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A Misericórdia e Nós Silvio Dutra JAN/2016 2 A474 Alves, Silvio Dutra A misericórdia e nós./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 76p.; 14,8x21cm 1. Cristianismo. 2. Perdão. 3. Misericórdia. I. Título. CDD 207 CDD 230.227 3 Sumário Devemos Ter a Mesma Misericórdia que Há em Deus 4 Quando a Misericórdia é Eficaz 12 Como se Alcança a Misericórdia de Deus 18 “Eu te conheci no deserto em terra muito seca." (Oseias 13.5) 20 “A misericórdia de Deus." (Salmo 52.8) 22 Como a Misericórdia Triunfa Sobre o Juízo Salvos Pela Misericórdia e Não Por Obras 31 Se Compadece de Nossa Miséria Espiritual 37 Infinita Misericórdia 40 Na Tristeza Pelo Pecado Lembremos da Misericórdia de Deus 43 O Que Tem a Ganhar o Que é Misericordioso 52 Misericórdia, Compaixão e Empatia 54 4 Devemos Ter a Mesma Misericórdia Que Há em Deus Em Rom 1.18 a 21 lemos: Rom 1:18 A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; Rom 1:19 porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Rom 1:20 Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; Rom 1:21 porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Nesta porção das Escrituras, o Espírito Santo, falou pela boca do apóstolo Paulo, nos versículos 20 e 21 qual é o motivo de Deus se irar contra os homens ímpios, a saber: eles não glorificam a Deus e nem são gratos a Ele, por tudo que 5 percebem dos Seus atributos invisíveis e do Seu eterno poder, desde o princípio do mundo, atributos e poder estes que podem ser observados através das coisas que Deus criou. Veja que o texto fala de atributos e de poder. E nisto destacamos especialmente o amor, a misericórdia, a paciência, a longanimidade, a graça, a onipotência, e todos os demais atributos correlatos a estes, que fazem com que Deus seja bom até mesmo para com pecadores como são todos os homens. Afinal, não há um único justo sequer no mundo, desde que o primeiro homem pecou e virou as costas para o Senhor. Deus seria totalmente justo caso julgasse e mantivesse a todos os homens do mundo, e de todas as épocas, debaixo das sucessivas manifestações do Seu desagrado e ira contra tal ingratidão e falta de glorificação do Senhor por causa da falta de um procedimento santo em suas vidas. Todavia, não somente é longânimo Ele próprio com todos os homens, como também ordena aos que se tornaram Seus filhos por meio da fé em Jesus Cristo, que O imitem especialmente nos seus atributos de amor e de misericórdia, amando o próximo como a si mesmos. 6 Como? Deus ordena que aqueles que Lhe são gratos e que o glorificam, amem os Seus inimigos? Sim. Ele ordena que se dê alimento e bebida para matar a fome e a sede de quem persegue os que andam retamente? Sim. Porventura não o registrou em Sua Palavra? O grande motivo para isto é que o Senhor não tem levado o pecado em conta nesta dispensação da graça, pois tem adiado tudo para o dia do grande Juízo. E por que Ele o faz? Porque sabe que, espiritualmente falando, todas as pessoas se encontram naturalmente cegas quanto à sua condição de mortas espirituais perante Ele, como também que elas desconhecem a extensão e profundidade do Seu amor, da Sua justiça, bondade e misericórdia, para com todos os homens, em razão desta condição enferma com a qual todos se encontram perante Ele. É por isso que se compadece, e nos chama a agir de igual forma, depois que o conhecemos. 7 Agora, veja que o argumento bíblico diz que ao agirem contra a revelação da misericórdia e da bondade de Deus, não se convertendo a Ele e deixando de Lhe dar a glória devia, tais pessoas se tornam ingratas e irreverentes, e serão indesculpáveis no dia do grande Juízo de Deus, porque deram as costas à mão perdoara que lhes fora estendida. Não serão indesculpáveis por causa de uma única manifestação de bondade para com elas em face de todo o mal que praticam. Serão indesculpáveis, porque, na verdade, Deus lhes tem dado um longo tempo para se arrependerem e se converterem em face de toda a bondade e longanimidade, que não apenas Ele, como todos os Seus filhos amados, têm demonstrado por elas por toda e uma longa vida na terra. São mais indesculpáveis ainda, porque o que se lhes pede para que tal quadro seja alterado, é que simplesmente reconheçam a sua condição de afastamento espiritual do seu criador, na qual se encontram, e que confiem em Jesus Cristo para ser o Senhor e Salvador de suas vidas, que lhes habilite a se reconciliarem com Deus e a agirem e viverem de modo que Lhe seja agradável. 8 Tudo o que fizeram de mau, e por um longo tempo, lhes seria perdoado instantaneamente, no momento mesmo em que se convertessem a Deus. Todavia, como não se arrependem, não se convertem, não são gratos a Deus e nem o glorificam, então, apesar dEle não desistir de continuar sendo bom para com eles, não poderá ter qualquer amor de intimidade e comunhão com os tais, e nada poderá fazer, por causa da sua incredulidade, senão deixá-los entregues a si mesmos, e isto fará com que aumentem ainda mais a sua cota de pecados contra os céus e contra Deus. Olhem para o ministério de Jesus aqui na terra, conforme o relato dos evangelhos. Por acaso não mostrou tal amor, bondade, misericórdia e poder de curar, até mesmo a ingratos e maus? (e afinal há alguém que seja perfeitamente bom? Alguém que cujo espírito não necessite ser curado?) Ele revelou em pessoa, que o caráter do evangelho é realmente o de misericórdia, perdão, amor e bondade, para com todos os pecadores. 9 Isto está sendo manifestado no mundo, desde então, até agora, e até o último instante da vida de cada pessoa que tem passado por aqui. Ora, em face de tudo isto, o que devemos pensar, quanto ao juízo eterno de fogo a que ficarão sujeitos todos os que resistirem bravamente à tão grande oferta de graça que Deus está fazendo em Cristo, para que sejamos perdoados e reconciliados com Ele? Haverá porventura qualquer injustiça ou maldade da parte de Deus nisto? Ninguém poderá ir para o céu sem ser transformado. Jesus derramou seu sangue na cruz para que fôssemos lavados e curados do pecado. Pagou um grande preço sendo visitado pela ira de Deus que castigou nEle, na cruz, a nossa culpa. Rejeitando o único remédio pelo qual poderíamos ser curados, seria de se esperar que saíssemos deste mundo ilesos, perfeitos e abençoados? Oh não! 10 Contra isto clama até a própria natureza, pois aprendemos dela, que o que não se renova se estraga, morre, acaba. Deus tem usado de misericórdia e sido longânimo para com todas as pessoas, e tanto isto é verdadeiro, que ordena àqueles que o têm conhecido que sejam também misericordiosos assim como Ele. É por isso que está escrito na Bíblia que o juízo é sem misericórdia sobre aquele que não usar de misericórdia. Porque assim como é Deus, deve ser o homem a quem Ele criou para ser à sua exata imagem e semelhança. Deus perdoa e esquece os pecados dos maiores transgressoresquando eles se arrependem, e os tem suportado com grande paciência e bondade, enquanto isto não acontece, na expectativa de que o façam. Por isso devemos sempre lembrar, nas perseguições que sofremos, das seguintes palavras proferidas pelo apóstolo Pedro, em I Pe 3.13: 1Pe 3:14 Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom? 11 1Pe 3:14 Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; 1Pe 3:15 antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, 1Pe 3:16 fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, 1Pe 3:17 porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal. 12 Quando a Misericórdia é Eficaz “E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida; salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne.” (Jd 1.22,23) O apóstolo recomenda o uso de misericórdia para com aqueles que se mostram resistentes ao evangelho, e que são governados pela carnalidade. Nosso Senhor Jesus Cristo ensinou que os que forem misericordiosos também alcançarão misericórdia, e que é um dever ser misericordioso assim como Deus é em sua natureza, o qual não tem prazer em afligir os filhos dos homens, Lam 3.33. Todavia, deve ser considerado que a misericórdia, como ela se encontra em Deus, que é segundo o que temos revelado na Bíblia, não é um mero sentimento de compaixão para com as nossas misérias, porque ela compreende todo um conjunto de ações voltadas especialmente para o nosso resgate das garras do mal, tanto externo quanto interno, de modo que possamos ser achados efetivamente naquela condição bem-aventurada que Jesus veio nos trazer. 13 Daí dizer o apóstolo que devemos nos empenhar em salvar os que estão na dúvida, como alguém que tira uma pessoa de um incêndio. Na verdade, os que não têm fé em Cristo já se encontram julgados e debaixo de uma condenação de fogo eterno, conforme Ele mesmo afirmou, João 3.18, e se nada for feito por eles, em lhes levar o evangelho com misericórdia, é bem provável que perecerão em tal estado. Duvidar da bondade, do amor e da salvação que está em Jesus Cristo, não lhe traz qualquer honra, ao contrário, é uma grande desonra e um impedimento para que a salvação seja concretizada. É por confiarmos inteiramente nele que somos salvos, e assim, o apóstolo nos instrui a conduzir estes que duvidam a uma condição de plena fé, porque é somente por esta que poderão ser salvos. Deus deve ser temido porque apesar de ser profundamente misericordioso, não pode agir contra o atributo da sua justiça e também contra a sua santidade, que determinam a condenação eterna de todo aquele que não for justificado por meio da fé em Cristo. A sua justiça teve que ser satisfeita primeiro com o ato misericordioso da morte de Jesus em nosso lugar, para que pudéssemos ter um fundamento firme para a nossa justificação. 14 É de crucial importância sabermos isto, porque a misericórdia nada poderá fazer em nosso favor se a exigência da justiça não for atendida. Devemos estar vestidos com a justiça de Cristo, que nos está sendo oferecida gratuitamente, mediante o nosso arrependimento e fé nele, e então a misericórdia achará um caminho para completar o seu trabalho em nos ajudar, fazendo com que todas as coisas contribuam para o nosso bem. Não há outro modo para se arrebatar alguém do fogo do inferno. Isto é feito somente por se dar pleno crédito à mensagem do evangelho. Não somos nós propriamente que arrebatamos alguém do fogo, mas o próprio Cristo, pelo seu poder, quando se tem fé na sua Palavra. 15 Como se Alcança a Misericórdia de Deus Em Êxodo 33.19 e em Rom 9.15 está escrito que Deus concederá a nós a sua graça para alcançarmos a sua misericórdia para a salvação da nossa alma, conforme a sua própria determinação e soberania. Portanto, nunca foi, e jamais será dito, de alguém que foi ou que será salvo por Cristo, por causa de algum bem que tenha feito, ou por um simples desejo de não ser eternamente condenado pela justiça divina. A salvação é dada por Deus por pura graça e misericórdia a pecadores que se encontram perdidos. Mas qual é o critério da concessão desta graça e misericórdia? Que evidências nos foram dadas na Bíblia para sabermos que a temos obtido? Dentre as tantas apresentadas, a maior é a testificação do Espírito Santo com o nosso espírito de que estamos seguramente salvos em Jesus Cristo. Outra de grande importância, é a tristeza que temos quando pecamos, e a fé que em Jesus 16 depositamos para que sejamos perdoados e purificados. Podemos saber que estamos a caminho da obtenção da graça e da misericórdia divinas quando começamos a perceber que não podemos ser salvos pela nossa própria justiça, e que dependemos inteiramente do sacrifício de Jesus na cruz para sermos justificados. Quando percebemos que não há qualquer mérito em nós e nas nossas melhores obras, e que de fato, tudo em nós está manchado pelo pecado. Mas ainda assim, desejamos ser purificados e aperfeiçoados pelo Espírito Santo, para sermos confirmados na Palavra do Evangelho e em toda boa obra do Espírito operada em nós e por meio da nossa instrumentalidade. Sabemos que estamos a caminho da graça e da misericórdia quando nos arrependemos e amamos os mandamentos de Cristo, conforme se encontram registrados na Bíblia. Quando somos movidos a orar no Espírito, suplicando não apenas por nós, mas intercedendo por todos os homens, e especialmente pelos santos. 17 Quando amamos os irmãos com o próprio amor de Jesus Cristo, que nos move a isto. Enfim, podemos ver que em tudo isto se exclui qualquer merecimento nosso, pois de Deus temos tudo recebido. Com humildade, oferecendo-lhe a confissão e o louvor dos nossos lábios, certamente o encontraremos habitando em nosso interior, pelo Santo Espírito. 18 “Eu te conheci no deserto em terra muito seca." (Oseias 13.5) Sim, Senhor, tu realmente me conheceste no meu estado caído, e ainda assim, tu me escolheste para ti. Quando eu era repugnante e abominável, tu me recebeste como teu filho, e satisfizeste o meu desejo. Bendito seja o teu nome para sempre por esta livre, rica, abundante misericórdia. Desde então, minha experiência interior tem sido muitas vezes um deserto; mas tu tens ainda me recebido como o teu amado, e derramado rios de amor e graça em mim para me alegrar e me fazer frutífero. Sim, quando as minhas circunstâncias exteriores têm sido como as piores, e eu tenho vagado em uma terra seca, a tua doce presença tem me consolado. Os homens não me conheceram quando o desprezo me aguardava, mas tu conheceste a minha alma nas adversidades, para que nenhuma aflição ofuscasse o brilho do teu amor. Senhor mais gracioso, eu te engrandecerei por toda a tua fidelidade para comigo em circunstâncias tentadoras, e eu lamento que eu 19 tenha em qualquer momento esquecido de ti e deixado que meu coração se elevasse, quando, eu devia tudo à tua gentileza e ao teu amor. Tem misericórdia de teu servo quanto a isto! Minha alma, se Jesus assim te reconheceu na tua baixa condição, esteja certa de que é por causa dele que agora estás em tua prosperidade. Não se glorie por teus sucessos mundanos, de modo a ter vergonha da verdade ou da pobre igrejacom a qual tu foste associada. Siga Jesus no deserto; carregue a cruz com ele, quando o calor da perseguição se tornar ardente. Ele se apropriou de ti, ó minha alma, na tua miséria e vergonha - nunca seja assim traiçoeira como para se envergonhar dele. Ó porque se envergonhar ainda mais com o pensamento de ter vergonha do meu melhor Amado! Jesus, minha alma se apega a ti. "Eu vou voltar para ti em dias de luz, Assim como em noites de tribulações, Tu brilhas em meio a tudo o que é brilhante! Tu, o mais amado dos amados!" Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra. 20 “A misericórdia de Deus." (Salmo 52.8) Medite um pouco sobre esta misericórdia do Senhor. Ela é uma terna misericórdia. Com gentil toque amoroso, ela sara os quebrantados de coração, e lhes ata as suas feridas. O Senhor é tão gracioso na forma de ministrar a sua misericórdia! Ela é grande. Não há nada pequeno em Deus, a sua misericórdia é como ele - ela é infinita. Você não pode medi-la. Sua misericórdia é tão grande que perdoa grandes pecados de grandes pecadores, depois de grandes períodos de tempo, e, em seguida, dá grandes favores e privilégios, e nos levanta para grandes alegrias no grande céu do grande Deus. É misericórdia imerecida, como, aliás, toda a verdadeira misericórdia deve ser, porque misericórdia merecida é apenas um equívoco de justiça. Não havia direito por parte do pecador para tal tipo de consideração do Altíssimo; tendo o rebelde sido condenado ao fogo eterno, ele teria merecido justamente a condenação, e se é livrado da ira, apenas o amor soberano é a causa, porque nada havia no próprio pecador. Isto é a riqueza da misericórdia . 21 Algumas coisas são grandes, mas têm pouca eficácia em si mesmas, mas a misericórdia é um estímulo para seus espíritos caídos; um unguento de ouro para os seus ferimentos; uma bandagem celestial para seus ossos quebrados; uma carruagem real para os seus pés cansados; um seio de amor para o seu coração turbado. É uma misericórdia múltipla, variegada. Como Bunyan diz: "Todas as flores no jardim de Deus são duplicadas." Não há misericórdia solitária. Você pode pensar que você tem senão uma misericórdia, mas você as achará num amplo conjunto de misericórdias. É abundante misericórdia. Milhões a têm recebido, e ainda está muito longe de serem esgotadas; são renovadas, plenas, e livres para sempre. É misericórdia infalível. Nunca te deixará. Se a misericórdia é tua amiga, a misericórdia estará contigo na tentação para te guardar da queda; contigo em tribulações para evitar que naufragues; com a tua vida para ser a luz e a vida do teu semblante; e contigo na morte para ser a alegria da tua alma quando o conforto terreno estiver diminuindo rapidamente. Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra. 22 Como a Misericórdia Triunfa Sobre o Juízo “Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.” (Tiago 2.13) Tiago disse no versículo anterior: “Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade”. Ele lembra ao cristão que ele deveria proceder como quem não está debaixo do rigor da aliança das obras; porque se você se permitir qualquer pecado ou fazer qualquer coisa contra qualquer parte da lei régia, você nada pode esperar além de juízo sem misericórdia. Ser cruel em não prover os seus irmãos e não ter misericórdia para com eles é um pecado que vai colocá-lo nesta condição, não somente por ser isto uma transgressão da lei, mas um pecado especial, que parece requerer tal julgamento. “Porque o juízo será sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia” – Nesta expressão Tiago se reporta ao efeito do pacto de obras, que é o julgamento, sem qualquer mistura de misericórdia, a lei do pacto feito com Adão e sua descendência, nada faz para 23 diminuir a transgressão, como também implica a retaliação de Deus: homens duros acharão justamente uma dura recompensa. (A aliança feita por Deus com Adão para que em tudo fosse obedecido, e que a menor transgressão de Sua vontade seria punida com a morte (física, espiritual e eterna) permanece em pleno vigor. Daí decorre que todos morrem à semelhança de Adão, porque todos são pecadores. A força do argumento do apóstolo Tiago neste texto de Tg 2.13, para os cristãos, é que, apesar de não estarem debaixo do juízo aqui referido no verso 13, deveriam ser cuidadosos no exercício da misericórdia, uma vez que há tal juízo terrível repousando sobre aqueles que estão debaixo da lei e não da graça, revelando o quanto desagrada à justiça de Deus não sermos misericordiosos. Com esta advertência, Tiago tencionava despertar para a verdade aqueles que havia repreendido anteriormente por estarem fazendo acepção de pessoas na reunião pública da igreja, por desprezarem os pobres e honrando os ricos, e que não demonstravam a evidência de uma fé viva, por negligenciarem as necessidades de seus irmãos na fé. Então a misericórdia é um dever, mesmo para os que estão debaixo da nova aliança com Cristo – nota do tradutor.) “A misericórdia triunfa sobre o juízo” - A palavra é κατακαυχᾶται (glória, levantar a cabeça), como 24 um homem fará quando algo é feito com glória e sucesso. Esta última parte do texto, tem sido interpretada por alguns como sendo a misericórdia de Deus, outros a entendem como se referindo à misericórdia do homem. Aqueles que se referem a Deus, pretendem expô-lo desta forma: Eles merecem um juízo severo, e se não for assim com todos, é apenas porque a misericórdia de Deus triunfou sobre a Sua justiça. Os que se referem à misericórdia do homem o expõem deste modo: no conflito e competição entre os atributos relativos aos pecadores, a misericórdia adquire a vitória e a superioridade, e assim se alegra, como quando os homens repartem os despojos. O apóstolo fala aqui da misericórdia que o homem mostrou ao homem: porque no texto parece haver uma tese e uma antítese, uma posição e uma oposição. Na posição, o apóstolo afirmou que o impiedoso não deve encontrar qualquer misericórdia; na oposição, que a misericórdia achou o juízo vencido; isto é, aquele que se compadece não está em perigo de condenação, pois Deus não vai condenar aqueles que imitam a sua própria bondade, e, portanto, ele pode se regozijar quanto a seus temores, como quem tem escapado. Agora, o ortodoxo, que vai por este caminho de aplicar isto à misericórdia do homem, não faça dessa aplicação uma causa da nossa aceitação por Deus, mas uma evidência; a misericórdia 25 mostrada aos homens, sendo um seguro penhor daquela misericórdia que ele deve obter com Deus. Confesso que tudo isso é racional; mas olhe para a frase do texto, e você vai encontrar alguns inconvenientes no presente parecer, pois será uma fala de um som e uma construção mais ásperos afirmar que a nossa misericórdia deve triunfar sobre o juízo de Deus; porque, então, o homem parece ter algum tipo de glória diante de Deus, que é o contrário do que Davi afirmou, e que nega que qualquer obra nossa possa ser justificável à Sua visão – Sl 143.2, “Não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não há justo nenhum vivente.”, ou ser capaz de segurar a cabeça ou o pescoço contra o Seu juízo, contrariando a Cristo, que proíbe esta alegria contra o julgamento divino, embora estejamos conscientes de nós mesmos quanto à realização do nosso dever, Lucas 17.10, e contrariamente a Paulo que diz não haver qualquer glória nossa diante de Deus, Rom 4.2. Todo o triunfo que temos contra a justiça de Deus é a vitória da sua misericórdia, por isso eu creio que esses dois sentidospodem ser bem ajustados e modificados cada pelo outro, assim: É a misericórdia de Deus que se regozija sobre a sua justiça, e é a misericórdia no homem que nos possibilita regozijarmo-nos na misericórdia de Deus, e, portanto, a sabedoria do apóstolo Tiago deve ser observada na elaboração do texto de modo que pode ser indiferentemente compatível com ambos os sentidos. Sim, sobre 26 uma consideração mais precisa e íntima das palavras, eu acho que a oposição no texto do apóstolo não pode repousar tanto entre falta de misericórdia e misericórdia, quanto entre o juízo sem misericórdia e o juízo vencido por misericórdia. O homem misericordioso se gloria como aquele que se compadece recebeu, pela misericórdia de Deus, regozijar-se com a justiça de Deus em seu nome; ele pode se regozijar sobre Satanás, sobre o pecado, a morte, o inferno, e sobre sua própria consciência. No tribunal do céu a misericórdia de Deus se alegra, no tribunal da consciência, a misericórdia do homem. A condição dos homens sob o pacto das obras (diferente do pacto da graça em Jesus) é muito miserável. Eles se encontram com a justiça, sem qualquer misericórdia. A palavra de Deus não fala de qualquer consolo para eles. Ou dever exato, ou miséria extrema, eram os termos desse pacto das obras. “Cumpra e viverás” e “Não cumpra e morrerás”, é a única voz que você deve ouvir enquanto você estiver debaixo daquele mandamento dado a Adão e à sua descendência. Deus perguntou a Adão: Que fizeste? Não tens te arrependido? Adão havia morrido espiritualmente em razão da desobediência e necessitava do arrependimento que é para a vida, para si 27 mesmo, e isto se aplica, individualmente, a cada pessoa da sua descendência. Por isso, se lê em Ezequiel 18, “A alma que pecar essa morrerá”. A mínima violação é fatal. Ao homem caído o dever daquela aliança é impossível, a sua pena é intolerável. Pecados de omissão não podem ser expiados por deveres subsequentes. Pagamento de novos débitos não quitarão os antigos. Você teria esperança na misericórdia de Deus? Um atributo não é exercido para prejudicar um outro. Naquele pacto Deus tencionou glorificar a justiça, e você está compromissado com uma lei justa, e tanto a lei e a justiça devem ser satisfeitas. Como a palavra não fala de qualquer conforto, assim não há qualquer providência. Todas as dispensações de Deus são judiciais: Ez 7.5 “Assim diz o SENHOR Deus: Mal após mal, eis que vêm”. Suas cruzes são completamente maldições. Não há nada que lhes sucedeu que estejam sob o pacto da graça, mas há algo bom nisto; algo para convidar a esperança, ou para aliviar a tristeza: “Na ira Deus se lembra da misericórdia” - Hab 3.2. A vara não é transformada numa serpente, e, portanto, consola, Sl 23.5. Considerando que, todos estas consolações são salgadas com uma maldição, e em seus desconfortos não há nada, senão um rosto e uma aparência de ira. Mas o pior da aliança das obras é daqui em diante. Quando ele tratou com seu povo, tudo em misericórdia, ele lidará com todos eles em julgamento: Apo 14.10, “também esse beberá do vinho da cólera de 28 Deus, preparado, sem mistura, do cálice da sua ira,”, ou seja, somente o ingrediente da ira. No entanto, é dito no Sl 75.8, “Porque na mão do SENHOR há um cálice cujo vinho espuma, cheio de mistura; dele dá a beber; sorvem-no, até às escórias, todos os ímpios da terra.”, cheio, misturado com todos os tipos de pragas, mas sem mistura, sem a menor gota de misericórdia. Oh! como suportarão aqueles tormentos que estão sem misericórdia e sem fim? Apo 20.7, “Eles serão lançados no lago que arde com fogo e enxofre, onde serão atormentados para todo o sempre”, nada há mais doloroso para o sentido do fogo, e tudo isso para todo o sempre. Há uma eternidade que é sem medida e sem fim, que é o inferno do inferno, que depois que mil anos tiverem passado, o verme não morre, e o fogo não se apaga. Bem, então, o inferno deve despertar aqueles que estão sob o pacto de obras para virem sob a bandeira da graça. Aqueles que estão condenados naquela coorte têm liberdade de apelar (recorrer) a outra (a do evangelho), e quando você estiver morto e perdido debaixo da primeira lei, você pode estar vivo para Deus, Gál 2.19. Deixe que o inferno, o vingador do sangue – o Goel do Velho Testamento - faça você fugir para a cidade de refúgio, que é Cristo. Mas você vai dizer, que agora não está sob o pacto das obras? O pacto das obras não foi feito apenas 29 com Adão, mas com toda a sua descendência. A condição daquela aliança feita por Deus com Adão e com a sua descendência era de obediência perfeita ou então a morte. E cada homem natural, enquanto naturais, enquanto apenas um filho de Adão, está obrigado ao teor da mesma. A forma desta lei corre universalmente, e por isso foi reafirmada no pacto da Lei, através de Moisés, pois se diz: “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las.” (Gál 3.10). É maldito todo aquele que quebrar um mandamento, sem exceção, senão aquele que estiver debaixo da graça de Jesus. Se a lei das obras tivesse sido revogada e colocada de lado hoje, desde a queda de Adão, Cristo não ter-se-ia feito maldição como nosso substituto e penhor, pois ele carregaria a nossa dívida com ele, ao submeter-se ao dever e à pena do nosso compromisso, por isso se diz que ele nasceu sob a lei, para remir os que estavam sob a lei, e assim também em Gál 3.13 “Cristo se fez maldição por nós”, isto é, no nosso lugar. E, novamente, a lei do pacto de obras com Adão e com a sua descendência não é revogada, porque é uma regra imutável, segundo a qual Deus procede: “Nem um til da lei passará” - Mat 5.18, até que tudo seja cumprido, tanto pela criatura, ou sobre a criatura. É o pacto de obras que condena todos os filhos de Adão. O rigor do 30 que trouxe Cristo do céu para cumpri-lo para os crentes. Ou devemos ter Cristo para cumpri-lo por nós, ou pela nossa violação do mesmo, devemos morrer para sempre. E, portanto, o apóstolo Tiago diz que no dia do juízo Deus procederá com todos os homens de acordo com as duas alianças. Alguns são julgados pela lei da liberdade, e alguns pelo juízo sem misericórdia, os dois pactos têm dois cabeças principais para os aliançados, para eles e seus herdeiros - Adão e Cristo, portanto, enquanto tu és herdeiro de Adão, tu tens o compromisso de Adão sobre ti. O pacto das obras foi feito com Adão e sua descendência, que eram todos homens naturais. O pacto da graça com Cristo e sua descendência, que são os crentes, (que são julgados segundo a lei da liberdade que Ele conquistou para os que nele creem. Liberdade da condenação eterna, e de tudo o que se referia ao pacto das obras, cuja lei permanece sobre todos os descendentes de Adão que não estão em Cristo. Nos capítulos 4 e 5 de Romanos, o apóstolo Paulo faz referência a ambos os pactos e este compromisso com Adão e Cristo, quer para a morte no primeiro, quer para a vida, no segundo – nota do tradutor). Tradução e adaptação elaboradas pelo Pr Silvio Dutra, de citações extraídas do comentário de autoria de Thomas Manton, sobre o segundo capítulo da epístola de Tiago. 31 Salvos Pela Misericórdia e Não Por Obras “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tito 3.5,6) 1. O CAMINHO DO PERDÃO Quando uma pessoa se encontra sob convicção de pecado, experimenta o sentimento de que todos os dias Deus está irado para com ela. Tal pessoa se afunda em umacondição de melancolia, “laços de morte cercam-na, e angústias do inferno se apoderaram dela”. Quando Deus visita esta pessoa, em sua misericórdia, Ele o faz pelo meio de revelar ao coração o Senhor Jesus Cristo. Deus manifesta a sua “benignidade.... e o seu amor para com todos” (Tito 3.4). O Espírito Santo faz resplandecer a face de Jesus Cristo, mostrando ao perdido como o Senhor Jesus teve compaixão dele, veio a este mundo por causa dele, obedeceu e morreu no lugar dele; mostrando também que o pior dos pecadores pode recebê- Lo como seu Salvador. O pecador contempla o Cordeiro de Deus e seu coração enche-se de paz, ao crer nEle. Ora, isto é o que significam as 32 palavras “segundo a sua misericórdia, ele nos salvou”. 1.1 - Algumas almas estão procurando a salvação por meio de “obras de justiça”. Você sofre no cumprimento de deveres religiosos; lê a Bíblia e ora, alimenta os famintos, veste os despidos, para fazer compensação por pecados cometidos e colocar sobre Deus a obrigação de salvá-lo. Destas palavras, torna-se evidente que você não compreende o caminho que conduz ao céu. Este caminho está fechado para você, visto que, “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou” (Tito 3.5); e que, “se a justiça é mediante a lei, segue- se que morreu Cristo em vão” (Gl 2.21). 1.2 - Como podemos ser salvos? É por meio da “manifestação da benignidade e do amor de Deus, nosso Salvador”. Você acha que tem de fazer alguma coisa, para mudar a atitude de Deus, enquanto Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, por meio da oferta de Si mesmo, fez tudo o que era necessário, para abrir o caminho da reconciliação com Deus, que é “bom e compassivo” (Sl 86.5). Aprenda a não olhar para dentro de si, e sim a olhar para fora, a fim de obter paz. Você está examinando detalhadamente a sua vida de trevas e o seu coração que está em trevas ainda mais densas. Você está debilitando os seus olhos, para encontrar algum raio de luz em seu coração. Isto 33 é inútil. Alguém já tentou ver o nascer do sol olhando para uma caverna? Olhe para fora, contemple a benignidade e o amor de Deus, nosso Salvador. É a descoberta da pessoa, ofícios, beleza, obra consumada e espontaneidade de Deus, nosso Salvador, que enche o coração de paz, e os lábios, de louvor. “Os meus terrores desapareceram ante o seu doce nome, meus de culpa baniram- se, com ousadia eu vim b temores eber livremente na fonte que outorga vida. Jeová-Tsidkenu é tudo para mim.” 2. O CAMINHO DA SANTIDADE “Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo.” 2.1 - É um “lavar”. A obra do Espírito Santo em um coração perdoado é designada por lavar, porque é um ato de tornar limpo. O coração natural é corrupto e vil; nada que flui de nossa natureza pode limpá-lo — nenhuma boa resolução, nenhum juramento, nenhum esforço pode mudar o coração natural (Jer 13.23). Somente o Espírito Santo pode fazer isso. 2.2 - É o “lavar regenerador”, ou seja, o novo nascimento. Não é uma lavagem exterior do corpo, e sim uma mudança interior, na alma. Não é o batismo com água, e sim com o “Espírito 34 Santo”. Oh! quantas vezes já lavei meu corpo, deixando-o limpo! Mas, eu já experimentei o lavar regenerador”? Há algum tempo fui lavado nas águas do batismo; mas também fui batizado com o Espírito Santo? 2.3 - É um lavar constante. A água que Cristo outorga será, na alma, “uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14). Muitos lugares, quando são bem lavados, permanecem limpos por algum tempo. No entanto, isso não acontece com o coração do homem, que é um terrível poço de iniquidade. O “rio da água da vida” tem que ser derramado neste coração e jorrar perpetuamente através dele. Temos de ser regados a cada momento. Oh! feliz a alma que possui em seu íntimo a Fonte das águas vivas. Não conhecemos nosso coração enganoso, se não sentimos nossa necessidade da inesgotável fonte do Espírito Santo, a fim de purificar- nos de toda imundícia. 2.4- É uma renovação do Espírito Santo. Quando uma casa se torna rachada e prestes a cair, nenhum reparo melhorará sua condição. Ela precisa ser destruída e construída novamente. O coração de um pecador é como esse tipo de casa. A lepra do pecado está arraigada nas suas paredes. Tal coração tem que ser destruído e construído novamente. Isto é a renovação do Espírito Santo. Quando temos um inverno longo e severo, as árvores permanecem secas e sem 35 folhas, parecem mortas e não podem dar frutos; e, se o inverno continuar por muito tempo, elas poderão morrer. Mas quando o verão sopra outra vez sobre as árvores, a seiva ascende aos galhos em um fluxo vigoroso e abundante — “A figueira começa a dar seus figos, e as vides em flor exalam o seu aroma” (Ct 2.13). A face da terra é renovada (Sl 104.30). O coração do pecador é como uma árvore morta. Estar sem Cristo é o inverno da alma. Todavia, quando Cristo é revelado, e a alma chega ao amor de Deus, e o Espírito Santo é enviado ao coração, a pessoa se torna uma nova criatura e canta: “Sou como a oliveira verdejante, na Casa de Deus” (Sl 52.8). Por último, o Espírito é derramado sobre nós abundantemente. Os cristãos frequentemente se lamentam de que há poucas gotas do Espírito caindo em nossos dias. Infelizmente, existem muitas razões para esta queixa, mas pelo menos em um aspecto ela não é verdadeira. Onde quer que exista um simples crente, ali o Espírito Santo foi derramado abundantemente. Quando contemplo todo o mundo permanecendo na impiedade e vejo milhares de armadilhas colocadas diante de minha alma, em todos os caminhos; quando ouço o rugir do leão que anda em derredor, procurando a quem possa devorar; e, antes de tudo, quando vejo a lei dos meus membros lutando contra a lei da minha mente, sou tentado a clamar: “Algum dia perecerei às mãos de Saul”. Ainda que eu tivesse legiões de anjos ao meu lado, eles não poderiam 36 me sustentar. Nenhuma criatura pode guardar- me de cair. Mas Jesus disse: “A minha graça te basta”. Ele derrama o Espírito Santo abundantemente. Que gotejar contínuo de chuva, que jorrar constante da fonte de água, que abundante fluir do rio de Deus é necessário para suster minha alma desamparada! Deus seja louvado por seu Santificador que habita em nós. “Ora, àquele que é poderoso para me guardar de tropeços e me apresentar com exultação, imaculado diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!”(Jd 24-25) Por Robert Murray M'Cheyne, em domínio público, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra 37 Se Compadece de Nossa Miséria Espiritual Rom 7:14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Rom 7:15 Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Rom 7:16 Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Rom 7:17 Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Rom 7:18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Rom 7:19 Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Nestas palavras do apóstolo Paulo está descrita de modo sucinto e verdadeiro qual é a condição de todo o gênero humano. O quadro apresentado diante de nós é de total impotência para praticar somente aquilo que é 38 bom, e a facilidade e capacidade para praticar o que é mau. Como esta condição é natural e nos acompanha desde o nascimento até o dia da nossa morte, sem se tratar de algo dependentede escolha pessoal através do exercício de nossa vontade, Deus se compadece de nós e preparou uma via de escape da condenação e maldição que paira sobre nossas cabeças em decorrência deste fato. De modo que a permanência na condenação não é ditada por causa de nossa impotência para o bem e facilidade para a prática do mal, mas pela rejeição da oferta graciosa de libertação e remissão que Ele preparou para nós no sacrifício de Jesus Cristo. A natureza pecaminosa que herdamos do primeiro homem criado por Deus somente pode ser subjugada pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, e através do trabalho do Espírito Santo. Ainda que não a vejamos inteiramente subjugada enquanto estivermos neste mundo, podemos constatar, enquanto em Cristo, que ela é cada vez mais enfraquecida, enquanto a nova natureza recebida pela graça se torna proporcionalmente mais forte. Todavia temos a promessa do perdão, da longanimidade e da misericórdia de Deus para 39 os nossos pecados presentes, por causa da nossa união com Jesus Cristo, e da perfeição em santidade quando formos recebidos por Ele na glória. De modo que podemos dizer juntamente com o apóstolo Paulo: “Rom 7:24 Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Rom 7:25a Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor.” Se dependemos inteiramente de nosso Senhor para ter a vitória, então o exercício da nossa vontade para a prática do bem e para a rejeição do mal deve consistir basicamente em recorrer ao auxílio da Sua graça divina para tal propósito. É somente pela lei do Espírito da vida em Cristo Jesus, pela operação da Sua graça e virtude, que podemos obter a vitória sobre a lei do pecado e da morte. 40 Infinita Misericórdia “Não é Efraim meu precioso filho, filho das minhas delícias? Pois tantas vezes quantas falo contra ele, tantas vezes ternamente me lembro dele; comove-se por ele o meu coração, deveras me compadecerei dele, diz o SENHOR.” (Jeremias 31.20) Samaria, capital do Reino do Norte ou Israel, ficava situada em Efraim, de modo que Israel e Efraim eram palavras usadas como sinônimas. Por ocasião da escrita deste texto de Jeremias, o Reino do Norte havia sido levado em cativeiro pelos assírios, há mais de um século, enquanto Jeremias desenvolvia o seu ministério profético no Reino do Sul, ou Judá. Este texto do trigésimo primeiro capítulo de Jeremias foi proferido no contexto da Nova Aliança que é nele prometida. A compaixão do filho extraviado, julgado pelo pecado, e a lembrança terna dele por Deus, é apontada como uma das causas do estabelecimento de uma Nova Aliança, com as promessas dos versos 31 a 35, de perdão e esquecimento dos pecados cometidos anteriormente, por aqueles que fossem 41 chamados por Deus para serem confirmados para sempre na Sua presença. Somos como o Efraim de Deus, sendo agora restaurado e reconciliado, porque havíamos provocado o Senhor frequentemente com os nossos pecados e apostasias, mas Ele se compadeceu do nosso pecado e lamentou o estado em que nos encontrávamos. Ele nos atraiu para Si porque sentiu o nosso coração aspirando por conhecê-Lo e amá-Lo, e pronto para o arrependimento. Oh, que grande misericórdia está sendo oferecida a nós, porque nossos pecados eram muitos e monstruosos, mas o Senhor se dispôs a perdoá-los todos, porque lançaria o terrível juízo devido a todos os nossos pecados sobre o Seu próprio Filho Unigênito, que não tinha qualquer pecado, fazendo com que morresse em nosso lugar na cruz. Assim, por mais vergonhosa que possa ter sido a nossa conduta, por mais corrompido que tenha sido o nosso coração, há esperança para nós, porque esta infinita misericórdia perdoadora e reconciliadora é o caráter mesmo do evangelho de Jesus Cristo. “Miq 7:18 Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Miq 7:19 Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar. Miq 7:20 Mostrarás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a misericórdia, as quais juraste a nossos pais, desde os dias antigos.” 43 Na Tristeza Pelo Pecado Lembremos da Misericórdia de Deus Ao lembrar da misericórdia do Senhor, colocando-se na posição de esperar na Sua bondade, o profeta Jeremias estava colocando em prática o conselho de Deus dado através do profeta Joel, quanto ao procedimento que os judeus deveriam ter na hora da aflição. Deus disse pela boca do profeta Joel o que é que o seu povo deveria fazer quando visse que estava chegando sobre eles as assolações e aflições que estavam determinadas por causa dos seus pecados, em Joel 2.15 a 17: “15 Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembleia solene; 16 congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os meninos, e as crianças de peito; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu tálamo. 17 Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?” 44 Não somente eles seriam ajudados e beneficiados com este ato de humilhação e de busca de Deus no meio da aflição, como ajudariam as gerações seguintes a receberem o cumprimento da promessa do derramamento do Espírito Santo, conforme está profetizado neste mesmo capítulo de Joel, nos versos 28 e 29: “28 Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões; 29 e também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.” É importante frisar, que o Espírito Santo, mais uma vez, pela boca do profeta, convoca o povo a se humilhar diante de Deus e para Lhe clamar por misericórdia, ainda que as condições descritas se refiram apenas a juízos, ao peso da Sua potente mão disciplinadora sobre o Seu povo, e não a promessas de bênçãos. O povo é convocado a se converter ao Senhor de todo o coração, com jejuns e com choro e pranto (Joel 2.12), não propriamente pelos justos juízos, mas pelos seus próprios pecados. Muitos choram pelas dores que sofrem, pelos bens que perdem, mas não pelos seus pecados que deram ocasião a tais sofrimentos. 45 Por isso o Senhor convoca a Seu povo a rasgar o coração e não as vestes, porque o arrependimento sincero se dá no coração e não no exterior, e faz com que se conte com o favor de Deus, porque “é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade, e se arrepende do mal”, como afirmado em Joel 2.13. Ele é soberano para usar ou não de misericórdia, mas é nosso dever, quando debaixo da Sua potente mão, nos humilharmos diante dEle e nos arrependermos, na expectativa de que nos perdoe e abençoe, segundo a grandeza das Suas misericórdias. Não deve haver apenas arrependimento individual, mas de toda a congregação dos crentes, porque Deus nos tem feito boas promessas relativas à nossa restauração por meio da fé em Jesus. Ora, se Deus estava disposto a manifestar a Sua misericórdia aos judeus quando eles estavam sendo afligidos no cativeiro de Babilônia, de quanto maior misericórdia não serão alvos dela os Seus servos na Igreja que são afligidos por causa da Sua fidelidade? Satanás se levanta para tentar impedir o avanço da obra do Espírito na Igreja, por trazer aflições aos crentes, mas estando bem instruídos pela 46 Palavra, eles sabem que devem ser pacientes nestas aflições e buscarem a Deus clamandoa Ele não somente por livramento, mas para que faça avançar a Sua obra enquanto eles se encontram debaixo de tais aflições. Então, quando alguém é batizado no Espírito Santo em nossos dias, isto é um dos sinais de que a misericórdia de Deus nos está sendo concedida. É preciso crer portanto na bondade do Senhor e na Sua misericórdia para conosco, apesar de sermos falhos e pecadores, para que possamos ser batizados pelo Espírito Santo. Ele nos batizará não porque sejamos perfeitos, mas porque Ele é misericordioso. Por isso este batismo é chamado de dom do Espírito, ou seja, o próprio espírito é o dom, e isto significa que Ele nos é dado como um presente de Deus, de modo que nada temos que pagar por ele. O profeta Joel havia profetizado antes de Jeremias, e foi nos dias deste profeta que se cumpriram as ameaças que haviam sido proferidas por Deus através de Joel e de outros profetas. 47 Então era hora de se colocar em prática o que Deus havia dito que eles deveriam fazer mesmo sendo levados para o cativeiro, e estando debaixo de grande aflição, a saber; buscarem a Sua face e se humilharem perante Ele. Eles deveriam trazer à memória o que lhes pudesse dar esperança, sabendo que as misericórdias do Senhor não têm fim. Ele havia por isso, alertado o povo quanto ao modo de agir debaixo das aflições por causa das suas visitações de juízo contra os pecados deles. Quando Ele se mostra entristecido conosco e quando não sentimos Sua presença em nossas reuniões tanto quanto antes, não devemos ficar imóveis esperando que as coisas melhorem por si mesmas, ou continuarmos endurecidos em nossos pecados, mas devemos buscar a face do Senhor e nos humilharmos perante Ele, conforme nos tem recomendado em Sua Palavra que façamos. Ele nos manda fazer isto porque é misericordioso e usará de misericórdia para conosco, apesar de termos entristecido o Seu Espírito. Por isso, lemos também, o mesmo tipo de orientação, como por exemplo, no profeta Isaías, que havia profetizado isto, muitos anos antes de Judá ser levado para o cativeiro em Babilônia: 48 “15 Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos. 16 Pois eu não contenderei para sempre, nem continuamente ficarei irado; porque de mim procede o espírito, bem como o fôlego da vida que eu criei. 17 Por causa da iniquidade da sua avareza me indignei e o feri; escondi-me, e indignei-me; mas, rebelando-se, ele seguiu o caminho do seu coração. 18 Tenho visto os seus caminhos, mas eu o sararei; também o guiarei, e tornarei a dar-lhe consolação, a saber aos que dele choram.” (Is 57.15-18) Aqueles que não levam em consideração os seus pecados, não serão ajudados por Deus, porque Ele tem prometido habitar somente com os que são contritos e humildes de espírito, e vivificará os seus espíritos e corações, habitando neles. 49 Ele sarará, guiará e consolará os pecadores, mas somente aqueles que choram por causa do pecado. Isto foi confirmado por Jesus em seu ministério terreno quando disse que bem-aventurados são os que choram. Deus dará a Sua paz a estes, e os sarará, mas para os que permanecem na impiedade, e na prática deliberada da injustiça, não dará nenhuma paz, porque são como o mar agitado, que não pode se aquietar e cujas águas lançam de si lama e lodo. É preciso conhecer portanto qual seja o verdadeiro caráter de Deus para que possamos ter um relacionamento correto com Ele, baseado numa completa confiança. Não podemos confiar em quem não conhecemos. Não adianta dizermos que Deus é de inteira confiança caso não conheçamos o Seu caráter. Por isso somos exortados a crescer na graça e no conhecimento de Jesus, para que possamos ter este relacionamento de forma correta com Ele, baseado numa inteira confiança e num andar em justiça. Posso dizer que confio nEle, mas se não conhecê-lO como Ele é, especialmente na aplicação da Sua justiça e misericórdia, não saberei como agir, e sequer entenderei as coisas que me vierem da parte dEle, especialmente as 50 aflições por causa do pecado ou por necessidade de ser disciplinado. Acabarei resistindo à correção que me vem da Sua parte, e não aprenderei a lição que deveria ter aprendido. Mas quando conhecemos a verdade relativa ao modo de se comportar debaixo das aflições, vendo que é a própria mão do Senhor que se encontra na maioria delas, ou então permitindo que elas nos alcancem, então posso ter um comportamento adequado esperando nEle com confiança, de que seja ajudado e mudado, sabendo que é sempre este o Seu desejo, por ser Deus misericordioso, e ter demonstrado o maior grau desta misericórdia dando Seu Filho unigênito para morrer na cruz, em nosso favor, sendo nós pecadores. Não temos dado um justo valor, não temos feito uma avaliação correta deste ato supremo de amor e misericórdia de Jesus morrendo no nosso lugar. E não somente isto, dispondo-se a perdoar todas as nossas ofensas, para estarmos completa e perfeitamente reconciliados com Deus que é santo, justo e perfeito. Se é um fato verdadeiro que Deus detesta o pecado, também é outro fato verdadeiro e não menor que o primeiro, que Ele também perdoa o pecado, porque é misericordioso. 51 De modo que faz que haja muito mais graça e misericórdia para cobrir os muitos pecados daqueles que se arrependem, se humilham e que buscam a Sua face. É para este propósito de nos aproximar mais e mais de Deus que as aflições estão cooperando, porque elas nos desmamam deste mundo e de nosso apego à carne, elevando-nos à presença do Senhor, para acharmos descanso e paz para as nossas almas. 52 O Que Tem a Ganhar o Que É Misericordioso O perverso sente prazer com a miséria de seus semelhantes, mas o que é justo se compadece e presta auxílio. Então o atributo divino da misericórdia que é inerente à pessoa de Deus será visto apenas nas pessoas de boa vontade. Como estes que são misericordiosos se ajustam ao caráter reto, santo, perfeito e misericordioso de Deus, também acharão misericórdia da Sua parte, não somente para as suas fraquezas, como também para as suas demais necessidades que pesem sobre suas almas. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” (Mateus 5.7) Agora, quanto aos que não são misericordiosos, pesa um juízo de condenação eterna, porque com isto comprovam que não foram feitos semelhantes a Cristo, por meio da fé nele, porque ele é muito misericordioso, a ponto de ter se oferecido como sacrifício por nós na cruz, para poder nos livrar de nossas misérias. 53 “Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.” (Tiago 2.13) 54 Misericórdia, Compaixão e Empatia “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.” (Mateus 5.7) “Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.” (Lucas 6.36) “Porque o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia; a misericórdia triunfa sobre o juízo.” (Tiago 2.13) Estes três versículos devem ser sempre lembrados quando pensarmos no assunto relativo à misericórdia. Aqui se fala de uma bênção, de um dever e de um juízo que estão atrelados ao exercício da misericórdia. Se somos misericordiosos somos bem- aventurados, mas se não exercemos misericórdia, estamos debaixo de um juízo divino. E qual é o principal motivo disto? Primeiro porque sendo pecadores, todos necessitamos da misericórdia de Deus, misericórdia esta que ele revelou em alto grau ao nos daro próprio Filho unigênito como 55 sacrifício para morrer em nosso lugar na cruz, de modo que pudéssemos ser livrados de nossa condição de miséria extrema. Segundo, porque não seria de se esperar daqueles para os quais Deus tem exibido tão grande misericórdia, que eles não tenham o mesmo sentir e proceder em relação àqueles que tanto quanto eles são necessitados de misericórdia. Por isso é interposto um juízo divino sobre aqueles que não usam de misericórdia para com o seu próximo. Terceiro, porque tendo sido criados à imagem e semelhança de Deus devemos ser santos assim como ele é santo, justos como ele é justo, misericordiosos, assim como ele é misericordioso. Isso significa que não devemos ser, pensar e agir conforme o padrão do mundo mas de acordo com o elevadíssimo padrão de Deus. Para tanto necessitamos da graça, e esta só pode ser encontrada na nossa comunhão com nosso Senhor Jesus Cristo. Quando permanecemos em Cristo e ele em nós, por guardarmos os seus mandamentos, então somos capacitados a sermos misericordiosos, e isto se traduzirá sobretudo em ações e orações que tenham em vista conduzir aos que estão em trevas espirituais para a luz de Jesus. 56 Com isto se cumpre o dizer do apóstolo Tiago: “Meus irmãos, se alguém dentre vós se desviar da verdade e alguém o converter, sabei que aquele que fizer converter um pecador do erro do seu caminho salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.” (Tiago 5.19,20) Esta é a melhor e maior exibição da misericórdia. Devemos nos compadecer de todos aqueles que se encontram escravizados pelo pecado e por Satanás. Mas devemos dar um passo além do sentimento de compaixão, e exercer misericórdia de modo prático, assim como o samaritano da parábola. O motivo da misericórdia é o amor, e o amor sempre permanece na casa, mas sempre que necessário, se expressará com o seu visitante – a misericórdia – que entra em cena quando há alguma necessidade premente para ser atendida e que a pessoa por si só não conseguiria sanar. Neste auxílio mútuo se cumpre o grande propósito divino na nossa criação, de que vivamos como um só corpo, unidos pelos laços do amor de Cristo. 57 E como a nossa presente condição é a de ainda termos os resquícios do pecado operando na nossa antiga natureza terrena, então é de se esperar que a misericórdia sempre esteja em cena, para que em vez de condenação dos que estão caídos, usemos de compaixão para com eles, esforçando-nos para livrá-los da referida condição. Deus usará de misericórdia para com os que agem desta forma, e certamente moverá os corações de outros quando eles próprios estiverem também necessitados de que usem de misericórdia para com eles. 1 – eleos (grego) - misericórdia Mateus 9.13 Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia (eleos) quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores. Mateus 12.7 Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia (eleos) quero, e não sacrifícios, não condenaríeis os inocentes. Mateus 23.23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia (eleos) e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas. 58 Lucas 1.50 E a sua misericórdia (eleos) vai de geração em geração sobre os que o temem. Lucas 1.54 Auxiliou a Israel, seu servo, lembrando-se de misericórdia (eleos). Lucas 1.58 Ouviram seus vizinhos e parentes que o Senhor lhe multiplicara a sua misericórdia (eleos), e se alegravam com ela. Lucas 1.72 para usar de misericórdia (eleos) com nossos pais, e lembrar-se do seu santo pacto Lucas 1.78 graças à entranhável misericórdia (eleos) do nosso Deus, pela qual nos há de visitar a aurora lá do alto, Lucas 10.37 Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia (eleos) para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faze tu o mesmo. Romanos 9.23 para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia (eleos), que de antemão preparou para a glória, Romanos 11.31 assim também estes agora foram desobedientes, para também alcançarem misericórdia (eleos) pela misericórdia a vós demonstrada. 59 Romanos 15.9 e para que os gentios glorifiquem a Deus pela sua misericórdia (eleos), como está escrito: Portanto eu te louvarei entre os gentios, e cantarei ao teu nome. Gálatas 6.16 E a todos quantos andarem conforme esta norma, paz e misericórdia (eleos) sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus. Efésios 2.4,5 Mas Deus, sendo rico em misericórdia (eleos), pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), 1 Timóteo 1.2 a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé: graça, misericórdia (eleos) e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor. 2 Timóteo 1.2 a Timóteo, amado filho: Graça, misericórdia (eleos) e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus nosso Senhor. 2 Timóteo 1.16 O Senhor conceda misericórdia (eleos) à casa de Onesíforo, porque muitas vezes ele me recreou, e não se envergonhou das minhas cadeias; 2 Timóteo 1.18 O Senhor lhe conceda que naquele dia ache misericórdia (eleos) diante do 60 Senhor. E quantos serviços prestou em Éfeso melhor o sabes tu. Tito 3.5 não em virtude de obras de justiça que nós houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia (eleos), nos salvou mediante o lavar da regeneração e renovação pelo Espírito Santo, Hebreus 4.16 Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia (eleos) e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno. Tiago 2.13 Porque o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia (eleos); a misericórdia (eleos) triunfa sobre o juízo. Tiago 3.17 Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia (eleos) e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. I Pedro 1.3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia (eleos), nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, 61 2 João 1.3 Graça, misericórdia (eleos), paz, da parte de Deus Pai e da parte de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor. Judas 1.2 Misericórdia (eleos), paz e amor vos sejam multiplicados. Judas 1.21 conservai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia (eleos) de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna. 2 – racham (hebraico) – compaixão, misericórdia Gênesis 43.14 e Deus Todo-Poderoso vos dê misericórdia (racham) diante do homem, para que ele deixe vir convosco vosso outro irmão, e Benjamim; e eu, se for desfilhado, desfilhado ficarei. Gênesis 43.30 E José apressou-se, porque se lhe comoveram as entranhas (racham) por causa de seu irmão, e procurou onde chorar; e, entrando na sua câmara, chorou ali. Deuteronômio 13.17 Não se te pegará às mãos nada do anátema; para que o Senhor se aparte do ardor da sua ira, e te faça misericórdia (racham), e tenha piedade de ti, e te multiplique; como jurou a teus pais, 62 2 Samuel 24.14 Respondeu Davi a Gade: Estou em grande angústia; porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas misericórdias (racham); mas nas mãos dos homens não caia eu. I Reis 3.26 Mas a mulher cujo filho er suas entranhas se lhe enterneceram (racham) por seu filho), e disse: Ah, meu senhor! dai-lhe o menino vivo, e de modo nenhum o mateis. A outra, porém, disse: Não será meu, nem teu; dividi-o. I Reis 8.50 perdoa ao teu povo que houver pecado contra ti, perdoa todas as transgressões que houverem cometidocontra ti, e dá-lhes alcançar misericórdia (racham) da parte dos que os levarem cativos, para que se compadeçam deles; 2 Crônicas 30.9 Pois, se voltardes para o Senhor, vossos irmãos e vossos filhos acharão misericórdia diante dos que os levaram cativos, e tornarão para esta terra; porque o Senhor vosso Deus é clemente e compassivo (racham), e não desviará de vós o seu rosto, se voltardes para ele. Neemias 9.19 todavia tu, pela multidão das tuas misericórdias (racham), não os abandonaste no deserto. A coluna de nuvem não se apartou deles de dia, para os guiar pelo caminho, nem a 63 coluna de fogo de noite, para lhes alumiar o caminho por onde haviam de ir. Neemias 9.27 Pelo que os entregaste nas mãos dos seus adversários, que os afligiram; mas no templo da sua angústia, quando eles clamaram a ti, tu os ouviste do céu; e segundo a multidão das tuas misericórdias (racham) lhes deste libertadores que os libertaram das mãos de seus adversários. Neemias 9.28 Mas, tendo alcançado repouso, tornavam a fazer o mal diante de ti; portanto tu os deixavas nas mãos dos seus inimigos, de modo que estes dominassem sobre eles; todavia quando eles voltavam e clamavam a ti, tu os ouvias do céu, e segundo a tua misericórdia (racham) os livraste muitas vezes; Salmo 25.6 Lembra-te, Senhor, da tua compaixão (racham) e da tua benignidade, porque elas são eternas. Salmo 40.11 Não detenhas para comigo, Senhor a tua compaixão (racham); a tua benignidade e a tua fidelidade sempre me guardem. Salmo 51.1 Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias (racham). 64 Salmo 69.16 Ouve-me, Senhor, pois grande é a tua benignidade; volta-te para mim segundo a tua muitíssima compaixão (racham). Salmo 77.9 Esqueceu-se Deus de ser compassivo? Ou na sua ira encerrou ele as suas ternas misericórdias (racham)? Salmo 79.8 Não te lembres contra nós das iniquidades de nossos pais; venha depressa ao nosso encontro a tua compaixão (racham), pois estamos muito abatidos. Salmo 103.4 quem redime a tua vida da cova, quem te coroa de benignidade e de misericórdia (racham), Salmo 106.46 Por isso fez com que obtivessem compaixão (racham) da parte daqueles que os levaram cativos. Salmo 119.77 Venham sobre mim as tuas ternas misericórdias (racham), para que eu viva, pois a tua lei é o meu deleite. Salmo 119.156 Muitas são, Senhor, as tuas misericórdias (racham); vivifica-me segundo os teus juízos. 65 Salmo 145.9 O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias (racham) estão sobre todas as suas obras. Isaías 47.9 O Senhor é bom para todos, e as suas misericórdias (racham) estão sobre todas as suas obras. Salmo 54.7 Por um breve momento te deixei, mas com grande compaixão (racham) te recolherei; Salmo 63.7 Celebrarei as benignidades do Senhor, e os louvores do Senhor, consoante tudo o que o Senhor nos tem concedido, e a grande bondade para com a casa de Israel, bondade que ele lhes tem concedido segundo as suas misericórdias (racham), e segundo a multidão das suas benignidades. Salmo 63.15 Atenta lá dos céus e vê, lá da tua santa e gloriosa habitação; onde estão o teu zelo e as tuas obras poderosas? A ternura do teu coração e as tuas misericórdias (racham) para comigo estancaram. Jeremias 16.5 Pois assim diz o Senhor: Não entres na casa que está de luto, nem vás a lamentá-los, nem te compadeças deles; porque deste povo, diz o Senhor, retirei a minha paz, benignidade e misericórdia (racham). 66 Jeremias 42.12 E vos concederei misericórdia, para que ele tenha misericórdia (racham) de vós, e vos faça habitar na vossa terra. Lam. Jeremias 3.22 A benignidade do Senhor jamais acaba, as suas misericórdias (racham) não têm fim; Daniel 9.9 Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia (racham) e o perdão; pois nos rebelamos contra ele, Daniel 9.18 Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome; pois não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias (racham). Oseias 2.19 E desposar-te-ei comigo para sempre; sim, desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em amorável benignidade, e em misericórdias (racham); Amós 1.11 Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Edom, sim, por quatro, não retirarei o castigo; porque perseguiu a seu irmão à espada, e baniu toda a compaixão (racham); e a sua ira despedaçou eternamente, e conservou a sua indignação para sempre. 67 Zacarias 1.16 Portanto, o Senhor diz assim: Voltei-me, agora, para Jerusalém com misericórdia (racham); nela será edificada a minha casa, diz o Senhor dos exércitos, e o cordel será estendido sobre Jerusalém. Zacarias 7.9 Assim falou o Senhor dos exércitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e compaixão (racham) cada um para com o seu irmão; Êxodo 33.19 Respondeu-lhe o Senhor: Eu farei passar toda a minha bondade diante de ti, e te proclamarei o meu nome Jeová; e terei misericórdia (racham) de quem eu tiver misericórdia (racham), e me compadecerei de quem me compadecer. Deuteronômio 13.17 Não se te pegará às mãos nada do anátema; para que o Senhor se aparte do ardor da sua ira, e te faça misericórdia (racham), e tenha piedade (racham) de ti, e te multiplique; como jurou a teus pais, Deuteronômio 30.3 o Senhor teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá (racham) de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todos os povos entre os quais te houver espalhado o senhor teu Deus. 68 1 Reis 8.50 perdoa ao teu povo que houver pecado contra ti, perdoa todas as transgressões que houverem cometido contra ti, e dá-lhes alcançar misericórdia da parte dos que os levarem cativos, para que se compadeçam (racham) deles; 2 Reis 13.23 O Senhor, porém, teve misericórdia deles, e se compadeceu (racham) deles, e se tornou para eles, por amor do seu pacto com Abraão, Isaque e Jacó; e não os quis destruir nem lançá-los da sua presença Salmo 102.13 Tu te levantarás e terás piedade (racham)de Sião; pois é o tempo de te compadeceres dela, sim, o tempo determinado já chegou. Salmo 103.13 Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece (racham) daqueles que o temem. Salmo 116.5 Compassivo é o Senhor, e justo; sim, misericordioso (racham) é o nosso Deus. Provérbios 28.13 O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia (racham). 69 Isaías 14.1 Pois o Senhor se compadecerá (racham) de Jacó, e ainda escolherá a Israel e os porá na sua própria terra; e ajuntar-se-ão com eles os estrangeiros, e se apegarão à casa de Jacó. Isaías 27.11 Quando os seus ramos se secam, são quebrados; vêm as mulheres e lhes ateiam fogo; porque este povo não é povo de entendimento; por isso aquele que o fez não se compadecerá (racham) dele, e aquele que o formou não lhe mostrará nenhum favor. Isaías 30.18 Por isso o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará, para se compadecer (racham) de vós; porque o Senhor é um Deus de equidade; bem- aventurados todos os que por ele esperam. Isaías 49.10 Nunca terão fome nem sede; não os afligirá nem a calma nem o sol; porque o que se compadece (racham) deles os guiará, e os conduzirá mansamente aos mananciais das águas. Isaías 49.13 Cantai, ó céus, e exulta, ó terra, e vós, montes, estalai de júbilo, porque o Senhor consolou o seu povo, e se compadeceu (racham) dos seus aflitos. 70 Isaías 49.15 pode uma mulher esquecer-se de seu filho de peito, de maneira que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecereide ti. Isaías 54.8 num ímpeto de indignação escondi de ti por um momento o meu rosto; mas com benignidade eterna me compadecerei (racham) de ti, diz o Senhor, o teu Redentor. Isaías 54.10 Pois as montanhas se retirarão, e os outeiros serão removidos; porém a minha benignidade não se apartará de ti, nem será removido ao pacto da minha paz, diz o Senhor, que se compadece (racham) de ti. Isaías 55.7 Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao Senhor, que se compadecerá (racham) dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar. Isaías 60.10 E estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão; porque na minha ira te feri, mas na minha benignidade tive misericórdia (racham) de ti. 71 Jeremias 6.23 Arco e lança trarão; são cruéis, e não usam de misericórdia (racham); a sua voz ruge como o mar, e em cavalos vêm montados, dispostos como homens para a batalha, contra ti, ó filha de Sião. Jeremias 12.15 E depois de os haver eu arrancado, tornarei, e me compadecerei (racham) deles, e os farei voltar cada um à sua herança, e cada um à sua terra. Jeremias 13.14 E atirá-los-ei uns contra os outros, mesmo os pais juntamente com os filhos, diz o Senhor; não terei pena nem pouparei, nem terei deles compaixão (racham) para não os destruir. Jeremias 21.7 E depois disso, diz o Senhor, entregarei Zedequias, rei de Judá, e seus servos, e o povo, e os que desta cidade restarem da peste, e da espada, e da fome, sim entregá-los-ei na mão de Nabucodonozor, rei de Babilônia, e na mão de seus inimigos, e na mão dos que procuram tirar-lhes a vida; e ele os passará ao fio da espada; não os poupará, nem se compadecerá, nem terá misericórdia (racham). Jeremias 31.20 Não é Efraim meu filho querido? filhinho em quem me deleito? Pois quantas vezes falo contra ele, tantas vezes me lembro dele solicitamente; por isso se comovem por ele as minhas entranhas; deveras me compadecerei (racham) dele, diz o Senhor. 72 Jeremias 33.26 também rejeitarei a descendência de Jacó, e de Davi, meu servo, de modo que não tome da sua descendência os que dominem sobre a descendência de Abraão, Isaque, e Jacó; pois eu os farei voltar do seu cativeiro, e apiedar-me-ei (racham) deles. Jeremias 42.12 E vos concederei misericórdia (racham), para que ele tenha misericórdia (racham) de vós, e vos faça habitar na vossa terra. Lam. Jeremias 3.32 Embora entristeça a alguém, contudo terá compaixão (racham) segundo a grandeza da sua misericórdia. Ezequiel 39.25 Portanto assim diz o Senhor Deus: Agora tornarei a trazer Jacó, e me compadecerei (racham) de toda a casa de Israel; terei zelo pelo meu santo nome. Oseias 1.6 E tornou ela a conceber, e deu à luz uma filha. E o Senhor disse a Oseias: Põe-lhe o nome de Lo-Ruama; porque não tornarei mais a compadecer-me (racham) da casa de Israel, nem a perdoar-lhe de maneira alguma. Oseias 1.7 Mas da casa se Judá me compadecerei (racham), e os salvarei pelo Senhor seu Deus, pois não os salvarei pelo arco, nem pela espada, 73 nem pela guerra, nem pelos cavalos, nem pelos cavaleiros. Oseias 2.4 Até de seus filhos não me compadecerei (racham); porquanto são filhos de prostituições. Oseias 2.23 E semeá-lo-ei para mim na terra, e compadecer-me-ei (racham) de Lo-Ruama; e a e Lo-Ami direi: Tu és meu povo; e ele dirá: Tu és o meu Deus. Oseias 14.3 Não nos salvará a Assíria, não iremos montados em cavalos; e à obra das nossas mãos já não diremos: Tu és o nosso Deus; porque em ti o órfão acha a misericórdia (racham). Miqueias 7.19 Tornará a apiedar-se (racham) de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades. Tu lançarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar. Habacuque 3.2 Eu ouvi, Senhor, a tua fama, e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos; faze que ela seja conhecida no meio dos anos; na ira lembra-te da misericórdia (racham). Zacarias 1.12 Então o anjo do Senhor respondeu, e disse: O Senhor dos exércitos, até quando não terás compaixão (racham) de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste indignado estes setenta anos? 74 Zacarias 10.6 Fortalecerei a casa de Judá, e salvarei a casa de José; fá-los-ei voltar, porque me compadeço (racham) deles; e serão como se eu não os tivera rejeitado; porque eu sou o Senhor seu Deus, e os ouvirei. 3 – splagchnizomai (grego) – compaixão Mateus 9.36 Vendo ele as multidões, compadeceu-se (splagchnizomai) delas, porque andavam desgarradas e errantes, como ovelhas que não têm pastor. Mateus 14.14 E ele, ao desembarcar, viu uma grande multidão; e, compadecendo-se (splagchnizomai) dela, curou os seus enfermos. Mateus 15.32 Jesus chamou os seus discípulos, e disse: Tenho compaixão (splagchnizomai) da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm o que comer; e não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho. Mateus 18.27 O senhor daquele servo, pois, movido de compaixão (splagchnizomai), soltou- o, e perdoou-lhe a dívida. Mateus 20.34 E Jesus, movido de compaixão (splagchnizomai), tocou-lhes os olhos, e 75 imediatamente recuperaram a vista, e o seguiram. Marcos 1.41 Jesus, pois, compadecido (splagchnizomai) dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero; sê limpo. Marcos 6.34 E Jesus, ao desembarcar, viu uma grande multidão e compadeceu-se (splagchnizomai) deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas. Marcos 8.2 Tenho compaixão (splagchnizomai) da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm o que comer. Marcos 9.22 e muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão (splagchnizomai) de nós e ajuda-nos. Lucas 7.13 Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão (splagchnizomai) por ela, e disse-lhe: Não chores. Lucas 10.33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu- se de compaixão (splagchnizomai); Lucas 15.20 Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu- 76 se de compaixão (splagchnizomai) e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. 4 – Oikitimon ( grego) - misericordioso Lucas 6.36 Sede misericordiosos (Oikitimon), como também vosso Pai é misericordioso (Oikitimon). Tiago 5.11 Eis que chamamos bem-aventurados os que suportaram aflições. Ouvistes da paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o Senhor é cheio de misericórdia (Oikitimon) e compaixão.
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