do agente nucleofílico ao carbocátion poderá ocorrer pelas duas faces igualmente. (-)-2-clorobutano 50% H3C carbocátion simétrico (—*■ H+ H3C—CH^CH=CH2 1 -buteno molécula simétrica CH3 (+)-2-clorobutano Cátion 1o l r H T. f R Cátion 3° .. - H5C: :CI:— A seguir, estão ilustrados exemplos de reações que ocorrem por esse mecanismo. CAPÍTULO 7 - Mecanismo de Adição Eletrofílica HBr Exemplos: H+ H2C—CH2 + HgO Eteno H+ 2-metilpropeno Mecanismo Passo 1 H3O+ H'H2Õ: b) Hidrataçao de alcenos A hidrataçao de alcenos catalisada por ácidos também obedece à regra de Markovnikov. Dessa forma, excetuando-se a hidrataçao do eteno, não é possível a obtenção de álcoois primários. Etanol álcool 1° fH3 H3C C= CH2 4- H2O <pH3 H3C—c=ch2 + <pH3 HaC— CH3 Br ÇH3 H3C— (j)—CH3 OH álcool t-butílico CH3 H3C-C— Cl-fe + I H ÇH3 H3C-C=Cíí> HsC—CH2 Passo 2 ÇH3 H3C-é-CI-b CH3 h3c—c—ch3 .0* H + H3o+ H20:H Br’ 1,2-dibromoetano cr 1 -bromo-2-cloroetano (J r 1 -iodo-2-bromoetano HO’ I- 2-bromoetanol O mecanismo proposto para essas adições é o de adição eletrofílica em que o primeiro passo, como já visto, é a formação de um cátion. Uma forte evidência que sustenta o mecanismo heterolítico para essas reações é o efeito da adição de nucleófilos diferentes do haleto ao cátion intermediário. c) Adição de X2 Os alcenos reagem rapidamente com Cl2 e Br2 à temperatura ambiente e na ausência de luz, portanto o mecanismo dessa reação não deve envolver a formação de radicais livres. Kjsõãl A adição de l2 em alcenos ocorre de forma mais lenta. A adição L—• i2 pode ser facilitada pela presença de geradores de radicais livres. No entanto, di-iodos vicinais são instáveis e tendem a reverter no alceno de partida. [Õ2H4&] +--- cátion intermediário T Br’ Br OH H2C—C-Hg Br Cl H2C—CHj Br I H2C—OH2 Br-Br H2C=CFb etileno ch3 H3C— C— Cl-b OH Passo 3 ÇH3 H3C— C— CH3 Z H ' Efeito da adição de nucleófilos diferentes Quando o etileno reage com bromo numa solução aquosa de cloreto de sódio, forma-se não só o composto dibromado, mas também o composto cloro-bromado. Uma vez que o etileno é inerte em solução aquosa de NaCI, devemos considerar que a formação de um cátion intermediário permitiu que o ânion Cl’ se adicionasse ao etileno. Analogamente, se outros ânions estiverem presentes na solução (l‘, OH ), poderemos obter compostos derivados da adição desses outros ânions. Br Br H2Ó— Óh2 CAPÍTULO 7 - Mecanismo de Adição Eletrofílica cátion halônio trans-2 -buteno Br^ Estereoespecificidade da adição Tomemos como exemplo a adição de Br2 ao frans-2-buteno. Caso o mecanismo ocorresse via formação de um carbocátion, a reação não seria estereoespecífica e, portanto, deveriamos obter uma mistura de três isômeros do 2,3-dibromobutano, como ilustrado a seguir. O primeiro passo desse mecanismo seria o ataque dos elétrons n do alceno ao bromo, com consequente formação do carbocátion. Esse ataque poderia ocorrer, de forma equivalente, em ambas as faces do alceno, o que levaria à formação
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