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Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. APG 24 – “FAMÍLIA QUE CHIA” Abertura: 30/04/2021 Devolutiva: 04/05/2021. Objetivos: 1. COMPREENDER A FISIOPATOLOGIA DA DPOC. 1. Conceito; 2. Fatores de risco; -Tabagismo, Exposição a poluentes, Fatores genéticos; 3. Fisiopatologia -Enfisema pulmonar e bronquite, Fatores genéticos; 4. Manifestações clínicas; 5. Exames complementares; -Hemograma, Radiografia de tórax, Avaliação oximetria, Espirometria. 2. ESTUDAR A FISIOPATOLOGIA DA ASMA. 1. Conceito; 2. Classificação; 3. Fatores de risco; 4. Fisiopatologia -Mediadores inflamatórios, processo inflamatório; 5. Manifestações Clínicas; 6. Diferenciar Asma de DPOC. CONCEITO: A DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) É DEFINIDA COMO UM ESTADO PATOLÓGICO CARACTERIZADO POR LIMITAÇÃO DO FLUXO AÉREO NÃO TOTALMENTE REVERSÍVEL. A DPOC inclui o enfisema, distúrbio definido anatomicamente, que se caracteriza por destruição e dilataçã o dos alvéolos pulmonares; a bronquite crônica, afecção definida clinicamente por tosse crônica e expectoração purulenta; e a doença das pequenas vias respiratórias, distúrbio no qual os bronquíolos distais se encontram estreitados. A DPOC está presente apenas quando há obstrução crônica do fluxo aéreo; a bronquite crônica sem obstrução crônica do fluxo aéreo não está incluída na definição de DPOC. A DPOC é a quarta maior causa de morte e afeta > 10 milhões de pessoas nos EUA. Em todo o mundo, também apresenta importância crescente como problema de saúde pública. As estimativas sugerem que a DPOC passará da sexta para a terceira causa mais comum de morte no mundo inteiro, até o ano de 2020. FATORES DE RISCO: • TABAGISMO: Em 1964, o Comitê Consultivo dos Cirurgiões Gerais dos EUA concluiu que O TABAGISMO ERA O PRINCIPAL FATOR DE RISCO PARA MORTALIDADE POR BRONQUITE CRÔNICA E ENFISEMA. Estudos longitudinais subsequentes demonstraram o declínio acelerado do volume de ar expirado no primeiro segundo da manobra de expiração forçada (VEFU, que estabelecia uma relação dose-resposta com a intensidade do tabagismo, expresso em maços-anos (número médio de maços de cigarros fumados por dia, multiplicado pelo número total de anos de tabagismo). Essa relação dose-resposta entre a redução da função pulmonar e a intensidade do tabagismo explica as taxas de prevalência mais altas de DPOC com o aumento da idade. A prevalência historicamente mais alta do tabagismo entre os homens é a explicação provável para a prevalência mais alta de DPOC no sexo masculino; contudo, a prevalência desta doença entre as mulheres tem aumentado nos últimos 50 anos, à medida que diminui a diferença nos índices de tabagismo entre os dois sexos. Embora a relação causal entre tabagismo e DPOC esteja definitivamente comprovada, existem variações significativas nas respostas ao tabagismo. Ainda que o número de maços-ano de tabagismo seja o fator preditivo mais significativo do VEF1, apenas 15% da variabilidade deste parâmetro ventilatório podem ser explicados pelo número de maços-anos. Essa observação sugere que outros fatores genéticos e/ou ambientais contribuam para o impacto do fumo na manifestação da obstrução do fluxo aéreo. Embora a utilização de charutos e cachimbos também possa estar associada à DPOC, as evidências que apoiam esta relação são menos convincentes provavelmente devido às doses menores dos subprodutos do tabaco inalantes quando os indivíduos fumam charutos ou cachimbos. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. • REATIVIDADE DAS VIAS RESPIRATÓRIAS: Um dos principais aspectos que definem a asma é a tendência ao agravamento da broncoconstrição em resposta a diversos estímulos exógenos, incluindo metacolina e histamina . Entretanto, muitos pacientes com DPOC também mostram essa hiper-reatividade das vias respiratórias. A superposição significativa entre os pacientes asmáticos e os pacientes com DPOC, no que se refere à reatividade das vias respiratórias, à obstrução do fluxo aéreo e aos sintomas pulmonares, levou à formulação da hipótese holandesa, a qual sugere que a asma, a bronquite crônica e o enfisema sejam variações da mesma doença básica, modulada por fatores genéticos e ambientais para gerar estes distúrbios patologicamente diferentes. A hipótese britânica alternativa sustenta que a asma e a DPOC sejam doenças fundamentalmente diferentes: a asma é entendida como um processo predominantemente alérgico, e a DPOC resulta da inflamação e lesão relacionadas ao tabagismo. A determinação da validade da hipótese holandesa ou britânica aguarda a identificação dos fatores genéticos predisponentes da asma e/ou DPOC, bem como as interações entre esses fatores genéticos hipotéticos e os fatores de risco ambientais. É importante ressaltar que diversos genes relacionados com a hipótese proteinase-antiproteinase têm sido implicados como determinantes genéticos tanto para a DPOC quanto para a asma, incluindo ADAM33 e a elastase do macrófago (M M P12). Os estudos longitudinais que compararam a reatividade das vias respiratórias no início da pesquisa com o declínio subsequente da função pulmonar demonstraram que a hiperreatividade das vias respiratórias certamente é um fator preditivo significativo da redução subsequente da função respiratória. Assim, a hiperreatividade das vias respiratórias é um fator de risco para a DPOC. • INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS: O impacto das infecções respiratórias dos adultos sobre o declínio da função pulmonar é controvertido, mas reduções a longo prazo e significativas da função pulmonar geralmente não são detectadas depois de um episódio de bronquite ou pneumonia. Tem sido difícil avaliar o impacto dos efeitos das doenças respiratórias infantis no aparecimento subsequente da DPOC, pela inexistência de dados longitudinais adequados. Dessa forma, embora as infecções respiratórias sejam causas importantes das exacerbações de DPOC, a associação entre as infecções respiratórias da infância e da idade adulta e o desenvolvimento e avanço da DPOC ainda não está comprovada. • EXPOSIÇÕES OCUPACIONAIS: O agravamento dos sintomas respiratórios e da obstrução ventilatória tem sido indicado como devido à exposição generalizada à poeira e à fumaça no local de trabalho. Várias exposições ocupacionais específicas, incluindo a poeira de minas de carvão e ouro, assim como da indústria têxtil do algodão, foram sugeridas como fatores de risco para a obstrução crônica das vias respiratórias. Embora os indivíduos não fumantes que trabalhavam nesses locais apresentassem algumas reduções do VEFP a importância da exposição à poeira como fator de risco para DPOC, independentemente do tabagismo, ainda não está esclarecida para a maioria destes casos de exposição. Entretanto, um estudo recente mostrou que a exposição ao pó de minas de carvão foi um significativo fator de risco para o enfisema, tanto nos fumantes quanto nos não fumantes. Na maioria dos casos, a magnitude destas exposições ocupacionais no risco de DPOC parece ser significativamente menos importante do que o efeito do tabagismo. • POLUIÇÃO DO AR AMBIENTE: Alguns pesquisadores descreveram o agravamento dos sintomas respiratórios em indivíduos que viviam em áreas urbanas em comparação com os que residiam em áreas rurais, o que poderia estar relacionado com a poluição mais grave nas regiões urbanas. Contudo, a relação entre poluição do ar e obstrução crônica das vias respiratórias ainda não está comprovada. A exposição prolongada à fumaça produzida pela combustão da biomassa- uma forma comum de se cozinhar em alguns países - também parece ser um fator de risco significativo para a DPOC entre as mulheres naqueles países. Entretanto, na maioria das populações, a poluição do ar ambiente é um fator de risco muito menos importante para a DPOC do que o tabagismo. • EXPOSIÇÃO PASSIVA, OU DE SEGUNDA MÃO, À FUMAÇA DE CIGARRO: A exposição das crianças ao tabagismo materno causa redução significativa do crescimento pulmonar. A exposição intra- uterina à fumaça do tabaco também contribui para as reduções significativas da função pulmonar pós-natal. Embora a exposição passiva à fumaça dos cigarros esteja associada a reduções da função pulmonar, a importância desse fator de risco no desenvolvimento das limitações graves da função respiratória dos pacientes com DPOC permanece incerta. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. • FATORES GENÉTICOS: Embora o tabagismo seja o principal fator de risco ambiental na patogenia da DPOC, o desenvolvimento de obstrução ventilatória nos fumantes é altamente variável. A deficiência grave de alfa i antitripsina (alfa i AT) é um fator de risco genético comprovado para DPOC; existem crescentes evidências de que também existam outros determinantes genéticos • DEFICIÊNCIA DA alfa i – ANTITRIPSINA Descreveram-se muitas variantes do locus do inibidor de protease (IP ou SERPINA 1) que codifica a oqAT. O alelo M comum está associado a níveis normais de eqAT. ~Na maioria das populações brancas, o alelo S (relacionado com níveis ligeiramente reduzidos desta enzima) e o alelo Z (associado à redução acentuada das concentrações da eqAT) também ocorrem com frequências > 1%. Alguns indivíduos raros herdam alelos nulos, que resultam na ausência de qualquer produção de oqAT decorrente de um conjunto heterogêneo de mutações. Os indivíduos com dois alelos Z e um alelo Z e outro nulo são descritos como Piz, a forma mais comum e grave da deficiência de alfa i AT. Embora apenas 1 a 2% dos pacientes com DPOC apresentem deficiência grave de cqAT como um fator contribuinte para a doença, estes indivíduos demonstram que os fatores genéticos podem exercer profunda influência na susceptibilidade à DPOC. Em geral, os indivíduos Piz apresentam DPOC de início precoce, mas a definição dos vieses das séries publicadas de pacientes Piz - que geralmente incluíram muitos indivíduos Piz que foram testados para deficiência de oqAT porque apresentavam DPOC - significa que a porcentagem de indivíduos Piz que manifestarão esta doença e a distribuição da idade de início da doença em tais pacientes ainda não estão claras. Aproximadamente 1 em cada 3.000 norte-americanos herda a deficiência grave de cqAT, mas apenas uma minoria destes indivíduos tem sido detectada. O teste laboratorial clínico usado com maior frequência para se identificar a deficiência de cqAT é a avaliação do seu nível imunológico no soro. Uma porcentagem significativa da variabilidade da função pulmonar entre os indivíduos Pi é explicada pelo tabagismo; os fumantes de cigarros com deficiência grave de oqAT têm mais tendência a desenvolver DPOC com menos idade. Contudo, o desenvolvimento da DPOC nos indivíduos Pi, mesmo entre os fumantes ou ex-fumantes, não é invariável. Entre os indivíduos Pi não fumantes, tem sido observada extrema variabilidade no que se refere à ocorrência de obstrução do fluxo aéreo. A asma e o gênero masculino parecem elevar o risco de DPOC em indivíduos Pi. Outros fatores genéticos e/ou ambientais provavelmente contribuem para tal variabilidade. Existe tratamento específico, sob a forma de terapia de reposição dos níveis da cq AT, para os pacientes com deficiência grave, por meio de infusões IV semanais. Existem controvérsias quanto ao risco de doença pulmonar em indivíduos PiMZ heterozigotos, que têm concentrações séricas intermediárias de eqAT (menos de 60% dos níveis dos pacientes PiMM). Embora os estudos pregressos realizados na população geral não tenham demonstrado índices aumentados de obstrução ventilatória nos indivíduos PiMZ em comparação com os pacientes PiMM, os estudos de casos-controles que compararam os pacientes com DPOC e controles normais não detectaram um excesso de genótipos PiMZ entre o grupo de pacientes com DPOC. Vários estudos populacionais amplos realizados recentemente sugeriram que os indivíduos PiMZ têm risco ligeiramente maior de obstrução ventilatória, mas ainda não está claro se todos apresentam riscos ligeiramente aumentados de DPOC, ou se um subgrupo dos indivíduos PiMZ apresenta risco significativamente aumentado de DPOC devido a outros fatores genéticos ou ambientais • OUTROS FATORES DE RISCO GENÉTICO: Estudos dos parâmetros da função pulmonar realizados com amostras da população geral sugeriram que outros fatores genéticos, além do fenótipo PI, influenciem a variação da função respiratória. A agregação familiar da obstrução ventilatória em algumas famílias com DPOC também foi demonstrada. Estudos de correlação compararam a distribuição das variantes dos genes candidatos teoricamente envolvidos no desenvolvimento da DPOC entre pacientes com esta doença e indivíduos-controles. Contudo, os resultados têm sido bastante inconsistentes, em geral devido aos estudos subdimensionados. Entretanto, um recente estudo de associação compreendendo 8.300 pacientes e sete coortes separadas observou que um alelo minoritário SNP de M M P12 (rs2276109), associado à expressão reduzida de MMP-12, apresentou um efeito positivo sobre a função pulmonar em crianças com asma e em fumantes adultos. Recentes estudos de correlação do genoma inteiro identificaram diversos loci de DPOC, incluindo uma região próxima ao gene que codifica a proteína de interação hedgehog (HHIP), no cromossomo 4 e um conjunto de genes no cromossomo 15 (incluindo componentes do receptor nicotínico da acetilcolina), que provavelmente contém determinantes de suscetibilidade à DPOC, porém os determinantes genéticos específicos destas regiões ainda não foram definitivamente identificados. ~HISTÓRIA NATURAL: Os efeitos do tabagismo sobre a função pulmonar dependem da intensidade da exposição ao tabaco, da fase do crescimento na qual houve a exposição e da função pulmonar inicial do indivíduo; outros fatores ambientais podem produzir efeitos semelhantes. A maioria dos indivíduos segue uma trajetória progressiva de ampliação da função pulmonar com o crescimento durante a infância e adolescência, seguida de declínio gradativo com o envelhecimento. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Os indivíduos parecem entrar em seus quartis de função pulmonar de acordo com fatores genéticos e ambientais, que os colocam em diferentes trajetórias. O risco de mortalidade final por DPOC está diretamente relacionado com níveis reduzidos de VEFj. A MORTE OU LIMITAÇÃO FÍSICA CAUSADAS PELA DPOC PODEM ADVIR DE UMA TAXA NORMAL DE DECLÍNIO DEPOIS DE UMA FASE DE CRESCIMENTO REDUZIDA (CURVA C); DO INÍCIO PRECOCE DO DECLÍNIO DA FUNÇÃO PULMONAR DEPOIS DO CRESCIMENTO NORMAL (CURVA B); OU DO DECLÍNIO ACELERADO DEPOIS DO CRESCIMENTO NORMAL (CURVA D). A taxa de declínio da função pulmonar pode ser modificada pela alteração das exposições ambientais (p. ex., abandono do fumo), mas a interrupção do tabagismo em uma idade menos avançada produz um melhor benefício do que abandonar o fumo depois que já tiverem ocorrido reduções acentuadas da função pulmonar. Fatores genéticos provavelmente contribuem para o nível de função pulmonar alcançado durante o crescimento e a taxa de declínioem resposta ao tabagismo e possivelmente a outros fatores ambientais. FISIOPATOLOGIA: A redução persistente das taxas de fluxo expiratório forçado é a anormalidade mais típica da DPOC. Alguns pacientes também têm aumentos dos volumes residuais e da razão volume residual/capacidade pulmonar total, distribuição heterogênea da ventilação e desigualdade da ventilação- perfusão. • OBSTRUÇÃO DO FLUXO AÉREO: A limitação do fluxo aéreo, também conhecida como obstrução do fluxo aéreo, geralmente é determinada pela espirometria, que inclui manobras de expiração forçada depois que o indivíduo tiver inalado a capacidade pulmonar total. Os parâmetros fundamentais obtidos pela espirometria incluem o VEF-, e o volume total de ar exalado durante toda a manobra espirométrica [CAPACIDADE VITAL FORÇADA (CVF)]. Os pacientes com obstrução do fluxo aéreo relacionada com a DPOC têm reduções crônicas da razão VEFj/CVF. Ao contrário da asma, o VEFX reduzido na DPOC raramente mostra grandes respostas à inalação de broncodilatadores, embora seja comum observar melhora de até 15%. Os pacientes com asma também podem apresentar obstrução crônica do fluxo aéreo (parcialmente reversível). O fluxo aéreo durante a exalação forçada resulta do equilíbrio entre a retração elástica dos pulmões que facilita o fluxo de ar e a resistência das vias respiratórias que dificulta o fluxo. Nos pulmões normais e nos afetados pela DPOC, o fluxo expiratório máximo diminui à medida que os pulmões se esvaziam, porque o parênquima pulmonar gera retração elástica progressivamente menor e porque a área transversa das vias respiratórias diminui, elevando a resistência ao fluxo aéreo. A redução do fluxo de ar que coincide com a diminuição do volume pulmonar é facilmente detectável no componente expiratório da curva de fluxo-volume. Nos estágios iniciais da DPOC, a anormalidade da ventilação é evidenciada apenas com volumes pulmonares situados em torno ou abaixo da capacidade residual funcional (mais próxima do volume residual), aparecendo como uma parte inferior côncava no segmento descendente da curva de fluxo- volume. Nos pacientes com doença mais avançada, a curva inteira mostra redução do fluxo expiratório em comparação com os indivíduos normais. • HIPERINSUFLAÇÃO: Os volumes pulmonares também são avaliados rotineiramente pelas provas de função pulmonar. NA DPOC, GERALMENTE HÁ “RETENÇÃO DE AR” (AUMENTOS DO VOLUME RESIDUAL E DA RAZÃO ENTRE VOLUME RESIDUAL E CAPACIDADE PULMONAR TOTAL) e hiperinsuflação progressiva (ampliação da capacidade pulmonar total) nos estágios avançados da doença. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. A hiperinsuflação do tórax durante o volume corrente preserva o fluxo expiratório máximo, porque, à medida que o volume pulmonar aumenta, a pressão da retração elástica se eleva e as vias respiratórias dilatam-se, de modo que a resistência diminui nessas vias. Apesar de compensar a obstrução das vias respiratórias, a hiperinsuflação pode empurrar o diafragma para uma posição retificada, o que acarreta algumas consequências desfavoráveis. ➔ Primeiramente, devido à redução da zona de aposição entre o diafragma e a parede do abdome, a pressão abdominal positiva durante a inspiração não é aplicada de forma tão eficiente na parede torácica, limitando os movimentos do gradil costal e dificultando a inspiração. ➔ Em segundo lugar, como as fibras musculares do diafragma retificado são mais curtas do que as do diafragma com curvatura mais normal possuem menor capacidade de gerar pressões inspiratórias do que as fibras normais. ➔ Em terceiro lugar, o diafragma retificado (com o aumento do raio de curvatura, r) precisa gerar tensão maior (t) para desenvolver a pressão transpulmonar (p) necessária para produzir o volume corrente, o que respeita a lei de Laplace, ondep = 2t/r. Além disso, como o gradil torácico está distendido além do seu volume de repouso normal, durante o volume corrente os músculos inspiratórios precisam realizar esforço para suplantar a resistência do gradil torácico e insuflar ainda mais os pulmões, em vez de contar com a colaboração normal da retração da parede torácica em direção ao seu volume de repouso. • TROCA GASOSA: Embora exista significativa variabilidade nas relações entre V E P e as anormalidades fisiológicas da DPOC, é possível fazer algumas generalizações. Em geral, a PaC02 permanece praticamente normal até que o VEFj fique reduzido a < 50% do valor previsto, e níveis ainda mais baixos de valores de VEFj podem estar associados a valores normais de Pa02, pelo menos em repouso. Uma elevação do nível arterial de dióxido de carbono (PaC02) não é esperada até que o VEF-l seja < 25% do valor previsto e, ainda assim, este aumento pode não ocorrer. A HIPERTENSÃO PULMONAR GRAVE, A PONTO DE CAUSAR COR PULMONCDE E INSUFICIÊNCIA VENTRICULAR DIREITA DECORRENTE DA DPOC, OCORRE NOS INDIVÍDUOS COM REDUÇÕES EXTREMAS DO VEFJ (< 25% DO PREVISTO) E COM HIPOXEMIA CRÔNICA (PACQ2 < 55 MMHG); entretanto, evidências recentes sugerem que alguns pacientes irão desenvolver hipertensão pulmonar significativa independentemente da severidade da DPOC. Ventilação heterogênea e desigualdade da ventilação- perfusão são anormalidades típicas da DPOC, refletindo a natureza heterogênea da doença envolvendo as vias respiratórias e o parênquima pulmonar. Estudos fisiológicos são compatíveis com a existência de vários compartimentos parenquimatosos apresentando taxas de ventilação distintas, em virtude das variações regionais na complacência e resistência das vias respiratórias. ➔ A desigualdade da ventilação – perfusão é responsável por quase toda a redução da PaG2 associada à DPOC; o volume de shunt é mínimo. Essa observação explica a eficácia das elevações modestas do oxigênio inspirado no tratamento da hipoxemia causada pela doença e, portanto, a necessidade de investigar outros problemas além da DPOC, quando for difícil corrigir a hipoxemia com níveis modestos de oxigênio suplementar em pacientes acometidos. PATOLOGIA: ❖ A exposição à fumaça dos cigarros pode afetar as vias respiratórias de grande e pequeno calibres (diâmetro < 2 mm) e os alvéolos. ❖ As alterações das vias respiratórias de grande calibre provocam tosse e expectoração, e as anormalidades das pequenas vias respiratórias e dos alvéolos são responsáveis pelas alterações fisiológicas. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ❖ O enfisema e as anormalidades das vias respiratórias de pequeno calibre estão presentes na maioria dos pacientes com DPOC; entretanto, não parecem estar mecanicamente relacionados um ao outro e suas contribuições relativas para a obstrução variam de caso a caso. • VIAS RESPIRATÓRIAS DE GRANDE CALIBRE: Em geral, o tabagismo de cigarros causa dilatação das GLÂNDULAS MUCOSAS e HIPERPLASIA DAS CÉLULAS CALICIFORMES levando à tosse e expectoração de muco que definem a bronquite crônica, mas estas anormalidades não estão relacionadas com a limitação do fluxo aéreo. ➔ As células caliciformes aumentam não apenas em número, mas também em extensão na árvore brônquica. ➔ Os brônquios também sofrem metaplasia escamosa, predispondo à carcinogênese e interrompendo a depuração mucociliar. Embora não seja tão marcante quanto se observa na asma, os pacientes podem ter hipertrofia da musculatura lisa e hiperrreatividade brônquica acarretando limitação do fluxo aéreo. ➔ O afluxo de neutrófilos está associado à expectoração purulenta das infecções das viasrespiratórias superiores. Independentemente da sua atividade proteolítica, a elastase dos neutrófilos encontra-se entre os estimuladores de secreção mais potentes conhecidos. • VIAS RESPIRATÓRIAS DE PEQUENO CALIBRE: Na maioria dos pacientes com DPOC, o principal local de aumento da resistência são as vias respiratórias com diâmetro < 2 mm. ➔ AS ALTERAÇÕES CELULARES TÍPICAS SÃO METAPLASIA DAS CÉLULAS CALICIFORMES, com estas células secretoras de muco substituindo as células Clara secretoras de surfactante. ➔ A INFILTRAÇÃO DE FAGÓCITOS MONONUCLEARES TAMBÉM É SIGNIFICATIVA. ➔ Também pode haver hipertrofia da musculatura lisa. ➔ Essas anormalidades podem causar estreitamento do lúmen por fibrose, excesso de muco, edema e infiltração celular. ➔ A redução do surfactante pode aumentar a tensão superficial na interface entre o ar e tecidos, predispondo ao estreitamento ou colapso das vias respiratórias. ➔ A bronquiolite respiratória com acúmulo de células inflamatórias mononucleares nos tecidos das vias respiratórias distais pode causar destruição proteolítica das fibras elásticas dos bronquíolos respiratórios e duetos alveolares, nos quais as fibras estão concentradas em forma de anéis ao redor das entradas dos alvéolos. ➔ Como a permeabilidade das pequenas vias respiratórias é mantida pelo parênquima pulmonar circundante, que gera tração radial sobre os bronquíolos nos pontos de fixação aos septos alveolares, a perda das inserções bronquiolares em razão de destruição da matriz extracelular pode causar distorção e estreitamento das vias respiratórias dos pacientes com DPOC. • PARÊNQUIMA PULMONAR: O enfisema caracteriza-se por destruição dos espaços aéreos envolvidos na troca gasosa, ou seja, bronquíolos respiratórios, duetos alveolares e alvéolos. As paredes dessas estruturas tornam-se perfuradas e mais tarde seu lúmen é obstruído pela coalescência de pequenos espaços aéreos independentes para formar espaços aéreos anormais e muito maiores. ➔ OS MACRÓFAGOS ACUMULAM-SE NOS BRONQUÍOLOS RESPIRATÓRIOS DE ESSENCIALMENTE TODOS OS FUMANTES JOVENS. ➔ O lavado broncoalveolar desses pacientes contém quantidades quase CINCO VEZES MAIORES DE MACRÓFAGOS EM COMPARAÇÃO COM AS AMOSTRAS OBTIDAS DE INDIVÍDUOS NÃO FUMANTES. ➔ No lavado broncoalveolar de fumantes, os macrófagos constituem > 95% das contagens totais de células, e os neutrófilos, praticamente ausentes nos lavados dos não fumantes, representam 1 a 2% das células. ➔ Os linfócitos T, principalmente as células CD8+, também estão aumentados no espaço alveolar dos fumantes. O enfisema é classificado em tipos patológicos diferentes, dos quais os mais importantes são o centroacinar e pan-acinar. O enfisema centroacinar, associado mais comumente ao tabagismo, caracteriza-se por dilatação dos espaços aéreos envolvendo (inicialmente) os bronquíolos respiratórios. Esse tipo de enfisema é normalmente mais marcante nos lobos superiores e segmentos superiores dos lobos inferiores, sendo geralmente focal. O termo enfisema pan-acinar refere-se à presença de espaços aéreos anormalmente grandes que se distribuem uniformemente dentro e ao longo das unidades acinares. Em geral, o enfisema pan-acinar é observado nos pacientes com deficiência de oqAT, que mostra predileção pelos lobos inferiores. A diferenciação entre os enfisemas centroacinar e pan- acinar é interessante, podendo, por fim, ficar demonstrado que possuem mecanismos patogênicos distintos. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Entretanto, o enfisema trivial associado ao tabagismo geralmente é misto, em especial nos casos avançados; essas classificações patológicas não são úteis ao tratamento dos pacientes com DPOC. ~PATOGENIA: A LIMITAÇÃO DO FLUXO AÉREO, A PRINCIPAL ALTERAÇÃO FISIOLÓGICA DA DPOC, PODE ADVIR DA OBSTRUÇÃO DAS PEQUENAS VIAS RESPIRATÓRIAS E DO ENFISEMA. A fibrose em torno dessas vias respiratórias de menor calibre parece ser um fator contribuinte significativo. ➔ Os mecanismos que levam ao acúmulo de colágeno ao redor das vias respiratórias, na presença de atividade colagenase exacerbada, ainda não foram esclarecidos. Embora aparentemente sejam contraditórios, existem vários mecanismos potenciais por meio dos quais uma proteinase pode predispor à fibrose, como a ativação proteolítica do fator do crescimento transformador beta (TGF-(beta). Em grande parte devido à maior similaridade entre os espaços aéreos animais e humanos, do que em relação às vias respiratórias, hoje sabemos muito mais sobre os mecanismos envolvidos no enfisema do que na obstrução das pequenas vias respiratórias. O paradigma dominante da patogenia do enfisema compreende quatro eventos interrelacionados: (1) A EXPOSIÇÃO CRÔNICA À FUMAÇA DE CIGARROS PODE ESTIMULAR O RECRUTAMENTO DAS CÉLULAS INFLAMATÓRIAS PARA OS ESPAÇOS AÉREOS TERMINAIS DO PULMÃO. (2) ESSAS CÉLULAS INFLAMATÓRIAS LIBERAM PROTEINASES ELASTOLÍTICAS QUE DESTROEM A MATRIZ EXTRACELULAR DOS PULMÕES. (3) A MORTE CELULAR ESTRUTURAL RESULTA DO STRESS OXIDATIVO E DA PERDA DE ADERÊNCIA CÉLULAS- MATRIZ. (4) UM REPARO INEFICAZ DA ELASTINA E TALVEZ DE OUTROS COMPONENTES DA MATRIZ EXTRACELULAR LEVA AO ALARGAMENTO DOS ESPAÇOS AÉREOS QUE DEFINE O ENFISEMA PULMONAR. • HIPÓTESE ELASTASE/ ANTIELASTASE: A elastina, principal componente das fibras elásticas, é um componente altamente estável da matriz extracelular, fundamental à integridade do pulmão. A hipótese da elastase:antielastase, sugerida em meados da década de 1960, PROPÕE QUE O EQUILÍBRIO ENTRE AS ENZIMAS QUE DEGRADAM A ELASTINA E SEUS INIBIDORES DETERMINE A SUSCETIBILIDADE DO PULMÃO À DESTRUIÇÃO, O QUE INDUZ À DILATAÇÃO DOS ESPAÇOS AÉREOS . Essa hipótese foi baseada na observação clínica que pacientes com deficiência genética em eAT, o inibidor da elastase do neutrófilo (uma serino-protease), estão sujeitos a um maior risco de enfisema e que a injeção de elastases, incluindo a elastase do neutrófilo, em animais de laboratório leva ao enfisema. A hipótese da elastase:antielastase permanece como um mecanismo prevalente para o desenvolvimento do enfisema. Entretanto, uma complexa rede de células imunes e inflamatórias e proteases adicionais que contribuem para o enfisema têm sido sequencialmente identificadas. • INFLAMAÇÃO E PROTEÓLISE DA MATRIZ EXTRACELULAR: Em condições normais, os macrófagos patrulham os espaços aéreos inferiores. ➔ Em caso de exposição aos oxidantes da fumaça de cigarro, os macrófagos se tornam ativados, produzindo proteinases e quimiocinas que atraem outras células inflamatórias. ➔ Um mecanismo de ativação do macrófago ocorre por meio da inativação da desacetilase-2 da histona, induzida pelos oxidantes, deslocando o equilíbrio para a cromatina acetilada ou frouxa, expondo os sítios do fator nuclear k B e levando à transcrição das metaloproteinases da matriz, das citocinas pró- inflamatórias, como a interleucina 8 (IL-8) e do fator de necrose tumoral a (TNF-a); ESSES EVENTOS LEVAM AO RECRUTAMENTO DE NEUTRÓFILOS. ➔ As células T CD8+ também são recrutadas em resposta à fumaça de cigarro e liberam a proteína- 10 induzida pelo interferon (IP-10, CXCL-7), que por sua vez leva o macrófago a produzir a sua própria elastase [metalo- protease-12 da matriz (MMP-12)]. ➔ AS METALOPROTEASES DA MATRIZ E AS SERINOPROTEASES, PRINCIPALMENTE A ELASTASE DO NEUTRÓFILO, TRABALHAM EM CONJUNTO DEGRADANDO UMA O INIBIDOR DA OUTRA, LEVANDO À DESTRUIÇÃO DO PULMÃO. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23.➔ Os produtos da clivagem proteolítica da elastina também funcionam como uma quimiocina do macrófago, alimentando esse ciclo destrutivo. Os mecanismos autoimunes foram recentemente identificados na DPOC e podem promover a progressão da doença. ➔ Observa-se um aumento de células B e folículos linfoides em pacientes, particularmente naqueles com a doença avançada. ➔ Também foram encontrados anticorpos contra fragmentos de elastina e auto anticorpos IgG com avidez pelo epitélio pulmonar e com potencial para mediar citotoxicidade. A perda simultânea dos cílios do epitélio das vias respiratórias induzida pela fumaça de cigarros e o comprometimento da fagocitose dos macrófagos predispõem à infecção bacteriana com neutrofilia. Na doença pulmonar terminal, muito tempo após o abandono do tabagismo, ainda se observa resposta inflamatória exuberante, sugerindo que os mecanismos inflamatórios induzidos pela fumaça de cigarros, responsável pela doença, sejam diferentes dos mecanismos que mantêm a inflamação depois da interrupção do tabagismo. ~MORTE CELULAR: A dilatação dos espaços aéreos com perda das unidades alveolares certamente requer o desaparecimento da matriz extracelular e das células. A morte celular pode ocorrer devido ao aumento do stress oxidativo, tanto de forma direta a partir da fumaça de cigarros quanto a partir da inflamação. Modelos animais têm utilizado a morte celular de células endoteliais e epiteliais como forma de gerar um alargamento transitório dos espaços aéreos. A ingestão de células apoptóticas pelos macrófagos resulta na produção de fatores de crescimento e interrompe a inflamação, promovendo o reparo do pulmão. A fumaça do cigarro compromete a ingestão de células apoptóticas pelo macrófago, limitando assim o reparo. • REPARO INEFICAZ: A capacidade de reparo dos alvéolos lesionados dos pulmões adultos parece ser limitada. É improvável que o processo de septação, responsável pela formação dos alvéolos durante o desenvolvimento do pulmão, possa ser reativado. A capacidade das células progenitoras em repopular o pulmão está sob investigação. Parece difícil que um ser humano adulto recupere completamente a matriz extracelular apropriada, principalmente as fibras elásticas funcionais. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • ANAMNESE: Os três sintomas mais comuns na DPOC são tosse, produção de escarro e dispneia aos esforços. Alguns pacientes têm esses sintomas durante vários meses ou anos, antes de buscarem auxílio médico. Embora o aparecimento de obstrução do fluxo aéreo seja um processo gradativo, muitos pacientes assinalam que o início da sua doença coincidiu com uma doença aguda ou exacerbação. Entretanto, a história cuidadosa geralmente revela a existência de sintomas antes da exacerbação aguda. O início da dispneia de esforço, frequentemente descrita como aumento da força para respirar, sensação de peso, falta de ar ou respiração arquejante, pode ser insidioso. Essa queixa é evidenciada mais claramente pela história detalhada enfatizando as atividades físicas típicas e de que forma a capacidade de realizá-las foi modificada. As atividades que envolvem esforço significativo com os braços elevados ao nível ou acima do ombro são particularmente difíceis para os pacientes com DPOC. Por outro lado, as atividades que permitem que o paciente estique os braços e use os músculos acessórios da respiração são mais bem toleradas. São exemplos desse tipo de atividade empurrar um carrinho de compras, caminhar em uma esteira com os braços apoiados ou empurrar uma cadeira de rodas. À medida que a DPOC avança, a principal manifestação é o agravamento da dispneia aos esforços com crescente interferência na capacidade de realizar atividades profissionais ou de outros tipos. NOS ESTÁGIOS MAIS AVANÇADOS, OS PACIENTES SENTEM DISPNEIA QUANDO EXECUTAM AS ATIVIDADES QUOTIDIANAS. Simultaneamente ao agravamento da obstrução do fluxo aéreo, há um aumento na frequência das exacerbações. Os pacientes também podem manifestar hipoxemia em repouso e necessitar de oxigênio suplementar. • ACHADOS FÍSICOS: Nos estágios iniciais da DPOC, os pacientes costumam apresentar um exame físico absolutamente normal. OS FUMANTES podem apresentar sinais de tabagismo ativo, como odor de fumaça ou manchas de nicotina nas unhas dos dedos da mão. NOS PACIENTES COM DOENÇA MAIS GRAVE, o exame físico caracteriza-se por uma fase expiratória longa e pode incluir sibilância à expiração. Além disso, os sinais de hiperinsuflação são tórax em barril e ampliação dos volumes pulmonares com limitação das excursões diafragmáticas avaliadas pela percussão. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. OS PACIENTES COM OBSTRUÇÃO GRAVE DO FLUXO AÉREO TAMBÉM PODEM MOSTRAR QUE USAM OS MÚSCULOS ACESSÓRIOS DA RESPIRAÇÃO, SENTANDO- SE NA POSIÇÃO TÍPICA DE “TRIPÉ” PARA FACILITAR AS AÇÕES DOS MÚSCULOS ESTERNOCLEIDOMASTÓIDEOS, ESCALENOS E INTERCOSTAIS. Alguns pacientes podem ter cianose nos lábios e leitos ungueais. Embora o ensino tradicional diga que os pacientes com enfisema predominante, descritos como “sopradores rosados” (pink puffers), sejam magros, não cianóticos durante o repouso e façam uso importante dos músculos acessórios, e que os pacientes com bronquite crônica apresentem maior probabilidade de serem pesados e cianóticos (blue bloaters), evidências atuais demonstram que a maior parte dos pacientes apresenta elementos tanto de bronquite quanto de enfisema e que o exame físico não diferencia confiavelmente as duas entidades. ➔ A doença avançada pode acompanhar-se de consumpção sistêmica com perda significativa de peso, depressão bitemporal e perda difusa do tecido adiposo subcutâneo. ➔ Tal síndrome tem sido associada à ingestão oral inadequada e níveis elevados das citocinas inflamatórias (TNF-a). ➔ A CONSUMPÇÃO É UM FATOR INDEPENDENTE DE PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL NA DPOC. ➔ Alguns pacientes com doença avançada apresentam movimentos paradoxais do gradil costal para dentro durante a inspiração (sinal de Hoover), uma consequência da alteração do vetor de contração diafragmática no gradil costal em virtude da hiperinsuflação crônica. Os sinais e sintomas inequívocos de insuficiência cardíaca direita, conhecida como cor pulmonale, são relativamente incomuns desde o advento da oxigenoterapia suplementar. ➔ O baqueteamento digital NÃO É UM SINAL DE DPOC, e sua ocorrência deve alertar o médico para a necessidade de iniciar uma investigação das causas deste sinal. Nessa população, o câncer pulmonar é a explicação mais provável para o baqueteamento digital de início recente. • ACHADOS LABORATORIAIS: A manifestação clássica da DPOC é obstrução do fluxo aéreo. As provas de função pulmonar mostram obstrução ventilatória com reduções do VEFj e da razão VEF/CVF. Com o agravamento da doença, os volumes pulmonares podem aumentar, resultando na ampliação da capacidade pulmonar total, capacidade residual funcional e volume residual. Nos pacientes com enfisema, a capacidade de difusão pode estar reduzida, refletindo a destruição parenquimatosa típica da doença. O grau de obstrução do fluxo aéreo é um fator prognóstico importante da DPOC e constitui a base do sistema de classificação redundante da Iniciativa Global para Doença Pulmonar. MAIS RECENTEMENTE TEM SIDO DEMONSTRADO QUE UM ÍNDICE MULTIFATORIAL, INCORPORANDO A OBSTRUÇÃO DO FLUXO AÉREO, O DESEMPENHO NO EXERCÍCIO, A DISPNEIA E O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL, É UM MELHOR PREVISOR DA TAXA DE MORTALIDADE DO QUE A FUNÇÃO PULMONAR ISOLADA. ➔ OS VALORES DA GASOMETRIA ARTERIAL E A OXIMETRIA PODEM DEMONSTRAR HIPOXEMIA EM REPOUSO OU EM SITUAÇÃO DE ESFORÇO. ➔ A GASOMETRIA DO SANGUEARTERIAL fornece informações adicionais quanto à ventilação alveolar e equilíbrio ácido-básico, tomando como base os níveis da PaCo2 arterial e do pH. ➔ As alterações do pH com as variações da Pacc>2 são de 0,08 unidade/10 mmHg nos estados agudos e de 0,03 unidade/10 mmHg na fase crônica. ➔ Por essa razão, a determinação do pH arterial permite a classificação da insuficiência ventilatória, definida por PaC02 > 45 mmHg, nas formas aguda ou crônica. ➔ A gasometria arterial é um componente importante da avaliação dos pacientes que se apresentam com sintomas de exacerbação. ➔ UM HEMATÓCRITO ELEVADO SUGERE A PRESENÇA DE HIPOXEMIA CRÔNICA, ASSIM COMO A EXISTÊNCIA DE SINAIS DE HIPERTROFIA VENTRICULAR DIREITA. OS EXAMES RADIOGRÁFICOS AJUDAM A CLASSIFICAR O TIPO DE DPOC. ✓ Bolhas evidentes, escassez da trama parenquimatosa ou hipertransparência sugerem enfisema. ✓ O aumento dos volumes pulmonares e a retificação do diafragma indicam hiperinsuflação, mas não fornecem indícios quanto à cronicidade das alterações. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ✓ Hoje, a tomografia computadorizada (TC) é o exame definitivo para confirmar a presença ou ausência de enfisema em indivíduos vivos. Sob o ponto de vista prático, a TC tem pouca influência no tratamento dos pacientes com DPOC, exceto para os indivíduos nos quais se considera uma intervenção cirúrgica para sua doença. Pesquisas recentes sugerem a realização do teste para a deficiência de cXjAT em todos os indivíduos com DPOC ou asma com obstrução crônica do fluxo aéreo. ➔ A mensuração do nível sérico de eqAT é um teste inicial razoável. ➔ Para os indivíduos com baixos níveis de ajAT, o diagnóstico definitivo da deficiência de cqAT depende da determinação do tipo PI, o que geralmente é realizado pela focalização isoelétrica do soro, a qual reflete o genótipo do locus PI para os alelos comuns e para alguns alelos PI raros. ➔ A genotipagem molecular do DNA pode ser usada para estudar os alelos PI comuns (M, S e Z). • TESTE DE FUNÇÃO PULMONAR: Os testes de função pulmonar (TFP), particularmente a espirometria, são a pedra angular da avaliação diagnóstica de pacientes com suspeita de DPOC. Além disso, os TFP são usados para determinar a gravidade da limitação do fluxo de ar, avaliar a resposta aos medicamentos e acompanhar a progressão da doença. • ESPIROMETRIA: ✓ Ao avaliar um paciente para possível DPOC, a espirometria é realizada antes e após a administração do broncodilatador (por exemplo, inalação de salbutamol 400 mcg) para determinar se a limitação do fluxo de ar está presente e se é parcial ou totalmente reversível. ✓ A limitação do fluxo aéreo que é irreversível ou apenas parcialmente reversível com broncodilatador é a característica fisiológica característica da DPOC. A espirometria de triagem não é atualmente recomendada. Em contraste, a espirometria deve ser realizada em pacientes com sintomas sugestivos. Os valores mais importantes medidos durante a espirometria são o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF) e a capacidade vital forçada (CVF). ✓ A RELAÇÃO PÓS-BRONCODILATADOR DE VEF / CVF DETERMINA SE A LIMITAÇÃO DO FLUXO AÉREO ESTÁ PRESENTE; ✓ O VALOR PREDITO PERCENTUAL PÓS- BRONCODILATADOR PARA VEF DETERMINA A GRAVIDADE DA LIMITAÇÃO DO FLUXO DE AR. • RADIOGRAFIA DO TÓRAX: Os principais motivos para obter uma radiografia de tórax ao avaliar um paciente para DPOC são excluir diagnósticos alternativos, avaliar comorbidades (por exemplo, câncer de pulmão com obstrução das vias aéreas, bronquiectasia, doença pleural, doença pulmonar intersticial, insuficiência cardíaca) ou procure complicações da DPOC (por exemplo, pneumonia, pneumotórax) que podem ser sugeridas por uma mudança nos sintomas. AS RADIOGRAFIAS SIMPLES DE TÓRAX TÊM BAIXA SENSIBILIDADE PARA DETECTAR DPOC. Como exemplo, apenas cerca de metade dos pacientes com DPOC de gravidade moderada são identificados como portadores de DPOC por uma radiografia simples de tórax (ou seja, sensibilidade de 50 por cento). As características radiográficas sugestivas de DPOC (geralmente observadas na doença avançada) incluem: Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. • Sombras vasculares diminuindo rapidamente, radioluscência aumentada do pulmão, um diafragma plano e uma sombra longa e estreita do coração em uma radiografia frontal. • Um contorno diafragmático plano e um aumento do espaço aéreo retroesternal em uma radiografia lateral. Esses achados são devidos à hiperinsuflação. • Bolhas, definidas como áreas radiolúcidas maiores que um centímetro de diâmetro e rodeadas por sombras arqueadas na linha do cabelo. Eles são causados por doença localmente grave e podem ou não ser acompanhados por enfisema generalizado. • Quando a DPOC avançada leva à hipertensão pulmonar e cor pulmonale, sombras vasculares hilares proeminentes e invasão da sombra do coração no espaço retroesternal podem ser vistas. O aumento cardíaco pode se tornar evidente apenas em comparação com radiografias de tórax anteriores. ➔ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA: A TC tem maior sensibilidade e especificidade do que a radiografia de tórax padrão para a detecção de enfisema. Isso é particularmente verdadeiro com TC de alta resolução (isto é, colimação de 1 a 2 mm). ✓ O uso de varreduras expiratórias, particularmente quando usadas em conjunto com as varreduras inspiratórias, também pode ser usado para avaliar o aprisionamento de ar não enfisematoso como uma medida substituta para pequenas anomalias das vias aéreas. No entanto, a tomografia computadorizada não é necessária para o diagnóstico de rotina da DPOC. ✓ Normalmente, é realizada quando uma mudança nos sintomas sugere uma complicação da DPOC (por exemplo, pneumonia, pneumotórax, bolhas gigantes), um diagnóstico alternativo (por exemplo, doença tromboembólica) é suspeito, o rastreamento do câncer de pulmão é indicado ou um paciente está sendo considerado para redução médica do volume pulmonar com válvulas endobrônquicas, cirurgia de redução do volume pulmonar ou transplante pulmonar. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Certos recursos de tomografia computadorizada podem determinar se o enfisema é centriacinar (centrolobular), panacinar ou para-septal, embora isso geralmente não seja necessário para o manejo clínico • O enfisema centriacinar ocorre preferencialmente nos lobos superiores e produz orifícios no centro dos lóbulos pulmonares secundários. As paredes dos espaços enfisematosos são geralmente imperceptíveis, mas os vasos centrais podem ser visíveis. • Em contraste, as paredes dos cistos na histiocitose de Langerhans pulmonar, outra doença pulmonar cística em fumantes de cigarro, são mais espessas. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. 2. ESTUDAR A FISIOPATOLOGIA DA ASMA. 1. Conceito; 2. Classificação; 3. Fatores de risco; 4. Fisiopatologia -Mediadores inflamatórios, processo inflamatório; 5. Manifestações Clínicas; 6. Diferenciar Asma de DPOC. CONCEITO: ✓ A ASMA É UMA SÍNDROME QUE SE CARACTERIZA POR OBSTRUÇÃO DAS VIAS RESPIRATÓRIAS COM EVOLUÇÃO ACENTUADAMENTE VARIÁVEL, TANTOESPONTANEAMENTE QUANTO EM RESPOSTA AO TRATAMENTO. Os pacientes asmáticos apresentam um tipo especial de inflamação das vias respiratórias, que os tornam mais sensíveis que os indivíduos normais a uma ampla variedade de estímulos desencadeantes; isto provoca estreitamento excessivo das vias respiratórias, redução do fluxo ventilatório e sinais e sintomas como sibilos e dispneia. ✓ Em geral, o estreitamento das vias respiratórias é reversível, mas alguns pacientes com asma crônica podem ter um componente de obstrução ventilatória irreversível. A prevalência crescente de asma em todo o mundo, o ônus expressivo que a doença impõe aos pacientes e os custos elevados da assistência à saúde motivaram pesquisas aprofundadas sobre seus mecanismos e seu tratamento. ETIOLOGIA: A asma é uma doença heterogênea com fatores genéticos e ambientais interrelacionados. Vários fatores de risco foram implicados. • ATOPIA: Atopia (do grego ἀτοπία, absurdo) é um termo médico para predisposição a reações de hipersensibilidade tipo 1 (respostas alérgicas). Indivíduos com atopia possuem uma predisposição a doenças alérgicas como asma, rinite, dermatite atópica e conjuntivite. A atopia possui um fator hereditário importante. Atopia é o principal fator de risco para asma e os indivíduos não atópicos têm risco muito pequeno de desenvolver esta doença. ✓ OS PACIENTES ASMÁTICOS FREQUENTEMENTE TÊM OUTRAS DOENÇAS ATÓPICAS, SOBRETUDO RINITE ALÉRGICA (DETECTADA EM MAIS DE 80% DOS ASMÁTICOS) E DERMATITE (ECZEMA) ATÓPICA. A atopia pode ser evidenciada em 40 a 50% das populações dos países desenvolvidos, mas apenas um percentual pequeno dos indivíduos atópicos desenvolve asma. Essa observação sugere que algum outro fator (ou fatores) ambiental ou genético predisponha ao desenvolvimento da asma pelos indivíduos atópicos. ✓ Os alergênios que causam sensibilização geralmente são proteínas com atividade de protease e OS ALERGÊNIOS MAIS COMUNS SÃO DERIVADOS DOS ÁCAROS DA POEIRA DOMÉSTICA, DOS PELOS DE GATOS E CÃES, DAS BARATAS (NAS CIDADES RURAIS), DO PÓLEN DAS GRAMÍNEAS E DAS ÁRVORES E DOS ROEDORES (NOS PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM EM LABORATÓRIOS). ✓ A atopia é causada pela produção geneticamente determinada de anticorpos IgE específicos e alguns pacientes têm história familiar de doenças alérgicas. • ASMA INTRÍNSECA: Um percentual pequeno (cerca de 10%) dos pacientes asmáticos tem testes cutâneos negativos aos alergênios inalatórios comuns e concentrações séricas normais de IgE. ✓ Esses pacientes com asma não atópica ou intrínseca geralmente têm doença de início mais tardio (asma de início na vida adulta), com frequência também APRESENTAM PÓLIPOS NASAIS E PODEM SER SENSÍVEIS AO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO. ✓ Em geral, esses pacientes têm doença mais grave e persistente. EXISTEM POUCAS INFORMAÇÕES QUANTO AO MECANISMO DA ASMA INTRÍNSECA, MAS A IMUNOPATOLOGIA DAS BIÓPSIAS BRÔNQUICAS E DO ESCARRO PARECE SER IDÊNTICA À OBSERVADA NA ASMA ATÓPICA. ➔ RECENTEMENTE, SURGIRAM EVIDÊNCIAS DE PRODUÇÃO LOCAL EXAGERADA DE IGE NAS VIAS RESPIRATÓRIAS, O QUE SUGERE A PARTICIPAÇÃO DE MECANISMOS COMUNS MEDIADOS POR ESTA IMUNOGLOBULINA; ➔ AS ENTEROTOXINAS ESTAFILOCÓCICAS QUE ATUAM COMO “SUPERANTÍGENOS” TAMBÉM FORAM IMPLICADAS. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. • INFECÇÕES: Embora as infecções virais sejam fatores desencadeantes comuns das exacerbações da asma, ainda não está claro se elas desempenham alguma função etiológica. ▪ Há alguma correlação entre infecção pelo vírus sincicial respiratório na lactência e desenvolvimento de asma, mas é difícil determinar a patogenia específica porque esta infecção é muito comum nas crianças. ▪ Mais recentemente, bactérias atípicas como Mycoplasma e Chlamydophila foram implicadas na patogenia da asma grave, mas até agora as evidências em favor de uma associação real não são muito convincentes. • CONSIDERAÇÕES GENÉTICAS: A ASSOCIAÇÃO FAMILIAR DA ASMA E UM GRAU EXPRESSIVO DE CONCORDÂNCIA DESTA DOENÇA ENTRE GÊMEOS IDÊNTICOS SUGEREM UMA PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA; contudo, ainda não está claro se os genes que predispõem à asma são semelhantes ou diferentes dos que predispõem à atopia. Hoje, parece provável que genes diferentes também possam contribuir especificamente para asma e há evidências crescentes de que a gravidade da doença também seja determinada geneticamente. Triagens genéticas com análises clássicas de linkage e dos polimorfismos de nucleotídios simples de vários genes potenciais INDICARAM QUE A ASMA SEJA POLIGÊNICA, isto é, cada gene identificado produz um efeito pequeno que geralmente não se reproduz nas diferentes populações. Essa observação sugere que a interação de alguns genes seja importante e isto pode variar em diferentes populações. OS ACHADOS MAIS CONSISTENTES FORAM AS ASSOCIAÇÕES COM OS POLIMORFISMOS DOS GENES DO CROMOSSOMO 5Q, INCLUSIVE DAS INTERLEUCINAS (IL) 4, IL-5, IL-9 E IL-13 DAS CÉLULAS T AUXILIARES TIPO 2 (TH2), QUE ESTÃO ASSOCIADAS À ATOPIA. Existem evidências crescentes de uma interação complexa entre os polimorfismos genéticos e fatores ambientais, mas serão necessários estudos com grandes populações para elucidar estas relações. ➔ Novos genes associados à asma, inclusive AD AM -33, DPP-10 e GPRA, também foram identificados por clonagem posicionai, mas sua função na patogenia da doença ainda é desconhecida. Estudos recentes de associação genômica global identificaram outros genes, mas sua contribuição funcional ainda não foi determinada. Os polimorfismos genéticos também podem ser importantes para se determinar a resposta ao tratamento da asma. ➔ Por exemplo, a variante Arg-Gly-16 do receptor (32 está associada à resposta atenuada aos agonistas (32, enquanto as repetições de uma sequência de reconhecimento Spl na região promotora da 5-lipo- oxigenase podem influenciar a resposta aos bloqueadores dos leucotrienos. Contudo, esses efeitos são brandos e inconsistentes e ainda não foram definidas quaisquer implicações para o tratamento da asma. • FATORES AMBIENTAIS: É provável que fatores ambientais presentes nos primeiros anos de vida determinem quais indivíduos atópicos serão asmáticos. A prevalência crescente de asma ao longo das últimas décadas, principalmente nos países em desenvolvimento, também indica a importância da interação entre predisposição genética e fatores ambientais. • HIPÓTESE DA HIGIENE: A observação de que a sensibilização alérgica e a asma eram menos comuns nas crianças que tinham irmãos mais velhos foi o primeiro indício de que níveis mais baixos de infecção poderia ser um fator importante para o aumento do risco de asma nos estratos socioeconômicos mais abastados. ➔ A “hipótese da higiene” propõe que a raridade das infecções nos primeiros anos de vida preserve a reatividade das Th2 ao nascer, enquanto a exposição aos agentes infecciosos e às endotoxinas provoque um desvio no sentido do predomínio da resposta imune TH1 protetora. ➔ Crianças criadas em áreas rurais expor a níveis altos de endotoxinas têm menos tendência a desenvolver sensibilização alérgica que crianças criadas em fazendas de gado leiteiro. ➔ Infecções por parasitos intestinais também podem estar associadas à diminuição do risco de desenvolver asma. Embora tenha suporte epidemiológico expressivo, essa hipótese não consegue explicar o aumento proporcional das doenças desencadeadas pelas células TH1 (inclusive diabetes) no mesmo período. • DIETA O papel dos fatores dietéticos é controverso. ▪ Estudos de observação mostraram que dietas pobres em antioxidantes (vitaminas A e C), magnésio, selênio e gorduras polinsaturadasômega-3 (óleo de peixe), ou ricas em sódio e polinsaturadas ômega-6, ESTAVAM ASSOCIADAS AO RISCO MAIS ALTO DE DESENVOLVER ASMA. ▪ A deficiência de vitamina D também pode predispor ao desenvolvimento da doença. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Entretanto, estudos de intervenção com suplementação dietética não confirmaram que os fatores dietéticos desempenham papel importante. ▪ A obesidade também é um fator de risco independente para asma, principalmente entre as mulheres, mas os mecanismos ainda não foram esclarecidos. • POLUIÇÃO DO AR: Os poluentes do ar, INCLUSIVE DIÓXIDO DE ENXOFRE, OZÔNIO E PARTÍCULAS EMANADAS DO DIESEL, podem desencadear sintomas de asma, mas a participação dos diferentes poluentes do ar na etiologia da doença não é tão inequívoca. A maioria das evidências fala contra um papel importante da poluição do ar, porque a asma não é mais prevalente nas cidades com níveis altos de poluição ambiental associada ao tráfego de veículos, que nas áreas rurais com níveis baixos de poluição. A asma era muito menos prevalente na Alemanha Oriental que na Alemanha Ocidental, apesar do nível muito mais alto de poluição do ar; depois da reunificação, essas diferenças diminuíram à medida que a Alemanha Oriental tornou-se mais próspera. ▪ A poluição do ar nos ambientes internos pode ser mais importante em razão da exposição aos óxidos de nitrogênio emanados dos fornos e da exposição passiva à fumaça dos cigarros. ▪ Existem algumas evidências de que o tabagismo materno seja um fator de risco para asma, mas é difícil dissociar esta associação do risco aumentado de infecções respiratórias. • ALERGÊNIOS: Os alergênios inalados são desencadeantes comuns dos sintomas asmáticos e também foram implicados na sensibilização alérgica. ✓ A EXPOSIÇÃO AOS ÁCAROS DA POEIRA DOMÉSTICA NOS PRIMEIROS ANOS DA INFÂNCIA É UM FATOR DE RISCO PARA SENSIBILIZAÇÃO ALÉRGICA E ASMA, MAS O CONTROLE RIGOROSO DOS ALERGÊNIOS NÃO MOSTROU QUALQUER EFEITO DE REDUÇÃO DO RISCO DE DESENVOLVER ASMA. ✓ A proliferação dos ácaros da poeira doméstica em casas mal ventiladas com aquecimento central e carpetes foi implicada na prevalência crescente de asma nos países desenvolvidos. ✓ Animais domésticos, principalmente gatos, também foram associados à sensibilização alérgica, mas a exposição a estes animais nos primeiros anos de vida pode conferir proteção por indução de tolerância. • EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL: A asma ocupacional é relativamente comum e pode acometer até 10% dos adultos jovens. Existem descritos mais de 200 agentes sensibilizantes. ✓ Substâncias químicas como diisocianato de tolueno e anidrido trimetílico podem causar sensibilização independente da atopia. ✓ Os indivíduos também podem ser expostos aos alergênios nos locais de trabalho, inclusive alergênios dos pequenos animais de laboratório e amilase fúngica da farinha de trigo manuseada pelos padeiros. A ASMA OCUPACIONAL PODE SER CONSIDERADA QUANDO O PACIENTE MELHORA NOS FINAIS DE SEMANA E NOS FERIADOS. • OUTROS FATORES: Muitos outros fatores foram implicados na etiologia da asma, inclusive idade materna baixa, duração da amamentação ao peito, prematuridade e baixo peso ao nascer e inatividade física, mas não é provável que estes fatores contribuam para o aumento mundial recente da prevalência da asma. TAMBÉM EXISTE UMA ASSOCIAÇÃO COM A UTILIZAÇÃO DE ACETAMINOFENO (PARACETAMOL) NA INFÂNCIA, EMBORA SEU MECANISMO AINDA SEJA DESCONHECIDO. PATOGENIA: A ASMA ESTÁ ASSOCIADA A UM TIPO ESPECÍFICO DE INFLAMAÇÃO CRÔNICA DA MUCOSA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS E UM DOS PRINCIPAIS OBJETIVOS DO TRATAMENTO É REDUZIR ESSA INFLAMAÇÃO. PATOLOGIA: A patologia da asma foi elucidada por meio do exame de necropsia dos pulmões dos pacientes que morreram em razão de asma e de biópsias brônquicas dos pacientes com doença geralmente branda. ❖ A mucosa das vias respiratórias fica infiltrada por EOSINÓFILOS E LINFÓCITOS T ATIVADOS e também há ATIVAÇÃO DOS MASTÓCITOS da mucosa. ❖ O grau de inflamação não se correlaciona diretamente com a gravidade da doença e estas anormalidades podem ser detectadas nos pacientes atópicos sem sintomas da asma. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ❖ A inflamação é reduzida pelo tratamento com CL Uma anormalidade característica é o espessamento da membrana basal em razão da deposição de colágeno sob o epitélio. ❖ Essa alteração também é encontrada nos pacientes com bronquite eosinofílica, que têm tosse, mas não asma; por esta razão, é provável que esse espessamento seja um marcador da inflamação eosinofílica das vias respiratórias, tendo em vista que os eosinófilos liberam fatores fibrogênicos. ❖ O epitélio frequentemente se mostra descamado ou friável com inserções reduzidas às paredes das vias respiratórias e QUANTIDADES AUMENTADAS DE CÉLULAS EPITELIAIS NO SEU LÚMEN. ❖ A própria parede das vias respiratórias pode estar espessada e edemaciada, principalmente nos casos fatais. OUTRA ANORMALIDADE COMUM NA ASMA FATAL É OBSTRUÇÃO DO LÚMEN DAS VIAS RESPIRATÓRIAS POR TAMPÕES DE MUCO, QUE SÃO FORMADOS POR GLICOPROTEÍNAS MUCOSAS SECRETADAS PELAS CÉLULAS CALICIFORMES E PROTEÍNAS PLASMÁTICAS ORIGINADAS DOS VASOS BRÔNQUICOS PERMEÁVEIS. ❖ Também há vaso dilatação e quantidades aumentadas de vasos sanguíneos (angiogênese). A observação direta por broncoscopia sugere que as vias respiratórias possam estar estreitadas, eritematosas e edemaciadas. ➔ A patologia da asma é acentuadamente uniforme nos diferentes tipos da doença, inclusive nas asmas atópica, não atópica, ocupacional, sensível ao ácido acetilsalicílico e pediátrica. ESSAS ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS SÃO ENCONTRADAS EM TODAS AS VIAS RESPIRATÓRIAS, MAS NÃO SE ESTENDEM AO PARÊNQUIMA PULMONAR; ➔ a inflamação das vias respiratórias periféricas é detectada principalmente nos pacientes com asma grave. O acometimento das vias respiratórias pode ser difuso e isto é compatível com a observação de estreitamento heterogêneo das vias respiratórias à broncografia. • INFLAMAÇÃO: A inflamação da mucosa respiratória estende-se da traqueia aos bronquíolos terminais, mas predomina nos brônquios (vias respiratórias cartilaginosas). Estudos significativos identificaram os principais componentes celulares da inflamação, mas ainda não está claro de que maneira as células inflamatórias interagem e como a inflamação causa os sintomas de asma. ➔ EXISTEM EVIDÊNCIAS CLARAS DE QUE O PADRÃO ESPECÍFICO DE INFLAMAÇÃO DAS VIAS RESPIRATÓRIAS DA ASMA ESTEJA ASSOCIADO À HIPERREATIVIDADE DAS VIAS RESPIRATÓRIAS (HRVR), que é a anormalidade fisiopatológica relacionada com a obstrução ventilatória variável dessa doença. ➔ O padrão da inflamação na asma é característico das doenças alérgicas, com células inflamatórias semelhantes presentes na mucosa nasal dos pacientes com rinite. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. Contudo, na asma intrínseca observa-se um padrão inflamatório indistinguível, embora possa refletir a produção de IgE predominantemente local em vez de sistêmica. Ainda que a maior parte das atenções tenha sido voltada para as alterações inflamatórias agudas associadas à asma, esta doença é um distúrbio crônico no qual a inflamação persiste ao longo de muitos anos na maioria dos casos. Os mecanismos responsáveis pela persistênciada inflamação associada à asma ainda não estão bem esclarecidos. Sobrepostos a esse estado inflamatório crônico, há episódios de agudização da inflamação, que correspondem às exacerbações da asma. Muitas células inflamatórias estão comprovadamente associadas à asma, mas nenhuma predomina. • MASTÓCITOS: Os mastócitos são importantes na iniciação das respostas broncoconstritoras agudas aos alergênios e a vários outros estímulos indiretos, como exercícios, hiperventilação (por meio de alterações da osmolalidade ou da temperatura) e neblina. ✓ Os mastócitos ativados foram encontrados nas superfícies das vias respiratórias dos pacientes asmáticos e também na musculatura lisa das vias respiratórias, mas isto não foi demonstrado nos indivíduos normais ou nos pacientes com bronquite eosinofílica. ✓ OS MASTÓCITOS SÃO ATIVADOS PELOS ALERGÊNIOS POR UM MECANISMO DEPENDENTE DA IGE E A LIGAÇÃO DA IGE ESPECÍFICA AOS MASTÓCITOS FAZ ELES FICAREM MAIS SENSÍVEIS À ATIVAÇÃO. A importância da IgE na fisiopatologia da asma foi realçada por vários estudos clínicos com anticorpos IgE humanizados, que inibem os efeitos mediados por estas imunoglobulinas, atenuam os sintomas asmáticos e reduzem as exacerbações da doença. Entretanto, há dúvidas quanto ao papel dos mastócitos nos fenômenos inflamatórios alérgicos mais crônicos. ✓ ESSAS CÉLULAS LIBERAM VÁRIOS MEDIADORES BRONCO CONSTRITORES, INCLUSIVE HISTAMINA, PROSTAGLANDINA D2 E LEUCOTRIENOS CISTEINÍLICOS, MAS TAMBÉM VÁRIAS CITOCINAS, QUIMIOCINAS, FATORES DE CRESCIMENTO E NEUROTROFMAS. • MACRÓFAGOS E CÉLULAS DENDRÍTICAS: Os macrófagos derivados dos monócitos circulantes podem trafegar nas vias respiratórias dos pacientes asmáticos e ser ativados pelos alergênios por meio de receptores de IgE de baixa afinidade (FceRII). ➔ Os macrófagos têm a capacidade de iniciar um tipo de resposta inflamatória por meio da liberação de determinado padrão de citocinas, mas estas células também secretam mediadores anti-inflamatórios (p. ex., IL-10) e, deste modo, seu papel na asma não está definido. ➔ AS CÉLULAS DENDRÍTICAS SÃO CÉLULAS ESPECIALIZADAS SEMELHANTES AOS MACRÓFAGOS DO EPITÉLIO RESPIRATÓRIO E SÃO OS PRINCIPAIS RESPONSÁVEIS PELA APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENOS. ➔ As células dendríticas fagocitam os alergênios, processam-nos em peptídios e migram para os linfonodos locais, onde apresentam os peptídios alergênicos aos linfócitos T “ingênuos” (naive), de modo a programar a produção de células T específicas para esses alergênios. ➔ As células dendríticas imaturas do trato respiratório promovem a diferenciação das células TH2 e dependem das citocinas como a IL-12 e o TNF-a para estimular a resposta TH1, que normalmente é predominante. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ➔ A citocina conhecida como proteína linfoetina do estroma tímico (TSLP) é liberada pelas células epiteliais dos pacientes asmáticos e instrui as células dendríticas a secretar quimiocinas, que atraem as células TH2 para as vias respiratórias. • EOSINÓFILOS: A INFILTRAÇÃO POR EOSINÓFILOS É UMA MARCA CARACTERÍSTICA DA INFLAMAÇÃO DAS VIAS RESPIRATÓRIAS. ✓ A inalação de alergênios provoca aumento acentuado dos eosinófilos ativados nas vias respiratórias na fase tardia da reação. ✓ Os eosinófilos estão associados ao desenvolvimento da HRVR por meio da liberação de proteínas básicas e radicais livres derivados do oxigênio. ✓ O recrutamento dessas células inclui a adesão dos eosinófilos às células do endotélio vascular da circulação sanguínea das vias respiratórias, em razão da interação com as moléculas de adesão, a migração para a submucosa por atração pelas quimiocinas, e sua ativação e sobrevivência prolongada subsequentes. ✓ Os anticorpos bloqueadores da IL-5 causam reduções profundas e prolongadas dos eosinófilos do sangue circulante e do escarro, mas não estão associados à atenuação da HRVR ou dos sintomas da asma; contudo, em alguns pacientes com eosinófilos resistentes aos corticoides nas vias respiratórias, há atenuação das exacerbações. ✓ A inflamação eosinofílica também é observada nos pacientes com tosse crônica (bronquite eosinofílica) sem HRVR ou manifestações clínicas asmáticas. ✓ Evidências crescentes sugerem que os eosinófilos possam ser mais importantes na liberação dos fatores de crescimento envolvidos na remodelação das vias respiratórias do que na HRVR. • NEUTRÓFILOS: Quantidades aumentadas de neutrófilos ativados são encontradas no escarro e nas vias respiratórias de alguns pacientes com asma grave e durante as exacerbações da doença, embora alguns pacientes com asma branda ou moderada apresentem predomínio dessas células. HOJE, O PAPEL DOS NEUTRÓFILOS NA ASMA, QUE SÃO RESISTENTES AOS EFEITOS ANTI-INFLAMATÓRIOS DOS CORTICOIDES, AINDA NÃO ESTÁ DEFINIDO. • LINFÓCITOS T: OS LINFÓCITOS T DESEMPENHAM PAPEL MUITO IMPORTANTE NA COORDENAÇÃO DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA DA ASMA POR MEIO DA LIBERAÇÃO DE PADRÕES ESPECÍFICOS DE CITOCINAS, QUE RESULTAM NO RECRUTAMENTO E NA SOBREVIVÊNCIA DOS EOSINÓFILOS E NA MANUTENÇÃO DE DETERMINADA QUANTIDADE DE MASTÓCITOS NAS VIAS RESPIRATÓRIAS. 1. O sistema imunológico “inocente” (naive) e o sistema imunológico dos pacientes asmáticos tendem a expressar o fenótipo TH2, enquanto as células TH1 predominam nas vias respiratórias normais. 2. As células TH2, em virtude da liberação de IL-5, estão associadas à inflamação eosinofílica e, por meio da secreção de IL-4 e IL-13, estão relacionadas com a produção aumentada de IgE. Recentemente, estudos de biópsia brônquica mostraram o predomínio dos linfócitos T CD4+ natural killer, que expressam níveis altos de IL-4. 3. As células T reguladoras desempenham um papel importante na determinação da expressão das outras células T e existem evidências de reduções de alguns subtipos de células T reguladoras (CD4+CD25+) na asma, que está associada à proliferação dos linfócitos TH2. • CÉLULAS ESTRUTURIAS: Na asma, as células estruturais das vias respiratórias (p. ex., células epiteliais, fibroblastos e células musculares lisas) também são fontes importantes de mediadores inflamatórios como citocinas e fatores lipídicos. Na verdade, COMO AS CÉLULAS ESTRUTURAIS SÃO MUITO MAIS NUMEROSAS QUE AS CÉLULAS INFLAMATÓRIAS, ELAS PODEM TRANSFORMAR-SE NA PRINCIPAL FONTE DE MEDIADORES RESPONSÁVEIS PELA INFLAMAÇÃO CRÔNICA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS DOS PACIENTES ASMÁTICOS. Além disso, as células epiteliais podem desempenhar papel fundamental na transdução dos sinais ambientais inalados em uma resposta inflamatória nas vias respiratórias e provavelmente funcionam como alvos da ação dos Cl. ~MEDIADORES INFLAMATÓRIOS: Muitos mediadores diferentes foram implicados na asma e podem produzir vários efeitos nas vias respiratórias, que poderiam explicar os achados patológicos desta doença. ➔ Mediadores como 1. A HISTAMINA, A 2. PROSTAGLANDINA D2 E OS 3. LEUCOTRIENOS CISTEINÍLICOS contraem a musculatura lisa das vias respiratórias, aumentam o extravasamento da microcirculação, estimulam a secreção Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. de muco nas vias respiratórias e atraem outras células inflamatórias. Como cada mediador produz vários efeitos, o papel de cada mediador específico na fisiopatologia da asma ainda não foi definido. ➔ Embora a multiplicidade de mediadores torne improvável que o bloqueio da síntese ou da ação de um único mediador produza impacto significativo no quadro clínico da asma, estudos clínicos recentes combloqueadores dos leucotrienos sugeriram que os leucotrienos cisteinílicos produzam efeitos clinicamente significativos. • CITOCINAS: Várias citocinas regulam a inflamação crônica da asma. As citocinas Th2 como IL-4, IL-5 e IL-13 participam da inflamação alérgica, enquanto as citocinas pró-inflamatórias como o TNF-a e a IL-1 (3 a plificam a resposta inflamatória e desempenham papel importante nas formas mais graves da doença. A linfopoietina do estroma tímico é uma citocina inicial secretada pelas células epiteliais dos pacientes asmáticos e coordena a liberação das quimiocinas, que atraem seletivamente as células TH2. Algumas citocinas como a IL-10 e a IL-12 são anti- inflamatórias e podem estar reduzidas na asma. • QUIMIOCINAS: AS QUIMIOCINAS SÃO RESPONSÁVEIS POR ATRAIR AS CÉLULAS INFLAMATÓRIAS PROVENIENTES DA CIRCULAÇÃO BRÔNQUICA PARA AS VIAS RESPIRATÓRIAS. A eutaxina (CCL1 1) atrai seletivamente os eosinófilos por meio do CCR3 e está expressa pelas células epiteliais dos pacientes asmáticos, enquanto a CCL17 (TARV) e a CCL22 (MDC) liberadas pelas células epiteliais atraem as células TH2 por meio do CCR4. • ESTRESSE OXIDATIVO: Na asma, O ESTRESSE OXIDATIVO ESTÁ AUMENTADO PORQUE CÉLULAS AS INFLAMATÓRIAS ATIVADAS COMO OS MACRÓFAGOS E OS EOSINÓFILOS PRODUZEM ESPÉCIES REATIVAS DO OXIGÊNIO. ✓ As evidências de acentuação do estresse oxidativo na asma consistem nas concentrações mais altas de 8- isoprostano (um produto do ácido araquidônico oxidado) nos condensados expiratórios e nos níveis mais altos de etano (um produto da peroxidação lipídica) no ar exalado pelos pacientes asmáticos. ✓ O estresse oxidativo aumentado está relacionado com a gravidade da doença, pode amplificar a resposta inflamatória e pode reduzir a reatividade aos corticoides. • ÓXIDO NÍTRICO: O óxido nítrico (NO) é produzido em várias células das vias respiratórias pelas sintetases do NO, principalmente nas células epiteliais e nos macrófagos do trato respiratório. ✓ A concentração de NO no ar expirado pelos pacientes asmáticos é maior que o normal e está relacionada com a inflamação eosinofílica. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. ✓ Níveis altos de NO podem contribuir para a vasodilatação brônquica observada na asma. O NO exalado é utilizado cada vez mais no diagnóstico e na monitoração da inflamação asmática, embora ainda não seja usado rotineiramente na prática clínica. • FATORES DE TRANSCRIÇÃO: Fatores de transcrição proinflamatórios como o fator kB nuclear (NFkB) e a proteína 1 ativadora (AP-1) são ativados nas vias respiratórias dos pacientes asmáticos e coordenam a expressão de vários genes inflamatórios. Entre os fatores de transcrição mais específicos envolvidos estão o fator nuclear das células T ativadas e o GATA-3, que regula a expressão das citocinas TH2 das células T. • EFEITOS DA INFLAMAÇÃO: A resposta inflamatória crônica produz vários efeitos nas células-alvo das vias respiratórias e causam as alterações fisiopatológicas características associadas à asma. ✓ A ASMA PODE SER ENTENDIDA COMO UMA DOENÇA NA QUAL A INFLAMAÇÃO E A REPARAÇÃO CONTÍNUAS OCORREM SIMULTANEAMENTE. Avanços importantes ainda estão sendo realizados em nosso conhecimento sobre essas alterações; contudo, apesar dessas descobertas recentes, a relação entre os processos inflamatórios crônicos e os sintomas da asma geralmente não é muito clara. • EPITÉLIO DAS VIAS RESPIRATÓRIAS: O desprendimento do epitélio das vias respiratórias pode ser importante na patogenia da HRVR e explica como vário s mecanismos (p. ex., exposição ao ozônio, infecções virais, substâncias químicas sensibilizantes e exposição aos alergênios) podem resultar neste fenômeno e também como todos esses estímulos podem provocar a destruição do epitélio. • A lesão epitelial pode contribuir para a HRVR de várias formas, incluindo-se a perda de sua função de barreira para permitir a penetração dos alergênios; • a perda de enzimas (como a endopeptidase neutra) que decompõem os mediadores inflamatórios; a perda de um fator relaxante (também conhecido como fator relaxante derivado do epitélio); e • a exposição dos nervos sensoriais, que pode desencadear efeitos neurais reflexos nas vias respiratórias. • FIBROSE: Em todos os pacientes asmáticos, a membrana basal parece espessada em razão da fibrose subepitelial com deposição de colágeno dos tipos III e V abaixo da membrana basal verdadeira; esta alteração está associada à infiltração por eosinófilos, possivelmente devida à liberação dos mediadores pró-fibróticos como o fator (3 transformador do crescimento. • As manipulações mecânicas podem alterar o fenótipo das células epiteliais das vias respiratórias no sentido pró-fibrótico. • Nos pacientes mais graves, também há fibrose dentro das paredes das vias respiratórias e isto pode contribuir para o estreitamento irreversível destas vias. • MUSCULATURA LISA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS: Ainda existem controvérsias quanto ao papel das anormalidades da musculatura lisa das vias respiratórias dos pacientes asmáticos. In vitro, a musculatura lisa das vias respiratórias desses pacientes geralmente não mostra reatividade exacerbada aos agentes constritores. A reatividade reduzida aos (3-agonistas também foi descrita nos exames de necropsia ou em brônquios removidos cirurgicamente de pacientes asmáticos, mas o número de receptores (3 não estava reduzido, o que sugere que estes receptores possam ter sido desativados. Essas anormalidades da musculatura lisa das vias respiratórias podem ser secundárias ao processo inflamatório crônico. • Os mediadores inflamatórios podem modular os canais iônicos que ajudam a regular o potencial de membrana em repouso das células musculares lisas das vias respiratórias e, dessa forma, alterar o grau de excitabilidade dessas células. • Nas vias respiratórias dos pacientes asmáticos, também há hipertrofia e hiperplasia características da musculatura lisa, que provavelmente resultam de estimulação das células musculares lisas por vários fatores de crescimento, inclusive o fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF) ou a endotelina 1, que são liberados pelas células inflamatórias ou epiteliais. • RESPOSTAS VASCULARES: Na asma, o fluxo sanguíneo da mucosa das vias respiratórias está aumentado. A circulação brônquica pode desempenhar papel importante na regulação do calibre das vias respiratórias, porque o aumento do volume vascular pode contribuir para o estreitamento destes canais. Carlos Caique Araujo Mendes Curso de Medicina 3º Período Faculdade Santo Agostinho de Itabuna – Fasai, Afya Educacional Sistemas Orgânicos Integrados – SOI III. Prof. Tutor Henrique Lanza Salmos 23. • O fluxo sanguíneo aumentado das vias respiratórias pode facilitar a remoção dos mediadores inflamatórios acumulados e pode ser importante na patogenia da asma induzida por esforço. • As vias respiratórias dos pacientes asmáticos têm quantidades aumentadas de vasos sanguíneos em consequência da angiogênese secundária aos fatores de crescimento, principalmente o fator de crescimento do endotélio vascular. O extravasamento microvascular das vênulas pós-capilares em resposta aos mediadores também ocorre na asma e causa edema das vias respiratórias e exsudação plasmática para dentro da luz dessas estruturas. • HIPERSECREÇÃO DE MUCO: A SECREÇÃO AUMENTADA DE MUCO CONTRIBUI PARA A FORMAÇÃO DOS TAMPÕES DE MUCO VISCOSO QUE OBSTRUEM AS VIAS RESPIRATÓRIAS DOS PACIENTES ASMÁTICOS, PRINCIPALMENTE NOS CASOS FATAIS. Também há evidência de hiperplasia das glândulas submucosas
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