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Farmacologia Geral I - 4° Semestre FARMACODINÂMICA FARMACODINÂMICA → FARMACODINÂMICA: estudo dos efeitos dos fármacos e seus mecanismos de ação. • Toda vez que um fármaco é administrado e atinge seu alvo molecular sofre uma interação com esse alvo (a maioria dos fármacos atua em alvo proteico). Então os fármacos após se ligarem a esse alvo proteico, vão mandar informações para célula e vão desencadear eventos biológicos, químicos e fisiológicos, tendo efeito farmacológico. A esses eventos damos o nome de mecanismo de ação dos fármacos. 1. Defin�: Rec����re� � Lig����s E��óge��� � Exóge��� → Receptores: • Receptor: componente da célula que interage com o fármaco e inicia a cadeia de eventos bioquímicos que conduzem aos efeitos observados deste fármaco. • A ligação é sempre do tipo “chave-fechadura”. • Proteínas presentes na membrana são os alvos do fármaco. O ligante (fármaco) interage com seu receptor específico (ligação chave-fechadura). Uma vez ligado, ele vai mandar uma informação para dentro da célula, fazendo com que a célula promova uma resposta celular. Essa resposta pode ser: - Alteração no potencial de membrana - Dilatação/contração celular - Estimulação/inibição de expressão gênica - Regulação de secreção hormonal • Transdução de sinal: eventos bioquímicos e fisiológicos que ocorrem dentro da célula. • Nem todo fármaco produz seus efeitos interagindo com receptores. • Sua atividade resulta de reações químicas com pequenas moléculas ou íons do organismo. Ex: antiácido neutralizar quimicamente o excesso de ácido gástrica → através da interação entre o antiácido com o HCL. Ex: tetraciclina e cálcio (interação entre o fármaco e o íon) → inativando o fármaco. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre → Ligantes: • Ligantes: são substâncias que vão interagir com o receptor, localizado na membrana plasmática. ❖ Ligantes Endógenos (o corpo produz) = péptideos, neurotransmissores, proteínas, entre outros. ❖ Ligantes Exógenos (vem de fora) = fármacos, aminoácidos, proteínas, entre outros. OBS: APENAS a porção livre das drogas é a que realmente atuará nos receptores. 2. Os a���s �� ação p��� ação d�� �ár�a��s co���s���de� � ��m�o��n��� ma���m��e��l��e� ge���m���e d� ��i��m ���te���. Des���v� o� qu���� ti��� d� �e��p���es ���� ação d�� �ár�a��s. → Os quatro tipos de receptores para ação dos fármacos são: 1. Canais Iônicos Controlados por Ligantes ➔ São receptores IONOTRÓPICOS (tropismo/ afinidade por íons). ➔ Tempo de resposta: milisegundos. ➔ Localização: membrana plasmática da célula. ➔ Ex: glutamato; receptor nicotínico de acetilcolina (canal de sódio). ➔ Receptores alvos de fármacos: 1) Canais iônicos: voltagem dependente → canais que se abrem por voltagem (ex.: local de ação de anestésicos). 2) Canais iônicos ativados por ligantes: o ligante endógeno ou o fármaco (ex.: acetilcolina ou bloqueadores neuromusculares) se liga e o canal se abre e fica permeável ao íon. 2. Receptores Acoplados à Proteína G ➔ São receptores METABOTRÓPICOS. ➔ Tempo de resposta: segundos. ➔ Localização: membrana plasmática da célula. ➔ Ex: receptor muscarínico de acetilcolina. ➔ Outros exemplos: • Receptores adrenérgicos • Receptores colinérgicos muscarínicos • Receptores olfativos • Rodopsina • Receptores para hormônios peptídicos • Receptores para serotonina • Receptores para adenosina ➔ Receptores Metabotrópicos: são receptores ligados à proteína G; receptores transmembrânicos, que quando ativados no meio extracelular, ativam a proteína G. Dependendo da proteína G (Gq, Gi, Gs) ela pode ativar ou inibir segundos mensageiros (canais, enzimas) e eles ativam ou inibem proteínas efetoras. ➔ O que depende para os receptores acoplados à proteína G sejam inibitórios ou excitatórios? - Depende da proteína G que está ligado ao receptor. ● Gi - PROTEÍNA G INIBITÓRIA → INATIVA A ENZIMA ALVO. ● Gs - PROTEÍNA G EXCITATÓRIA → ATIVA A ENZIMA ALVO. ➔ Resumindo: ● Gi inibe adenilato-ciclase. ● Gs ativa adenilato-ciclase. ● Gq ativa fosfolipase C. ➔ Ex: A noradrenalina, por exemplo, atua no receptor o alfa 1 que é um receptor de noradrenalina ligado a uma proteína Gq . Essa proteína Gq vai estimular fosfolipase C. A fosfolipase C, por sua vez, aumenta os níveis de IP3, e o aumento de IP3 estimula o retículo sarcoplasmático a liberar cálcio, e a resposta da célula é contração do músculo liso. Então uma vez liberado adrenalina em grande quantidade no corpo, a pressão arterial sobe, pois adrenalina estimula receptor alfa 1 que permite entrada de cálcio, promovendo a contração do vaso, e uma vez o vaso contraído, tem aumento da pressão arterial. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre 3. Receptores Ligados à Enzima ➔ São receptores pequenos e ao invés da proteína G, temos uma enzima ligada ao receptor. ➔ Tempo de resposta: minutos. ➔ Ex: receptor de insulina (receptor catalítico); ➔ Receptores Catalíticos: RECEPTORES LIGADOS À QUINASE: - Receptores catalíticos são receptores que estão ligados a quinases (enzimas). - Cada receptor possui enzimas distintas ligadas a eles. - Para esses receptores funcionarem, eles tem que se dimerizar. No momento que eles dimerizam, eles se auto fosforilam, e então ativam o receptor e mandam a informação para dentro da célula, ocorrendo então a sinalização celular. - Ex: receptor para fator natriurético atrial (enzima - guanilato ciclase); receptor de fatores de crescimento tumoral (enzima serina tirosina quinase); receptores CD45 de leucócitos (tirosina fosfatase); OBS: dimerização corresponde a união de dois monômeros, formando um dímero. Ou seja, é a formação de uma molécula a partir de duas menores. 4. Receptores Nucleares (citoplasmáticos) ➔ Relação receptor-efetor. ➔ Tempo de resposta: horas (evento mais demorado). ➔ Localização: localizados no núcleo ou no citoplasma da célula. ➔ Ex: estrogênio ➔ Alvos dos receptores nucleares: • DNA, RNA: mexe com os processos de replicação e transcrição. • Proteínas estruturais: síntese de proteína pelo processo de tradução. • Enzimas: ativando ou inativando uma determinada enzima. • Ribossomos: se ligar no ribossomo, atrapalha a síntese de proteína, mexendo com a tradução daquela determinada proteína. ➔ Fármacos: • Antineoplásico paclitaxel (tubulina): atuam muito no ciclo celular, pois o que se quer fazer com a célula é parar de proliferar aquela célula tumoral. Então por exemplo, o pacitaxel ele é um fármaco que vai inibir a formação dos microtúbulos, que durante o processo de divisão celular tem a formação dos microtúbulos para separação, ou seja, os microtúbulos não são formados, impedindo a duplicação celular. • Antimicrobiano trimetropina (di-hidrofolato redutase): fármacos que agem nas bactérias (e não nas células do paciente) e lá pode mexer com replicação, e transcrição, pode ter ligação a enzimas específicas do processo de tradução. • Antimicrobiano eritromicina (subunidade 50S do ribossomo bacteriano): se liga na subunidade 50S do ribossomo bacteriano. Essa subunidade 50S permite o processo de tradução, pois se não tem ribossomo ou ele está alterado, ele não consegue fazer a leitura, deixando de produzir uma proteína importante para bactéria, e na ausência dessa proteína a bactéria morre. → IMPORTÂNCIA DOS RECEPTORES: Determinam as relações quantitativas entre concentração ou dose de fármacos e os efeitos farmacológicos ( relação do quanto que administrou da droga, quando vai se ligar ao receptor e o quanto tem de resposta farmacológica/ efeito terapêutico). São responsáveis pela seletividade de ação de fármacos. Os receptores são seletivos à determinadas substâncias químicas. São capazes de mediar as ações de agonistas (ativam o receptor) e antagonistas farmacológicos (inativam/ bloqueiam o receptor → tem resposta farmacologia, oposta ao fisiológico - ex: propranolol). Fármaco antagonista: se liga ao receptor levando ao seu bloqueio. Resposta farmacêutica oposta ao fisiológico. 3. Qu�l é a d����ença �n��� afin����e, eficáci� � �o�ên�i� ��r�a��lógi��. ❖ Afinidade: capacidadedo fármaco de se ligar a um determinado receptor. Ex: dei adrenalina para o meu paciente, a adrenalina SÓ tem afinidade pelos receptores adrenérgicos alfa e beta e NÃO tem por exemplo afinidade pelos receptores colinérgicos. AFINIDADE NÃO SELETIVA - tem afinidade por uma classe de receptores. Ex: a adrenalina, por exemplo é não seletiva, pois se liga a alfa1, alfa2, alfa3, alfa 4 e alfa 5. AFINIDADE SELETIVA - tem afinidade por apenas 1 receptor. Ex: dobutamina, fenilefrina, atenolol - afinidade apenas para receptores beta 1. • Grau de afinidade (k) → Interação fármaco + receptor. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre ❖ Atividade intrínseca (α) → (dentro da célula): capacidade de ativar o receptor depois de ligado. Varia de 0 (nenhuma atividade) a 1 (máximo de afinidade que consegue ter). Podendo ser agonista ou antagonista. Quando tem atividade, é um fármaco agonista. Atividade intrínseca 0 não ativa receptor sendo então antagonista, ele se ligou ao receptor mas não teve atividade, ou seja, atividade intrínseca 0. • Resumindo: alfa = 1 → se liga ao receptor, ativa e manda informação para dentro da célula → fármacos agonistas. alfa = 0 → não ativa o receptor; só ocupa o espaço pois tem afinidade, mas não tem atividade → fármacos antagonistas. OBS: todo antagonista vai ter afinidade intrínseca 0. ❖ Eficácia: capacidade de gerar resposta biológica, ou seja, quanto de resposta ele consegue gerar, o quanto eficaz o fármaco é. • O fármaco deve ter: - Afinidade pelo receptor. - Atividade intrínseca maior que 0. • Gráfico: o fármaco x é mais eficaz (agonista total) e o fármaco y é menos eficaz (agonista parcial - ele da a resposta, mas ta abaixo de 50%). ❖ Potência: quantidade de fármaco para gerar resposta, então é a concentração do fármaco que eu administro. Dependendo da concentração administrada pode gerar respostas diferentes. • A potência depende da: - Concentração. - Afinidade do fármaco. • Gráfico: os dois fármacos têm a mesma eficácia pois chegaram a 100% da resposta independente da concentração que foi administrado. O fármaco X foi administrado em 10 ml para obter a resposta de 100% e para obter a mesma resposta de 100% de eficacia eu precisei admitir 100ml fármaco Y . Sendo assim, o fármaco X é mais potente, porque precisei de uma concentração menor para obter sua eficácia máxima. EFICÁCIA X POTÊNCIA Eficácia = relacionada à resposta terapêutica do fármaco. Potência = relacionado à dose administrada do fármaco; menores doses → maiores efeitos terapêuticos. Analise e compare as curvas do gráfico e classifique os fármacos (X, Y e Z) quanto a potência e eficácia farmacológica. → fármaco x - agonista total. → fármaco y - agonista parcial. → fármaco z - agonista total. • O fármaco X e o fármaco Z possuem a mesma eficácia, enquanto o fármaco Y possui a menor eficácia. O fármaco X é o mais potente, seguido do fármaco Y e do fármaco Z, o qual é o menos potente. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre → Casos Clínicos: Caso Clínico 1: Mulher, 20 anos, estudante de medicina com aulas on-line, vai até a farmácia em busca de um anti-inflamatório analgésico para dores na lombar. Lá fica em dúvida entre naproxeno 275 mg ou ibuprofeno 400 mg. Sabe-se que a resposta biológica máxima deles é semelhante. Portanto: 1. Qual é mais eficaz? R: A eficácia é igual, porque a resposta foi semelhante. 2. Qual é mais potente? R: Naproxeno, porque eu precisei de 275 mg para obter a resposta máxima. Caso Clínico 2: Paciente com ICC em uso de digoxina em comprimidos manipulados. A dosagem descrita na bula era de 0,25 mg/cápsula e a posologia era 1 cápsula/dia. Após 5 dias de uso, a paciente relatou estar confusa, vendo tudo amarelado (xantopsia), com dor abdominal e náusea. No ECG foi constato bradicardia. O médico desconfiou da digoxina e enviou as cápsulas para análise, sendo constatada que a dose de cada uma era na verdade de 0,55 mg/cápsula. Paciente com sífilis recebeu, de acordo com o protocolo clínico, 1 g/dia de ceftriaxona, i.v., por 8 dias. Outro paciente internado com meningite bacteriana recebeu 4g/dia de ceftriaxona, i.v, por 7 dias. Nenhum dos pacientes apresentou efeitos colaterais relacionados com o antibiótico. 1. Por que o dobro da dose recomendada da digoxina causou efeitos tóxicos e o quádruplo da dose e a ceftriaxona não? → Pois a janela terapêutica da digoxina é pequena, ou seja, possui uma margem de segurança estreita, causando toxicidade muito rápido. Já a ceftriaxona possui uma janela terapêutica ampla, podendo ser administrada em doses maiores sem que cause efeitos tóxicos ao paciente. → Índice Terapêutico: • Fármacos com janela terapêutica estreita: ★ Teofilina - broncodilatador ★ Varfarina - anticoagulante ★ Digoxina - cardiotônico ★ Lítio - estabilizante de humor ★ Fenitoína - anticonvulsivante ★ Carbamazepina - anticonvulsivante ★ Gentamicina - antibiótico ★ Valproato - anticonvulsivante ★ Barbitúricos - ansiolíticos/anticonvulsivantes 4. O qu� ���re���t� o� ��n��i��s: ag����ta to���, ag����ta ���c�a�, ag����ta ����r�o, ag����ta ����re��, an����ni��� c���et����o � an����ni��� não c����ti����. • Agonista: tem afinidade e ativa o receptor (uma vez ligados, desencadeiam a sinalização intrínseca, e essa atividade intrínseca pode variar de 0,1 até 1). • Antagonista: tem afinidade pelo receptor, mas não ativa ele (uma vez ligados, não promove nenhuma atividade , atividade intrínseca é 0). Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre • Ex: a norepinefrina é agonista tendo como receptor o alfa 1. Tem fármacos que atuam no mesmo receptor que ela, como por exemplo a fenilefrina (descongestionante nasal), que é um fármaco agonista, interage com o receptor alfa 1 no vaso promovendo vasoconstrição. Tem fármacos que bloqueiam esse receptor alfa 1, como a prazosina, fazendo com que o receptor fique inativo, e aquilo que estava promovendo contração vai promover relaxamento. AGONISTA X ANTAGONISTA • Alguns ligantes endógenos (substâncias produzidas pelo corpo) uma vez liberados tem o seu receptor específico e se liga a esse receptor (tem afinidade por ele) e desencadeia uma atividade intrínseca, promovendo um efeito, pois ativou esse receptor. * Agonista: se quiser potencializar esse efeito, pode se dar um fármaco que é agonista. Uma vez administrado esse agonista (o que está em verde na imagem do meio é o agonista, e o que está em azul são as substâncias produzidas pelo próprio corpo), ele ocupa os receptores que estão livres, ativando estes receptores e potencializando o efeito biológico. * Antagonista: O fármaco antagonista tem afinidade pelo receptor mas não ativa esse receptor, então a atividade intrínseca dele é 0, então uma vez ligado ao receptor, deixa este receptor inativo e consequentemente o efeito biológico é reduzido. AGONISTA AGONISTA: agentes endógenos ou exógenos que exibem capacidade de ligação aos receptores resultando na sua ativação e em respostas biológicas. ♥ Agonista Pleno/total - Salbutamol/fenilefrina ♥ Agonista Parcial - Pindolol/buprenorfina ♥ Agonista Inverso – Anti-histamínicos (H1) ♥ Agonista Indireto - Anfetamina ( liberação de NE) ❖ AGONISTA PLENO/ TOTAL: ➔ O agonista total vai se ligar ao receptor e uma vez ligado vai ativá-lo, desencadeando a resposta máxima da célula, ou seja, o máximo que a célula pode responder. Ex: salbutamol/fenilefrina. ➔ Tem elevada afinidade por seu receptor e boa eficácia. ➔ Resposta biológica completa é atingida em determinada concentração, como o ligante endógeno. ➔ Estabiliza o receptor em sua conformação ativa. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre ❖ AGONISTA PARCIAL: ➔ Ativa o receptor, desencadeia uma resposta, mas não é a resposta máxima da célula. Ex: pindolol/buprenorfina. ➔ Mesmo que todos os receptores estejam ocupados não ocorre um efeito máximo. ➔ Não produz uma resposta plena em qualquer dose. ➔ Pode atuar como antagonista de um agonista total. ➔ Esse fármaco pode atuar como antagonista de um agonista total→ quando se administra dois fármacos que ocupam o mesmo receptor, o fármaco que é um agonista parcial e está ligado ao seu receptor específico de membrana , não terá uma resposta total, ou seja, a célula poderia responder mais, mas o fármaco não consegue. Se administrar um agonista total para tentar potencializar a resposta desse fármaco nesse mesmo receptor, o agonista total vai ocupar os receptores que estão livres e vai desencadear uma resposta, só que para obter resposta máxima, teria que estar ocupando tudo, e não consegue pois está ocupado pelo agonista parcial, então a resposta estará diminuída, pois parte dos receptores estão ocupadas pelo parcial e outra parte está ocupada pelos total, então nesse caso tem uma resposta intermediária, então fala-se que o agonista parcial serviu de antagonista para o total , pois diminuiu a resposta do agonista total. ❖ AGONISTA INVERSO: ➔ É capaz de se ligar ao mesmo receptor que um agonista total, mas induz uma resposta farmacológica oposta. Ex: anti histamínicos (H1). ➔ Estabiliza a forma inativa do receptor. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre A: Em condições fisiológicas, o receptor pode estar no estado inativo ou ativo. Esses receptors representados na figura são receptores acoplados a proteínas G. No estado inativo, tem o receptor que está ligado à proteína G (não está acontecendo nada com ele). Mas se tiver um agonista que se liga ao receptor, este receptor será ativado (exemplo: adrenalina ligou ao receptor adrenérgico que estava desativado e quando ligado fica no estado ativo), essa proteína G ganhou um fosfato, foi fosforilada e ativou a subunidade alfa que se separa da beta e gama, se tornando um receptor no estado ativo. B: Agora você teve uma crise alérgica. Essa alergia vai desencadear a liberação de histamina no corpo. A histamina é um agonista endógeno (ou seja, a própria célula do corpo produz) e aquele receptor acoplado a proteína que estava inativo, é ativado quando a histamina se liga a ele. Uma vez ativado esse receptor, é desencadeada a crise de alergia. C: Devido à crise alérgica, você toma um anti-histamínico, e esse anti-histamínico tira a histamina do receptor e ocupa o lugar dela, só que o anti-histamínico tem a capacidade de voltar o receptor que estava ativo para a forma inativa, ou seja, fala-se que este fármaco é um agonista inverso, pois conseguiu desligar esse receptor (que estava ativo e ficou inativo). → Atividade Intrínseca (α): capacidade de ativar o receptor depois de ligado. OBS: diferenças do fármaco antagonista do fármaco agonista inverso: - O fármaco antagonista se liga a um receptor que já é inativo. - O fármaco agonista inverso se liga a um receptor que está ativo para deixá lo inativo. ❖ AGONISTA INDIRETO: ➔ Agem de forma indireta e aumentam o efeito biológico do agente fisiológico. • Aumento da exocitose - anfetamina (aumenta a exocitose de noradrenalina). • Redução da metabolização - anticolinesterásicos (os anticolinesterásicos fazem redução da metabolização da acetilcolina). • Redução da recaptação - cocaína (a cocaína impede a recaptação de noradrenalina e dopamina, fica mais neurotransmissor na fenda sináptica). ➔ Ex: Quando se pensa na terminação nervosa, o neurotransmissor está localizado dentro das vesículas e sendo liberado na fenda sináptica. A noradrenalina, por exemplo, atua nos seus receptores específicos. Quando se administra anfetamina, acaba mexendo com vários fatores, potencializando a liberação desse neurotransmissor e impedindo a sua recaptação, consequentemente acaba acumulando a noradrenalina na fenda sináptica. A noradrenalina que está ligada ao receptor, mas quem aumenta a sua liberação é a anfetamina, e com isso a própria noradrenalina acaba ativando outros receptores, sendo assim, a anfetamina é uma agonista indireto, porque ela estimula a liberação do neurotransmissor (noradrenalina) e é esse neurotransmissor quem se liga ao receptor. ANTAGONISTAS ANTAGONISTA: possui capacidade de ligação ao seu receptor (afinidade), mas não possui capacidade de ativação, ou seja, não possui eficácia. alfa = 0 ♥ Competitivo (reversível ou irreversível) ♥ Não competitivo (irreversível) ♥ Químico ♥ Farmacocinético ♥ Fisiológico ♥ Indireto ❖ ANTAGONISTA COMPETITIVO (Reversível e Não Reversível/ Irreversível) ➔ O fármaco compete pelo mesmo sítio de ligação do agonista, reduzindo a potência do agonista. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre ➔ Antagonista Competitivo Reversível • Se liga e desliga do receptor. • Se administrar um fármaco agonista sozinho, obtemos uma resposta. Agora se for administrado um fármaco agonista e um antagonista juntos, para obter a mesma resposta precisa-se aumentar a dose do fármaco agonista, pois a sua potência está diminuindo devido ao antagonista estar competindo pelo mesmo sítio de ação. Porém, mesmo na presença do fármaco antagonista, está ocorrendo uma resposta, pois ora o receptor está com o agonista e ora com o antagonista, somente a potência do fármaco agonista que está diminuindo. Sendo assim, é necessário aumentar a concentração do fármaco para obter a mesma resposta, mesmo na presença do antagonista. • Ex: pessoa se intoxicou com morfina, então está com resposta lá em cima. Se der um antagonista, tira a morfina do receptor. Mas se tiver uma quantidade maior de morfina de novo, vai responder de novo, e aí vai ficar nessa, ou seja, sei que tem uma competição pelo mesmo receptor. ➔ Antagonista Competitivo Não Reversível/ Irreversível • Uma vez ligado, não se desliga mais do receptor; perde o receptor e o corpo tem que sintetizar outro. • Se eu administrar o agonista sozinho, ele terá uma resposta. Agora se eu aumentar a dose do antagonista (resposta em função da dose) e colocar um antagonista junto, a eficácia da resposta irá diminuir, ou seja, se o antagonista estiver ligado ao receptor não irá mais se desligar e como consequência o agonista não irá conseguir se ligar ao receptor e assim a sua resposta não será mais a mesma, vai perder amplitude (eficácia) do fármaco. • Ex: a AAS (aspirina), é um fármaco que se liga a COX-1, uma vez ligado a essa enzima, ela se torna inativa, e esta enzima inativa não promove mais agregação plaquetária, passando a ter ação plaquetária de novo quando suspender o medicamento. Então pacientes que tomam AAS contínuo, para fazer uma cirurgia, precisa-se suspender o medicamento de 5 à 7 dias, isso porque quando suspende o medicamento permite que o corpo passe a sintetizar novas enzimas, aí sim consegue a resposta máxima novamente da agregação plaquetária. Então esses fármacos irreversíveis diminuem a amplitude da resposta do agonista. OBS: - A Aspirina tem como um dos seus efeitos inibir essa agregação das plaquetas, tornando o processo inicial da coagulação mais difícil de ocorrer. Esse é o efeito conhecido popularmente por “afinar o sangue”. - A aspirina modifica covalentemente a COX-1 e COX-2, resultando assim na inibição irreversível da atividade das ciclooxigenases e a produção de prostaglandinas. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre ❖ANTAGONISTA NÃO COMPETITIVO ➔ O fármaco se liga a um sítio diferente do agonista (sítio alostérico), porém no mesmo receptor, causando alteração conformacional. ➔ Reduz a ação/ eficácia do agonista. ➔ Ex: picrotoxina antagoniza a ação do GABA, ou seja, se liga e fecha o canal de cloro (não entra mais cloro), a sinapse que era inibitória passa a ser excitatória, diminuindo então a resposta; diminui a ação inibitória do GABA. Sendo assim, a picrotoxina não compete pelo mesmo sítio de ligação do GABA, usa outro sítio do mesmo receptor. ➔ Ex: a cetamina atua nos canais de NMDA (glutamato - sinapse excitatória) - quando o glutamato se liga ao seu receptor, o canal dele é de sódio/cálcio, ocorre um influxo grande de sódio e cálcio para dentro da célula, ficando cada vez mais despolarizada (sinapse excitatória). Esse fármaco se liga no receptor (não no mesmo sítio de ligação) fechando o canal e assim para de entrar sodioe calcio, passando a hiperpolarizar a célula, e a sinapse passa a ser inibitória. ❖ ANTAGONISTA QUÍMICO ➔ Interação entre substâncias que reagem quimicamente produzindo a inativação do fármaco. ➔ Ex: inativação de metais pesados por quelantes cátions divalentes com tetraciclina ➔ A tetraciclina não deve-se ser administrado com leite, pois a tetraciclina na sua estrutura química, tem sítio de ligação para íons de valência +2, +3, então se der leite,está dando cálcio e se esse cálcio se ligar a esse sítio da tetraciclina, inativa o fármaco, então antagoniza a ação desse fármaco. Sendo assim, esses fármacos não estão se ligando a receptores e sim está ocorrendo reação química entre a substância e o íon; não se está tendo interação biológica, está alterando a própria química daquele determinado fármaco. OBS: o cálcio, o magnésio e o ferro são exemplos do que pode inativar a tetraciclina, então não deve-se ser administrado juntamente com o fármaco. ❖ ANTAGONISTA FARMACOCINÉTICO ➔ Duas ou mais substâncias podem interagir e diminuir a concentração da droga ativa. • Aumenta taxa de degradação. Ex: indução enzimática → se tem um fármaco que é um indutor enzimático, produz mais enzimas, consequentemente o aumento dessas enzimas vai metabolizar mais o outro fármaco e aquele fármaco tem sua concentração plasmática diminuída. • Diminui taxa de absorção no TGI. Ex: antiácidos e fármacos ácidos fracos → taxa de absorção no TGI pode ser influenciada com alimentos, com antiácidos. Se administrar uma base juntamente com um ácido, a taxa de absorção diminui, pois este fármaco se torna ionizado e hidrossolúvel, pois vai provocar um aprisionamento iônico e consequentemente a taxa de absorção estará diminuída. • Aumenta taxa de excreção renal. Ex: alterar o pH da urina → pode aumentar a taxa de excreção renal alterando o ph urinário. Se tem um fármaco de caráter ácido e a urina está ácida, esse fármaco vai ser rapidamente excretado. ❖ ANTAGONISTA FISIOLÓGICO ➔ Representa dois agentes que produzem efeitos contrários em um mesmo sistema biológico, atuando em receptores diferentes. ➔ Ex: Tromboxano que atua no receptor TXA2 e promove a agregação plaquetária. ➔ Ex: Prostaciclina é um mediador químico que atua no receptor PGI2 e quando esse receptor é ativado, inibe agregação plaquetária. OBS: temos um mediador químico no corpo que promove a agregação plaquetária e tem um mediador que inibe a agregação plaquetária, isso para manter a homeostasia do organismo - Um exemplo é a célula pulmonar, a qual possui receptores 2 receptores, um muscarínico (acetilcolina) e o outro beta 2 (adrenalina). No SNA (simpático e parassimpático) ocorre a broncoconstrição e a broncodilatação para termos os movimentos respiratórios, e quem é responsável por esses comandos são os neurotransmissores (acetilcolina e adrenalina). Sendo assim a adrenalina vai favorecer a broncodilatação e a acetilcolina a broncoconstrição → ANTAGONISMO FISIOLÓGICO. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre ❖ ANTAGONISTA INDIRETO ➔ Fármacos que podem reduzir a exocitose e aumentar a metabolização de outro fármaco. Ex: toxina botulínica inibe a exocitose de ACh. ➔ No lugar de estimular a produção dos neurotransmissores, esse fármaco diminui. ➔ Ex: Toxina botulínica inibe a exocitose de ACh, ou seja, a toxina botulínica paralisa a musculatura, pois impede a liberação de acetilcolina na fenda sináptica. 5. Por ��� u� fár�a�� r��u� s��� e���to� qu���� us��� �or ���g�� �eríod��? ➔ Porque ocorre dessensibilização dos receptores. Isso acontece porque ele cria tolerância, pois quando se administra essa droga, está estimulando constantemente a célula, e a célula chega uma hora que enxerga aquilo como basal, criando mecanismos de defesa pela própria defesa dela. Taquifilaxia e Dessensibilização • Diminuição do efeito após administração repetida. • Pode se desenvolver em poucos minutos (taquifilaxia) ou de forma gradual (tolerância). Alteração nos receptores. Perda de receptores (internalização). Depleção de mediadores (anfetamina depleta aminas). Aumento na degradação metabólica do fármaco (indutor enzimático). Adaptação fisiológica (redução de efeitos colaterais). FORMS 1. Sabendo que os receptores de acetilcolina nicotínicos são do tipo ionotrópicos, enquanto que os receptores de acetilcolina muscarínicos são do tipo metabotrópicos, assinale a alternativa correta: a) Os receptores nicotínicos, por serem ionotrópicos, apresentam uma resposta celular mais rápida que os receptores muscarínicos. b) Os receptores metabotrópicos da acetilcolina estão localizados no núcleo da célula onde eles ativam genes e promovem a transcrição gênica. c) Os receptores nicotínicos vão sinalizar a ocupação do receptor via uma série de moléculas chamadas de mensageiros secundários como o cAMP, o cGMP, o IP3 ou DAG. d) Os receptores muscarínicos metabotrópicos estão acoplados a enzimas quinases que sinalizam a ocupação do receptor promovendo a fosforilação de proteínas no citoplasma. 2. Observe o gráfico abaixo e assinale a alternativa correta. a) O fármaco X tem a mesma eficácia que o Z. b) O fármaco Y é mais potente que o Fármaco X. c) O fármaco Z é mais potente que o Fármaco Y. d) O fármaco X tem a mesma eficácia que o Y. 3. Os conceitos: a) Eficácia, Afinidade e Potência. b) Eficácia, Potência e Afinidade. c) Potência, Afinidade e Eficácia. d) Afinidade, Potência e Eficácia. 4. O gráfico abaixo representa o log da concentração de determinados fármacos versus seus efeitos. Com base nos seus conhecimentos sobre farmacologia, analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa que reflete as afirmações verdadeiras. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre a) A curva F poderia representar o comportamento do fármaco A na presença de um antagonista competitivo reversível. b) A curva C poderia representar a resposta de um agonista parcial do fármaco A. c) Se adicionarmos um antagonista alostérico do fármaco A, a curva obtida seria semelhante a C ou E. d) Se adicionarmos um antagonista competitivo do fármaco A, a curva obtida seria semelhante a C ou E. 5. Na presença de naloxona, é necessária maior concentração de morfina para obter alívio completo da dor. A naloxona por si só não tem efeito. Qual das seguintes afirmações é correta com relação a essas medicações? a) A naloxona é um antagonista competitivo. b) A morfina é um agonista total e a naloxona é um agonista parcial. c) A morfina é menos eficaz do que a naloxona. d) A morfina é menos potente do que a naloxona. e) A naloxona é um antagonista não competitivo. 6. Na presença de picrotoxina, o diazepam é menos eficaz para causar sedação, independentemente da dosagem. A picrotoxina por si só não tem efeito sedativo, mesmo na maior dosagem. Qual das seguintes afirmativas está correta? a) A picrotoxina é um antagonista competitivo. b) O diazepam é um agonista total, e a picrotoxina é um agonista parcial. c) O diazepam é menos eficaz que a picrotoxina. d) O diazepam é menos potente que a picrotoxina. e) A picrotoxina é um antagonista não competitivo. 7. Na presença de pentazocina, é necessária maior concentração de morfina para obter alívio completo da dor. A pentazocina por si mesma tem um efeito analgésico menor do que o da morfina, mesmo em dosagem mais alta. Qual das seguintes afirmações é correta com relação a essas medicações? a) A pentazocina é um antagonista competitivo. b) A morfina é um agonista total e a pentazocina é um agonista parcial. c) A morfina é menos eficaz do que a pentazocina. d) A morfina é menos potente do que a pentazocina. e) A pentazocina é um antagonista não competitivo. 8. Em certa ocasião administrou-se uma elevada concentração de um fármaco X, que não desencadeou resposta tecidual máxima. Sendo assim, administrou-se um fármaco Y que atingiu resposta tecidual máxima, porém a dose gerou toxicidade, sendo necessário administrar um fármaco Z, capaz de bloquear a ação de Y. Em relação aos fármacos X, Y e Z, podemos afirmar que são respectivamente:a) Agonista parcial, agonista total, antagonista competitivo reversível. b) Agonista inverso, agonista total, antagonista competitivo irreversível. c) Antagonista competitivo reversível, agonista parcial, agonista inverso. d) Agonista parcial, agonista inverso, antagonista competitivo reversível. 9. A farmacodinâmica estuda a inter-relação da concentração de uma droga entre a biofase e a estrutura alvo, bem como o respectivo mecanismo de ação. Os conhecimentos sobre o local e o mecanismo de ação de fármacos têm crescido graças à intensificação das pesquisas bioquímicas e farmacológicas nesse campo. Sobre os fármacos que atuam em receptores, avalie as afirmativas abaixo e escolha a correta: a) Fármacos agonistas possuem afinidade pelo receptor biológico e ao se ligar a eles, desencadeiam sua atividade intrínseca. b) Fármacos antagonistas não possuem afinidade pelo receptor biológico e não desencadeiam sua atividade intrínseca (biológica). c) Fármacos agonistas apresentam afinidade pelo receptor biológico, mas ao se ligarem a eles, não desencadeiam sua atividade intrínseca. d) Fármacos antagonistas são aqueles que promovem interação medicamentosa, diminuindo a atividade de outros medicamentos. Bruna Embacher Sanz ❥ Farmacologia Geral I - 4° Semestre 10. A atividade farmacológica de um fármaco depende, entre outros fatores, da ligação com seu receptor. Sobre interação fármaco-receptor é correto afirmar: a) É chamado de agonista parcial, o fármaco que se liga a receptores celulares sem causar sua ativação e, como consequência disto, impede que um agonista se ligue a esses mesmos receptores. b) Antagonistas são fármacos que apresentam ação farmacológica intermediária, ou seja, que desencadeiam uma resposta tecidual submáxima, mesmo estando 100% dos receptores ocupados. c) A eficácia, ou efetividade de um fármaco, está relacionada à dose deste fármaco, suficiente para se ligar e ativar um número crítico de receptores, desencadeando uma resposta tecidual. d) A potência de um fármaco está relacionada à dose deste fármaco, suficiente para se ligar e ativar um número crítico de receptores, desencadeando uma resposta tecidual. Bruna Embacher Sanz ❥
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