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Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. APG 19 – “LAÇOS DE SANGUE.” Abertura: 09/04/2021 Devolutiva: 16/04/2021. Objetivos: 1. REVER A MORFOFISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO INFERIOR E A SUA IRRIGAÇÃO. -> Anatomia macroscópica (localização no tórax e citar os músculos que recobrem a caixa toráxica); traqueia (localização, anatomia, histologia e funções); Árvore bronquial: brônquios principais, lobares, segmentares, bronquíolos e bronquíolos terminais (anatomia, histologia e funções); Pulmões e pleuras direito e esquerdo (anatomia, histologia e funções); Ventilação; Suprimento sanguíneo e inervação dos pulmões; funções do diafragma. 2. ESTUDAR SOBRE O TROMBOEMBOLISMO PULMONAR: ETIOLOGIA, FATORES DE RISCO, FISIOPATOLOGIA, SINAIS E SINTOMAS). apresentação clínica; etiologia; fatores de risco; fisiopatologia; manifestações clínicas. ANATOMIA MACROSCÓPICA DOS PULMÕES: Os ossos e os músculos do tórax circundam os pulmões O tórax é delimitado pelos ossos da coluna vertebral e das costelas e seus músculos associados. Juntos, os ossos e os músculos são denominados caixa torácica. As costelas e a coluna (a parede torácica) formam as laterais e a parte superior da caixa torácica. A camada de músculo esquelético em forma de cúpula, o diafragma, forma a base. O conjunto de dois músculos intercostais, interno e externo, conectam os doze pares de costelas. Músculos adicionais, os esternocleidomastóideos e os escalenos, estendem-se da cabeça e do pescoço até o esterno e as duas primeiras costelas. Funcionalmente, o tórax é um recipiente fechado preenchido com três sacos membranosos, ou bolsas. Um, o saco pericárdico, contém o coração. Os outros dois são os sacos pleurais, cada um cercando um pulmão. O esôfago, os nervos e os vasos sanguíneos torácicos passam entre os sacos pleurais. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. TRAQUEIA: A traqueia é uma passagem tubular para o ar, medindo aproximadamente 12 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. Está localizada anteriormente ao esôfago e estende-se da laringe até a margem superior da quinta vértebra torácica (T5), na qual se divide em brônquios principais direito e esquerdo. As lâminas da parede da traqueia, de baixo para cima, são: (1) a túnica mucosa, (2) a tela submucosa, (3) a cartilagem hialina e (4) a túnica adventícia (composta por tecido conjuntivo areolar). A túnica mucosa da traqueia consiste em uma lâmina epitelial de epitélio colunar ciliado pseudoestratificado e uma lâmina própria subjacente que contém fibras reticulares e elásticas. O epitélio colunar ciliado pseudoestratificado consiste em células colunares ciliadas e células caliciformes que alcançam a superfície luminal, além de células basais, que não alcançam; o epitélio fornece a mesma proteção contra poeira que a túnica de revestimento da cavidade nasal e da laringe. A tela submucosa consiste em tecido conjuntivo areolar, que contém glândulas seromucosas e seus duetos. Os 16 a 20 anéis horizontais incompletos de cartilagem hialina se assemelham à letra C e estão empilhados um em cima do outro, sendo mantidos juntos por tecido conjuntivo denso . Podem ser percebidos através da pele, abaixo da laringe. A parte aberta de cada anel da cartilagem em forma de C está orientada posteriormente para o esôfago, sendo envolvida por uma membrana fibrosa. Dentro desta membrana encontram-se fibras musculares lisas transversas chamadas de músculo traqueal e tecido conjuntivo elástico que permite a alteração discreta do diâmetro da traqueia durante a inspiração e a expiração, o que é importante na manutenção do fluxo eficiente de ar. Os sólidos anéis da cartilagem, em forma de C fornecem um suporte semirrígido, de forma que a parede da traqueia não colapsa internamente (em especial durante a inspiração) e não obstrui a via respiratória. A túnica adventícia da traqueia consiste em tecido conjuntivo areolar, que une a traqueia aos tecidos circundantes. CORRELAÇÃO CLÍNICA Traqueostomia e Intubação Diversas condições podem bloquear o fluxo de ar, obstruindo a traqueia. Por exemplo, os anéis da cartilagem que suporta a traqueia podem colapsar em decorrência de uma lesão por esmagamento do tórax, a inflamação da túnica mucosa pode provocar um inchaço tão grande que a via respiratória se fecha, vômito ou um objeto estranho podem ser aspirados para a Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. traqueia ou um tumor cancerígeno pode protrair-se na via respiratória. Dois métodos são usados para restabelecer o fluxo de ar depois da obstrução traqueal. Se a obstrução é superior ao nível da laringe, uma traqueotomla, uma cirurgia para fazer uma abertura na traqueia, pode ser realizada. Nesse procedimento, também chamado de traqueostomia, uma incisão cutânea é seguida por uma curta incisão longitudinal na traqueia, abaixo da cartilagem cricóidea. O paciente consegue, assim, respirar por meio de um tubo traqueal metálico ou plástico, inserido através da incisão. O segundo método usado é a intubação, na qual um tubo é inserido na boca ou no nariz e passado inferiormente pela laringe e traqueia. A parede firme do tubo empurra para fora qualquer obstrução flexível e o lume do tubo fornece uma via para o ar; qualquer muco que esteja entupindo a traqueia pode ser sugado pelo tubo. ARVORE BRONQUIAL: Na margem superior da quinta vértebra torácica, a traqueia divide-se em brônquio principal direito, que vai para o pulmão direito, e em brônquio principal esquerdo, que vai para o pulmão esquerdo. O BRÔNQUIO PRINCIPAL DIREITO É MAIS VERTICAL, MAIS CURTO E MAIS LARGO DO QUE O ESQUERDO. Como resultado, é mais provável que um objeto aspirado entre e se aloje no brônquio principal direito do que no esquerdo. Como a traqueia, os brônquios principais contêm anéis incompletos de cartilagem e são revestidos por epitélio colunar ciliado pseudoestratificado. No ponto em que a traqueia se divide em brônquios principais direito e esquerdo, uma crista interna, chamada de carina (quilha de um barco) é formada por uma projeção posterior, relativamente inferior, da última cartilagem traqueal. A túnica mucosa da carina é uma das áreas mais sensíveis de toda a laringe e da traqueia para desencadear o reflexo da tosse. O alargamento e a distorção da carina é um sinal grave, porque, geralmente, indica invasão dos linfonodos por carcinoma em tomo da região na qual a traqueia se divide. ➔ Ao penetrar os pulmões, os brônquios principais dividem-se para formar brônquios menores — os brônquios lobares (secundários), um para cada lobo do pulmão. (O pulmão direito possui três lobos; o pulmão esquerdo, dois.) Os brônquios lobares continuam a se ramificar, formando brônquios ainda menores, chamados de brônquios segmentares (terciários), que se dividem nos bronquíolos. ➔ Os bronquíolos, por sua vez, ramificam-se repetidamente, e os menores ramificam-se em tubos ainda menores, chamados de bronquíolos terminais. Essa ramificação extensa dos brônquios se assemelha a uma árvore invertida, sendo comumente chamada de árvore bronquial. À medida que a ramificação se toma mais extensa na árvore bronquial, diversas alterações estruturais podem ser percebidas. 1. A túnica mucosa na árvore bronquial muda de epitélio colunar ciliado pseudoestratificado nos brônquios principais, brônquios lobares (secundários)e brônquios segmentares (terciários) para epitélio colunar simples ciliado, com algumas células caliciformes nos bronquíolos maiores, para basicamente epitélio cúbico simples ciliado sem células caliciformes em bronquíolos menores, para, em grande parte, epitélio cúbico simples não ciliado nos bronquíolos terminais. (Nas regiões nas quais o epitélio cúbico simples não ciliado está presente, as partículas inaladas são removidas pelos macrófagos.) 2. Lâminas de cartilagem gradualmente substituem os anéis incompletos de cartilagem nos brônquios principais e, finalmente, desaparecem nos bronquíolos distais. 3. Conforme a quantidade de cartilagem diminui, a quantidade de músculo liso aumenta. O músculo liso envolve o lume em faixas espirais. Contudo, como não há cartilagem de sustentação, os espasmos musculares fecham as vias respiratórias. Isso é o que acontece durante um ataque de asma, que é uma situação potencialmente letal. Durante o exercício, a atividade na parte simpática da divisão autônoma do sistema nervoso (DASN) aumenta e a medula da glândula suprarrenal libera os hormônios epinefrina e norepinefrina; ambos os eventos provocam o relaxamento do músculo liso nos bronquíolos, que dilata as vias respiratórias. Como o ar chega aos alvéolos mais rapidamente, há melhora na ventilação pulmonar. A parte parassimpática da DASN e os mediadores das reações alérgicas, como a histamina, tem o efeito oposto, provocando a contração do músculo liso dos brônquios, o que resulta na constrição dos bronquíolos distais. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. PULMÕES E PLEURAS: Os pulmões são órgãos coniformes pareados, situados na cavidade torácica. São separados um do outro pelo coração e por outras estruturas do mediastino, que divide a cavidade torácica em duas câmaras anatomicamente distintas. Como resultado, se um trauma levar um pulmão ao colapso, o outro pode permanecer expandido. ➔ Cada pulmão é envolvido e protegido por uma túnica serosa bilaminada, chamada de pleura. ➔ A lâmina superficial, chamada de pleura parietal, reveste a parede da cavidade torácica; a lâmina profunda, a pleura visceral, recobre os próprios pulmões. ➔ Entre as pleuras visceral e parietal encontra-se um pequeno espaço, a cavidade pleural, que contém uma pequena quantidade de líquido lubrificante, produzido pelas túnicas. ➔ Esse líquido pleural reduz o atrito entre as túnicas, permitindo que deslizem facilmente uma sobre a outra, durante a respiração. ➔ O líquido pleural também faz com que as pleuras grudem uma na outra, assim como uma película de água faz com que duas lâminas de vidro grudem uma na outra, um fenômeno chamado de tensão de superfície. Cavidades pleurais separadas envolvem os pulmões direito e esquerdo. ➔ A inflamação da pleura, chamada de pleurisia ou pleurite, pode, nos seus estágios iniciais, provocar dor decorrente do atrito entre as lâminas parietal e visceral da pleura. Se a inflamação persistir, um excesso de líquido acumula-se no espaço pleural, uma condição conhecida como derrame pleural. Os pulmões se estendem desde o diafragma até, ligeiramente, acima das clavículas, e se situam contra as costelas, anterior e posteriormente. A parte inferior larga do pulmão, a base, é côncava e se ajusta sobre a área convexa do diafragma. A parte superior estreita do pulmão é o ápice. A face do pulmão que se situa contra as costelas, a face costal, ajusta-se à curvatura arredondada das costelas. A face mediastinal de cada pulmão contém uma região, o hilo, por onde os brônquios, os vasos sanguíneos pulmonares, os vasos linfáticos e os nervos entram e saem. Essas estruturas são mantidas juntas pela pleura e por tecido conjuntivo e constituem a raiz do pulmão. Medialmente, o pulmão esquerdo também contém uma concavidade, a incisura cardíaca, na qual se situa o coração. Em consequência do espaço ocupado pelo coração, o pulmão esquerdo é aproximadamente 10% menor do que o direito . Embora o pulmão direito seja mais espesso e mais largo, é também um pouco mais curto do que o pulmão esquerdo, porque o diafragma é mais alto no lado direito, para acomodar o fígado, que se situa abaixo dele. Os pulmões quase preenchem o tórax. O ápice dos pulmões situa-se superior ao terço mediai das clavículas, e é a única área palpável. As faces anterior, lateral e posterior dos pulmões situam-se contra as costelas. A base dos pulmões estende-se da sexta cartilagem costal, anteriormente, até o processo espinhoso da décima vértebra torácica, posteriormente. A pleura se estende aproximadamente 5 cm abaixo da base, a partir da sexta cartilagem costal, anteriormente, até a décima segunda costela, posteriormente. Portanto, os pulmões não preenchem completamente a cavidade pleural nessa área. A remoção do excesso de líquido na cavidade pleural é realizada sem lesar o tecido pulmonar, inserindo-se uma agulha anteriormente pelo sétimo espaço intercostal, um procedimento denominado tórax cocentese. A agulha é passada ao longo da margem superior da costela inferior para evitar dano aos nervos intercostais e aos vasos sanguíneos. Abaixo do sétimo espaço intercostal, há o risco de se perfurar o diafragma. LOBOS, FISSURAS E LOBULOS: Uma ou duas fissuras dividem cada pulmão em lobos. Ambos os pulmões possuem uma fissura oblíqua, que se estende inferior e anteriormente; o pulmão direito também possui uma fissura horizontal. A fissura oblíqua, no pulmão esquerdo, separa o lobo superior do lobo inferior. No pulmão direito, a parte superior da fissura oblíqua separa o lobo superior do lobo inferior; a parte inferior da fissura oblíqua separa o lobo inferior do lobo médio, que é limitado superiormente pela fissura horizontal. ➔ Cada lobo recebe seu próprio brônquio lobar (secundário). ➔ Assim, o brônquio principal direito dá origem a três brônquios lobares (secundários) denominados brônquios lobares (secundários) superior, médio e inferior, enquanto o brônquio principal esquerdo dá origem aos brônquios lobares (secundários) superior e inferior. ➔ No interior do pulmão, os brônquios lobares dão origem aos brônquios segmentares (terciários), que são constantes tanto em origem quanto em distribuição — existem 10 brônquios segmentares (terciários) em cada pulmão. ➔ O segmento do tecido pulmonar que cada brônquio segmentar supre é chamado de segmento broncopulmonar. Os distúrbios bronquiais e pulmonares (como tumores e abscessos) que estão localizados em um segmento broncopulmonar específico podem ser removido s cirurgicamente, sem causar danos graves ao tecido pulmonar adjacente. ➔ Cada segmento broncopulmonar dos pulmões possui muitos compartimentos pequenos, chamados de lóbulos; cada lóbulo está envolto em tecido conjuntivo elástico e contém um vaso linfático, uma arteríola, Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. uma vênula e um ramo proveniente de um bronquíolo terminal. ➔ Os bronquíolos terminais subdividem-se em ramos microscópicos denominados bronquíolos respiratórios. À medida que os bronquíolos respiratórios penetram mais profundamente os pulmões, o revestimento epitelial muda, de cúbico simples para pavimentoso simples. Os bronquíolos respiratórios, por sua vez, se subdividem em diversos duetos alveolares (2 a 11). As passagens respiratórias da traqueia para os duetos alveolares contêm aproximadamente 25 ordens de ramificação; a ramificação da traqueia em brônquios principais é chamada de ramificação de primeira ordem, a dos brônquios principais em brônquios lobares (secundários)é chamada de ramificação de segunda ordem, e assim sucessivamente, para baixo, até os duetos alveolares. ALVÉOLOS: Em tomo da circunferência dos duetos alveolares encontram- se numerosos alvéolos e sacos alveolares. Um alvéolo é uma invaginação revestida por epitélio pavimentoso simples e sustentada por uma membrana basal elástica fina; um saco alveolar consiste em dois ou mais alvéolos que compartilham uma abertura comum. ➔ As paredes dos alvéolos consistem em dois tipos de células epiteliais alveolares. ➔ As células alveolares tipo I, mais numerosas, são células epiteliais pavimentosas simples, que formam um revestimento quase contínuo da parede alveolar. ➔ As células alveolares tipo II, também chamadas de células septais, são menos numerosas e são encontradas entre as células alveolares tipo I. As finas células alveolares tipo I são os principais locais de troca gasosa. As células alveolares tipo II, que são células epiteliais arredondadas ou cúbicas, com superfícies livres contendo microvilosidades, produzem líquido alveolar que mantém a superfície entre as células e o ar úmida. ➔ Incluído no líquido alveolar encontra-se o surfactante, uma mistura complexa de fosfolipídios e lipoproteínas. O surfactante reduz a tensão de superfície do líquido alveolar, reduzindo a tendência dos alvéolos de sofrerem colapso. Associados à parede alveolar estão os macrófagos alveolares (células de poeira), fagócitos que removem as finas partículas de poeira e outros fragmentos nos espaços alveolares. Estão presentes também fibroblastos, que produzem fibras elásticas e reticulares. Subjacente à lâmina de células alveolares tipo I encontra-se uma membrana basal elástica. Na face externa dos alvéolos, as arteríolas e vênulas do lóbulo se dispersam em uma rede de capilares sanguíneos, que consiste em uma lâmina simples de células endoteliais e membrana basal. A troca de 02 e C02 entre os espaços aéreos nos pulmões e no sangue ocorre por difusão através das paredes capilar e alveolar que, juntas, formam a membrana respiratória. Estendendo-se do espaço aéreo alveolar até o plasma sanguíneo, a membrana respiratória consiste em quatro camadas: 1. Uma camada de células alveolares tipo I e tipo II e macrófagos alveolares associados, que constituem a parede alveolar 2. Uma membrana basal epitelial subjacente à parede alveolar 3. Uma membrana basal capilar, que é muitas vezes fundida com a membrana basal epitelial 4. O endotélio capilar Apesar de ter várias camadas, a membrana respiratória é muito fina — apenas 0,5 p.m de espessura, quase 1/16 do diâmetro de um eritrócito — para permitir a rápida difusão de gases. Estima-se que os pulmões contenham 300 milhões de alvéolos, propiciando uma área de superfície imensa de 70 m2 — aproximadamente o tamanho de uma quadra de raquetebol — para a troca gasosa. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. VENTILAÇÃO: O processo de troca gasosa no corpo, chamado de respiração, possui três estágios básicos: 1. Ventilação pulmonar ou respiração é a inalação (entrada) e exalação (saída) de ar e compreende a troca de ar entre a atmosfera e os alvéolos dos pulmões. 2. Respiração (pulmonar) externa é a troca de gases entre os alvéolos dos pulmões e o sangue nos capilares pulmonares através da membrana respiratória. Neste processo, o sangue capilar pulmonar ganha O, e perde C02 . 3. Respiração (tecidual) interna é a troca de gases entre o sangue nos capilares sistêmicos e as células teciduais. Neste estágio, o sangue perde 02 e ganha C02 . Dentro das células, as reações metabólicas que consomem O, e eliminam C02 , durante a produção de ATP, são chamadas de respiração celular. Na ventilação pulmonar, o ar flui entre a atmosfera e os alvéolos dos pulmões em razão das diferenças alternadas de pressão criadas pela contração e pelo relaxamento dos músculos respiratórios. A velocidade do fluxo de ar e a quantidade de esforço necessário para respirar também são influenciadas pela tensão superficial dos alvéolos, complacência dos pulmões e resistência das vias respiratórias. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ➔ O ar entra nos pulmões quando a pressão do ar dentro dos pulmões é menor do que a pressão do ar na atmosfera. ➔ O ar sai dos pulmões quando a pressão do ar no interior dos pulmões é maior do que a pressão do ar na atmosfera. SUPRIMENTO SANGUÍNEO E INERVAÇÃO PARA OS PULMÕES: Os pulmões recebem sangue através de dois conjuntos de artérias: 1. as artérias pulmonares e 2. as artérias bronquiais. O sangue desoxigenado passa pelo tronco pulmonar, que se divide na artéria pulmonar esquerda, que entra no pulmão esquerdo, e na artéria pulmonar direita, que entra no pulmão direito. (As artérias pulmonares são as únicas artérias no corpo que transportam sangue desoxigenado.) O retorno do sangue oxigenado para o coração ocorre através das quatro veias pulmonares, que drenam para o átrio esquerdo. A única característica dos vasos sanguíneos pulmonares é sua constrição, em resposta à hipóxia (baixo nível de 02) localizada. Em todos os outros tecidos do corpo, a hipóxia provoca dilatação dos vasos sanguíneos para aumentar o fluxo sanguíneo. Contudo, nos pulmões, a vasoconstrição em resposta à hipóxia desvia o sangue pulmonar das áreas pouco ventiladas dos pulmões para regiões bem ventiladas. Este fenômeno é conhecido como acoplamento ventilação- perfusão, porque a perfusão (fluxo de sangue) para cada área dos pulmões corresponde ao volume da ventilação (fluxo de ar) para os alvéolos naquela área. As artérias bronquiais, que se ramificam a partir da aorta, levam sangue oxigenado para os pulmões. Esse sangue passa, basicamente, para as paredes musculares dos brônquios e bronquíolos. Contudo, existem conexões entre os ramos das artérias bronquiais e os ramos das artérias pulmonares; grande parte do sangue retoma para o coração através das veias pulmonares. Um pouco de sangue, no entanto, drena para as veias bronquiais, tributárias do sistema ázigo, e retorna para o coração via veia cava superior. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Resumo da Troca e Transporte de Gás nos Pulmões e Tecidos O ✓ sangue desoxigenado que retoma para os capilares pulmonares nos pulmões contém C02 dissolvido no plasma sanguíneo, C02 combinado à globina, como carbaminoemoglobina (Hb-C02 ), e C02 incorporado ao HC03~ dentro dos eritrócitos. Os eritrócitos também captaram H~, parte do qual se liga e, consequentemente, é tamponado pela hemoglobina (Hb-H). ✓ À medida que o sangue passa pelos capilares pulmonares, as moléculas de C02 dissolvido no plasma sanguíneo e o C02 que se dissocia da porção globina da hemoglobina se difundem no ar alveolar e são exalados. Ao mesmo tempo, o 02 inalado está se difundindo a partir do ar alveolar para os eritrócitos e está se fixando à hemoglobina para formar a oxiemoglobina (Hb-02 ). O dióxido de carbono também é liberado a partir do HCO," quando o H+ se combina ao HCOr, dentro dos eritrócitos. O H2C03~ formado a partir dessa reação, então, se divide em C02 , que é exalado, e em H20. À medida que a concentração de HC03 " diminui dentro dos eritrócitos nos capilares pulmonares, o HC03 " difunde-se a partir do plasma sanguíneo, em troca de CL. Em resumo, o sangue oxigenado que deixa os pulmões aumentouo conteúdo de 02 e diminuiu as quantidades de C02 e H+. Nos capilares sistêmicos, as células usam 02 e produzem C02 , as reações químicas inversas. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ESTUDAR SOBRE O TROMBOEMBOLISMO PULMONAR: ETIOLOGIA, FATORES DE RISCO, FISIOPATOLOGIA, SINAIS E SINTOMAS). apresentação clínica; etiologia; fatores de risco; fisiopatologia; manifestações clínicas. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: A palavra "êmbolo" é derivada de uma palavra grega que significa "rolhà' ou "tampà: Um êmbolo pulmonar consiste em material que tem acesso ao sistema venoso e depois à circulação pulmonar. Por fim, ele alcança um vaso cujo calibre é pequeno demais para permitir a passagem livre, onde ele forma um tampão, ocluindo o lúmen e obstruindo a perfusão. Há muitos tipos de êmbolos pulmonares. O mais comum é o tromboembolismo pulmonar, que ocorre quando trombos venosos, principalmente das extremidades inferiores, migram para a circulação pulmonar. É uma função normal da microcirculação pulmonar prevenir a entrada de material embólico no sistema arterial sistêmico. Os pulmões possuem tanto um excesso de capacidade funcional quanto um suprimento vascular redundante, permitindo que eles filtrem uma quantidade significativa de trombos e agregados de plaquetas com impacto mínimo sobre a função pulmonar ou a hemodinâmica. Entretanto, tromboêmbolos grandes, ou um acúmulo suficientemente grande de tromboêmbolos menores, pode causar prejuízo substancial das funções cardíaca e respiratória e morte. Tromboêmbolos pulmonares são comuns e causam morbidade significativa. Eles são encontrados na necropsia em 25 a 50% de pacientes hospitalizados e são considerados uma causa contributiva importante de óbito em um terço deles. Entretanto, o diagnóstico é feito antes da morte em apenas 1 O a 20% dos casos. ETIOLOGIA, EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO: A embolia pulmonar (EP) e a trombose venosa profunda representam um contínuo de uma só doença que tem sido chamada de doença tromboembólica venosa (DTEV). Tromboêmbolos quase nunca se originam na circulação pulmonar, mas chegam através da circulação venosa. Mais de 95% dos tromboêmbolos pulmonares se originam de trombos nas veias profundas da extremidade inferior: as veias poplíteas, femorais e ilíacas. Trombose venosa abaixo das veias poplíteas, ou ocorrendo nas veias superficiais da perna, é clinicamente comum, mas não é um fator de risco para tromboembolismo pulmonar, porque trombos nessas localizações raramente migram para a circulação pulmonar sem antes se estender acima do joelho. Como menos de 20% dos trombos na panturrilha se estenderão para as veias poplíteas, trombos isolados na panturrilha podem ser observados com testes seriados para excluir extensão ao sistema profundo, e não precisam de anticoagulação, necessariamente. Tromboses venosas ocorrem ocasionalmente nas extremidades superiores ou no lado direito do coração; isso acontece mais comumente na presença de cateteres intravenosos ou fios de marca-passo cardíaco, e pode ter importância clínica crescente à medida que aumenta o uso prolongado de cateteres intravenosos. ➔ Portanto, os fatores de risco para tromboembolia pulmonar são os mesmos para o desenvolvimento de trombose venosa nas veias profundas das pernas (trombose venosa profunda). ➔ O patologista alemão Rudolf Virchow declarou esses fatores de risco em 1856: estase venosa, lesão da parede vascular e aumento da ativação do sistema de coagulação. Suas observações permanecem válidas até hoje. O fator de risco mais prevalente em pacientes hospitalizados é a estase por imobilização, especialmente naqueles submetidos a Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. procedimentos cirúrgicos. A incidência de trombose de veia de panturrilha em pacientes que não receberam profilaxia com heparina após reposição total do joelho pode atingir 84%, e é de mais de 50% após cirurgia do quadril ou prostatectomia. O risco de tromboembolia pulmonar fatal pode chegar a 5%. Os médicos que atendem esses pacientes devem, portanto, estar cientes da magnitude do risco e instituir terapia proftlática apropriada. Neoplasia maligna e dano tecidual em cirurgia são as duas causas mais comuns de aumento da ativação do sistema de coagulação. Anormalidades na parede do vaso contribuem pouco para trombose venosa, ao contrário da trombose arterial. Contudo, trombose prévia pode danificar válvulas venosas e levar à incompetência venosa, que promove estase Atualmente, avanços permitem a identificação de distúrbios genéticos em até um terço de pacientes não seleciona dos com trombose venosa e em mais da metade dos pacientes com trombose familiar. Hoje está claro que essas variantes genéticas podem interagir com outros fatores (p. ex., uso de contraceptivos orais, deficiências dietéticas) para aumentar o risco de trombose. FISIOPATOLOGIA: Trombos venosos são compostos por uma massa friável de fibrina, com muitas hemácias e poucos leucócitos e plaquetas aleatoriamente enredados na matriz. Quando um trombo migra até a circulação pulmonar, ele causa um amplo conjunto de alterações fisiopatológicas. ➔ A ativação endotelial é um importante evento inicial. Em alguns casos, a ativação endotelial é secundária à lesão de pneumócitos, a qual é percebida pelos macrófagos alveolares residentes. Em resposta, essas sentinelas imunes secretam mediadores, como o TNF, que age nos endotélios circunvizinhos. De maneira alternativa, os mediadores inflamatórios circulantes podem ativar o endotélio pulmonar diretamente no contexto de injúria tissular grave ou sepse. Alguns desses mediadores lesionam as células endoteliais, enquanto outros (notavelmente as citocinas) ativam as células endoteliais para que expressem níveis aumentados de moléculas de adesão celular, proteínas coagulantes e quimiocinas. ➔ Adesão e extravasamento de neutrófilos. Os neutrófilos aderem ao endotélio ativado e migram para o interstício e para o alvéolo, onde eles degranulam e liberam mediadores inflamatórios, Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. incluindo proteases, formas reativas de oxigênio e citocinas. O fator inibidor da migração de macrófagos (MIF, do inglês, macrophage migration inhibitory factor) liberado dentro do ambiente local também ajuda a manter a resposta pró-inflamatória em andamento. O resultado é um aumento no recrutamento e adesão de leucócitos, causando mais lesão endotelial e trombose local. Esse ciclo de inflamação e dano endotelial está no centro da LPA/SARA. ➔ Acúmulo de fluido intra-alveolar e formação de membranas hialinas. A ativação e a injúria endotelial fazem os capilares pulmonares vazarem, permitindo a formação do fluido do edema intra-alveolar e intersticial. Os danos e necrose dos pneumócitos alveolares tipo II acarretam anormalidades no surfactante, além de comprometerem a troca gasosa alveolar. Em última análise, o fluido de edema espessado e rico em proteínas e os debris das células alveolares mortas organizam-se nas membranas hialinas, uma característica típica da LPA/SARA. ➔ A resolução da lesão é impedida na LPA/SARA devido a necrose epitelial e danos inflamatórios que comprometem a habilidade de as células remanescentes ajudarem na reabsorção do edema. Contudo, finalmente, se o estímulo inflamatório diminui, os debris intra-alveolares são removidos pelosmacrófagos, que liberam citocinas fibrogênicas, como o fator transformante do crescimento-β (TGF-β) e o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF). Esses fatores estimulam o crescimento de fibroblastos e a deposição de colágeno, levando à fibrose das paredes alveolares. As células-tronco bronquiolares proliferam para substituir os pneumócitos. A restauração endotelial ocorre através da proliferação do endotélio capilar não lesado. Estudos epidemiológicos mostraram que a LPA/SARA é mais comum e está associada com um pior prognóstico em alcoólatras e fumantes crônicos. Estudos genéticos identificaram vários genes que aumentam o risco de SARA, incluindo variantes associadas à inflamação e coagulação. A. ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS: Todo paciente com um êmbolo pulmonar tem algum grau de obstrução mecânica. O efeito da obstrução mecânica depende da proporção da circulação pulmonar obstruída, de reflexos neuro-humorais estimulados pelo trombo, e da presença ou ausência de doença cardiopulmonar preexistente. Pacientes sem doença cardiopulmonar preexistente podem tolerar a oclusão de aproximadamente um terço da circulação pulmonar com um aumento irrisório da resistência vascular pulmonar e da pressão arterial pulmonar. A circulação pulmonar adapta-se ao fluxo aumentado por meio de uma rede vascular reduzida por recrutamento de capilares subperfundidos e dilatação vascular pelo fluxo aumentado. Esses mecanismos adaptativos falham com a oclusão aumentada da circulação pulmonar por êmbolos, ponto em que a resistência vascular pulmonar e a pressão arterial pulmonar aumentam. Em pacientes com doença cardiopulmonar pre-existente, não tem sido demonstrado que aumentos em pressões na artéria pulmonar se correlacionam com a extensão da embolia. A explicação provável é que mecanismos adaptativos normais são ineficazes em pacientes com hipertensão pulmonar preexistente, tornando-os suscetíveis à instabilidade significativa com qualquer prejuízo subsequente da vasculatura pulmonar. Êmbolos grandes, que não ocluem vasos completamente, sobretudo em pacientes com função cardíaca comprometida, podem causar um aumento agudo da resistência vascular pulmonar. Isso causa uma sobrecarga ventricular direita aguda e pode levar a uma queda fatal do débito cardíaco. A complicação mais devastadora e temida do tromboembolismo pulmonar agudo é uma oclusão súbita do trato de saída pulmonar ("êmbolo em selá'), reduzindo o débito cardíaco a zero e causando colapso cardiovascular imediato e morte. Tais apresentações drásticas ocorrem em menos de 5% dos casos e são, essencialmente, intratáveis. Elas servem para destacar a importância da prevenção primária da trombose venosa. B. MUDANÇAS NAS RELAÇÕES VENTILAÇÃO/PERFUSÃO O tromboembolismo pulmonar reduz ou elimina a perfusão distal ao local da oclusão. O efeito imediato é desequilíbrio V/Q aumentado, com um desvio na proporção de segmentos pulmonares com razões V/Q altas (espaço morto alveolar ou ventilação desperdiçada). Um desvio em direção a razões V /Ó. elevadas dificulta a eliminação de dióxido de carbono com efeito mínimo sobre a oxigenação. O paciente compensa esse aumento em ventilação desperdiçada elevando a ventilação- - minuto total. Após várias horas, a hipoperfusão local interfere na produção de surfactante por células alveolares tipo II. O surfactante é exaurido subsequentemente, resultando em edema alveolar, colapso alveolar e áreas de atelectasia, criando unidades pulmonares com pouca ou nenhuma ventilação. A depender do nível de perfusão desses segmentos, haverá um aumento de unidades pulmonares com razões V /Q baixas, inclusive algumas áreas de shunt verdadeiro, ambas contribuindo para uma ~P02 A-a aumentada e hipoxemia arterial. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. C. HIPOXEMIA: Hipoxemia leve a moderada com uma PaC02 baixa é o achado mais comum no tromboembolismo pulmonar agudo. A hipoxemia leve pode ser obscurecida pela tendência de se basear apenas na oximetria, porque mais da metade dos pacientes terá saturações de oxigênio (Sa02) acima de 90%. Historicamente, pensava-se que a ~P02 A-a fosse um indicador mais sensível de EP porque compensa a presença de hipocapnia e a quantidade inspirada de Fi02. Entretanto, o estudo Prospective Investigation of Pulmonary Embolism Diagnosis II (PIOPED II) (Investigação Prospec tiva do Diagnóstico de Embolia Pulmonar II) questiona esse pensamento. Uma ~P02 A-a menor que 20, que é normal ou quase normal a depender da idade do paciente, foi encontrada em um terço dos pacientes com EP aguda identificada por TC. Nenhum mecanismo isolado explica a hipoxemia na EP aguda. Pelo menos cinco mecanismos têm sido sugeridos: 1. Perda de surfactante, resultando em atelectasia e edema pulmonar localizado durante as primeiras 24 horas depois da obstrução vascular pulmonar. Quando essas áreas recebem perfusão novamente, unidades de pulmão com atelectasia representam áreas de V /Q baixa causando hipoxemia. 2. Aumento da perfusão de zonas pulmonares malventiladas ou não ventiladas. A perfusão é reduzida normalmente em regiões hipoventiladas do pulmão por meio de vasoconstrição pulmonar hipóxica. Contudo, se a pressão da artéria pulmonar elevar-se após tromboembolismo, a perfusão pode aumentar em áreas de vasoconstrição, resultando em desvios para áreas de V /Ó. baixa causando hipoxemia. 3. Shunts verdadeiros da direita para a esquerda. UI CI) - e CI) ·- Esses shunts têm sido descritos em uma pequena porcentagem de pacientes com hipoxemia na situação de tromboembolismo pulmonar agudo. Tem sido proposto que esses shunts resultam da abertura de um forame oval ou de shunt arteriovenoso pulmonar, mas sua localização exata é desconhecida. 4. P02 venosa mista baixa. Em alguns pacientes, com deficiência preexistente da função cardíaca ou com êmbolos grandes que causam sobrecarga ventricular direita aguda, o débito cardíaco pode cair, com uma redução da concentração de oxigênio venosa mista resultante. Essa é uma causa importante de hipoxemia em pacientes gravemente enfermos. 5. Área de superfície capilar pulmonar diminuída. D. BRONCOCONSTRIÇÃO A broncoconstrição reflexa causa dificuldade de respiração e um aumento no trabalho respiratório de alguns pacientes. E. INFARTO PULMONAR: A obstrução de pequenos ramos arteriais pulmonares que agem como artérias finais leva a infarto pulmonar em cerca de 10% dos casos. Isso geralmente está associado com alguma anormalidade concomitante da circulação brônquica, como aquela observada em pacientes com insuficiência do ventrículo esquerdo e pressões atriais esquerdas cronicamente elevadas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: A. SINTOMAS E SINAIS: A tríade clássica de um início súbito de dispneia, dor torácica pleural e hemoptise acontece em uma minoria dos casos. Em um grande estudo de pacientes com EP, dispneia estava presente em 73% dos casos, e dor torácica pleural estava presente em 44% das vezes. É provável que a dispneia resulte de broncoconstrição reflexa, bem como de pressão da artéria pulmonar aumentada, perda de complacência pulmonar e estimulação de fibras C. ➔ Em pacientes com êmbolos grandes, a sobrecarga aguda do coração direito pode contribuir para dispneia. Dor torácica pleural é mais comum que infarto pulmonar; um grupo tem sugerido que a dor é causada por áreas de hemorragia pulmonar. ➔ Hemoptise é observada com infarto pulmonar, mas também pode resultar da transmissão de pressões arteriais sistêmicas à microvasculatura por meio de anastomoses broncopulmonares, com ruptura subsequente de capilares. Isso pode refletir edema pulmonar hemorrágico por depleção de surfactante ou lesão de capilaresassociada a neutrófilos. Síncope pode indicar uma embolia maciça. O ACHADO DE EXAME FÍSICO MAIS CONVINCENTE NÃO ESTÁ NO TÓRAX, E SIM NA PERNA: UMA PANTURRILHA INCHADA, DOLOROSA, QUENTE E AVERMELHADA QUE FORNECE EVIDÊNCIA PARA TROMBOSE VENOSA PROFUNDA. A ausência de tal evidência não exclui o diagnóstico, porque o exame clínico é pouco sensível, e a ausência de sinais pode indicar que o trombo inteiro foi embolizado. Achados de ausculta do tórax são comuns, mas inespecíficos. Atelectasia pode levar a estertores crepitantes inspiratórios; infarto pode causar um atrito pleural focal; e a liberação de mediadores pode provocar broncoconstrição e sibilos. Em embolia grande, podem ser encontrados sinais de sobrecarga ventricular direita aguda, como uma impulsão ventricular direita e acentuação do componente pulmonar da segunda bulha cardíaca. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. B. ELETROCARDIOGRAFIA: O eletrocardiograma é anormal em 70% dos pacientes com EP aguda. Entretanto, as anormalidades mais comuns são taquicardia sinusal e alterações inespecíficas de ST e onda T, cada qual vista em aproximadamente 40% dos pacientes. O achado clássico de um padrão de sobrecarga ventricular direita aguda - uma onda S profunda na derivação I e tanto uma onda Q quanto uma onda T invertida na derivação III (S1 Q3 T3) - foi observado em 11 % dos pacientes no Urokinase Pulmonary Embolism Trial (Estudo de Uroquinase em Embolia Pulmonar) C. ACHADOS LABORATORIAIS: Um aumento na ~P0 A-a é observado em mais de dois terços dos casos, e hipoxemia é um achado comum, embora inespecífico. A dosagem dos produtos de degradação da fibrina com ligação cruzada - D-dímeros - pode ser usada para excluir o diagnóstico de EP aguda em pacientes ambulatoriais sintomáticos considerados como tendo uma probabilidade baixa de EP antes do exame, com base em critérios clínicos. A depender do ensaio específico e da população de pacientes, os D-dímeros têm uma sensibilidade alta (85 a 99%) e uma especificidade moderada a alta (40 a 93%). A maioria dos estudos sugere que os D-dímeros não podem ser usados para excluir EP em um paciente com uma probabilidade intermediária ou alta antes do exame. O peptídeo natriurético cerebral (BNP), um indicador de distensão ventricular, e as troponinas cardíacas, que indicam lesão de miócitos cardíacos, são dosados comumente em pacientes com EP. Devido à baixa sensibilidade e especificidade, esses marcadores não podem ser usados para diagnosticar EP. Entretanto, tem sido mostrado que uma elevação de BNP ou troponinas no cenário de EP conhecida correlaciona-se com a presença de sobrecarga ventricular direita e com risco maior de desfechos adversos, inclusive insuficiência respiratória e morte. D. RADIOGRAFIA DE TÓRAX: A radiografia de tórax foi normal em apenas 12% dos pacientes com tromboembolismo pulmonar confirmado no estudo PIOPED. Os achados mais comuns foram atelectasia, opacidades parenquimatosas e derrames pleurais pequenos. Contudo, a prevalência desses achados foi a mesma em pacientes hospitalizados sem suspeita de tromboembolismo pulmonar. Oligoemia local (sinal de Westermark) ou áreas com base na pleura de opacidade aumentada que representam hemorragia intraparenquimatosa (corcova de Hampton) são raras. A radiografia de tórax é necessária para excluir outras doenças pulmonares comuns e para permitir a interpretação da cintilografia de ventilação/perfusão, que, por si própria, não estabelece o diagnóstico. Paradoxalmente, ela pode ser mais útil quando normal na situação de hipoxemia grave aguda. E. CINTOLOGRAFIA DE VENTILAÇÃO/PERFUSÃO: Uma cintilografia de perfusão é obtida pela injeção de albumina radiomarcada microagregada com um tamanho de partícula de 50 a 100 µm no sistema venoso, permitindo que as partículas embolizem o leito capilar pulmonar (diâmetro aproximado de 10 µm). A substância é marcada com um isótopo de tecnécio emissor de gama (pertecnetato Tc-99m) que possibilita o mapeamento da distribuição do fluxo sanguíneo pulmonar. Uma cintilografia de ventilação é realizada fazendo o paciente respirar xenônio (Xe-133) ou um aerossol radiativo, e realizando cintilografias sequenciais durante inalação e exalação. ➔ Uma cintilografia de perfusão normal exclui tromboembolismo pulmonar clinicamente significativo. ➔ Um defeito de perfusão segmentar ou maior em uma área radiograficamente normal que mostra ventilação normal é diagnóstico. Isso é chamado de defeito "desequilibrado" (mismatch) e é altamente específico (97%) para tromboembolismo pulmonar. Contudo, somente uma minoria das cintilografias de ventilação/perfusão revela claramente achados diagnósticos. O estudo PIOPED demonstrou que cintilografias de ventilação/perfusão não diagnósticas podem estratificar o risco de tromboembolismo pulmonar de um paciente. Além disso, dentro das categorias de estudos de alta, média e baixa probabilidade, a avaliação do médico antes do exame da probabilidade de tromboembolismo pulmonar pode estratificar ainda mais os pacientes. F. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E ANGIOGRAFIA PULMONAR: A tomografia computadorizada com contraste intravenoso (angiotomografia pulmonar) superou amplamente a cintilografia de ventilação/perfusão como o exame inicial de escolha para diagnosticar EP. ➔ A força diagnóstica dessa modalidade de imagem está em seu alto valor preditivo negativo e em sua capacidade de identificar outras condições que causam dispneia e dor torácica (p. ex., pneumonia, dissecção da aorta). Múltiplos ensaios têm mostrado uma alta sensibilidade e especificidade dessa técnica de imagem, embora as características do teste diagnóstico dependam da seleção de pacientes, da perícia do técnico que realiza a injeção de contraste e da experiência do radiologista que interpreta. O estudo PIOPED II avaliou angiotomografia para o diagnóstico de EP e encontrou uma sensibilidade de 83% e uma especificidade de 96%. Vários outros estudos indicam que o risco de EP depois de uma TC negativa em pacientes com uma probabilidade clínica baixa ou intermediária de EP é menor que 2%. Em consistência com o primeiro estudo PIOPED Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. comparando cintilografia de ventilação/perfusão e angiografia pulmonar tradicional, as probabilidades antes do exame com base em escores de risco clínicos devem ser levadas em conta ao in terpretar a angiotomografia pulmonar. Se os resultados forem discordantes, testes adicionais, como cíntilografia de ventilação/perfusão e ultrassonografia com Doppler de extremidade inferior, devem ser considerados. A angiografia pulmonar é um procedimento seguro, mas invasivo, com dados de morbidade e mortalidade bem- definidos. Complicações menores ocorrem em aproximadamente 5% dos pacientes. A maioria delas consiste em reações alérgicas a contraste ou lesão renal transitória, ou está relacionada com a inserção percutânea de cateter; perfuração cardíaca e arritmias foram relatadas, mas são raras . Dentre os pacientes do PIOPED I que fizeram angiografia, 5 óbitos (0,7%) foram relacionados diretamente com o procedimento. ANGIOGRAFIA PULMONAR PERMANECE O PADRÃO DE REFERÊNCIA PARA O DIAGNÓSTICO DE EP, MAS SEU PAPEL COMPARADO COM ANGIOTOMOGRAFIA É UM ASSUNTO DE DEBATE EM ANDAMENTO. Há concordância geral de que a angiografia está indicada quando o diagnóstico é incerto, mas há uma alta probabilidade clínica pré-exame de EP, ou quando o diagnóstico de EP deve ser estabelecido com certeza, como quando anticoagulação está contraindicada ouquando se contempla a colocação de um filtro na veia cava inferior. Um defeito de enchimento intralúmen em mais de uma incidência estabelece um diagnóstico definitivo. Achados secundários altamente sugestivos de EP incluem uma interrupção arterial abrupta, assimetria de fluxo sanguíneo - especialmente oligoemia segmentar - ou uma fase arterial prolongada com enchimento lento. Angiografia pulmonar foi realizada em 755 pacientes no estudo PIOPED I. Um diagnóstico definitivo foi estabelecido em 97%; em 3%, os estudos não foram diagnósticos. Quatro pacientes (0,8%) com angiografias negativas tinham tromboêmbolos pulmonares na necropsia. Angiografia seriada demonstrou resolução mínima de trombo antes do 72 dia subsequente à apresentação. Assim, angiografia negativa dentro de 7 dias da apresentação exclui o diagnóstico. G. RESOLUÇÃO A variabilidade entre pacientes é tão grande que generalizações são difíceis. O maior número de pacientes monitorados de forma seriada com avaliações quantitativas foi no Urokinase Pulmonary Embolism Trial. Neste estudo, cintilografias de perfusão seriadas mostraram resolução de 35 a 56% dos defeitos de perfusão aos 9 a 14 dias. Estudos mais recentes, alguns envolvendo angiografia quantitativa, tendem a fornecer suporte à evolução no tempo desses achados. Em poucos pacientes, êmbolos pulmonares não resolvem completamente, mas se tornam organizados e incorporados à parede arterial pulmonar como uma massa fibrosa revestida de epitélio, produzindo o que é chamado de tromboembolismo pulmonar crônico. Esta entidade se apresenta com estenose das artérias pulmonares centrais, com hipertensão pulmonar associada e insuficiência ventricular direita (cor pulmonale). O tratamento é cirúrgico. Uma teoria importante que delineia a patogênese do tromboembolismo venoso (TEV), muitas vezes chamada de tríade de Virchow, propõe que o TEV ocorre como resultado de: ●Alterações no fluxo sanguíneo (ou seja, estase) ●Lesão endotelial vascular ●Alterações nos constituintes do sangue (ou seja, estado hipercoagulável herdado ou adquirido) A embolia pulmonar (EP) é uma doença comum e às vezes fatal. É devido à obstrução de uma artéria pulmonar ou de um de seus ramos por material (por exemplo, trombo, tumor, ar ou gordura) que se originou em outra parte do corpo. ●A EP pode ser classificada de acordo com a presença ou ausência de estabilidade hemodinâmica (hemodinamicamente instável ou estável), o padrão temporal de apresentação (aguda, subaguda ou crônica), a localização anatômica (sela, lobar, segmentar, subsegmentar) e a presença ou ausência de sintomas (sintomáticos ou assintomáticos). Pacientes com EP hemodinamicamente instável, definida como uma pressão arterial sistólica <90 mmHg ou uma queda na pressão arterial sistólica de ≥40 mmHg da linha de base por> 15 minutos, devem ser diferenciados de pacientes com EP hemodinamicamente estável porque têm maior probabilidade de morrer de choque obstrutivo nas primeiras duas horas de apresentação e, portanto, pode se beneficiar de um tratamento mais agressivo. ●A incidência geral de EP é de aproximadamente 112 casos por 100.000. A EP é ligeiramente mais comum em homens do que mulheres e a incidência aumenta com a idade. As mortes por EP são responsáveis por aproximadamente 100.000 mortes por ano nos Estados Unidos. ●A patogênese da EP é semelhante à da trombose venosa profunda. A maioria dos êmbolos surgem das veias proximais das extremidades inferiores (ilíaca, femoral e poplítea). NO ENTANTO, ELES TAMBÉM PODEM SE ORIGINAR NO CORAÇÃO Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. DIREITO, VEIA CAVA INFERIOR OU VEIAS PÉLVICAS E NAS VEIAS RENAIS E DOS MEMBROS SUPERIORES. ●A EP tem uma ampla variedade de características de apresentação, desde nenhum sintoma até choque ou morte súbita. O sintoma manifesto mais comum é dispneia seguida de dor torácica, tosse e sintomas de trombose venosa profunda. Para a maioria dos pacientes com suspeita de EP, sugerimos uma abordagem que combina avaliação de probabilidade clínica e pré-teste, Teste de dímero D e imagem de diagnóstico definitivo, geralmente angiografia pulmonar por tomografia computadorizada e, menos comumente, varredura de ventilação- ●A terapia de ressuscitação inicial para pacientes com suspeita de EP deve se concentrar na oxigenação e estabilização do paciente. Uma vez feito o diagnóstico, a base da terapia para pacientes com EP confirmada é a anticoagulação, dependendo do risco de sangramento. Os tratamentos alternativos incluem trombólise, filtros de veia cava inferior e embolectomia. ●A EP pode ser complicada por trombose recorrente, hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (CTEPH) e morte. A EP não tratada, tem uma mortalidade geral de até 30 por cento, que é significativamente reduzida com anticoagulação. Modelos prognósticos que incorporam achados clínicos (por exemplo, Índice de Gravidade de Embolia Pulmonar [PESI] e o PESI simplificado [sPESI]. com ou sem exames laboratoriais pode prever morte e / ou recorrência. ●Os pacientes tratados com heparina não fracionada e / ou varfarina devem ser monitorados para evidências laboratoriais de eficácia terapêutica. Além disso, os pacientes devem ser monitorados para as complicações precoces e tardias da EP, bem como para as complicações da anticoagulação e outras terapias definitivas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. TORTORA; 2. SILVERTHORN; 3. MARIEB; 4. FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA DE HAMMER; 5. BASES PATOLÓGICAS DA DOENÃ DE ROBBINS E COTRAN; 6. VISÃO GERAL DAS CAUSAS DA TROMBOSE VENOSA. KENNET A. BAUER. ET AL. 2021; 7. VISÃO GERAL DA EMBOLIA PULMONAR AGUDA EM ADULTOS. TAYLOS THOMPSON ET AL. 2021. https://www.uptodate.com/contents/heparin-unfractionated-drug-information?search=tromboembolismo+pulmonar&topicRef=8253&source=see_link https://www.uptodate.com/contents/warfarin-drug-information?search=tromboembolismo+pulmonar&topicRef=8253&source=see_link
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