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REPRODUÇÃO DE ÉGUAS

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REPRODUÇÃO ANIMAL I
Maria Eduarda Rocha
REPRODUÇÃO DE ÉGUAS
ASPECTOS DO CICLO ESTRAL DE ÉGUAS
1. Aspectos anatômicos:
Ovários mais dorsais e maiores que da vaca.
Presença de fossa ovariana (depressão profunda na superfície do ovário, por onde ocorre a liberação do ovário e consequente ovulação). 
Cornos uterinos compridos. 
Corpo uterino proporcional ao tamanho dos cornos.
Cérvix pouco volumosa e pouco fibrosa.
· São poliéstricas estacionais/sazonais (dependentes do fotoperíodo) de primavera-verão (apresentam vários cios mas somente em uma época do ano, nas estações mais quentes).
Os equinos apresentam um modelo de reprodução sazonal com incidência de ciclos estrais concentrados durante a primavera e verão. Um dos principais fatores responsáveis por essa estacionalidade é o fotoperíodo. 
Em equinos, o aparecimento de cios e a periodicidade do ciclo são estimulados e regulados pela liberação de melatonina. A luz inibe a produção de melatonina pela glândula pineal, então no claro (dia) haverá baixa ou nula produção de melatonina, enquanto que no escuro haverá alta produção de melatonina.
Em éguas: baixas concentrações de melatonina estimulam GnRH, enquanto que altas concentrações inibem o GnRH. 
São considerados reprodutores sazonais de dias longos (e noites curtas para menor produção de melatonina), diferentemente da ovelha, cabra, gata, búfala. 
Em ovelhas: altas concentrações de melatonina estimulam GnRH. 
Em éguas: altas concentrações de melatonina inibem GnRH. 
Sazonalidade
Escuro: ↑ produção de melatonina.
Claro: ↓ produção de melatonina. 
ÉGUAS (sazonal de dias longos): ↑ produção de melatonina → inibição de GnRH → ↓ concentração de GnRH. 
Em dias curtos, a noite será longa, sendo assim a produção de melatonina será maior, o que favorece a reprodução de ovelhas. 
Em dias longos, a noite será curta, sendo assim a produção de melatonina será menor, o que favorece a reprodução de éguas. 
Todo dia 21 de dezembro ocorre o solstício de verão, considerado o maior dia do ano, ou seja, que possui o fotoperíodo mais longo. 
Estação de monta de éguas
Outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março
Primavera-verão (setembro a março): dias longos e noites curtas.
(Favorável a éguas). 
 
Fotoperíodo
Comprimento do dia, que possui variações ao longo do ano. 
Nas extremidades haverá éguas com estacionalidade bem demarcada, enquanto que animais localizados perto da linha do Equador podem ter ciclos o ano todo.
No verão, pode-se ter até 15 horas de luz por dia, o que favorece as alterações fisiológicas no equino, que podem desencadear a ciclicidade. 
O hipotálamo secreta GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina), que atua na hipófise provocando a liberação de LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio estimulante do folículo). O FSH atua estimulando o desenvolvimento dos folículos ovarianos, que abrigam os oócitos. Os folículos produzem estrógeno, de acordo com seu tamanho, sendo que o pico de estrogéno coincide com o desenvolvimento máximo do folículo, próximo da ovulação, provocando o cio. O estrógeno é responsável pelo comportamento sexual na fêmea e manutenção dos caracteres sexuais secundários. O LH atua no corpo lúteo (formado no ovário após a ovulação do folículo), estimulando a produção de progesterona. A progesterona é o principal hormônio responsável pela manutenção da gestação.
Maior fotoperíodo (luz) → captação da luz pela retina → inibição da produção de melatonina pela glândula pineal → ativação da produção de GnRH pelo hipotálamo → aumento da liberação de GnRH → liberação de FSH e LH pela hipófise → ativação da atividade ovariana. 
O processo da ciclicidade será gradativo, sendo assim em períodos de curto fotoperíodo haverá baixas concentrações de FSH e LH. Quando há aumento do fotoperíodo, eleva-se FSH, mas ainda não ovula. Conforme o fotoperíodo aumenta e a fêmea se torna mais sensível, aumenta-se a pulsatilidade de LH até garantir a ovulação. 
· Inverno (dias curtos e noites longas): anestro estacional. 
· Início da primavera - setembro (começo do aumento de fotoperíodo): cios anovulatórios. 
· Primavera e verão (dias longos e noites curtas): estro. 
↑ luz → ↓ melatonina → ↑ GnRH → ↑ FSH e LH → estro.
↓ luz → ↑ melatonina → ↓ GnRH → ↓ FSH e LH → anestro sazonal. 
No período de transição tem recrutamento folicular, porém o animal não ovula, pois os folículos crescem mas as concentrações de LH não são suficientes para que ocorra dominância e seleção folicular. 
A ciclicidade de éguas é muito dependente do fotoperíodo e do escore de condição corporal (ECC). 
· Duração do ciclo estral: A vida útil do corpo lúteo é de 16 dias. 
21 dias (15-26 dias). 
· Estro: 
O estro (manifestação do cio) geralmente possui duração de 7 dias (2-12 dias). Nessa fase, há modificação do comportamento e geralmente as fêmeas apresentam sintomas como elevação da cauda, exposição de clitóris, seguidas contrações do clitóris (“piscadas”), comportamento agressivo, vocalizações, micção frequente, vulva edemaciada e avermelhada, lábios vulvares frouxos, muco aquoso, útero flácido. 
· Ovulação: 
A ovulação ocorre no de 24 a 48 horas antes do final do estro. 
OBS: na égua a ovulação ocorre ainda no estro, diferentemente da vaca que ovula no metaestro. 
Na fêmea equina, o pico de LH ocorre após a ovulação. 
Diâmetro do folículo ovulatório => 30-35 mm. 
Semelhante à vacas, para éguas também há duas ondas de recrutamento folicular, sendo que na segunda háverá ovulação. Há duas ondas de estrógeno, porém a primeira não causa cio pois está com progesterona alta. Há pico de prostaglandina liberada pelo útero próximo ao dia 14, causando luteólise e reduzindo as concentrações de progesterona. A onda pré-ovulatória de LH faz com que haja ovulação e consequente luteinização.
· Duração da gestação:
11 meses. 
Muito raro ocorrer gestação gemelar em éguas. 
A gestação gemelar ocorre quando mais de um oócito viável é ovulado e ambos são fertilizados. A ovulação múltipla é relativamente comum nos equinos. Entretanto, a gestação gemelar é altamente indesejável, pois normalmente ocorre aborto ou então os potros nascem fracos e normalmente morrem alguns dias após o nascimento, além de existir risco para a mãe. Na maior parte das vezes, felizmente, um dos embriões é absorvido (80% dos casos quando no mesmo corno uterino) e a gestação ocorre de maneira normal com apenas um feto.
Manejo reprodutivo em equinos
Na reprodução à campo, geralmente ocorre transmissão de doenças, problemas com acidentes (principalmente coice da égua no garanhão). 
Na reprodução assistida, garante-se um controle melhor através da monta assistida, histórico de cio, histórico de palpação, histórico de cobertura, além do uso de inseminação artificial. 
Para detecção de cio, utiliza-se machos rufiões. 
OBS: A deposição de sêmen na inseminação artificial de éguas ocorre no corpo do útero (mais usual). 
· Particularidades do ciclo reprodutivo da égua: 
· As éguas apresentam duas ondas de crescimento folicular (onda de crescimento folicular maior e onda de crescimento folicular menor). A onda menor não apresenta folículos dominantes, enquanto a onda maior é caracterizada pela presença de conjunto de folículos que inicialmente exibe crescimento sincronizado, sucedido pelo crescimento preferencial de apenas um, ocasionalmente dois folículos, ou seja, apresenta folículos dominantes. Além disso, a onda maior é dividida em onda primária e onda secundária, sendo que a onda primária inicia-se na metade do diestro e dá origem ao folículo ovulatório (>35mm). Em contrapartida, a onda secundária surge no início do estro e usualmente resulta na formação de grandes folículos anovulatórios (>20 mm). 
O folículo dominante cresce em média de 3 a 5 mm por dia. 
Geralmente éguas mais velhas apresentam menor taxa de prenhez. 
· Na égua, o pico de LH ocorre após a ovulação. Sendo assim, no período pré-ovulação tem-se o aumento gradativo das concentrações de LH, mas o pico acontece apenas pós-ovulação.
· O úbere da fêmea equina não crescemuito, pois as glândulas mamárias são pequenas (baixa capacidade de armazenamento). Porém, ainda assim as éguas produzem uma quantidade de leite satisfatória para o potro. 
· O útero da égua possui um esfíncter na junção útero tubárica, que impede que óvulos não fertilizados cheguem ao útero e além disso impede a contaminação ascendente das tubas uterinas. O embrião produzirá estrógeno que garante o relaxamento do esfíncter e permite a chegada do embrião ao útero. 
· O reconhecimento materno da gestação na espécie equina é feito através da migração do embrião por todo o útero, sinalizando sua presença. A capacidade do feto migrar pelo útero do dia 10 ao 16 é necessária para prevenir a liberação de prostaglandina (bloqueio da cascata de produção da prostaglandina). O embrião é envolto por uma cápsula glicoproteica, que é a responsável pela capacidade de migração, pois se desintegra no 16º dia após ovulação. Além da migração, há a produção de estrógeno pelo embrião, porém não é o hormônio que bloqueia a lise de corpo lúteo, acredita-se que o EPSI (endometrial prostaglandin syntheatse inhibitor) seja responsável pela inibição da prostaglandina. 
· A prostaglandina (PGF2α) é liberada por volta do 14º dia após ovulação, e atinge o corpo lúteo por via sistêmica (diferente da vaca). Há relatos que a espécie equina é mais sensível à aplicação exógena de PGF2α e pode causar reações (sudorese, entre outros). Em casos de aplicação exógena do hormônio, o corpo lúteo responde 5 dias após a ovulação. 
· Éguas não apresentam anestro lactacional. 
· Não respondem bem aos tratamentos superovulatórios.
· Pode ocorrer a reprodução inter-espécies (jumento + égua = mula); (cavalo + jumenta = bardoto). 
OBS: as mulas são estéreis, mas podem ser utilizadas como receptoras de embrião. 
· No proestro de éguas, há edema proeminente no útero. Em contrapartida, no estro haverá redução do edema uterino. Além disso, no cio as éguas apresentam útero relaxado (diferente da vaca).
· Na égua a cortical do ovário é interna, enquanto a medular é externa. 
· A manutenção da gestação na maioria dos animais domésticos é dependente do corpo lúteo durante todo o seu desenvolvimento, exceto nas éguas. No caso das fêmeas equinas, o corpo lúteo não consegue manter a gestação sozinho até o momento da placenta começar produzir progesterona, sendo assim as concentrações de progesterona (hormônio responsável pela manutenção da gestação) durante a gestação são mantidas pelo corpo lúteo, corpos lúteos acessórios e placenta. 
No início da gestação as concentrações de P4 são mantidas pelo próprio corpo lúteo gestacional. No período de 28 a 35 dias de gestação surgem os cálices endometriais. Posteriormente, em torno de 40 a 150 dias de gestação (pico máximo entre 40 e 70 dias), ocorrerá a produção de eCG (gonadotrofina coriônica equina) pelos cálices endometriais (glândulas transitórias), que possui função de FSH e LH, induzindo crescimento folicular e garantindo ovulação (sem chance de prenhez) com posterior formação de corpos lúteos acessórios, que serão os responsáveis pelas concentrações de P4 até que a placenta esteja suficientemente madura para suprir os hormônios necessários para a manutenção da gestação. Do 5º (150 dias de gestação) ao 7º mês de gestação, a P4 do corpo lúteo acessório sofre redução devido à luteólise da estrutura. Nesse momento, a placenta já estará apta a produzir a P4 placentária, que manterá a gestação até o final. 
Ovulação;
Início da gestação: formação do corpo lúteo gestacional (produção de P4). 
28 a 35 dias de gestação: surgimento dos cálices endometriais (estruturas secretoras de eCG). 
40 a 150 dias de gestação: produção de eCG pelos cálices endometriais; crescimento folicular; ovulação; luteinização; formação de corpo lúteo acessório (produção de P4).
5º ao 7º mês de gestação: luteólise do corpo lúteo acessório. 
Final da gestação (7º ao 11º mês de gestação): manutenção da gestação pela placenta (produção de P4). 
Cronologia da produção de progesterona:
Ovulação → início da gestação → formação de corpo lúteo gestacional → produção de P4 pelo corpo lúteo gestacional → surgimento de cálices endometriais → produção de eCG pelos cálices endometriais → formação de corpo lúteo acessório → produção de P4 pelo corpo lúteo acessório → luteólise do corpo lúteo acessório → produção de P4 pela placenta → fim da gestação. 
No momento do parto, ocorrerá a expulsão da placenta, garantindo a redução das concentrações de progesterona. Além disso, os ovários estarão grandes, aptos a ovular dentro de 4 a 5 dias depois, o que caracteriza o “cio do potro”. 
Em vacas, o cio ocorrerá 30 dias após o parto. Porém, éguas podem ciclar com o potro ao pé, denominando assim o “cio do potro”. 
“Cio do potro”
- Primeiro estro pós parto (cio fértil), significando que o útero já está propício para outra gestação. 
- Geralmente ocorre entre o 5º e 10º dia pós parto.
- A reprodução no cio do potro consiste em mais uma oportunidade de emprenhar a égua naquela estação.
- A égua precisa conceber logo após o parto para conseguir uma gestação por ano, em virtude do longo período de gestação, em torno de 11 meses. 
- Para que uma égua produza um potro por ano, esta deve conceber de 10 a 15 dias após o parto, assim o cio do potro se torna uma opção atrativa para os criadores. 
- Pouco após o parto, há aumento na concentração sanguínea do hormônio folículo estimulante (FSH) e da liberação do hormônio luteinizante (LH). A atuação desses dois hormônios logo após o parto possibilita a ocorrência do cio do potro nas fêmeas equinas. 
- O primeiro cio pós-parto apenas pode ser denominado ‘cio do potro’ caso a ovulação ocorra até o 20º dia de vida do potro que está ao pé da égua. 
- Alguns autores relatam que a taxa de prenhez no cio do potro não difere daquelas obtidas no segundo cio pós-parto. Porém, outros autores alegam que as taxas de concepção para coberturas realizadas no cio do potro são menores que aquelas obtidas de coberturas em cios mais tardios. Defendendo também que a cobertura no cio do potro apresenta maiores taxas de perda embrionária, prejudicando o planejamento reprodutivo da propriedade. 
- Estudos relatam que a reprodução do cio do potro não pode ser imposta a todas as éguas. A escolha correta de fêmeas a serem utilizadas e o acompanhamento cuidadoso no período pós-parto são cruciais para o sucesso dessa técnica, que reduz o intervalo entre partos e possibilita a obtenção de um potro/égua/ano. Pode-se inferir que a melhora no manejo dos animais, como melhor nutrição, regime adequado de exercícios e higiene das instalações possa ter colaborado para o aumento do sucesso da reprodução no cio do potro. A atuação de profissionais com conhecimentos específicos e avançados e o uso de equipamentos modernos na reprodução equina também contribuem para o maior sucesso da reprodução no cio do potro.
· Diagnóstico de gestação:
Em torno de 20 a 21 dias após cobertura, pode-se encontrar tônus uterino aumentado, indicando possível prenhez. 
Entre 10 e 14 dias já há a possibilidade de realizar ultrassonografia para diagnóstico de gestação. 
Aos 70 dias de gestação, há capacidade de fazer sexagem, pela identificação do tubérculo genital. 
· Eficiência reprodutiva de equinos:
A melhor aferição de performance reprodutiva é a produção de um potro vivo. 
Geralmente as perdas reprodutivas são decorrentes de morte embrionária precoce. 
Há 32% de perda gestacional, devido a vários fatores como: endócrino, tuba uterina, útero, idade materna avançada, infertilidade reprodutiva. Há também fatores extrínsecos como estresse nutricional, estresse de manejo (animais que trabalham muito, não têm descanso), estação do ano. 
O IEP (intervalo entre partos) é reduzido quando se utiliza o “cio do potro”. 
Indução farmacológica: utilização de hCG (coletada de urina de mulheres gestantes), para induzir a ovulação; progestágenos + prostaglandina; aplicação de deslorelina (semelhante ao GnRH) em éguas com folículo acima de 35mm. A inseminaçãopode ser pré ou pós ovulação. A viabilidade do oócito após a ovulação é de 6 a 12h. Pode utilizar sêmen fresco, resfriado (é o mais utilizado) ou congelado.

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