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UNIP-UNIVERSIDADE PAULISTA DESIGN DE INTERIORES ESTHER CAROLINE RODIGUES DE OLIVEIRA D980CC0 SHIRLEY DA SILVA F070158 MOBILIARIO METODOLOGIA DO PROJETO ALEGRIA DE INFANÇIA MOBILIARIO INFANTIL PARA CRIANÇAS PORTADORAS DE AUTISMO GOIÂNIA 2020 UNIP-UNIVERSIDADE PAULISTA DESIGN DE INTERIORES ESTHER CAROLINE RODIGUES DE OLIVEIRA D980CC0 SHIRLEY DA SILVA F070158 MOBILIARIO METODOLOGIA DO PROJETO ALEGRIA DE INFANÇIA MOBILIARIO INFANTIL PARA CRIANÇAS PORTADORAS DE AUTISMO Trabalho da disciplina de Metodologia do Projeto, para obtenção de nota NP1, apresentada a Universidade Paulista UNIP. Orientador(a): Prof. Ma. Ana Carolina de Faria GOIÂNIA 2020 Resumo O Transtorno do Espectro Autista (TEA), por apresentar diversas dificuldades no desenvolvimento físico e cognitivo, necessita da utilização de materiais pedagógicos e móveis adaptados, sendo este um importante fator para o desenvolvimento das habilidades essenciais no cotidiano de todos eles e tornando mais confortável e práticas essa utilização. Logo, as necessidades educativas especiais apresentadas pelo autismo também necessita do trabalho comprometido de todos os profissionais da educação e reabilitação bem como a dedicação e empenho dos seus familiares. Como o Autista hoje é considerado deficiência por lei, todos os portadores desse transtorno, tem direito de fazer uso de todos os benefícios que a inclusão oferece na rede regular de ensino. Através de estudos e pesquisas identificaram-se as principais dificuldades apresentadas para a inclusão dos autistas na escola pública de ensino regular e a fundamental importância da relação familiar, na reabilitação e na socialização. Neste trabalho será apresentado o projeto de um mobiliário para crianças portadoras de autismo, desenvolvendo um móvel inclusivo que traga felicidade e bem estar, proporcionando uma qualidade de vida e principalmente a busca pela reabilitação e logo sua inclusão na sociedade, através do móvel criado e desenvolvido pelo grupo. Criado para todas as crianças portadoras de TEA. Palavras Chave: Crianças, Autismo, Alegria, Mobiliário, Inclusão. ABSTRACT Autistic Spectrum Disorder (ASD), as it presents several difficulties in physical and cognitive development, requires the use of adapted pedagogical and mobile materials, which is an important factor for the development of essential skills in the daily lives of all of them and making it more comfortable and such use. Therefore, the special educational needs presented by autism also require the committed work of all education and rehabilitation professionals, as well as the dedication and commitment of their families. As Autistic today is considered a disability by law, all people with this disorder have the right to make use of all the benefits that inclusion offers in the regular school system. Through studies and research, the main difficulties presented for the inclusion of autistic people in the public school of regular education were identified and the fundamental importance of the family relationship in rehabilitation and socialization. In this work will be presented the project of furniture for children with autism, developing an inclusive furniture that brings happiness and well-being, providing a quality of life and mainly the search for rehabilitation and soon its inclusion in society, through the furniture created and developed by the group. Created for all children with ASD. Keywords: Children, Autism, Joy, Furniture, Inclusion. Sumário 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 6 1.1. Objetivo geral .................................................................................................... 7 1.2. Objetivos específicos ........................................................................................ 7 1.3. Justificativa........................................................................................................ 8 1.4. Metodologia....................................................................................................... 9 3. ALEGRIA DE INFÂNCIA ..................................................................................... 12 2.1. Criança / Infância ............................................................................................ 18 4. AUTISMO ........................................................................................................... 24 3.1. Crianças com Autismo .................................................................................... 36 3.2. Inclusão social para crianças portadoras de autismo ...................................... 39 5. DESIGN EMOCIONAL........................................................................................ 53 4.1. Design emocional para autista ........................................................................ 56 4.2. Estudos de cores e formas.............................................................................. 58 4.3. Público – alvo .................................................................................................. 63 6. AMBIENTE DE USO ........................................................................................... 65 7. DESCRIÇÃO DO PRODUTO ............................................................................. 67 6.1. Conceito do Produto ....................................................................................... 67 6.2. Análise Diacrônica .......................................................................................... 70 6.3. Análise Sincrônica ........................................................................................... 74 6.4. Análise do Problema ....................................................................................... 77 8. ERGONOMIA DO PRODUTO ............................................................................ 81 9. REQUISITOS DO PROJETO ............................................................................. 84 10. GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ..................................................................... 90 11. CONCLUSÕES FINAIS ................................................................................... 96 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS ................................................................... 97 6 1. INTRODUÇÃO O termo design apresenta inúmeras definições, dentro da literatura é uma delas e defendida por vários autores, como sendo uma ferramenta, onde gera soluções a favor de benefícios sociais. Segundo Lanfim (2010) a dificuldade de se achar uma definição e conceito de design é grande, pois corresponde a várias etapas empregadas, começando com o processo, o resultado do processo, às características e o significado dos produtos. Brown (2010) descreve o design, como uma função que dá realidade a uma prestação conceitual, esse fato que diferencia o designer de outras atividades direcionada, onde ele se caracteriza por não ser contínuo e limitado, tem restrições, como começo, meio e fim, mantendo sua atuação resistente. O termo autismo e composto por duas palavras de origem grega “autos” que significa “em si mesmo” e “ismo” que significa “voltado para”, portanto o termo autismo significava “voltado para si mesmo”, onde dentro da Psiquiatria é definindo como comportamento humano, voltado para o próprio indivíduo.(LIRA,2004; GOMES, 2007). Segundo a Organização Mundial da Saúde (1993) o autismo é classificado como uma perturbação global do desenvolvimento,onde comprometem múltiplas áreas do comportamento e do psiquismo, essa patologia é definida como um transtorno hostil ao desenvolvimento. A condição é também caracterizada por padrões de comportamento, interesses e atividades restritos, repetitivos e estereotipados. Isto toma a forma de uma tendência a impor rigidez e rotina a uma ampla série de aspectos do funcionamento diário; usualmente, isto se aplica tanto a atividades novas como a hábitos familiares e a padrões de brincadeiras. (Organização Mundial da Saúde, 1993, p.248) 7 Segundo a American Association on Mental Retardation (AAMR,2002) acredita que tanto ambientes físicos, quanto não físicos pode facilitar a interação social de autistas, esses ambientes podem ser: social imediato, que se caracteriza pelo contato com sua família; o social próximo, que é composto por vizinhos, comunidade e a escola; e o sociocultural que e formado pela comunidade em geral, levando em conta parte cultural, leis e as normas. O ambiente “fala”, transmite-nos sensações, evoca recordações, passamos segurança ou inquietação, mas nunca nos deixa indiferentes. O espaço [...] possibilita oportunidades para a aprendizagem, por meio das interações possíveis entre crianças e objetos e delas entre si. A partir desta perspectiva, o espaço nunca é neutro, podendo ser estimulante ou limitador de aprendizagens, dependendo das estruturas espaciais que estão postas e das linguagens que estão representadas. (REDIN, MÜLLER, REDIN, 2007, p.102). Partindo do pressuposto, se faz a importância do designer na construção social de crianças com autismo, ambiente, estruturas, objetos, espaços formais e não formais, fazem parte dessa interação e construção, tanto educacional, quanto afetiva. 1.1. Objetivo geral Este estudo tem como objetivo geral obter conhecimentos mais precisos para que de acordo com os conhecimentos sobre o público específico, se torne possível criar um móvel para crianças portadoras do espectro altista, com a finalidade de ajudar a desenvolver suas capacidades cognitiva e lógica, além de desempenhar um papel estimulante, lúdico e criativo para o seu desenvolvimento. Um móvel que traga funcionalidade e também qualidade de vida para esta criança. 1.2. Objetivos específicos Objetiva-se, através de pesquisas em artigos, livros e contato com profissionais da área de saúde e educação, alcançar o máximo de conhecimento 8 sobre o mundo Autista, para que assim possam ser identificados os principais fatores que indisponibilizam uma melhor qualidade de vida, principalmente para as crianças portadoras do Transtorno do Espectro Autista – TEA. Uma vez que trata-se da elaboração de um projeto de um móvel para esse público. O primeiro plano é priorizar o conhecimento da rotina dessas crianças, de suas famílias e também dos profissionais de educação e saúde que trabalham para sua integração na sociedade. Somente através desse estudo será possivél executar um projeto que realmente fará a diferença na vida dessas crianças. Trata-se de um assunto ou melhor de um Transtorno pouco divulgado, pesquisado e conhecido de todos, logo, apresenta-se claramente a dificuldade em encontrar todas as respostas para a execução deste estudo,que irá atraves dessas pesquisas encontrar respostas e assim tornar possivel, conquistar o objetivo principal que é a idealização, projeção e execução de um móvel para crianças autistas, e também poder transmitir à sociedade conhecimento que será apresentado e divulgado, afim de tonar as pessoas mais dispostas a conhecer e poder contribuir para uma vida melhor para os Autistas. 1.3. Justificativa Obter um conhecimento mais especifico sobre o mundo Autista, visando compreender as necessidades primordiais para sua inclusão na sociedade, com o intuito de contribuir para o bem-estar e inclusão das crianças portadoras do Transtorno do espectro Autista –TEA. Trata-se da elaboração de um projeto mobiliário que pretende ajudar as crianças autistas a enfrentar os desafios da aprendizagem de uma forma divertida,estimulante,e o que é fundamental, participativa. A pretensão é desenvolver um projeto de interação entre criança, objeto e o meio em que estarão inseridos (o ambiente doméstico ou de reabilitação). O projeto visará fazer com que a criança esteja próxima dos móveis e crie laços afetivos e emocionais com eles. Isso levará a criança a sempre interagir com os móveis e sentir o desejo de participar das atividades, com ajuda dos pais, irmãos e outros familiares e nos centros e clinicas de reabilitação, com os profissinais que os tratam. 9 Estas ferramentas estão baseadas em pesquisas teóricas que permitirão que o trabalho se torne efetivo e que este traga melhorias para o processo de aprendizagem do público autista. Isso se dará pela forma de interação com o produto e com o meio em que a criança estará presente. A partir destes conceitos, o produto estará preparado para ajudar a estimular o desejo da criança de interagir e relacionar-se com ele ao mesmo tempo em que auxilia em seu desenvolvimento cognitivo e psicológico. Esta relação deverá criar uma interação lúdica com a criança, maximizando as suas oportunidades de exercitar e experimentar à sua maneira, fazendo com que se estimule sua movimentação, locomoção e sua capacidade cognitiva. É por isso que o produto deverá conter aspectos estéticos, visuais e funcionais que se adaptem ao seu ambiente de uso e evidenciando através de sua execução a importância por estudar e pôr em pratica o contexto social que o designer assume com a sociedade. Viabilizando a participação de crianças autista ao meio. 1.4. Metodologia A pesquisa inicialmente, foi realizada com um estudo bibliográfico, a partir do levantamento de dados que possibilitaram maior abrangência e respaldo sobre o assunto. A pesquisa bibliográfica foi de grande importância para o processo de conhecimento sobre o tema, porque a partir da mesma alcançaram-se informações necessárias para seu desenvolvimento. Esse tipo de pesquisa permitiu “[...] a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente” (GIL, 2010, p.79). Quanto aos fins, a pesquisa foi de caráter descritivo com abordagem qualitativa por apresentar respostas baseadas especialmente na própria convivência com duas crianças autistas. A utilização do uso da abordagem qualitativa para a pesquisa deu-se justamente porque a mesma defende que para compreender o objeto pesquisado é necessário realizar exercícios de interpretação e compreensão, através da observação do pesquisador e descrição detalhada do fenômeno (LIMA, 2008). 10 No que diz respeito a sua finalidade, ou seja, o tipo de contribuição que o estudo trará para a ciência, foram usados métodos de pesquisa qualitativa e pesquisa aplicada, uma vez que o objetivo é produzir conhecimento de forma descritiva e explicativa, fazendo uso de alguns métodos específicos como: pesquisa bibliográfica; pesquisa documental; estudo de caso; pesquisa de campo, entre outras, fazendo com que um sirva como complemento do outro, visando produzir um conhecimento que possa ser efetivamente aplicado na vida real, ajudando a alterar a situação dos Autistas no sistema. 11 1.5 Cronograma Quadro:1 – Cronograma de Desenvolvimento de Trabalho acadêmico Fonte: Pesquisa própria,2020. 12 2. ALEGRIA DE INFÂNCIA Segundo ARCE (2010) foram realizas algumas pesquisas, onde foi observado que, a alegria na infância pode ser expressa como satisfação de vida e bem estar subjetivo infantil, trata-se de uma pesquisa cuja analise foi conduzida pelas reflexões propostas pela pedagogia histórica,e os sentimentos aos quais foram enfatizados são o positivismo o lazer e os amigoscom idade entre 5 e 12 anos. Alegria de Infância. Fonte: Arquivo Pessoal 2020 Gibello (1984) relata que atividade corporais podem produzir experiências agradáveis ou desagradáveis, induzindo ao sujeito constante conflitos com o meio, esses conflitos podem acarretar em distúrbios cognitivos, intelectuais e emocionais, esse transtorno social pode ser associada ao autismo, o déficit de interação social, ausência de comunicação e imaginação, repúdio ao toque em vez do uso da imaginação e do jogo, representam o isolamento. De acordo com o dicionário Aurélio (1994), o verbete afetividade está definido da seguinte forma: “Psicol. Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções; sentimentos e paixões, acompanhados sempre dá impressão de dor ou 13 prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza”. Assim pode-se afirmar que é fundamental a afetividade na relação em especial com as crianças, pois ela tem a fundamental capacidade de influenciar decisivamente a percepção, a memória, o pensamento, à vontade e as ações, e ser assim, um componente essencial da harmonia e do equilíbrio da personalidade humana. Os estados afetivos fundamentais são as emoções, os sentimentos, as inclinações e as paixões. A palavra emoção vem do latim movere, mover-se para fora, externalizar-se. É a intensidade máxima do afeto. Fonte: Colégio Ideia, Maio 15, 2018 | Dicas, Educação infantil, Reflexão A emoção é definida assim, pelo Dicionário Aurélio: “Psicol. Reação intensa e breve do organismo a um lance inesperado, a qual é acompanhado de um estado afetivo de conotação penosa ou agradável”. A afetividade é uma das forças mais profunda e complexa de que o ser humano pode participar. É um sentimento que se inicia a partir do momento em que um sujeito se liga a outro pelo amor, que traz no seu núcleo, um complexo e profundo medo da perda. Quanto maior o amor, maior o medo da separação, da perda e da morte, o que acaba desencadeando outros sentimentos, como ciúme, ódio, a inveja, e saudade. 14 A afetividade é a mistura do todo, de todos esses sentimentos, que ensina aprender e cuidar adequadamente de todas essas emoções é que vai proporcionar ao sujeito uma vida emocional plena e equilibrada. Muitas vezes somos movidos pelo impulso em direção ao prazer. Por isso o viver é um sentimento doloroso, como a raiva ou o medo, é natural reagirmos à situação que provoca dor. Entretanto, ao fazê-lo não temos consciência de estar bem destruindo a fonte do prazer, do amor. É neste momento que o sujeito necessita de um cuidador, outro sujeito (já cuidado) que vai estabelecer os limites necessários impedindo-o de destruir a sua fonte de amor. Fonte: Parceiro do UOL Universa 2020 © 9 GigaSite Esse sujeito cuidador, em nome do afeto que sente pelo jovem, vai ajudá- lo a não destruir a própria fonte do amor impedindo-o de agir em nome da raiva ou do medo. Deve-se permitir a manifestação do sentimento, pôr impedir de desprazer. Pode-se sentir medo e/ou raiva; pode-se expressá-los através do choro ou palavras; só não se pode destruir a fonte de tais sentimentos, pois ela é também a fonte de seu prazer maior: o amor É evidente que não podemos reduzir esses fenômenos a um nível estritamente fisiológico. Emoções e sentimentos são estados psicológicos que acompanham o estado motivacional, e manifestam-se por reações tão complexas que geralmente é preferível descrever a situação antes de tentar compreender o estado afetivo pelas expressões faciais e pela mímica da pessoa. Mas, é claro todos 15 nós estamos interessados em saber o que ocorre com o organismo de uma pessoa quando há uma sensível alteração, como quando reage emocionalmente. É a Afetividade que dá valor e a representa nossa realidade. Essa afetividade também é capaz de representar um ambiente cheio de gente como se fosse ameaçador, é capaz de nos fazer imaginar que pode existir uma cobra dentro do quarto ou ainda, é capaz de produzir pânico ao nos imaginar que podemos morrer de repente. Sabendo-se que a afetividade valoriza tudo em nossa vida, tudo aquilo que está fora de nós, como exemplos os fatos e acontecimentos, bem como o que está dentro de nós (causas subjetivas), como nossos medos, nossos conflitos, nossos anseios, e etc. A afetividade também valoriza os fatos e acontecimentos de nosso passado e nossas perspectivas futuras. Para que se possa compreender de forma mais ampla o tema da Afetividade na Educação Infantil. Primeiramente faz-se necessário tratar da psicologia do desenvolvimento infantil, especialmente o desenvolvimento cognitivo estudado por Jean Piaget. Fonte: Livro “Da ciência à prática” (Foto: José Dionísio Filho) 16 A infância é uma etapa biologicamente útil, que se caracteriza como sendo o período de adaptação progressiva ao meio físico e social. A adaptação, aqui, é “equilíbrio”, cuja conquista dura toda a infância e adolescência e defina a estruturação própria destes períodos existenciais. Se tratando da educação infantil no contexto da educação moderna é preciso considerar quatro pontos fundamentais: A significação da infância, a estrutura do pensamento da criança, as leis de desenvolvimento e o mecanismo da vida social infantil. Ele concluiu pela existência de quatro estágios ou fases do desenvolvimento da inteligência. Em cada estágio há um estilo característico através do qual a criança constrói seu conhecimento e suas emoções. Primeiro estágio: Sensório motor (ou prático) 0-2 anos. Trabalho mental. Estabelecer relações entre as ações e as modificações que elas provocam no ambiente físico; os exercícios dos reflexos, manipulação do mundo por meio da ação, ao final constância, permanência do objeto. Fonte: Revista Crescer Foto:(Tara Moore) 17 Segundo estágio: Pré-operatório (ou intuitivo) 2-6 anos. Desenvolvimento da capacidade simbólica (símbolos mentais: imagens e palavras que representam objetos ausentes); explosão linguística, características do pensamento (egocentrismo, intuição, variância): pensamento dependente das ações externas. Fonte: Thinkstock/Getty Images Terceiro estágio: Operatório-concreto 7-11anos: Capacidade de ação interna, características da operação reversibilidade, invariância, conservação, quantidade, peso, volume, capacidade de seriação e de classificação. Fonte: © 2019 Family Center 18 Quarto estágio: Operacional-formal (abstrato) 11 anos. Realiza-se através da linguagem (conceitos). O raciocínio é hipotético- dedutivo, levantamento e hipotético de deduções. Essa capacidade das palavras em relação ao recurso concreto permite ganho de tempo, aprofundamento do conhecimento e domínio. (LA Taille,1992, p.49). Fonte: Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. [online]. Jan./Mar. 2003, vol.3, no.1 “Quando olho uma criança ela me inspira dois sentimentos, ternura pelo que é, e respeito pelo que posso ser.” Jean Piaget 2.1. Criança / Infância Segundo o Dicionário Aurélio (2010) criança é um ser humano de pouca idade, que não atingiu a idade adulta e o período de infância entre nascimento e a puberdade. Já infância está definida por ele, como um período de crescimento, no ser humano, algo que está em construção permanente. A criança é uma pessoa ávida de sensações e conhecimentos. Seu aprendizado é a marca mesma do seu estar no mundo. O grande equívoco está no adulto que vê a criança como sua miniatura. Na criança a experiência e a expressão são brinquedos, a invenção é prazer, viver significa descobrir: abrir portas, ir além do espelho. A linguagem e a vida se mesclam numa relação vital e completa. (DAMAZIO,1991). 19 Criança/Infância Fonte: Arquivo Pessoal 2020 A infância assim descrita inscreve-se como condição da criança, (KUHLMANN JR,1998), aindaque sob referencias naturais e universais, uma condição social e historicamente construída. (Charlot,1986, p.108), ao estudar a infância tendo como base uma perspectiva social, mostra-nos que “a imagem de criança assume, nos sistemas filosóficos e pedagógicos, as dissimulações do aspecto social dessas contradições, por trás de considerações morais e metafísicas”. Para Silveira (2000), a definição de infância está ligada à ótica do adulto, e como a sociedade está sempre em movimento, a vivência da infância muda conforme os paradigmas do contexto histórico. Dessa forma, a dimensão da construção de uma concepção de infância pelos intelectuais nos leva a uma questão: os formuladores de uma concepção de infância são, em sua maioria, os adultos. Dessa forma, pensar a infância pode ser buscar algumas evidências articuladas à família e, também, no mundo moderno, à escola. As palavras de Heywood (2004) esclarecem o que queremos dizer ao estabelecer diferença entre os termos em discussão, o autor define infância como uma “abstração que se refere à determinada etapa da vida, diferentemente do grupo de pessoas sugerido pela palavra crianças” (p.22). 20 [...] A primeira idade que planta os dentes, essa idade começa quando a criança nasce e dura até os sete anos e nessa idade aquilo que nasce e chamado enfant que quer dizer, não falante, pois nessa idade a pessoa não pode falar bem, nem formar perfeitamente suas palavras pois ainda não tem seus dentes bem formados nem firmes, como dizia Isidoro e Constantino (OLIVEIRA 1989, p.80) Diante dessas colocações conclui se que alguns estudiosos descrevem a criança como ela de fato e outros os veem como um ser a ser educado. [...] Segundo CL própria ideia de criança, tal como definimos atualmente como um ser de singularidades, necessidades especificas interesses e modos de pensar distintos não existia antes do século XVII, embora já houvesse a presença de ideias na antiguidade sobre a capacidade de desenvolvimento intelectual da criança (ANDRE; BARNABÉ,2020) No século XXI a criança e reconhecida como cidadã que requer ser entendida e devidamente atendida, para a construção da educação e cidadania. Art. 3º A criança e ao adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inertes a pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata essa lei, as segurando, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de ilhes facilitar o desenvolvimento físico, mental moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade (ECA,1990). Mas, não podemos falar em criança ou infância sem usarmos a palavra brincar. Pois é cultural que só deixamos de ser crianças, quando paramos de brincar e assumimos responsabilidades. Brincar, segundo o dicionário Aurélio (2003), é "divertir-se, recrear-se, entreter-se, distrair-se, folgar", também pode ser "entreter-se com jogos infantis", ou seja, brincar é algo muito presente nas nossas vidas, ou pelo menos deveria ser. Segundo Oliveira (2000) o brincar não significa apenas recrear, é muito mais, caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se estabelecem durante toda sua vida. 21 Assim, através do brincar a criança pode desenvolver capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação, ainda propiciando à criança o desenvolvimento de áreas da personalidade como afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade. Saldanha (2014), relata que a inúmeras pesquisas relacionadas a importância do brincar na Infância, e a diversas ideias que confundem o brincar como uma atividade que se mantém espontânea, ou contraditoriamente, engessadas e que não recebe o seu devido valor nas disciplinas educativas. Fonte: iStock, Blog da Saúde. Vygotsky (1998), um dos representantes mais importantes da psicologia histórico-cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações com os outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas, que são mediadas por ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a brincadeira infantil assume uma posição privilegiada para a análise do processo de constituição do sujeito, rompendo com a visão tradicional de que ela é uma atividade natural de satisfação de instintos infantis. O autor refere-se ainda à brincadeira como uma maneira de expressão e apropriação do mundo das relações, das atividades e dos papéis dos 22 adultos. A capacidade para imaginar, fazer planos, apropriar-se de novos conhecimentos surge, nas crianças, através do brincar. A criança por intermédio da brincadeira, das atividades lúdicas, atua, mesmo que simbolicamente, nas diferentes situações vividas pelo ser humano, reelaborando sentimentos, conhecimentos, significados e atitudes. Zanluchi (2005, p. 89) reafirma que “Quando brinca, a criança prepara-se a vida, pois é através de sua atividade lúdica que ela vai tendo contato com o mundo físico e social, bem como vai compreendendo como são e como funcionam as coisas.” O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam, pois são capazes de assumirem outros papéis na brincadeira. As crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos. Neste sentido, Carvalho (1992, p.14) afirma que: (...) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante. Conforme afirma Oliveira (2000, p.19): O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não formação e até quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca, por exemplo, a menina não apenas imita e se identifica com a figura materna, mas realmente vive intensamente a situação de poder gerar filhos, e de ser uma mãe boa, forte e confiável. De acordo com Piaget e Inhelder (1978), existem dois tipos de experiências durante a infância: uma física, que consiste na interação com os 23 objetos para deles abstrair propriedades fundamentais, como forma, dimensões, cores e etc., e uma lógico-matemática que consiste em estabelecer relações entre os objetos, podendo assim compará-los e estabelecer um conhecimento relacional. Fonte: Pátio Hype em 4 de dezembro de 2019 Nesse caso a brincadeira favorece o desenvolvimento individual da criança, ajuda a internalizar as normas sociais e a assumir comportamentos mais avançados que aqueles vivenciados no cotidiano. Fica absolutamente confirmado que a brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. Nas situações em que a criança é estimulada, é possível observar que rompe com a relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento. 24 3. AUTISMO O Autismo apresenta grandes evoluções desde seu conceito até as diversas formas que pode manifestar-se em diferentes indivíduos, muitas vezes sendo confundido com outros transtornos. De acordo com Gómez e Terán (2014, p. 447) a respeito do termo Autismo, asseguram que, O termo “Autismo” foi nomeado pelo psiquiatra Leo Kanner tendo como base a terminologia originalmente concebida por seu colegasuíço Eugene Bleuler em 1911. Bleuler utilizou o termo “autismo” para descrever o afastamento do mundo exterior observado em adultos com esquizofrenia, que tendem a mergulhar em suas próprias fantasias e pensamentos. Em 1943, Kanner teve a oportunidade de realizar um estudo com 11 crianças que apresentavam o quadro autístico ao qual fez um artigo cujo título foi “Os distúrbios autísticos do contato afetivo”, porém, essas crianças estudadas pelo pesquisador não apresentavam esquizofrenia, pois nessa época considerava-se autista, indivíduos psicóticos e esquizofrênicos. Foi a partir dos estudos e pesquisas de Kanner que se obteve a primeira definição do autismo. A palavra vem do grego “autos”, que significa “próprio”, alguém retraído a si mesmo. Fonte: Arquivo Pessoal 2020 25 Em 1947, Bender utilizou o termo esquizofrenia infantil, pois tanto ele, como outros pesquisadores consideravam o autismo como forma precoce da esquizofrenia, discordando assim, do que Kanner propunha (SALLE et al,2005). Em 1948, Kanner escreveu em seu manual de psiquiatria infantil que a maioria das crianças que chegavam até ele com essas características tinha algumas coisas em comum, os pais ou avós eram, na maioria das vezes, médicos, escritores, jornalistas, cientistas e estudiosos que apresentavam uma inteligência acima da média e que também apresentavam certa obsessão no ambiente familiar (ORRÚ, 2007, p.19). Segundo Orrú (2007), em 1949, Kanner referiu o quadro do autismo como “Autismo Infantil Precoce”, devido à dificuldade da relação com o contato com os outros indivíduos e seu desejo acentuado por determinados objetos e coisas, suas alterações na fala, impedindo a comunicação interpessoal. No ano de 1949, Kanner verificou um subtipo de autismo, o “autismo secundário”, que segundo ele aparece no segundo ano de vida. “Nestes casos, as crianças parecem desenvolver-se normalmente durante dezoito a vinte meses, mas logo se retraem, perdem linguagem, interrompem seu desenvolvimento social e reduzem as atividades normais” (GÓMEZ; TERÁN, 2014, p.447). Ainda em 1949, o Dr. Hans Asperger, cientista austríaco, fez uso do termo “psicose autista”, referindo-se assim, às crianças com comportamentos similares ao autismo. Possivelmente, ambos os cientistas estiveram diante de grupos semelhantes, mas, devido às diferentes interpretações, foram formuladas as chamadas “síndrome de Asperger” e “autismo de Kanner”, para se referir a autismos de alto e baixo nível de funcionamento, respectivamente (GÓMEZ; TERÁN, 2014, p.448). Foi em 1954, que Kanner frisou o “autismo infantil” como psicose e continuou nessa linha até o final de seus trabalhos. 26 Fonte: Blog © 2020 Autismo Legal Anteriormente, Kanner identificou o autismo apenas em indivíduos que não sofriam com retardo mental, porém, posteriormente o mesmo encontrou em indivíduos com retardo mental o quadro autístico, e varia muito de pessoa para pessoa. Então, acreditava-se que o retardo mental era uma das características do autismo, contudo nos tempos atuais sabe-se que, tal pensamento não era aceito de forma fechada. Atualmente, sabe-se que o retardo mental não é uma característica da síndrome autista. Entretanto, uma grande porcentagem de pessoas com autismo pode apresentar retardo mental como característica associada. Muitas vezes, por desconhecimento ou falta de “olho clínico”, ocorre uma confusão entre retardo mental e autismo (GOMÉZ; TERÁN, 2014, p.450). De acordo com Orrú (2007), em 1955, passou a se considerar a maneira de como os pais tratavam seus filhos e suas constantes mudanças de humor afetava a criança, levando ao desenvolvimento do autismo. O fato se deveria à gestação conturbada ou rejeitada pela qual o feto passara, sem relacionar-se com a mãe e, consequentemente, com os pais ou qualquer outra pessoa após o nascimento, perdendo totalmente sua possibilidade de comunicar-se (ORRÚ, 200, p.19). Segundo Mandal (apud NEWS MEDICAL,2014), o pesquisador Bettelheim fez um teste afastando algumas crianças dos seus pais, sendo 27 submetidas aos cuidados de outras pessoas, acreditando na possibilidade de cura através de algumas teorias psicológicas que explicavam sobre o autismo e suas causas. Essas tentativas trouxeram algum sucesso, porém não ao ponto de assegurar que tal procedimento fosse capaz de se desenvolverem e assegurarem sucesso dando continuidade desse ponto em diante, então, Kanner voltou a considerar que o relacionamento familiar em nada interferia para o desenvolvimento do autismo. Antes de começarem a serem realizados esses estudos, acreditava-se que o autismo era decorrente do mau relacionamento da mãe para com seu bebê, com o decorrer do tempo e avanços dos estudos, foram-se abandonando tal pensamento, pois percebeu-se que essa crença não era resultado exclusivo do relacionamento mãe e bebê, dessa forma, não poderia ser dado como principal fonte. Foi abandonada a hipótese de os pais serem culpados na medida em que se demonstrava a falta de justificação empírica para isso e que se encontravam os primeiros indícios claros da associação do autismo com transtornos neurobiológicos (GÓMEZ; TERÁN, 2014, p.467). Fonte: Site:telavita.com.br Então, no ano de 1958 que J. Anthony pôde diferenciar o autismo primário idiopático do autismo secundário, sendo que, segundo Rutter (1968 apud GÓMEZ; TERÁN, 2014, p. 463) afirma que, 28 O pesquisador atribuiu ao primeiro um retraimento neonatal ou privações sensoriais, com possível lesão cerebral, enquanto que o segundo apareceria após um ano ou um ano e meio, apresentando posteriormente, retraimento psicótico. Ainda em 1958, Margareth Mahler, distinguiu a “psicose infantil autista” da “psicose infantil simbiótica”. Segundo Gómez e Terán (2014), os sintomas da psicose simbiótica evidenciam-se quando leva à criança a separação da sua mãe devido à maturação normal e as possibilidades físicas. Já no autismo, o não reconhecimento e resposta à mãe eram percebidos desde as primeiras semanas de vida. Segundo Sacks (1995), nos anos 60, o autismo era adquirido com epidemia da rubéola, onde a mesma provocava o desenvolvimento da síndrome durante a gestação e que o autismo bem como, outras síndromes poderiam ser adquiridas com o amadurecimento na vida adulta, mesmo considerando mais raro nesses casos, sendo sua especificidade ao decorrer de determinadas formas de encefalite. Em 1963, vários fatores contribuíram para mudar o autismo em sua cientificidade e seu tratamento (GÓMEZ; TERÁN, 2014). Fonte: © Copyright 2020 NHA 29 Rutter, em 1967, fez uma análise crítica das evidências empíricas encontradas acerca do autismo e considerou quatro características como principais: falta de interesse social; incapacidade de elaboração de linguagem responsiva, presença de conduta motora bizarra em padrões de brinquedos bastante limitados e início precoce, antes dos trinta meses (SALLE et al, 2005, p. 11). Em 1968, Kanner acrescentou às suas contribuições a necessidade do diagnóstico diferente com deficientes mentais e afásicos, fazendo uma revisão dos primeiros casos estudados por ele, propondo que novas possibilidades fossem estudadas com auxílio da bioquímica, pontuando em 1973, a pertinência da síndrome como integrante das psicoses infantis (ORRÚ, 2007). A origem de uma investigação e intervenção mais controlada e sistematizada deu-se com o surgimento das teorias cognitivas na década de 70 e a alteração comportamental (GÓMEZ; TERÁN, 2014). Segundo Orrú (2007), em 1976, Ritvo publicou um livro sobre autismo, onde o mesmo abordava-o como um distúrbio do desenvolvimento, onde os déficits cognitivos eram inerentes às crianças autistas, sendo que, suas características eram apresentadas desde o nascimento, considerando as particularidades do seu comportamento, levandoem consideração que a síndrome poderia ocorrer em comunhão com outras patologias específicas, considerando que, o autismo seria a derivação de uma patologia cuja exclusividade era do Sistema Nervoso Central, abandonando assim a ideia de que tratava-se de uma psicose. No ano de 1981, Frances Tustin distinguiu dois quadros do autismo: O autismo encapsulado: O autismo encapsulado era um termo que baseava-se na hipótese de que o desenvolvimento psicológico havia paralisado em um estágio pré-maturo do bebê, em decorrência de um trauma consequente da percepção e a separação entre o corpo do bebê e sua mãe, sentindo necessidade enorme de negar o “não-eu”. Logo, os objetos e as figuras apresentam a função de reforçar o dito encapsulamento, uma tentativa de preenchimento do vazio. 30 O autismo confusional: A criança é levada a encostar-se ao corpo do outro com o objetivo de aprender o “não-eu” a partir da divisão de si próprio. (TUSTIN, 1984; GÓMEZ, TERÁN, 2014). Foi a partir dos anos 1960 á 1980 que a Educação foi vista como principal tratamento do autismo, incluindo dois fatores principais: a criação de procedimentos modificadores de comportamento e a elaboração de centros educacionais dedicados totalmente ao autismo, tendo como apoio principal de pais e familiares de indivíduos autistas. O TEACCH (Treatment and Education of Autistic and related Communication hadicapped Children) – Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Deficits relacionados à comunicação surgiu em 1966, como uma prática psicopedagógica, a partir de um projeto de pesquisa desenvolvido na Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, pelo Dr. Eric Schopler que questionava a prática clínica de sua época – a mesma que concebia a origem do autismo segundo uma causa emocional, devendo ser tratado pela concepção da psicanálise (ORRÚ, 2007, p.60). Fonte: Instituto itard,Foto:(Leandro Rodrigues) 31 de março de 2017 Na segunda metade do século, nos anos 80, o autismo voltou a ser considerado como alterações no desenvolvimento social e interacional (GOMÉZ; TERÁN, 2014, p.467). 31 Em 8 de agosto de 1983, foi criada a primeira associação de pais e amigos de pessoas autistas no Brasil, no Estado de São Paulo. Devido à grande divulgação da associação e seu trabalho, pais de indivíduos autistas procuraram a AMA, e foram incentivados a criar associações em seus Estados e Municípios aumentando assim, o número de colaboradores da causa. Em 1986, um grupo de pais e profissionais inspirados com os movimentos de associações de pais e amigos de autistas em vários estados do Brasil, criaram a ASTECA em Brasília/DF, uma ONG em parceria com a Fundação Educacional do Distrito Federal/Departamento de Ensino Especial para um projeto, em que propunham o atendimento educacional especializado integrado nas escolas públicas (CRUZ, 2008). A metodologia dos trabalhos em sala de aula recomendava a atuação simultânea de um professor e de um profissional auxiliar para cada grupo de quatro ou cinco alunos, no máximo. Os profissionais auxiliares deveriam ter nível de escolaridade correspondente ao ensino médio, no mínimo, e serem capacitados para esta função. A ASTECA também se responsabilizou pela contratação destes profissionais [...] (CRUZ, 2008, p.40). No entanto, em 9 de outubro de 1988, foi fundada a ABRA, primeira Associação nacional voltada para a atenção em defesa de pessoas autistas e seus familiares. Já, no ano de 1989, de acordo com as estatísticas era considerado que o diagnóstico do autismo podia-se ser dado antes mesmo dos três anos de idade. [...] dizia-se estatisticamente, que a síndrome acometia crianças com idade inferior a três anos, com predominância de quatro crianças a cada dez mil nascidas. Manifestava-se, majoritariamente, em indivíduos do sexo masculino, sendo a cada quatro casos confirmados três do sexo masculino e um caso para o feminino (ORRÚ, 2007, p. 23). Corroborando com Mora (2002 apud GOMÉZ,TERÁN, 2014, p. 468) "Atualmente o autismo é concebido como uma síndrome de múltiplas causas, onde estariam interrelacionados o biológico e o anímico, a genética orgânica e a genética vincular durante todo o processo de constituição do ser". 32 Sendo assim, não é aceitável, considerar um ou outro motivo como causa, pois o autismo é o conjunto de todas as causas acima citadas, considerando assim, cada fator como importante, fazendo com que seja mais bem compreendida. Em 1998, a Revista Lancet publicou um artigo de um cientista inglês Andrew Wakefield, onde o mesmo afirmava que algumas vacinas como, por exemplo, a tríplice (mmr – sarampo, catapora e rubéola) poderiam ser possíveis causadoras do autismo. Porém, esses estudos não foram aceitos por outros cientistas. No mês de maio do ano de 2014, o cientista Andrew Wakefield perdeu seu registro de médico e como tal teoria do mesmo não foi comprovada e a Revista Lancet retirou a publicação (Autismo e Realidade). Em 1999, pesquisadores descobriram na síndrome de Rett condições igualitárias na categoria do transtorno do espectro autista. A síndrome de Rett faz com que a motricidade regrida, bem como seu comportamento, apresentando também retardo mental grave, sendo que a síndrome de Rett atinge as meninas. Então, durante muito tempo o Asperger foi considerado como apenas uma das condições do autismo, porém essa condição e os subtipos foram desconsiderados com o lançamento do DSM-V, em 2013 em que engloba o Asperger dentro do Transtorno do Espectro Autista. Fonte:Jornal o Popular, Folha Online, Tatiana Takeda,28/02/2017. 33 Com o lançamento da 5ª edição do DSM, os subtipos dos transtornos do espectro do autismo são eliminados. Os indivíduos são agora diagnosticados em um único espectro com diferentes níveis de gravidade. O DSM-V passa a abrigar todas as subcategorias da condição em um único diagnóstico guarda-chuva denominado Transtorno do Espectro Autista – TEA. A Síndrome de Asperger não é mais considerada uma condição separada e o diagnóstico para autismo passa a ser definido em duas categorias: alteração da comunicação social e pela presença de comportamentos repetitivos e estereotipados (AUTISMO E REALIDADE, 2013). Compreende-se que os estudos é a jornada de pesquisas do autismo é longa, diante de toda a literatura abordada e pesquisada é possível verificar que desde a definição do que é considerado autismo, vários teóricos contribuíram para que fosse possível construir uma linha sobre a evolução do assunto estudado. Apesar de muitas pesquisas, ainda há grandes lacunas no que diz respeito à questão de compreensão do autismo e suas causas, visto que, há grandes desafios para sua intervenção em todas as áreas. O TEA (transtorno do espectro altista) e uma síndrome que causa alterações na capacidade de comunicação interação social e comportamento da criança, que provoca SINAIS e SINTOMAS como dificuldade na fala e na forma de se expressar ideias e sentimentos, assim como não gostar de interagir e ficar agitado. (Segundo Mello,2007) o autismo é um distúrbio do comportamento que consiste em uma tríade de dificuldades, são elas: dificuldade de comunicação de socialização e no uso da imaginação. As principais características são: Auto Mutilação, choro, falta de contato visual, gritos, hiperatividade imitação involuntária de movimentos de outra pessoa impulsividade, interação social inadequação irritabilidade, movimentos repetitivos, repetição de palavras sem sentido ou difícil compreensão. No desenvolvimento: Atraso da fala ou dificuldade de aprendizagem. Na comunicação: falta de atenção ou intenso interesse em um número limitado de casos; 34 Fonte: O Estadão, (Foto: Camila Tuchlinski) São Paulo, 29/07/2019 Sintomas psicológicos:Depressão ou ignorar os sentimentos alheios Fala: Distúrbio na fala ou a perda completa Também é comum: Andar constantemente na ponta dos pés ansiedade, falta de empatia, sensibilidade ao som ou tique O TEA pode ser classificado em 3 Graus Grau leve: Neste nível eles apresentam dificuldade em se relacionar com outras pessoas e podem apresentar também o não contato visual com as pessoas. As crianças apresentam dificuldade na escrita, dificuldade em executar mais de uma atividade e problema de organização, o que impossibilita a independência da criança. Grau Moderado: Neste nível as crianças apresentam graves déficits na comunicação verbal e não verbal e também tem dificuldade no contato com as pessoas mesmo quando recebem apoio. A criança apresenta comportamento restrito repetitivo e frequentemente não conseguem lidar com mudanças. Grau Severo: Neste nível os déficits graves na comunicação verbal e não verbal, fazem com que essas crianças tenham uma dificuldade extrema em lidar 35 com mudanças, apresentam movimentos repetitivos e grande sofrimento para mudar o foco das suas ações De forma geral os autistas apresentam falta de resposta imediata quando chamado e falta de interesse com as pessoas ao redor; tem dificuldade em participar de brincadeiras em grupo, preferem sempre brincar sozinhos, tem muita dificuldade em interpretar expressões faciais e gestos; A criança autista sofre atraso anormal na fala e quando começam a falar tem dificuldade para combinar palavras e formar frases que fazem sentido ou repetir a mesma frase várias vezes. Os comportamentos repetitivos e incomuns são sintomas clássicos como; balançar o corpo, andar de um lado para outro repetidas vezes, bater as mãos reorganizar objetos e repetir palavras e sons. Além disso, a criança autista pode apresentar: acessos de raiva, hiperatividade ou excesso de passividade, necessidade intensa de repetição básica capacidade de atenção baixa, movimentos corporais repetitivos, dificuldade para lidar com determinados ruídos, aumento ou diminuição da resposta a dor e falta de empatia. Fonte: (Kelly MacDonald/Getty Images) 36 3.1. Crianças com Autismo Segundo American Psychiatric Association (2013) o autismo é uma síndrome do neurodesenvolvimento onde se caracteriza por deficiência somática, na comunicação, cognição, aspectos motores e na interação social, composto por padrões restritos, repetição de comportamentos, interesses pessoais, formados por variáveis no grau de intensidade e que estão presentes no período de desenvolvimento da criança. O autismo é mais comum em crianças do sexo masculino, quando existem casos do sexo feminino o autismo se manifesta com um grau menor (AGUIAR; NEGRETTI; 2015). Os primeiros sintomas começam aparecer nos primeiros três anos de vida, apresentando um atraso e desenvolvimento da linguagem e na interação social. Fonte: Arquivo Pessoal 2020 Diante disso Cunha (2015) considera e defende que o uso atual da nomenclatura Transtorno do Espectro Autista possibilita e abre um vasto campo de distintos níveis de transtorno, classificando os em: de leve, moderado e alto. Assim, não se pode unificar o sujeito com autismo, levando em conta que são sujeitos 37 diferentes, com níveis de intelectualidade, cognição e afetividades. Respeitando todas as possíveis variáveis desse transtorno. Conforme a Sociedade Americana de Autismo (ASA,2015), o autismo pode apresentar os seus primeiros sintomas nos primeiros meses de idade, criando mais identidade a partir dos dois anos, contudo, fica mais solido na infância e na adolescência, uma das principais formas de diagnósticos, e observar a criança autista, geralmente demonstram problemas como: medo, insônia, falta de apetite e agressividade. Apresentam dificuldades na cognição, na criatividade, linguagem verbal e em alguns casos a falta de contato visual. O autismo já recebeu inúmeras características, diagnósticos e manuais que configuram o autismo com a ausência de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos. Diante disso, o autismo foi classificado como uma nova categoria: ‟Transtorno Global do Desenvolvimento (GOMES,2007, LOPES- HERRERA,2004). A APA (1994) classifica os “transtornos globais do desenvolvimento” onde é composto por quatro tipos comportamentais: Transtorno de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Asperger e Transtorno Global de Desenvolvimento (autismo). Portanto, as cinco deficiências citadas possuem características em comum e estão agrupadas em uma mesma categoria, importante ressaltar que cada deficiência se diferencia das demais, algumas mais leves outras mais graves. Transtorn o de Rett Apenas no sexo feminino Desenvolvimento progressivo de múltiplos déficits específicos após um período de funcionamento normal durante os primeiros meses de vida. Perdas das habilidades voluntárias com as mãos (adquiridos durante os cinco primeiros meses de vida), com desenvolvimento de movimentos estereotipadas, semelhante a lavar e torcer as mãos 38 Problemas de coordenação na marcha e nos movimentos do tronco. Graves prejuízos de desenvolvimento de linguagem expressiva e receptiva. Severo retardo psicomotor, microcefalia. Está tipicamente associado com retardo mental severo ou profundo. Pode ocorrer transtorno convulsivo. Transtorn o de Asperger Atinge mais o sexo masculino. Não ocorrem atrasos significativos na linguagem, apesar de ocorre prejuízo na interação social e nos padrões de comportamento repetitivo. A inteligência global é normal na maior parte dos casos. Não ocorrem atrasos significativos nas habilidades de autoajuda apropriadas para a idade, no comportamento adaptativo (que não de interação) e na curiosidade acerca do ambiente na infância. Identificado mais tarde, no período escolar. Transtorn o desintegrativo da infância Ocorre predominantemente no sexo masculino. Regressão em múltiplas áreas do funcionamento, após um período de desenvolvimento aparentemente normal (interação social, comunicação e do comportamento). Irritabilidade, ansiedade e hiperatividade. Perda do controle intestinal ou vesical. Está associado com retardo mental severo. Sinais neurológicos inespecíficos, incluindo transtorno convulsivo. Transtorn o invasivo do desenvolvimento Diagnosticado na infância, podendo estar presente desde o nascimento. Prejuízo severo e profundo nas áreas da 39 sem outra especificação interação social, comunicação, associadas a presença de comportamento repetitivo e/ou restrito e interesses em atividades estereotipadas. Quadro: Características dos transtornos invasivos. Fonte: Martins, Preusseler e Zavschi (2002, p 43-46). 3.2. Inclusão social para crianças portadoras de autismo Segundo Santos e Teles (2012) em 1994 na cidade de Salamanca na Espanha foi elaborado a Declaração de Salamanca dando uma nova cara a educação. Esse documento foi criado com um objetivo claro, apontar aos países a necessidade de políticas públicas e educacionais que possam atender a todos de forma igualitária. Esse documento ainda destaca a necessidade da inclusão educacional das pessoas com necessidades especiais. Depois que a Declaração de Salamanca foi consolidada, inúmeras leis foram criadas para amparam pessoas com necessidades especiais: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, na Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica (RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 2, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001), a lei nº 13.146/15, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência e a lei de amparo à pessoa com autismo,a lei nº 12.764/12. Essas leis pretendem criar um sistema de educação mais flexível, regrado por uma política global, totalmente integrada, que possibilita o acesso e inclusão de todos. 40 Fonte: Arquivo Pessoal 2020 De acordo com Paulon, Freitas e Pinho(2005,p.9): “Um pressuposto frequente nas políticas relativas à inclusão supõe um processo sustentado unicamente pelo professor, no qual o trabalho do mesmo é concebido como o responsável pelo seu sucesso ou fracasso. É claro que a aprendizagem dos alunos é uma das metas fundamentais, não só dos professores, mas de todo o profissional que esteja implicado com a educação e, sem dúvida, uma prática pedagógica adequada é necessária para alcançá-la.” Diante de todas essas leis e decretos que garantem a inclusão social e que cobram desempenho máximo dos educadores, porém não fornecem nenhum tipo de apoio e formação especializada, as autoridades se esquecem que o educador é a principal ferramenta de alavanque para inclusão e educação, tanto ao ensino regular quanto ao ensino especial, pois é ele que transmitirá e mediará os valores sociais e culturais, que não são adquiridos facilmente pela comunidade. Conforme Cunha (2012) a boa formação e incentivo ao profissional, pode possibilitar aos profissionais que atual diretamente com o autismo, possibilidades de uma melhor avaliação clínica, desenvolvimento e apoio, do que nos ambientes familiares e escolares, onde tais estão escassos de conhecimento e instrumentos de trabalho. 41 Segundo Telmo (1990) a inclusão de autistas na escola só se torna possível se for compreendido pelos professores e a sociedade, se proporcionar circunstancias que possibilitem a inclusão, ter agentes de apoio ou a redução de alunos na turma, facilitando o progresso das aulas, ter o da comunidade , ter uma estrutura adequada às necessidades e apoio familiar. Camargo (2007) acredita que esta inclusão e um grande facilitador para o convívio com a comunidade, permite o estímulo da interação, dificultando o isolamento individual e seu desenvolvimento. Por fim Bosa (2006), defende que quanto mais cedo a criança autista for incluída socialmente, mais benefícios ela terá. O fator principal sobre a inclusão das crianças autistas na sociedade e a falta de informação de acordo com a grande maioria dos estudos que foram realizados para elaboração deste. Pode se afirmar pouco que pouco se sabe sobre o transtorno do espectro autista, o TEA e como consequência da falta de conhecimento há dificuldade de inserir estas pessoas na sociedade. Pois a falta de informação leva ao preconceito e a discriminação. E preciso criar mecanismos de informação, para possibilitar a inclusão destas crianças. Fonte: Blog Inclusão Social – Autismo, Ano II - Edição Nº 302 Os desafios para inclusão de autistas e evidentemente fundamental para que o estado por meio de campanhas para a população e melhor treinamento dos profissionais da educação tenham acesso facilitado a estas informações, para que os autistas possam desenvolver na sociedade e se tornarem adultos sociáveis. 42 É importante frisar que independente do grau de dificuldade da criança autista ela necessita de acompanhamento é apoios específicos. Estes acompanhamentos são feitos por algumas instituições como: APAE, CRER, PESTALOZZI, e etc. O caminho e longo mais já existem vários avanços e instituições que apoiam e dão suporte para a criança e a mãe da criança que também precisa de um apoio psicológico para aprender a lidar com a criança e as dificuldades que enfrentam com uma criança portadora de TEA. Buscando conhecer as leis vigentes que se referem ao autismo, pode se afirmar que o autismo vem ganhando espaço na sociedade, e entre as leis vigentes destacam-se em primeiro lugar a lei nº12.764/12 que em seu artigo 2º define as diretrizes da política nacional de proteção dos direitos da pessoa com transtorno do espectro autista: I. A intersentorialidade no atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista II. A participação da comunidade na formulação de políticas publica voltada para as pessoas com transtorno do espectro autista e o controle da sua implantação, III. A atenção integral as necessidades de saúde da pessoa com transtorno do espectro autista, objetivando o diagnóstico precoce e o atendimento multiprofissional e o acesso a medicamentos e nutrientes; IV. (VETADO): V. O estímulo a inserção da pessoa com transtorno do espectro autista no mercado de trabalho observadas as peculiaridades da deficiência e as disposições da lei nº8.069, de 13 de julho de 1990 (estatuto da criança e do adolescente); VI. A responsabilidade do poder público quando a informação pública releva o transtorno e suas implicações; VII. O incentivo a formação e a capacitação de profissionais especializados no atendimento a pessoa com transtorno do espectro autista, bem como a pais e responsáveis; VIII. O estímulo a pesquisa cientifica com prioridade para estudos epidemiológicos tendentes a dimensionar a magnitude as características do problema relativo ao transtorno do espectro autista no país. S2º A pessoa com transtorno do espectro autista e considerada pessoa com deficiência para todos os efeitos legais. (BRASIL, 2012). 43 Fonte: © 2008 - 2020 | Portal Comporte-se Essa lei é uma consequência para os grupos que lutam pelo direito de acesso, de garantia das pessoas com autismo. O gênero humano, historicamente discrimina pessoas com deficiência, como desiguais, insistindo expulsá-los do convívio, pois não os considera semelhantes, em nome da normalidade padronizada que referencia a conduta da espécie. Na verdade, por detrás desse preconceito clássico estão estipulados os requisitos estatísticos para qualificação do normal- ou do anormal por exclusão – escondendo uma das mais antigas mazelas da humanidade: o temor da limitação humana (SALVADOR, 2015,p.20). Desta maneira, é perceptível à exclusão ao diferente, a limitação dos indivíduos. A sociedade em sua maioria ainda tenta “camuflar” o preconceito do convívio, tentando de todas as formas comprovarem que os deficientes devem viver em “bolhas”, isolados do convívio social. No entanto, com o avanço da divulgação sobre a inclusão e o papel da sociedade frente a mesma, essa visão de discriminação e pensamento de incapacidade foi sendo deixada de lado. Como afirma Lima (2006, p.27), A forma como a sociedade interage com as pessoas com deficiência se modificou e vem se transformando ao longo da história. Muitos foram considerados incapazes, inválidos, inferiores, antes que fossem vistos como cidadãos de direitos e deveres [...]. Somente com a modificação da sociedade, propiciada pela interação com as pessoas com deficiência, é que se pode vislumbrar uma sociedade mais fraterna e cooperativa (LIMA, 2006, p.27) 44 Fonte: Blog – FCE Institucional, 09/03/20 Então, deve-se abandonar a ideia de que os indivíduos com necessidades educativas especiais devem ficar à margem da sociedade, pois os mesmos possuem direitos e deveres como todo cidadão o que vem proporcionar uma sociedade, uma visão reflexiva sobre a inclusão e exemplo de cooperação uns com os outros em toda gama de interação social. Concomitantemente, Sassaki (2005, p.22) assegura que: O mundo caminha para a construção de uma sociedade cada vez mais inclusiva. Sinais desse processo de construção são visíveis com frequência crescente, por exemplo, na escola, na mídia, nas nossas vizinhanças, nos recursos da comunidade e nos programas e serviços (SASSAKI, 2005, p. 22). Ao falar sobre a educação inclusiva do ser humano portador do “Transtorno do Espectro Autista”, não está abordando-se apenas um mero desejo, pois a mesma é um direito do autista e de seus familiares e um dever da escola, a quala família busca incluir. Nesta perspectiva, a fundamentação legal é abordada para trazer ao conhecimento os exercícios legais que tratam do seu mantimento tais como: decretos, leis, declarações e diretrizes que fundamentam sobre as políticas públicas da educação inclusiva com enfoque na rede regular de ensino, visto que, tais fundamentações legais proporcionam o respaldo legal para o exercício da inclusão na rede pública de ensino. 45 O debate sobre a Educação Especial e Inclusiva no Brasil ganhou fôlego durante a tramitação do Plano Nacional de Educação (PNE), que traça 20 metas para o país cumprir em dez anos. A principal polêmica ocorreu por conta da possibilidade de as crianças e jovens com deficiência serem matriculadas em escolas especiais e não obrigatoriamente na rede regular de ensino. Na redação final da meta, essa opção foi mantida. Organizações especializadas no tema afirmam que o texto do PNE fere tratados internacionais sobre o tema, assinados pelo Brasil (BRASIL, 2001). Então, diversos documentos respaldam tal legalidade em que é assegurada a educação inclusiva preferencialmente na escola regular, desde leis que tratam da inclusão dos indivíduos com necessidades educativas especiais como todo na educação, até a inclusão com respaldo legal específico do autista na sala regular. O sucesso do processo de inclusão escolar depende de fatores de diferentes ordens (estruturais, ideológicos, políticos, técnicos) [...]. No trabalho pedagógico, essa necessidade faz-se mais evidente por ser o espaço onde a inclusão se efetiva (MARTÍNEZ, 1997, p.74). As dimensões que tratam da inclusão são diversas, pois envolvem várias áreas, porém é no espaço pedagógico que a inclusão é percebida em toda sua abrangência efetiva. Fonte: ONU, 24 agosto de 2016 46 Sobre a importância da necessidade em que diz respeito se o indivíduo autista deve ter acompanhante ou não no ambiente escolar, a Lei Berenice Piana 12.764/12 – Institui a Política Nacional de proteção dos direitos da pessoa com transtorno com Transtorno do Espectro Autismo, sancionada pela presidente da república Dilma Rousseff em 2012, com a colaboração de José Henrique Paim Fernandes e Miriam Belchior, publicada no site do planalto, altera o § 3º do Art.98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, em seu parágrafo único sobre o sobre o acesso ao ensino regular. (BRASIL, 2012). Nos termos do inciso IV do artigo 2º diz que a pessoa com o Transtorno do Espectro Autista tem direito a um acompanhante especializado se assim for comprovada a necessidade. Ainda na lei 12.764/12 em seu artigo 7º diz que haverá punição de uma multa de 3 (três) a 20 (vinte) salários mínimos ao gestor da escola que negar a matrícula do aluno com Transtorno do Espectro Autista, bem como, também a qualquer outra deficiência (BRASIL, 2012). "O que significa a publicação da lei? Dentre outros benefícios, o autismo passa a ser considerado uma deficiência. Destarte, milhares de pessoas com o transtorno terão direito ao atendimento especializado na educação" (CUNHA, 2013, p.16). Diante de tal respaldo legal, é reafirmado o direito do indivíduo autista à educação em escolas da rede regular de ensino, bem como, também que o mesmo pode fazer uso de um profissional mediador com as devidas especialidades para seu apoio quando necessário. De acordo com a Constituição Federal da República Federativa do Brasil (1988), na seção que pactua a educação como direito de todos, no Cap.III, Artigo 208 assegura que, “o dever do Estado com a Educação será efetivado mediante a garantia de: [...] III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. O Decreto de nº 6.571 de 17 de setembro, em seu Artigo 1º fala sobre o apoio técnico e financeiro que a União deve prestar aos sistemas públicos de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios e da sua oferta da ampliação do atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos 47 globais do desenvolvimento e as demais necessidades educacionais especiais na rede pública do ensino regular e explica o que é o atendimento educacional especializado em seu § 1º que “considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular” (BRASIL, 2008). A Lei 8.069 - Estatuto da Criança e do Adolescente no Artigo 54 menciona os deveres do Estado frente à educação das crianças e adolescentes, especificando em seu inciso III, o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 2012). Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino. Deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que realize esse serviço educacional (BRASIL, 2007). Observa-se então que, além do indivíduo autista ter o direito de ser incluído no sistema público, o mesmo tem o acesso à educação ampliada, pois lhe é possibilitado o atendimento educacional especializado, visto que é com o apoio desse atendimento que o autista poderá trabalhar suas potencialidades através de recursos e diversas atividades que vem para agregar com o ensino regular. A Declaração de Salamanca aborda sobre o princípio fundamental da educação inclusiva, seus deveres e as “orientações para ações em níveis regionais e internacionais no capítulo III – 7”: Figura 22: Fonte: Revista Autismo, (Maria Elisa Granchi Fonseca) - 25/03/2019 48 Princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, usam de recurso e parceria com as comunidades (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994). Diante do respaldo legal que a Declaração de Salamanca traz, a educação inclusiva deve assegurar uma educação de qualidade e que sua aprendizagem não pode ser comprometida e suas limitações não sejam dadas como empecilhos para seu atendimento na rede regular de ensino, estando sendo a disposição dos recursos adequados e de um currículo escolar preparado para receber cada indivíduo independente de sua necessidade ou dificuldade. A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto nº 3.956/2001, afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na deficiência toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. Este Decreto tem importante repercussão na educação, exigindo uma reinterpretação da educação especial, compreendida no contexto da diferenciação, adotado para promover a eliminação das barreiras que impedem o acesso à escolarização (BRASIL, 2007). Nesse sentido, o impedimento à liberdade de exercer os seus direitos é tido como exclusão, pois impossibilita as atividades que lhe são asseguradas, pois assim, como as demais pessoas, podem fazer uso de seus direitos e deveres tais exercícios também são de fundamental importância legal para os deficientes. A Lei nº 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) em seu Artigo 4º, no inciso III, dizque, a inclusão dos educandos com necessidades educacionais especiais sempre que possível deve ser na escola de ensino regular e ainda de forma gratuita (BRASIL, 1996). “Nesse processo, tem-se na rede pública a provisão do direito ao acesso ao ensino público, preferencialmente na rede regular 49 de ensino, a toda e qualquer criança com necessidades educacionais especiais” (FONSECA, 2014, p. 26). Corroborando, no Artigo 60 da Lei 9.394/96 em seu parágrafo único, fala sobre a importância do atendimento educacional especializado em parceria com o ensino regular, em que o mesmo vem a contribuir para melhor atender o sistema educacional dos indivíduos com necessidades educacionais especiais. Art.60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em Educação Especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único. O poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independente do apoio às instituições previstas neste artigo (BRASIL, 1996). Então, o poder público oferece o atendimento aos educandos com necessidades especiais na rede pública para assim, garantir sua gratuidade e maior abrangência, de forma preferencial, mesmo apoiando as demais instituições que trabalham de forma exclusiva com a educação especial. O MEC implementou o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade visando apoiar o trabalho inclusivo nas escolas, possibilitando a formação de gestores e professores para atuação inclusiva em todos os municípios brasileiros, para que assim, seja garantido a todos a escolarização, bem como, oferta do atendimento especializado e a acessibilidade garantida (BRASIL,2001). Logo, é possível perceber que o Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade não só apoia a inclusão, mas atua intimamente com o trabalho pedagógico, apoiando a formação dos gestores atuantes nas escolas e professores, para que a inclusão seja efetivada e uma realidade plena. 50 Figura 23: Fonte: @ 2018 - Autismos - Grupo de Apoio A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva possui diversos objetivos tais como: o acesso, a participação e aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, todos na escola regular, promovendo respostas às necessidades educacionais especiais. Dando garantia na transversalidade da educação especial, atendimento educacional especializado, continuidade da escolarização nos níveis mais avançados do ensino, formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão escolar, participação da família e da comunidade, acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação e articulação intersetorial na implementação das políticas públicas (BRASIL, 2007). Portanto, o autismo estando dentro do quadro de necessidade educacional especial, tais indivíduos autistas não podem ser vistos e tratados de outra forma. Considerando que a escola deva saber como trabalhar tendo conhecimento de tal informação oferecida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394, de 1996) em seu capítulo V, que dá respaldo a educação especial na perspectiva de inclusão em escolas no ensino regular. Assim também, a Declaração de Salamanca que enfatiza a importância da escola inclusiva e convívio com as diferenças e principalmente a Lei Federal 51 12.764, Lei Berenice Piana que caracteriza o autismo como deficiência e seus direitos tanto na área da saúde, como também na área da educação, na qual faz-se necessário o conhecimento e a dedicação de todos os envolvidos. A educação como um direito de todos, não deve ser vista apenas como um cumprimento obrigatório, pois, “fazer valer o direito à educação para todos não se limita a cumprir o que está na lei e aplicá-la sumariamente, às situações discriminadoras. O assunto merece um entendimento mais profundo da questão da justiça” (MANTOAN, 2006, p. 16). Logo, é necessário ter um entendimento mais amplo, muito mais profundo do que o simples fato da necessidade em cumprir a lei, tendo em vista que é necessário saber o real valor de fazer uso de tal obrigação, utilizando assim, a consciência crítica e reflexiva mediante o cumprimento da mesma. O planejamento e a implantação de políticas educacionais para atender a alunos com necessidades educacionais especiais requerem domínio conceitual sobre a inclusão escolar e sobre as solicitações decorrentes de sua adoção enquanto princípio ético-político, bem como a clara definição dos princípios e diretrizes nos planos e programas elaborados [...] (PRIETO, 2006, p. 35) Destarte, para a efetivação das políticas públicas educacionais especiais, necessita-se do entendimento sobre o que de fato é a inclusão, como deve-se incluir e em que momento a exclusão predomina ao se almejar uma inclusão de que não se conhece profundamente, pois o ato de inserir não é a inclusão que pretende-se alcançar e aperfeiçoar. [..] São imprescindíveis a produção e a socialização permanente de publicações e eventos que contemplem a Educação Inclusiva, para construir uma mentalidade inclusiva na educação [...] A Educação Inclusiva requer investimento e atenção social e políticas permanentes, que não fiquem restritos a uma conjuntura política; a construção de uma mentalidade inclusiva será possível se ela for mantida como um projeto da sociedade. (LIMA, 2006, p.142). 52 Figura 24: Fonte: Revista Saúde Mental -16/11/2015. Conclui-se, portanto que além do apoio e do respaldo legal para o mantimento da educação inclusiva, é necessário o apoio da sociedade para a permanência e o devido cumprimento das políticas públicas de Educação, pois é no convívio social que o indivíduo trabalha o comportamento interpessoal, possibilitando assim, pensamentos e atos inclusivos de verdadeira relevância. Como foi apresentado ao longo desta pesquisa, é preciso que as políticas públicas devem ser colocadas em prática, para atender os indivíduos com autismo. Quando se trata da inclusão de crianças autistas, algumas peculiaridades devem ser destacadas para que o acolhimento aconteça de forma a receber não só a criança como a todo o meio em que ela vive, como: mãe, família, educadores e profissionais da saúde que estão diretamente incluídos neste processo de inclusão. 53 4. DESIGN EMOCIONAL Design emocional é uma área que tornou -se notável a partir da década de 90, com foco em produzir com emoção os projetos. Três autores a partis de uma série de abordagens que a partir desta época foram desenvolvidas, se destacaram como os mais inspiradores e reconhecidos como os mais inspiradores no cenário mundial. Fonte: Arquivo Pessoal,2020. Jordan (1999), Norman (2004) e Desmet (2002). Jordan criou formas de identificar os usuários, em função da sistematização de uma classificação sobre as fontes de prazer e ainda estabeleceu um método próprio para ser utilizado em estudos sobre personalidade do produto, o que foi considerada, uma importante e útil contribuição. Norman (2004), por outro lado, desenvolveu uma abordagem mais teórica, defendendo que os diferentes tipos de estimulação deveriam ser acompanhadas, de uma mudança em estratégias de design. Foi o primeiro a abordar a variação da estimulação visceral (geral, relativamente acultural) e suas diferenças para a comportamental e a reflexiva (mais específicas e sujeitas á 54 aprendizagem e à cultura), o autor tem uma participação muito relevante
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