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TEA 6

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AULA 6 
TRANSTORNO DO ESPECTRO 
AUTISTA
Profª Ligia Maria Bueno Pereira Bacarin 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Prezados cursistas, neste módulo sobre o Transtorno do Espectro 
Autista – TEA, abordaremos as evidências científicas. Isto é, o que 
comprovadamente funciona para ajudar no tratamento de autistas? Sendo essa a 
nossa questão norteadora, uma vez que o TEA é uma síndrome ainda muito 
desconhecida e, em decorrência da complecidade das suas ramificações, não nos 
cabe apresentar teorias que são de pouca experimentação e comprovação de 
resultados. 
 Serão elencadas algumas das principais abordagens que demonstram 
bons resultados. Brites (20018) afirma que o tratamento contemporâneo para o 
TEA é baseado em estudos científicos controlados, realizados por muitos anos 
em diversos centros de pesquisas das mais renomadas e respeitadas instituições 
acadêmicas tanto dos EUA como do Canadá e da Europa. 
 Para esse autor, são intervenções conjuntas, englobando psicoeducação, 
suporte, orientação de pais, diferentes modalidades de terapia comportamental 
fonoaudiologia, treinamento de habilidades sociais, medicação, dentre outras 
abordagens que ajudam na melhoria da qualidade de vida da criança autista, 
proporcionando uma melhor adaptação ao meio em que ela vive. 
 Destacaremos neste módulo as principais intervenções utilizadas no 
tratamento do Transtorno do Espectro Autista atualmente. Elencaremos um 
conjunto de referências terapêuticas das principais diretrizes mundiais sobre o 
tema, além das recomendações da Academia Americana de Psiquiatria da 
Infância e Adolescência, da Academia Americana de Pediatria, da Sociedade 
Brasileira de Pediatria e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças – CDC. 
TEMA 1 – ASPECTOS LEGAIS DO TEA 
A Lei n. 12.764/2012 institui a chamada Política Nacional de Proteção dos 
Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, que garante os mesmos 
direitos previstos para pessoas com deficiência. 
Conforme a legislação brasileira, toda escola pública ou privada deve 
receber a criança ou o estudante com o diagnóstico de autismo. Todavia, 
consideramos que a escola, para além do que se estabelece dentro da lei, deve 
receber a criança autista com compromisso, envolvendo toda equipe. Isso, 
quando acontece, consegue fazer toda a diferença. No âmbito da sala de aula, da 
 
 
3 
mobilização de outros estudantes e dos pais, para que a inclusão aconteça de fato 
sem gerar custos adicionais ao autista. 
 Leis e isenção de tarifas para autistas: 
A Lei n. 8989/95 garante às pessoas diagnosticadas com autismo o direito 
à isenção do imposto sobre produtos industrializados, o IPI. Também pode ser 
obtida isenção do ICMS e IPVA, com base nas legislações estaduais. Esses 
direitos podem ser exercidos por meio de seu representante legal, nesse caso, na 
condição de não condutores, quando não puderem dirigir seus próprios veículos 
(caso dos menores de idade). A isenção do IPI destina-se aos automóveis 
fabricados no Brasil. No entanto, tal direito com benefício de isenção só pode ser 
exercido apenas uma vez a cada dois anos, não existindo número limitado para 
sua concessão. 
Condições para exercício do direito: 
• Apresentar laudo de serviço médico (público ou privado) que integre o SUS 
ou de entidade de assistência social (exemplo: Apae, pestalozzi etc.), além 
de outros documentos. 
• O veículo será adquirido em nome do beneficiário do direito. 
• Nos casos de não condutores, poderá ser adquirido veículos sem qualquer 
adaptação ou características especiais, já que o beneficiário não conduzirá 
o veículo. 
• Poderá ser obtida isenção de IPI, ICMS e IPVA. (já que a isenção do IOF 
somente é concedida para condutores). 
• Não há limite de valor do veículo para isenção do IPI. (ao contrário do que 
muitos pensam) 
• Para isenção do ICMS e IPVA o veículo não poderá ultrapassar o limite de 
R$ 70.000,00. 
• As isenções valem para carros nacionais ou fabricados no Mercosul. 
• O benefício poderá ser utilizado para a compra de 1 veículo a cada 2 anos, 
sem limite de aquisições. 
• O pagamento do veículo pode ser realizado via financiamento, consórcio, 
ou qualquer outro meio que um consumidor comum utilizaria. 
• Muitas vezes, na hora da venda do veículo, o valor será superior ao que 
pagou ao comprá-lo, gerando até mesmo lucro na operação. 
4 
• Não há vínculo dos nossos serviços com nenhuma concessionária, 
podendo escolher a marca e modelo que preferir.
No Estado de São Paulo, a pessoa com TEA proprietária de veículo ou 
pessoa responsável por sua locomoção, tem direito de isenção do rodízio 
municipal. No mesmo estado, as pessoas com TEA contam com bilhete único 
especial vitalício (em casos do uso de transporte público); o cartão isenta os 
mesmos do pagamento de tarifa nas viagens de ônibus urbanos. Os 
cartões de estacionamento podem ser obtidos, tanto pelo proprietário quanto 
pelo condutor do veículo, de forma totalmente gratuita, para utilização em todo 
território nacional. 
As companhias aéreas que operam no Brasil, subordinadas 
à ANAC, podem disponibilizar descontos de 80% do valor total 
na passagem de acompanhantes de pessoas com TEA. O acompanhante deve 
ser responsável na prestação de todo o tipo de assistência, incluso 
assistência médica. Para conseguir obter este benefício é necessário o 
preenchimento de um formulário nomeado Medical Information Form – MEDIF. 
TEMA 2 – ASPECTOS ESPECÍFICOS DOS MODELOS DE INTERVENÇÃO NO 
TEA 
No texto de teatro “A Vida de Galileu”, de Bertolt Brecht, apresenta-se a 
seguinte resposta do personagem Galileu ao seu filho Andrea em um 
momento em que este precipitava na interpretação de um experimento 
científico: “Muitas vezes a causa principal da pobreza, em ciência, é a 
riqueza presumida. A finalidade da ciência não é abrir a porta ao saber 
infinito, mas, colocar limite à infinitude do erro” (Brecht, 1991, p. 128). 
O que o texto do dramaturgo alemão nos ensina é que não 
podemos trabalhar com verdades absolutas e precipitadas. Nesse sentido, para 
a escolha do conjunto de práticas metodológicas, precisaremos também 
estabelecer as principais problemáticas acerca do TEA para que a 
escolha na forma da intervenção tenha lucidez e se paute na prática. Os 
principais problemas que são entrave na aplicação dos métodos de 
intervenção, conforme Brites (2018), são: 
 
 
5 
Quadro 1 – Principais problemas na aplicação dos métodos de intervenção 
1- Pouco conhecimento das equipes de Saúde e educação. 
2- Desintegração e descontinuidade. 
3- Insegurança dos professores. 
4- Ausência de equipes multidisciplinares. 
5- Burocracia para as medicações (respiridona). 
6- Fora do SUS, alto custo. 
7- Medicina focada na medicação. 
8- Pouca atenção em relação à qualidade de vida da família. 
9- Infraestrutura desprovida de condições. 
10- Psicoeducação: como lidar no dia a dia com essa criança? 
Fonte: adaptado de Brites, 2018 
Com todos os problemas anteriormente elencados, a escolha do conjunto 
das metodologias que serão base para as ações com o autista precisa partir de 
uma consciência real das limitações e dos obstáculos que enfrentarão para 
desenvolvê-las. Entendemos que o maior obstáculo está na área de atuação da 
psicoeducação porque precisamos saber o que é o autismo e como lidar com o 
sujeito que tem tais características, com aqueles traços, no dia a dia. Assim, os 
processos psicoeducativos são a regra para conduzir crianças com TEA. 
Conforme o esquema abaixo: 
Figura 1 – Atuação da psicoeducação 
 
Sobre o fluxograma anterior, Bosa (2006, p. 48) afirma que: 
Em geral, a maioria dos indivíduos tende a melhorar com a idade quando 
recebe cuidado apropriado. No entanto, os problemas de comunicação 
PSICOEDUCAÇÃO
Pensamentos
Emoções e 
sentimentos
Reações 
Corporais
Comportamentos
 
 
6 
e sociabilização tendem a permanecer durante toda a vida. Os estudos 
de revisão sobre prognósticoe desfecho do autismo demonstram que os 
melhores preditores do funcionamento social geral e desempenho 
escolar, são o nível cognitivo da criança, o grau de prejuízo na linguagem 
e o desenvolvimento de habilidades adaptativas, como as de auto-
cuidado. Portanto, os pais, ao optarem por certo tipo de intervenção, 
precisam ter em mente que até hoje não há boas evidências de que um 
tratamento específico seja capaz de curar o autismo e que tratamentos 
diferentes podem ter um impacto específico para cada criança. Esse 
impacto depende da idade, do grau de déficit cognitivo, da presença ou 
não de linguagem e da gravidade dos sintomas gerais da criança. É 
importante estar consciente de que a maioria das crianças autistas não 
apresenta déficits em todas as áreas de desenvolvimento e que muitas 
possuem um ou mais comportamentos disfuncionais por breves 
períodos ou em situações específicas. 
TEMA 3 – ASPECTOS GERAIS DOS MODELOS DE INTERVENÇÃO NO TEA 
Bodgan e Biklen (1994) observam que independentemente do diagnóstico 
dentro do espectro, o indivíduo TEA é um ser humano relacional e seu 
desenvolvimento deve ser situado no seu contexto familiar e social. Entretanto, 
algumas questões sobre o tratamento são fundamentais para se alcançar todos 
os seus resultados. Estimulação deve ser frequente, iniciada logo cedo com o 
emprego de diversas técnicas, e o apoio familiar com o comprometimento dos pais 
é fundamental no tratamento voltado para o desenvolvimento do indivíduo TEA. 
O pressuposto para a escolha do modelo de intervenção é a elaboração do 
Plano Individual de Tratamento – PIT, pelo neurologista junto com a equipe 
multidisciplinar, e considerará todas as necessidades que o indivíduo TEA 
apresenta naquele momento. Santos e Sousa (2009) consideram que o autismo 
engloba uma série de particularidades com muitas possibilidades de tratamento e 
cada indivíduo apresenta maneiras diferentes de responder a estes. No entanto, 
toda e qualquer abordagem irá cobrir os pilares do desenvolvimento 
comportamental e do desenvolvimento escolar tendo ou não o auxílio 
medicamentoso. Deve constar no Plano Individual de Tratamento quais tipos de 
intervenção serão adequadas para aquele indivíduo e a carga horária que devem 
ser aplicadas. 
O “Cone”, ou Pirâmide da Aprendizagem, desenvolvido por Wiliams e 
Shellenberger (1996), demonstra que existe uma ordem no desenvolvimento da 
aprendizagem. Conforme a imagem, na base estão os sentidos que não são os 
clássicos, porque o nosso sistema nervoso precisa de pré-processar o toque, 
movimento, força, gravidade e posição do corpo. Este processamento sensorial 
 
 
7 
estabelece uma boa base para o desenvolvimento de todo o resto. Para esses 
autores: 
A interação com os sistemas é complexa e necessária para interpretar 
uma situação de forma rigorosa e fazer a resposta adequada e 
apropriada. E é assim que você pode compreender o conceito de 
integração sensorial, tais como a capacidade do nosso sistema nervoso 
central para organizar e interpretar informações capturadas pelo sistema 
sensorial (visual, auditivo, gustativo, olfativo, tátil, proprioceptiva e 
vestibular) com o objetivo de responder adequadamente em nosso 
ambiente. 
Figura 2 – “Cone”, ou Pirâmide da Aprendizagem, desenvolvido por Wiliams e 
Shellenberger 
 
Fonte: Teach-me citado por Karla, 2013. 
Organizamos uma síntese acerca de cada tópico da pirâmide para melhor 
compreensão de cada processo de aprendizado. 
 
 
 
8 
Quadro 2 – Síntese sobre cada tópico da pirâmide 
SISTEMA SENSORIAL 
SISTEMA TÁTIL, VESTIBULAR, PROPRIOCEPTIVO 
Auditivo: perceber corretamente, discriminar, transformar e reagir a sons. 
Oral: perceber corretamente, discriminar, processar e responder aos paladares ou a 
estímulos dentro da boca. 
Olfativo: perceber corretamente, discriminar, processar e responder a diferentes 
odores. 
Visual: perceber corretamente, discriminar, processar e responder ao que se vê. 
SENSORIAL MOTOR 
Segurança postural: estabilidade e condições para o movimento. 
Consciência dos dois lados do corpo: realizar movimentos utilizando lados direito e 
esquerdo. 
Planejamento motor (praxia): capacidade de organizar, planejar e executar 
habilidades motoras perfeitas, novas ou não praticadas. 
Esquema corporal: consciência do corpo como meio de comunicação consigo mesmo 
e com o meio. 
Maturação dos reflexos: desempenho mecanicamente eficiente coordenado e 
controlado. 
Discriminação sensorial: habilidade para interpretar as características temporais e 
espaciais dos diferentes estímulos sensoriais. 
PERCEPÇÃO MOTORA 
Coordenação olho-mão 
Sistema motor ocular: reflexo que estabiliza as imagens na retina durante o 
movimento da cabeça ao produzir um movimento ocular na direção oposta ao 
movimento da cabeça, desta maneira preservando a imagem no centro do campo 
visual. 
Ajuste postural: estabilidade e condições para o movimento. 
Habilidades linguísticas e visuais. 
Percepção visual-espacial: a identificação de um estímulo e a sua localização 
Funções de atenção e concentração. 
COGNIÇÃO 
Atividades de vida diária (AVD) 
Comportamento 
Aprendizado 
Consideremos a tabela anterior como base para destacarmos os principais 
modelos utilizados no tratamento do Transtorno do Espectro Autista atualmente, 
sendo eles: 
1- Modelo de intervenção de natureza psicanalítica. 
2- Modelo de intervenção de natureza comportamental. 
3- Modelo de intervenção de natureza cognitiva-comportamental. 
Os modelos de tratamento abrangentes para crianças com autismo 
podem ser divididos em quatro categorias: intervenções 
comportamentais individuais, conduzidas por adultos; intervenções 
individuais, conduzidas por crianças; intervenções em grupo e 
intervenções inclusivas (Gabbard, 2007, p. 97 cit. por Correia, 2014, p. 
52). 
 
 
9 
Salientamos que dentre os três principais modelos de intervenção utilizados 
para o tratamento do autismo, no Brasil são usados os de natureza cognitivo 
comportamental, pois eles auxiliam a criança a reconhecer seus sentimentos 
irregulares, suas emoções, controlar ansiedade, reduzir a impulsividade e 
melhorar seu comportamento social. Em detrimento disso, serão esses modelos 
apresentados nesse módulo. 
3.1 O programa Portage 
Desenvolvido por Susan Bluma, Marcha Shearer, Alma Frohman, Jean 
Hilliard, Mollie White, Kathy East, no fim dos anos 60 nos EUA. 
É um programa de educação precoce destinado a pais e a assistentes 
terapêuticos – AT,1 como sistema de ajuda à educação de crianças com atrasos 
do desenvolvimento, seja a nível domiciliário, seja a nível de contextos educativos. 
O programa é constituído por 619 comportamentos, separados em 6 áreas 
de desenvolvimento: Estimulação do Bebê; Socialização; Linguagem; Autonomia; 
Desenvolvimento Motor e Cognição. 
Marques (2000, p. 93), define que: 
Os pais são envolvidos, desde o início, no processo de seleção das 
áreas de intervenção. Regra geral, pretende-se fomentar uma espécie 
de “negociação” entre as prioridades dos pais e as necessidades que o 
“visitador” domiciliário considera relevantes para a criança. Em casa, é 
deixado um quadro de referência, de recomendações e metas a atingir, 
que será alvo de análise na visita seguinte. A filosofia de base é tornar 
os pais mais competentes para lidar, eficazmente, com os problemas do 
seu filho. 
Os autistas são ensinados, por meio de um planejamento estruturado, 
combinado por um procedimento de treino domiciliar, um programa de avaliação 
e orientação dos pais pelos profissionais, que em parceria, definem metas, de 
acordo com as necessidades do autista. O processo vai sendo avaliado e 
reformulado frequentemente. 
 
1 Cavaco (2009) afirma que o assistente terapêutico é a ligação entre educadores, pais e estudantes. Sua 
função no tratamento e no processo pedagógico do autista não é ser um facilitador, mas, como 
denominaram osestadunidenses, ser uma shadow, ser uma sombra da criança, pois irá auxiliar na sala de 
aula e em todos os ambientes escolares, regulando as regras sociais e estimulando a comunicação e sua 
participação em sala. Acompanhando sua interação social com outras crianças, corrigindo rituais e 
comportamentos repetitivos e auxiliando o estudante TEA em situação de irritabilidade e impulsividade. O 
seu trabalho deverá ser iniciado após a intervenção do psicólogo e analista comportamental, embasado no 
diagnóstico clínico do neurologista, que irá identificar as limitações da criança, seus potenciais e poderá 
ordenar e orientar o trabalho deste mediador. 
 
 
10 
No Brasil, não é muito utilizado, entretanto, adota-se uma mescla entre a 
Terapia Ocupacional – TO – e a Terapia de Integração Sensorial – TIS. Na TO, 
a finalidade é o ensino de habilidades cotidianas para tornar a criança autista mais 
independente possível e, na TIS, a finalidade é auxiliar a criança autista a interagir 
com as informações sensoriais do ambiente. 
3.2 Son-Rise (Son-Rise Program) 
Desenvolvido de forma intuitiva nos EUA, na década de 70, pelo casal Barry 
e Samahria Kaufman, quando foi diagnosticado que o seu filho tinha autismo. 
Corrêa (2015) entende que é um programa que valoriza a relação interpessoal por 
meio da participação espontânea em relacionamentos sociais. A ideia é a de que 
os pais aprendam a interagir de forma prazerosa, divertida e entusiasmada 
implementando um programa e ações centradas na criança, proporcionando o seu 
desenvolvimento social, emocional e cognitivo. 
Segundo o Autism Treatment Center of America (2006, p. 3) 
Toda a aprendizagem acontece no contexto de uma interação divertida, 
amorosa e espontânea que inspira tanto pais como filho. Pais que 
utilizam o programa son-rise relatam não somente um progresso 
magnífico no desenvolvimento dos filhos, mas também uma melhoria 
dramática em seu próprio bem-estar emocional. 
O mesmo autor afirma que “as atividades são adaptadas a cada criança 
com autismo, de forma a interagir, podendo-a levar a aprender habilidades como 
o contato visual, o brincar, o faz de conta, linguagem e alterações de 
comportamento”. (p. 7) 
O Autism Treatment Center of America apresenta duas configurações de 
interação motivadora, uma delas é seguir a criança e ser sensível a ela, 
motivando-a, pelo recurso aos objetos e atividades do seu interesse. “O adulto 
junta-se na brincadeira até que ela interaja espontaneamente com o mesmo. As 
respostas do adulto são ajustadas de forma a serem motivadoras num ciclo de 
interações recíprocas que visam aumentar o nível de satisfação e relevância de 
interações sociais. Cabe à criança, para além da definição da brincadeira, 
escolher o tempo de interação, princípio e fim” (Autism Treatment Center of 
America, 2006, p. 19). 
Quanto mais tempo a criança passa com um adulto, mais a criança 
aprende, observa-se que as crianças com autismo que demonstram 
mais atenção alcançam níveis mais latos de desenvolvimento linguístico 
(The Autism Treatment Center of America, 2006). 
 
 
11 
Para estabelecermos uma noção efetiva de algumas técnicas desse 
programa: ambiente livre de distrações, usar os comportamentos repetitivos para 
construir uma conexão e priorizar o ensino do contato visual. 
3.3 DIR®/ Floortime™ 
Conforme explicação apresentada por Greenspan e Wieder (2008), o 
Developmental Individual Difference, Relationship-based Model - DIR®/ Floortime 
busca trabalhar o desenvolvimento, a diferença individual e o relacionamento das 
crianças com outras pessoas. É um método que auxilia pais, educadores e outros 
profissionais a analisar o indivíduo com TEA e a empregar a melhor intervenção 
que desenvolve as dificuldades e pontos importantes do autista. As autoras 
observam que o modelo 
Procura construir uma base para aumentar as capacidades sociais, 
emocionais e intelectuais de maneira generalizada, diferente de outros 
modelos que trabalham apenas comportamentos e habilidades de modo 
isolado. Esse tratamento permite que as atividades desenvolvidas 
acessem diferentes regiões do cérebro e da mente, fazendo com que 
eles sejam acionados de maneira conjunta (Greenspan; Wieder, 2008, 
p. 30). 
Corrêa (2015, p. 36) afirma que é um modelo de intervenção intensiva e 
global que utiliza os pontos fortes de uma criança para ajudar a construir 
habilidades como comunicação, planejamento motor, resolução de problemas, 
habilidades sociais, brincadeiras imaginativas, entender as emoções, seguir as 
instruções etc. Muitas vezes, este método inclui o Floortime aliado ao 
envolvimento e participação da família, especialidades terapêuticas, integração 
sensorial, terapia da fala e articulação e integração nas estruturas educacionais. 
Observamos que apresenta uma perspectiva estruturalista, onde o D pode 
ser traduzido como Desenvolvimento, o I como Diferenças individuais e o R como 
Relacionamentos baseados em relacionamentos. Ou seja, nesse modelo todas as 
crianças com PEA têm alguma capacidade para comunicar-se e que esta incide 
do seu grau de motivação. 
Segundo Santos (2009), 
A abordagem Floortime é um modo de intervenção interativa que tem 
como objetivo encorajar os pais a se envolverem com as crianças numa 
relação afetiva. O foco de intervenção é o desenvolvimento emocional 
através do qual se vão desenvolver outras habilidades e [...] permite 
alargar a gama de competências motoras e sensoriais adaptando a 
intervenção às diferenças individuais de cada criança. 
 
 
12 
Dessa forma, para Santos (2009), para além do Floortime devem ainda ser 
usadas interações semiestruturadas de resolução de problemas, em que a criança 
é levada a cumprir objetivos específicos de aprendizagem, por meio da criação de 
desafios dinâmicos que a criança deve resolver. 
TEMA 4 – MODELO ABA E O TEACCH 
Camargo e Rispoli (2013, p. 639) afirmam que a Análise do 
Comportamento Aplicada – ou ABA, sigla em inglês para Applied Behavior 
Analysis, é um dos métodos educacionais com base na psicologia 
comportamental e tem demostrado reduzir os sintomas do TEA e promover uma 
variedade de habilidades sociais, de comunicação e comportamentos adaptativos. 
Segundo esses autores, as características gerais desse método são: 
Uma intervenção baseada na ABA tipicamente envolve identificação de 
comportamentos e habilidades que precisam ser melhorados (por 
exemplo, comunicação com pais e professores, interação social com 
pares, etc.), seguido por métodos sistemáticos de selecionar e escrever 
objetivos para, explicitamente, delinear uma intervenção envolvendo 
estratégias comportamentais exaustivamente estudadas e 
comprovadamente efetivas. Além disso, ABA é caracterizada pela coleta 
de dados antes, durante e depois da intervenção para analisar o 
progresso individual da criança e auxiliar na tomada de decisões em 
relação ao programa de intervenção e às estratégias que melhor 
promovem a aquisição de habilidades especificamente necessárias para 
cada criança (Camargo; Rispoli, 2013, p. 642). 
Teixeira (2016), em seu livro Manual do autismo, afirma que o método 
praticado por psicólogos consiste no estudo e na compreensão do comportamento 
da criança e de sua interação com o ambiente e com os demais. Com o intuito de 
“corrigir os comportamentos problemáticos, estimular os assertivos e práticos, 
para isso são desenvolvidos treinamentos e estratégias específicas, a partir da 
compreensão do funcionamento global da criança na utilização de reforçados 
positivos”. Para esse autor, o progresso da criança pode ser mensurado, se esta 
for estudada de forma detalhada em seu cotidiano. No âmbito do ABA existem 
diversas técnicas comportamentais que podem ser utilizadas com o objetivo de 
focar na aprendizagem, por meio da motivação e do ensino de habilidades verbais. 
O método Tratamento e Educação de Crianças com Autismo e Dificuldades 
de Comunicação – TEACCH, oriundo do inglês Treatmentand Education of 
Autistic and Related Communication-handicapped Children. Na análise de 
Teixeira (2016), objetiva ensinar habilidades por meio de pistas visuais como 
 
 
13 
cartões de lustrados ou figuras que mostram à criança como se vestir a partir de 
informações quebradas em pequenos passos. 
No Brasil, o TEACCH é muito disseminado pelas professoras Maria Elisa 
Granchi Fonseca e Viviane Costa de Leon, habilitadas a dar formações e 
treinamentos no país. O método surgiu na Universidade da Carolina do Norte 
(EUA), objetivando a formação de um programa psicoeducacional voltado 
principalmente a pessoas com TEA. Tem como intuito a organização do ambiente 
e de suas atividades de tal maneira a transmitir aos indivíduos comportamentos 
que deles são desejados – tanto no ambiente de trabalho quanto no ambiente 
escolar. O TEACCH é considerado por muitos um “framework”, ou uma moldura 
em que se insere vários aspectos referentes à sua estrutura. 
Uma das principais críticas traçadas ao TEACCH é a falta de produção 
científica, melhor desenvolvida no ABA – quais sejam acerca da comunicação 
alternativa, sobre o ensino da habilidade de comunicação funcional, bem como na 
área de atuação no comportamento problema. A base teórico-metodológica do 
TEACCH é comportamental, tendo em vista o arranjo de contingências e os 
antecedentes do indivíduo – tal arranjo diz respeito à estruturação do ambiente 
para receber a resposta ou o comportamento almejado. 
O ABA e o TEACCH se completam, uma vez que os resultados do trabalho 
paralelo dão bases ao método de organização visual das atividades e do 
ambiente, de maneira a permitir que o indivíduo possa executar essas atividades 
de forma independente (com a menor interferência de terceiros possível). No que 
tange a bases teóricas para a elaboração de um plano de intervenção 
comportamental, no âmbito tanto terapêutico quanto da psicopedagogia, se faz 
necessária a busca de produção teórica e científica no campo da Análise do 
Comportamento aplicada. 
TEMA 5 – O DEBATE DA PSICANÁLISE SOBRE O TEA 
Existe um grupo que, para além do debate clínico, busca desenvolver, 
concomitantemente, uma narrativa filosófica de base humanista acerca do TEA. 
Como arcabouço metodológico, parte da premissa que todos os indivíduos são 
diferentes, todavia, diferenças não são termômetro para divisão e exclusão entre 
os indivíduos, pois que produzem a vida em sociedade. Isto é, para 
sobrevivermos, independente das nossas especificidades, somos seres coletivos. 
 
 
14 
Algumas dessas características específicas são facilmente identificadas, 
como: biotipo, estilo de vestimenta, maneirismos, características físicas, timbre 
vocal, dentre outras. Outras não são tão fáceis de serem identificadas, por 
exemplo: gosto musical, alimentos preferidos, temores, emoções e habilidades 
especiais nas mais diversas áreas. Além desses elementos, esse grupo afirma 
que a maneira como os indivíduos veem o mundo em sua totalidade também é 
diferente, independentemente do que o mundo se apresente ser na realidade. 
Nessa linha de interpretação, a inversão do real necessita de explicação 
psicanalista, uma vez que a máxima em que “a maneira como as pessoas 
entendem o mundo, não altera o que o mundo é”. Observem a representação 
gráfica a seguir: 
Figura 3 – Representação gráfica de consciência do século XVII 
 
Crédito: Robert Fludd/CC/DP. 
 
 
 
 
15 
 
Ao analisarmos a imagem sobre o processo de consciência, percebemos 
que o conceito se apresenta como elemento agregador na compreensão do TEA. 
Nesse sentido, entendemos a consciência conforme a perspectiva psicossocial 
elaborada por Iasi (2001, p. 9): 
Neste sentido procuraremos entender o fenômeno da consciência como 
um movimento e não como algo dado. Sabemos que só é possível 
conhecer algo se o inserirmos na história de sua formação, ou seja, no 
processo pelo qual ela se tornou o que é, assim é também, com a 
consciência, ela não “é”, “se torna”. Amadurece por fases distintas que 
se superam, através de formas que se rompem, gerando novas que já 
indicam elementos de seus futuros impasses e superações. Longe de 
qualquer linearidade, a consciência se movimenta trazendo consigo 
elementos de fases superadas, retomando aparentemente, as formas 
que abandonou. 
Conforme Iasi (2001), o importante é analisar o “processo de consciência e 
não apenas consciência, porque não a concebemos como uma coisa que possa 
ser adquirida e que, portanto, antes de sua posse, poderíamos supor um estado 
de “não consciência”. Assim como para a corrente psicanalista que estuda o TEA, 
interessa o fenômeno do autismo e seus preceitos enquanto tem forma definida, 
o mais importante é o princípio de sua transformação, de seu desenvolvimento, 
as transições de uma forma de comportamento para outra forma de 
comportamento. 
Para tanto, conceberemos consciência como um estado mental 
caracterizado pelo grau de capacidade de usar a subjetividade, a abstração, a 
ciência, a sapiência para autoconsciência de si mesmo, do mundo e se posicionar 
no mundo. Nesse sentido, o TEA, no âmbito da analogia, é um sujeito do mundo 
que não está no mundo porque não consegue desenvolver seu próprio processo 
de consciência. Precisa ser condicionado e/ou ensinado a se ver no mundo e, 
consequentemente, a se comportar diante do mundo. 
 
 
16 
Figura 4 – Engrenagem do Processo de consciência 
 
 
Conforme a Figura 4, inferimos que as engrenagens representam a mente. 
Cada engrenagem é única, funciona de maneira diferente para todos os indivíduos 
e controla o processo de apreensão sobre o mundo exterior, por isso que o nível 
de consciência sobre a realidade possui graduação diferente, variando a 
intensidade da idealização que os sujeitos possuem sobre o real. Com isso, a 
subjetividade sobre o real também muda, por exemplo, os sentimentos, a forma 
de comunicação, interação e ação sobre a realidade ocorre de acordo com a 
velocidade da engrenagem da mente. 
Todavia, essa engrenagem, que é a mente, é apenas um dos elementos 
da mecânica do cérebro. E, às vezes, essa engrenagem se conecta de certo modo 
na mecânica do cérebro que afeta a velocidade da mente e sua capacidade de 
assimilar sentimentos, o que afeta o comportamento, como lidas e percebidas 
situações e interações. Esse fenômeno podemos conceituar no âmbito da 
narrativa psicossocial, de TEA. 
Prezado cursista, dessa forma, resgatamos a problemática que norteou 
esta aula, sendo ela: o que comprovadamente funciona para ajudar no tratamento 
de autistas? 
Diante dos elementos apresentados, inferimos que a mente do TEA, sua 
engrenagem, não está acoplada à sua mecânica, isto é, sua mente está no 
cérebro, porém, não compõe harmonicamente com ele, está solta, funcionando 
Consciência 
Subjetividade,
Abstração, 
Aquisição de 
conhecimentos
Idealização 
do real
Realidade 
concreta
MUNDO DO 
TEA 
 
FORA DO PROCESSO DE 
CONSCIENCIA. 
 
 
17 
de maneira autônoma. As causas dessa desarmonia são desconhecidas. Porém, 
suas consequências são que, às vezes, a engrenagem do TEA faz com que ele 
desenvolva com facilidade atividades que sujeitos neurotípicos acham difíceis, 
como matemática, desenho ou música. Ou as atividades que são fáceis para os 
demais se apresentam difíceis para o TEA, como as interações sociais, por 
exemplo. 
Entendemos que os sentidos que movem a engrenagem da mente dentro 
da mecânica do cérebro, conforme a velocidade das informações recebidas e 
processadas sobre o mundo exterior. Entretanto, no TEA, a engrenagem da mente 
se movimenta de forma alheia à mecânica do cérebro. E como é ele responsável 
em significar as informações e regular a velocidade dessa engrenagem, para que 
ocorra uma compreensão do que está sendo transmitido, a falta dessa mecânica 
acarreta em uma sobrecarga e confusão da mente, afetando a forma como a 
consciência do mundo se constrói:alheia ao próprio mundo. 
Com isso, todos os estímulos externos são processados com a mesma 
velocidade e sem controle de intensidade, ou seja, sons, cores, multidões, 
abstrações estão sem o controle mecânico do cérebro. Por não compreender a si 
mesmo, o TEA, na grande maioria dos casos, não consegue expressar como se 
sente, dessa maneira, mesmo que sua mente se encontre caótica, externamente 
apresenta uma aparência de equilíbrio, ordem e clareza. 
À vista disso, o TEA não consegue desacelerar sua engrenagem da mente, 
e como ela está desacoplada da mecânica do cérebro, o TEA não sabe e não 
consegue solicitar ajuda externa. Enquanto os sujeitos neurotípicos desenvolvem 
comportamentos para se sentirem calmos em situações de desconfortos 
maneirismos ritualísticos considerados normais, os TEAs também desenvolvem 
comportamentos que os ajudam a passar por tais momentos. Mas essas ações 
se apresentam diferentes do que se considera como normalidade, entretanto, é 
apenas a forma que desenvolveram para se acalmarem. E, quando essas 
estereotipias ocorrem, é porque eles estão enfrentando situações incontroláveis. 
Enfim, pessoas com autismo necessitam de tempo para serem conhecidos, 
para que a partir disso se estabeleça o melhor método para conhecê-los. Com 
isso, toda a nosologia deixa de ser o plano principal acerca do entendimento do 
TEA. Conforme Freire (2012, p. 36), 
Evidência que ainda não se sabe exatamente o fenômeno que o termo 
autismo refere-se, diante disso, salienta que o analista não deve reduzir 
o sujeito as classificações como justificáveis aos fenômenos 
 
 
18 
apresentados, ou seja, é não desconsiderar o ser, o sujeito. Em vista 
disso, o trabalho clínico com o autista, na perspectiva da psicanálise, 
levanta debates entre os psicanalistas, em razão de que para uns o 
autismo está no campo das psicoses, em decorrência de que alguns 
fenômenos apresentados na clínica estão presentes na estrutura das 
psicoses, como as alucinações. Enquanto para outros analistas, como 
por exemplo, jerusalinsky, que considera o autismo como uma quarta 
estrutura clínica. Vale ressaltar, que a psicanálise atua a partir das três 
dimensões de estruturas clínicas, sendo elas, neurose, psicose e 
perversão. 
Para essa corrente, o autismo requer orientar-se sobre o corpo e a 
linguagem. 
Entendo que, na psicanálise, o corpo é algo a construir, e para Lacan (2007) 
o corpo expressa o uso do verbo "ter": tem-se um corpo, no TEA não se é um 
corpo em nenhuma ecoeficiência. Premissa que leva à inferência de que não há 
pertença de um corpo no autismo. O TEA adota o corpo do outro e o conduz para 
seu objetivo, como encontrando nesse outro corpo a essência que ele não tem. 
Nesse sentido, o tratamento mais adequado é aquele que ajuda o autista a 
inventar um modo de se ligar a seu corpo. 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
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