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Mensagens Curtas Para Meditação Diária 3

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Mensagens 
Curtas 3 
 
 
Para Meditação Diária 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
 
 
Set/2016 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A474 
 Alves, Silvio Dutra 
 Mensagens curtas 3./ Silvio Dutra Alves. – Rio de 
 Janeiro, 2016. 
 201.; 14,8x21cm 
 
 1. Teologia. 2. Graça 3. Fé. 
 I. Título. 
 
 CDD 230 
3 
 
Sumário 
 
Alegre por Ser de Cristo.................................. 
 
 8 
A Longanimidade e Amor Evangélicos.... 
 
10 
Transportadores de Sementes..................... 
 
15 
A Mensagem do Evangelho é Imutável... 
 
16 
A Liberdade dos Que Odeiam a Deus........ 
 
20 
Como se Faz para Entrar no Céu................. 
 
22 
Uma Razão Por que Deus Não se 
Comunica Visivelmente................................. 
 
 
24 
Aprender a Conviver com Gostos e 
Costumes Diferentes dos Nossos............... 
 
 
26 
Perdas do Que se Tem e do Que não se 
Terá............................................................................. 
 
 
30 
Desapega... Desapega ........................................ 
 
31 
O Grande Risco em Escolher uma Porta 
Errada........................................................................ 
 
 
34 
Senhor Justiça Nossa........................................ 
 
37 
4 
 
Está Faltando o Ingrediente do 
Evangelho na Salada Mista da 
Mensagem Atual................................................. 
 
 
 
41 
Acautelai-vos dos Falsos Profetas.............. 
 
44 
A União Indissolúvel do Crente com 
Cristo.......................................................................... 
 
 
55 
Julgados Pela Lei da Liberdade.................... 
 
67 
A Primeira e Grande Lição da Vida 
Cristã.......................................................................... 
 
 
71 
Por que Precisaríamos de Jesus?................. 
 
73 
Adultério Espiritual............................................ 
 
75 
Fruto de Justiça..................................................... 
 
78 
A Sempre Presente Necessidade de 
Reforma................................................................... 
 
 
79 
O Dever de em Tudo Ser Criteriosos......... 
 
85 
A Natureza da Santificação 
Verdadeiramente Bíblica................................ 
 
 
87 
Muito Mais do Que Ex Alguma Coisa....... 
 
91 
Verdadeiramente Mãe para Israel............. 
 
93 
5 
 
O Profeta dos profetas....................................... 
 
 96 
Fugindo da Porta Estreita e do Caminho 
Apertado.................................................................. 
 
 
 97 
A Carne Vai Gemer, Vai Doer, Mas o 
Pecado Vai Morrer.............................................. 
 
 
 99 
Muito Mais do que Emoção e 
Sentimento............................................................. 
 
 
102 
Como Viver em Paz Consigo e com o 
Próximo.................................................................... 
 
 
103 
Sã Doutrina + Fé + Arrependimento......... 
 
104 
Nem Ociosos e Nem Infrutíferos................ 
 
106 
Batismo com Fogo............................................... 
 
109 
Se Captou e Ligou é para Sempre............... 
 
111 
Dando uma Chance ao Verdadeiro 
Evangelho de Jesus............................................. 
 
 
113 
Voltando para o Lar............................................ 
 
116 
A Verdadeira Liberdade Eterna.................. 
 
118 
O Show Que Para Muitos Deve 
Continuar................................................................ 
 
 
122 
6 
 
Porque Barrabás Sempre Terá a 
Preferência da Maioria..................................... 
 
 
124 
A Plena Certeza da Esperança....................... 
 
126 
Inabaláveis.............................................................. 
 
134 
Não Temos Motivos para Desconfiar........ 
 
137 
Pobre de Espírito e Não Com Um 
Espírito Pobre........................................................ 
 
 
139 
Muitos Membros e Funções Mas um Só 
Corpo......................................................................... 
 
 
141 
O Sucesso de Deus nos Nossos 
Insucessos............................................................... 
 
 
144 
Os Tímidos não Herdarão o Reino de 
Deus............................................................................ 
 
 
146 
"Cristo é tudo em todos." (Colossenses 
3.11) ............................................................................. 
 
 
148 
A Fonte de Águas Cristalinas na Qual 
Devemos Beber.................................................... 
 
 
150 
A Verdade é Eficaz Somente Quando é 
Vivida......................................................................... 
 
 
152 
Uma Vida Sob o Propósito............................... 
 
154 
7 
 
O Comportamento que Agrada a Deus.... 
 
159 
O Reino Prometido de Paz.............................. 
 
163 
O Dia em Que Haverá Paz Perfeita na 
Terra........................................................................... 
 
 
165 
Nicolaítas Modernos......................................... 
 
167 
Não Entregando a Segurança ao 
Cuidado das Raposas......................................... 
 
 
171 
Deus Não Necessita Ser Justificado........... 
 
174 
“Riquezas de Origem Iníqua” (Lucas 
16.9) ............................................................................ 
 
 
178 
Não se Trata de Restrição mas de 
Libertação................................................................ 
 
 
188 
Guardando-se Incontaminado de 
Babilônia.................................................................. 
 
 
190 
A Verdadeira Raiz do Mal................................ 
 
192 
Pensando Fazer o Bem Fez um Grande 
Mal.............................................................................. 
 
 
196 
Não É Religião. É Vida........................................ 
 
199 
 
 
8 
 
Alegre por Ser de Cristo 
 
“Quanto ao mais, irmãos meus, regozijai-vos no 
Senhor. Não me é penoso a mim escrever-vos as 
mesmas coisas, e a vós vos dá segurança.” 
(Filipenses 3.1) 
 
Paulo disse que o fato de os cristãos se 
regozijarem no Senhor lhes daria segurança, 
porque a alegria no Senhor é a nossa força, e nos 
mantém firmes e seguros na fé, diante das 
tribulações. 
As tribulações nos trazem tristezas e aflições, 
mas podemos manter o nosso espírito 
fortalecido com aquela alegria mais interna de 
sabermos que em Cristo tudo isto estará 
cooperando para o nosso aperfeiçoamento 
espiritual, e assim, não devemos ter estas 
tribulações como um motivo para ficarmos 
entristecidos, mas satisfeitos, por sabermos que 
o nosso Deus se encontra no controle delas, e 
que por meio delas está produzindo o que é 
melhor para nós. 
 
"Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria 
o passardes por várias provações, sabendo que a 
provação da vossa fé, uma vez confirmada, 
produz perseverança." (Tiago 1.2,3) 
 
"E não somente isto, mas também nos gloriamos 
nas próprias tribulações, sabendo que a 
tribulação produz perseverança; e a 
9 
 
perseverança, experiência; e a experiência, 
esperança." (Romanos 5.3,4) 
 
Devemos, portanto, aprender a estarmos 
contentes em toda e qualquer situação, porque 
é assim fazendo, que não somos removidos 
pelas provações e tribulações, da nossa firmeza 
em Cristo. 
É a fé que vence o mundo. É a graça que nos dá 
força para viver na fé. 
E constatar que a obra da graça está avançando 
em nossas vidas, tornando-nos mais 
semelhantes a Cristo, é o maior motivo que 
temos para estarmos sempre alegres e 
contentes, a par de quaisquer circunstâncias 
externas ou internas que possamos estar 
experimentando. 
Não há maioralegria do que aquela que diz 
respeito ao exercício do ministério que 
recebemos de Deus para cumprir. 
A certeza de estarmos fazendo a Sua vontade 
gera uma satisfação interior que não pode ser 
apagada por qualquer tipo de provação que 
tenhamos que enfrentar. 
Afinal, tudo está sendo recompensado 
regiamente pelo Senhor, e será ainda mais 
quando formos galardoados na glória depois de 
termos cumprido a nossa jornada terrena com 
alegria. 
 
 
 
10 
 
A Longanimidade e Amor Evangélicos 
 
“1 Irmãos, se algum homem chegar a ser 
surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois 
espirituais, restaurai o tal com espírito de 
mansidão; olhando por ti mesmo, para que não 
sejas também tentado. 
2 Levai as cargas uns dos outros, e assim 
cumprireis a lei de Cristo." (Gál 6.1,2). 
 
A palavra grega paraptoma, usada por Paulo e 
traduzida por “ofensa” no verso 1, é a mesma 
palavra usada em várias passagens do Novo 
Testamento para se referir a pecados ou faltas, e 
usada por Jesus no Pai Nosso, onde se diz 
“perdoa as nossas ofensas”. 
Então não significa apenas injúrias, mas todo 
tipo de falta que possa ser praticada contra o 
próximo. 
Tiago faz o mesmo uso desta palavra quando diz 
que devemos confessar nossas ofensas uns aos 
outros. 
Paulo não estava portanto se referindo aqui a 
erros doutrinais, mas a pecados que operam na 
carne e que sujam o coração do cristão. E ele 
expõe a maneira como isto deve ser tratado na 
Igreja: os que são fortes devem levantar o caído 
com espírito de mansidão. 
Esta norma deveria ser seguida particularmente 
pelos ministros da Palavra. 
Os pastores devem reprovar o caído, mas 
quando veem que o caído sente e se entristece 
11 
 
pela sua condição, devem, confortá-lo e 
cobrirem a sua falta com o amor que cobre 
multidão de pecados. 
Assim como o Espírito Santo é inflexível quanto 
ao assunto de manter a doutrina da fé e a 
verdade entre os cristãos, Ele é também muito 
misericordioso para com os pecados dos 
homens, contanto que os pecadores se 
arrependam - o arrependimento é essencial 
porque Ele não consola aquele que vive 
deliberadamente no pecado, apesar de ser um 
Consolador amoroso e fiel. 
A palavra no original grego para o verbo 
restaurar do verso 1 é katartizo, que significa 
restaurar como quem liga de novo um osso que 
foi quebrado. 
Deste modo, o dever do cristão espiritual não é o 
de condenar o cristão fraco, mas de restaurá-lo 
com a paciência e o cuidado com que um 
ortopedista cuida de uma fratura. 
O espírito de mansidão é o modo correto 
determinado pelo apóstolo de fazê-lo. 
Não com ira e paixão, como aqueles que 
triunfam sobre a queda de um irmão, mas como 
aqueles que choram por eles e lamentam a sua 
queda e perda, assim como nosso Senhor vai à 
procura da ovelha perdida para reconduzí-la ao 
aprisco. 
Muitas reprovações necessárias perdem a sua 
eficácia quando são aplicadas em ira. 
Ainda mais um cuidado é colocado pelo 
apóstolo para aqueles que estiverem 
12 
 
empenhados no trabalho de restaurar os que 
estão caídos. 
Eles devem olhar por si mesmos de maneira que 
não venham também a cair como eles. 
Nós também podemos ser tentados e sermos 
vencidos pela tentação, e isto nos ajudará a ter 
em mente, enquanto ajudamos outros, que não 
somos melhores do que eles, porque como disse 
Agostinho, “não há nenhum pecado que uma 
pessoa cometa, que outra pessoa também não 
possa cometer”. 
Nós andamos em lugares escorregadios neste 
mundo, e como diz Tiago, tropeçamos em 
muitas coisas. 
Daí a advertência de I Cor 10.12: 
 
“Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não 
caia.” 
 
E em razão da nossa fraqueza e debilidade 
comum, somos orientados a carregar os fardos 
uns dos outros (verso 2), porque é nisto que 
consiste principalmente a Lei de Cristo relativa 
ao novo mandamento que Ele deu ao povo de 
Deus, a saber, que nos amemos uns aos outros 
assim como Ele nos amou. 
Jesus não esmagou a cana quebrada, e nos é 
imposto o dever de fazer o mesmo, porque foi 
por amor ao pecador e por ser paciente com a 
sua fragilidade que Ele procedeu de tal maneira. 
Aqueles que se gloriam no seu conhecimento 
das coisas de Deus e que não vivem de acordo 
13 
 
com esta regra, tal como era o caso dos falsos 
apóstolos, na verdade nada são, e estão 
enganando a si mesmos. 
Eles se consideram mestres, e não o são; eles se 
consideram superiores aos demais pecadores e 
não o são. 
Cada qual deve examinar as suas próprias obras 
segundo esta regra que foi exposta, e então terá 
motivo de se gloriar em si mesmo, e não naquilo 
que os outros estão fazendo debaixo das suas 
ordens. 
Afinal, cada um dará contas de si mesmo a Deus, 
e não será considerado de modo algum no Juízo, 
como atenuante ou agravante, quanto fomos 
ajudados ou atrapalhados por outros. 
Particularmente o trabalho do ministério deve 
ser auto examinado por esta regra, de modo que 
permaneçamos em dependência e humildade 
diante de Deus. 
Não será pela quantidade de louvores que 
recebemos dos outros que seremos aprovados 
por Deus. Ao contrário, há um grande perigo 
nisto, e por isso fomos devidamente alertados 
pelo Senhor. 
A carga que cada um levará respectivamente 
citada em Gál 6.5 se refere ao julgamento das 
nossas obras no Tribunal de Cristo, quando cada 
cristão dará contas de si mesmo a Deus. 
 
"Porque cada qual levará a sua própria carga." 
(Gál 6.5) 
 
14 
 
E, se há um tal tempo terrível para ser esperado, 
quando Deus julgará a cada um conforme as 
suas obras, isto serve de uma boa razão para 
julgarmos a nós mesmos e qual tem sido afinal o 
nosso trabalho na presença de Deus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
Transportadores de Sementes 
 
Muitos mamíferos e pássaros foram criados por 
Deus com o principal propósito de serem os 
permanentes semeadores nas florestas – a 
fábrica do oxigênio que respiramos. 
Eles renovam as florestas em todo o mundo 
carregando as sementes dos frutos que 
ingerem, e que são expelidas e espalhadas por 
eles através do seu trato intestinal. 
Abelhas e muitos outros insetos polinizadores 
foram criados para o propósito de garantir a 
frutificação que trará consigo as sementes, e por 
conseguinte, fechando o ciclo do propósito 
divino de gerar e manter a vida na Terra, 
especialmente a do homem. 
E aprouve ao Senhor manter a nova vida 
espiritual, celestial e divina que é gerada pelo 
poder do Espírito Santo, por meio da nossa fé em 
Cristo, através da mensagem do evangelho que 
deve ser espalhada pelo próprio homem. 
Esta não é uma incumbência que foi dada aos 
anjos, mas ao próprio homem. 
Os que carregam esta mensagem do evangelho 
em seus corações, têm a nobre missão celestial 
de expeli-la e espalhá-la no solo de outros 
corações, para que germine e dê o precioso 
fruto da salvação, de forma que toda a Terra seja 
enchida com a glória de Deus. 
 
 
 
16 
 
A Mensagem do Evangelho é Imutável 
 
Não seria de se supor que um Deus eterno e 
imutável que revelou integralmente a nós qual 
é a Sua vontade, na pessoa de Seu Filho Jesus 
Cristo, que Ele viesse a mudar esta verdade que 
nos foi revelada nas Escrituras por alguma outra 
mensagem, por conta do avanço tecnológico e 
científico que tem experimentado a 
humanidade, especialmente neste dois últimos 
séculos. 
Ainda que... 
o cavalo não seja mais usado como o meio 
principal de transporte que foi usado por 
séculos, criado por Deus especialmente para 
este propósito; 
o boi não seja mais o principal meio usado para 
se lavrar o solo... bem como tudo o mais que foi 
criado pelo Senhor para servir ao homem, isto 
não significa que podemos também substituir a 
boa e antiga mensagem do evangelho que 
aponta sobretudo para as necessidades 
imutáveis de nossos espíritos, por qualquer 
outro tipo de mensagem considerada mais atual 
e ajustada ao modo de pensar pós-moderno. 
Todavia, este esforço maligno que é 
empreendido para suprimir oevangelho, 
sempre esteve presente no mundo, mesmo nos 
dias iniciais da sua pregação e ensino, porque 
sem evangelho não há salvação de almas, e não 
seria portanto para se admirar que Satanás se 
empenhe tanto para tentar eliminá-lo em sua 
17 
 
inteireza, tal como nos foi revelado pelos 
profetas, por Jesus e pelos apóstolos nas 
Escrituras. 
Veja o que o apóstolo Paulo disse aos cristãos da 
Galácia, cerca de 46 d.C.: 
 
 “6 Maravilho-me de que tão depressa 
passásseis daquele que vos chamou à graça de 
Cristo para outro evangelho; 
7 O qual não é outro, mas há alguns que vos 
inquietam e querem transtornar o evangelho de 
Cristo. 
8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu 
vos anuncie outro evangelho além do que já vos 
tenho anunciado, seja anátema. 
9 Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo 
também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar 
outro evangelho além do que já recebestes, seja 
anátema.” (Gál 1.6-9) 
 
O apóstolo afirma a sua perplexidade diante da 
rápida apostasia dos gálatas do evangelho que 
ele lhes havia ensinado, para abraçarem aquilo 
que ele chama de um outro “evangelho”. 
Ele usa de uma ironia, porque não há mais do 
que um único evangelho. 
Paulo diz que eles haviam se afastado daquele 
que lhes havia chamado para serem alcançados 
pela graça de Cristo, e nisto não estava se 
referindo apenas a ele próprio que fora o 
instrumento da evangelização deles, mas a 
Deus, quem é que de fato chama eficazmente, 
18 
 
pelo poder do Espírito Santo, os pecadores à 
salvação. 
E a chamada à salvação é feita pela pregação e 
ensino do evangelho bíblico, e se concretiza pela 
fé nesta mensagem que nos é anunciada. 
A fé no evangelho é comprovada pelo amor a 
Jesus Cristo. 
É por este amor que atua pela fé, que multidão 
de pecados são perdoados. 
Como Jesus disse da pecadora citada em Lc 
7.47,48: 
 
Luc 7:47 Por isso, te digo: perdoados lhe são os 
seus muitos pecados, porque ela muito amou; 
mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. 
Luc 7:48 Então, disse à mulher: Perdoados são os 
teus pecados. 
 
E o modo de permanecer no amor ao Senhor é 
pela prática da palavra do evangelho. 
Não admira portanto, o grande empenho que o 
Inimigo faz para tentar esconder e adulterar 
esta verdade celestial que nos foi revelada. 
Deste modo o apóstolo se refere em Gál 1.8 ao 
único, verdadeiro e imutável evangelho como 
sendo o que ele já havia anunciado aos gálatas. 
Isto implica que a Palavra revelada do Novo 
Testamento é definitiva e inalterável. 
Portanto, deixar o verdadeiro evangelho para 
abraçar um outro “evangelho” é negar aos 
pecadores o único poder que pode salvá-los, 
porque é pela verdade do evangelho que eles são 
19 
 
salvos, de modo que não há nenhum outro 
poder designado por Deus para que os 
pecadores possam ser salvos dos seus pecados. 
Assim toda doutrina pregada à igreja de Cristo, 
que oculte ou adultere o verdadeiro evangelho, 
conforme faziam os judaizantes nos dias de 
Paulo, faz com que os que pregam tal doutrina 
sejam achados culpados diante de Deus e 
sujeitos ao anátema que está proferido contra 
eles, porque o Senhor não pode abençoar 
aqueles que são contra Ele e o Seu ensino. 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
A Liberdade dos Que Odeiam a Deus 
 
Voltaire, de tanto que odiava a religião, 
especialmente pelo seu caráter de impor limites 
ao homem quanto à prática do que é definido na 
Bíblia como pecado, proclamou, juntamente 
com muitos outros de igual pensamento, uma 
liberdade, que viria a fazer parte do slogan de 
liberdade, igualdade e fraternidade da 
Revolução Francesa. 
Nenhum Deus, nenhuma restrição... o homem é 
soberano, é livre para fazer o que quiser. Deve 
dar plenas asas ao exercício da sua vontade, sem 
se preocupar com qualquer tipo de juízo divino 
sobre seus pensamentos, palavras e ações. 
Hoje em dia, o que temos visto na maior parte 
das sociedades em todo o mundo, é um retorno 
a esta forma de pensar dos iluministas, e não é 
de se admirar porque muito do que tem sido 
ditado como forma de comportamento é 
protagonizado pelos modernos illuminatis. 
Agora. Há algo de novo nisto, mesmo quando foi 
defendido pelos primeiros iluministas a partir 
de meados do século XVIII? 
Obviamente que não! 
Isto foi proposto no céu por aquele que viria a se 
transformar em Satanás, o diabo, no que foi 
seguido por muitos anjos que se transformaram 
em demônios. 
Depois ele viria a oferecer esta libertação de 
Deus e de toda forma de virtude, para a prática 
de uma suposta liberdade para praticar tudo o 
21 
 
que é pecaminoso, e por conseguinte reprovado 
por Deus e pelas Escrituras ao primeiro casal, 
quando este se encontrava no estado de 
inocência no Éden. 
É daí que decorre o ódio daqueles que 
desprezam a Deus, ao Cristianismo, a Jesus e aos 
Seus mandamentos. 
Porque enquanto vigorar na sociedade uma 
moral e costumes baseados na cultura judaico-
cristã, eles não estarão plenamente à vontade 
para praticar aquela liberdade para pecar que 
Satanás e os demônios tanto apreciam, e cujo 
final é a morte espiritual eterna em razão do 
juízo de Deus sobre tal forma de viver. 
Ele não nos deu a vida como um dom para ser 
gasto na contramão da Sua vontade e caráter. 
Por isso todos terão que Lhe prestar contas do 
uso que fizeram da liberdade que receberam 
para pensar, falar e agir. Se para o bem ou para o 
mal. Se para a piedade ou para a impiedade. Se 
para a justiça ou para a injustiça. Se para o amor 
ou para o ódio. Se para a santidade ou para a 
iniquidade. 
 
 
22 
 
Como se Faz para Entrar no Céu 
 
O que havia de excelente naquele ladrão que 
morreu na cruz ao lado de Jesus para que lhe 
fosse prometido que ainda naquele dia estaria 
com o Senhor no paraíso? 
Quanta virtude ele havia praticado em vida para 
merecê-lo? 
Quanto havia nele de verdadeiro conhecimento 
teológico sobre a obra da salvação em Cristo 
Jesus? 
O fato é que ele conseguiu o que muitos não 
conseguiram e muitos outros também não 
conseguirão. 
Olhe o exemplo do jovem rico que foi amado por 
Jesus. 
Ele se interessava em guardar os mandamentos 
de Deus e viver de modo justo. 
Todavia foi pronunciado por Jesus que seria 
mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma 
agulha do que um rico entrar no reino dos céus. 
E o que diremos do fariseu que orava e se 
orgulhava de ser um religioso correto – 
cumpridor de seus deveres e que se considerava 
mais elevado do que os demais pecadores. Ele 
não foi justificado por Deus, e por conseguinte 
não foi para o paraíso depois da sua morte. 
O jovem rico se recusou em seguir a Jesus e a 
obedecer a ordem que Ele lhe dera. Não confiou 
portanto no Senhor. 
23 
 
O fariseu de igual modo não confiava em Jesus 
para ser salvo, mas em si mesmo, na sua própria 
justiça. 
O ladrão sabia que nada havia que pudesse 
justificar o seu procedimento. Algo que 
recomendasse sua vida que tanto mal fizera a 
outros e a si mesmo. Ele não tinha posses em 
que confiar como o jovem rico, bem como 
qualquer justiça própria, e assim confiou 
inteiramente em Cristo. Ele depositou nele e 
somente nele a esperança de receber alguma 
misericórdia da Sua parte quando entrasse no 
céu, e recebeu muito mais do que isto, porque 
encontrou nEle a salvação da sua alma, o perdão 
dos seus pecados e foi acompanhado por Ele ao 
paraíso, em espírito, depois que ambos 
passaram pela morte de cruz. 
Este o segredo que foi revelado no evangelho, 
sobre o modo de alguém ir para o céu. É somente 
fazer como fizera o ladrão: 
Arrepender-se do pecado. 
E ter fé em Jesus para ser o nosso Salvador e 
Senhor. 
O ladrão recebeu toda a sua santificação no céu. 
Nós que nos convertemos, e permanecemos 
algum tempo aqui embaixo, começamos 
imediatamente a ser santificados, para que 
vivamos não pela nossa própria justiça, mas pela 
justiça de Jesus. 
 
 
 
24 
 
Uma Razão Por que Deus Não se Comunica 
VisivelmenteDeus quer ser conhecido por nós em Sua 
essência e caráter. 
Por isso se comunica conosco em espírito e 
mediante a fé. 
Ele nos leva a conhecê-lo pelo que vemos a 
passar a existir em nossa própria personalidade 
como fruto resultante da nossa comunhão 
espiritual com Ele, e segundo confirmação do 
testemunho das Escrituras. 
Sabemos que Deus é... 
longânimo por Ele nos tornar longânimos, 
misericordioso por nos ensinar a ser 
misericordiosos, 
amor, por nos habilitar a amar com o Seu amor. 
E isto se aplica ao conhecimento de todos os 
Seus demais atributos, excetuando-se a Sua 
onisciência, onipresença e onipotência. 
Qual proveito haveria, para este propósito, em 
que Deus se manifestasse a alguém apenas por 
lhe permitir ter visão de Sua pessoa ou audição 
do som da Sua voz? 
É assim que chegamos a conhecer outros seres 
humanos? 
Não necessitamos conviver com aqueles que 
desejamos conhecer, e andar com eles em nossa 
jornada para ter um vislumbre correto da sua 
personalidade e caráter? 
Quanto mais isto se aplica a Deus se tivermos 
por alvo conhecê-lo de fato e de verdade. 
25 
 
“a quem, não havendo visto, amais; no qual, não 
vendo agora, mas crendo, exultais com alegria 
indizível e cheia de glória,” (I Pedro 1.8) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Aprender a Conviver com Gostos e Costumes 
Diferentes dos Nossos 
 
A questão apresentada no 14º capitulo de 
Romanos quanto ao ato de não comer ou beber 
aquilo com que possa se escandalizar nosso 
irmão é diferente em ordem da que foi 
apresentada nas epístolas dirigidas aos 
Coríntios, porque o problema nesta igreja dizia 
respeito a se comer carne sacrificada a ídolos. 
Aqui neste décimo quarto capítulo, o problema 
era de outra natureza, diferente do citado em I 
Coríntios, porque estava relacionado ao fato das 
distinções cerimoniais da Lei de Moisés sobre 
alimentos puros e imundos, e também sobre as 
libações e comidas que acompanhavam os 
sacrifícios apresentados no templo de 
Jerusalém, e não propriamente a prática de 
idolatria como estava ocorrendo em Corinto. 
Uma coisa é a predileção por gostos ou práticas 
particulares ou de grupos, diferentes dos 
nossos, e que devemos suportar em amor para 
não quebrar a unidade do corpo de Cristo, 
conquanto tais gostos e práticas não ofendam a 
norma bíblica, não se tratando de heresia, 
idolatria ou má conduta, e outra muito diferente 
quanto o que se encontra em questão é a 
conivência com qualquer forma de mal. 
Paulo demonstra que ninguém seria 
recomendado ao reino de Deus pelo ritualismo 
cerimonial de distinções de alimentos impostas 
no regime da lei no Velho Testamento, e nem se 
27 
 
deveria por outro lado, se atacar aos judeus que 
ainda guardavam tais costumes. 
Por isso, é dito que aquele que come não julgue 
o que não come, e o que não come também não 
julgue o que come, porque afinal não é nisto que 
consiste o reino de Deus, mas em justiça, paz e 
alegria no Espírito Santo, como se vê no verso 17 
de Rom 14. 
Além disso, os judeus estavam acostumados a 
guardarem dias festivos conforme 
determinados pela lei, e que agora em Cristo já 
não eram mais exigidos por Deus. 
Então, quando um cristão judeu afirmava a 
importância de se guardar tais dias para se 
agradar a Deus a um gentio, ele estava errando, 
do mesmo modo que estaria errando os gentios 
que os condenassem por estarem ainda 
guardando aqueles cerimoniais da lei, aos quais 
estavam apegados por dever de consciência e 
tradição, como se vê nos versos 5 e 6. 
Foi somente em relação a esta questão de comer 
ou não certos alimentos, e de se guardar dias 
sagrados assim considerados pela lei, que Paulo 
disse que cada um deveria ter uma opinião bem 
definida em sua mente. 
Ele restringiu o fato de cada cristão estar 
inteiramente seguro em sua própria mente, 
apenas a esta questão cerimonial de alimentos e 
dias sagrados segundo os judeus; para que 
ninguém tentasse impor aos outros o seu 
próprio ponto de vista. 
28 
 
Por isso, o apóstolo disse que em Cristo já não 
havia mais nenhuma distinção entre alimentos 
puros e imundos. Na verdade Ele não tem 
considerado mais nenhum alimento imundo, 
mas se alguém quisesse continuar assim 
considerando que o considerasse, mas que o 
fizesse para si mesmo, sem condenar ou rejeitar 
os demais de pensamento diferente. 
Deste modo, ao dizer no verso 14 que estava bem 
certo no Senhor Jesus que não há mais 
nenhuma coisa de si mesma imunda, a não ser 
para aquele que a tem por imunda, ele não 
estava de modo algum dizendo que tudo o que 
existe no mundo é puro; porque estava 
restringindo o uso desta expressão apenas aos 
alimentos que comemos. 
Paulo aproveitou para estender a questão sobre 
a comida e bebida, para além do cerimonialismo 
e aplicou-a ao fato de se comer e beber de 
maneira escandalosa, que sirva como pedra de 
tropeço para alguns irmãos (v. 20 a 23). 
Assim, em vez de estarem preocupados em 
julgarem seus irmãos quanto a estas coisas não 
essenciais, eles pecavam contra o Senhor, 
esquecidos que, cada um dará conta de si 
mesmo a Deus, no Tribunal de Cristo. 
Evidentemente, podemos e devemos transferir 
tudo isto para a nossa forma de nos relacionar 
com irmãos que pertençam a congregações cuja 
prática cultual seja diferente da nossa, quanto 
ao gosto musical, ordem de culto, forma de 
ministração da Palavra de Deus, etc, uma vez 
29 
 
que não somos autorizados pelas Escrituras a 
evitar ter comunhão com eles por conta de 
nossos gostos serem diferentes. 
Nossos modos e costumes não são um padrão de 
verdade nem para nós mesmos, porque estão 
sujeitos a serem alterados com o tempo. 
Faríamos bem, portanto, em aprendermos 
simplicidade, humildade, amor, renúncia, por 
amor aos irmãos e ao Senhor, negando-nos a 
nós mesmos quanto aos nossos gostos em prol 
de não sermos uma causa de tropeço ou de 
tristeza para os nossos irmãos. 
Caso alguém não consiga fazê-lo, que se guarde 
então de criticar aqueles que Deus não tem 
rejeitado por conta de seus costumes diferentes 
dos nossos. 
 
 
 
 
 
30 
 
Perdas do Que se Tem e do Que não se Terá 
 
Neste mundo temos muitas perdas. 
Perdemos o que temos 
e também perdemos 
o que não chegaremos a ter. 
 
Bens, conhecimentos, amizades, 
são perdidos de uma e de outra forma: 
Os que nunca teremos e os que foram embora. 
 
Como lidar com isto quando nós temos 
uma alma com um desejo infinito? 
 
Não fomos criados por Deus para a derrota, 
nunca foi o Seu propósito limitar-nos 
e deixar-nos despojados. 
 
Como podem ser então explicadas 
estas tantas perdas da nossa jornada? 
 
Desde que o pecado entrou no mundo 
o homem perdeu da satisfação, o sentido... 
que tinha somente em Deus. 
Deus era o seu tudo, e tudo mais era acréscimo. 
Não precisava do sentido de posse, 
para se sentir preenchido... completado, 
pois tudo lhe fora dado para ser desfrutado. 
Em tudo ele via a mão de Deus e lhe era grato, 
mas tudo isto mudou quando entrou o pecado, 
e agora o homem precisa ser despojado, para 
reaprender que em Cristo está aperfeiçoado. 
31 
 
Desapega... Desapega 
 
As palavras deste clichê de uma propaganda 
comercial bem explicam o significado do tipo de 
renúncia ordenada por Cristo aos pretendentes 
a serem Seus discípulos. 
Não propriamente pela troca proposta na 
propaganda, mas pelo sentido do verbo 
“desapegar-se”. 
A palavra renúncia em Lucas 14.33 não traz 
implícita diretamente a ideia de não estar 
afeiçoado, não estar apegado, a qualquer coisa 
deste mundo, inclusive ao que tange à nossa 
própria pessoa (corpo, planos, carreira etc), e é 
justamente este desapego que explica de modo 
preciso qual é a condição do nosso pensar e 
sentir nas renúncias que temos que fazer por 
amor a Cristo. 
Não estar amarrado a coisa alguma. Não de 
maneira irresponsável ou sem amor, mas de 
forma alegre, grata e voluntária, sujeitando-se à 
providênciadivina, até mesmo no caso extremo 
de perdas de pessoas e coisas que mais 
estimamos. 
 
“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não 
renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu 
discípulo.” (Lucas 14.33) 
 
Veja o que foi dito por nosso Senhor no contexto 
imediatamente anterior a estas suas palavras 
32 
 
relativas à necessidade de completa renúncia 
para podermos ser Seus discípulos: 
 
“Luc 14:26 Se alguém vem a mim e não aborrece 
a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e 
irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser 
meu discípulo. 
Luc 14:27 E qualquer que não tomar a sua cruz e 
vier após mim não pode ser meu discípulo. 
Luc 14:28 Pois qual de vós, pretendendo 
construir uma torre, não se assenta primeiro 
para calcular a despesa e verificar se tem os 
meios para a concluir? 
Luc 14:29 Para não suceder que, tendo lançado 
os alicerces e não a podendo acabar, todos os 
que a virem zombem dele, 
Luc 14:30 dizendo: Este homem começou a 
construir e não pôde acabar. 
Luc 14:31 Ou qual é o rei que, indo para combater 
outro rei, não se assenta primeiro para calcular 
se com dez mil homens poderá enfrentar o que 
vem contra ele com vinte mil? 
Luc 14:32 Caso contrário, estando o outro ainda 
longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo 
condições de paz.” 
 
Há este custo na vida cristã de termos que 
renunciar aos nossos mais preciosos afetos que 
nos levam a estar apegados a nossas entes 
queridos e a tudo o que é precioso para nós, 
como até mesmo a nossa própria vida – custo 
este que devemos calcular adequadamente para 
33 
 
podermos prosseguir na edificação espiritual de 
nossas próprias vidas e para sermos usados na 
de outros; e na batalha espiritual que temos que 
enfrentar e realizar por amor a Cristo. 
 
O sempre presente temor de perdas (de 
amizades, de oportunidades etc), sempre levará 
o nosso afeto a estar ligado não propriamente a 
Cristo, mas às pessoas e coisas às quais 
estejamos apegados. 
 
Sem estarmos desapegados é simplesmente 
impossível seguir a Cristo e viver a vida cristã do 
único modo pelo qual importa ser vivida. 
 
Então, se alguém quer servir a Cristo: desapega... 
desapega. 
 
 
 
34 
 
O Grande Risco em Escolher uma Porta Errada 
 
A salvação da alma, como tudo o mais em nossa 
vida, possui também a sua porta de entrada. 
Esta porta é única, eterna e insubstituível. 
Corremos portanto, um sério risco em nos 
darmos por satisfeitos com alguma porta 
religiosa, filosófica, ou qualquer outra que 
tenhamos escolhido como porta para a nossa 
salvação, e no fim da nossa vida, quando esta for 
aberta, não nos conduzir para o céu, para o 
nirvana, ou para outras condições agradáveis 
em relação ao destino eterno do nosso espírito, 
uma vez que este tiver deixado o nosso corpo 
pela morte. 
Ora, é bem patente que se fosse deixado por 
Deus, que por nossa própria escolha, viéssemos 
a adotar o modo de vida ou pensamento que nos 
conduzirá ao céu, é bem certo que todos nós nos 
perderíamos, porque, afinal, Deus é espírito 
invisível, e seus caminhos não são os nossos 
caminhos e nem os seus pensamentos os nossos 
pensamentos. 
Se no próprio mundo físico em que vivemos e 
apalpamos pelo nosso tato, e vemos com os 
nossos olhos, muitas coisas permanecem 
encobertas ao nosso conhecimento e 
entendimento, quanto mais isto não é 
verdadeiro de modo absoluto quanto ao que se 
refere ao mundo espiritual, celestial e invisível. 
Por isso, Deus, em Sua infinita bondade e 
misericórdia para conosco, não nos deixou sem 
35 
 
a sua ajuda e direção para nos levar à porta que 
se abre para o cominho da salvação, do céu, da 
vida eterna. 
Ele não somente nos Deus o Senhor Jesus Cristo 
para morrer no nosso lugar, pagando o preço 
exigido pela Sua justiça quanto aos nossos 
pecados, como também nos atrai para Ele, 
revelando a Sua pessoa divina, para que pelo 
poder da Sua graça, possa não somente 
desvendar os nossos olhos para o mundo 
espiritual verdadeiramente santo e celestial, 
como também operar a transformação de 
nossas vidas, segundo o caráter e virtudes que 
foram por Ele descritas na Sua Palavra que foi 
revelada a nós para confirmar o Seu propósito 
eterno relativo ao modo da nossa salvação. 
Assim, as Escrituras não contêm apenas 
mandamentos de Deus, mas também 
descrevem as características que passam a 
existir nas vidas dos que são salvos, pela Sua 
graça e mediante o arrependimento e fé em 
Jesus. Elas, portanto, confirmam se estamos ou 
não entrando pela única porta e caminho que 
conduz à salvação, a saber, a pessoa do próprio 
Senhor Jesus Cristo, que passa a viver em nós 
em espírito. 
É sobretudo neste sentido que Jesus afirma que 
não fomos nós que o escolhemos, mas Ele que 
nos escolheu. Não meramente num sentido 
eletivo, mas revelador, diretivo, instrutivo, 
operativo, porque se não fosse pelo Seu trabalho 
de nos trazer para a porta e caminho da salvação, 
36 
 
jamais conheceríamos aquela vida espiritual, 
celestial e divina, que é comum a todos que dela 
têm participado pela fé nEle. Então, não é pela 
escolha que faço de uma determinada filosofia 
de vida ou de religião, que posso estar seguro de 
ir para o céu, ou de estar vivendo do modo que 
seja agradável a Deus. 
Não nos foi dado por Deus escolher o modo de 
vida que me conduzirá à Sua presença, em 
espírito, pois este caminho já foi estabelecido 
por Ele desde antes da fundação do mundo, e 
não há outros caminhos que possam conduzir 
ao mesmo objetivo. 
Posso orar, louvar, ler a Bíblia, ser caridoso, 
frequentar os cultos de uma igreja, e ainda 
assim estar fora do caminho, porque posso fazer 
tudo isto sem ter tido um encontro pessoal com 
Cristo, e por conseguinte, não ter sido 
regenerado e santificado pelo Espírito Santo, 
que é quem testifica com o nosso espírito que 
fomos tornados filhos de Deus pela nossa 
comunhão com Jesus Cristo. 
João 15:16 Não fostes vós que me escolhestes a 
mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros 
e vos designei para que vades e deis fruto, e o 
vosso fruto permaneça; a fim de que tudo 
quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo 
conceda. 
João 15:19 Se vós fôsseis do mundo, o mundo 
amaria o que era seu; como, todavia, não sois do 
mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por 
isso, o mundo vos odeia. 
37 
 
Senhor Justiça Nossa 
 
No capítulo 23 de Jeremias o Senhor repreende 
a infidelidade e a corrupção dos sacerdotes e 
anciãos de Israel (pastores do povo naquela 
dispensação) e os profetas que falavam em Seu 
nome sem terem sido levantados por Ele, os 
quais haviam feito o Seu povo se desviar da Sua 
presença. 
O protesto de Deus se fundamenta no fato deles 
nunca terem ensinado a Sua Palavra, conforme 
fora revelada e escrita para eles, senão, aquilo 
que eles afirmavam ser a Sua Palavra, quando na 
verdade, era a própria palavra deles, ensinada 
para atender aos seus propósitos cobiçosos, 
interesseiros, carnais e egoístas. 
Isto pode ser visto claramente nas palavras de 
repreensão dirigidas contra eles como as da 
seguinte passagem: 
“28 O profeta que tem um sonho conte o sonho; 
e aquele que tem a minha palavra, fale fielmente 
a minha palavra. Que tem a palha com o trigo? 
diz o Senhor. 
29 Não é a minha palavra como fogo, diz o 
Senhor, e como um martelo que esmiúça a 
pedra? 
30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas, 
diz o Senhor, que furtam as minhas palavras, 
cada um ao seu próximo. 
31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o 
Senhor, que usam de sua própria linguagem, e 
dizem: Ele disse.” (Jer 23.28-31). 
38 
 
O efeito que era produzido no povo, de andarem 
contrariamente com o Senhor, era uma prova 
evidente de que a vida e o ensino destes pastores 
e profetas não eram segundo a verdadeira 
Palavra de Deus, porque o efeito dela é sempre o 
de produzir temor e santidade no Seu povo, 
como o próprio Senhor se expressou em relação 
a isto da seguinte maneira: 
“21 Nãomandei esses profetas, contudo eles 
foram correndo; não lhes falei a eles, todavia 
eles profetizaram. 
22 Mas se tivessem assistido ao meu conselho, 
então teriam feito o meu povo ouvir as minhas 
palavras, e o teriam desviado do seu mau 
caminho, e da maldade das suas ações.” (v. 
21,22). 
O que eles ensinavam e profetizavam não 
provinha do céu senão dos seus próprios 
corações enganosos e corrompidos: 
“25 Tenho ouvido o que dizem esses profetas 
que profetizam mentiras em meu nome, 
dizendo: Sonhei, sonhei. 
26 Até quando se achará isso no coração dos 
profetas que profetizam mentiras, e que 
profetizam do engano do seu próprio coração? 
27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se 
esqueça do meu nome pelos seus sonhos que 
cada um conta ao seu próximo, assim como seus 
pais se esqueceram do meu nome por causa de 
Baal.” 
Isto é um grande alerta para os ministros do 
evangelho, para que não incorram no mesmo 
39 
 
erro deles, deixando de pregar a genuína 
Palavra do Senhor, no poder do Espírito. 
Quando se desvia deste rumo os resultados 
sempre serão funestos. 
Há muitos sonhadores que desejam conduzir a 
Igreja de Cristo pelas visões do seu próprio 
coração, afirmando que são revelações 
recebidas da parte de Deus. 
Se estas visões não estiverem de acordo com a 
Palavra revelada na Bíblia, em gênero, número e 
grau, em vez de serem proclamadas, devem ser 
esquecidas e abominadas, porque não será 
apenas o povo que será prejudicado por elas, 
mas o próprio Deus terá a Sua ira despertada 
contra tais pastores ou profetas, como se vê 
neste capitulo de Jeremias. 
Como o quadro que havia prevalecido em Israel 
por séculos, sempre foi este de o povo não 
receber a devida instrução por parte da grande 
maioria de seus pastores e profetas, então o 
Senhor mesmo seria o Pastor do Seu povo, e o 
faria através de pastores que estariam debaixo 
da justiça de um Rei justo que procederia da 
descendência de Davi, nosso Senhor Jesus 
Cristo, e estando assim justificados por Ele, 
tanto eles, seus pastores, quanto o rebanho de 
Deus sobre o qual seriam constituídos, seriam 
conhecidos pelo nome de O SENHOR JUSTIÇA 
NOSSA. 
Este Rei justo viria então a se manifestar em dias 
futuros para buscar as ovelhas perdidas da casa 
de Israel que haviam sido dispersadas por todos 
40 
 
os maus pastores e profetas que haviam 
presidido sobre elas. 
“3 E eu mesmo recolherei o resto das minhas 
ovelhas de todas as terras para onde as tiver 
afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e 
frutificarão, e se multiplicarão. 
4 E levantarei sobre elas pastores que as 
apascentem, e nunca mais temerão, nem se 
assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o 
Senhor. 
5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que 
levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, 
reinará e procederá sabiamente, executando o 
juízo e a justiça na terra. 
6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará 
seguro; e este é o nome de que será chamado: O 
SENHOR JUSTIÇA NOSSA.” (v.3 a 6). 
Esta promessa está vinculada à da Nova Aliança, 
constante do capítulo 31. 
 
 
 
 
 
 
41 
 
Está Faltando o Ingrediente do Evangelho na 
Salada Mista da Mensagem Atual 
 
“Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; 
a graça e a verdade vieram por meio de Jesus 
Cristo.” (João 1.17) 
 
Jesus veio a este mundo trazer e revelar a graça 
e a verdade para que por ambas nossas vidas 
sejam transformadas à Sua própria imagem e 
semelhança. 
O caráter e todas as características que 
compunham a graça e a verdade que nEle se 
encontram, foram profetizados nas Escrituras 
do Velho Testamento, e manifestados no Novo 
Testamento. 
Esta graça e verdade puras e cristalinas fluem 
através da mensagem do Evangelho 
genuinamente bíblico, e biblicamente 
interpretado. 
Como é por meio disso que se cumpre o 
propósito de Deus de gerar em nós a vida eterna 
espiritual e celestial, é óbvio que Satanás 
(conforme permitido por Deus para o nosso 
aperfeiçoamento) se levantaria para tentar 
ofuscar esta mensagem divina por todos os 
meios, porque em Seu desígnio eterno, Deus 
determinou que ela deveria ser transmitida por 
aqueles que fossem convertidos a Cristo por 
meio dela. 
Por séculos, o diabo tem criado organizações 
com o nome de cristãs, mas que ocultam ou 
42 
 
distorcem a mensagem genuinamente 
evangélica, e assim, consegue manter muitos e 
por muito tempo, senão por toda a vida, 
afastados da possibilidade da salvação de suas 
almas. 
Além de organizações, estabeleceu também 
movimentos, especialmente nestes dias em que 
pode fazer um uso amplo das tecnologias 
disponíveis para desfigurar a mensagem através 
do chamado tele-evangelismo; literatura tanto 
convencional quanto eletrônica, para difundir 
os mais diversos temas religiosos, que abordam 
tudo, menos a mensagem central do evangelho, 
que quando citada superficialmente, está tão 
misturada com conceitos pagãos, que não pode 
ser identificada. 
Com isto, as mentes estão confusas, pensando 
que o evangelho, a graça e a verdade que Jesus 
veio nos trazer para sermos salvos, não passa de 
um grosseiro ensino sobre formas de ter 
prosperidade material; de se obter fama e honra 
mundanas; de usar técnicas psicológicas para 
melhorar relacionamentos e se sentir mais feliz; 
e toda sorte de objetivos terrenos, que podem 
ser alcançados por outros caminhos até mais 
efetivos do que a religião. 
E se no entendimento comum é somente isto o 
que Jesus tem para nos oferecer, então, “muito 
obrigado por nada”, muitos dizem com razão 
sobre este produto estragado e falso que lhes é 
oferecido. 
43 
 
Todavia, uma vez formado o preconceito contra 
Jesus por se pensar que a Sua graça e verdade é 
tudo isto que se oferece em seu nome por 
aqueles que se autoproclamam seus 
mensageiros, cumpre-se o propósito do diabo 
de manter as pessoas escravizadas ao pecado, 
uma vez que essa libertação pode ser feita 
somente pelo poder de Jesus e mediante a 
prática do evangelho genuíno conforme 
revelado na Bíblia. 
Ai de nós, se não fosse a misericórdia de Deus 
que abre os nossos olhos para discernir o 
verdadeiro do falso, e assim, sermos conduzidos 
à salvação. 
A norma bíblica de tudo examinar e reter o que 
é bom está ficando cada vez mais difícil de ser 
cumprida, porque não é comum se observar 
algo bom, verdadeiro, precioso e útil para a 
nossa salvação e edificação nesta salada mista, 
na qual costuma estar sempre em falta o 
ingrediente do evangelho verdadeiro. 
Hoje em dia, e como sempre, se alguém deseja 
conhecer Jesus é melhor ir diretamente às 
páginas da Bíblia, especialmente do Novo 
Testamento, e começar a fazer o seu próprio 
estudo da verdade diretamente na sua fonte, 
contando reverentemente com a ajuda do 
Espírito Santo, em espírito de oração, para ter o 
seu entendimento iluminado. 
 
 
 
44 
 
Acautelai-vos dos Falsos Profetas 
 
Isto disse Jesus, especialmente para aqueles que 
como nós, estivessem vivendo nos últimos dias, 
quando haveria a apostasia da Igreja. 
 
Definição de profeta: Aquele que fala da parte de 
Deus aos homens. 
 
Em relação ao evangelho, profeta é portanto 
aquele que anuncia o evangelho de Jesus Cristo 
com a mesma precisão da verdade tal como se 
encontra registrada na Bíblia. 
Mais precisamente... é aquele que conduz por 
sua mensagem, pessoas a terem um encontro 
pessoal com Jesus Cristo, e a andarem em 
conformidade com a Sua santa vontade. 
Este é o profeta do Novo Testamento, desde que 
nosso Senhor Jesus Cristo se manifestou com a 
revelação final da verdade, nada deixando para 
que lhe fosse acrescentado; de modo que se 
alguém se levanta anunciando alguma 
mensagem que afirme ser uma nova revelação 
da vontade de Deus para a Igreja, que contrarie 
o que já foi revelado nas Escrituras, esta pessoa 
estará pregando algo falso. 
Agora, através do dom de profecia, Deus pode 
usar a quem Ele quiser, para - dentro do 
contextoe tom das Escrituras - exortar, consolar 
ou edificar a Sua igreja. 
Como a salvação e edificação de almas é feita 
através da fé na mensagem do genuíno 
45 
 
evangelho de Cristo, é evidente que Satanás 
usará de todos os meios e artifícios para 
distorcer e adulterar a referida mensagem de 
forma que não produza o efeito esperado por 
Deus. 
O meio mais comum de fazê-lo então será por 
levantar líderes no meio da própria Igreja que 
passem por dignos, confiáveis mensageiros do 
evangelho, quando na verdade são lobos em 
pele de cordeiro. 
Para isto, não há necessidade que aquele que 
será usado pelo diabo para enganar a muitos, 
esteja consciente do que está fazendo, de 
maneira que há muitos que enganam que 
também estão sendo enganados pelo diabo, 
porque pensam que estão pregando e 
ensinando a verdade, e agindo de modo 
verdadeiramente cristão, quando na verdade 
não o estão fazendo. 
Todavia, muitos destes que são enganados pelo 
diabo para ministrarem um evangelho 
adulterado, são despertados posteriormente 
pela graça de Deus e chegam ao conhecimento 
da verdade, à qual agora eles se apegam com 
toda a sua alma. 
Assim, quando a Bíblia faz firmes e severas 
repreensões contra os falsos profetas, não é 
propriamente a estes irmãos que andaram 
confusos por algum tempo, mas àqueles que 
obstinadamente resistem a uma vida 
verdadeiramente santa, operada por uma 
submissão humilde e sincera aos mandamentos 
46 
 
do Senhor, e cujo ego inchado é usado pelo 
diabo, criando neles convicções reativas ao 
evangelho e ao modo de se andar na igreja, que 
contrariam frontalmente os mandamentos de 
Jesus, de modo a manter os crentes afastados 
daquela verdadeira santificação que seria 
produzida em suas vidas caso lhes fosse 
ministrada a verdade. 
É a este tipo de falsos profetas e mestres que o 
apóstolo Pedro se refere em sua segunda 
epístola. 
Pedro disse que estes falsos profetas e mestres 
introduziriam suas heresias destruidoras na 
Igreja de maneira encoberta, isto é, agindo 
como lobos em peles de ovelhas tal como Jesus 
havia alertado a Igreja para que se acautelasse 
deles, exatamente por causa desta dificuldade 
de serem logo identificados. 
Eles negam o Senhor porque não pregam 
debaixo da obediência à Sua vontade somente 
aquilo que Ele nos ordenou para ser ensinado e 
guardado. 
Eles pregam algumas coisas agradáveis do 
evangelho pela própria escolha deles para 
agradarem e seduzirem as pessoas. 
Eles não pregarão o escândalo da cruz, e não 
atacarão firme o pecado, e não disciplinarão os 
crentes com toda a longanimidade e doutrina, 
antes pregarão uma graça irresponsável que 
não é a verdadeira graça - a qual exige diligência 
e santificação dos cristãos, ou então pregarão 
uma salvação por meio de obras, e não pela 
47 
 
graça, mediante a fé, de modo a manterem as 
pessoas atemorizadas e debaixo do domínio 
deles, por temerem que não venham a cumprir 
as suas ordens e desejos - que impõem aos 
crentes como coisas necessárias para que não se 
desagrade a Deus. 
Eles, servem a si mesmos e não ao Senhor e aos 
interesses do Seu reino. 
Assim, o evangelho destes falsos profetas e 
mestres não tem porta estreita, nem caminho 
estreito para a salvação, segundo a santificação 
que leva à mortificação de todo tipo de pecado, e 
a um andar na justiça evangélica; senão uma 
porta ampla e um caminho largo para os crentes 
viverem desordenadamente, desde que 
atendam aos interesses de seus "líderes" que 
constituíram a si mesmos sobre eles - não da 
parte do Senhor e nem por uma chamada 
específica para o exercício do ministério. 
Como pregariam a mensagem relativa à graça e 
a verdade do evangelho, quando eles mesmos 
não a conhecem? 
Como pregariam a santificação evangélica, 
quando eles próprios não a vivem? 
Eles falam de Jesus, mas o Jesus que eles pregam 
não é o da Bíblia, e por isso o apóstolo afirma que 
eles negam o Senhor que os resgatou, e com isso 
trazem sobre si mesmos repentina destruição 
(v. 1). 
Nenhum cristão bem instruído pelo Espírito 
deveria permanecer debaixo da liderança 
destes falsos profetas e mestres, porque são 
48 
 
muitos os que seguem as suas dissoluções, e por 
causa deles o caminho da verdade é blasfemado 
(v. 2), porque a santificação não será forjada na 
vida dos seus ouvintes, porque eles vivem na 
carne e não pregam a verdade, e sem a prática 
da Palavra não há santificação, assim como 
quem prega na carne nada mais pode gerar 
senão o que é carnal, e jamais o que seja 
verdadeiramente espiritual. 
Uma outra característica destes falsos profetas e 
mestres é que eles ministram movidos pela 
ganância, porque o que eles visam 
verdadeiramente não é a glória de Deus, mas 
aquilo que é do próprio interesse egoísta deles, 
e para atingir os seus propósitos pessoais eles 
agem usando palavras fingidas, e usam os 
cristãos como fossem uma mercadoria deles, 
para atingirem dos seus objetivos gananciosos 
(v. 3). 
E isto não tem a ver somente com vantagem 
financeira, mas com fama, primazia, louvor do 
ego inchado deles. 
No entanto a condenação deles já foi lavrada por 
Deus há muito tempo e a destruição deles é 
certa, porque o Senhor dar-lhes-á a devida paga 
a Seu tempo, conforme afirma o apóstolo Pedro. 
Se nem mesmo aos anjos que pecaram, ele 
poupou lançando-os no inferno, e tem mantido 
a muitos deles no abismo de trevas, onde se 
encontram aguardando o dia do juízo final sobre 
eles (v. 4), quanto mais não serão condenados 
49 
 
pelo Senhor estes falsos ministros que estão a 
serviço do diabo. 
Também com certeza não os poupará porque 
somente Noé e mais sete pessoas foram livradas 
do inferno quando Deus destruiu milhões de 
pessoas com as águas do dilúvio; e somente Ló 
foi livrado da destruição pelo fogo das cidades 
de Sodoma e Gomorra, as quais Deus colocou 
como exemplo do que sucederá a todos os que 
vivem impiamente (v. 5, 6). 
Assim como o Senhor livrou Ló, de igual modo 
Ele sabe como livrar os piedosos da tentação, e 
reservar para o dia do juízo os injustos que ele 
começou a castigar ainda aqui neste mundo 
para revelar que haverá de fato um juízo final (v. 
7 a 9). 
Satanás e os seus ministros procuram se 
levantar principalmente contra a autoridade de 
Deus, e como não podem atingi-lo diretamente, 
eles atacam as autoridades que foram 
instituídas por Ele, rebelando-se contra elas 
com seu atrevimento, arrogância e não receiam 
blasfemar da dignidade delas, enquanto que os 
próprios anjos, embora sejam maiores em força 
e em poder, não pronunciam juízo blasfemo 
contra tais autoridades diante do Senhor (v. 10, 
11). 
Depois de nos colocar em alerta contra os 
sedutores, o apóstolo passou a descrevê-los 
mais detalhadamente a partir do verso 12; e 
neste verso eles são descritos como aqueles 
vasos de ira preparados para a destruição, 
50 
 
porque seguem resolutamente a natureza 
terrena deles agindo como fossem criaturas 
irracionais, porque não fazem uso adequado da 
razão para levarem seus pensamentos cativos à 
obediência de Cristo, de maneira que, por 
natureza, permanecem na condição de 
existirem para serem aprisionados e mortos 
espiritualmente, e como blasfemam daquilo 
que não deveriam blasfemar, mas o fazem 
porque não podem entender a natureza das 
coisas contra as quais blasfemam, é certo que 
perecerão na sua corrupção. 
Eles se riem daqueles que levam a vontade de 
Deus a sério, e que se santificam, porque isto é 
para eles algo exagerado, fanático, 
desnecessário, e assim, eles blasfemam contra 
as coisas santas de Deus. 
Como eles vivem na carne, o seu prazer está 
voltado para deleites, entretenimentos, festas, 
reuniões para o propósito de satisfazerem a 
carne com banquetes e outros deleites relativos 
às paixões e desejos de suas almas ímpias. 
Como não podem caminhar na verdade se 
deleitam nas suas dissimulações, porque vivem 
do engano, e têm prazer nisto. 
Eles são verdadeirasmanchas para o nome de 
Cristo e da Sua Igreja. 
São adúlteros espirituais, pois se aliançam com 
o mundo e com aqueles que servem a Satanás, a 
pretexto de ampliarem a obra de Deus 
(construção de templos suntuosos, obras sociais 
de fachada etc), e a fome deles para pecar não 
51 
 
pode ser saciada, e assim toda alma que for 
inconstante será engodada por eles. 
O coração deles se exercita continuamente na 
ganância, e são filhos de maldição porque 
seguem pelo mesmo caminho de Balaão, que 
profetizava por dinheiro. 
Eles deixaram voluntariamente o caminho de 
Deus e se desviaram por amarem o prêmio da 
injustiça tal como fizera Balaão, o modelo deles 
do passado. 
Alegam servir a Deus e seguir as Escrituras, mas 
não dão a devida consideração aos 
mandamentos de Cristo para pô-los em prática 
em suas vidas e nas dos crentes que dirigem (v. 
13 a 16). 
Eles se apresentam como fontes, mas não têm 
água para saciar a sede dos que têm sede da água 
viva do Espírito; são nuvens levadas pelo vento e 
que também não trazem chuva para regar a 
terra de corações, que necessitam serem 
amolecidos, e assim o que está reservado para 
eles é a negridão das trevas (v. 17). 
Quão distante estão portanto estes falsos 
profetas e mestres do exemplo de humildade e 
mansidão que houve em Cristo e que deve ser 
achado também em todos os Seus ministros. 
Quão longe eles estão daquela santidade de vida 
que deve existir em todos os verdadeiros 
ministros de Cristo. 
Quão resistentes eles são à Palavra de Deus e ao 
trabalho do Espírito, sobretudo no que diz 
respeito à implantação de todas as graças que o 
52 
 
apóstolo relacionou no primeiro capítulo da sua 
segunda epístola. 
Por tudo isto eles comprovam que são pessoas 
que não possuem de fato a habitação do Espírito 
Santo, que lhes teria regenerado e santificado, 
tornando-lhes novas criaturas. 
Estes falsos profetas e mestres se 
intrometeriam na liderança da Igreja, mas o 
apóstolo está alertando os cristãos para não 
reconhecerem a tais homens e não permitirem 
que eles permaneçam no exercício do 
ministério, porque debaixo da liderança deles o 
rebanho certamente será posto a se perder. 
A sedução deles consiste em atrair os discípulos 
para uma vida carnal e sensual que não lhes 
exija, conforme é da vontade de Deus, a 
mortificação do pecado e a prática da justiça, por 
um andar no Espírito. 
Então eles agradarão a muitos, porque não são 
poucos os que resistem a um viver e um andar 
no Espírito, e que consideram ser possível 
agradar a Deus vivendo na carne. 
Eles sinalizam com liberdade total sob a 
alegação de que os cristãos estão na graça - a 
graça para eles é libertinagem e não a 
verdadeira graça de Deus que é o poder de Deus 
para vencer o pecado, o diabo e o mundo. 
E então eles próprios permanecem ainda presos 
às suas cobiças e pecados, enquanto oferecem 
aos outros uma liberdade que eles próprios não 
possuem. 
53 
 
O que pode parecer para muitos ser uma 
vantagem para os falsos profetas e mestres, o 
fato deles terem algum conhecimento nocional 
da verdade das Escrituras em suas mentes, 
apesar de não tê-lo por experiência em seus 
corações, que isto servirá pelo menos de 
abrandamento da pena para eles no dia do Juízo. 
No entanto, isto não será uma circunstância 
atenuante, senão agravante, porque o apóstolo 
afirma que o último estado deles será pior do 
que o primeiro, porque seria melhor que fossem 
totalmente ignorantes acerca dos caminhos de 
Deus, do que conhecendo o que se exige para 
andar neste caminho, tenham vivido num outro 
caminho diferente, e ainda conduzindo a outros 
a caminharem de maneira errada (v. 18 a 22). 
Não haverá portanto nenhuma consideração da 
parte de Deus no dia do Juízo para aqueles que 
tenham vivido por um período, ainda que 
apenas de maneira externa, segundo os 
mandamentos da Palavra, e que logo depois 
vieram a apostatar entregando-se abertamente 
à prática das antigas corrupções que eles 
haviam abandonado temporariamente, eles 
serão considerados como o cão que voltou ao 
seu vômito e a porca lavada que voltou ao 
lamaçal. 
Estas palavras são também reafirmadas em 
essência pelo apóstolo Judas, irmão do Senhor 
Jesus, na curta epistola do Novo Testamento, 
que escreveu e que leva o seu nome. 
54 
 
Somente a justiça de Cristo aplicada à alma, e a 
perseverança na santificação, que comprova e é 
a evidência de ter sido de fato justificado pela 
graça mediante a fé, pode livrar da condenação 
vindoura. 
Este é o fruto que não será achado na vida dos 
falsos profetas. É por não terem este fruto 
verdadeiro de santidade e justiça que podemos 
conhecê-los, porque o "evangelho" que eles 
pregam e ensinam não pode gerar tal fruto nem 
na vida deles, nem na dos seus ouvintes. 
 
 
 
 
 
 
55 
 
A União Indissolúvel do Crente com Cristo 
 
"1 Portanto, agora nenhuma condenação há para 
os que estão em Cristo Jesus, que não andam 
segundo a carne, mas segundo o Espírito. 
2 Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo 
Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte." 
(Romanos 8.1,2) 
 
A libertação encontrada pelo crente em Jesus, 
em relação à condenação, ao pecado e à morte, 
é afirmada pelo apóstolo como uma verdade 
absoluta e final na vida de todos aqueles que 
foram justificados pela fé e que por conseguinte 
foram regenerados pelo Espírito Santo, ou seja, 
tornados novas criaturas. 
Não é particularmente Paulo que vê o crente 
nesta condição, mas o próprio Deus que revelou 
a ele esta condição firme e segura na qual todo 
cristão autêntico se encontra em sua união vital 
com Jesus Cristo. 
Muitos indagam entretanto, por que teria então 
o apóstolo citado a condição de desventura 
citada por ele na parte final do sétimo capítulo? 
Não podemos esquecer que a condição ali 
apontada por ele não se refere a qualquer tipo de 
instabilidade no edifício espiritual que está 
sendo erigido com os cristãos como sendo 
pedras vivas sobre o alicerce que é Jesus Cristo. 
Até mesmo o conflito interior da luta contra o 
pecado não pode mais separar o crente do 
Senhor que o resgatou e o tornou participante 
56 
 
da Sua própria vida, e, na verdade, esta luta está 
polindo o crente como pedra do edifício. 
Nós vimos o apóstolo afirmando esta firmeza do 
crente em Jesus ao longo de toda esta epístola, e 
a título de recordação, leiamos as suas palavras 
em Rom 6.17-22, onde ele reafirma esta plena 
condição de liberdade alcançada pelo crente 
por meio da simples fé em Jesus. 
 
"Rom 6:17 Mas graças a Deus porque, outrora, 
escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer 
de coração à forma de doutrina a que fostes 
entregues; 
Rom 6:18 e, uma vez libertados do pecado, fostes 
feitos servos da justiça. 
Rom 6:19 Falo como homem, por causa da 
fraqueza da vossa carne. Assim como 
oferecestes os vossos membros para a 
escravidão da impureza e da maldade para a 
maldade, assim oferecei, agora, os vossos 
membros para servirem à justiça para a 
santificação. 
Rom 6:20 Porque, quando éreis escravos do 
pecado, estáveis isentos em relação à justiça. 
Rom 6:21 Naquele tempo, que resultados 
colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos 
envergonhais; porque o fim delas é morte. 
Rom 6:22 Agora, porém, libertados do pecado, 
transformados em servos de Deus, tendes o 
vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida 
eterna;" 
 
57 
 
Veja que é destacada uma condição presente de 
liberdade total do crente, por estar em Cristo, 
contrastada com a de escravidão ao pecado no 
passado. 
Não há qualquer sombra de dúvida no apóstolo 
e muito menos nos Senhor Jesus, quanto ao fato 
de que os crentes já não são mais escravos do 
pecado, e nem de Satanás, porque Jesus os 
livrou perfeita e completamente. 
Mas alguém indagará: "Por que então se vê tanto 
mau testemunho mesmo nas vidas de crentes 
autênticos - pessoas que foram justificadas e 
regeneradas pelo Espírito?" 
Isto decorre nãopor que perderam a filiação a 
Deus, ou por que deixaram de ter o Espírito, ou 
ainda por que voltaram à sua velha condição 
anterior de pessoas inteiramente carnais, 
deixando de ser novas criaturas em Cristo. 
O que sucede é que deixaram de andar do modo 
digno da sua vocação, abandonaram a 
comunhão com o Senhor, negligenciaram os 
deveres espirituais da vigilância, da oração e da 
meditação da Palavra e do empenho na obra de 
Deus. 
Voltaram a ser, caso nunca tenham deixado de 
ser, pavios fumegantes e canas rachadas, mas 
mesmo assim não serão lançados fora pelo Seu 
Senhor, que há de completar a boa obra neles, 
ainda que seja no céu. 
Ele os corrigirá, disciplinará, mas não os 
rejeitará. 
58 
 
Afinal, não foram escolhidos por Deus por 
algum mérito que houvesse neles, ou algo que 
Lhe agradasse, mas simplesmente o Senhor 
lhes escolheu porque lhes amou primeiro antes 
mesmo da fundação do mundo. 
Todavia, uma vez tendo sido feitos filhos de 
Deus não poderão agradá-Lo caso não vivam do 
modo digno da sua eleição, que foi para a 
santificação no Espírito (I Pedro 1.2). 
O justo (aquele que foi justificado) recebeu a 
vida de Jesus pela fé, e agora importa que 
continue caminhando por fé e não por vista. 
Deve se despojar das obras da carne, uma vez 
que o velho homem recebeu a sentença de 
morte na cruz do Calvário, quando morreu 
juntamente com Cristo. 
Uma pessoa que foi libertada não deve viver 
mais como um escravo do seu antigo senhor, a 
saber, do pecado e do diabo. 
Quando Jesus disse que somente Ele poderia nos 
libertar dessa escravidão, ele enfatizou com um 
"verdadeiramente" - "verdadeiramente sereis 
livres", ou seja, uma liberdade efetiva, real, 
consumada, para um casamento com Cristo que 
é de caráter indissolúvel, e que nem mesmo a 
morte pode separar. 
Nosso Senhor também afirmou em João 3.6: "O 
que é nascido da carne é carne; e o que é nascido 
do Espírito é espírito." 
E foi daqui que o apóstolo Paulo retirou o seu 
ensino que encontramos neste oitavo capítulo 
de Romanos, quando diz que aos olhos de Deus 
59 
 
os crentes são vistos como espirituais, e não 
mais como carnais, ou seja, eles nasceram da 
carne, de seus pais, mas em Cristo, nasceram do 
Espírito, e são espírito vivificado, pronto para 
responder à demanda de Deus em ser adorado 
em espírito e em verdade. Todavia, não podem 
manifestar esta vida separados da comunhão 
com Jesus. É nEle, que todo o propósito de Deus 
é cumprido, de modo que sem Ele, nada 
podemos fazer. 
Tudo isto está declarado pelo apóstolo em Rom 
8.4-17. Releia este texto, e note como ele se 
refere ao fato inconteste de que o crente não 
anda segundo a carne, como aqueles que não 
foram justificados (v.4), e estes últimos 
caminham sem Deus no mundo porque podem 
somente se inclinar para as coisas da carne, e 
não para as que são do Espírito (v.5) - e o 
resultado desta inclinação que o ímpio tem para 
carne é inimizade contra Deus e morte 
espiritual, mas a que o crente tem no Espírito é 
para a vida eterna e para a paz, reconciliação 
com Deus (v.6). 
Deus criou o homem para ser espiritual e não 
carnal - leia Gên 6.3. Mas é somente em Cristo 
que alguém pode se tornar espiritual, e como 
todos os crentes estão em Cristo, e todos são de 
Cristo e têm a habitação do Espírito Santo, eles 
têm o seu espírito vivificado porque foram 
justificados com a justiça de Jesus (v. 7-11). 
Como toda a nossa vida espiritual tanto em 
crescimento e manifestação depende 
60 
 
inteiramente do nosso caminhar no Espírito, é 
evidente que quando fazemos concessão ao 
pecado e andamos segundo o mundo, não há de 
se ver um espírito cheio da vida abundante de 
Jesus, senão um espírito que, ainda que tenha 
sido vivificado no dia da conversão, encontra-se 
agora como morto, insensível e incapacitado 
para manifestar a vida que é do céu, condição 
esta, entretanto, que pode ser revertida pela 
confissão e pelo arrependimento, ainda que 
repetidamente. 
Mas ainda que isto seja verdadeiro, nem sequer 
é a isto que Paulo se refere em primeira mão no 
verso 13, no qual afirma que se vivermos 
segundo a carne, morreremos, mas se pelo 
Espírito, mortificarmos as obras do corpo, 
viveremos. Ora, o argumento segue também 
aqui neste ponto tudo o que ele disse 
anteriormente e que continuará afirmando, até 
culminar com o brado de triunfo e louvor do 
final deste capítulo quando diz que nada mais 
poderá nos separar do amor de Deus que está 
em Cristo Jesus, e o motivo disto é porque fomos 
justificados e unidos a Ele para sempre, como 
membros do Seu corpo, sendo participantes da 
Sua própria vida. 
Então estes que tiveram o seu velho homem 
crucificado, e que pelo Espírito tiveram os feitos 
do corpo mortificados na regeneração, são 
indubitavelmente todos aqueles que creram em 
Jesus e que pela fé nEle se tornaram filhos de 
Deus. 
61 
 
De modo que logo a seguir, a partir do verso 14 
até o 17, o apóstolo confirma o que acabamos de 
expor. 
Até mesmo a citação dos versículos 18 a 28, que 
pode parecer à primeira vista estar fora do 
contexto dos argumentos que Paulo apresentou 
anteriormente, na verdade é uma confirmação 
de tudo o que havia dito, porque nem mesmo as 
aflições presentes, nem o gemido da criação 
existem como uma forma de oposição ao plano 
de Deus de ter muitos filhos semelhantes a 
Cristo. Tudo o que há de tribulação e aflição no 
mundo coopera para a consumação deste Seu 
propósito eterno, porque é justamente por estas 
provações que somos aperfeiçoados para 
sermos à imagem e semelhança de Jesus. 
E para suportar e vencer estas provações temos 
a ajuda do Espírito Santo que nos fortalece para 
mantermos uma vida de vigilância e oração, de 
modo que possamos viver de modo agradável a 
Deus crescendo na graça e no conhecimento de 
Jesus. 
Daí Paulo ter dito: 
 
"28 E sabemos que todas as coisas contribuem 
juntamente para o bem daqueles que amam a 
Deus, daqueles que são chamados segundo o 
seu propósito." 
 
Paulo chamou os crentes de Corinto de carnais, 
porque eram bebês em Cristo que não se 
desenvolviam em seu crescimento espiritual. 
62 
 
Não devemos portanto entender essa forma 
dele se expressar naquela epístola como algum 
tipo de indicação que eles não eram de Cristo, 
ou que não tinham o Espírito. 
Eles foram assim chamados porque estavam 
andando de modo desordenado, mas daquele 
mal foram curados pelo mesmo remédio que 
nós também somos, porque se arrependeram e 
retomaram a caminhada da vida cristã do modo 
pelo qual deve ser retomada, a saber por um 
andar no Espírito, em comunhão com Cristo, 
observando e guardando os Seus 
mandamentos, por meio da fé e graça que Ele 
concede àqueles que se aproximam dEle com 
um coração sincero. 
Assim, ao chamar, em certa ocasião, os crentes 
coríntios de carnais, o que Paulo queria dizer era 
que eles estavam no Espírito, mas viviam como 
os que vivem exclusivamente na carne, a saber, 
aqueles que não conhecem a Jesus. 
E como sucedeu a eles, ocorre com muitos na 
Igreja, em razão da luta constante entre o 
Espírito e a carne, pois há em todo crente duas 
naturezas, uma terrena e outra celestial, uma 
velha e outra nova, uma carnal e outra 
espiritual, daí a existência do conflito. 
Então, para o propósito de aperfeiçoamento dos 
santos Deus concedeu dons e ministérios pelo 
Espírito Santo, à Igreja, como se vê em I Cor 12, 
14 e Ef 4. 
Se o cristão permanecer vivendo de modo 
carnal Ele não poderá manifestar a vida e paz do 
63 
 
Espírito Santo, a qual só pode ser conhecida e 
experimentada, caso se ande no Espírito. 
Entretanto, por ter a habitação do Espírito ele já 
alcançou a condição de vida e paz, e foi livrado 
para sempre da condenação de morte que 
pairava sobre ele antes da sua conversão. 
John Owen escreveu um tratado intitulado A 
Graça e o Dever de Ser Espiritual. O título é 
muito apropriado porque esta condição de ser 
espiritual é recebida exclusivamentepela graça 
e será mantida para sempre, todavia a sua 
manifestação na nossa viva cotidiana é 
dependente da nossa obediência ao Senhor e 
aos Seus mandamentos, por se viver na fé e 
andando no Espírito. 
Foi para isto mesmo que fomos predestinados 
por Deus. De modo que nos chamou, pelo 
Espírito Santo, para nos convertermos e sermos 
adotados como Seus filhos, por meio da 
justificação, com vistas à nossa glorificação 
futura. 
Deus não poupou ao seu próprio Filho para que 
Ele morresse por nós. Então como haveria nEle 
alguma possível intenção de vir a anular tudo o 
que nos tem prometido dar juntamente com 
Cristo, por causa da nossa união com Ele? 
Como dissemos anteriormente fomos feitos co-
herdeiros com Ele e isto significa que tudo o que 
é de Cristo é também nosso por direito 
concedido, prometido e jurado pelo Pai. 
64 
 
Então quem poderá ser contra o cristão de 
maneira a impedir que se cumpra nele o 
propósito de Deus? 
Por que então viverá o cristão de modo diferente 
deste propósito glorioso que lhe foi concedido 
pela graça do Senhor? 
Ele não deve dar ouvido à carne, voltaria Paulo a 
dizer no desenvolvimento destes argumentos 
verdadeiros que está apresentando desde o 
verso 30; mas seguir sempre a direção e 
instrução do Espírito Santo. 
Ainda que esteja num corpo carnal que enferma 
e morrerá, contudo vive pelo espírito e no 
Espírito. 
Paulo começou este oitavo capítulo dizendo que 
já não há nenhuma condenação para os que são 
de Jesus, e que andam segundo o Espírito Santo, 
e agora ele afirmou nos versos 33 e 34, que por 
causa desta justificação pela graça, mediante a 
fé, ninguém pode sustentar qualquer tipo de 
acusação contra os escolhidos de Deus que 
prevaleça no juízo vindouro contra eles, porque 
foram justificados. 
Já não há de fato nenhuma condenação eterna 
para os cristãos, e nem o próprio Deus os 
condenará, porque Cristo carregou sobre Si os 
pecados daqueles aos quais justificou. 
E é Ele mesmo que intercede pelos santos à 
direita de Deus, para que continue operando 
eficazmente naqueles que foram transformados 
em Seus filhos, para que sejam santificados. 
65 
 
É por causa desta intercessão de Cristo que o 
cristão persevera, porque se fosse deixado 
entregue a si mesmo, não poderia prosseguir 
adiante por causa do pecado que ainda opera na 
carne. 
De maneira que necessita do Espírito Santo e da 
intercessão de Cristo para que o pecado seja 
vencido, e seja capacitado com poder, para viver 
segundo o homem interior, no espírito, e não 
segundo a carne. 
O nosso Grande Sumo Sacerdote, nosso Senhor 
Jesus Cristo, intercede por nós dia e noite e tem 
cumprido a promessa de estar conosco todos os 
dias até a consumação dos séculos, e é esta a 
razão de não desfalecermos no meio da nossa 
jornada rumo à nossa pátria celestial. 
De tal ordem é a força deste poder operante da 
graça de Jesus no cristão que nada poderá 
separá-lo do Seu amor. 
Nenhuma tribulação, angústia, perseguição, 
fome, nudez, perigo, espada poderão consegui-
lo, porque o caráter desta união é indissolúvel; 
porque tem o mesmo caráter matrimonial. 
A fé vence o mundo, e todas as coisas que se 
levantam contra o conhecimento de Deus, em 
Cristo. A fé que salvou o cristão é um dom de 
Deus, e sendo assim é algo indestrutível. 
Ela não pode ser vencida por nenhuma 
tribulação, seja interna ou externa. 
Nada do que sentimos ou sofremos poderá nos 
separar de Cristo se pertencemos de fato a Ele, 
por termos sido, justificados e regenerados. 
66 
 
Deus trabalhará em nós através de todas estas 
coisas que no presente nos parecem adversas, 
mas que no fundo estão contribuindo para o 
nosso bem, de maneira que sejamos 
aperfeiçoados em santificação e amor; o que nos 
fará experimentar graus cada vez maiores da 
plenitude que há em Cristo. 
É portanto por meio de todas estas coisas que os 
cristãos são mais do que vencedores por meio 
do amor de Jesus. 
 
 
 
 
67 
 
Julgados Pela Lei da Liberdade 
 
Tendo falado nos dois primeiros capítulos de 
Romanos sobre a natureza pecaminosa 
universal de toda a humanidade, quer em todas 
as épocas ou lugares, e do juízo de condenação 
eterna que há da parte de Deus sobre aqueles 
que se encontram nesta condição, a saber, todas 
as pessoas sem exceção, Paulo passou a 
discorrer nos capítulos 3, 4 e 5, sobre a solução 
provida por Deus para perdoar e restaurar o 
homem caído, ao nos dar Jesus Cristo para ser 
tanto o nosso sacrifício expiatório, quanto o 
nosso sumo sacerdote intercessor, o nosso guia, 
rei e senhor, bem como a nossa própria nova 
vida espiritual e celestial. 
Tiago havia falado sobre a Lei Régia que 
condena todo homem, porque esta Lei não foi 
revogada ou substituída pela Nova Aliança feita 
no sangue de Jesus, senão apenas a Lei 
cerimonial e civil que foi dada através de Moisés 
para vigorar para a nação de Israel no período do 
Antigo Testamento, que durou de Moisés (1.440 
a.C), até a morte de nosso Senhor Jesus Cristo na 
cruz. 
Tiago falou também de uma Lei da Liberdade 
sob a qual se encontram todos os que creem em 
Jesus. E por que ele se referiu a ela deste modo? 
Por que é pela lei do Espírito e da vida em Cristo 
Jesus que somos libertados da lei do pecado e da 
morte (Rom 8.2). Veja que é afirmado ser ela 
68 
 
uma lei de liberdade. E liberdade do pecado e da 
morte espiritual eterna. 
Não se trata portanto de uma simples lei de 
liberdade de vícios, de práticas imorais, ou de 
toda forma de pecado que se possa nomear, mas 
é sobretudo uma liberdade de uma condição de 
morte para a de vida eterna; de prisão em 
ignorância e em trevas, para o verdadeiro 
conhecimento de Deus e de luz. É liberdade da 
escravidão a Satanás e a todos os espíritos das 
trevas. É liberdade da condenação da Lei Régia e 
da própria Lei de Moisés. É liberdade para ter 
poder e capacidade para viver de maneira santa 
e agradável a Deus e em comunhão com Ele por 
toda a eternidade. 
Tudo isto nos foi trazido pela graça e verdade 
que estão em Jesus Cristo, e que nos foram 
reveladas pelo Seu evangelho. 
O injusto pecador, estando sob o evangelho, será 
visto por Deus como sendo justo, porque além 
de ter sido justificado pela fé no evangelho, terá 
também a justiça de Cristo sendo implantada 
nele progressivamente até a perfeição em 
glória, pela operação e instrução do Espírito 
Santo. 
A justiça do próprio Cristo lhe foi oferecida pelo 
evangelho para poder ser perdoado e justificado 
por Deus. 
É por estar em Cristo que somos justificados e 
por conseguinte tornados aceitáveis a Deus. 
Deus não mais condenará eternamente aquele 
que foi justificado pela fé em Jesus. 
69 
 
Ele não o fará porque prometeu isto desde os 
dias dos profetas do Velho Testamento 
(Jeremias 31.31-35). 
E para que não houvesse qualquer dúvida em 
nós quanto ao que havia prometido acrescentou 
um juramento por Si mesmo de que jamais 
anularia o que nos prometeu (Hebreus 6.17). 
É por isso que vemos o caráter deste perdão e 
justificação sendo ilustrado por Jesus em tantas 
passagens dos evangelhos, especialmente nas 
parábolas da dracma perdida, do filho pródigo e 
da ovelha perdida. 
Não temos tempo e espaço para aprofundar aqui 
todo o ensino que há nestas parábolas, mas 
podemos destacar pelo menos este aspecto da 
busca de Deus pelos perdidos, e que deve haver 
também nos que estão perdidos, uma busca de 
Deus para que possam ser acolhidos por Ele. 
Todavia, ninguém deve pensar que ao buscar a 
sua ovelha fujona e extraviada, que o Pastor teve 
da parte dela uma efusiva recepção. É bem 
provável que ela tenha tentado escapar de seus 
braços imaculados, de tão suja que estava pelo 
pecado, envergonhada de sua condição, mas 
ainda assim ele insistiu em pegá-la e obteve 
êxito ao pegá-la e colocá-la sobre os seus 
ombros, para poder cuidar dela, lavando-a, 
alimentando-a e dando-lhe um abrigo seguro no 
aprisco. 
É por este motivo que é ordenado

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