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Módulo sobre Habeas Data

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA 
CAMPUS IV – JACOBINA 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS 
 
 
 3 
HABEAS DATA 
 
 
1. Introdução. 
 
Ação civil de natureza constitucional que, nos termos do art. 5º, LXXII, da 
CRFB/1988, visa assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do 
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais 
ou de caráter público, bem assim permitir a sua retificação, quando não se prefira 
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo, ou o acréscimo de 
informação adicional. 
 
Veja-se, a respeito do habeas data, o seguinte julgado do STF: 
 
 
O ‘habeas data’ configura remédio jurídico-processual, de natureza 
constitucional, que se destina a garantir em favor da pessoa 
interessada, o exercício de pretensão jurídica discernível em seu 
tríplice aspecto: a) direito de acesso aos registros existentes; b) 
direito de retificação dos registros errôneos e c) direito de 
complementação dos registros insuficientes ou incompletos. Trata-se 
de relevante instrumento de ativação da jurisdição constitucional das 
liberdades, que representa, no plano institucional, a mais expressiva 
reação jurídica do Estado às situações que lesem, efetiva ou 
potencialmente, os direitos da pessoa, quaisquer que sejam as 
dimensões em que estes se projetem (STF, HD 75/DF, Rel. Min. Celso 
de Mello, DJU de 19-10-2006). 
 
 
A norma constitucional aqui referida é regulada pela Lei nº. 9.507/1997, cujo 
parágrafo único do art. 1º define registro ou banco de dados de caráter público nos 
seguintes termos: Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados contendo 
informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso 
privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações. 
 
Cumpre esclarecer que ao falar em entidades governamentais, tanto a CRFB/1988, 
quanto a Lei nº. 9.507/1997 estão a ser referir: a) aos entes constitucionais da 
Administração Pública (União, estados-membros, DF e municípios), cujos órgãos 
possuem registros ou banco de dados; b) as entidades administrativas, a saber, 
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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS 
 
 
 4 
autarquias, fundações estatais, sociedades de economia mista, empresas públicas, 
subsidiárias, consórcios públicos; ou c) aos chamados agentes públicos delegados, ou 
seja, pessoas que exercem função estatal por delegação (concessionários e 
permissionários de serviço público, por exemplo). 
 
Da mesma forma que o mandado de segurança, o habeas data é direito público 
subjetivo de ação, que funciona como verdadeira garantia constitucional contra a 
violação dos direito fundamentais por ato do Estado ou daqueles que tenham registro 
ou banco de dados de caráter público, a exemplo do SERASA, SPC, etc. 
 
É importante asseverar, por fim, que o Habeas Data, em sendo utilizado para 
proteger direito fundamental do impetrante, é medida que deve ser levada ao 
conhecimento do Judiciário de forma urgente, devendo ter prioridade de tramitação 
sobre as demais ações (inclusive os recursos dele derivados), exceto o habeas corpus 
e o mandado de segurança (Art. 19 da 9.507/1997): 
 
Art. 19. Os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto habeas-
corpus e mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na 
primeira sessão que se seguir à data em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator. 
 
2. Hipóteses de cabimento do habeas data – condição da ação – interesse 
processual (adequação/utilidade e necessidade). 
 
Para impetrar habeas data, a pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, 
inclusive as universalidades de bens (espólio, condomínio, massa falida), precisa 
demonstrar que tem interesse processual, ou seja, que a ação de habeas data é a via 
adequada (útil) e que tem necessidade do provimento jurisdicional. 
 
Quanto à adequação/utilidade, devem ser observados os seguintes aspectos: 
 
a) a informação que se busca conhecer, alterar ou complementar tem que se referir à 
pessoa do impetrante; 
 
b) tal informação tem que constar de registro ou banco de dados de entidade 
governamental ou de caráter público; 
 
c) é necessário comprovar o prévio requerimento extrajudicial de acesso à informação 
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 5 
constante do registro ou do banco de dados, de retificação da informação constante 
do registro ou do banco de dados ou da anotação ao lado do registro ou do banco de 
dados (arts. 2º a 4º da Lei nº. 9.507/1997 – prova pré-constituída); 
 
d) é imprescindível, ainda, comprovar a recusa ao acesso às informações ou o decurso 
de mais de dez dias sem decisão; a recusa em fazer-se a retificação ou o decurso de 
mais de quinze dias sem decisão ou a recusa em fazer-se a anotação complementar ou 
o decurso do prazo de mais de quinze dias sem decisão. Calha fazer menção, neste 
momento, a Súmula nº. 2 do STJ: NÃO CABE HABEAS DATA (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 
ART. 5º, LXXII, a) SE NÃO HOUVE RECUSA DE INFORMAÇÕES POR PARTE DA 
AUTORIDADE ADMINISTRATIVA, bem assim ao seguinte julgado do STF: A prova do 
anterior indeferimento do pedido de informação de dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo, 
constitui requisito indispensável para que se concretize o interesse de agir no habeas data. Sem que 
se configure a situação prévia de pretensão resistida, há carência da ação constitucional 
do habeas data (STF, HD 22/DF); 
 
e) não se deve confundir o habeas data com o direito à obtenção de certidões ou 
informações de interesse particular, coletivo ou geral (artigo 5º, incisos XXXIII e 
XXXIV, b, da Constituição Federal), pois havendo recusa do Poder Público em 
fornecer certidões de tal tipo, para a defesa de direitos ou situações de interesse 
pessoal, próprio ou de terceiros, ou para se obter informações de interesse geral ou 
coletivo, a via adequada é o mandado de segurança. Caso o pedido tenha como fim 
conhecer, alterar ou complementar informação sobre a pessoa do impetrante que 
conste de registro ou banco de dados de entidade governamental ou de caráter 
público, a ação cabível, como aqui se disse, é o habeas data. 
 
Neste sentido a lição do professor Michel Temer: 
 
 
O habeas data também não pode ser confundido com o direito à 
obtenção de certidões em repartições públicas. Ao pleitear certidão, o 
solicitante deve demonstrar que o faz para a defesa de direitos e 
esclarecimentos de situações de interesse pessoal (artigo 5º, inciso 
XXXIV, b). No habeas data basta o simples desejo de conhecer as 
informações relativas á sua pessoa, independentemente da 
demonstração de que elas se prestarão à defesa de direitos. 
 
 
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 6 
A jurisprudência dos Tribunais pátrios segue na mesma linha, conforme pode ser 
visto nos julgados abaixo: 
 
 
HABEAS DATA – Objetivo – Certidão de processo que deu origem a 
Lei Municipal – Inadmissibilidade – Concessão somente para 
informações relativas à pessoa do impetrante. Via inadequada – 
Ausência de interesse – Extinção do processo sem exame do mérito – 
Recurso não provido. (TJSP. Apelação Cível nº 224.487-1 – Cubatão 
– Relator: Paulo Menezes – CCIV 1 – V.U. – 02.05.95). 
 
Não cabe mandado de segurança como sucedâneo do habeas data se 
a pretensão é de obtenção de informações sobre a pessoa do 
impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidade 
governamental (STJ, MS n. 8.196-DF, Rel. Min. Félix Fischer, DJU 
12.5.2003, p. 210, e RT 816/164); 
 
 
e) cabe habeas data, inclusive, em face de informações sigilosas acerca do 
impetrante, já que não pode haver segredo em relação a própria pessoa a quem as 
informações se referem.Entretanto, cumpre respaldar que nem sempre pensam assim 
os doutrinadores e juízes pátrios, conforme revela a seguinte doutrina: 
 
 
Não há consenso doutrinário a respeito do cabimento do habeas data 
em relação a dados e registros protegidos pelo sigilo, em prol da 
segurança da sociedade e do Estado. 
 
Alguns autores, entre eles o constitucionalista Alexandre de Moraes, 
entendem ser descabida a alegação de sigilo dos dados frente ao 
próprio impetrante, uma vez que ‘o direito de manter determinados 
dados sigilosos direciona-se a terceiros que estariam em virtude da 
segurança social ou do Estado, impedidos de conhecê-los, e não ao 
próprio impetrante, que é o verdadeiro objeto dessas informações, 
pois se as informações forem verdadeiras, certamente já eram de 
conhecimento do próprio impetrante, e se forem falsas, sua 
retificação não causará nenhum dano à segurança social ou 
nacional.’ 
 
A orientação dominante, no entanto, tem sido de que o direito a 
receber dos órgãos públicos informações de interesse particular, em 
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 7 
sede de habeas data, não se reveste de caráter absoluto, cedendo 
passo quanto aos dados protegidos por sigilo, em prol da segurança 
da sociedade e do Estado (MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de 
Segurança. São Paulo. Malheiros Editores). 
 
 
Ademais, é preciso demonstrar ao julgador que há necessidade da ordem do 
habeas data, já que não se conseguiu, extrajudicialmente, conhecer, alterar ou 
complementar informação acerca da pessoa do impetrante. 
 
3. Condição da ação – legitimidade passiva – autoridade administrativa. 
 
A autoridade coatora em matéria de habeas data é a que nega ou não decide pedido 
do impetrante consistente em conhecer, alterar ou complementar informação acerca 
de sua pessoa. 
 
Podem figurar como autoridades coatoras, alem de agentes públicos, titulares de 
órgãos ou entidades que possuem registro ou banco de dados, as entidades que 
mantém registro ou banco de dados de caráter público, assim entendidos todo registro 
ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a 
terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou 
depositária das informações. 
 
Cremos que se aplica a Súmula 510 do STF (aurida para o mandado de segurança) ao 
hábeas data: PRATICADO O ATO POR AUTORIDADE, NO EXERCÍCIO DE COMPETÊNCIA 
DELEGADA, CONTRA ELA CABE O MANDADO DE SEGURANÇA OU A MEDIDA JUDICIAL. 
 
Da mesma forma que ocorre no mandamus, no habeas data definir de forma correta 
quem é a autoridade coatora, permite, como se verá a seguir, estabelecer com 
precisão qual o juízo é o competente para conhecer de dita ação constitucional. 
 
 
 PESSOA X, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador 
do RG nº. xxxxxx SSP-XX, CPF nº. xxxxx, (endereço), neste ato representado pelo 
seu Advogado, constituído na forma do anexo instrumento de mandato, com endereço 
profissional (endereço), local onde receberá as comunicações desse MM. Juízo, vem, 
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 8 
respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5o, inciso 
LXXII, inciso ..., da Constituição da República Federativa do Brasil, c/c a Lei nº. 
9.507/1997, impetrar HABEAS DATA, com pedido de antecipação de tutela, contra 
ato da (autoridade coatora), (ministro, secretário, diretor ..., do órgão, entidade, 
...), que (descrever sucintamente o ato – que lhe impediu, extrajudicialmente, de 
conhecer, alterar ou complementar informação acerca da sua pessoa), pelas 
razões de fato e de direito a seguir apresentadas. 
 
 
4. Pressuposto de regular constituição e desenvolvimento do processo - juízo 
competente – endereçamento da petição inicial. 
 
O juízo competente para conhecer do habeas data é determinado em função de quem 
seja a autoridade coatora, devendo tal investigação ser iniciada na Constituição 
Federal, já que é na Carta Magna que se estabelece a competência absoluta do STF, 
do STJ, dos Tribunais Regionais Federais, dos Juízes Federais e da Justiça do 
Trabalho. 
 
Vejamos, então, a competência de cada um desses juízos em matéria de ação de 
habeas data: 
 
STF – CF/88: 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe: 
 
I - processar e julgar, originariamente: 
 
(...) 
 
d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o 
mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-
Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; 
 
No mesmo sentido o art. 20, I, “a”, da Lei nº. 9.507/1997. 
 
 
STJ – CF/88: 
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Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
 
I - processar e julgar, originariamente: 
 
(...) 
 
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes 
da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; 
 
No mesmo sentido o art. 20, I, “b”, da Lei nº. 9.507/1997. 
 
 
TRF – CF/88: 
 
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: 
 
I - processar e julgar, originariamente: 
 
(...) 
 
c) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; 
 
No mesmo sentido o art. 20, I, “c”, da Lei nº. 9.507/1997. 
 
 
JUÍZES FEDERAIS – CF/88: 
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
 
(...) 
 
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados 
os casos de competência dos tribunais federais; 
 
No mesmo sentido o art. 20, I, “d”, da Lei nº. 9.507/1997. 
 
 
JUSTIÇA DO TRABALHO – CF/88: 
 
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Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: 
 
(...) 
 
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver 
matéria sujeita à sua jurisdição; 
 
Sobre a competência da Justiça do Trabalho em matéria de habeas data, veja-se o 
seguinte julgado: 
 
 
No que se refere aos mandados de segurança, habeas corpus 
e habeas data a competência da Justiça do Trabalho não se 
desencadeará a partir das relações de trabalho, mas sempre que o ato 
questionado envolver matéria sujeita à sua competência. Equivale 
dizer, atos do delegado regional ou sub-delegado e auditores fiscais 
do trabalho; atos lesivos ao livre exercício do direito sindical; atos de 
servidores públicos que impeçam, dificultem ou inviabilizem a 
obtenção de informações perante o Ministério do Trabalho e a Justiça 
do Trabalho; bem como atos dos juízes do trabalho de 1º e 2º graus 
(RE 228.844/SP, Rel. Maurício Corrêa, DJ de 16-6-1999; RE 
221.795, Rel. Nelson Jobim, DJ de 16-11-2000; RE 364.160, Rel. 
Ellen Gracie, DJ de 7-2-2003; AI 423.252, Rel. Carlos Velloso, DJ de 
15-4-2003; RE 345.048, Rel. Sepúlveda Pertence, DJ de 8-4-2003; RE 
384.521, Rel. Celso de Mello, DJ de 30-5-2003). 
 
 
As autarquias federais e as empresas públicas federais têm foro em razão da pessoa 
(ratione personae) na Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da CRFB/1988. 
Logo, habeas data contra ato administrativo de seus agentes será impetrado na 
Justiça Federal, ressalvada a competência da Justiça do Trabalho e Eleitoral: 
 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
 
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas 
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, excetoas de falência, as de acidentes de 
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; 
 
Já as sociedades de economia mista, inclusive as federais, tem foro em razão da 
pessoa na Justiça Estadual, sendo esta a competente para conhecer de ato 
administrativo coator de seus agentes. Neste sentido a Súmula 556 do STF: É 
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COMPETENTE A JUSTIÇA COMUM PARA JULGAR AS CAUSAS EM QUE É PARTE 
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA e a Súmula 42 do STJ: COMPETE A JUSTIÇA 
COMUM ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR AS CAUSAS CIVEIS EM QUE É PARTE 
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA E OS CRIMES PRATICADOS EM SEU DETRIMENTO. 
 
DEVE-SE OBSERVAR A COMPETÊNCIA FUNCIONAL DA SEDE DA 
AUTORIDADE. 
 
EXMº. SR. (Juiz de Direito, Juiz Federal, Desembargador Presidente ou Ministro 
Presidente) DA(O) (Vara Cível, Vara da Fazenda Pública, Vara Federal, Vara do 
Trabalho, do STF, do STJ, do Tribunal xxxx) DA (Comarca xxxx, da Seção 
Judiciária xxxx, da Subseção Judiciária xxx). 
 
 
5. Condição da ação – legitimidade ativa – impetrante. 
 
Pode impetrar habeas data qualquer pessoa física ou jurídica, inclusive as 
estrangeiras, universalidades de bens (massa falida, espólio, condomínio), bem assim 
órgãos da administração pública na defesa dos seus interesses e direitos. 
 
O Ministério Público, como legitimado extraordinário, pode propor habeas data na 
defesa dos direitos dos menores (art. 82, I, do CPC) e dos índios (art. 129, V, da 
CRFB/1988). 
 
Muito embora o caráter personalíssimo do habeas data, a jurisprudência evoluiu no 
sentido de permitir a impetração do referido remédio constitucional pelo cônjuge 
sobrevivente ou supérstite ou herdeiros do falecido titular dos dados constantes em 
registros públicos, com o propósito de preservar a memória daquele. Assim já decidiu 
o extinto Tribunal Federal de Recursos: O extinto Tribunal Federal de Recursos 
admitiu, em sessão plenária, a legitimidade para a propositura da ação por parte dos 
herdeiros de um falecido, bem como seu cônjuge supérstite. Abandonando o 
entendimento meramente gramatical da Constituição, decidiu que não seria razoável 
que se continuasse a fazer uso ilegítimo e indevido dos dados do morto, afrontando 
sua memória, sem que houvesse meio de corrigenda adequada (HD 1, Rel. Min. 
Milton Pereira, 20501989). 
 
Poderá haver litisconsórcio necessário em habeas data, desde que uma informação 
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não possa ser retificada sem que se afete a informação sobre uma terceira pessoa, 
conforme entendimento doutrinário e jurisprudencial majoritário, a despeito do 
caráter personalíssimo do writ. 
 
Cremos, ainda, que é possível a impetração de habeas data em sentido coletivo, 
como pode ocorrer, por exemplo, com a utilização da ação constitucional pelo 
sindicato em favor de seus sindicalizados. 
 
Calha ressaltar, entretanto, que tal habeas data em sentido coletivo somente seria 
admitido quando a associação, sindicato, partido político, etc., agisse por 
representação processual, mas nunca por meio de substituição processual. 
 
No âmbito da representação processual, resta claro que cada uma das pessoas físicas 
que conceder a procuração específica para a associação ingressar com o 
habeas data abre mão de seu sigilo e da sua intimidade, permitindo que o 
representante (associação, sindicato, etc) tome ciência do seu sigilo e da sua 
intimidade. 
 
Diferente seria se a associação, em nome próprio, ingressasse com habeas data, 
atuando em nome de seus associados (substituição processual), situação em que 
ocorreria violação do sentido personalíssimo do writ, haja vista não terem os 
associados deferido procuração especial à associação para impetrar o habeas data. 
 
Doutrina e jurisprudência, ademais, entendem que cabe a assistência, nos termos do 
Código de Processo Civil, nas ações de mandado de segurança e de habeas data, 
apesar da omissão das leis de regência. 
 
6. Pressuposto de regular constituição e desenvolvimento do processo – 
capacidade de ser parte (capacidade processual) e representação processual 
(capacidade postulatória). 
 
Para a ação de habeas data, o impetrante tem que estar representado por advogado, 
por faltar-lhe capacidade processual. Por outro lado, se for incapaz em termos civis, 
ou seja, se não tiver capacidade de ser parte, tem que estar representado 
(absolutamente incapaz) ou assistido (relativamente incapaz) por seus pais, tutores ou 
curadores (art. 8º do CPC). 
 
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 PESSOA X, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), 
portador do RG nº. xxxxxx SSP-XX, CPF nº. xxxxx, (endereço), neste ato 
representado pelo seu Advogado, constituído na forma do anexo instrumento de 
mandato, com endereço profissional (endereço), local onde receberá as 
comunicações desse MM. Juízo, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, 
com fundamento no artigo 5o, inciso LXXII, inciso ..., da Constituição da República 
Federativa do Brasil, c/c a Lei nº. 9.507/1997, impetrar HABEAS DATA, com pedido 
de antecipação de tutela, contra ato da (autoridade coatora), (ministro, secretário, 
diretor ..., do órgão, entidade, ...), que (descrever sucintamente o ato – que lhe 
impediu, extrajudicialmente, de conhecer, alterar ou complementar informação acerca 
da sua pessoa), pelas razões de fato e de direito a seguir apresentadas. 
 
 
7. Pressupostos de regular constituição e desenvolvimento do processo – 
prescrição e decadência em face do direito fundamental de impetrar habeas 
data. 
 
Ao contrário do que ocorre com o mandado de segurança, o habeas data não está 
sujeito a prazo prescricional ou decadencial, já que a Lei nº. 9.507/1997, que regula o 
rito processual de tal ação constitucional, não especificou tais interregnos para o 
writ . 
 
A explicação, aliás, é de ordem prática, já que o objeto primário do habeas data é o 
acesso ou retificação de dados da pessoa do impetrante, constantes em registros e 
banco de dados, e sendo esses registros e dados profundamente dinâmicos, com 
mudanças às vezes diárias, seria impossível fixar uma data inicial para transcurso de 
qualquer prazo prescricional ou decadencial. 
 
Interessante, neste sentido, a doutrina de Arnold Wald: 
 
 
Tendo em vista o caráter dinâmico dos bancos de dados, com o 
constante registro de novas informações, o habeas data, em princípio, 
não estará sujeito a qualquer prazo decadencial ou prescricional. O 
pedido sempre poderá ser encaminhado, a qualquer momento. É 
possível, até mesmo, que se façam pedidos periódicos a um 
determinado banco de dados, para verificação se as informações 
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continuam as mesmas ou se houve a anotação de alguma alteração. 
Assim, pelo princípio da actio nata, a cada pedido administrativo 
negado estará nascendo a possibilidade de uma nova impetração. E 
os pedidos administrativos poderão ser apresentados a qualquer 
tempo. 
 
8. Dos fatos e do direito. 
 
Após o cabeçalho da peça, devem ser historiados os fatos que geraram a impetração 
do habeas data, de modo que o Juiz os conheça de forma integral. 
 
Neste ponto deve ser demonstrado pelo impetrante que houve: a) a recusa ao acesso 
às informações ou o decurso de mais de dez dias sem decisão; b) a recusa em fazer-se 
a retificação ou o decurso de mais de quinze dias sem decisão; ou c) a recusa em 
fazer-se a anotação complementar ou o decurso do prazo de mais de quinze dias sem 
decisão. 
 
Nas provas dissertativas da OAB, repita-se, o candidato tem que apresentar, apenas, 
as questões fáticas arroladas na questão,sendo grave erro criar situações que o 
enunciado da pergunta não apresenta. 
 
No item ou nos itens utilizado(s) para apresentar a fundamentação jurídica do pedido 
constante do habeas data, o impetrante deve demonstrar que a lei, a doutrina e a 
jurisprudência estão do lado da tese que esboça. Para o exame da OAB, como é 
negada a utilização de doutrina, a simples demonstração de que a lei respalda os 
pedidos já é o suficiente. 
 
 
DOS FATOS 
 
 
O impetrante requereu junto ao impetrado o fornecimento do número de pontos 
relativos às faltas cometidas por violação ao Código de Trânsito Brasileiro, lançadas 
em seus assentamentos no ano corrente (doc. xxx). 
 
Acontece que, protocolado o requerimento há mais de dez dias, até essa data não 
forneceu o impetrado as informações relativas à pessoa do impetrante (confira-se no 
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 15 
doc. xxx), prejudicando tal inércia direito fundamental do autor desta ação, 
configurando-se, por certo, a hipótese prevista no art. 7º, I, da Lei nº. 9.507/97. 
 
 
DO DIREITO 
 
 
DO CABIMENTO DO HABEAS DATA 
 
Em respeito à jurisprudência do STJ, deve-se atentar para a necessidade de prévio 
requerimento administrativo indeferido, o que efetivamente ocorreu no caso. Assim, 
resta cabível a impetração pela presença do interesse de agir processual, como 
condição da ação, senão vejamos: 
 
 
Súmula nº. 2 do STJ: 
 
NÃO CABE O HABEAS DATA (CF, ART. 5., LXXII, LETRA “A”) SE 
NÃO HOUVE RECUSA DE INFORMAÇÕES POR PARTE DA 
AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. 
 
 
DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA 
 
 
O impetrante é cidadão estrangeiro residente no Brasil, portanto, é parte ativa 
legítima para impetração de habeas data, conforme previsão constitucional do caput 
do art. 5° da CF/1988. 
 
No tocante à legitimidade passiva, o caso traz como autoridade coatora o próprio 
Ministro de Estado, de modo que o habeas data será impetrado contra o ato 
denegatório da referida autoridade. 
 
 
DA COMPETÊNCIA DESTE SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
 
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 16 
Para definição da competência deve-se atentar para a autoridade prolatora da decisão 
denegatória. No caso, o indeferimento foi realizado pelo próprio Ministro de Estado, 
atraindo a competência deste Superior Tribunal de Justiça, na forma da CF/1988, art. 
105, inciso I, “b”: 
 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
 
I–processar e julgar, originariamente: 
 
b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro 
de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica ou do próprio Tribunal;(Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 23, de 1999) 
 
 
Já a Lei n°. 9.507/1997 aduz: 
 
 
Art. 20. O julgamento do habeas data compete: 
 
I – originariamente: 
 
(...) 
 
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado 
ou do próprio Tribunal; 
 
 
Assim, é competente com exclusividade este Superior Tribunal para processar e 
julgar a impetração. 
 
 
DO MÉRITO 
 
 
O pedido ora formulado lastreia-se nos direitos e garantias constitucionais dispostas 
nos incisos XXXIII, XXXIV, alíneas a e b e LXXII, todos do art. 5°, da Constituição 
Federal: 
 
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 17 
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações 
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que 
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, 
ressalvadas aquelas cujo sigilo 
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
 
XXXIV–são a todos assegurados, independentemente do pagamento 
de taxas: 
 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou 
contra ilegalidade ou abuso de poder; 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de 
direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; 
 
LXXII–conceder-se-á “habeas–data”: 
 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa 
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de 
entidades governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por 
processo sigiloso, judicial ou administrativo; 
 
A norma constitucional acerca do habeas data está regulada na Lei n°. 9.507/1997: 
 
 
Art. 7° Conceder-se-á habeas data: 
 
I – para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa 
do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades 
governamentais ou de caráter público; 
 
II – para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por 
processo sigiloso, judicial ou administrativo; 
 
III – para a anotação nos assentamentos do interessado, de 
contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e 
que esteja sob pendência judicial ou amigável. 
 
Conforme demonstrado pelas prova documentais inclusas (anexos 2 e 3), houve ato 
ilegal consistente na não-entrega da totalidade dos documentos solicitados, de modo 
que deve ser concedida a ordem mandamental para determinar à autoridade coatora a 
entrega ao impetrante de todos os documentos em que conste seu nome. 
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 18 
 
 
9. Provimento liminar. 
 
Na Lei n°. 9.507/1997, que regula o uso do habeas data, não há menção a 
possibilidade de se requerer provimento liminar acautelatório no início do litígio 
(initio litis), de maneira a tornar útil o resultado final do processo, desde que 
demonstrados os requisitos da plausibilidade jurídica do pedido (fumus boni iuris) e 
do perigo da demora (periculum in mora). 
 
Entretanto, calcado na regra do art. 300 do CPC, o impetrante do habeas data pode 
pedir uma antecipação de tutela, desde que demonstre a verossimilhança de suas 
alegações e o periculum in mora. 
 
Deve-se ter atenção quanto a este aspecto, já que um dos pontos avaliados na prova 
dissertativa da OAB, no que tange a confecção de uma inicial de habeas data, é saber 
se o candidato atentou-se para a necessidade de pedir o provimento liminar no caso 
em estudo e, ademais, se soube fazer tal pleito. 
 
A primeira regra importante a ser seguida, neste particular, é relatar os fatos e o 
direito aplicado à espécie antes de se requerer o pleito liminar antecipatório, já que, 
com isso, é possível apresentar ao magistrado que vai julgar a causa a gravidade da 
situação gerada pelo ato coator, e, assim, o periculum in mora, demonstrando, da 
mesma forma, a verossimilhança dos fundamentos fático e jurídico do pedido de 
antecipação de tutela. 
 
Portanto, somente abra espaço para o pedido liminar já no final de sua peça, 
antes dos pedidos de mérito. 
 
 
DO PEDIDO LIMINAR DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA 
 
 
A manutenção de informações sobre o impetrante em banco de dados cujo acesso lhe 
é negado é potencialmente lesiva, e deve ser liminarmente afastada por medida 
antecipatória da tutela, que ora se requer. 
 
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 19 
Há prova inequívoca do ato ilegal, e fundado receio de dano irreparável ou de difícil 
reparação, de modo a preencher os requisitos do CPC, art. 300. 
 
Outrossim, o deferimento da liminar possibilitará ao impetrante, desde logo, tomar 
conhecimento das informações sobre a sua pessoa. 
 
Dessa forma, o impetrante requer seja concedida antecipação de tutela, de modo a ter 
acesso, inaudita altera pars, às informações sobre sua pessoa constante do banco de 
dados aqui citado. 
 
 
10. Pedidos finais. 
 
No que se refere aos pedidos finais, deve-se observar os seguintes aspectos:a) deve-se pedir a notificação da autoridade coatora do conteúdo da petição, 
entregando-lhe a segunda via apresentada pelo impetrante, com as cópias dos 
documentos, para que, no prazo de dez dias, preste as informações que julgar 
necessárias (art. 9º da Lei nº. 9.507/1997); 
 
b) deve-se pedir a oitiva do representante do Ministério Público, já que funciona 
como custos legis em habeas data (art. 12 da Lei nº. 9.507/1997). Acerca de tal 
atuação, veja-se o seguinte julgado: HABEAS DATA – Intervenção do Ministério Público – 
Obrigatoriedade (TRF – 3ª REg.) RT 731/396; 
 
c) não se pede a condenação em honorários advocatícios em habeas data, por 
aplicação analógica do art. 25 da Lei nº. 12.016/2009. Ressalte-se que a 
jurisprudência tem apontado no sentido de se aplicar analogicamente as Súmulas 512 
do Supremo Tribunal Federal e 105 do Superior Tribunal de Justiça, indicando o 
descabimento da condenação em honorários advocatícios em ação de habeas data; 
 
d) deve-se reiterar o pedido de deferimento da medida liminar requerida em tópico 
anterior e apartado; 
 
e) deve-se pedir o julgamento pela procedência do habeas data, de modo a assegurar 
acesso às informações, retificação ou anotação nos assentamentos do registro ou 
banco de dados; 
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 20 
 
f) não esquecer de dar valor à causa, pois muito embora o habeas data tenha cunho 
gratuito, não sendo exigido pagamento de custas e taxas judiciais, nos termos do 
artigo 21 da Lei nº. 9.507/97, é imprescindível que conste na petição inicial o valor da 
causa, ainda que de forma meramente estimativa, sob pena de indeferimento. 
 
 
DOS PEDIDOS 
 
 
Diante dos fatos apresentados, REQUER: 
 
a) seja concedida liminar, sem a oitiva da parte contrária, para determinar à 
autoridade coatora a apresentação, em data e hora marcadas pelo juízo, da totalidade 
dos documentos em nome do impetrante; 
 
b) seja notificada a autoridade, em ato contínuo, do conteúdo da petição, entregando-
lhe a segunda via ora apresentada pelo impetrante, com as cópias dos documentos, 
para que, no prazo de dez dias, preste as informações que julgar necessárias; 
 
c) seja intimado o ilustre representante do Ministério Público para parecer; 
 
d) quanto ao mérito, sejam os pedidos da presente impetração julgados procedentes, 
para assegurar acesso às informações, retificação ou anotação nos assentamentos do 
banco de dados do Ministério X. 
 
Dá-se à causa o valor estimativo de R$ 1.000,00 (um mil reais). 
 
Termos em que se manifesta e requer. 
 
Local e data. 
 
Advogado/OAB. 
 
 
 
 
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 21 
11. Sentença. Acórdão. Recursos. Suspensão da segurança. 
 
A sentença (decisão terminativa) do habeas data pode ser proferida pela primeira ou 
segunda instâncias ou por instância superior (STF e Tribunais Superiores), tendo em 
vista o foro por prerrogativa de função da autoridade coatora, situação que deve ser 
observada com cuidado pelos estudantes e profissionais do Direito. 
 
Se a sentença for proferida pela primeira instância (juízo de primeiro grau), seja 
favorável ou não ao impetrante, tal decisão desafia o recurso de apelação, que pode 
ser utilizado pela pessoa jurídica da qual faz parte a autoridade coatora e por esta (se 
o habeas data for julgado procedente) ou pelo impetrante (se a ação for julgada 
improcedente). 
 
Veja-se que a legitimidade para a autoridade administrativa apelar, quando deferida a 
segurança, anulando ato de sua autoria, decorre do estabelecido no Art. 14, §2º, da 
Lei nº. 12.016/2009 (Lei do Mandado de Segurança), aqui aplicado por analogia. 
 
A apelação contra a sentença do juízo de primeiro grau, direcionada para a segunda 
instância (órgão colegiado de segundo grau), tem como fundamento o Art. 15 da Lei 
nº. 9.507/1997 e será processada conforme a disciplina dos Arts. 1.009 a 1.014 do 
CPC, sendo certo que se concessiva da ordem em favor do impetrante poderá ser 
executada provisoriamente (Art. 15, parágrafo único, da Lei nº. 9.507/1997). 
 
Nesta apelação da sentença de primeiro grau podem a pessoa jurídica da qual faz 
parte a autoridade coatora e esta (sentença concessiva do habeas data), com base no 
Art. 1.012, §§3º, I e II, e 4º, do CPC, requerer ao tribunal ou ao relator a concessão de 
efeito suspensivo da correlata decisão terminativa, provados a probabilidade de 
provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano 
grave ou de difícil reparação. 
 
Quando, entretanto, a ação do habeas data é interposta na segunda instância ou em 
instância especial (STF ou Tribunais Superiores), tendo em vista o foro por 
prerrogativa de função da autoridade coatora, a sistemática muda radicalmente. 
 
Assim, se a ação for julgada improcedente em única instância pelo tribunal (decisão 
denegatória), pode o impetrante recorrer ordinariamente do acórdão para o tribunal 
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 22 
seguinte indicado na Carta Magna, conforme os termos do Art. 20, II, da Lei nº. 
9.507/1997: 
 
 
Art. 20. O julgamento do habeas data compete: 
 
[...] 
 
II - em grau de recurso: 
 
a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida em única instância 
pelos Tribunais Superiores; 
 
b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única instância pelos 
Tribunais Regionais Federais; 
 
c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz federal; 
 
d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios, conforme dispuserem a 
respectiva Constituição e a lei que organizar a Justiça do Distrito Federal; 
 
 
A Constituição Federal trata da competência recursal ordinária do STF em matéria de 
habeas data, não se referindo, no particular, a competência do STJ, que é tratada no 
Art. 20, II, “b”, da Lei nº. 9.507/1997: 
 
 
STF – CF/88 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe: 
 
[...] 
 
II - julgar, em recurso ordinário: 
 
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos 
em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; (Grifo nosso) 
 
 
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 23 
A despeito de não estar asseverado na Constituição Federal, no âmbito da Justiça do 
Trabalho e da Justiça Eleitoral a sistemática é a mesma, ou seja, do acórdão prolatado 
por Tribunal Regional do Trabalho ou por Tribunal Regional Eleitoral, denegando o 
habeas data, em ação da competência originária destes tribunais, cabe recurso 
ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho – TST ou para o Tribunal Superior 
Eleitoral - TSE, respectivamente. 
 
Por outro lado, se a ação for julgada procedente em única instância pelo tribunal, 
somente se abrem para a pessoa jurídica da qual faz parte a autoridade administrativa 
e para esta as vias do recurso especial e/ou extraordinário, se houver matéria para 
tanto (nas hipóteses dos Arts. 102, III, e 105, III, da CF/88), conforme os termos do 
Art. 18 da Lei nº. 12.016/2009, aqui aplicado analogicamente. 
 
É possível que a inicial do habeas data seja indeferida, quando não for o caso de 
utilizar-se tal ação ou lhe faltar algum dos requisitos legais, cabendo apelação para 
combater a sentença correspondente, caso a inicial seja indeferida por juízo de 
primeiro grau, ou agravo interno para o órgão colegiado, quando a decisão for de 
relator e o conhecimento do habeas data couber originariamente a um tribunal (foro 
por prerrogativa de função). Vejamos os dispositivos legais correlatosna Lei nº. 
9.507/1997: 
 
 
Art. 10. A inicial será desde logo indeferida, quando não for o caso de habeas data, ou se lhe faltar 
algum dos requisitos previstos nesta Lei. 
 
Parágrafo único. Do despacho de indeferimento caberá recurso previsto no art. 15. 
 
[...] 
 
Art. 15. Da sentença que conceder ou negar o habeas data cabe apelação. 
 
A Fazenda Pública e o Ministério Público poderão requerer a suspensão do 
cumprimento da sentença ao Presidente do tribunal ad quem, com o objetivo de evitar 
grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas. Vejamos a redação 
do Art. 15 da Lei nº. 12.016/2009 (aqui aplicado analogicamente), combinado com o 
art. 16 da Lei nº. 9.507/1997: 
 
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 24 
Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério 
Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o 
presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão 
fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito 
suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua 
interposição. 
 
§ 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste artigo, 
caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual 
recurso especial ou extraordinário. 
 
[...] 
 
§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar, em 
juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida. 
 
Art. 16. Quando o habeas data for concedido e o Presidente do Tribunal ao qual competir o 
conhecimento do recurso ordenar ao juiz a suspensão da execução da sentença, desse seu ato 
caberá agravo para o Tribunal a que presida. 
 
Negado o pedido de suspensão dos efeitos da sentença, pelo Presidente do Tribunal 
de segunda instância (Art. 15, §4º, da Lei nº. 12.016/2009) ou pelo Colegiado da 
Corte, ainda cabe reiterar a medida perante o presidente do tribunal competente para 
conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário (Art. 15, §1º, da Lei nº. 
12.016/2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 25 
Anexo: 
 
I. Exercícios: 
 
1. José, cidadão estrangeiro que residira durante trinta anos no Brasil e passara os 
últimos trinta anos de sua vida no exterior, sem visitar o Brasil, decidiu retornar a este 
País. Após fixar residência no Brasil, tomou a iniciativa de rever os conhecidos. Em 
uma conversa com um de seus mais diletos amigos, este lhe informou que ouvira um 
rumor de que constaria dos assentamentos do Ministério X que José havia se 
envolvido em atividade terrorista realizada no território brasileiro, trinta e cinco anos 
antes. José decidiu averiguar a informação e apresentou uma petição ao Ministério X, 
requerendo cópia de todos os documentos de posse do referido ministério em que 
constasse o seu nome. Dentro do prazo legal, José obteve várias cópias de 
documentos. A cópia do processo entregue a José apresentava-o inicialmente como 
suspeito de participar de reuniões do grupo subversivo em questão. Porém, ao 
conferir a cópia que lhe foi entregue, José percebeu que, além de faltarem folhas no 
processo, este continha folhas não-numeradas. 
 
Suspeitando de que as folhas faltantes no processo pudessem esconder outro 
documento em que constasse seu nome, José formulou novo pedido ao Ministério X. 
 
Dessa vez, novamente dentro do prazo legal, José recebeu comunicado de uma 
decisão que indeferia seu pedido, assinada pelo próprio Ministro da Pasta X, em que 
este afirmava categoricamente que o peticionário já recebera cópias de todos os 
documentos pertinentes. Incrédulo e inconformado com a decisão, José procurou os 
serviços de um advogado para tomar a providência judicial cabível. 
 
Na qualidade de advogado(a) de José, redija a peça jurídica mais adequada ao caso 
relatado na situação hipotética, atentando aos seguintes aspectos: 
 
- competência do órgão julgador; 
 
- legitimidade ativa e passiva; 
 
- argumentos a favor do acesso a todos os documentos em que conste o nome de José, 
no Ministério X; 
 
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 26 
- requisitos formais da peça judicial proposta. 
 
2. Habeas data // Caso Tancredo vai à Justiça 
 
Os prontuários, processos e procedimentos referentes ao atendimento médico do ex-
presidente Tancredo Neves até a sua morte, em 21 de abril de 1985, viraram assunto 
de Justiça. O advogado Tancredo Augusto Tolentino Neves, filho do político, ajuizou 
na Justiça Federal, em Brasília, um pedido de habeas data para que o Conselho 
Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina (CRM) Unidade 
Brasília repassem as informações necessárias para uma investigação histórica sobre o 
que aconteceu com o mineiro. 
 
Na ação, o autor alega que as informações são necessárias para satisfazer a família, 
que busca o "inencontrável consolo da morte", e para o desenvolvimento do trabalho 
do jornalista Luiz Mir, que prepara o segundo volume do livro O paciente: o caso 
Tancredo Neves. "Trata-se de investigação histórica sobre um dos momentos mais 
nebulosos e controvertidos da história republicana contemporânea, o qual teria sido 
determinante de muitos insucessos e retrocessos que se verificaram no intenso 
processo de redemocratização ocorrido nas últimas décadas", diz a ação. 
 
De acordo com a ação, os documentos foram solicitados pelos advogados da família 
ao CFM e aos conselhos regionais do Distrito Federal e São Paulo, que se recusaram 
a entregá-los sob o argumento de "proteção do sigilo de informações do paciente" e 
"sigilo profissional", previstos nos artigos 102 do Código de Ética Médica e 154 do 
Código Penal. Argumento que foi rechaçado na ação. 
 
"Ora, com as devidas vênias, o sigilo profissional deve ceder espaço ao interesse 
específico do impetrante e sua família, bem como da própria história do país, a qual 
reclama por explicações convincentes sobre o inesperado e rápido perecimento do 
primeiro presidente da República eleito após a ditadura", afirmam os advogados que 
assinaram o habeas data. 
 
Estado democrático 
 
Embora resolução do Conselho Federal preveja que depois de 20 anos todos os 
documentos podem ser destruídos, os advogados e familiares acreditam que eles 
estejam arquivados. Isso porque a negativa dos conselhos não trouxe a justificativa de 
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 27 
que os papéis teriam sido destruídos. Embora o habeas data seja uma ação exclusiva 
para o titular dos dados questionados, os advogados alegam que filhos do ex-
presidente Tancredo Neves têm o direito de saber sobre a saúde e morte do pai. 
 
"Seria incoerente só o paciente ter o direito de acessar os dados. E no caso de morte, 
como o do Tancredo?", argumentou a advogada Cláudia Duarte, uma das 
responsáveis pela ação. Ela defende ainda que a "perpetuidade" do sigilo médico é 
"incoerente com o Estado democrático de direito". Os advogados pedem que além de 
expedir ordem para a entrega dos documentos, a Justiça determine multa diária pelo 
descumprimento da decisão e a configuração de crime de desobediência. 
 
Ex-deputado federal, ex-governador de Minas Gerais e ex-senador, Tancredo Neves 
morreu em 21 de abril de 1985, depois de 34 dias de internação e seis cirurgias para 
combater uma diverticulite, inflamação no intestino grosso. 
 
Na qualidade de advogado(a), redija a peça jurídica mais adequada aocaso relatado 
na situação hipotética, atentando aos seguintes aspectos: 
 
- competência do órgão julgador; 
 
- legitimidade ativa e passiva; 
 
- argumentos a favor do acesso a todos os documentos em que conste o nome de 
Tancredo Neves; 
 
- requisitos formais da peça judicial proposta.

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