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A-MAR Uma proposta de arquitetura sensorial de Centro-Dia para crianças com Transtorno do Espectro Autista PALOMA LIMA MELO 2020.2 HUMANIZAÇÃO INCLUSÃO TERAPIA ARQUITETURA INTERAÇÃO SENTIDOS SENSIBILIZAÇÃO AGRADÁVEL TERAPÊUTICO CRIANÇAS TRANSTORNO TEA SOCIAL SAÚDEESPECTRO CENTRO SENSORIAL FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR GRADUAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO I PALOMA LIMA MELO A-MAR: CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS- CCT Uma proposta de arquitetura sensorial de Centro Dia para crianças com Transtorno do Espectro Autista 2020 FORTALEZA-CE PALOMA LIMA MELO A-MAR: 2020 Uma proposta de arquitetura sensorial de Centro Dia para crianças com Transtorno do Espectro Autista FORTALEZA-CE Relatório final, apresentado à Universidade de Fortaleza-UNIFOR, como parte das exigências para a obtenção do título de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Prof. Dr. Lia Costa Mamede. ��������� Fortaleza, 04 de dezembro de 2020. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. BANCA EXAMINADORA Prof. e Dr. Lia Costa Mamede Orientadora Membro da Banca Examinadora - UNIFOR Prof. e Me. Verena Rothbrust Valéria Lopes Nogueira Membro da banca examinadora - Convidado A-MAR: Uma proposta de arquitetura sensorial de Centro Dia para crianças com Transtorno do Espectro Autista PALOMA LIMA MELO Ficha catalográfica da obra elaborada pelo autor através do programa de geração automática da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza Melo, Paloma. A-MAR: Uma proposta de arquitetura sensorial de Centro-Dia para crianças com Transtorno do Espectro Autista / Paloma Melo. - 2020 85 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade de Fortaleza. Curso de Arquitetura E Urbanismo, Fortaleza, 2020. Orientação: Lia Mamede . 1. Comportamento. . 2. Projeto arquitetônico.. 3. Inclusivos. . 4. Percepção sensorial. . I. Mamede , Lia . II. Título. Dedico este trabalho para todas as crianças com Transtorno do Espectro Autista do mundo, seus familiares e responsáveis que dão suporte e amor nesta longa caminhada. E, também, para todas as instituições e profissionais que se dedicam na melhoria de cada indivíduo. ‘‘As crianças especiais, assim como as aves, são diferentes em seus voos. Todas, no entanto, são iguais em seu direito de voar.’’(JESICA DEL CARMEN PEREZ) O presente trabalho de conclusão de curso parte do interesse em conhecer e entender melhor o Transtorno do Espectro Autista (TEA), para elaborar uma pesquisa de fundamentação do partido arquitetônico de um Centro-Dia a ser implantado na cidade de Fortaleza/CE. Foi observado que pessoas com TEA podem apresentar em, diferentes níveis, uma ou ausência de fala, dificuldades de relacionamento social, na comunicação, prejuízo no aspecto cognitivo e padrões limitados e estereotipados de comportamentos. No entanto, acredita-se que com o diagnóstico, seguido da intervenção educacional e das terapias há uma melhora na prognose. Diante disso, a arquitetura pode contribuir no desenvolvimento pessoal criando ambientes adequado às necessidades de cada criança que usufrui do espaço projetado. Segundo a AMA (1983) as intervenções voltadas para pessoas com TEA devem ser acompanhadas de atitudes e medidas amplas que garantam que os ambientes físicos, sociais sejam acessíveis, inclusivos e acolhedores. Contudo, o projeto arquitetônico proposto é uma unidade especializada em ofertas de serviço de proteção social especial para pessoas com deficiência, que presta atendimento, durante o dia, direcionado à crianças com TEA. Portanto, é ofertado um conjunto variado de atividades de convivência grupal, social e comunitária; cuidados pessoais, fortalecimento de vínculos e ampliações sociais, tratamentos individualizados indicados por profissionais do centro dia, além do que, serve de apoio e de orientação aos cuidadores familiares. Como arquitetos e urbanistas são responsáveis pela criação de ambientes que constituem às necessidades dos seus usuários, tendo em vista que o autismo ocasiona limitações na percepção sensorial e que nossos sentidos são responsáveis pela forma como conhecemos e interagimos com o ambiente, se faz necessário, conhecer como podem oferecer ambientes mais agradáveis para essas crianças, contendo também o objetivo de um espaço inclusivo e terapêutico que ajude as crianças a terem melhor integração social, comportamental e, compreender a relevância do papel da arquitetura em espaços que atendem crianças com Transtorno do Espectro Autista. Palavras-chave: Comportamento, Projeto Arquitetônico, Inclusivos, Percepção sensorial. RESUMO The purpose of the present work of conclusion of course is knowing and better understanding the Autistic Spectrum Disorder (TEA), for the elaboration of a research of foundation of the central architectural party of the Centro-Dia to be implanted in the city of Fortaleza / CE. It was observed that people with ASD may present, at different levels, one or no speech, difficulties in social relationships, communication, impairment in cognitive aspects and in limited and stereotyped patterns of execution. However, it is believed that with the diagnosis, after the educational intervention and therapies there is an improvement in the prognosis. Therefore, architecture can contribute to personal development, creating environments suitable to the needs of each child who uses the projected space. According to AMA (1983), the places targeted to people with ASD should be followed by expanded measures and attitudes, which ensure that the physical and social environment be accessible, inclusive and welcoming. However, the proposed architectural project is a unit specializing in special social protection service offerings for people with disabilities, which provides care, during the day, aimed at children with ASD. Therefore, it is a set of varied activities of group, social and community coexistence; personal care, strengthening of bonds and social expansion, individual treatments indicated by professionals of the day care center, in addition to serving support and guidance to family caregivers. As architects and urban planners, they are responsible for creating environments that use the needs of their users, considering that autism causes changes in sensory perception and that our senses are responsible for the way we know and interact with the environment, if it is necessary, to know how it can offer more pleasant environments for these children, including also the objective of an inclusive and therapeutic space that helps children to have better social and behavioral integration, and to understand the relevance of the role of architecture in spaces that serve to children with autism spectrum disorder. Keywords: Behavior, Architectural Design, Inclusive, Sensory perception. ABSTRACT A vida é feita de momentos, de ciclos que começam e terminam, aqui é apenas a metade do ciclo da minha vida, é apenas um novo passo para viver os meus sonhos, que é praticar a Arquitetura e levar sonhos a outras pessoas. As minhas irmãs que sempre se mantiveram por perto ao longo dessa caminhada. Aos meus pais maravilhosos que proporcionaram tudo o que tenho e me apoiaram em todas as decisões que eu tomei e, principalmente, me fez a mulher que sou hoje. Aos meus amigos: Rebeca, Thaysa e Junior, que por muitas vezes me ajudaram a terminar trabalhos, estudar para as provas, preparação de apresentações, em quais, eu ficava extremamente nervosa. Ao meu namorado Mário de Almeida, que me apoiou na reta final e muitas vezes, ele me fez acreditar que sim, eu serei uma grande profissional e que todo meu esforço até aqui valerá a pena. E aos professoresdo curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza, pela troca de conhecimento e aprendizagem durante todo esse percurso. Em especial a minha orientadora Lia Mamede, que concordou e abraçou as minhas ideias, no auxílio da ordem técnica e prática do presente trabalho. Agradeço a Deus, pela minha vida, e por me permitir ultrapassar todos os obstáculos encontrados ao longo da graduação. A minha Família Évora que tive prazer em conhecer no intercâmbio acadêmico e tornaram-se de extrema importância, além de possuirmos uma troca de conhecimento diário em várias questões. AGRADECIMENTOS FIGURAS Figura 1: Projeto renderizado Advance Center for Autism 31 Figura 4:Sequeciamento Espacial 32 Figura 8: Pátio Interno 33 Figura 12: Sala de aula 35 Figura 13:Vista externa 35 Figura 9: Planta Baixa 34 Figura 14: Implantação 36 Figura 6:Vista do Jardim Sensorial 33 Figura 3: Compartimentação 32 Figura 10: Sala de aula 34 Figura 16: Diagrama 37 Figura 17: Interior das edificações 37 Figura 5:Vista do Jardim Sensorial 32 Figura 15: Ambiente externo 36 Figura 18: Exterior das edificações 37 Figura 20: Vista do terreno com esquina da Rua Chico França com João Ivo 44 Figura 21: Vista do terreno na Rua Chico França 44 Figura 11: Sala de aula 34 Figura 19: Terreno escolhido para a implantação do projeto 43 Figura 22: Zoneamento Macro 45 Figura 24: Sistema Viário 47 Figura 7: Vista externa 33 Figura 25: Estudo do fluxo de veículos e ponto de ônibus 47 Figura 26: Estudo bioclimático 48 Figura 2: Plano de nível, mapa sensorial 31 Figura 23: Uso e Ocupação do Solo 46 Figura 34: Cajueiro 51 Figura 27: Rosa dos ventos da cidade de Fortaleza 48 Figura 31: Pau Branco 51 Figura 29: Jambo vermelho 51 Figura 30: Ipê roxo 51 Figura 28: Aroreira 51 Figura 32: Pata da vaca 51 Figura 33: Acácia Amarela 51 Figura 35: Fluxograma e organograma 54 Figura 36: Setorização 55 Figura 37: Planta de situação 57 Figura 38: Planta de implantação 58 Figura 40: Planta baixa - Bloco 1 60 Figura 41: Planta Pav. Superior - Bloco 1 61 Figura 43: Planta Pav. Superior - Bloco 2 63 Figura 45: Corte AA 65 Figura 44: Planta baixa - Bloco 3 64 Figura 47: Corte CC 66 Figura 48: Corte DD 66 Figura 39: Planta baixa geral 59 Figura 49: Detalhamento 67 Figura 46: Corte BB 65 Figura 50: Perspectiva Áerea a Centro- Dia-Amar 68 Figura 51: Perspectiva Fachadas 69 Figura 52: Fachada Frontal 70 Figura 54: Perspectiva Internas 72 Figura 53: Fachadas Leste e Oeste 71 Figura 42: Planta baixa- Bloco 2 62 Figura 56: Perspectiva dos Ambientes 74 Figura 55: Perspectiva dos Ambientes 73 FIGURAS Tabela 2: Critério para o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista 18 Tabela 1: Objetivos específicos e suas respectivas metodologias de pesquisa. 16 Tabela 5: Tabela revestimento piso 52 Tabela 6: Programa de Necessidades 53 Tabela 4: Elementos do percuso sensorial 52 Tabela 3: Índice e parâmetros urbanísticos-Macrozona 44 MAPAS TABELAS Mapa 01: Instituições que atendem ao TEA em Fortaleza 20 Mapa 02: Instituições registradas no COMDICA-fevereiro 2020 43 Mapa 03: Delimitação do terreno 45 siglas OMS- Organização Mundial da Saúde NBR- Norma Técnica ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas SUAS- Sistema Único de Assistência de Social ABRA- Associação Brasileira de Autismo AMA- Associação de Amigos dos Autistas CDC- Center of Diseases Control and Prevention CNAS- Conselho Nacional de Assistência Social CID- 10- Classificação Internacional de Doenças CNS- Conselho Nacional de Saúde CDPD- Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência DSM-V - Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais MDS- Ministério do Desenvolvimento Social PNAS- Política Nacional de Assistência Social OPAS- Organização Pan-Americana da Saúde TEA- Transtorno do Espectro Autista SUS- Sistema Único de Saúde SUMÁRIO 1.1 Justificativa 12 14 11 1.0 INTRODUÇÃO 1.2 Objetivos 1.3 Procedimento de pesquisa 2.0 COMPREENDENDO O TRANSTORNO E SUAS PREMISSAS ESPACIAIS 16 14 2.1 Evolução e Histórico da Terminologia do TEA 17 2.2 Diagnóstico e características 18 2.3 Dados estatísticos e panorama local 19 2.4 Políticas Públicas 20 2.5 Premissas Espaciais 21 3.0 REFERENCIAL TEÓRICO 23 3.1 Conceito de Biofilia e suas aplicações na arquitetura para TEA 26 3.2 Psicologia Ambiental e suas premissas espaciais para o TEA 27 3.3 Desenho Universal 28 4.0 REFERENCIAL PROJETUAL 30 4.1 Advance Centerfor Autism 31 4.2 Jardim de Infância Elefante Amarelo 33 4.3 Comunidade Sweetwater Spectrum 35 5.0 DIRETRIZES PROJETUAIS 39 6.0 O CENTRO DIA A-MAR 42 6.1 Localização 44 6.2 Legislação 44 6.3 Diagnóstico e seu entorno 45 6.3.1 Uso e ocupação do solo do bairro Messejana 45 6.3.2 Sistema viário básico 47 7.1 Caracterização do Centro dia A-mar 50 52 84 48 6.4 Terreno e suas condicionantes 7.0 memorial do projeto 7.2 Programa de Necessidades 7.3 Fluxograma e setorização 54 10. referências bibliográficas finais 9.0 considerações 83 8.0 o Projeto 56 01 INTRODUÇÃO IN TR OD UÇ ÃO O presente trabalho aborda a criação de um Centro-Dia para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), no Bairro da Messejana, em Fortaleza. Buscando compreender quais as necessidades de espaço inerentes à essa condição, pretendeu-se projetar um espaço adequado ao desenvolvimento de pessoas portadoras do TEA, atendendo crianças de 2 a 12 anos. O Centro-Dia possui uma oferta de conjunto de atividades e cuidados básicos de vida diária complementares aos familiares e instrumentais de participação social; apoio e orientação aos cuidadores e familiares; articulação para o acesso das crianças aos serviços de saúde, intervenção precoce com oficinas terapêuticas e vivências terapêuticas. Partindo de premissas que proporcionam a integração social, baseando-se nos conceitos da biofilia, da psicologia ambiental e do desenho universal, que tem como objetivo promover uma melhor qualidade de vida e uma vivência mais independente, procurando entender melhor quais são os impactos do ambiente arquitetônico em seu desenvolvimento e comportamento, oferecendo um ambiente terapêutico mais adequado às suas particularidades. No entanto, segundo (OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017), indica que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um grupo de distúrbios do desenvolvimento neurológico de início precoce, caracterizado por comprometimento das habilidades sociais e de comunicação, além de comportamento estereotipados, dentre outros sintomas. Crianças portadoras do TEA ainda são diagnosticadas mais tarde do que o ideal, que é antes dos dois anos de idade. De acordo com Gaiato (2018, p.25) há um crescente corpo de evidências mostrando que a intervenção precoce pode melhorar as habilidades sociais e de comunicação em crianças com esse transtorno. A primeira vez que o termo ‘’autismo’’ foi utilizado encontrava-se na primeira edição do DSM, em 1952, pela Associação Americana de Psiquiatria, no qual descrevia sintomas de esquizofrenia. A partir do DSM III, em 1980, já passou a ser denominado de autismo infantil, sendo totalmente separado da esquizofrenia, pois seus sintomas não eram considerados como essa doença, a partir de então denominando-se Transtorno Globais do Desenvolvimento, e só em 2013, na quinta edição do DSM-V, reuniu toda a classificação de diagnóstico possível em: TEA ou PEA (Transtorno ou Perturbação do Espectro do Autismo). A pesquisa acerca do tema, sobre o Transtorno Espectro Autista e a influência de uma possível arquitetura adequada no seu tratamento, serviu de base para a idealização de um projeto para a cidade de Fortaleza. 1.1 JUSTIFICATIVA No Brasil tem-se desenvolvido o conhecimento sobre o autismo através da mobilização dos pais, de organizações, de pesquisas e publicações científicas, com diagnóstico cada vez mais precoce; no entanto, deparamo-nos com a limitação da abordagem espaciais no local de atendimento. Estima-se que no país há 2 milhões de portadores TEA. Segundo o estudo de Portolese et al (2017), nas regiões metropolitanas de Goiânia, Fortaleza, Belo Horizonte e Manaus, contou com uma amostra de 1.715 estudantes, incluindo crianças e adolescentes de 6 a 16 anos, constatando a prevalência de 1% de TEA. De acordo com a Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), as pessoas com Transtorno do Espectro Autista são muitas vezes sujeitas ao estigma e à discriminação, implicando também em menores oportunidades de acesso à saúde, à educação e de participação na comunidade. Em Fortaleza, segundo informações obtidas por uma pesquisa de levantamento de dados quantitativo junto a instituições, foi possível chegar a uma estimativa de capacidade de atendimento por parte das unidades de tratamento, correspondendo em torno de 2.200 pessoas e algumas instituições ainda possuem pessoas na lista de espera para o atendimento. Diante disso, estrutura-se a justificativa pela demanda do Centro-Dia especializado com o objetivo de atender as pessoas com Transtorno do espectro autista. Segundo (LAUREANO, 2017, p.27), as sensações e percepções do ser humano estão associadas ao ambiente que o envolve, afetando seu comportamento. A interação comportamental do homem com o ambiente, contextualiza as necessidades e a compreensão do uso dos espaços. Nesse âmbito, a arquitetura tem como objeto edificado que resulta em uma relação entre o meio físico e as crianças com Transtorno do Espectro Autista, possibilitando uma melhor qualidade de vida. Em relação aos direitos e dispositivos legais brasileiros para as pessoas com TEA temos: A Lei nº 12.764 de 2012, que dispõe sobre a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, considerado um marco importante no país, pois a pessoa com TEA foi reconhecida como pessoa com deficiência e portanto teve acesso ao direito de várias políticas de inclusão e benefícios sociais. Diante disso, a Lei Brasileira de Inclusão da pessoa com deficiência nº13.146 de 6 de julho de 2015, cria o estatuto da Pessoa com Deficiência, aumentando a proteção aos portadores de TEA, ao definir a pessoa com deficiência “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial”. 1 1. Organização Pan Americana da Saúde (OPAS); é uma organização internacional de saúde pública. 12 1.0 INTRODUÇÃO 13 Art.1 É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condiçoes de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. (BRASIL,2015.) Nesse estudo, o interesse em projetar um Centro-Dia surgiu a partir de percursos na ida à universidade que cruzavam com as crianças com TEA que iam para a instituição: Fundação a casa da esperança. Neste caso, veio a ideia de aprender como a arquitetura pode contribuir com o desenvolvimento e bem-estar das pessoas com o Transtorno do Espectro Autista. Em 2019, enquanto estagiária no escritório modelo, surgiu um projeto no Núcleo de Ensino Pesquisa e Extensão – NEPE, na Universidade de Fortaleza- UNIFOR, no qual, uma mãe procurou a universidade para uma parceria, em que a ideia era propor layouts para casas de pessoas de baixa renda com TEA. Diante disso, veio a ideia de desenvolver um projeto para crianças com Transtorno do Espectro Autista, contribuindo para a sua qualidade de vida e independência, atendendo às suas necessidades e integrando-as ao meio social. Com isso, fez-se necessária a busca por um maior entendimento das necessidades das crianças e de como o espaço físico pode ser determinante nas relações sociais e na proposição de atividades. Segundo o sociólogo e arquiteto John Zeisel, o ambiente físico ocasiona estímulos cerebrais, sendo importante para o desenvolvimento e cura de possíveis doenças e transtornos. Halpern (2010) ao citar a junção entre neurociência e arquitetura, demonstra que o estudo do sistema nervoso tem grande contribuição para o campo da construção, que estabelece novos métodos estruturais, acústicos e de iluminação, sendo que o conforto ambiental passa a ser um fator para amenizar os efeitos de transtornos cognitivos. De acordo com a arquiteta Mostafa (2008) ambientes projetados especificamente para criançascom TEA tem impacto positivo sobre as próprias crianças, e sobre aqueles que cuidam delas. 2 2. A arquiteta Magda Mostafa desenvolveu o Autism ASPECTSS Design Index que foi o primeiro conjunto de diretrizes baseado em evidências para a elaboração de ambientes construídos para pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Disponível em: <https://www.autism.archi/aspectss>. Acesso em 30 de Junho de 2020. Dito isso e observando os estudos epidemiológicos realizados nos últimos 50 anos, a prevalência de TEA parece ter um crescimento considerável globalmente. Há muitas explicações possíveis para esse aumento aparente, incluindo a conscientização sobre o tema, expansão dos critérios de diagnóstico, melhores ferramentas de diagnóstico e o aprimoramento das informações. (OMS) No entanto, em Fortaleza, constata-se uma demanda reprimida de estruturas espaciais especializadas em seu diagnóstico e tratamento. Evidencia-se na demanda reprimida dos espaços para o tratamento do TEA, que as instituições como o Recanto Psicopedagógico que é um Centro-Dia de Referência em Fortaleza, possui um tratamento do transtorno em paralelo com outros distúrbios neurológicos. Desse modo, a proposição de um espaço especializado para TEA poderia contribuir com a oferta de serviço; por meio de estudos acredita-se que pessoas portadoras do TEA se beneficiam em seus tratamentos e possuem um melhor desenvolvimento em um espaço adequado, pensado nas suas necessidades e singularidades. A concepção de um Centro-Dia em Fortaleza, voltada para intervenção precoce nos primeiros anos de vida da criança, se dá pelo fato de que quanto mais cedo identificar os sintomas e começar a tratar, mais chance a criança tem um futuro com independência e autonomia (GAIATO, 2020 ,p.34), a criação de um espaço especializado para o tratamento ajuda no seu desenvolvimento e oferece uma melhor qualidade de vida. O estudo em questão, visa fundamentar a elaboração de um projeto arquitetônico buscando contribuir para a oferta de um Centro-Dia com atividades terapêuticas para os primeiros anos de vida da criança com TEA, entre 2 a 12 anos de idade. Nesse contexto, a arquitetura pode contribuir oferecendo espaços que contemplem as necessidades dos portadores do TEA. 1.2 OBJETIVOS OBJETIVO GERAL O objetivo deste trabalho é elaborar um projeto arquitetônico de um Centro Dia para pessoas com Transtorno do Espectro Autista- TEA, baseado nos conceitos do desenho biofílico, da psicologia das cores e do desenho universal, promovendo acesso às terapias especializadas e promovendo a integração social das crianças com TEA. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 2 . Pe s qu i s a r L e g i s l a ç ã o Específica ao TEA; 3.Conhecer a s tera p i a s oferecidas em um Centro-Dia e suas necessidades específicas de adequação da arquitetura; 1.Conhecer as necessidades espaciais das pessoas com TEA; 4.Conhecer a evolução do programa e dos espaços do Centro-Dia; 5.Conhecer o conceito da biofilia, e suas premissas projetuais aplicáveis para pessoas com TEA; 6.Conhecer os princípios da psicologia ambiental para pessoas com TEA; 7. Conhecer os conceitos e aplicabilidade projetual dos princípios do desenho universal; 8. Pesquisar condicionantes de Legislação urbana. 9.Escolher e justificar um terreno para a implantação do projeto na cidade de Fortaleza 1.3 PROCEDIMENTO DE PESQUISA Para o desenvolvimento do presente trabalho e efetuar o objetivo descrito, a metodologia deste trabalho referente é de cunho qualitativo-descritivo e foi desenvolvida em duas etapas: Levantamento indireto, ou seja, bibliográficos, em: trabalhos de conclusão de curso, teses, monografias, dissertações, artigos, periódicos, livros relacionados ao tema, sites na finalidade de conhecer o tema, analisar o seu histórico e o contexto no país, também foi feito uma pesquisa de dados numéricos; 1. Foi realizada uma visita à Instituição Fundação a casa da esperança no dia 18 de fevereiro de 2020 para uma melhor compreensão do procedimento de atendimento. 2. 3. Após o levantamento de dados acerca do assunto e analisado os projetos referências, foi feito um estudo sobre as possíveis áreas para a implantação do projeto. O critério da escolha do terreno foi a partir de bairros que não houvesse um equipamento voltado exclusivamente para pessoas com Transtorno do Espectro Autista, fosse predominante residencial e contivesse fácil acesso. De forma a compreender melhor, foi desenvolvido uma tabela com os objetivos específicos e suas respectivas metodologias de pesquisa: 14 No segundo capítulo é referente a fundamentação teórica, apresentando alguns autores que trazem uma discussão como a arquitetura pode colaborar na construção de espaços mais saudáveis para pessoas com TEA, além de apresentar a Teoria do Design Sensorial. No primeiro capítulo é abordado primeiramente a evolução e o histórico da terminologia do Transtorno do Espectro autista, a fim de compreender melhor suas características e suas premissas espaciais. Foi apresentado dados estatísticos, no qual, foram mapeados alguns equipamentos que atendem ao TEA em Fortaleza. Também foi retratado algumas políticas públicas que assegurem os direitos dos portadores do TEA. No quarto capítulo consta as diretrizes projetuais que serão aplicadas no projeto arquitetônico do Centro-Dia. Foi explicado também os tipos de modalidades dentro do serviço do Centro-Dia, e as suas recomendações, além de apresentar outros serviços que são oferecidos na cidade de Fortaleza. Também é apresentado a escolha do terreno e sua justificativa, além do diagnóstico do terreno e seu entorno. No sexto capítulo apresenta-se as considerações finais do trabalho e as referências bibliográficas. No terceiro capítulo é apresentado os projetos de referências, que busca analisar a parte arquitetônica, materiais e técnicas construtivas, a organização dos espaços internos e externos, a fim de serem aplicados no projeto arquitetônico do Centro-Dia. No quinto capítulo é apresentado a capacidade e o horário de atendimento, o público ao qual se destina, o programa de necessidades e o memorial descritivo do Centro-Dia A-mar e o projeto. apresentação dos capítulos 15 Tabela 1: Objetivos específicos e suas respectivas metodologias de pesquisa. Fonte: Autora, 2020, 16 OBJETIVOS ESPECÍFICOS METODOLOGIA DA PESQUISA Compreender as necessidades espaciais das pessoas com TEA; Levantamento bibliográfico em artigos, livros, revistas e sites; Pesquisar Legislação Específica ao TEA; Levantamento bibliográfico em artigos, livros, revistas e sites; verificação das políticas públicas, legislações e direitos assegurados à pessoa com TEA; Conhecer as terapias oferecidas em um Centro-Dia e suas necessidades específicas de adequação da arquitetura; Levantamento bibliográfico em artigos, livros, revistas e sites; consultar orientação técnica do Centro-Dia (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2015); Conhecer a evolução do programa e dos espaços do Centro- Dia; Levantamento bibliográfico em artigos, livros, revistas e sites; consultar orientação técnica do Centro-Dia (MINISTÉRIO DA CIDADANIA, 2015); Conhecer o conceito da biofilia, e suas premissas projetuais aplicáveis para pessoas com TEA; Levantamento bibliográfico em artigos, livros, revistas e sites; analisar os projetos referências com o conceito biofílico; Conhecer os princípios da psicologia ambiental para pessoas com TEA; Levantamento bibliográfico em artigos, livros, revistas e sites; analisar os projetos referências com o conceito da psicologia ambiental e psicologia das cores; Conhecer os conceitos e aplicabilidade projetual dos princípios do desenho universal; Levantamento bibliográfico em artigos, livros, revistas e sites; analisar os projetos referências de modo a compreender o funcionamento dos espaços; Escolher e justificar um terreno para a implantação do projeto na cidade de Fortaleza; Fazerum estudo sobre o uso e ocupação do solo, do sistema viário e das suas condicionantes climáticas. Pesquisar condicionantes de Legislação urbana; Verificação da legislação vigente para a implantação do projeto arquitetônico; 02 COMPREENDENDO O TRANSTORNO E SUAS PREMISSAS ESPACIAIS C OM PR EE ND EN DO O T RA NS TO RN O E SU AS PR EM IS SA S ES PA CI AI S Neste capítulo é abordado um breve histórico e descrição do que é o Transtorno do Espectro Autista, acreditando ser importante destacar alguns pontos que são relevantes para o processo de criação de espaços para pessoas com TEA. Além disso, permite entender o transtorno quando nos referirmos a espaços projetados para o espectro. É importante saber quais as características, que podem estar presentes nos indivíduos, para que possamos determinar quais premissas e estratégias um ambiente construído deve ter para facilitar seu desenvolvimento e bem-estar. Na década de quarenta, o psiquiatra Leo Kanner, apresentou uma síndrome na psiquiatria infantil, que denominou ‘’ distúrbio autístico do contato afetivo’’ e depois de ‘’ autismo’’. Retomando o termo referido pelo psiquiatra Eugen Bleuler, em 1916, para descrever um dos sintomas da esquizofrenia no adulto (CAVALCANTI; ROCHA, 2001, p.23). Em 1943, Kanner, fez um estudo em 11 crianças e diagnosticou que estas eram inteligentes, possuíam uma excepcional capacidade de memorização, mas apresentavam incapacidade de se relacionar com as pessoas e tinham tendência a ecolalia, irrelevante e sem sentido, de modo algum utilizada para a comunicação. Do mesmo modo, em 1944, o psiquiatra e pesquisador Hans Asperger, obteve casos bastante similares àquelas descritas por Kanner, constatando a dificuldade de integrar socialmente, descrevendo o ‘’Autismo infantil precoce’’, e denominando ‘’psicopatia autística’’ , que indicava um transtorno estável marcado pelo isolamento social. ‘’Ambos os trabalhos tiveram impacto na literatura mundial; no entanto, em momentos distintos.’’ (TAMANAHA, 2008) Ainda assim, em 1952 a Associação Americana de Psiquiatria lança a sua primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais DSM-1, que é referência para médicos e pesquisadores no segmento, classificando as nomenclaturas e diagnósticos dos transtornos mentais. Para desenvolver o presente trabalho, é necessário conhecer as definições e entender como ficou conhecido o Transtorno do Espectro Autista. O autismo é uma palavra de origem grega (autos) que significa ‘’próprio’’ e (ismo) traduz um estado ou uma orientação, isto é, uma pessoa reclusa em si (OLIVEIRA, 2009). 2.1 Evolução e Histórico da Terminologia do TEA No entanto, na década de 60 com as crescentes pesquisas e o número de evidências encontradas em todos os países, sugeriram que o autismo seria um transtorno cerebral presente desde a infância, que se manifestava em qualquer situação socioeconômica e étnicos-raciais. Por sua vez, em 1978 Rutter classifica o autismo como um distúrbio de desenvolvimento cognitivo, ele apresenta uma definição com base em quatro critérios: A partir de então, durante os anos 50 e 60, novas pesquisas realizadas tinham como base as descobertas de Kanner, aparentando incertezas sobre a natureza do autismo. Alguns pesquisadores chegaram a constatar que o comportamento autista seria originado por relações pobres entre pais e filhos, na medida em que pais e mães ao tratar seus descendentes de maneira pouco emocionalmente afetiva, seriam responsáveis por sua causa. (VALENTE, 2019) 4. Inicio antes dos 30 meses de idade. 3.Comportamentos incomuns, tais como movimentos estereotipados e maneirismos; 1.Atraso e desvio sociais não só como deficiência intelectual; 2.Problemas de comunicação não só em função de deficiência intelectual associada; De acordo com o DSM-V (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), a classificação Transtornos Globais do Desenvolvimento foi substituída pelo novo termo Transtorno do Espectro Autista (TEA). O propósito foi acabar com as inúmeras subdivisões existentes e inseri-las dentro de um único grupo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno do espectro autista (TEA) se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva. O TEA é o transtorno do neurodesenvolvimento cujas características podem ser observadas ainda na primeira infância por meio da consulta a um especialista e, consequentemente, do diagnóstico precoce. 3 3. DSM-V (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders); é um Manual Diagnóstico Estatístico de transtornos Mentais feito pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais. 4.Organização Mundial da Saúde (OMS); é uma agência especializada em cuidar de questões relacionadas a saúde global. 4 17 2.2 Diagnóstico e características Há uma necessidade de compreender os subgrupos de indivíduos com TEA tanto para finalidades práticas quanto de pesquisas, para proporcionar o desenvolvimento de serviços que supram as reais necessidades das crianças com TEA. Os critérios Para entender as necessidades das crianças com autismo no ambiente físico, é necessário conhecer mais sobre seus déficits e características comportamentais. Segundo (LAUREANO, 2017) O autismo é descrito como Transtorno do Espectro Autista-TEA, que engloba Transtorno autista, Transtorno de Asperger e Transtornos Invasivos do Desenvolvimento sem outra especificação, documentado no DSM-V - Manual diagnóstico e Estatístico de Transtorno mentais (2017). Tabela 2: Critério para o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista Fonte: Elaborada pela autora, 2020. Baseada no DSM-V. 18 Déficits persistentes na comunicação social e na interação social 1.Dificuldade para estabelecer uma conversa normal com outras pessoas, compartilhamento mínimo de interesse com outras pessoas; 2. Comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou déficits na compreensão e uso gestos, a ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal; 3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, inabilidade de participar de brincadeiras de faz-de-conta ou imaginativas de forma variada e espontânea para o seu nível de desenvolvimento Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades 2. Apresenta inflexível a rotinas ou padrões ritualizados; 3. Interesses fixo e restritos, em termos de intensidade ou de foco; 4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspectos sensoriais do ambiente. 1. Maneirismo motores repetitivos ou estereotipados; Os sintomas devem estar presentes antes dos 3 anos de idade Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo no presente Esse distúrbio não é mais bem explicado por deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) ou por atraso global do desenvolvimento. A identificação dos sintomas é primeiro observada pelos pais das crianças e, quanto mais cedo for identificado, mais chances dessa criança ter um futuro com independência e qualidade de vida. De acordo com Gaiato (2018) o que conseguem de melhoria na terapia em um dia com uma criança de 2 anos é equivalente a um ano com uma criança de 14 anos. Por isso dá-se a importância da intervenção precoce, mesmo sem o diagnóstico, com a certeza de que, quanto mais nova seja a criança, mais possibilidades de desenvolvimento e qualidade de vida. Diante disso, o DSM-V divide o Transtorno do Espectro Autista em níveis de apoio e de intervenção que a pessoa com o espectroprecisa receber. O TEA pode ser classificado em 3 níveis: Grau leve (exigindo apoio); grau moderado (exigindo apoio substancial); grau severo (exigindo muito apoio substancial). A partir da afirmação de Gaiato (2018) existem alguns instrumentos no Brasil, que podem auxiliar na identificação de comportamentos ou sintomas do espectro, mas não são suficientes para fazer diagnósticos. É apresentado a escala Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT) que é um instrumento de rastreamento precoce de Transtorno do Espectro Autista que visa identificar indícios do transtorno em crianças entre 18 e 24 meses, que deve ser aplicada nos pais ou nos cuidadores da criança. A Childhood Autism Rating Scale (CARS), é utilizada para distinção de casos de autismo leve, moderado e grave, além de diferenciar crianças com TEA daquelas com deficiência intelectual. E concluindo o raciocínio a autora afirma que, a partir de mudanças no DSM-V, é possível fazer diagnóstico de autismo com sub-diagnósticos associados, ou seja, o indivíduo com autismo pode ter outros transtornos e sintomas associados, além dos já existentes ao TEA. De acordo com Souza (2019), os aspectos sensoriais evidenciam que indivíduos com TEA possuem um processamento sensorial atípico, apresentando em geral certo paradoxo sensório-perceptual, consistindo que em dados momentos há hiposensibilidade e hiporesponsitividade, ou seja, os indivíduos não atendem ou não são estimulados pelos seus sentidos, e, em outros momentos, tem resposta desproporcionalmente exagerada, o que entendido como hipersensibilidade e hiper responsividade. As características ligadas entre a hipo e a hipersensibilidade, assim como a hipo e hiper responsividade, estão relacionadas ao processamento dos estímulos sensoriais externos e por isso torna-se importante refletir como o ambiente pode afetar diferentes indivíduos em diferentes formas. Ainda assim, Souza (2019) afirma que a neurodiversidade e o entendimento do espectro e das doenças neurológicas trazem à tona sobre como os espaços são projetados pensando apenas em um determinado padrão de pessoa, sem levar em conta as diferenças neurológicas, que acaba afetando a relação como o indivíduo se comporta no ambiente e quais elementos presentes podem afetar de forma positiva ou negativa no seu usuário. 2.3 Dados estatísticos e panorama local Por falta de pesquisas específicas em relação a dados de autismo no Brasil, não sabemos com precisão quantas crianças com Transtorno do Espectro Autista existem no país. No entanto, em 2010, foi realizada a primeira e única estatística de estudo epidemiológico, denominado como projeto piloto, da América Latina. No qual, foram coletadas amostras da cidade de Atibaia/São Paulo, onde verificou-se a predominância de um para cada 367 crianças. (RIBEIRO,2007) No contexto local, quanto ao município de Fortaleza, de acordo com o IBGE do último censo de 2010, a população estima-se em 2.452.185 pessoas, no qual, contém 31.593 pessoas com alguma deficiência mental/intelectual, não há dados relacionados quanto ao autismo. No Brasil, ainda não são comprovados os números de portadores do TEA no país, visto que essa informação referente ao Transtorno do Espectro Autista não é coletado pelo o censo do IBGE. No entanto, foi sancionada a Lei nº 13.861/19, no qual, visa que os censos demográficos incluiriam a partir de 2020 as especificidades inerentes ao TEA, mas devido ao cenário da pandemia do Covid-19, os dados serão coletados em 2021. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que há 70 milhões de pessoas com Transtorno do Espectro Autista no mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. Essa estimativa apresenta um valor médio e varia de acordo com os estudos. A organização Mundial da Saúde (OMS), calcula que o autismo afeta uma em cada 160 crianças no mundo. E sua incidência tem uma probabilidade quatro vezes maior em pessoas do sexo masculino do que o feminino (Center of Diseases Control and Prevention - CDC). Segundo a agência da Organização das Nações Unidas (ONU), várias pesquisas científicas foram realizadas e indicam a existência de muitos fatores que podem deixar a criança mais propensa ao autismo, incluindo questões ambientais e genéticas. 5 5 .OMS afi rma que aut i smo afeta uma em ca da 160 cr i ança s no mundo .ONU News ,2017 . D i s ponive l em:<https://news.un.org/pt/story/2017/04/1581881-oms-afirma-que-autismo-afeta-uma-em-cada-160-criancas-no-mundo> Acesso em: 14 maio 2020. 19 Em Fortaleza, localizam-se nove lugares sem fins lucrativos, como: A casa Fundação esperança, IPREDE-Conecta, Recanto psicopedagógico, Projeto diferente, Pintando o SeTEAzul, Centro de Integração Psicossocial, Núcleo de atenção à infância e adolescência (NAIA), Caps infantil-Regional III e Caps infantil- Regional IV - e sete instituições privadas - Núcleo de tratamento e estimulação precoce (NUTEP), Perspectiva TEACH, Núcleo de Atenção Médica de Atenção (NAMI), Centro internacional de análise relacional (CIAR), Conviv neurociências e reabilitação, Centro especializado em autismo e outros transtornos do desenvolvimento (CEATD) e Centro de (Re)Habilitação integrado- Adaptro. Mapa 01: Instituições que atendem ao TEA em Fortaleza. No entanto, segundo informações obtidas por uma pesquisa de levantamento de dados junto às instituições mencionadas no mapa, foi possível chegar a uma estimativa da capacidade de atendimento por parte das unidades de tratamento, correspondendo em torno de 2.200 pessoas. Diante de tais circunstâncias o cenário é preocupante, onde os serviços públicos não conseguem atender a demanda existente com um espaço onde possua condições para realização de atendimento especificamente para as crianças com TEA. Nesta perspectiva, o projeto proposto vem de encontro com as necessidades dos usuários com o espectro, de modo a desenvolver espaços especializados para o tratamento, na cidade de Fortaleza. Foram obtidas informações a partir de uma entrevista feita pela a autora na Fundação Casa da Esperança, que são atendidas 460 crianças portadoras de TEA e 1000 estão em lista de espera. Isso demonstra a demanda reprimida dos espaços e a inexistência deles no cenário local e atual da cidade de Fortaleza. Dos equipamentos mencionados e mapeados, apenas um deles possui atendimento exclusivo ao espectro que é a Fundação Casa da Esperança. As demais unidades de tratamento possuem práticas terapêuticas paralelo com outros transtornos do desenvolvimento. Podemos analisar a Fundação Casa da Esperança, situada no bairro Engenheiro Luciano Cavalcante e financiada pelo Sistema único de Saúde (SUS), que é considerada referência nacional no tratamento do Transtorno do Espectro Autista. 2.4 Políticas Públicas para o TEA Até o início do Séc. XXI a população procurava atendimento para o Transtorno do Espectro Autista em instituições filantrópicas, como a associação de amigos e pais do autista- AMA, no qual, foi a primeira associação a ser fundada em 1983, por iniciativa de grupos familiares. Em 1988, surgiu a ABRA- Associação Brasileira de Autismo, tendo como finalidade a integração, coordenação e representação em nível nacional e internacional, das entidades voltadas para atenção das pessoas com TEA. Ao mesmo tempo, que foram feitas as construções dos primeiros CAPSi, determinadas associações, como a AMA, foram obtendo maior protagonismo nos campos político, assistencial e técnico, em uma época que ainda apresentava grande escassez de recursos públicos para o cuidado de portadores do TEA. (OLIVEIRA et. al.) Em 2001, ocorreu a primeira iniciativa governamental na contemplação dessa problemática, com a estruturação de rede de atenção para crianças e adolescentes com Transtorno Mentais, correspondente aos Centros de Atenção Psicossocial infanto-juvenil (CAPSi) integrado ao Sistema de Saúde. (BRASIL, 2002b) 20 Fonte: Autora, 2020. 5 7 10 2 98 3 1 12 13 15 11 144 6 16 De acordo com (SENHORAS; SENHORAS, 2018) em uma pesquisa sobre as metas impostas pelos 17 Objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS), foi verificado que é pouco solicitado sobre o planejamento de espaços associados a psicologia ambiental, contudo, apresentando uma ausência de políticas públicas nacionais destinadas às pessoas com Transtorno do Espectro Autista nos espaços arquitetônicos e urbanísticos. Diante do contexto, podemos analisar que essas pessoas possuem uma percepção diferenciada dos espaços ao seu redor e, por isso, qualquer motivo de desordem pode causar desorientação e um regresso ao seu tratamento, pois o espectro consiste em várias nuances que tornam desafios para cada portador do TEA. Assim, a AMA se desenvolveu em diversos estados brasileiros (CAVALCANTE, 2003 apud OLIVEIRA et. al.), sendo hoje reconhecida por muitos como um espaço de produção técnica e formação profissional, influenciando ainda o surgimento de diversas associações similares, como a Associação Brasileira de Autismo (ABRA), Associação Brasileira para Ação por Direitos das Pessoas com Autismo (ABRAÇA), Fundação Mundo Azul, entre outras. A aprovação da Lei 12.764, de 27 de dezembro de 2012, instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), considerado um marco importante para o TEA, e a promulgação do Decreto n° 8.368, que a regulamentou, em 02 de dezembro de 2014, significando incontestáveis avanços nos direitos à saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, e também no acesso das pessoas portadores do TEA à educação, em sistema educacional inclusivo, desde a educação infantil até a educação superior. Diante disso, no marco legal da primeira infância Lei 13.257/2016 contém as seguintes inovações: Ÿ Princípio da equidade no atendimento à saúde; Ÿ Proporcionar tecnologia assistiva para o tratamento de deficiências; As políticas públicas têm como objetivo exercer o papel do estado e regulamentar diversos aspectos da vida em sociedade. No entanto, por meio da Secretaria especial do desenvolvimento social, é exercida a política pública de assistência social que é um direito de todo cidadão, no qual, ela está organizada por meio do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), presente em todo o Brasil. O objetivo é garantir a proteção social aos cidadãos, ou seja, apoio aos indivíduos, famílias e à comunidade no enfrentamento de suas dificuldades, por meio de serviços, benefícios, programas e projetos. Dentro das unidades da assistência social está o Centro-Dia de Referência para pessoas com deficiência e suas famílias. (BRASIL, 2019). Ÿ Proporcionar formação permanente de profissionais que atuam com crianças na primeira infância; Diante disso, o problema apresentado é a falta de elaboração de uma política pública de construção, com diretrizes projetuais voltadas para os espaços terapêuticos que atendem ao público TEA. Ÿ Reconhecer sinais de risco para o desenvolvimento. Além disso, a concepção dos espaços para crianças com TEA diferencia-se de outros espaços destinados às pessoas que não sofrem com o espectro, por isso é importante ter certos cuidados com a estimulação sensorial, a criar espaços que, de certa forma, acolham todos os níveis do espectro, visto que, alguns apresentam sensibilidade maior à luz, cores, texturas e sons, além de terem dificuldades em organizar informações. De acordo com Oliveira (2019), a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que por meio da norma NBR 9050/2015, intitulada ‘’ Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiências a Edificações, Espaços, Mobiliário e Equipamentos Urbanos’’, trata os conceitos do desenho universal, argumentando, dentre outros, o uso simples e intuitivo, ou seja, projetar ambientes de modo que o uso seja de fácil compreensão, que não requeira conhecimentos antecipados, habilidades linguísticas ou grande nível de concentração por parte do usuário. Por outro lado, Barbosa e Fumes (2018) constataram que, a Norma Brasileira Regulamentadora (NBR 9050/15) não contempla as características dos usuários portadores de transtornos mentais, quando se trata das questões sensoriais. 2.5 Premissas Espaciais para o TEA O estudo de Mostafa (2008), parte da premissa que o usuário com TEA identifica o ambiente arquitetônico ao seu redor de acordo com o zoneamento sensorial, em vez do zoneamento funcional convencional. A autora relata que os agrupamentos espaciais podem seguir uma lógica autística e envolver funções sensoriais compatíveis. Projetar um espaço especializado para crianças autistas é um grande desafio, uma vez que o TEA apresenta várias características de comportamento, personalidade, integração social e outros fatores. Em tal caso, por mais que seja necessário espaços adaptados ao desenvolvimento específico de cada um, não pode restringi-los por meio de estímulos muito focados, pois os diferentes níveis do espectro reagem de maneiras distintas uma das outras. (MOSTAFA, 2008) Os ambientes podem ser agrupados por uma circulação unidirecional. Por exemplo, funções de alto estímulo, como música, arte e terapia psicomotora, que requerem um alto nível de atenção podem ser agrupadas em um determinado espaço, enquanto funções de baixo estímulo, como terapia de fala, salas de aula gerais, instrução individual que exigem um alto nível de foco, podem ser agrupados em outra parte e entre esses dois espaços, criar espaços de zonas de transição. Uma edificação além de exercer suas funções de usos, deve intensificar a vida de seus usuários, impulsionando seus sentidos. Desse modo, através da obra a arquitetura é capaz de explorar a sensação de realidade e identidade pessoal, reforçando-a por meio da integração entre espaços vivenciados, pessoas e suas experiências de mundo. (PALLASMA, 2011, p.11) Os serviços, que geralmente são de alto estímulo, incluindo banheiros, cozinhas e a administração em geral, devem ser separados. Somente aqueles que necessitam do acesso de estudantes devem ser agrupados perto das zonas de alto estímulo e o mais longe possível das zonas de baixo estímulo. 21 03 REFERENCIAL TEÓRICO R EF ER EN CI AL T EÓ RI CO 3.0 REFERENCIAL TEÓRICO Posteriormente em 2006, Christopher Beaver, após uma pesquisa com clientes e estudos de feedback sobre edifícios que atendia ao público TEA, escreveu sobre a construção de espaços amigáveis, para proporcionar um ambiente que permitisse independência e diversão. Segundo Beaver (2006) apesar de todos os edifícios e usuários serem diferentes, existem uma vasta lista de necessidades que são comuns a qualquer edifício projetado para usuários TEA. O projeto deve surgir de um entendimento da mente do portador do TEA, como espaços reconfortantes que possuam sensação de segurança, espaços de interação e outros que permitam que a criança esteja sozinha, com fácil localização espacial sem características carregadas de estímulos. No entanto, em 2009 Scott apresenta uma revisão dos critérios já existentes que discutem sobre o desenvolvimento de diretrizes para espaços de aprendizagem do autismo. Por outro lado, Leestma (2015) analisa o fato de que muitas pessoas com o espectro apresentam um atraso no processamento, afetando a compreensão, o aprendizado, e a percepção fragmentada, que implica na percepção do espaço como um todo. A questão sobre a influência espacial no seguimento sensorial de pessoas dentro do espectro autista ainda é um tema pouco abordado em âmbito nacional, porém, alguns estudos desenvolvidos no exterior ganham relevância, a exemplo de Beaver, (2006); Humphrey (2005); Mostafa (2008); Scott (2009) e Leestma (2015), com a finalidade de trazer uma discussão como a arquitetura pode contribuir para a construção de espaços mais saudáveis para pessoas dentro do espectro autista. Nessa perspectiva, Humphreys (2008) esboça uma variedade de critérios a serem considerados ao projetaredifícios para pessoas com TEA. No qual, menciona alguns conceitos arquitetônicos que necessitam estar presente em suas criações, chamando atenção para a necessidade de aplicação dos conceitos de ‘’ calma, ordem e simplicidade’’ como pontos-chave para a concepção dos espaços. As pesquisas sobre os espaços construídos adaptados para pessoas com o Transtorno do Espectro Autista surgiram simultaneamente com os estudos sobre a percepção sensorial no autismo (SOUZA, 2019). Em 2002, a arquiteta Magda Mostafa começou uma pesquisa sobre a influência dos espaços arquitetônicos sobre o TEA, ao se deparar com a ausência de diretrizes para projetar o Center Advance of Autism, no Egito. Diante disso, a autora deu início ao desenvolvimento de uma lista de critérios para projetos arquitetônicos que atendessem às necessidades das pessoas dentro do espectro. De acordo com Souza (2019, p.54) sugiram estudos e teorias decorrentes, dando suporte para a divisão do tema em duas categorias: a abordagem Neurotípica (Neuro-Typical Approach) e a Teoria do Design Sensorial (The Sensory Design Theory). Ambas teorias são desenvolvidas a partir das questões sensoriais recorrentes em pessoas com TEA. A abordagem neurotípica concentra-se na capacidade das pessoas se adaptarem a diferentes cenários da vida urbana e pública, enquanto a abordagem da integração sensorial concentra-se na promoção de um ambiente sensorial controlado, confortável, que possibilita o desenvolvimento de habilidades úteis. (SOUZA, 2019). 23 Teoria do Design Sensorial (Willbarger; Anderson; Mostafa; Pomana; Khare e Mullick) A teoria do design sensorial baseia-se no conceito de ambiente sensorial como ator principal no processo de percepção e desenvolvimento do comportamento. Assim como o conceito de "dieta sensorial" (Willbarger e Willbarger, 1991 e Anderson, 1998), esse ambiente é considerado algo que pode ser manipulado em benefício do usuário com TEA. Se considerarmos a percepção típica como a compreensão e a resposta relevante às informações sensoriais do ambiente, poderemos entender melhor o papel da arquitetura no comportamento das crianças com o espectro. De acordo com Mostafa (2008), o comportamento dos portadores do TEA pode ser influenciado favoravelmente alterando o ambiente sensorial, ou seja, a entrada estimulatória resultante do ambiente físico da arquitetura (cor, textura, ventilação, sensação de fechamento, acústica, orientação, entre outros). Diante do contexto, podemos analisar que crianças com TEA, possuem uma incapacidade de assimilar a entrada sensorial do ambiente de uma maneira típica. O déficit que as pessoas com TEA possuem pode se manifestar de maneira hipo ou hipersensível, ou seja, pelo excesso ou falta de estímulos, no qual, implica nas habilidades comportamentais e lúdicas. Mostafa (2012) acredita que proporcionando um ambiente mais seguro e confortável para pessoas com o espectro, o processo de aprendizagem e o desempenho de suas habilidades serão potencializadas dentro desse ambiente. Dito isso, algumas diretrizes foram sugeridas e avaliadas em um projeto de ambiente escolar, indicando resultados promissores (Mostafa, 2006; Mostafa, 2008; Mostafa, 2013). Os princípios abordados estão no Índice de Autismo ASPECTTSS, que foram utilizados como base para o desenvolvimento do Design da Advanced Center For Autism, no Egito: Segundo (POMANA, apud SOUZA, 2019, p.56), a teoria do design sensorial conduz na compartimentação dos espaços em áreas de alto estímulo sensorial, como salas de treinamento e conferência, intermediando a convivência pública e áreas de baixo estímulo destinadas a atividades de tratamento. A compartimentação dessas áreas de funções e níveis de estímulos diferentes deve ocorrer de forma controlada através da configuração espacial. O intuito é respeitar a necessidade sensorial do indivíduo com TEA, trabalhando de forma controlada o ajuste sensorial a cada ambiente e situação, diminuindo a sobrecarga sensorial e favorecendo o foco, a atenção e a aprendizagem. Essa lógica é reforçada por Mostafa (2008), em que os ambientes podem conter agrupamentos espaciais seguindo o sentido das pessoas com TEA, envolvendo funções sensoriais compatíveis. Esses agrupamentos podem ser acessados através de um sistema de circulação unidirecional, enfatizando e capitalizando a rotina. Dividindo os ambientes em: Alto estímulo, zona de transição e baixo estímulo. Nos espaços podem ser usados cores, padrões ou abstrações para comunicar às crianças a função de várias zonas e espaços, servindo como sinalização e marcos visuais distintos, indicando seu uso e função. 24 1. ACÚSTICO Este critério propõe que o ambiente acústico seja controlado para minimizar o ruído de fundo, o eco e a reverberação. O nível desse controle acústico deve variar de acordo com o nível de foco do usuário exigido dentro do espaço, bem como o nível de habilidade e a gravidade do autismo de seus usuários. (MOSTAFA, 2008,2014) Na pesquisa realizada foi possível perceber que a acústica foi classificada como uma característica mais influente do ambiente sensorial no comportamento do TEA. Devem ser proporcionado um controle acústico para diferentes níveis, para que os usuários possam passar gradualmente de um nível de controle acústico para o próximo. 1. ACÚSTICO 2. Sequenciamento Espacial Esse critério baseia-se no conceito de capitalizar a afinidade dos indivíduos com autismo com a rotina e a previsibilidade. Juntamente com o critério de Zoneamento Sensorial. O Sequenciamento Espacial requer que as áreas sejam organizadas em uma ordem lógica, com base no uso programado típico desses espaços. (MOSTAFA, 2014) Esse método baseia-se no conceito de reunir o entendimento dos indivíduos com TEA com a rotina e a previsibilidade. Os espaços devem estar dispostos de forma que tenha uma ordem lógica, possuindo um planejamento típico desses espaços, contendo uma fluidez de uma atividade para a seguinte e, fazendo uso de zonas de transição entre esses espaços. 3. Espaço de Escape O objetivo de tais espaços é proporcionar alívio ao usuário autista da superestimulação encontrada em seu ambiente. Pesquisas empíricas mostraram o efeito positivo de tais espaços, particularmente em ambientes de aprendizagem. Esses espaços podem incluir uma pequena área particionada ou um espaço em uma seção silenciosa de uma sala ou edifício (MOSTAFA, 2008,2014). Os espaços de escape podem se localizar no edifício próximos de zonas de alto estímulo e que seja de fácil acesso para os usuários, podendo ser pequenos espaços, como nichos ou lugares que as crianças podem eventualmente se isolar para descansar do convívio social. 4.Compartimentalização A filosofia por trás desse critério é definir e limitar o ambiente sensorial de cada atividade, organizando uma sala de aula ou mesmo um edifício inteiro em compartimentos. Cada compartimento deve incluir uma função única e claramente definida e consequente qualidade sensorial. (MOSTAFA, 2014) Os espaços devem ser separados definindo seus usos, que podem ser por meio de móveis flexíveis, diferenças de revestimento de piso, cor e até mesmo variações na iluminação. Devem definir sua função a partir das suas qualidades sensoriais, usadas para separá-la de outros espaços, desse modo, ajudando a proporcionar pistas sensoriais sobre o que é esperado pelo usuário. 5.Zonas de Transição Trabalhando para facilitar o Sequenciamento Espacial e o Zoneamento Sensorial, a presença de zonas de transição ajuda o usuário a recalibrar seus sentidos à medida que passam de um nível de estímulo para o próximo. Tais zonas podem assumir uma variedade de formas e podem ser qualquer coisa, desde um nó distinto que indica uma mudança, até uma sala sensorial completa que permite a recalibração sensorial antes de fazer a transição de uma área de alto estímulo para uma de baixo estímulo. (MOSTAFA, 2014) 6.Zoneamento sensorialEssa zona serve tanto para mudança de espaços de alto e baixo estímulo, quanto para ser espaços de escape, que possuam uma boa vegetação e lugares que as pessoas possam descansar e se sentirem mais tranquilas Trabalhando para facilitar o Sequenciamento Espacial e o Zoneamento Sensorial, a presença de zonas de transição ajuda o usuário a recalibrar seus sentidos à medida que passam de um nível de estímulo para o próximo. Tais zonas podem assumir uma variedade de formas e podem ser qualquer coisa, desde um nó distinto que indica uma mudança, até uma sala sensorial completa que permite a recalibração sensorial antes de fazer a transição de uma área de alto estímulo para uma de baixo estímulo. (MOSTAFA, 2014) 7. Segurança Um ponto que nunca deve ser esquecido ao projetar ambientes para crianças, a segurança é uma preocupação ainda maior para crianças com autismo, que podem ter uma sensação alterada de seu ambiente, por exemplo, usando acessórios de segurança para água quente e evitando cantos e bordas afiadas. (Mostafa, 2014). Esse critério é determinado devido ao processamento de percepção das pessoas com TEA, que podem interferir como elas entendem a noção de perigo, é necessário cuidados nas escolhas dos materiais, superfícies, barreiras e disponibilizar layouts que permitam uma constante observação dos responsáveis pelos usuários. No entanto, outros autores sintetizaram através de uma pesquisa teórica sobre as publicações existentes referentes à arquitetura para o TEA, considerando Mostafa como uma de suas referências. No artigo de Khare e Mullick (2009) ‘’Incorporating the behavioral dimension in designing inclusive learning environment for autism’, definiram dezoito parâmetros para a proposta para espaços do usuário TEA: 14. Maximizar durabilidade e manutenção; 15. Minimizar distrações sensoriais; 16. Proporcionar integração sensorial; 12. Maximizar acessibilidade; 13. Proporcionar assistência; 1. Proporcionar estrutura física; 2. Maximizar estrutura visual; 3. Proporcionar instruções visuais; 4. Oferecer oportunidades para participação da comunidade; 5. Apresentar oportunidades para a participação familiar; 6. Apresentar oportunidades para inclusão; 7. Maximizar a futura independência; 8.Oferecer padrões espaciais generosos; 9.Proporcionar espaços de fuga; 10.Maximizar segurança; 11. Maximizar compreensão; Os parâmetros apresentados acima sobre as pesquisas de Mostafa e Khare et. al, servem como base de pesquisa e desenvolvimento de projetos arquitetônicos pensados para pessoas com Transtorno do Espectro autista, e como o ambiente pode influenciar na vida de seus usuários. 25 3. 1 Conceito de Biofilia e suas aplicações na arquitetura para TEA O conceito que estabelece a biofilia é a ‘’afeição do ser humano a se relacionar com a natureza’’, o design biofílico exerce o papel importante de resgatar a conexão humana com o ambiente natural. No entanto, o design biofílico aplicado nos espaços do centro dia pode reduzir o estresse, melhorar a função cognitiva e a criatividade das crianças, melhorando o bem-estar e contribuindo para uma melhor qualidade de vida. O arquiteto paisagista Frederick Law Olmsted argumentou em 1865, que: Esse capítulo apresenta os conceitos de projeto que vão de encontro com as teorias e estudos citados na seção anterior. No qual, o desenho biofílico apresenta estratégias que incorporam características do mundo natural aos espaços construídos, proporcionando benefícios como um melhor desempenho em tarefas que envolvem cognição e memória, maiores chances de um desenvolvimento saudável e pleno em crianças e qualidade de vida. o prazer de paisagens emprega a mente sem fadiga e ainda a exercita, a tranquiliza e ainda a anima; e assim, através da influência da mente sobre o corpo, dá o efeito de um descanso refrescante e revigorante a todo o sistema.’’ BROWNING et al. (2014) A utilização do design biofílico no espaço da saúde, ajuda a resolver questões arquitetônicas, como conforto ambiental, ocasionando bem-estar e melhoria na qualidade de vida para aqueles que se apropriam do espaço. As aplicações do projeto biofílico podem criar uma estratégia para desafios familiares tradicionalmente associados ao desempenho do edifício, como conforto térmico, acústica, gerenciamento de energia e água, além de questões de maior escala, como biodiversidade e diminuição de inundações. Sabemos que o aumento do fluxo de ar natural pode ajudar a prevenir a síndrome do edifício doente; a luz do dia pode reduzir os custos de energia em termos de aquecimento e resfriamento (LOFTNESS & SNYDER, 2008); e o aumento da vegetação pode reduzir o material particulado no ar, reduzir o efeito de ilha de calor urbano, melhorar as taxas de infiltração de ar e moderar a poluição sonora. (FORSYTH & MUSACCHIO, 2005) As estratégias de intervenção ao projeto atendem a linha de saúde dos usuários e as necessidades de desempenho e, a partir disso, é desenvolvido uma série de design biofílicos baseados em evidências padrões, idealizando um grau de eficácia. ’’Os padrões combinados tendem a aumentar a probabilidade de benefícios à saúde de um espaço.’’ (BROWNING et al., 2014) Somos atraídos por elementos naturais, como água, ar e vegetação. A natureza tem muitas propriedades restauradoras, e quando associada a ambientes, podem nos recuperar de tarefas difíceis ou de superestimulação mais rapidamente, além de melhorar o funcionamento cognitivo e a capacidade de atenção. De acordo com Browning et al. (2014) as paisagens e as necessidades das pessoas estão em constante estado de fluxo, é um desafio garantir que a resposta desejada à saúde seja sempre vivenciada. É impossível prever todas as interações da natureza humana ou garantir a resposta desejada por um período para cada usuário com base em uma estratégia ou intervenção específica. Que de fato, podemos assumir que a eficácia de muitos padrões biofílicos provavelmente aumentará e diminuirá com ciclos diurnos e sazonais. Espaços com vegetação são importantes para as pessoas não se sentirem sobrecarregadas e estressadas, visando a satisfação dos usuários do espaço. Também interfere no aspecto acústico, no qual, cria uma barreira acústica; ruídos excessivos causam inquietação e nervosismo, mesmo que não sejam muito altos, ocasionam também irritação. Para esse fim, podemos utilizar a vegetação como uma fonte de controle de qualidade acústica, mas também como controle do conforto térmico, ambiental e luminoso. Diante disso, Browning et al. (2014) apresenta algumas estratégias de design biofílicos que vão de encontro com as estratégias já apresentadas acima, que ajudam no projeto proposto para o Centro-Dia, são elas: O objetivo do padrão Conexão visual com a natureza é oferecer um ambiente que ajude o indivíduo a mudar o foco para relaxar os músculos oculares e suavizar a fadiga cognitiva. O efeito de uma intervenção melhora à medida que a qualidade de uma visão e a quantidade de biodiversidade visível aumenta. As respostas para as visões da natureza, mostra um estresse reduzido, funcionamento emocional e melhores taxas de concentração e recuperação. (BROWNING et al., 2014). Geralmente essa estratégia é combinada com vários outros padrões. Alguns elementos podem servir como conexão visual no projeto, como: Ÿ Layouts e móveis espaciais que tenha a linha de visão para o externo Ÿ Fluxo de água mecânico Ÿ Paredes verdes Conexão visual com a natureza 26 Ÿ Iluminação difusa nas paredes e no teto dos ambientes; A luz influencia no conforto ambiental, no qual proporciona excelentes condições de permanência com a sensação de bem-estar, buscando adaptação dos inúmeros aspectos sensoriais. O uso de elementos e estratégias, tais como: Ÿ Iluminação natural; Iluminação com ajuste de cores. Ÿ Várias fontes de luz elétrica de baixo brilho; Ÿ Distribuição de luz; Ÿ Aberturas de janelas e portas; O objetivo do padrão deluz dinâmica e difusa é duplo: fornece aos usuários opções de iluminação que estimulem os olhos e prendam a atenção de maneira a gerar uma resposta psicológica ou fisiológica positiva. (BROWNING et al., 2014). De acordo com Kellert (2008), a luz é importante para nosso sistema visual e simplesmente é necessária para informar sobre as informações do nosso ambiente. Suas qualidades efêmeras podem ser uma fonte de prazer, mudando constantemente ao longo do dia, mês ou ano, o que cria espaços dinâmicos para os usuários. De fato, a luz afeta na qualidade dos espaços, e é necessária para nossa saúde física e emocional. Precisamos da luz para regular o ritmo cardíaco, o ciclo de sono, melhorar a funcionalidade visual e reduzir o estresse do sistema visual. Luz dinâmica e difusa 27 Ÿ Painéis acústicos (parede ou teto); Formas e padrões biomórficos- O objetivo das formas e padrões biomórficos é oferecer elementos de design que permitam os usuários terem uma conexão com a natureza. A finalidade é criar um ambiente visual que aprimore o desempenho cognitivo enquanto ajuda a reduzir o estresse. Sendo utilizados: Ÿ Detalhes da mobília; imagens Ÿ Adesivo de parede, estilo de pintura ou textura; Ÿ Forma de móveis; Ÿ Forma de caminho e corredor. Formas e padrões biomórficos Ÿ Refúgio modular: Pequena proteção (cadeira com encosto alto, treliça suspensa). Ÿ Refúgio extenso: ocultação quase completa (leitura / telefone / cabines para dormir, salas de reuniões com mais de 3 paredes, escritórios particulares, casas na árvore). O objetivo do padrão Refúgio é proporcionar aos usuários um ambiente de fácil acesso e proteção, dentro do edifício, no qual, ele possa se retirar para diminuir estímulos sensoriais. Um bom espaço de refúgio é separado ou circundante no ambiente, contendo um controle de limite visual. (BROWNING et al., 2014) Podem ser desenvolvido alguns refúgios, como: Ÿ Refúgio parcial: vários lados cobertos (cantos de leitura, assentos de cabine, assentos de janelas de sacada, camas de dossel, gazebos, árvores de dossel, galerias, passarelas cobertas ou varandas). Refúgio 3. 2 Psicologia Ambiental e suas premissas espaciais para o TEA A Psicologia Ambiental é uma área da psicologia que ajuda o ser humano a viver melhor com o espaço construído a sua volta. Contudo, essa terminação de Psicologia Ambiental foi utilizada pela primeira vez, em 1943, pelo psicólogo Egon Brunswik, elaborando uma pesquisa empírica sobre percepção interpessoal e estudos sobre a representatividade do design (SOUZA, 2018, p.32). Por outro lado, Valera (1996, p2 apud FREIRE; VIEIRA, p.32) define a psicologia ambiental, como: Na definição de Moser (1998, p.121 apud FREIRE; VIEIRA, p.32) ‘’ a psicologia ambiental estuda a pessoa em seu contexto, apresentando como tema central as interrelações entre a pessoa e o meio ambiente físico e social’’. Podemos determinar que o ambiental exerce um efeito sobre o comportamento de um único indivíduo ou de um grupo, o ambiente nunca é neutro, pois a existência ou ausência de um dado elemento passa uma sensação. Para Barros et. al. (2005), a psicologia ambiental busca contribuir para o conforto dos ambientes construídos em um sentido mais abrangente, essa área envolve o estudo das sensações psicológicas e fisiológicas das pessoas dentro destes ambientes.’’ Desse modo, podemos definir a atuação em psicologia ambiental como interdisciplinar e transdisciplinar, inclusive devido ao fato de ser recente a ‘’criação’’ desta área como vinculada à psicologia.’’ (FREIRE; VIEIRA, p.32) ‘’(...) disciplina que tem por objeto o estudo e a compreensão dos processos psicossociais derivados das relações, interações e transações entre pessoas, grupos sociais ou comunidades e seus entornos sócio físicos.’’ Essas características dos espaços exercem um papel fundamental na maneira como as pessoas se relacionam com o espaço, independente de qual seja as sensações que eles provocam. Portanto, é importante o estudo e o planejamento de espaços construídos para crianças com TEA, no qual, procura elementos técnicos e perceptivos para criar espaços direcionados a esses usuários, buscando atender necessidades sensoriais que dependem de uma resposta positiva do ambiente, influenciando na qualidade do seu desenvolvimento psíquico e motor. De acordo com Elali (1997), a psicologia ambiental exercita a ser um espaço, constituído entre o conhecimento psicológico e o arquitetônico que pode alimentar a produção de um ambiente mais humanizado e ecologicamente coerente (p.352). Para Laureano (2017), ‘’é possível perceber na psicologia ambiental a relação dos fatores e elementos ambientais influenciando nos sentidos, na percepção e posteriormente nas ações dos indivíduos diante de um determinado ambiente.’’ (p.51) No entanto, as características espaciais como, iluminação, escala e proporção assim como materiais e suas texturas emitem informações para nossos sentidos, afetando a maneira como nos relacionamos com o espaço, produzindo sensações e reações. Os fatores que devem ser considerados ao projetar um ambiente são a segurança dos usuários, a sociabilidade, a facilidade de orientação e outros estímulos sensoriais. Segundo Laureano (2017) a relação do indivíduo com o ambiente gera respostas a partir da sua percepção espacial e dos seus sentimentos, evidenciados em seu comportamento de aproximação ou afastamento (p.52). Algumas características determinantes do espaço construído são capazes de provocar sensações de tranquilidade e segurança, fazendo com que as pessoas se sintam bem e relaxadas ou pode até aumentar a concentração e a produtividade dos usuários, dependendo do ambiente e seus elementos que o compõem. Desta forma, ao criar o espaço, é necessário a utilização de estratégias que busquem aprimorar a experiência sensorial, seja pela influência das cores ou materiais. A influência das cores na percepção visual de pessoas com TEA, tem como objetivo o desenvolvimento de um sistema de comunicação alternativa e integração social. As cores por si possuem significados e, em cada grupo cultural esses significados manifestam-se por diversas maneiras, abrangendo experiências próprias ao contexto que estão inseridos. Ÿ Verde: Promove tranquilidade, descanso, serenidade. Tonifica o sistema nervoso. Ÿ Amarelo: Indicada para situações de calma, reflexão e decisão, pode ter efeito calmante. Estimula o conhecimento, prende a atenção e gera otimismo e alegria. Contudo, as cores devem ser mantidas simples, únicas e puras, ao invés de usar padrões coloridos ou multicoloridos. (PIETRA, 2018). O papel que algumas cores representam nas pessoas com TEA, são responsáveis por um processo de desenvolvimento das crianças: Ÿ Laranja e amarelo: Esses tons despertam a sociabilidade das crianças e são indicados por estimular o bom humor; Ÿ Laranja: Promove sensação de bem-estar e alegria, ligada a vitalidade, equilíbrio Algumas pessoas com TEA apresentam menos precisão do que as outras pessoas em determinados processos como a procura por cores, memória de cores e detecção do ponto de transição das cores. De acordo com o Brites (2020) a complexibilidade do espectro faz com que os indivíduos tenham uma menor discriminação cromática em relação àqueles que são neurotípicas. No entanto, isso entra na questão da característica que cada um traz consigo; ou seja, não se pode generalizar. Ÿ Azul: Influência a comunicação verbal, assim como deixam mais calmas e equilibradas, proporcionando o bem-estar 3.3 DESENHO UNIVERSAL O conceito de desenho universal surgiu devido às reivindicações de segmentos sociais, por pessoas com deficiência que não sentiam que as suas necessidades eram contempladas no espaço projetado e construído e por arquitetos, urbanistas, designers e engenheiros que desejavam que o uso dos espaços fosse utilizado por todos. Segundo a Cartilha de desenho universal, a expressão ‘’Universal
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