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Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. APG 19 – “LAÇOS DE SANGUE.” Abertura: 09/04/2021 Devolutiva: 16/04/2021. Objetivos: 1. REVER A CASCATA DE COAGULAÇÃO. -> homostasia primária; homostasia secundária; fibrinólise; função da cascacata de coagulação, como ela ocorre; fatores inibitórios da cascata de coagulação. 2. ESTUDAR A FISIOPATOLOGIA DA HEMOFILIA A E B. etiologia; diferenciar as causas da hemofilia A, hemofilia B e doença de Von Willebrand (VWD); fisiopatologia; manifestações clínicas. HEMOSTASIA: Hemostasia, que não deve ser confundida com o termo muito parecido homeostasia, é a sequência de respostas que interrompe o sangramento. Quando vasos sanguíneos são danificados ou rompidos, a resposta homostática precisa ser rápida, restrita à região da lesão e cuidadosamente controlada para ser eficiente. Três mecanismos reduzem a perda sanguínea: (1) ESPASMO VASCULAR; (2) FORMAÇÃO DO TAMPÃO PLAQUETÁRIO (3) COAGULAÇÃO DO SANGUE. Quando bem-sucedida, a hemostasia impede a hemorragia, a perda de grande quantidade de sangue pelos vasos. Os mecanismos hemostáticos impedem a hemorragia pelos vasos sanguíneos menos calibrosos, mas hemorragia extensa, pelos vasos de grande calibre, necessita geralmente de intervenção médica. ESPASMO VASCULAR: QUANDO AS ARTÉRIAS OU AS ARTERÍOLAS SÃO DANIFICADAS, O MÚSCULO LISO, DISPOSTO DE FORMA CIRCULAR EM SUAS PAREDES, CONTRAI-SE IMEDIATAMENTE, UMA REAÇÃO CHAMADA DE ESPASMO VASCULAR. O espasmo reduz a perda de sangue por vários minutos até horas, durante os quais os outros mecanismos hemostáticos entram em ação. Provavelmente, o espasmo é provocado por lesão ao próprio músculo liso, pelas substâncias liberadas pelas plaquetas ativadas e por reflexos desencadeados pelos receptores para a dor. FORMAÇÃO DO TAMPÃO PLAQUETÁRIO: Considerando seu tamanho pequeno, as plaquetas armazenam uma variedade impressionante de substâncias químicas. No interior de muitas vesículas encontram-se fatores de coagulação, ADP, ATP, Ca:+ e serotonina. Além disso, estão presentes também enzimas que produzem tromboxano A2, uma prostaglandina; fator estabilizador da fibrina, que ajuda a fortalecer um coágulo sanguíneo; lisossomos; algumas mitocôndrias; sistemas de membranas que captam e armazenam cálcio e fornecem canais para liberação dos conteúdos dos grânulos e glicogênio. No interior das plaquetas também está o fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF, em inglês, platelet-derived growthfactor), um hormônio que provoca a proliferação de células endoteliais vasculares, fibras musculares lisas vasculares e fibroblastos, para ajudar a reparar as paredes danificadas dos vasos sanguíneos. A formação do tampão plaquetário ocorre da seguinte forma: 1. O Inicialmente, as plaquetas fazem contato e se fixam às partes do vaso sanguíneo danificado, como as fibras colágenas do tecido conjuntivo subjacente às células endoteliais danificadas. Esse processo é conhecido como adesão plaquetária. 2. Como resultado da adesão, as plaquetas tomam-se ativadas e suas características se alteram radicalmente. As plaquetas emitem muitas projeções que lhes permitem entrar em contato e interagir com outras plaquetas e começar a liberar o conteúdo de suas vesículas. Esta fase é chamada de reação de liberação plaquetária. 3. ADP e o tromboxano A2 liberados têm uma função importante na ativação das plaquetas próximas. A serotonina e o tromboxano A2 atuam como vasoconstritores, provocando e mantendo a contração do músculo liso vascular, o que reduz o fluxo de sangue pelo vaso danificado. 4. A liberação de ADP faz com que outras plaquetas na área fiquem grudentas, e a viscosidade das plaquetas recém-recrutadas e ativadas faz com que essas plaquetas se prendam às plaquetas originalmente ativadas. Essa agregação de plaquetas é conhecida como agregação plaquetária. 5. Finalmente, o acúmulo e a adesão de grande número de plaquetas formam a massa conhecida como tampão plaquetário. Um tampão plaquetário é muito eficiente na prevenção da perda sanguínea por um vaso de pequeno calibre. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Embora, inicialmente, o tampão plaquetário seja frouxo, toma-se muito firme quando reforçado por filamentos de fibrina formados durante a coagulação (segunda imagem subsequente). Um tampão plaquetário consegue interromper completamente a perda de sangue se o orifício no vaso sanguíneo não for muito grande. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. COAGULAÇÃO DO SANGUE: Normalmente, o sangue permanece em sua forma líquida, contanto que fique no interior de seus vasos. No entanto, se for retirado do corpo, toma-se espesso e forma um gel. Finalmente, o gel se separa do líquido. O líquido, de cor palha, chamado de soro, é, simplesmente, o plasma menos as proteínas de coagulação. O gel é chamado de coágulo, que consiste em uma malha de proteínas insolúveis, chamada de FIBRINA, na qual os elementos figurados do sangue ficam retidos. O processo de formação do gel, chamado de coagulação, é uma série de reações químicas que culminam na formação dos filamentos de fibrina. SE O SANGUE COAGULA COM MUITA FACILIDADE, O RESULTADO É A TROMBOSE — coagulação em um vaso sanguíneo intacto. Se o sangue levar muito tempo para coagular, o resultado pode ser uma hemorragia. A coagulação depende de várias substâncias conhecidas como fatores de coagulação. Estes fatores incluem íons cálcio (Ca:~), diversas enzimas inativas, sintetizadas pelos hepatócitos (células hepáticas) e liberadas na corrente sanguínea, e várias moléculas associadas às plaquetas ou liberadas pelos tecidos danificados. Muitos fatores de coagulação são identificados por numerais romanos, que indicam a ordem de sua descoberta (não necessariamente a ordem de sua participação no processo da coagulação). A coagulação é uma cascata complexa de reações enzimáticas, na qual cada fator de coagulação ativa muitas moléculas do fator seguinte, em uma sequência fixa. Finalmente, forma-se uma grande quantidade de produto (a proteína insolúvel, fibrina). A coagulação é dividida em três etapas. ➔ Duas vias, chamadas de via extrínseca e via intrínseca, levam à formação de protrombinase. Uma vez formada a protrombinase, as etapas participantes nas duas etapas seguintes da coagulação são as mesmas para as vias extrínseca e intrínseca, e, em conjunto, essas duas etapas são referidas como a via comum. ➔ A protrombinase converte protrombina (uma proteína plasmática produzida pelo fígado) na enzima trombina. ➔ A trombina converte fibrinogênio solúvel (outra proteína plasmática produzida pelo fígado) em fibrina insolúvel. A fibrina forma os filamentos do coágulo. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. A VIA EXTRÍNCICA: A via extrínseca da coagulação do sangue tem menos estágios do que a via intrínseca, e ocorre rapidamente - em questão de segundos, se o trauma for grave. É assim denominada porque uma proteína tecidual, chamada de fator tecidual (FT), também conhecida como tromboplastina, vaza para o sangue, a partir de células de fora (extrínsecas aos) dos vasos sanguíneos, e inicia a formação da protrombinase. O FT é mistura complexade lipoproteínas e fosfolipídios, liberada pelas superfícies das células danificadas. Na presença de Ca2+, o FT começa uma sequência de reações que, por fim, ativam o fator de coagulação X. Uma vez ativado, o fator X se combina com o fator V, na presença de Ca2+, para formar a enzima ativa protrombinase, completando a via extrínseca. A VIA INTRÍCICA: A via intrínseca da coagulação do sangue é mais complexa do que a via extrínseca, e ocorre mais lentamente, exigindo, em geral, vários minutos. A via intrínseca é assim denominada porque seus ativadores estão em contato direto com o sangue ou contidos no próprio (intrínsecos ao) sangue; não é necessário lesão tecidual externa. Se as células endoteliais tornam-se ásperas ou danificadas, o sangue entra em contato com fibras colágenas no tecido conjuntivo em torno do endotélio do vaso sanguíneo. Além disso, trauma às células endoteliais produz danos às plaquetas, resultando na liberação de fosfolipídios pelas plaquetas. O contato com as fibras colágenas (ou com as paredes de vidro do tubo coletor de sangue) ativa o fator de coagulação XII, que começa uma sequência de reações que, por fim, ativam o fator de coagulação X. Os fosfolipídios plaquetários e o Ca2 ' também participam da ativação do fator X. Uma vez ativado, o fator X se combina ao fator V para formar a enzima ativa protrombinase (assim como ocorre na via extrínseca), completando a via intrínseca. A VIA COMUM: A formação da protrombinase assinala o início da via comum. Na segunda etapa da coagulação normal, a protrombinase e o Ca2+ catalisam a conversão da protrombina em trombina. No terceiro estágio, a trombina, na presença de Ca2+, converte o fibrinogênio, que é solúvel, em filamentos frouxos de fibrina, que são insolúveis. A trombina também ativa o fator XIII (fator estabilizador da fibrina), que fortalece e estabiliza os filamentos de fibrina no coágulo resistente. O plasma contém certa quantidade de fator XIII, que também é liberado pelas plaquetas retidas no coágulo. A trombina exerce dois efeitos de retroalimentação positiva (feedback positivo). Na primeira alça de retroalimentação positiva (feedback positivo), que depende do fator V, a trombina acelera a formação da protrombinase. A protrombinase, por sua vez, acelera a produção de mais trombina, e assim por diante. Na segunda alça de retroalimentação positiva (feedback positivo), a trombina ativa as plaquetas, o que reforça sua agregação e a liberação dos fosfolipídios plaquetários. A RETRAÇÃO DO COÁGULO: Uma vez formado, o coágulo tampa a área rompida do vaso sanguíneo e, assim, interrompe a perda de sangue. A retração do coágulo é a consolidação ou o retesamento do coágulo de fibrina. Os filamentos de fibrina presos às superfícies danificadas do vaso sanguíneo gradualmente se contraem, conforme as plaquetas os tracionam. À medida que o coágulo se retrai, puxa as bordas do vaso danificado, fechando-as e diminuindo o risco de dano adicional. Durante a retração, um pouco de soro escapa por entre os filamentos de fibrina, mas os elementos figurados do sangue não escapam. A retração normal depende do número adequado de plaquetas no coágulo, que liberam o fator XIII e outros fatores, consequentemente fortalecendo e estabilizando o coágulo. O reparo permanente do vaso sanguíneo pode, então, ocorrer. Com o passar do tempo, os fibroblastos formam um tecido conjuntivo na área rompida, e novas células endoteliais recompõem o revestimento vascular. FUNÇÃO DA VITAMINA K NA COAGULAÇÃO: A coagulação normal depende de quantidades adequadas de vitamina K no corpo. Embora a vitamina K não participe da verdadeira formação dos coágulos, é necessária para a síntese de quatro fatores de coagulação. A vitamina K, normalmente produzida pelas bactérias que habitam o intestino grosso, é uma vitamina lipossolúvel absorvida pelo revestimento do intestino e pelo sangue, desde que a absorção de lipídios esteja normal. Pessoas portadoras de distúrbios que diminuem a absorção de lipídios (por exemplo, liberação inadequada de bile no intestino delgado) experimentam, muitas vezes, sangramento descontrolado como consequência da deficiência de vitamina K. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. MECANISMOS DE CONTROLE HEMOSTÁTICO: Muitas vezes por dia, pequenos coágulos começam a se formar, com frequência, em locais de asperezas mínimas ou em uma placa aterosclerótica em desenvolvimento, no interior de um vaso sanguíneo. Como a coagulação do sangue depende de amplificação e de ciclos de retroalimentação positiva (feedback positivo), um coágulo tem tendência a crescer, criando o potencial para comprometer o fluxo sanguíneo pelos vasos intactos. O sistema fibrinolítico dissolve pequenos coágulos inapropriados; também dissolve coágulos em local danificado, após a lesão ser reparada. A DISSOLUÇÃO DE UM COÁGULO É CHAMADA DE FIBRINÓLISE. Quando um coágulo se forma, uma enzima plasmática inativa, conhecida como PLASMINOGÊNIO, é incorporada ao coágulo. Tanto os tecidos corporais como o sangue contêm substâncias que ativam o plasminogênio em plasmina (fibrinolisina), uma enzima plasmática ativa. Entre essas substâncias incluem-se a trombina, o fator XII ativado e o ativador de plasminogênio do tecido (t-PA, em inglês, tissue plasminogen activator), que é sintetizado pelas células endoteliais da maioria dos tecidos e liberado no sangue. Uma vez formada, a plasmina dissolve o coágulo, digerindo os filamentos de fibrina e inativando substâncias como o fibrinogênio, a protrombina e os fatores V e XII. Embora a trombina exerça um efeito de retroalimentação positiva (feedback positivo) na coagulação sanguínea, a formação do coágulo, normalmente, permanece restrita ao local da lesão. Um coágulo não se estende, além do local do ferimento, para a circulação geral, em parte, porque a fibrina atrai a trombina para o interior do coágulo. Outra razão para a formação localizada do coágulo é que, em consequência da dispersão de alguns dos fatores de coagulação pelo sangue, suas concentrações não são suficientemente altas para produzir coagulação disseminada. Diversos outros mecanismos também atuam para controlar a coagulação do sangue. Por exemplo, as células endoteliais e os leucócitos produzem uma prostaglandina, chamada de prostaciclina, que se opõe às ações do tromboxano A2. A prostaciclina é um potente inibidor da adesão plaquetária e de sua liberação. Além disso, substâncias que retardam, suprimem ou impedem a coagulação, chamadas de anticoagulantes, estão presentes no sangue. Essas incluem a antitrombina, que bloqueia a ação de diversos fatores, incluindo os fatores XII, X e II (protrombina). A heparina, um anticoagulante produzido pelos mastócitos e basófilos, se combina com a antitrombina e aumenta sua eficiência no bloqueio da trombina. Outro anticoagulante, a proteína C ativada (APC), inativa os dois principais fatores de coagulação não bloqueados pela antitrombina e intensifica a atividade dos ativadores de plasminogênio. Bebês que não têm a capacidade de produzir APC, em consequência de uma mutação genética, normalmente morrem de coágulos sanguíneos na infância. COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR: Apesar dos mecanismos anticoagulantes e fibrinolíticos, ocasionalmente são formados coágulos sanguíneos no sistema circulatório. Esses coágulos podem ser desencadeados por asperezas nas superfícies endoteliais de um vaso sanguíneo, resultantes de aterosclerose, trauma ou infecção. Estas condições induzem a adesão de plaquetas. Os coágulos intravasculares também podem formar-se quando o sangue flui muito lentamente (estase), permitindo que os fatores de coagulação se acumulem localmente, emconcentrações suficientemente altas para iniciar a coagulação. A coagulação em um vaso sanguíneo intacto (em geral, veia) é chamada de trombose. O próprio coágulo é chamado de trombo, podendo dissolver-se espontaneamente. Caso permaneça intacto, no entanto, o trombo pode ser deslocado, sendo levado pelo sangue. Um coágulo de sangue, bolha de ar, gordura de ossos fraturados ou pedaço de fragmento, transportado pela corrente sanguínea, é chamado de êmbolo. Um êmbolo que se solta da parede arterial pode alojar-se em uma artéria abaixo, com menor diâmetro, bloqueando o fluxo de sangue para um órgão vital. Quando um êmbolo se aloja nos pulmões, a condição resultante é chamada de embolia pulmonar. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ESTUDAR A FISIOPATOLOGIA DA HEMOFILIA A E B. etiologia; diferenciar as causas da hemofilia A, hemofilia B e doença de Von Willebrand (VWD); fisiopatologia; manifestações clínicas. A HEMOFILIA É UMA DOENÇA HEMORRÁGICA HEREDITÁRIA LIGADA AO CROMOSSOMO X, CARACTERIZADA PELA DEFICIÊNCIA OU ANORMALIDADE DA ATIVIDADE COAGULANTE DO FATOR VIII (HEMOFILIA A) OU DO FATOR IX (HEMOFILIA B). A prevalência estimada da hemofilia é de aproximadamente um caso em cada 5.000 a 10.000 nascimentos do sexo masculino para a hemofilia A, e de um caso em cada 30.000 a 40.000 nascimentos do sexo masculino para a hemofilia B. A hemofilia A é mais comum que a hemofilia B e representa cerca de 80% dos casos. HEREDITARIEDADE DA HEMOFILIA: As hemofilias são transmitidas quase que exclusivamente a indivíduos do sexo masculino por mães portadoras da mutação (cerca de 70% dos casos). Porém, em cerca de 30% dos casos, a doença origina-se a partir de uma mutação de novo, fenômeno que pode ocorrer na mãe ou no feto. Os casos decorrentes de mutações de novo são chamados de esporádicos, podendo tratar-se de pacientes isolados (um único caso presente), ou a ocorrência apenas entre irmãos, ou seja, ausente em gerações pregressas. Filhas de homem com hemofilia serão portadoras obrigatórias. Apesar de muito rara, a hemofilia pode ocorrer em mulher, em decorrência da união de homem com hemofilia e mulher portadora. Mais comumente, mulheres portadoras podem apresentar baixos níveis de fator VIII ou fator IX, evento este relacionado à inativação do cromossomo X “normal”, isto é, aquele que não carreia a mutação associada à hemofilia, processo conhecido como lionização. POR FISIOPATOLOGIA DE PORTH A doença de von Willebrand e a hemofilia (tipos A e B) são as duas doenças hemorrágicas hereditárias mais comuns. • A doença de von Willebrand é considerada a coagulopatia hereditária mais frequente e afeta cerca de 1 a 2% da população. • A hemofilia A (deficiência do fator VIII) afeta 1 em cada 5.000 nascidos vivos do sexo masculino. • A hemofilia B (deficiência do fator IX) ocorre em aproximadamente 1 em cada 20.000 pessoas, representando 15% de todos os casos de hemofilia. É genética e clinicamente semelhante à hemofilia A. A doença de von Willebrand e a hemofilia A são provocadas por defeitos que envolvem o complexo fator VIIIFvW. O FvW, que é sintetizado pelo endotélio e por megacariócitos, é necessário para a adesão das plaquetas à matriz subendotelial do vaso sanguíneo. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Também funciona como carreador do fator VIII, e é importante para a estabilidade do fator VIII na corrente sanguínea, evitando sua proteólise. A proteína coagulante do fator VIII, a parte funcional, é produzida pelo fígado e pelas células endoteliais. Assim, o fator VIII e o FvW, embora sintetizados separadamente, se unem e circulam no plasma como uma unidade que serve para promover a coagulação e a adesão plaquetária à parede vascular. ➔ DOENÇA DE VON WILLEBRAND: É uma doença hemorrágica hereditária relativamente comum, caracterizada por uma deficiência ou um defeito no FvW. Já foram descritas umas 20 variantes da doença de von Willebrand. Essas variantes podem ser agrupadas em duas categorias: tipos 1 e 3, que estão associados à diminuição dos níveis de FvW, e tipo 2, caracterizada por defeitos no FvW. ➔ CLASSIFICAÇÃO ➔ O tipo 1 é uma doença autossômica dominante, responsável por cerca de 70% dos casos e é relativamente leve. • O tipo 2, que também é uma doença autossômica dominante, é responsável por aproximadamente 25% dos casos e está relacionado com sangramentos entre leves e moderados. • O tipo 3, que é uma doença autossômica recessiva relativamente rara, está associado a níveis extremamente baixos de FvW funcional e correspondentes manifestações clínicas graves. Pessoas com a doença de von Willebrand têm um defeito composto envolvendo a função plaquetária e a cascata de coagulação. ➔ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DOENÇA DE VON WILLEBRAND: As manifestações clínicas incluem sangramento espontâneo do nariz, boca, sistema digestório, fluxo menstrual excessivo e tempo de sangramento prolongado quando há contagem normal de plaquetas. ➔ Na maioria dos casos (tipos 1 e 2), os sintomas são leves e não requerem tratamento, e muitas pessoas com o transtorno são diagnosticadas quando precisam passar por uma cirurgia ou cuja extração dentária resulta em sangramento prolongado. ➔ Em situações graves (p. ex., tipo 3), a ocorrência potencialmente fatal de hemorragia gastrintestinal e hemorragia nas articulações pode ser semelhante à observada em casos de hemofilia. O sangramento associado à doença de von Willebrand geralmente é leve, e rotineiramente nenhum tratamento é administrado além de evitar o uso de ácido acetilsalicílico. ➔ HEMOFILIA A: É uma doença recessiva ligada ao cromossomo X, QUE AFETA PRINCIPALMENTE O SEXO MASCULINO. Embora seja uma doença hereditária, não existe histórico familiar da doença em aproximadamente 30% dos novos casos diagnosticados, o que sugere que tenha surgido como uma nova mutação no gene do fator VIII. ➔ Cerca de 90% das pessoas com hemofilia produzem quantidades insuficientes do fator, e 10% produzem uma forma defeituosa. ➔ Na prática, a porcentagem de atividade de fator VIII normal depende do defeito genético e determina a gravidade da hemofilia ( 6 a 30% nos casos de hemofilia leve, 2 a 5% na hemofilia moderada e 1% ou menos nas formas graves da doença). ➔ Nas formas leves ou moderadas da doença, geralmente não ocorre sangramento a menos que haja uma lesão ou traumatismo local, como um procedimento cirúrgico ou odontológico. ➔ Os casos leves da doença podem não ser detectados na infância. ➔ Em casos graves de hemofilia A, os episódios de sangramento geralmente se dão na infância (p. ex., pode ser observado no momento da circuncisão) e são espontâneos e graves, ocorrendo várias vezes ao mês. ➔ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Caracteristicamente, o sangramento acomete tecidos moles, sistema digestório e articulações do quadril, joelho, cotovelo e tornozelo. A hemorragia articular espontânea, em geral, manifesta-se quando a criança começa a andar. Muitas vezes, uma articulação específica é suscetível a hemorragias repetidas. O sangramento provoca a inflamação da sinóvia, com dor aguda e tumefação. Sem tratamento adequado, o sangramento e a inflamação crônica causam fibrose articular e contraturas, resultando em deficiência grave. ➔ TRATAMENTO: A prevenção de traumatismos é muito importante para pessoas com hemofilia. Deve ser evitado o uso de ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios não esteroidesque afetam a função plaquetária. A terapia de reposição com fator VIII para administração domiciliar reduziu os danos típicos que ocorrem no sistema musculoesquelético. O tratamento deve ser iniciado quando ocorre hemorragia ou como profilaxia. Nos casos de episódios repetidos de sangramento, o uso de produtos recombinantes e bombas de infusão contínua pode viabilizar a prevenção, para que não seja necessário o tratamento da hemorragia. O desenvolvimento de anticorpos inibidores do fator VIII recombinante ainda é uma das principais complicações do tratamento. A clonagem do gene do fator VIII e a evolução nos sistemas de entrega de genes representam a esperança de que a hemofilia A possa ser curada por substituição de genes. A detecção de portadores e o diagnóstico pré-natal já podem ser realizados Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. pela análise de estudos de mutação genética direta ou de vínculo com o DNA. A amniocentese ou biopsia de vilo corial prénatal é utilizada para prever complicações e determinar o tipo de tratamento. Eventualmente, poderá ser usado em pacientes selecionados para adição de genes. ➔ DISTÚRBIOS ADQUIRIDOS: Os fatores de coagulação V, VII, IX, X, XI e XII, a protrombina e o fibrinogênio são sintetizados no fígado. Nos casos de doença hepática, a síntese desses fatores de coagulação é reduzida, o que pode resultar em hemorragia. Dos fatores de coagulação sintetizados pelo fígado, os fatores II, VII, IX e X e a protrombina requerem vitamina K para sua atividade normal. Na deficiência de vitamina K, o fígado produz o fator de coagulação, mas em uma forma inativa. A vitamina K é uma vitamina lipossolúvel que está sempre sendo sintetizada pelas bactérias intestinais. Isto significa que uma deficiência de vitamina K provavelmente não ocorre, a menos que a síntese intestinal seja interrompida ou exista um comprometimento na absorção da vitamina. A deficiência de vitamina K pode ocorrer no recém-nascido, antes que seja estabelecida a flora intestinal . Também pode ocorrer como resultado de um tratamento com antibióticos de largo espectro, que destroem a flora intestinal. Como a vitamina K é uma vitamina lipossolúvel, sua absorção requer sais biliares. A deficiência de vitamina K pode resultar de deficiência na absorção de gordura causada pelo fígado ou por um distúrbio na vesícula biliar. HEMORRAGIA ASSOCIADA A DOENÇAS VASCULARES A hemorragia decorrente de complicações vasculares é muitas vezes chamada de púrpura não trombocitopênica. Esses distúrbios podem ocorrer por fraqueza na estrutura vascular ou por causa de danos aos vasos pela existência de um processo inflamatório ou resposta imune. Na maioria das vezes, a condição se caracteriza pela facilidade do surgimento de hematomas e do aparecimento espontâneo de petéquias e púrpura na pele e mucosas. Em pessoas com doença hemorrágica causada por defeitos vasculares, são normais a contagem de plaquetas e os resultados de outros testes para os fatores de coagulação. Entre os distúrbios vasculares que causam hemorragia destacam-se telangiectasia hemorrágica, uma doença autossômica dominante rara caracterizada por capilares e arteríolas dilatados com paredes finas; deficiência de vitamina C (escorbuto), resultando na síntese deficiente de colágeno e falha na união adequada das células endoteliais, o que torna frágil a parede vascular; doença de Cushing, que causa perda de massa proteica e de tecido de suporte vascular pelo excesso de cortisol; e púrpura senil (hematomas em pessoas idosas), causada pelo comprometimento na síntese de colágeno que ocorre com o processo de envelhecimento. Também há defeitos vasculares no curso de CID ou como resultado de micro- trombos e tratamento com corticosteroides. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A APRESENTAÇÃO CLÍNICA DAS HEMOFILIAS A E B É SEMELHANTE, CARACTERIZADA POR SANGRAMENTOS INTRA- ARTICULARES (HEMARTROSES), HEMORRAGIAS MUSCULARES OU EM OUTROS TECIDOS OU CAVIDADES. As hemartroses afetam mais frequentemente as articulações do joelho, tornozelo, cotovelo, ombro e coxofemoral. Os episódios hemorrágicos podem surgir espontaneamente ou após traumas e variam de acordo com a atividade residual coagulante do fator VIII ou fator IX, que determina a classificação da gravidade da hemofilia. Os tipos de sangramentos e suas respectivas frequências na hemofilia estão descritos na Tabela 2 Os sinais e sintomas que habitualmente surgem numa pessoa com hemofilia dependem do grau de gravidade da doença e não do tipo de hemofilia em questão. Em casos de hemofilia ligeira ou moderada os sinais e sintomas podem ser mais tardios. Por exemplo, quando a criança começa a caminhar ou a correr ou apenas quando existe um ferimento grave. Quando se trata de hemofilia grave, regra geral, os sintomas surgem precocemente, espontaneamente, mesmo antes da criança se começar a movimentar sozinha. A que sinais devo estar atento? Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Quando a hemofilia não está diagnosticada existem alguns sinais e sintomas que devem sempre ser avaliados pelo médico. Não deve desvalorizar estes sinais e sintomas mesmo que não tenha casos conhecidos de hemofilia na família. • Presença frequente de nódoas negras durante a infância • Perda de sangue excessiva quando comparado com a gravidade do ferimento. Isto é, um ferimento pequeno provoca uma hemorragia grave que demora demasiado tempo a parar • Perdas de sangue espontâneas (sem causa aparente) nas articulações, por exemplo nos joelhos, músculos ou noutros tecidos, que provocam dor e dificuldade de movimentação • Perdas de sangue frequentes e excessivas em regiões como nariz e boca (mucosas) Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. RESUMINHO: Os distúrbios hemorrágicos ou o comprometimento do processo de coagulação do sangue podem ser resultado de defeitos de qualquer um dos fatores que contribuem para a hemostasia: plaquetas, fatores de coagulação ou integridade vascular. O número de plaquetas em circulação pode se apresentar reduzido (trombocitopenia) devido a produção reduzida na medula óssea, excesso de represamento no baço ou por destruição imunológica. O COMPROMETIMENTO DA FUNÇÃO PLAQUETÁRIA (TROMBOCITOPATIA) É CAUSADO POR DOENÇAS HEREDITÁRIAS (DOENÇA DE VON WILLEBRAND) OU RESULTA DO USO DE MEDICAMENTOS OU DE PROCESSOS PATOLÓGICOS. A disfunção da coagulação sanguínea pode resultar em deficiências de um ou mais dos fatores de coagulação conhecidos. As deficiências podem surgir por causa de distúrbios adquiridos (doença hepática ou deficiência de vitamina K) ou doenças hereditárias (hemofilia A ou doença de von Willebrand). Também podem acontecer sangramentos por fraqueza estrutural da vasculatura, que resulta em comprometimento da síntese de componentes da parede vascular (deficiência de vitamina C; níveis excessivos de cortisol, como na doença de Cushing; ou pelo processo de envelhecimento), danos causados por mecanismos genéticos (telangiectasia hemorrágica) ou micro-trombos. RESUMO E RECOMENDAÇÕES ➔ Hemofilia A (deficiência de fator VIII [fator 8]) e hemofilia B (deficiência de fator IX [fator 9]) são distúrbios hemorrágicos hereditários com transmissão recessiva ligada ao X. A gravidade depende muito do nível de atividade do fator residual, com doença grave definida como 5 por cento.• Pacientes com hemofilia grave apresentam sangramento espontâneo e sangramento em resposta a pequenos traumas que são desproporcionais ao grau de lesão, que pode começar já no nascimento. • O sangramento tardio após o trauma é comum; pode ser maciço ou persistir como secreção contínua por dias ou semanas. • Em contraste, a hemofilia leve só pode se tornar aparente quando há um desafio hemostático significativo, como trauma ou cirurgia. ➔ A maioria dos bebês com hemofilia grave apresenta entre o primeiro ano e um ano e meio de vida com fácil hematoma, hemartrose, sangramento devido a lesão oral ou após um procedimento invasivo. ➔ O sangramento com risco de vida pode ocorrer no parto, com trauma ou espontaneamente. Aproximadamente 3 a 5 por cento dos bebês com hemofilia grave desenvolvem hemorragia subgaleal ou intracerebral no período perinatal. ➔ Quando a criança começa a andar, o sangramento articular e outros sangramentos musculoesqueléticos, frênulos e lesões orais e hematomas na testa se tornam mais comuns. ➔ Os locais comuns de sangramento incluem articulações e tecidos moles, mucosa oral e hemorragia intracraniana (HIC). ➔ ICH é relativamente raro em comparação com outros sites, mas é um dos eventos mais perigosos e com risco de vida. Hemartrose (isto é, hemorragia em uma articulação) é o local mais comum de sangramento em pacientes ambulatoriais. ➔ As complicações tardias do sangramento incluem sequelas neurológicas de hemorragia intracraniana e destruição da articulação por hemartroses repetitivas (isto é, artropatia hemofílica). As complicações da infusão de fator incluem o potencial de infecção, que diminuiu drasticamente desde meados da década de 1980 e é extremamente baixo, e o desenvolvimento de anticorpos inibidores para o fator infundido. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ➔ As portadoras do sexo feminino são heterozigotas para o defeito genético (ou seja, têm um alelo normal e um alelo anormal) e espera-se que tenham aproximadamente 50% da produção normal de fator, o que geralmente é suficiente para prevenir o sangramento clínico. No entanto, alguns portadores de hemofilia apresentam sintomas semelhantes aos do sexo masculino com hemofilia leve. ➔ Os portadores de hemofilia em potencial devem ser testados por meio de testes genéticos. Se o status de portador for confirmado, a medição dos níveis de fator é apropriada para orientar o tratamento durante desafios hemostáticos. ➔ A avaliação diagnóstica começa com uma revisão completa da história pessoal de sangramento e da família do paciente; no entanto, aproximadamente um terço dos pacientes com hemofilia tem uma história familiar negativa, geralmente devido a uma mutação de novo. Os testes laboratoriais incluem testes de triagem de hemostasia, níveis de atividade dos fatores e / ou testes genéticos (também chamados de testes moleculares). ➔ Os critérios de diagnóstico para hemofilia incluem a confirmação de um nível de atividade do fator abaixo de 40 por cento do normal (abaixo de 0,40 unidades internacionais [IU] / mL) ou uma mutação do gene da hemofilia. Um antígeno de fator de von Willebrand normal (VWF: Ag) também deve ser documentado em pacientes com níveis reduzidos de atividade do fator VIII, para eliminar a possibilidade de doença de von Willebrand (VWD). ➔ Mulheres portadoras que engravidam devem ser submetidas à avaliação do sexo fetal usando um método não invasivo, como ultrassom, porque crianças do sexo masculino são potencialmente afetadas. Os níveis de fator materno devem ser determinados antes de procedimentos invasivos, incluindo anestesia neuroaxial. Os riscos maternos e fetais de parto vaginal versus cesáreo devem ser discutidos. Geralmente, o teste de confirmação para diagnosticar ou excluir hemofilia em uma criança do sexo masculino é realizado no nascimento, no sangue do cordão umbilical. A circuncisão deve ser adiada até que o diagnóstico seja confirmado ou excluído. ➔ O diagnóstico diferencial de hemofilia inclui outros distúrbios hemorrágicos hereditários (por exemplo, VWD, distúrbios plaquetários, deficiências de outros fatores) e inibidores do fator de coagulação adquiridos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. PRINCÍPIOS DE ANATOMIA E FISIOLOGIA DE TORTORA; 2. FISIOPATOLOGIA DE PORTH; 3. UNIDOS PELA HEMOFILIA (site/associação); 4. MANUAL DE HEMOFILIA. MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL. 2015; 5. GENÉTICA DA HEMOFILIA A E B DE KEITH HOOTS ET AL. 2021; 6. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO DE HEMOFILIA DE KEITH HOOTS ET AL. 2019.
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