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Mensagens Curtas 3 Para Meditação Diária Silvio Dutra Set/2016 2 A474 Alves, Silvio Dutra Mensagens curtas 3./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 201.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Graça 3. Fé. I. Título. CDD 230 3 Sumário Alegre por Ser de Cristo.................................. 8 A Longanimidade e Amor Evangélicos.... 10 Transportadores de Sementes..................... 15 A Mensagem do Evangelho é Imutável... 16 A Liberdade dos Que Odeiam a Deus........ 20 Como se Faz para Entrar no Céu................. 22 Uma Razão Por que Deus Não se Comunica Visivelmente................................. 24 Aprender a Conviver com Gostos e Costumes Diferentes dos Nossos............... 26 Perdas do Que se Tem e do Que não se Terá............................................................................. 30 Desapega... Desapega ........................................ 31 O Grande Risco em Escolher uma Porta Errada........................................................................ 34 Senhor Justiça Nossa........................................ 37 4 Está Faltando o Ingrediente do Evangelho na Salada Mista da Mensagem Atual................................................. 41 Acautelai-vos dos Falsos Profetas.............. 44 A União Indissolúvel do Crente com Cristo.......................................................................... 55 Julgados Pela Lei da Liberdade.................... 67 A Primeira e Grande Lição da Vida Cristã.......................................................................... 71 Por que Precisaríamos de Jesus?................. 73 Adultério Espiritual............................................ 75 Fruto de Justiça..................................................... 78 A Sempre Presente Necessidade de Reforma................................................................... 79 O Dever de em Tudo Ser Criteriosos......... 85 A Natureza da Santificação Verdadeiramente Bíblica................................ 87 Muito Mais do Que Ex Alguma Coisa....... 91 Verdadeiramente Mãe para Israel............. 93 5 O Profeta dos profetas....................................... 96 Fugindo da Porta Estreita e do Caminho Apertado.................................................................. 97 A Carne Vai Gemer, Vai Doer, Mas o Pecado Vai Morrer.............................................. 99 Muito Mais do que Emoção e Sentimento............................................................. 102 Como Viver em Paz Consigo e com o Próximo.................................................................... 103 Sã Doutrina + Fé + Arrependimento......... 104 Nem Ociosos e Nem Infrutíferos................ 106 Batismo com Fogo............................................... 109 Se Captou e Ligou é para Sempre............... 111 Dando uma Chance ao Verdadeiro Evangelho de Jesus............................................. 113 Voltando para o Lar............................................ 116 A Verdadeira Liberdade Eterna.................. 118 O Show Que Para Muitos Deve Continuar................................................................ 122 6 Porque Barrabás Sempre Terá a Preferência da Maioria..................................... 124 A Plena Certeza da Esperança....................... 126 Inabaláveis.............................................................. 134 Não Temos Motivos para Desconfiar........ 137 Pobre de Espírito e Não Com Um Espírito Pobre........................................................ 139 Muitos Membros e Funções Mas um Só Corpo......................................................................... 141 O Sucesso de Deus nos Nossos Insucessos............................................................... 144 Os Tímidos não Herdarão o Reino de Deus............................................................................ 146 "Cristo é tudo em todos." (Colossenses 3.11) ............................................................................. 148 A Fonte de Águas Cristalinas na Qual Devemos Beber.................................................... 150 A Verdade é Eficaz Somente Quando é Vivida......................................................................... 152 Uma Vida Sob o Propósito............................... 154 7 O Comportamento que Agrada a Deus.... 159 O Reino Prometido de Paz.............................. 163 O Dia em Que Haverá Paz Perfeita na Terra........................................................................... 165 Nicolaítas Modernos......................................... 167 Não Entregando a Segurança ao Cuidado das Raposas......................................... 171 Deus Não Necessita Ser Justificado........... 174 “Riquezas de Origem Iníqua” (Lucas 16.9) ............................................................................ 178 Não se Trata de Restrição mas de Libertação................................................................ 188 Guardando-se Incontaminado de Babilônia.................................................................. 190 A Verdadeira Raiz do Mal................................ 192 Pensando Fazer o Bem Fez um Grande Mal.............................................................................. 196 Não É Religião. É Vida........................................ 199 8 Alegre por Ser de Cristo “Quanto ao mais, irmãos meus, regozijai-vos no Senhor. Não me é penoso a mim escrever-vos as mesmas coisas, e a vós vos dá segurança.” (Filipenses 3.1) Paulo disse que o fato de os cristãos se regozijarem no Senhor lhes daria segurança, porque a alegria no Senhor é a nossa força, e nos mantém firmes e seguros na fé, diante das tribulações. As tribulações nos trazem tristezas e aflições, mas podemos manter o nosso espírito fortalecido com aquela alegria mais interna de sabermos que em Cristo tudo isto estará cooperando para o nosso aperfeiçoamento espiritual, e assim, não devemos ter estas tribulações como um motivo para ficarmos entristecidos, mas satisfeitos, por sabermos que o nosso Deus se encontra no controle delas, e que por meio delas está produzindo o que é melhor para nós. "Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança." (Tiago 1.2,3) "E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a 9 perseverança, experiência; e a experiência, esperança." (Romanos 5.3,4) Devemos, portanto, aprender a estarmos contentes em toda e qualquer situação, porque é assim fazendo, que não somos removidos pelas provações e tribulações, da nossa firmeza em Cristo. É a fé que vence o mundo. É a graça que nos dá força para viver na fé. E constatar que a obra da graça está avançando em nossas vidas, tornando-nos mais semelhantes a Cristo, é o maior motivo que temos para estarmos sempre alegres e contentes, a par de quaisquer circunstâncias externas ou internas que possamos estar experimentando. Não há maioralegria do que aquela que diz respeito ao exercício do ministério que recebemos de Deus para cumprir. A certeza de estarmos fazendo a Sua vontade gera uma satisfação interior que não pode ser apagada por qualquer tipo de provação que tenhamos que enfrentar. Afinal, tudo está sendo recompensado regiamente pelo Senhor, e será ainda mais quando formos galardoados na glória depois de termos cumprido a nossa jornada terrena com alegria. 10 A Longanimidade e Amor Evangélicos “1 Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, restaurai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado. 2 Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo." (Gál 6.1,2). A palavra grega paraptoma, usada por Paulo e traduzida por “ofensa” no verso 1, é a mesma palavra usada em várias passagens do Novo Testamento para se referir a pecados ou faltas, e usada por Jesus no Pai Nosso, onde se diz “perdoa as nossas ofensas”. Então não significa apenas injúrias, mas todo tipo de falta que possa ser praticada contra o próximo. Tiago faz o mesmo uso desta palavra quando diz que devemos confessar nossas ofensas uns aos outros. Paulo não estava portanto se referindo aqui a erros doutrinais, mas a pecados que operam na carne e que sujam o coração do cristão. E ele expõe a maneira como isto deve ser tratado na Igreja: os que são fortes devem levantar o caído com espírito de mansidão. Esta norma deveria ser seguida particularmente pelos ministros da Palavra. Os pastores devem reprovar o caído, mas quando veem que o caído sente e se entristece 11 pela sua condição, devem, confortá-lo e cobrirem a sua falta com o amor que cobre multidão de pecados. Assim como o Espírito Santo é inflexível quanto ao assunto de manter a doutrina da fé e a verdade entre os cristãos, Ele é também muito misericordioso para com os pecados dos homens, contanto que os pecadores se arrependam - o arrependimento é essencial porque Ele não consola aquele que vive deliberadamente no pecado, apesar de ser um Consolador amoroso e fiel. A palavra no original grego para o verbo restaurar do verso 1 é katartizo, que significa restaurar como quem liga de novo um osso que foi quebrado. Deste modo, o dever do cristão espiritual não é o de condenar o cristão fraco, mas de restaurá-lo com a paciência e o cuidado com que um ortopedista cuida de uma fratura. O espírito de mansidão é o modo correto determinado pelo apóstolo de fazê-lo. Não com ira e paixão, como aqueles que triunfam sobre a queda de um irmão, mas como aqueles que choram por eles e lamentam a sua queda e perda, assim como nosso Senhor vai à procura da ovelha perdida para reconduzí-la ao aprisco. Muitas reprovações necessárias perdem a sua eficácia quando são aplicadas em ira. Ainda mais um cuidado é colocado pelo apóstolo para aqueles que estiverem 12 empenhados no trabalho de restaurar os que estão caídos. Eles devem olhar por si mesmos de maneira que não venham também a cair como eles. Nós também podemos ser tentados e sermos vencidos pela tentação, e isto nos ajudará a ter em mente, enquanto ajudamos outros, que não somos melhores do que eles, porque como disse Agostinho, “não há nenhum pecado que uma pessoa cometa, que outra pessoa também não possa cometer”. Nós andamos em lugares escorregadios neste mundo, e como diz Tiago, tropeçamos em muitas coisas. Daí a advertência de I Cor 10.12: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia.” E em razão da nossa fraqueza e debilidade comum, somos orientados a carregar os fardos uns dos outros (verso 2), porque é nisto que consiste principalmente a Lei de Cristo relativa ao novo mandamento que Ele deu ao povo de Deus, a saber, que nos amemos uns aos outros assim como Ele nos amou. Jesus não esmagou a cana quebrada, e nos é imposto o dever de fazer o mesmo, porque foi por amor ao pecador e por ser paciente com a sua fragilidade que Ele procedeu de tal maneira. Aqueles que se gloriam no seu conhecimento das coisas de Deus e que não vivem de acordo 13 com esta regra, tal como era o caso dos falsos apóstolos, na verdade nada são, e estão enganando a si mesmos. Eles se consideram mestres, e não o são; eles se consideram superiores aos demais pecadores e não o são. Cada qual deve examinar as suas próprias obras segundo esta regra que foi exposta, e então terá motivo de se gloriar em si mesmo, e não naquilo que os outros estão fazendo debaixo das suas ordens. Afinal, cada um dará contas de si mesmo a Deus, e não será considerado de modo algum no Juízo, como atenuante ou agravante, quanto fomos ajudados ou atrapalhados por outros. Particularmente o trabalho do ministério deve ser auto examinado por esta regra, de modo que permaneçamos em dependência e humildade diante de Deus. Não será pela quantidade de louvores que recebemos dos outros que seremos aprovados por Deus. Ao contrário, há um grande perigo nisto, e por isso fomos devidamente alertados pelo Senhor. A carga que cada um levará respectivamente citada em Gál 6.5 se refere ao julgamento das nossas obras no Tribunal de Cristo, quando cada cristão dará contas de si mesmo a Deus. "Porque cada qual levará a sua própria carga." (Gál 6.5) 14 E, se há um tal tempo terrível para ser esperado, quando Deus julgará a cada um conforme as suas obras, isto serve de uma boa razão para julgarmos a nós mesmos e qual tem sido afinal o nosso trabalho na presença de Deus. 15 Transportadores de Sementes Muitos mamíferos e pássaros foram criados por Deus com o principal propósito de serem os permanentes semeadores nas florestas – a fábrica do oxigênio que respiramos. Eles renovam as florestas em todo o mundo carregando as sementes dos frutos que ingerem, e que são expelidas e espalhadas por eles através do seu trato intestinal. Abelhas e muitos outros insetos polinizadores foram criados para o propósito de garantir a frutificação que trará consigo as sementes, e por conseguinte, fechando o ciclo do propósito divino de gerar e manter a vida na Terra, especialmente a do homem. E aprouve ao Senhor manter a nova vida espiritual, celestial e divina que é gerada pelo poder do Espírito Santo, por meio da nossa fé em Cristo, através da mensagem do evangelho que deve ser espalhada pelo próprio homem. Esta não é uma incumbência que foi dada aos anjos, mas ao próprio homem. Os que carregam esta mensagem do evangelho em seus corações, têm a nobre missão celestial de expeli-la e espalhá-la no solo de outros corações, para que germine e dê o precioso fruto da salvação, de forma que toda a Terra seja enchida com a glória de Deus. 16 A Mensagem do Evangelho é Imutável Não seria de se supor que um Deus eterno e imutável que revelou integralmente a nós qual é a Sua vontade, na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo, que Ele viesse a mudar esta verdade que nos foi revelada nas Escrituras por alguma outra mensagem, por conta do avanço tecnológico e científico que tem experimentado a humanidade, especialmente neste dois últimos séculos. Ainda que... o cavalo não seja mais usado como o meio principal de transporte que foi usado por séculos, criado por Deus especialmente para este propósito; o boi não seja mais o principal meio usado para se lavrar o solo... bem como tudo o mais que foi criado pelo Senhor para servir ao homem, isto não significa que podemos também substituir a boa e antiga mensagem do evangelho que aponta sobretudo para as necessidades imutáveis de nossos espíritos, por qualquer outro tipo de mensagem considerada mais atual e ajustada ao modo de pensar pós-moderno. Todavia, este esforço maligno que é empreendido para suprimir oevangelho, sempre esteve presente no mundo, mesmo nos dias iniciais da sua pregação e ensino, porque sem evangelho não há salvação de almas, e não seria portanto para se admirar que Satanás se empenhe tanto para tentar eliminá-lo em sua 17 inteireza, tal como nos foi revelado pelos profetas, por Jesus e pelos apóstolos nas Escrituras. Veja o que o apóstolo Paulo disse aos cristãos da Galácia, cerca de 46 d.C.: “6 Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; 7 O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. 8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. 9 Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.” (Gál 1.6-9) O apóstolo afirma a sua perplexidade diante da rápida apostasia dos gálatas do evangelho que ele lhes havia ensinado, para abraçarem aquilo que ele chama de um outro “evangelho”. Ele usa de uma ironia, porque não há mais do que um único evangelho. Paulo diz que eles haviam se afastado daquele que lhes havia chamado para serem alcançados pela graça de Cristo, e nisto não estava se referindo apenas a ele próprio que fora o instrumento da evangelização deles, mas a Deus, quem é que de fato chama eficazmente, 18 pelo poder do Espírito Santo, os pecadores à salvação. E a chamada à salvação é feita pela pregação e ensino do evangelho bíblico, e se concretiza pela fé nesta mensagem que nos é anunciada. A fé no evangelho é comprovada pelo amor a Jesus Cristo. É por este amor que atua pela fé, que multidão de pecados são perdoados. Como Jesus disse da pecadora citada em Lc 7.47,48: Luc 7:47 Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. Luc 7:48 Então, disse à mulher: Perdoados são os teus pecados. E o modo de permanecer no amor ao Senhor é pela prática da palavra do evangelho. Não admira portanto, o grande empenho que o Inimigo faz para tentar esconder e adulterar esta verdade celestial que nos foi revelada. Deste modo o apóstolo se refere em Gál 1.8 ao único, verdadeiro e imutável evangelho como sendo o que ele já havia anunciado aos gálatas. Isto implica que a Palavra revelada do Novo Testamento é definitiva e inalterável. Portanto, deixar o verdadeiro evangelho para abraçar um outro “evangelho” é negar aos pecadores o único poder que pode salvá-los, porque é pela verdade do evangelho que eles são 19 salvos, de modo que não há nenhum outro poder designado por Deus para que os pecadores possam ser salvos dos seus pecados. Assim toda doutrina pregada à igreja de Cristo, que oculte ou adultere o verdadeiro evangelho, conforme faziam os judaizantes nos dias de Paulo, faz com que os que pregam tal doutrina sejam achados culpados diante de Deus e sujeitos ao anátema que está proferido contra eles, porque o Senhor não pode abençoar aqueles que são contra Ele e o Seu ensino. 20 A Liberdade dos Que Odeiam a Deus Voltaire, de tanto que odiava a religião, especialmente pelo seu caráter de impor limites ao homem quanto à prática do que é definido na Bíblia como pecado, proclamou, juntamente com muitos outros de igual pensamento, uma liberdade, que viria a fazer parte do slogan de liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa. Nenhum Deus, nenhuma restrição... o homem é soberano, é livre para fazer o que quiser. Deve dar plenas asas ao exercício da sua vontade, sem se preocupar com qualquer tipo de juízo divino sobre seus pensamentos, palavras e ações. Hoje em dia, o que temos visto na maior parte das sociedades em todo o mundo, é um retorno a esta forma de pensar dos iluministas, e não é de se admirar porque muito do que tem sido ditado como forma de comportamento é protagonizado pelos modernos illuminatis. Agora. Há algo de novo nisto, mesmo quando foi defendido pelos primeiros iluministas a partir de meados do século XVIII? Obviamente que não! Isto foi proposto no céu por aquele que viria a se transformar em Satanás, o diabo, no que foi seguido por muitos anjos que se transformaram em demônios. Depois ele viria a oferecer esta libertação de Deus e de toda forma de virtude, para a prática de uma suposta liberdade para praticar tudo o 21 que é pecaminoso, e por conseguinte reprovado por Deus e pelas Escrituras ao primeiro casal, quando este se encontrava no estado de inocência no Éden. É daí que decorre o ódio daqueles que desprezam a Deus, ao Cristianismo, a Jesus e aos Seus mandamentos. Porque enquanto vigorar na sociedade uma moral e costumes baseados na cultura judaico- cristã, eles não estarão plenamente à vontade para praticar aquela liberdade para pecar que Satanás e os demônios tanto apreciam, e cujo final é a morte espiritual eterna em razão do juízo de Deus sobre tal forma de viver. Ele não nos deu a vida como um dom para ser gasto na contramão da Sua vontade e caráter. Por isso todos terão que Lhe prestar contas do uso que fizeram da liberdade que receberam para pensar, falar e agir. Se para o bem ou para o mal. Se para a piedade ou para a impiedade. Se para a justiça ou para a injustiça. Se para o amor ou para o ódio. Se para a santidade ou para a iniquidade. 22 Como se Faz para Entrar no Céu O que havia de excelente naquele ladrão que morreu na cruz ao lado de Jesus para que lhe fosse prometido que ainda naquele dia estaria com o Senhor no paraíso? Quanta virtude ele havia praticado em vida para merecê-lo? Quanto havia nele de verdadeiro conhecimento teológico sobre a obra da salvação em Cristo Jesus? O fato é que ele conseguiu o que muitos não conseguiram e muitos outros também não conseguirão. Olhe o exemplo do jovem rico que foi amado por Jesus. Ele se interessava em guardar os mandamentos de Deus e viver de modo justo. Todavia foi pronunciado por Jesus que seria mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus. E o que diremos do fariseu que orava e se orgulhava de ser um religioso correto – cumpridor de seus deveres e que se considerava mais elevado do que os demais pecadores. Ele não foi justificado por Deus, e por conseguinte não foi para o paraíso depois da sua morte. O jovem rico se recusou em seguir a Jesus e a obedecer a ordem que Ele lhe dera. Não confiou portanto no Senhor. 23 O fariseu de igual modo não confiava em Jesus para ser salvo, mas em si mesmo, na sua própria justiça. O ladrão sabia que nada havia que pudesse justificar o seu procedimento. Algo que recomendasse sua vida que tanto mal fizera a outros e a si mesmo. Ele não tinha posses em que confiar como o jovem rico, bem como qualquer justiça própria, e assim confiou inteiramente em Cristo. Ele depositou nele e somente nele a esperança de receber alguma misericórdia da Sua parte quando entrasse no céu, e recebeu muito mais do que isto, porque encontrou nEle a salvação da sua alma, o perdão dos seus pecados e foi acompanhado por Ele ao paraíso, em espírito, depois que ambos passaram pela morte de cruz. Este o segredo que foi revelado no evangelho, sobre o modo de alguém ir para o céu. É somente fazer como fizera o ladrão: Arrepender-se do pecado. E ter fé em Jesus para ser o nosso Salvador e Senhor. O ladrão recebeu toda a sua santificação no céu. Nós que nos convertemos, e permanecemos algum tempo aqui embaixo, começamos imediatamente a ser santificados, para que vivamos não pela nossa própria justiça, mas pela justiça de Jesus. 24 Uma Razão Por que Deus Não se Comunica VisivelmenteDeus quer ser conhecido por nós em Sua essência e caráter. Por isso se comunica conosco em espírito e mediante a fé. Ele nos leva a conhecê-lo pelo que vemos a passar a existir em nossa própria personalidade como fruto resultante da nossa comunhão espiritual com Ele, e segundo confirmação do testemunho das Escrituras. Sabemos que Deus é... longânimo por Ele nos tornar longânimos, misericordioso por nos ensinar a ser misericordiosos, amor, por nos habilitar a amar com o Seu amor. E isto se aplica ao conhecimento de todos os Seus demais atributos, excetuando-se a Sua onisciência, onipresença e onipotência. Qual proveito haveria, para este propósito, em que Deus se manifestasse a alguém apenas por lhe permitir ter visão de Sua pessoa ou audição do som da Sua voz? É assim que chegamos a conhecer outros seres humanos? Não necessitamos conviver com aqueles que desejamos conhecer, e andar com eles em nossa jornada para ter um vislumbre correto da sua personalidade e caráter? Quanto mais isto se aplica a Deus se tivermos por alvo conhecê-lo de fato e de verdade. 25 “a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória,” (I Pedro 1.8) 26 Aprender a Conviver com Gostos e Costumes Diferentes dos Nossos A questão apresentada no 14º capitulo de Romanos quanto ao ato de não comer ou beber aquilo com que possa se escandalizar nosso irmão é diferente em ordem da que foi apresentada nas epístolas dirigidas aos Coríntios, porque o problema nesta igreja dizia respeito a se comer carne sacrificada a ídolos. Aqui neste décimo quarto capítulo, o problema era de outra natureza, diferente do citado em I Coríntios, porque estava relacionado ao fato das distinções cerimoniais da Lei de Moisés sobre alimentos puros e imundos, e também sobre as libações e comidas que acompanhavam os sacrifícios apresentados no templo de Jerusalém, e não propriamente a prática de idolatria como estava ocorrendo em Corinto. Uma coisa é a predileção por gostos ou práticas particulares ou de grupos, diferentes dos nossos, e que devemos suportar em amor para não quebrar a unidade do corpo de Cristo, conquanto tais gostos e práticas não ofendam a norma bíblica, não se tratando de heresia, idolatria ou má conduta, e outra muito diferente quanto o que se encontra em questão é a conivência com qualquer forma de mal. Paulo demonstra que ninguém seria recomendado ao reino de Deus pelo ritualismo cerimonial de distinções de alimentos impostas no regime da lei no Velho Testamento, e nem se 27 deveria por outro lado, se atacar aos judeus que ainda guardavam tais costumes. Por isso, é dito que aquele que come não julgue o que não come, e o que não come também não julgue o que come, porque afinal não é nisto que consiste o reino de Deus, mas em justiça, paz e alegria no Espírito Santo, como se vê no verso 17 de Rom 14. Além disso, os judeus estavam acostumados a guardarem dias festivos conforme determinados pela lei, e que agora em Cristo já não eram mais exigidos por Deus. Então, quando um cristão judeu afirmava a importância de se guardar tais dias para se agradar a Deus a um gentio, ele estava errando, do mesmo modo que estaria errando os gentios que os condenassem por estarem ainda guardando aqueles cerimoniais da lei, aos quais estavam apegados por dever de consciência e tradição, como se vê nos versos 5 e 6. Foi somente em relação a esta questão de comer ou não certos alimentos, e de se guardar dias sagrados assim considerados pela lei, que Paulo disse que cada um deveria ter uma opinião bem definida em sua mente. Ele restringiu o fato de cada cristão estar inteiramente seguro em sua própria mente, apenas a esta questão cerimonial de alimentos e dias sagrados segundo os judeus; para que ninguém tentasse impor aos outros o seu próprio ponto de vista. 28 Por isso, o apóstolo disse que em Cristo já não havia mais nenhuma distinção entre alimentos puros e imundos. Na verdade Ele não tem considerado mais nenhum alimento imundo, mas se alguém quisesse continuar assim considerando que o considerasse, mas que o fizesse para si mesmo, sem condenar ou rejeitar os demais de pensamento diferente. Deste modo, ao dizer no verso 14 que estava bem certo no Senhor Jesus que não há mais nenhuma coisa de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda, ele não estava de modo algum dizendo que tudo o que existe no mundo é puro; porque estava restringindo o uso desta expressão apenas aos alimentos que comemos. Paulo aproveitou para estender a questão sobre a comida e bebida, para além do cerimonialismo e aplicou-a ao fato de se comer e beber de maneira escandalosa, que sirva como pedra de tropeço para alguns irmãos (v. 20 a 23). Assim, em vez de estarem preocupados em julgarem seus irmãos quanto a estas coisas não essenciais, eles pecavam contra o Senhor, esquecidos que, cada um dará conta de si mesmo a Deus, no Tribunal de Cristo. Evidentemente, podemos e devemos transferir tudo isto para a nossa forma de nos relacionar com irmãos que pertençam a congregações cuja prática cultual seja diferente da nossa, quanto ao gosto musical, ordem de culto, forma de ministração da Palavra de Deus, etc, uma vez 29 que não somos autorizados pelas Escrituras a evitar ter comunhão com eles por conta de nossos gostos serem diferentes. Nossos modos e costumes não são um padrão de verdade nem para nós mesmos, porque estão sujeitos a serem alterados com o tempo. Faríamos bem, portanto, em aprendermos simplicidade, humildade, amor, renúncia, por amor aos irmãos e ao Senhor, negando-nos a nós mesmos quanto aos nossos gostos em prol de não sermos uma causa de tropeço ou de tristeza para os nossos irmãos. Caso alguém não consiga fazê-lo, que se guarde então de criticar aqueles que Deus não tem rejeitado por conta de seus costumes diferentes dos nossos. 30 Perdas do Que se Tem e do Que não se Terá Neste mundo temos muitas perdas. Perdemos o que temos e também perdemos o que não chegaremos a ter. Bens, conhecimentos, amizades, são perdidos de uma e de outra forma: Os que nunca teremos e os que foram embora. Como lidar com isto quando nós temos uma alma com um desejo infinito? Não fomos criados por Deus para a derrota, nunca foi o Seu propósito limitar-nos e deixar-nos despojados. Como podem ser então explicadas estas tantas perdas da nossa jornada? Desde que o pecado entrou no mundo o homem perdeu da satisfação, o sentido... que tinha somente em Deus. Deus era o seu tudo, e tudo mais era acréscimo. Não precisava do sentido de posse, para se sentir preenchido... completado, pois tudo lhe fora dado para ser desfrutado. Em tudo ele via a mão de Deus e lhe era grato, mas tudo isto mudou quando entrou o pecado, e agora o homem precisa ser despojado, para reaprender que em Cristo está aperfeiçoado. 31 Desapega... Desapega As palavras deste clichê de uma propaganda comercial bem explicam o significado do tipo de renúncia ordenada por Cristo aos pretendentes a serem Seus discípulos. Não propriamente pela troca proposta na propaganda, mas pelo sentido do verbo “desapegar-se”. A palavra renúncia em Lucas 14.33 não traz implícita diretamente a ideia de não estar afeiçoado, não estar apegado, a qualquer coisa deste mundo, inclusive ao que tange à nossa própria pessoa (corpo, planos, carreira etc), e é justamente este desapego que explica de modo preciso qual é a condição do nosso pensar e sentir nas renúncias que temos que fazer por amor a Cristo. Não estar amarrado a coisa alguma. Não de maneira irresponsável ou sem amor, mas de forma alegre, grata e voluntária, sujeitando-se à providênciadivina, até mesmo no caso extremo de perdas de pessoas e coisas que mais estimamos. “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.33) Veja o que foi dito por nosso Senhor no contexto imediatamente anterior a estas suas palavras 32 relativas à necessidade de completa renúncia para podermos ser Seus discípulos: “Luc 14:26 Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Luc 14:27 E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo. Luc 14:28 Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Luc 14:29 Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, Luc 14:30 dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar. Luc 14:31 Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil? Luc 14:32 Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz.” Há este custo na vida cristã de termos que renunciar aos nossos mais preciosos afetos que nos levam a estar apegados a nossas entes queridos e a tudo o que é precioso para nós, como até mesmo a nossa própria vida – custo este que devemos calcular adequadamente para 33 podermos prosseguir na edificação espiritual de nossas próprias vidas e para sermos usados na de outros; e na batalha espiritual que temos que enfrentar e realizar por amor a Cristo. O sempre presente temor de perdas (de amizades, de oportunidades etc), sempre levará o nosso afeto a estar ligado não propriamente a Cristo, mas às pessoas e coisas às quais estejamos apegados. Sem estarmos desapegados é simplesmente impossível seguir a Cristo e viver a vida cristã do único modo pelo qual importa ser vivida. Então, se alguém quer servir a Cristo: desapega... desapega. 34 O Grande Risco em Escolher uma Porta Errada A salvação da alma, como tudo o mais em nossa vida, possui também a sua porta de entrada. Esta porta é única, eterna e insubstituível. Corremos portanto, um sério risco em nos darmos por satisfeitos com alguma porta religiosa, filosófica, ou qualquer outra que tenhamos escolhido como porta para a nossa salvação, e no fim da nossa vida, quando esta for aberta, não nos conduzir para o céu, para o nirvana, ou para outras condições agradáveis em relação ao destino eterno do nosso espírito, uma vez que este tiver deixado o nosso corpo pela morte. Ora, é bem patente que se fosse deixado por Deus, que por nossa própria escolha, viéssemos a adotar o modo de vida ou pensamento que nos conduzirá ao céu, é bem certo que todos nós nos perderíamos, porque, afinal, Deus é espírito invisível, e seus caminhos não são os nossos caminhos e nem os seus pensamentos os nossos pensamentos. Se no próprio mundo físico em que vivemos e apalpamos pelo nosso tato, e vemos com os nossos olhos, muitas coisas permanecem encobertas ao nosso conhecimento e entendimento, quanto mais isto não é verdadeiro de modo absoluto quanto ao que se refere ao mundo espiritual, celestial e invisível. Por isso, Deus, em Sua infinita bondade e misericórdia para conosco, não nos deixou sem 35 a sua ajuda e direção para nos levar à porta que se abre para o cominho da salvação, do céu, da vida eterna. Ele não somente nos Deus o Senhor Jesus Cristo para morrer no nosso lugar, pagando o preço exigido pela Sua justiça quanto aos nossos pecados, como também nos atrai para Ele, revelando a Sua pessoa divina, para que pelo poder da Sua graça, possa não somente desvendar os nossos olhos para o mundo espiritual verdadeiramente santo e celestial, como também operar a transformação de nossas vidas, segundo o caráter e virtudes que foram por Ele descritas na Sua Palavra que foi revelada a nós para confirmar o Seu propósito eterno relativo ao modo da nossa salvação. Assim, as Escrituras não contêm apenas mandamentos de Deus, mas também descrevem as características que passam a existir nas vidas dos que são salvos, pela Sua graça e mediante o arrependimento e fé em Jesus. Elas, portanto, confirmam se estamos ou não entrando pela única porta e caminho que conduz à salvação, a saber, a pessoa do próprio Senhor Jesus Cristo, que passa a viver em nós em espírito. É sobretudo neste sentido que Jesus afirma que não fomos nós que o escolhemos, mas Ele que nos escolheu. Não meramente num sentido eletivo, mas revelador, diretivo, instrutivo, operativo, porque se não fosse pelo Seu trabalho de nos trazer para a porta e caminho da salvação, 36 jamais conheceríamos aquela vida espiritual, celestial e divina, que é comum a todos que dela têm participado pela fé nEle. Então, não é pela escolha que faço de uma determinada filosofia de vida ou de religião, que posso estar seguro de ir para o céu, ou de estar vivendo do modo que seja agradável a Deus. Não nos foi dado por Deus escolher o modo de vida que me conduzirá à Sua presença, em espírito, pois este caminho já foi estabelecido por Ele desde antes da fundação do mundo, e não há outros caminhos que possam conduzir ao mesmo objetivo. Posso orar, louvar, ler a Bíblia, ser caridoso, frequentar os cultos de uma igreja, e ainda assim estar fora do caminho, porque posso fazer tudo isto sem ter tido um encontro pessoal com Cristo, e por conseguinte, não ter sido regenerado e santificado pelo Espírito Santo, que é quem testifica com o nosso espírito que fomos tornados filhos de Deus pela nossa comunhão com Jesus Cristo. João 15:16 Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. João 15:19 Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia. 37 Senhor Justiça Nossa No capítulo 23 de Jeremias o Senhor repreende a infidelidade e a corrupção dos sacerdotes e anciãos de Israel (pastores do povo naquela dispensação) e os profetas que falavam em Seu nome sem terem sido levantados por Ele, os quais haviam feito o Seu povo se desviar da Sua presença. O protesto de Deus se fundamenta no fato deles nunca terem ensinado a Sua Palavra, conforme fora revelada e escrita para eles, senão, aquilo que eles afirmavam ser a Sua Palavra, quando na verdade, era a própria palavra deles, ensinada para atender aos seus propósitos cobiçosos, interesseiros, carnais e egoístas. Isto pode ser visto claramente nas palavras de repreensão dirigidas contra eles como as da seguinte passagem: “28 O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor. 29 Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a pedra? 30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu próximo. 31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse.” (Jer 23.28-31). 38 O efeito que era produzido no povo, de andarem contrariamente com o Senhor, era uma prova evidente de que a vida e o ensino destes pastores e profetas não eram segundo a verdadeira Palavra de Deus, porque o efeito dela é sempre o de produzir temor e santidade no Seu povo, como o próprio Senhor se expressou em relação a isto da seguinte maneira: “21 Nãomandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei a eles, todavia eles profetizaram. 22 Mas se tivessem assistido ao meu conselho, então teriam feito o meu povo ouvir as minhas palavras, e o teriam desviado do seu mau caminho, e da maldade das suas ações.” (v. 21,22). O que eles ensinavam e profetizavam não provinha do céu senão dos seus próprios corações enganosos e corrompidos: “25 Tenho ouvido o que dizem esses profetas que profetizam mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei. 26 Até quando se achará isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que profetizam do engano do seu próprio coração? 27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal.” Isto é um grande alerta para os ministros do evangelho, para que não incorram no mesmo 39 erro deles, deixando de pregar a genuína Palavra do Senhor, no poder do Espírito. Quando se desvia deste rumo os resultados sempre serão funestos. Há muitos sonhadores que desejam conduzir a Igreja de Cristo pelas visões do seu próprio coração, afirmando que são revelações recebidas da parte de Deus. Se estas visões não estiverem de acordo com a Palavra revelada na Bíblia, em gênero, número e grau, em vez de serem proclamadas, devem ser esquecidas e abominadas, porque não será apenas o povo que será prejudicado por elas, mas o próprio Deus terá a Sua ira despertada contra tais pastores ou profetas, como se vê neste capitulo de Jeremias. Como o quadro que havia prevalecido em Israel por séculos, sempre foi este de o povo não receber a devida instrução por parte da grande maioria de seus pastores e profetas, então o Senhor mesmo seria o Pastor do Seu povo, e o faria através de pastores que estariam debaixo da justiça de um Rei justo que procederia da descendência de Davi, nosso Senhor Jesus Cristo, e estando assim justificados por Ele, tanto eles, seus pastores, quanto o rebanho de Deus sobre o qual seriam constituídos, seriam conhecidos pelo nome de O SENHOR JUSTIÇA NOSSA. Este Rei justo viria então a se manifestar em dias futuros para buscar as ovelhas perdidas da casa de Israel que haviam sido dispersadas por todos 40 os maus pastores e profetas que haviam presidido sobre elas. “3 E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se multiplicarão. 4 E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor. 5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e procederá sabiamente, executando o juízo e a justiça na terra. 6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome de que será chamado: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.” (v.3 a 6). Esta promessa está vinculada à da Nova Aliança, constante do capítulo 31. 41 Está Faltando o Ingrediente do Evangelho na Salada Mista da Mensagem Atual “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.” (João 1.17) Jesus veio a este mundo trazer e revelar a graça e a verdade para que por ambas nossas vidas sejam transformadas à Sua própria imagem e semelhança. O caráter e todas as características que compunham a graça e a verdade que nEle se encontram, foram profetizados nas Escrituras do Velho Testamento, e manifestados no Novo Testamento. Esta graça e verdade puras e cristalinas fluem através da mensagem do Evangelho genuinamente bíblico, e biblicamente interpretado. Como é por meio disso que se cumpre o propósito de Deus de gerar em nós a vida eterna espiritual e celestial, é óbvio que Satanás (conforme permitido por Deus para o nosso aperfeiçoamento) se levantaria para tentar ofuscar esta mensagem divina por todos os meios, porque em Seu desígnio eterno, Deus determinou que ela deveria ser transmitida por aqueles que fossem convertidos a Cristo por meio dela. Por séculos, o diabo tem criado organizações com o nome de cristãs, mas que ocultam ou 42 distorcem a mensagem genuinamente evangélica, e assim, consegue manter muitos e por muito tempo, senão por toda a vida, afastados da possibilidade da salvação de suas almas. Além de organizações, estabeleceu também movimentos, especialmente nestes dias em que pode fazer um uso amplo das tecnologias disponíveis para desfigurar a mensagem através do chamado tele-evangelismo; literatura tanto convencional quanto eletrônica, para difundir os mais diversos temas religiosos, que abordam tudo, menos a mensagem central do evangelho, que quando citada superficialmente, está tão misturada com conceitos pagãos, que não pode ser identificada. Com isto, as mentes estão confusas, pensando que o evangelho, a graça e a verdade que Jesus veio nos trazer para sermos salvos, não passa de um grosseiro ensino sobre formas de ter prosperidade material; de se obter fama e honra mundanas; de usar técnicas psicológicas para melhorar relacionamentos e se sentir mais feliz; e toda sorte de objetivos terrenos, que podem ser alcançados por outros caminhos até mais efetivos do que a religião. E se no entendimento comum é somente isto o que Jesus tem para nos oferecer, então, “muito obrigado por nada”, muitos dizem com razão sobre este produto estragado e falso que lhes é oferecido. 43 Todavia, uma vez formado o preconceito contra Jesus por se pensar que a Sua graça e verdade é tudo isto que se oferece em seu nome por aqueles que se autoproclamam seus mensageiros, cumpre-se o propósito do diabo de manter as pessoas escravizadas ao pecado, uma vez que essa libertação pode ser feita somente pelo poder de Jesus e mediante a prática do evangelho genuíno conforme revelado na Bíblia. Ai de nós, se não fosse a misericórdia de Deus que abre os nossos olhos para discernir o verdadeiro do falso, e assim, sermos conduzidos à salvação. A norma bíblica de tudo examinar e reter o que é bom está ficando cada vez mais difícil de ser cumprida, porque não é comum se observar algo bom, verdadeiro, precioso e útil para a nossa salvação e edificação nesta salada mista, na qual costuma estar sempre em falta o ingrediente do evangelho verdadeiro. Hoje em dia, e como sempre, se alguém deseja conhecer Jesus é melhor ir diretamente às páginas da Bíblia, especialmente do Novo Testamento, e começar a fazer o seu próprio estudo da verdade diretamente na sua fonte, contando reverentemente com a ajuda do Espírito Santo, em espírito de oração, para ter o seu entendimento iluminado. 44 Acautelai-vos dos Falsos Profetas Isto disse Jesus, especialmente para aqueles que como nós, estivessem vivendo nos últimos dias, quando haveria a apostasia da Igreja. Definição de profeta: Aquele que fala da parte de Deus aos homens. Em relação ao evangelho, profeta é portanto aquele que anuncia o evangelho de Jesus Cristo com a mesma precisão da verdade tal como se encontra registrada na Bíblia. Mais precisamente... é aquele que conduz por sua mensagem, pessoas a terem um encontro pessoal com Jesus Cristo, e a andarem em conformidade com a Sua santa vontade. Este é o profeta do Novo Testamento, desde que nosso Senhor Jesus Cristo se manifestou com a revelação final da verdade, nada deixando para que lhe fosse acrescentado; de modo que se alguém se levanta anunciando alguma mensagem que afirme ser uma nova revelação da vontade de Deus para a Igreja, que contrarie o que já foi revelado nas Escrituras, esta pessoa estará pregando algo falso. Agora, através do dom de profecia, Deus pode usar a quem Ele quiser, para - dentro do contextoe tom das Escrituras - exortar, consolar ou edificar a Sua igreja. Como a salvação e edificação de almas é feita através da fé na mensagem do genuíno 45 evangelho de Cristo, é evidente que Satanás usará de todos os meios e artifícios para distorcer e adulterar a referida mensagem de forma que não produza o efeito esperado por Deus. O meio mais comum de fazê-lo então será por levantar líderes no meio da própria Igreja que passem por dignos, confiáveis mensageiros do evangelho, quando na verdade são lobos em pele de cordeiro. Para isto, não há necessidade que aquele que será usado pelo diabo para enganar a muitos, esteja consciente do que está fazendo, de maneira que há muitos que enganam que também estão sendo enganados pelo diabo, porque pensam que estão pregando e ensinando a verdade, e agindo de modo verdadeiramente cristão, quando na verdade não o estão fazendo. Todavia, muitos destes que são enganados pelo diabo para ministrarem um evangelho adulterado, são despertados posteriormente pela graça de Deus e chegam ao conhecimento da verdade, à qual agora eles se apegam com toda a sua alma. Assim, quando a Bíblia faz firmes e severas repreensões contra os falsos profetas, não é propriamente a estes irmãos que andaram confusos por algum tempo, mas àqueles que obstinadamente resistem a uma vida verdadeiramente santa, operada por uma submissão humilde e sincera aos mandamentos 46 do Senhor, e cujo ego inchado é usado pelo diabo, criando neles convicções reativas ao evangelho e ao modo de se andar na igreja, que contrariam frontalmente os mandamentos de Jesus, de modo a manter os crentes afastados daquela verdadeira santificação que seria produzida em suas vidas caso lhes fosse ministrada a verdade. É a este tipo de falsos profetas e mestres que o apóstolo Pedro se refere em sua segunda epístola. Pedro disse que estes falsos profetas e mestres introduziriam suas heresias destruidoras na Igreja de maneira encoberta, isto é, agindo como lobos em peles de ovelhas tal como Jesus havia alertado a Igreja para que se acautelasse deles, exatamente por causa desta dificuldade de serem logo identificados. Eles negam o Senhor porque não pregam debaixo da obediência à Sua vontade somente aquilo que Ele nos ordenou para ser ensinado e guardado. Eles pregam algumas coisas agradáveis do evangelho pela própria escolha deles para agradarem e seduzirem as pessoas. Eles não pregarão o escândalo da cruz, e não atacarão firme o pecado, e não disciplinarão os crentes com toda a longanimidade e doutrina, antes pregarão uma graça irresponsável que não é a verdadeira graça - a qual exige diligência e santificação dos cristãos, ou então pregarão uma salvação por meio de obras, e não pela 47 graça, mediante a fé, de modo a manterem as pessoas atemorizadas e debaixo do domínio deles, por temerem que não venham a cumprir as suas ordens e desejos - que impõem aos crentes como coisas necessárias para que não se desagrade a Deus. Eles, servem a si mesmos e não ao Senhor e aos interesses do Seu reino. Assim, o evangelho destes falsos profetas e mestres não tem porta estreita, nem caminho estreito para a salvação, segundo a santificação que leva à mortificação de todo tipo de pecado, e a um andar na justiça evangélica; senão uma porta ampla e um caminho largo para os crentes viverem desordenadamente, desde que atendam aos interesses de seus "líderes" que constituíram a si mesmos sobre eles - não da parte do Senhor e nem por uma chamada específica para o exercício do ministério. Como pregariam a mensagem relativa à graça e a verdade do evangelho, quando eles mesmos não a conhecem? Como pregariam a santificação evangélica, quando eles próprios não a vivem? Eles falam de Jesus, mas o Jesus que eles pregam não é o da Bíblia, e por isso o apóstolo afirma que eles negam o Senhor que os resgatou, e com isso trazem sobre si mesmos repentina destruição (v. 1). Nenhum cristão bem instruído pelo Espírito deveria permanecer debaixo da liderança destes falsos profetas e mestres, porque são 48 muitos os que seguem as suas dissoluções, e por causa deles o caminho da verdade é blasfemado (v. 2), porque a santificação não será forjada na vida dos seus ouvintes, porque eles vivem na carne e não pregam a verdade, e sem a prática da Palavra não há santificação, assim como quem prega na carne nada mais pode gerar senão o que é carnal, e jamais o que seja verdadeiramente espiritual. Uma outra característica destes falsos profetas e mestres é que eles ministram movidos pela ganância, porque o que eles visam verdadeiramente não é a glória de Deus, mas aquilo que é do próprio interesse egoísta deles, e para atingir os seus propósitos pessoais eles agem usando palavras fingidas, e usam os cristãos como fossem uma mercadoria deles, para atingirem dos seus objetivos gananciosos (v. 3). E isto não tem a ver somente com vantagem financeira, mas com fama, primazia, louvor do ego inchado deles. No entanto a condenação deles já foi lavrada por Deus há muito tempo e a destruição deles é certa, porque o Senhor dar-lhes-á a devida paga a Seu tempo, conforme afirma o apóstolo Pedro. Se nem mesmo aos anjos que pecaram, ele poupou lançando-os no inferno, e tem mantido a muitos deles no abismo de trevas, onde se encontram aguardando o dia do juízo final sobre eles (v. 4), quanto mais não serão condenados 49 pelo Senhor estes falsos ministros que estão a serviço do diabo. Também com certeza não os poupará porque somente Noé e mais sete pessoas foram livradas do inferno quando Deus destruiu milhões de pessoas com as águas do dilúvio; e somente Ló foi livrado da destruição pelo fogo das cidades de Sodoma e Gomorra, as quais Deus colocou como exemplo do que sucederá a todos os que vivem impiamente (v. 5, 6). Assim como o Senhor livrou Ló, de igual modo Ele sabe como livrar os piedosos da tentação, e reservar para o dia do juízo os injustos que ele começou a castigar ainda aqui neste mundo para revelar que haverá de fato um juízo final (v. 7 a 9). Satanás e os seus ministros procuram se levantar principalmente contra a autoridade de Deus, e como não podem atingi-lo diretamente, eles atacam as autoridades que foram instituídas por Ele, rebelando-se contra elas com seu atrevimento, arrogância e não receiam blasfemar da dignidade delas, enquanto que os próprios anjos, embora sejam maiores em força e em poder, não pronunciam juízo blasfemo contra tais autoridades diante do Senhor (v. 10, 11). Depois de nos colocar em alerta contra os sedutores, o apóstolo passou a descrevê-los mais detalhadamente a partir do verso 12; e neste verso eles são descritos como aqueles vasos de ira preparados para a destruição, 50 porque seguem resolutamente a natureza terrena deles agindo como fossem criaturas irracionais, porque não fazem uso adequado da razão para levarem seus pensamentos cativos à obediência de Cristo, de maneira que, por natureza, permanecem na condição de existirem para serem aprisionados e mortos espiritualmente, e como blasfemam daquilo que não deveriam blasfemar, mas o fazem porque não podem entender a natureza das coisas contra as quais blasfemam, é certo que perecerão na sua corrupção. Eles se riem daqueles que levam a vontade de Deus a sério, e que se santificam, porque isto é para eles algo exagerado, fanático, desnecessário, e assim, eles blasfemam contra as coisas santas de Deus. Como eles vivem na carne, o seu prazer está voltado para deleites, entretenimentos, festas, reuniões para o propósito de satisfazerem a carne com banquetes e outros deleites relativos às paixões e desejos de suas almas ímpias. Como não podem caminhar na verdade se deleitam nas suas dissimulações, porque vivem do engano, e têm prazer nisto. Eles são verdadeirasmanchas para o nome de Cristo e da Sua Igreja. São adúlteros espirituais, pois se aliançam com o mundo e com aqueles que servem a Satanás, a pretexto de ampliarem a obra de Deus (construção de templos suntuosos, obras sociais de fachada etc), e a fome deles para pecar não 51 pode ser saciada, e assim toda alma que for inconstante será engodada por eles. O coração deles se exercita continuamente na ganância, e são filhos de maldição porque seguem pelo mesmo caminho de Balaão, que profetizava por dinheiro. Eles deixaram voluntariamente o caminho de Deus e se desviaram por amarem o prêmio da injustiça tal como fizera Balaão, o modelo deles do passado. Alegam servir a Deus e seguir as Escrituras, mas não dão a devida consideração aos mandamentos de Cristo para pô-los em prática em suas vidas e nas dos crentes que dirigem (v. 13 a 16). Eles se apresentam como fontes, mas não têm água para saciar a sede dos que têm sede da água viva do Espírito; são nuvens levadas pelo vento e que também não trazem chuva para regar a terra de corações, que necessitam serem amolecidos, e assim o que está reservado para eles é a negridão das trevas (v. 17). Quão distante estão portanto estes falsos profetas e mestres do exemplo de humildade e mansidão que houve em Cristo e que deve ser achado também em todos os Seus ministros. Quão longe eles estão daquela santidade de vida que deve existir em todos os verdadeiros ministros de Cristo. Quão resistentes eles são à Palavra de Deus e ao trabalho do Espírito, sobretudo no que diz respeito à implantação de todas as graças que o 52 apóstolo relacionou no primeiro capítulo da sua segunda epístola. Por tudo isto eles comprovam que são pessoas que não possuem de fato a habitação do Espírito Santo, que lhes teria regenerado e santificado, tornando-lhes novas criaturas. Estes falsos profetas e mestres se intrometeriam na liderança da Igreja, mas o apóstolo está alertando os cristãos para não reconhecerem a tais homens e não permitirem que eles permaneçam no exercício do ministério, porque debaixo da liderança deles o rebanho certamente será posto a se perder. A sedução deles consiste em atrair os discípulos para uma vida carnal e sensual que não lhes exija, conforme é da vontade de Deus, a mortificação do pecado e a prática da justiça, por um andar no Espírito. Então eles agradarão a muitos, porque não são poucos os que resistem a um viver e um andar no Espírito, e que consideram ser possível agradar a Deus vivendo na carne. Eles sinalizam com liberdade total sob a alegação de que os cristãos estão na graça - a graça para eles é libertinagem e não a verdadeira graça de Deus que é o poder de Deus para vencer o pecado, o diabo e o mundo. E então eles próprios permanecem ainda presos às suas cobiças e pecados, enquanto oferecem aos outros uma liberdade que eles próprios não possuem. 53 O que pode parecer para muitos ser uma vantagem para os falsos profetas e mestres, o fato deles terem algum conhecimento nocional da verdade das Escrituras em suas mentes, apesar de não tê-lo por experiência em seus corações, que isto servirá pelo menos de abrandamento da pena para eles no dia do Juízo. No entanto, isto não será uma circunstância atenuante, senão agravante, porque o apóstolo afirma que o último estado deles será pior do que o primeiro, porque seria melhor que fossem totalmente ignorantes acerca dos caminhos de Deus, do que conhecendo o que se exige para andar neste caminho, tenham vivido num outro caminho diferente, e ainda conduzindo a outros a caminharem de maneira errada (v. 18 a 22). Não haverá portanto nenhuma consideração da parte de Deus no dia do Juízo para aqueles que tenham vivido por um período, ainda que apenas de maneira externa, segundo os mandamentos da Palavra, e que logo depois vieram a apostatar entregando-se abertamente à prática das antigas corrupções que eles haviam abandonado temporariamente, eles serão considerados como o cão que voltou ao seu vômito e a porca lavada que voltou ao lamaçal. Estas palavras são também reafirmadas em essência pelo apóstolo Judas, irmão do Senhor Jesus, na curta epistola do Novo Testamento, que escreveu e que leva o seu nome. 54 Somente a justiça de Cristo aplicada à alma, e a perseverança na santificação, que comprova e é a evidência de ter sido de fato justificado pela graça mediante a fé, pode livrar da condenação vindoura. Este é o fruto que não será achado na vida dos falsos profetas. É por não terem este fruto verdadeiro de santidade e justiça que podemos conhecê-los, porque o "evangelho" que eles pregam e ensinam não pode gerar tal fruto nem na vida deles, nem na dos seus ouvintes. 55 A União Indissolúvel do Crente com Cristo "1 Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. 2 Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte." (Romanos 8.1,2) A libertação encontrada pelo crente em Jesus, em relação à condenação, ao pecado e à morte, é afirmada pelo apóstolo como uma verdade absoluta e final na vida de todos aqueles que foram justificados pela fé e que por conseguinte foram regenerados pelo Espírito Santo, ou seja, tornados novas criaturas. Não é particularmente Paulo que vê o crente nesta condição, mas o próprio Deus que revelou a ele esta condição firme e segura na qual todo cristão autêntico se encontra em sua união vital com Jesus Cristo. Muitos indagam entretanto, por que teria então o apóstolo citado a condição de desventura citada por ele na parte final do sétimo capítulo? Não podemos esquecer que a condição ali apontada por ele não se refere a qualquer tipo de instabilidade no edifício espiritual que está sendo erigido com os cristãos como sendo pedras vivas sobre o alicerce que é Jesus Cristo. Até mesmo o conflito interior da luta contra o pecado não pode mais separar o crente do Senhor que o resgatou e o tornou participante 56 da Sua própria vida, e, na verdade, esta luta está polindo o crente como pedra do edifício. Nós vimos o apóstolo afirmando esta firmeza do crente em Jesus ao longo de toda esta epístola, e a título de recordação, leiamos as suas palavras em Rom 6.17-22, onde ele reafirma esta plena condição de liberdade alcançada pelo crente por meio da simples fé em Jesus. "Rom 6:17 Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; Rom 6:18 e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça. Rom 6:19 Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação. Rom 6:20 Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça. Rom 6:21 Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte. Rom 6:22 Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna;" 57 Veja que é destacada uma condição presente de liberdade total do crente, por estar em Cristo, contrastada com a de escravidão ao pecado no passado. Não há qualquer sombra de dúvida no apóstolo e muito menos nos Senhor Jesus, quanto ao fato de que os crentes já não são mais escravos do pecado, e nem de Satanás, porque Jesus os livrou perfeita e completamente. Mas alguém indagará: "Por que então se vê tanto mau testemunho mesmo nas vidas de crentes autênticos - pessoas que foram justificadas e regeneradas pelo Espírito?" Isto decorre nãopor que perderam a filiação a Deus, ou por que deixaram de ter o Espírito, ou ainda por que voltaram à sua velha condição anterior de pessoas inteiramente carnais, deixando de ser novas criaturas em Cristo. O que sucede é que deixaram de andar do modo digno da sua vocação, abandonaram a comunhão com o Senhor, negligenciaram os deveres espirituais da vigilância, da oração e da meditação da Palavra e do empenho na obra de Deus. Voltaram a ser, caso nunca tenham deixado de ser, pavios fumegantes e canas rachadas, mas mesmo assim não serão lançados fora pelo Seu Senhor, que há de completar a boa obra neles, ainda que seja no céu. Ele os corrigirá, disciplinará, mas não os rejeitará. 58 Afinal, não foram escolhidos por Deus por algum mérito que houvesse neles, ou algo que Lhe agradasse, mas simplesmente o Senhor lhes escolheu porque lhes amou primeiro antes mesmo da fundação do mundo. Todavia, uma vez tendo sido feitos filhos de Deus não poderão agradá-Lo caso não vivam do modo digno da sua eleição, que foi para a santificação no Espírito (I Pedro 1.2). O justo (aquele que foi justificado) recebeu a vida de Jesus pela fé, e agora importa que continue caminhando por fé e não por vista. Deve se despojar das obras da carne, uma vez que o velho homem recebeu a sentença de morte na cruz do Calvário, quando morreu juntamente com Cristo. Uma pessoa que foi libertada não deve viver mais como um escravo do seu antigo senhor, a saber, do pecado e do diabo. Quando Jesus disse que somente Ele poderia nos libertar dessa escravidão, ele enfatizou com um "verdadeiramente" - "verdadeiramente sereis livres", ou seja, uma liberdade efetiva, real, consumada, para um casamento com Cristo que é de caráter indissolúvel, e que nem mesmo a morte pode separar. Nosso Senhor também afirmou em João 3.6: "O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito." E foi daqui que o apóstolo Paulo retirou o seu ensino que encontramos neste oitavo capítulo de Romanos, quando diz que aos olhos de Deus 59 os crentes são vistos como espirituais, e não mais como carnais, ou seja, eles nasceram da carne, de seus pais, mas em Cristo, nasceram do Espírito, e são espírito vivificado, pronto para responder à demanda de Deus em ser adorado em espírito e em verdade. Todavia, não podem manifestar esta vida separados da comunhão com Jesus. É nEle, que todo o propósito de Deus é cumprido, de modo que sem Ele, nada podemos fazer. Tudo isto está declarado pelo apóstolo em Rom 8.4-17. Releia este texto, e note como ele se refere ao fato inconteste de que o crente não anda segundo a carne, como aqueles que não foram justificados (v.4), e estes últimos caminham sem Deus no mundo porque podem somente se inclinar para as coisas da carne, e não para as que são do Espírito (v.5) - e o resultado desta inclinação que o ímpio tem para carne é inimizade contra Deus e morte espiritual, mas a que o crente tem no Espírito é para a vida eterna e para a paz, reconciliação com Deus (v.6). Deus criou o homem para ser espiritual e não carnal - leia Gên 6.3. Mas é somente em Cristo que alguém pode se tornar espiritual, e como todos os crentes estão em Cristo, e todos são de Cristo e têm a habitação do Espírito Santo, eles têm o seu espírito vivificado porque foram justificados com a justiça de Jesus (v. 7-11). Como toda a nossa vida espiritual tanto em crescimento e manifestação depende 60 inteiramente do nosso caminhar no Espírito, é evidente que quando fazemos concessão ao pecado e andamos segundo o mundo, não há de se ver um espírito cheio da vida abundante de Jesus, senão um espírito que, ainda que tenha sido vivificado no dia da conversão, encontra-se agora como morto, insensível e incapacitado para manifestar a vida que é do céu, condição esta, entretanto, que pode ser revertida pela confissão e pelo arrependimento, ainda que repetidamente. Mas ainda que isto seja verdadeiro, nem sequer é a isto que Paulo se refere em primeira mão no verso 13, no qual afirma que se vivermos segundo a carne, morreremos, mas se pelo Espírito, mortificarmos as obras do corpo, viveremos. Ora, o argumento segue também aqui neste ponto tudo o que ele disse anteriormente e que continuará afirmando, até culminar com o brado de triunfo e louvor do final deste capítulo quando diz que nada mais poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, e o motivo disto é porque fomos justificados e unidos a Ele para sempre, como membros do Seu corpo, sendo participantes da Sua própria vida. Então estes que tiveram o seu velho homem crucificado, e que pelo Espírito tiveram os feitos do corpo mortificados na regeneração, são indubitavelmente todos aqueles que creram em Jesus e que pela fé nEle se tornaram filhos de Deus. 61 De modo que logo a seguir, a partir do verso 14 até o 17, o apóstolo confirma o que acabamos de expor. Até mesmo a citação dos versículos 18 a 28, que pode parecer à primeira vista estar fora do contexto dos argumentos que Paulo apresentou anteriormente, na verdade é uma confirmação de tudo o que havia dito, porque nem mesmo as aflições presentes, nem o gemido da criação existem como uma forma de oposição ao plano de Deus de ter muitos filhos semelhantes a Cristo. Tudo o que há de tribulação e aflição no mundo coopera para a consumação deste Seu propósito eterno, porque é justamente por estas provações que somos aperfeiçoados para sermos à imagem e semelhança de Jesus. E para suportar e vencer estas provações temos a ajuda do Espírito Santo que nos fortalece para mantermos uma vida de vigilância e oração, de modo que possamos viver de modo agradável a Deus crescendo na graça e no conhecimento de Jesus. Daí Paulo ter dito: "28 E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." Paulo chamou os crentes de Corinto de carnais, porque eram bebês em Cristo que não se desenvolviam em seu crescimento espiritual. 62 Não devemos portanto entender essa forma dele se expressar naquela epístola como algum tipo de indicação que eles não eram de Cristo, ou que não tinham o Espírito. Eles foram assim chamados porque estavam andando de modo desordenado, mas daquele mal foram curados pelo mesmo remédio que nós também somos, porque se arrependeram e retomaram a caminhada da vida cristã do modo pelo qual deve ser retomada, a saber por um andar no Espírito, em comunhão com Cristo, observando e guardando os Seus mandamentos, por meio da fé e graça que Ele concede àqueles que se aproximam dEle com um coração sincero. Assim, ao chamar, em certa ocasião, os crentes coríntios de carnais, o que Paulo queria dizer era que eles estavam no Espírito, mas viviam como os que vivem exclusivamente na carne, a saber, aqueles que não conhecem a Jesus. E como sucedeu a eles, ocorre com muitos na Igreja, em razão da luta constante entre o Espírito e a carne, pois há em todo crente duas naturezas, uma terrena e outra celestial, uma velha e outra nova, uma carnal e outra espiritual, daí a existência do conflito. Então, para o propósito de aperfeiçoamento dos santos Deus concedeu dons e ministérios pelo Espírito Santo, à Igreja, como se vê em I Cor 12, 14 e Ef 4. Se o cristão permanecer vivendo de modo carnal Ele não poderá manifestar a vida e paz do 63 Espírito Santo, a qual só pode ser conhecida e experimentada, caso se ande no Espírito. Entretanto, por ter a habitação do Espírito ele já alcançou a condição de vida e paz, e foi livrado para sempre da condenação de morte que pairava sobre ele antes da sua conversão. John Owen escreveu um tratado intitulado A Graça e o Dever de Ser Espiritual. O título é muito apropriado porque esta condição de ser espiritual é recebida exclusivamentepela graça e será mantida para sempre, todavia a sua manifestação na nossa viva cotidiana é dependente da nossa obediência ao Senhor e aos Seus mandamentos, por se viver na fé e andando no Espírito. Foi para isto mesmo que fomos predestinados por Deus. De modo que nos chamou, pelo Espírito Santo, para nos convertermos e sermos adotados como Seus filhos, por meio da justificação, com vistas à nossa glorificação futura. Deus não poupou ao seu próprio Filho para que Ele morresse por nós. Então como haveria nEle alguma possível intenção de vir a anular tudo o que nos tem prometido dar juntamente com Cristo, por causa da nossa união com Ele? Como dissemos anteriormente fomos feitos co- herdeiros com Ele e isto significa que tudo o que é de Cristo é também nosso por direito concedido, prometido e jurado pelo Pai. 64 Então quem poderá ser contra o cristão de maneira a impedir que se cumpra nele o propósito de Deus? Por que então viverá o cristão de modo diferente deste propósito glorioso que lhe foi concedido pela graça do Senhor? Ele não deve dar ouvido à carne, voltaria Paulo a dizer no desenvolvimento destes argumentos verdadeiros que está apresentando desde o verso 30; mas seguir sempre a direção e instrução do Espírito Santo. Ainda que esteja num corpo carnal que enferma e morrerá, contudo vive pelo espírito e no Espírito. Paulo começou este oitavo capítulo dizendo que já não há nenhuma condenação para os que são de Jesus, e que andam segundo o Espírito Santo, e agora ele afirmou nos versos 33 e 34, que por causa desta justificação pela graça, mediante a fé, ninguém pode sustentar qualquer tipo de acusação contra os escolhidos de Deus que prevaleça no juízo vindouro contra eles, porque foram justificados. Já não há de fato nenhuma condenação eterna para os cristãos, e nem o próprio Deus os condenará, porque Cristo carregou sobre Si os pecados daqueles aos quais justificou. E é Ele mesmo que intercede pelos santos à direita de Deus, para que continue operando eficazmente naqueles que foram transformados em Seus filhos, para que sejam santificados. 65 É por causa desta intercessão de Cristo que o cristão persevera, porque se fosse deixado entregue a si mesmo, não poderia prosseguir adiante por causa do pecado que ainda opera na carne. De maneira que necessita do Espírito Santo e da intercessão de Cristo para que o pecado seja vencido, e seja capacitado com poder, para viver segundo o homem interior, no espírito, e não segundo a carne. O nosso Grande Sumo Sacerdote, nosso Senhor Jesus Cristo, intercede por nós dia e noite e tem cumprido a promessa de estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos, e é esta a razão de não desfalecermos no meio da nossa jornada rumo à nossa pátria celestial. De tal ordem é a força deste poder operante da graça de Jesus no cristão que nada poderá separá-lo do Seu amor. Nenhuma tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada poderão consegui- lo, porque o caráter desta união é indissolúvel; porque tem o mesmo caráter matrimonial. A fé vence o mundo, e todas as coisas que se levantam contra o conhecimento de Deus, em Cristo. A fé que salvou o cristão é um dom de Deus, e sendo assim é algo indestrutível. Ela não pode ser vencida por nenhuma tribulação, seja interna ou externa. Nada do que sentimos ou sofremos poderá nos separar de Cristo se pertencemos de fato a Ele, por termos sido, justificados e regenerados. 66 Deus trabalhará em nós através de todas estas coisas que no presente nos parecem adversas, mas que no fundo estão contribuindo para o nosso bem, de maneira que sejamos aperfeiçoados em santificação e amor; o que nos fará experimentar graus cada vez maiores da plenitude que há em Cristo. É portanto por meio de todas estas coisas que os cristãos são mais do que vencedores por meio do amor de Jesus. 67 Julgados Pela Lei da Liberdade Tendo falado nos dois primeiros capítulos de Romanos sobre a natureza pecaminosa universal de toda a humanidade, quer em todas as épocas ou lugares, e do juízo de condenação eterna que há da parte de Deus sobre aqueles que se encontram nesta condição, a saber, todas as pessoas sem exceção, Paulo passou a discorrer nos capítulos 3, 4 e 5, sobre a solução provida por Deus para perdoar e restaurar o homem caído, ao nos dar Jesus Cristo para ser tanto o nosso sacrifício expiatório, quanto o nosso sumo sacerdote intercessor, o nosso guia, rei e senhor, bem como a nossa própria nova vida espiritual e celestial. Tiago havia falado sobre a Lei Régia que condena todo homem, porque esta Lei não foi revogada ou substituída pela Nova Aliança feita no sangue de Jesus, senão apenas a Lei cerimonial e civil que foi dada através de Moisés para vigorar para a nação de Israel no período do Antigo Testamento, que durou de Moisés (1.440 a.C), até a morte de nosso Senhor Jesus Cristo na cruz. Tiago falou também de uma Lei da Liberdade sob a qual se encontram todos os que creem em Jesus. E por que ele se referiu a ela deste modo? Por que é pela lei do Espírito e da vida em Cristo Jesus que somos libertados da lei do pecado e da morte (Rom 8.2). Veja que é afirmado ser ela 68 uma lei de liberdade. E liberdade do pecado e da morte espiritual eterna. Não se trata portanto de uma simples lei de liberdade de vícios, de práticas imorais, ou de toda forma de pecado que se possa nomear, mas é sobretudo uma liberdade de uma condição de morte para a de vida eterna; de prisão em ignorância e em trevas, para o verdadeiro conhecimento de Deus e de luz. É liberdade da escravidão a Satanás e a todos os espíritos das trevas. É liberdade da condenação da Lei Régia e da própria Lei de Moisés. É liberdade para ter poder e capacidade para viver de maneira santa e agradável a Deus e em comunhão com Ele por toda a eternidade. Tudo isto nos foi trazido pela graça e verdade que estão em Jesus Cristo, e que nos foram reveladas pelo Seu evangelho. O injusto pecador, estando sob o evangelho, será visto por Deus como sendo justo, porque além de ter sido justificado pela fé no evangelho, terá também a justiça de Cristo sendo implantada nele progressivamente até a perfeição em glória, pela operação e instrução do Espírito Santo. A justiça do próprio Cristo lhe foi oferecida pelo evangelho para poder ser perdoado e justificado por Deus. É por estar em Cristo que somos justificados e por conseguinte tornados aceitáveis a Deus. Deus não mais condenará eternamente aquele que foi justificado pela fé em Jesus. 69 Ele não o fará porque prometeu isto desde os dias dos profetas do Velho Testamento (Jeremias 31.31-35). E para que não houvesse qualquer dúvida em nós quanto ao que havia prometido acrescentou um juramento por Si mesmo de que jamais anularia o que nos prometeu (Hebreus 6.17). É por isso que vemos o caráter deste perdão e justificação sendo ilustrado por Jesus em tantas passagens dos evangelhos, especialmente nas parábolas da dracma perdida, do filho pródigo e da ovelha perdida. Não temos tempo e espaço para aprofundar aqui todo o ensino que há nestas parábolas, mas podemos destacar pelo menos este aspecto da busca de Deus pelos perdidos, e que deve haver também nos que estão perdidos, uma busca de Deus para que possam ser acolhidos por Ele. Todavia, ninguém deve pensar que ao buscar a sua ovelha fujona e extraviada, que o Pastor teve da parte dela uma efusiva recepção. É bem provável que ela tenha tentado escapar de seus braços imaculados, de tão suja que estava pelo pecado, envergonhada de sua condição, mas ainda assim ele insistiu em pegá-la e obteve êxito ao pegá-la e colocá-la sobre os seus ombros, para poder cuidar dela, lavando-a, alimentando-a e dando-lhe um abrigo seguro no aprisco. É por este motivo que é ordenado
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