Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LOGÍSTICA EMPRESARIAL Prof. ME. Henrique Lacerda Nieddermeyer 005 Aula 01: 015 Aula 02: 025 Aula 03: 033 Aula 04: 041 Aula 05: 049 Aula 06: 056 Aula 07: 063 Aula 08: 072 Aula 09: 080 Aula 10: 088 Aula 11: 095 Aula 12: 103 Aula 13: 114 Aula 14: 121 Aula 15: 127 Aula 16: Fundamentos da Logística Empresarial Fundamentos do Transporte O Modal Rodoviário O Modal Ferroviário O Modal Aquaviário O Modal Dutoviário O Modal Aeroviário Fundamentos de Distribuição Fundamentos de Armazenagem Fundamentos de Estoques A Cadeia de Suprimentos Logística A Função Compras Tecnologias Aplicadas à Logística Fundamentos de Logística Reversa Perfil do Profissional de Logística O Nível de Serviço Logístico Introdução Caro(a) aluno(a), este material foi produzido com a intenção de transmitir, além da teoria, alguns aspectos práticos, do cotidiano das organizações que atuam no setor logístico. Você verá importantes conceitos e fundamentos que nortearão sua vida acadêmica e sua visão profissional. Iniciamos nossos estudos pelos fundamentos da logística empresarial, como termos e definições próprias dessa importante área que certamente serão esclarecedoras na sua busca por conhecimento. Os fundamentos do transporte deixarão claras algumas situações atuais pelas quais passamos em nosso cotidiano, como exemplo, altos custos de fretes e pedágios, além da infraestrutura logística do país. Na sequência, abordaremos as características e peculiaridades dos cinco modais de transporte com foco nas principais vantagens e desvantagens de cada um deles, dando subsídio teórico para eventuais tomadas de decisão quanto à escolha do melhor tipo de transporte. Também destacaremos duas áreas consideradas pilares da logística: a distribuição e a armazenagem. Não menos importante são os fundamentos de estoques, que nos dão uma noção bastante clara dos desafios enfrentados pelo gestor quanto à manutenção ou não de estoques em suas empresas, e abordaremos as dúvidas em se manter estoque ou optar pela filosofia Just in Time (somente o necessário). Estudaremos sobre a cadeia de suprimentos logística e as atividades a ela inerentes, como por exemplo, o compartilhamento de informações entre os diversos atores do canal logístico de modo a obtenção de vantagens competitivas e consequentemente a satisfação do cliente pela rapidez na entrega e redução de custos. Veremos ainda as complexidades do setor de compras ou aquisições das empresas modernas, bem como as tecnologias utilizadas para controle de todas as atividades da cadeia de suprimentos. Estudaremos também sobre a logística reversa e os motivos que levam os empresários a adotá-la, além da legislação pertinente e face ao dinâmico cenário da logística e suas características específicas, veremos ainda o perfil do profissional de logística, com foco nas características e da necessidade de aprimoramento constante. 3 Finalizando nossos estudos, abordaremos o nível de serviço logístico, que se refere àquilo que o cliente percebe, além do produto ou serviço ele adquire. Veremos a importância dos profissionais e empresas do setor em cumprir a missão logística, que é entregar o produto certo, no prazo certo, dentro das condições estabelecidas ao menor custo para o cliente! Bons estudos! 4 01 Fundamentos da Logística Empresarial 5 Prezado(a) aluno(a), é muito comum quando perguntamos a uma pessoa que não é da área sobre o que ela entende por logística, e a resposta mais comum é aquela relacionada a caminhões. É impressionante o quanto essa associação é recorrente! E você? Se tivesse que, de súbito, apresentar um conceito de logística, qual seria a sua resposta? É muito provável que não seria tão diferente dos demais. Voltemos então à época que precedeu a Revolução Industrial, quando a maioria dos produtos era fabricada de forma artesanal, unitária e exclusiva. Um artesão primeiramente recebia o pedido, demorava um certo tempo na produção do item, envolvia o uso de recursos dos mais variados e quando pronto, o comprador vinha retirar o produto comprado. Podemos notar, nesse processo simples, que havia pouca concorrência e que o artesão poderia demorar o tempo necessário para produzir o item, a�nal, o comprador não teria outra opção de compra. Se considerarmos que, entre esse período narrado e os tempos atuais tivemos algumas revoluções industriais, perceberemos que o cenário mudou radicalmente. O mundo está globalizado, aproximando o comércio de todos os países do planeta. Nesse sentido, é impossível imaginar qualquer atividade produtiva sem o apoio da logística. Mas, a�nal, o que signi�ca logística? 6 Hoje, é muito comum ouvirmos e lermos sobre o desvirtuamento do conceito de logística. É frequente em reuniões familiares discutir a logística da família durante a semana, e um proprietário que estampa na porta do veículo o termo “logística”. De acordo com Dias (2010, p. 3), “existe um grande interesse pela administração logística, que inclusive atualmente virou um termo cabalístico que de�ne qualquer coisa, tudo virou logística e serve para tudo”. Mas quais motivos explicam esse interesse e modismo pela utilização constante do termo logística? Nesse sentido, Dias (2010, p. 3) destaca que tal interesse pode ser explicado por seis razões importantes: 1. rápido e elevado crescimento dos custos, particularmente concentrado nos serviços de transporte, armazenagem e infraestrutura; 2. desenvolvimento de técnicas matemáticas, de equipamentos e de software com sistemas capazes de tratar e�cientemente a massa de dados normalmente necessária para a análise de um problema logística; 3. complexidade crescente em prazos, fornecedores e custos da administração de materiais e da distribuição física, tornando necessários sistemas mais complexos; 4. disponibilidade de maior gama de serviços e provedores logísticos; 5. mudanças rápidas de mercado e de canais de distribuição, especialmente para bens de consumo; 6. tendência dos varejistas e atacadista transferirem as responsabilidades de gestão dos estoques para os fabricantes. Para dar continuidade a nossa conceituação de logística, é importante veri�car que o comércio mundial está sempre em movimento, 24 horas por dia e sete dias por semana. É importante salientar que a origem do termo logística é do meio militar, conforme destaca Ballou (2010, p. 27), “logística é o ramo da ciência militar que lida com a obtenção, manutenção e transporte de material, pessoal e instalações”. O autor também destaca uma de�nição que engloba a essência da gestão da logística empresarial, promulgada pelo Council of Logistics Management (CLM): 7 Logística é o processo de planejamento, implantação e controle do �uxo e�ciente e e�caz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender às exigências dos clientes (BALLOU, 2010, p. 27) Acesse o link: Disponível aqui Agora, que você está conhecendo o cenário dinâmico da logística, não seria interessante a sua participação na maior rede global de pro�ssionais de logística? Basta clicar no link abaixo, conhecer, explorar e �car atento às novas práticas da logística a nível mundial: Nesse contexto, de modo complementar, Bowersox e Closs (2011, p. 20, grifo meu) apresentam um conceito mais amplo da logística: A logística envolve a integração de informações, transporte, estoque, armazenamento, manuseio de materiais e embalagem. Todas essas áreas que envolvem o trabalho logístico oferecem variedade de tarefas estimulantes. Combinadas, essas tarefas tornam o gerenciamento integrado da logística uma pro�ssão desa�ante e compensadora. Já Pires (2012, p. 41) apresenta a seguinte de�nição de logística, integrando-a no contexto da cadeia de suprimentos: 8 Figura 1 – A cadeia de suprimentos logística A CADEIA DE SUPRIMENTOS LOGÍSTICA FORNECEDORES COMPRAS/AQUISIÇÕES PRODUÇÃO Logística reversa Logística inbound Logística outbound novo pedido ESTOQUE DISTRIBUIÇÃO CLIENTE FINAL Fonte: O autorLogística é a parte dos processos da cadeia de suprimentos (SC) que planeja, implementa e controla o �uxo e estocagem de bens, serviços e informações correlatas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender as necessidades dos clientes. A de�nição que considera a logística um processo é bastante interessante, pois retrata a responsabilidade por diversas etapas do produto, desde a aquisição de sua matéria-prima até a entrega do produto acabado ao cliente �nal, implicando inclusive a a�rmação de que a logística é parte do processo da cadeia de suprimentos, também conhecida como gerenciamento da cadeia de suprimentos. Por meio da Figura 1, é possível a melhor compreensão do conceito de cadeia de suprimentos logística: A �gura 1 retrata a movimentação do produto, de forma planejada e ordenada, desde a aquisição de sua matéria-prima, sua transformação até a chegada ao cliente �nal. Este, por sua vez, estando satisfeito, faz um novo pedido e realimenta o ciclo logístico. 9 Nesse contexto, é importante destacar a missão da logística, que segundo Ballou (2001, p. 21) “é dispor a mercadoria ou o serviço certo, no lugar certo, no tempo certo e nas condições desejadas, ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuição à empresa”. Em outros termos, a missão da logística é entregar o produto ao cliente a um custo razoável e que traga lucro para a empresa. Complementando o conceito de missão da logística, Bowersox e Closs (2011, p. 23, grifo meu) destacam: A logística existe para satisfazer às necessidades do cliente, facilitando as operações relevantes de produção e marketing. Do ponto de vista estratégico, os executivos de logística procuram atingir uma qualidade prede�nida de serviço ao cliente por meio de uma competência operacional que represente o estado-da-arte. O desa�o é equilibrar as expectativas de serviços e os gastos de modo a alcançar os objetivos do negócio. 10 Ballou (2010, p. 27) destaca que “a logística é parte do processo da cadeia de suprimentos, e não do processo inteiro”. Desta forma, o que signi�ca o processo da cadeia de suprimentos ou gestão da cadeia de suprimentos? O gerenciamento da cadeia de suprimentos é um termo surgido mais recentemente e que capta a essência da logística integrada e inclusive a ultrapassa. O gerenciamento da cadeia de suprimentos destaca as interações logísticas que ocorrem entre as funções de marketing, logística e produção no âmbito de uma empresa, e dessas mesmas interações entre as empresas legalmente separadas no âmbito do canal de �uxo de produtos. Dentro desse contexto, Pires (2012, p. 41) apresenta um conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM) bastante conciso: SCM é a integração dos processos de negócios desde o usuário �nal até os fornecedores originais (primários) que providenciam produtos, serviços e informações que adicionam valor para os clientes e stakeholders. Prezado(a) aluno(a), inserimos, na �gura 1, dois conceitos importantes de logística que compõem a cadeia de suprimentos, que precisam ser explicitados e conhecidos conforme a aplicação prática no meio logístico. Enquanto à logística inbound (inbound signi�ca entrada) competem os esforços e atividades de abastecimento, ou seja, compras e aquisições, à logística outbound (outbound signi�ca saída) competem os esforços de distribuição, ou seja, entregar os produtos ao cliente �nal ao menor custo possível (o autor). 11 É muito importante para todos que militam no ambiente da logística conhecer a diferenciação entre logística inbound e logística outbound. Nesse sentido, é importante fazer uma pesquisa mais ampla e buscar exemplos práticos da aplicação desses termos no cotidiano das empresas. Por meio do desenho e identi�cação de todos os atores de uma determinada cadeia de suprimentos, é possível criar oportunidades para melhoria dos custos e prestação de serviços aos consumidores, mediante coordenação e colaboração entre todos os integrantes do canal logístico nos pontos em que algumas das atividades essenciais da cadeia de suprimentos (transporte, armazenagem e distribuição) podem não estar sob o controle direto dos especialistas em logística (BALLOU, 2010). Em outros termos, o gerenciamento da cadeia de suprimentos tem como principal objetivo a coordenação do �uxo de produtos ao longo do canal logístico para a geração de vantagem competitiva e lucratividade para os integrantes dessa cadeia. Por meio da Figura 2, é possível a visualização do �uxo de atividades no âmbito da cadeia de suprimentos: 12 Figura 2 – Um modelo do gerenciamento da cadeia de suprimentos A CADEIA DE SUPRIMENTOS O ambiente global Fluxos da cadeia de suprimentos Satisfação do cliente/ valor/ lucratividade/ vantagem competitiva Coordenação intercorporações (intercâmbio funcional, fornecedores terceirizados, gestão de relacionamentos, estruturas de cadeia de suprimentos) Coordenação interfuncional (confiança, compromisso, risco, dependência, comportamentos) Marketing Vendas Pesquisa e desenvolvimento Previsão Produção Compras Logística Sistemas de informação Finanças Serviços ao Cliente Fornecedor do fornecedor Fornecedor Firma focal Cliente do cliente Cliente Produtos Serviços Informação Recursos Financeiros Demanda Previsões Fonte: Ballou (2010, p. 28) [Adaptado] Prezado(a) aluno(a), ao �nalizarmos esta aula, espero que você possa ter não só compreendido os conceitos dessa importante área, que é a logística empresarial, mas também seja capaz de diferenciá-la do conceito de cadeia de suprimentos. 13 Fonte: O autor Se você está interessado na área, iniciando suas atividades na área logística ou já é um pro�ssional, não se preocupe muito em decorar os termos usualmente utilizados na área, mas sim em entendê-los. Embora a logística seja uma área que surgiu na esfera militar, os seus termos mudam ou se transformam constantemente. A�nal, o objetivo da logística é propiciar o menor custo para a empresa e para o cliente. A logística é mais que uma área, é uma necessidade! Portanto, nesse contexto, cabe aqui relatar o resultado de uma pesquisa que realizei com meus alunos do curso de logística. Na fase �nal do curso, solicitei a todos que realizassem uma pesquisa nas 80 empresas de logística instalada na cidade com uma pergunta direcionada ao principal gestor da empresa: “Qual atributo que você mais valoriza no momento da contratação de um novo funcionário da área de logística?” Na pesquisa, não deixamos opções para marcar um X, mas sim um vasto campo em branco, que de forma propositada, era para que o gestor logístico escrevesse o que bem quisesse. E a resposta geral foi surpreendente! Como professor de logística e coordenador da consultoria júnior de logística, �quei impressionado. Cerca de 80% dos entrevistados responderam que o principal atributo para um novo colaborador na área de logística era o comprometimento! Isso mesmo! Comprometimento! Em outros termos, o gestor logístico quer um pro�ssional que esteja com ele nos tempos bons e também nos ruins, ou seja, que não pule do barco! Por meio dessa pesquisa, é possível inferir que os conhecimentos da área são importantíssimos, e que não basta apenas conhecer a teoria. É importante que você já comece a se preocupar e a se envolver com a prática. 14 02 Fundamentos do Transporte 15 Prezado(a) acadêmico(a), a essência da logística é o transporte de cargas, a�nal, o que se produz precisa chegar ao consumidor �nal no menor tempo possível. Nesse contexto, ao analisarmos a Figura 1, podemos a�rmar que a logística empresarial tem três pilares: transporte, armazenagem e distribuição. A decisão de transportar a mercadoria é estratégica. Isso importar dizer que vários parâmetros precisam ser analisados, principalmente aqueles que se referem a custos. É possível que você já tenha adquirido algum produto pela internet e tenha considerado o preço atrativo. No entanto, ao �nalizar a compra o preço do frete tenha feito você pensar em outra alternativa. Sempreque nos referirmos a transporte, tenha em mente que esse termo está intrinsecamente relacionado a custo. Hoje não se opera o transporte sem planejamento estratégico e sem considerar as características que in�uenciam os custos. Nesse contexto, Bowersox e Closs (2011, p. 303) destacam que “para desenvolver uma estratégia logística e�caz e negociar com sucesso de transporte, é necessário compreender os aspectos econômicos da atividade”. Ainda segundo os autores, a abordagem da economia e da formação de preço de transporte cobre necessariamente três tópicos: 16 Primeiramente, estão os fatores que afetam a economia de transporte. Em segundo lugar as estruturas de custo que decorrem da apropriação de despesas. Finalmente, existem as estruturas de frete, que são fundamentais para os preços cobrados aos clientes [...] (BOWERSOX e CLOSS, 2011, p. 303, grifo meu). Os tópicos que afetam a formação de preço do transporte, principalmente no Brasil, já são conhecidos e noticiados nos principais veículos de comunicação como, por exemplo, o preço do combustível, as condições de nossas estradas, a falta de investimentos em ferrovias, a legislação trabalhista, en�m, o custo Brasil. Em transporte, nem sempre a melhor decisão é a que implica menor custo. Quer um exemplo? Muitos caminhões bitrens transportam soja de Rondonópolis, MT ao porto de Santos, SP e retornam vazios. Aparentemente a decisão de voltar vazio signi�ca um prejuízo ou deixar de ganhar um valor a mais pelo frete, correto? Os transportadores justi�cam a decisão pelo fato de só haver frete de retorno para o transporte de fertilizantes, cujos contratantes pagam um valor muito baixo pela tonelada transportada. Nesse sentido, convém voltar vazio e economizar combustível com o caminhão bem mais leve. A Figura 1 apresenta as principais estratégias adotadas na gestão de transporte visando sempre à satisfação do cliente: 17 Figura 1 – Fundamentos do Transporte Objetivos dos serviços ao cliente Estratégia de Estoque • Previsão • Decisões sobre estoque • Decisões de compra e programação dos suprimentos • Fundamentos de estocagem • Decisões de estocagem Estratégia de Localização • Decisões sobre a localização • O processo de planejamento de rede Estratégia de Estoque • Fundamentos de Transporte • Decisões de Transporte - O produto - Serviço Logístico - Processo de Pedidos e Sistemas de informação PL AN EJ AM EN TO O RG AN IZ AÇ ÃO CO N TR O LE Fonte: Ballou (2010, p. 149) Como vimos na Figura 1, o processo de entregar o produto ao consumidor �nal envolve um planejamento estratégico, cuja utilização ainda é pouco comum aos gestores logísticos. Nesse contexto, Bertaglia (2009) aponta que os principais fatores que exigem planejamento estratégico por parte das empresas são: a intensa competição, novos concorrentes, participação de mercado, regras governamentais, problemas �nanceiros e visão de futuro. Os desa�os e complexidades que envolvem o transporte de cargas são muitos e variados. Para facilitar nosso entendimento, Bertaglia (2009, p. 46) assim de�ne planejamento estratégico: Planejamento estratégico é um esforço para produzir decisões que orientarão as ações da organização. Deve ser simples e claro, e contar com a missão, os princípios, as metas e os objetivos da empresa, se baseando nas premissas e variáveis internas e externas. Hoje, não se admite mais no meio de transporte a prática do “achismo” ou do amadorismo. Todas as decisões devem ser tomadas com base em uma régua de custos, pois a empresa que trabalha de forma diferente acaba “pagando para 18 trabalhar”. Os dois principais critérios que in�uenciam as atividades de transporte são a distância e o tempo. Nesse sentido, Bertaglia (2009, p. 292, grifo meu) esclarece: A distância corresponde ao trajeto percorrido entre os pontos de produção e de consumo; e tempo, ao tempo necessário para se percorrer a distância e disponibilizar o produto para o consumo. O parâmetro tempo, totalmente dependente da distância, é muito importante em logística, uma vez que é determinante para a formação dos estoques, para o nível de serviço e, por conseguinte, para os custos derivados desses fatores. A urgência na produção e na entrega da mercadoria está atrelada à necessidade do cliente, que é o agente determinante do tempo. Por essa razão, as empresas têm negociado o preço �nal de seus produtos aos prazos de entrega e às formas de pagamento. Quanto mais urgente for o pedido, maior é o preço a ser cobrado. Atualmente, o maior custo logístico das empresas é o transporte, o qual está associado diretamente a custo. A função primordial de um gestor de transporte ou gestor logístico de uma empresa é analisar e conciliar três itens importantes: custo, 19 prazo e qualidade do atendimento (satisfação do cliente). No tocante à obtenção de vantagem competitiva na aplicação desses três itens, Dias (2010, pp. 335-336) aponta as argumentações: 1. Custos: ao termo de valores de custos de transporte superiores às médias de mercado, aumentarão nossas di�culdades de concorrência no mesmo. 2. Prazos: para determinados produtos os prazos de entrega são tão importantes que, devido à vida do produto ser extremamente curta, poderemos ao estender seu prazo de entrega, prejudicar inclusive vendas futuras [...]. 3. Qualidade: em determinados casos, principalmente no transporte de matérias-primas mais so�sticadas, poderá vir a onerar os custos de transporte. Um fator primordial para a qualidade do transporte é a embalagem do produto transportado. Desde o carregamento, ele está sujeito a riscos de avarias devido à própria operação, e, se a embalagem não for correta para a modalidade de transporte, certamente o material será avariado [...]. A partir da sua fabricação, o produto, mesmo ainda dentro da empresa, está sujeito a avarias devido à movimentação interna, manuseio e transporte até o seu destino �nal. São vários os fatores e condições que impactam no custo e no preço �nal do transporte. Bowersox e Closs (2011, p. 303, grifo meu) consideram que é necessária a análise de três pontos importantes para a formação de preço de transporte: Primeiramente, estão os fatores que afetam a economia de transporte. Em segundo lugar, as estruturas de custos que decorrem da apropriação de despesas. Finalmente, existem as estruturas de taxas de frete, que são fundamentais para os preços cobrados aos clientes. Para exempli�car os fatores econômicos de transporte que compõem o frete, Bowersox e Closs (2011, p. 303) destacam os fatores considerados para base de cálculo: “distância, volume, densidade, facilidade de acondicionamento, facilidade de manuseio, responsabilidade e mercado”. A seguir, são apresentados os demais fatores que afetam o frete são descritos: 20 Quadro 1 – Fatores especí�cos que compõem o frete: Fonte: Bowersox e Closs (2011, pp. 304-306). 1. distância: é um dos principais fatores no custo de transporte, porque afeta diretamente os custos variáveis, como combustível, a manutenção e, algumas vezes, a mão de obra. 2. volume: o segundo fator é o volume de carga. O custo de transporte por unidade de peso diminui à medida que o volume de carga aumenta [...]. 3. densidade: a densidade de carga é a relação entre peso e espaço. É importante porque o custo de transporte e normalmente cotado por unidade de peso, por tonelada ou por quilograma. No tocante a peso e espaço, geralmente um veículo tem mais limitações de espaço do que de peso. Uma vez lotado o veículo, não é possível aumentar a quantidade a ser transportada, ainda que a carga seja leve. 4. facilidade de acondicionamento: a facilidade de acondicionamento depende das dimensões das unidades de carga e da forma como elas afetam a utilização do espaço no veículo (vagão, carreta ou contêiner). Formas e tamanhos estranhos, bem como peso ou comprimentos excessivos, não se acomodam bem, e geralmente causam desperdício de espaço. 5. facilidade de manuseio: para carregar e descarregar caminhões, carretas ou navios, pode ser necessário equipamentoespecial de manuseio. A maneira pela qual as mercadorias são agrupadas �sicamente (por exemplo, amarradas, encaixotadas, paletizadas) para transporte e armazenagem também afeta o custo de manuseio. 6. responsabilidade: o grau de responsabilidade inclui 6 características, relacionadas com a carga, que afetam principalmente o risco de danos e a incidência de reclamações. Essas características são: suscetibilidade de dano, dano ocasionado elo veículo, possibilidade de deterioração, suscetibilidade de roubo, suscetibilidade de combustão espontânea ou de explosão e valor por unidade de peso. 7. mercado: por último, os fatores de mercado, como intensidade e facilidade de tráfego, afetam o custo de transporte. Uma rota de transporte é um itinerário entre os pontos de origem e destino. Como os veículos e seus motoristas têm de retornar à origem, é necessário conseguir uma carga de retorno, para evitar que o veículo volte vazio batendo lata. 21 Acesse o link: Disponível aqui Quando nos referimos aos diversos custos que incidem no transporte de cargas no Brasil, citamos necessariamente o “Custo Brasil” (denominação genérica a uma série de custos de produção que di�cultam a exportação do produto brasileiro no mercado externo). Além de a nossa infraestrutura ser precária, ainda lidamos com o pagamento exagerado de impostos. Nesse sentido, veri�que o impostômetro, que afere o quanto pagamos de impostos ao ano: O fator custo está sempre presente nas decisões empresariais que lidam com transporte, a ponto de in�uenciar a escolha do meio de transporte a ser utilizado. Embora o modal rodoviário seja a solução mais rápida, existem outros que, dependendo da quantidade a ser transportada e do tempo, pode se tornar a opção mais viável. Nesse aspecto, Bertaglia (2009, p. 296, grifo meu) enfatiza: As decisões estratégicas tomadas para de�nir qual a modalidade de transporte podem ser utilizadas levando-se em conta vários fatores ou características. As modalidades estão vinculadas ao desempenho de cada tipo de transporte no que se relaciona a preço, volume de carga, capacidade, �exibilidade, tempo de demora, terminais de carga e descarga, legislação e regras governamentais, etc. 22 Figura 2 – A matriz de transporte de cargas no Brasil 62,8% 3,6% 12,6% 21,0% Rodoviário Ferroviário Aquaviário Dutoviário Fonte: Fonte: ILOS - Instituto de Logística e Supply Chain Disponível aqui É interessante conhecer os critérios do gestor logístico para decidir qual o melhor meio de transporte a ser utilizado. Aprimore seus estudos e faça uma pesquisa, por exemplo, acerca das regras governamentais que afetam o custo do transporte rodoviário no Brasil. A modalidade de transporte se refere ao modo utilizado para transporte da carga: rodoviário, ferroviário, aquaviário, dutoviário e aéreo. Veja, caro(a) aluno(a), a participação de cada modal por meio da análise de nossa matriz de transporte: 23 Fonte: O autor Serviço de Consultoria em uma empresa de transporte de grãos Como citei anteriormente, como professor universitário de uma grande instituição de ensino superior, fui convidado para ser o coordenador da consultoria júnior de gestão. Nesse modelo de empreendimento, todos os serviços desenvolvidos deveriam obrigatoriamente envolver alunos. Em determinado tempo, recebemos um telefone de um gestor de uma frota de 15 caminhões bitrens para fazer uma consultoria a �m de apurar o lucro da empresa, uma vez que o gestor relatou que no �nal do mês sobravam para ele apenas R$ 500,00. A primeira conta é simples: um gestor que adquiriu 15 caminhões bitrens, com valor de R$ 500.000,00 cada, só receber R$ 500,00 por mês de lucro. Era algo inadmissível. O primeiro passo foi mergulhar nos relatórios �nanceiros mensais por três meses. Feito isso, apuramos elevada despesa de manutenção e também alto consumo de combustível nas diversas viagens realizadas por sua equipe de motoristas. A primeira ação efetiva foi obrigar cada um dos motoristas a passar por uma reciclagem na concessionária de caminhões, em que reaprenderam a dirigir seguindo à risca as orientações dos manuais do fabricante. Na sequência foi realizado um ranking dos motoristas com apenas dois parâmetros: produtividade e consumo de combustível. Em seguida, esse ranking foi colocado em um quadro branco imenso, na sala do gestor da frota. Nenhum motorista foi advertido ou criticado. Cada motorista que entrasse para fazer sua prestação de contas tinha acesso ao ranking. A primeira reação dos motoristas foi a de que os dois últimos seriam demitidos (eles mesmos imaginaram essa situação). Nos 30 dias próximos, já houve uma reação impactante, pois o lucro apurado do gestor da frota subiu de R$ 500,00 para R$ 15.000,00. Tudo isso apenas com a prática da gestão à vista e com maior controle dos custos! 24 03 O Modal Rodoviário 25 Caro(a) aluno(a), como vimos na matriz de transporte brasileira, o modal rodoviário é o absurdamente mais utilizado para transportar cargas no país. A partir dessa informação você já deve estar se perguntando o porquê dessa situação, não é mesmo? O transporte rodoviário já até parece, de certa forma, fazer parte da cultura do brasileiro. Se �zermos uma rápida análise de nossos familiares e parentes, perceberemos, com raríssimas exceções, que temos algum caminhoneiro na família. Eu, por exemplo, tive um avô que era caminhoneiro e um irmão que ainda é. No entanto, existem diversas justi�cativas para esse cenário liderado pelo modal rodoviário: 1. política de investimentos que favoreceu sobremaneira a construção de rodovias. 2. implantação das indústrias automobilísticas. 3. a criação do Parque Nacional de Re�nação de Petróleo. 4. a vasta extensão geográ�ca do país torna a maioria dos municípios inacessíveis por outros meios de transporte. Dos 5.564 municípios, apenas 1.180 são servidos através da ferrovia (DIAS, 2010, pp. 336-337). No Brasil, assistimos constantemente a um número de rodovias sendo privatizadas com o objetivo de tornar esse modal mais competitivo com a redução do combustível consumido e também na redução dos gastos com manutenção dos veículos, proporcionando ainda maior �uidez das cargas transportadas. No entanto, com a privatização, surge um novo custo: o pedágio. O Brasil tem proporções continentais e um grande número de estradas federais, estaduais e municipais. 26 Figura 1 - Figura 1 – Mapa das rodovias federais do Brasil Fonte: Ministério da Infraestrutura, 2019 Disponível aqui O modal rodoviário é o principal responsável pelo abastecimento de produtos em todo o país. Nesse contexto, Bertaglia (2009, p. 297) enfatiza: O transporte rodoviário de cargas é o mais independente dos transportes, uma vez que possibilita movimentar uma grande variedade de materiais para qualquer destino, devido à sua �exibilidade, sendo utilizado para pequenas encomendas, e curtas, médias ou longas distâncias, por meio de coletas e entregas ponto a ponto. Ele faz a conexão entre os diferentes modos de transporte e os seus respectivos pontos de embarque e desembarque. 27 Uma vez que concentramos o transporte de cargas em um só modal, não há competitividade e, por consequência, o custo continua sendo alto. No entanto, há aproximadamente 35 anos não temos investimentos em outros modais. Se a concentração de cargas no meio rodoviário tem consequências danosas à economia, porque então insistimos nessa equação? Há uma corrente de comentários e discussões no meio logístico de que existe um lobby do segmento de transportes junto ao poder central para di�cultar a evolução dos investimentos em outros modais. Porém, são conjecturas para justi�car a insistência na utilização em massa do transporte rodoviário, mesmo implicando em excessivos custos. No tocante aos prejuízos decorrentes por falhas no transporte, Francischini e Gurgel (2002, p. 251) a�rmam: o custo do transporte pode assumir de 3% a 8% da receita da empresa, mas maior despesa ocorre quanto o produto não chega ao cliente na hora certa e em condições. Não podemos destruir, noscanais de distribuição, o que se fabrica nas linhas de montagem com muito cuidado. O enorme esforço de elevação da produtividade da fábrica poderá ser comprometido pela ine�ciência do transporte. Os custos da ine�ciência do transporte, além de comprometer os padrões de produtividade da fábrica, podem ter implicações ainda maiores. Como exemplo, considere se um dos clientes afetados resolve expor a sua insatisfação por meio das mídias digitais. Todo o esforço de construção da marca pode ser comprometido de igual forma, trazendo danos à reputação da empresa. Desta forma, é possível inferir que o transporte passa a ser um produto, cuja qualidade pode ser exposta e divulgada pela empresa fabricante. Nesses termos, Francischini e Gurgel (2020, p. 251) a�rmam que “o produto transporte poderá ser caracterizado pela carga transportada e pela distância percorrida, sendo que a máquina que produz o transporte rodoviário é o caminhão”. 28 Para garantir a qualidade do transporte, as empresas do meio logístico devem atentar de forma permanente para algumas variáveis: Grau de ocupação da frota; Índice e gravidade das varias de carga; Disponibilidade de veículos da frota; Regularidade dessa disponibilidade; Rastreabilidade proporcionada pelo sistema de controle; Segurança contra furtos, desvios de cargas e acidentes no trânsito (FRANCISCHINI e GURGEL, 2002, p. 252). Só para termos um noção do impacto causado pela não entrega ou atrasos na entrega de produtos vendidos, tomemos o exemplo de uma senhora que adquire um aparelho de televisão em uma grande loja de varejo. A loja pratica um atendimento de excelência, dentro das condições �nanceiras da cliente e promete entregar o produto em determinada data. A partir daí se criou uma expectativa e a cliente aguarda o produto adquirido. Com o atraso ou a não entrega, quebra-se o ciclo da qualidade. A cliente começa a pensar que não fez um bom negócio e que a opção da concorrência poderia ter sido melhor. 29 Para conferir se o transporte atingiu os parâmetros da qualidade interna desejada, a empresa estabelece alguns objetivos: • entregar a carga intacta e com as embalagens sem deformações; • entregá-la no local de destino e de maneira cômoda, para que possa ser descarregada com facilidade pelo cliente; • entregar as mercadorias dentro do prazo combinado; • aprimorar continuamente a organização para encurtar cada vez mais os prazos; • aprimorar o sistema para oferecer os serviços de transporte a um custo competitivo (FRANCISCHINI e GURGEL, 2002, p. 252). O gerenciamento do transporte rodoviário é uma atividade desa�adora e complexa, pois a�nal, são várias as decisões afetadas pelo controle rigoroso de custos, entre as quais: • determinação da hora de renovar a frota; • decisões entre comprar e alugar equipamentos; • seleção de peças de reposição de maior durabilidade; • avaliação da e�ciência da mão-de-obra de o�cina; • avaliação da rentabilidade da frota; • reajustes de tarifas, pela comprovação de aumentos ocorridos; • análise da situação real da empresa e elaboração de estratégias para combater a concorrência; • determinação dos padrões de desempenho e produtividade necessários ao diagnóstico de causas de elevação de custos (DIAS, 2010, p. 362). 30 Acesse o link: Disponível aqui Conheça o Portal Tabela de Frete e calcule o frete de uma determinada carga apenas inserindo os dados. Para se aprofundar ainda mais, faça o download da planilha para cálculo de frete. Veri�que que não precisa ser um especialista para calcular esses custos! Hoje, a palavra-chave para a redução de custos de transporte é a e�ciência. Não basta aos gestores simplesmente o controle inerente à manutenção e ao consumo de combustível. É preciso um olhar atento à infraestrutura de transporte, às necessidades do cliente e muita noção geográ�ca, a�nal o foco é na produtividade. Mas se o modal rodoviário apresenta custos elevados e implica uma gestão implacável de custos, o que justi�ca sua crescente adoção pelos transportadores? A resposta está na análise de suas vantagens e desvantagens. No processo decisório do gestor logístico para de�nir a melhor opção de modal para transporte do seu produto, as vantagens devem ser maiores que as desvantagens. Nesse aspecto, são listadas, por meio do quadro 1, as principais vantagens e desvantagens do modal rodoviário: 31 Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do modal rodoviário Fonte: Adaptado de Bertaglia (2009) e Ballou (2010) Vantagens do modal rodoviário Desvantagens do modal rodoviário possui rotas �exíveis; maior controle da rota e estruturação do itinerário; facilidade para chegar a qualquer ponto de entrega; o transporte em curtas distâncias pode ser feito mais rapidamente; na maioria dos casos, utiliza-se somente um modal; rapidez no tempo de carga e descarga; disponibilidade; o veículo se adapta facilmente ao transporte de variados produtos. custo elevado de transporte; depende da �uidez do trânsito; risco de acidentes de trânsito; risco de furtos e roubos; limitação da capacidade de carga. É importantíssimo para o processo decisório o conhecimento sobre as principais vantagens e desvantagens sobre a utilização do modal rodoviário. Além da lista do Quadro 1, procure por meio de pesquisas bibliográ�cas, buscar outras vantagens e desvantagens, de modo a aprimorar ainda mais o seu conhecimento. 32 04 O Modal Ferroviário 33 Prezado(a) acadêmico(a), em função do estado precário e do abandono, na década de 1990 o Brasil praticamente privatizou suas ferrovias, passando às mãos das concessionárias, objetivando a modernização do setor e a melhoria da competitividade no transporte de cargas. Quanto à fase embrionária das ferrovias no Brasil, Morais (2015, p. 74) esclarece: No Brasil, foi introduzida pela iniciativa do então Barão de Mauá, na década de 1850, ligando o Rio de Janeiro a Petrópolis, tendo a ferrovia sido inaugurada pelo imperador Dom Pedro II. Em seguida iniciou-se a construção da ferrovia Santos-Jundiaí, terminada pelos ingleses, com o objetivo de transportar a produção cafeeira do interior Paulista, o principal produto de exportação brasileiro na época, para o Porto de Santos. Além da baixa velocidade, o tempo de carga e descarga por esse meio implica uma longa demora, sendo indicado para grandes quantidades de carga. Por meio da Figura 1, é possível visualizar a extensão das ferrovias no Brasil, com forte concentração nas regiões sul e sudeste. 34 Figura 1 – O mapa ferroviário brasileiro Fonte: Valec Disponível aqui De acordo com Ballou (2010), a ferrovia é um meio de transporte de longo curso e de baixa velocidade para matérias-primas (carvão, madeira, produtos químicos) e para produtos manufaturados de baixo custo (alimentos, papel e produtos �orestais), e prefere mover cargas completas. A velocidade de transporte é baixa, chegando a aproximadamente 60 km/hora. Vimos que a matriz de transporte brasileira é desequilibrada, com o escoamento de cargas ganhando a preferência do modal rodoviário. Mas em que ponto é vantajoso o transporte pelas ferrovias? A pesquisa CNT (2013a) destaca os ganhos derivados da extensão e frequência dos serviços do transporte ferroviário: 35 Economias de rede: a interação entre os diferentes pontos de carga e descarga irão de�nir o padrão da rentabilidade e dos retornos de escala da atividade. Economias de densidade: os custos unitários do serviço decrescem com o aumento da densidade populacional. Serviços de transporte ferroviário de passageiros em áreas densamente populosas apresentam custos unitários inferiores. Economias de escopo: a situação em que a produção conjunta de produtos ou serviços é mais vantajosa (incorre em menores custos) do que uma produção dissociada. No caso, pode ser vantajoso uma mesma empresa operar e fornecer a infraestrutura de transporte ou uma mesma operadora atender diferentes linhas ferroviárias (Adaptado de CNT, 2013a, p. 10). Características do sistema ferroviário brasileiro Na década de 1960, o Brasil chegou a ter aproximadamente 40.000km de ferrovias, incluindo trens urbanos de passageiros. No entanto, com o constante crescimento de estradas e da frota de veículos de carga, houve um grande abandono desse importante modal, chegando à desativação de 8.000 km de ferrovias. Por meio da Figura 2 podemos identi�car os principais produtos transportados por trilhos no país: 36 Figura 2 – Composição da carga do modo ferroviário Minério/ Carvão mineral 76,61% Agronegócio 11,51% Produtos Siderúrgicos 3,77% Derivados de petróleo e álcool 2,79% Insumos construção civil e cimento 1,41% Outros 3,91% Fonte: CNT (2012 apud Morais, 2015, p. 75) De uma malha ferroviária sucateada e obsoleta até a década da privatização, as ferrovias se transformaram e apontam para um cenário otimista de criação de novas oportunidades e competitividade. Dentre os principais projetos de ferrovias, está o da Ferrovia Norte-Sul, com um projeto ambicioso de interligar o Porto de Itaqui no Maranhão ao Rio Grande do Sul. Acesse o link: Disponível aqui Saiba mais sobre a Ferrovia Norte-Sul, considerada a espinha dorsal do transporte ferroviário brasileiro, e seus principais ramais, assistindo a um vídeo da VALEC – Estatal vinculada ao Ministério da Infraestrutura. 37 Grá�co 1 – Redução do número de acidentes em ferrovias Fonte: CNT (2013a, p. 29) Grá�co 2 – Evolução da produção das concessionárias ferroviárias Fonte: CNT (2013a, p. 29) Com a privatização, houve um ganho de e�ciência notável, o qual pode ser aferido pelos Grá�cos 1, 2 e 3: 38 Grá�co 3 – Evolução dos investimentos públicos e privados em ferrovias Fonte: CNT (2013a, p. 29) Para efeito de tomada de decisão, é importante conhecermos as principais vantagens e desvantagens do modal ferroviário, dispostas no Quadro 1: Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do modal ferroviário Fonte: Ballou (2010); Morais (2015) Vantagens Baixo custo operacional. Índice de acidentes reduzido. Índice de furtos e roubos reduzido. Grande capacidade de carga. Desvantagens Dependência de outros modais. Itinerário �xo e in�exível. Velocidade reduzida. Maior tempo de carga e descarga. Invasão das faixas de domínio. Diferenças de bitolas entre estados. 39 É importantíssimo para o processo decisório conhecer as principais vantagens e desvantagens sobre a utilização do modal ferroviário. Além da lista do Quadro 1, procure, por meio de pesquisas bibliográ�cas, buscar outras vantagens e desvantagens, de modo a aprimorar ainda mais o seu conhecimento. 40 05 O Modal Aquaviário 41 Prezado(a) aluno(a), o transporte aquaviário consiste, obviamente, na movimentação de cargas em vias aquáticas. É o meio de transporte mais antigo, caracterizado pela utilização de veleiros, os quais, ao longo do tempo, foram gradativamente substituídos por barcos a vapor. De acordo com Dias (2010, p. 432), “é dividido em: transporte marítimo, transporte �uvial e transporte lacustre”. Uma outra maneira de classi�car o transporte aquaviário, leva em conta o tipo de percurso que as embarcações realizam: a) Cabotagem – É a navegação realizada entre portos ou pontos, acompanhando o traçado do litoral de um país ou região. b) Navegação interior – É realizada em hidrovias interiores ou lagos, em percursos nacionais ou internacionais. c) Navegação de longo curso – É realizada em alto-mar. O Brasil dispõe de enorme costa marítima, concentrando suas atividades econômicas nos portos das cidades do litoral, além das condições favoráveis ao desenvolvimento do transporte aquaviário. Embora tenham ocorrido investimentos signi�cativos no setor após a privatização da grande maioria dos portos, esse potencial não tem sido devidamente aproveitado e explorado pelo segmento do transporte de cargas, cuja característica é de uma matriz desbalanceada, principalmente no tocante à cabotagem (CNT, 2013b, p. 11). É importante destacar que a navegação de cabotagem ocorre no litoral brasileiro até 12 milhas da costa. Por meio da Figura 1, é possível visualizarmos os principais portos da navegação de cabotagem no Brasil: 42 Figura 1 – Portos da navegação de cabotagem Fonte: CNT (2017, p. 32) 43 Acesse o link: Disponível aqui Acompanhe em tempo real a movimentação de navios em um dos principais portos do país: o porto de Paranaguá, PR. Você pode aprofundar seus estudos, acessando outros portos internacionais em tempo real e comparando a movimentação. Embora o comércio internacional também seja atrativo para os negócios, a cabotagem mostra um enorme potencial de crescimento, com um volume de cargas que incentiva a exploração do setor por novas empresas. A navegação de cabotagem brasileira enfrenta grandes obstáculos e desa�os para o seu crescimento, entre os quais podemos destacar: encargos sociais, burocracia pública, falta de navios e contêineres, custo do combustível, elevado tempo de espera nos portos e falta de integração com outros modais, entre outros. Apesar de toda a di�culdade encontrada, o setor ainda cresce, mostrando a potencialidade desse tipo de navegação. O Grá�co 1, exempli�ca o crescimento desse volume de cargas transportadas: 44 Grá�co 1 – Volume de cargas da cabotagem (em milhões de toneladas) Fonte: CNT (2013b, p. 20) Figura 2 – Capacidade de carga – comparação entre modais Fonte: CNT (2013b, p. 29) Considerando que a concentração no transporte de cargas no Brasil está no modal rodoviário, maiores investimentos que possibilitem ampla utilização da cabotagem, reduziria signi�cativamente a quantidade de caminhões nas rodovias, e consequentemente menor desgaste da malha rodoviária, contribuindo para diminuir o custo total do frete dos produtos movimentados no país. Por meio da Figura 2, podemos aferir a enorme vantagem da utilização da cabotagem: 45 Tanto na cabotagem quanto na navegação em alto-mar a variação do tipo de embarcações é mínima. Morais (2015) nos apresenta, por meio do Quadro 1, uma lista dos tipos de embarcações, conforme suas características, comumente utilizadas: Quadro 1 – Principais tipos de embarcações Fonte: Morais (2015, pp. 80-81) a. Full container ship ou porta-contêineres – É exclusivo para o transporte de contêineres, que são alocados por meio de encaixes perfeitos. É o principal tipo de embarcação no comércio internacional. b. Navios-cargueiros – São o meio convencional para o transporte de carga geral, com seus porões divididos de forma a atender a diferentes tipos de carga. c. Navios-tanques – Destinam ao transporte de granéis líquidos, como petróleo. d. Navios-graneleiros – Visam ao transporte de granéis sólidos, como grãos e minérios, geralmente têm baixo custo operacional. e. Navios roll-on/roll-o� (ro-ro) – Apropriados para o transporte de veículos, que são embarcados e desembarcados, por meio de rampas, com os seus próprios movimentos. Podem propiciar a conjugação com o transporte terrestre, ao carregarem a própria carreta ou o contêiner sobre rodas (boogies) f. Barcaças – Têm um fundo achatado e reforçado, e são usadas em vias �uviais para transportar grandes quantidades de cargas, como cimento, carvão, toras, óleo, areia e açúcar. Algumas barcaças são empurradas ou puxadas por rebocadores. O Brasil perde muito em competitividade pela falta de estrutura em seus principais portos, que carecem de investimentos em equipamentos, rodovias de acesso além da eliminação de grande parte da burocracia, elevando o tempo de permanência das mercadorias no local. A seguir, são listados os principais portos e TUPs (Terminais de Uso Privativo) brasileiros pela sua capacidade de movimentação de cargas: 46 Tabela 1 – Portos e TUPs com maior movimentação Fonte: Morais (2015, pp. 83-84) Porto Carga (t) % do Total Porto Carga (t) % do Total Santos (SP) 85.995.109 9,71 CVRD Tubarão – (ES) 110.143.415 12,43 Itaguaí/Sepetiba 58.131.045 6,56 Ponta da Madeira (MA) 102.260.814 11,54 Paranaguá (PR) 37.418.523 4,22 Almirante Barros – (SP) 46.694.696 5,61 Rio Grande (RS) 17.933.213 2,22 Almirante Maximiando da Fonseca (RJ) 38.783.547 4,38 Vila do Conde (PA) 16.614.022 1,88 MBR (RJ)37.526.187 4,24 Itaqui (MA) 13.913.818 1,57 Ponta de Umbu (ES) 23.703.579 2,68 Suape (PE) 11.004.193 1,24 Madre de Deus (BA) 20.701.120 2,34 São Francisco do Sul (SC) 10.089.511 1,14 Porto Trombetas (PA) 17.893.462 2,02 Vitória (ES) 8.112.748 0,92 Alumar (MA) 12.717.959 1,44 Rio de Janeiro (RJ) 7.706.623 0,87 Almirante Tamandaré – Ilha D´água (RJ) 11.813.191 1,33 De acordo com Ballou (2010), os custos decorrentes de perdas e danos no transporte aquaviário são considerados baixos em comparação com outros modais, a�nal, o dano não é a maior das preocupações quando se trata de produtos de alto volume e reduzido preço, e as perdas derivadas de atrasos não são tão sérias, pois normalmente os compradores mantêm estoques altos do produto. Quando se trata de transporte aquaviário, em geral, os compradores têm certa dose de paciência, pois consideram as características do modal. Por meio do Quadro 2, listamos as principais vantagens e desvantagens do modal aquaviário: 47 Quadro 2 – Vantagens e desvantagens do modal aquaviário Fonte: Adaptado de Morais (2015); Ballou (2010) Vantagens: Transporta qualquer tipo de carga. Apresenta o menor custo entre os modais. Transporta grandes volumes de cargas. Percorre grandes distâncias. Possuem trajetos exclusivos. Desvantagens: Pouca �exibilidade de cargas. Velocidade de transporte reduzida. Maior tempo de carga e descarga nos portos. Distância dos portos em relação aos centros de produção. Maior possibilidade de danos e avarias. Além de conhecer e memorizar os principais portos brasileiros, é importante que você saiba identi�car as principais vantagens e desvantagens do modal aquaviário. 48 06 O Modal Dutoviário 49 Caro(a) aluno(a), o modal dutoviário é caracterizado pelo transporte de produtos por meio de tubulações. Essas tubulações podem ser subterrâneas ou suspensas e transportam essencialmente petróleo e seus derivados, que são impulsionados por meio de bombeamento. Quanto ao surgimento dos primeiros modais que se tem notícia, Morais (2015, p. 85) descreve: Há cerca de 2.500 anos, os chineses já utilizavam sistemas dutoviários construídos de varas de bambu para canalizar gás de poços rasos (até 1.000 metros de profundidade) e queimavam o gás em caldeiras para evaporar a água do mar e obter sal. Por outro lado, os romanos construíram diversos aquedutos na Europa, no norte da África e no Oriente Médio, para garantir o abastecimento de água de suas cidades entre os séculos II a.C e IV d.C. O primeiro oleoduto de longa distância (com 8 km de comprimento e 5 cm de diâmetro) foi construído na Pensilvânia, nos Estados Unidos, em 1872, expandindo então a nascente indústria petrolífera. Considerando a in�exibilidade do transporte dutoviário, por transportar apenas um tipo de produto, Ballou (2015, p. 157) enfatiza algumas possíveis evoluções para tornar esse modal mais competitivo: Estão em marcha, no entanto, algumas experiências visando à movimentação de produtos sólidos suspensos em um líquido, um tipo de pasta �uida, ou contidos em cilindros que se moveriam numa camada líquida no interior do duto. Se inovações como essas se mostrarem economicamente viáveis, sem dúvida o serviço dutoviário passará por uma grande expansão. Como você já deve perceber, as di�culdades e obstáculos para a implantação de um determinado modal acabam por incentivar o uso cada vez maior do modal rodoviário. No modal dutoviário, a situação não é diferente! Nesse contexto, Dias (2010, p. 442) descreve as principais características desse modal como: “elevados investimentos iniciais, elevados custos de capital e baixos custos operacionais”. Os elevados investimentos iniciais são assim listados: 50 1. Estudos e custos intangíveis. 2. Tubos. 3. Lançamentos da tubulação. 4. Estações de bombeamento. 5. Tancagem. 6. Outros custos, tais como acessórios de linha, controle, etc. (DIAS, 2010, p. 442). De acordo com Dias (2010), os tubos são considerados itens importantes no investimento inicial, pois seu custo é proporcional ao peso, e o peso dos tubos aumenta mais rapidamente do que o diâmetro, uma vez que a espessura deverá ser maior para uma mesma taxa de trabalho. A estrutura de imobilização na Europa possui o seguinte aspecto na estrutura de custos: Estudos e custos intangíveis 08 a 12% Tubos 25 a 50% Lançamento 25 a 50% Estações de bombeamento 12 a 15% Tancagem 10 a 15% Outros custos 05 a 10% (DIAS, 2010, p. 443). 51 Além dos elevados investimentos relacionados, é importante considerar todo o planejamento e estudo de impacto ambiental para lançamento de uma linha de dutos. Em termos de custos operacionais, o modal dutoviário só �ca atrás do modal aquaviário. O custo total anual de uma linha dutoviária pode ser decomposto em dois itens principais: Custos de Capital (75%): - Depreciação - Custos Financeiros - Remuneração do capital Custos Operacionais (25%): - Custo de energia (20%) - Custo de manutenção e custos administrativos (5%) (DIAS, 2010, p. 443). A natureza de uma linha de dutos é singular se comparada aos demais modais, pois esse tipo de transporte opera 24 horas por dia, sete dias por semana, com restrições de funcionamento somente na mudança do produto transportado ou durante a manutenção. Nos dutos, o transporte é feito utilizando a força da gravidade ou pressão mecânica (bombas ou compressores), enquanto o modal permanece estático. Morais (2015, p. 85) destaca que: É um transporte não poluente, não sujeito a congestionamentos e relativamente barato por unidade transportada. É indicado para grandes volumes, principalmente de óleo, gás natural e derivados de petróleo. Diferente de outros modais, não há frete de retorno. O modal dutoviário apresenta o maior custo �xo e o menor custo variável entre todos os tipos de modais. O seu alto custo �xo é resultante do direito de acesso, da construção e da necessidade de controle das estações, além da capacidade de bombeamento (BALLOU, 2010). Por meio da Figura 1, é possível visualizar a malha dutoviária do Brasil: 52 Imagem 1 – Mapa dutoviário brasileiro Fonte: Disponível aqui Acesse o link: Disponível aqui Assista por meio de um vídeo o processo de limpeza de um duto e o dispositivo utilizado para tal. Caro(a) aluno(a), os dutos, haja vista suas peculiaridades, são construídos para �ns especí�cos para transportar produtos únicos. Nesse contexto, Morais (2015, p. 86) destaca os tipos de dutos existentes no país: 53 a) Oleodutos – Os produtos transportados são, em sua grande maioria, petróleo, óleo combustível, gasolina, diesel, álcool, gás liquefeito de petróleo (GLP), querosene, nafta. b) Minerodutos – Os produtos transportados são sal-gema, minério de ferro e concentrado fosfático. c) Gasodutos – O produto transportado é o gás natural, exemplo mais conhecido, no Brasil, é o gasoduto Brasil-Bolívia. d) Outros – Transportam produtos diversos, como água. Caro(a) acadêmico(a), a extensão total da malha dutoviária é de cerca de 21 mil km, mais da metade a extensão (54,7%) é utilizada para movimentação de gás; 37,5% para combustíveis e 7,9% para minérios. Complementando os tipos existentes de dutos, há no Rio Grande do Sul, na cidade de Bento Gonçalves o vinhoduto. Trata-se de uma tubulação que leva o vinho do local de produção até a vinícola. Há ainda na cidade de Barcelona, na Espanha, o “lixoduto”. Trata-se de um sistema de tubulações que leva o lixo da residência do usuário até o local de reciclagem. Por meio do Quadro 1, são listadas as principais vantagens e desvantagens quanto à utilização do modal dutoviário: Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do modal dutoviário Fonte: Adaptado de Ballou (2010); Morais (2015) Vantagens: Operam 24 horas por dia. Dispensam armazenamento. Simplicidade na carga e descarga. Melhoria da qualidade do ar. Baixo custo operacional. Apresenta grande con�abilidade na entrega. Desvantagens: A movimentação do produto é lenta. Pouca �exibilidade. Apresenta restrição quanto aos tipos de produtostransportados. Alto custo �xo (implantação). 54 Procure identi�car as principais características, vantagens e desvantagens do modal dutoviário. São informações importantes que devem estar na “ponta da língua”, a�nal, faz parte do processo de tomada de decisão de um gestor logístico. 55 07 O Modal Aeroviário 56 Caro(a) aluno(a), dentre todas as opções disponíveis de transporte de cargas, sem dúvida o aéreo é o de mais alto custo e, por essa razão, o menos utilizado. No entanto, sua grande vantagem é a rapidez da entrega. No tocante a custos do transporte aéreo, Ballou (2010, p. 155) faz algumas considerações: O transporte aéreo passa a ser levado em consideração por um número crescente de embarcadores como o serviço regular, embora suas taxas sejam duas vezes superiores as do transporte rodoviário e 16 vezes mais caras que as do transporte ferroviário. O grande atrativo do transporte aéreo é a sua inigualável rapidez origem- destino, principalmente em grandes distâncias. Embora o modal aéreo seja considerado o mais rápido, é preciso analisar o tempo de coleta e entrega, além do tempo que envolve as manobras em terra. É importante ponderar também esse tempo no cômputo. Somente a título de exemplo, pense que para você se deslocar de uma cidade a outra, é necessário chegar pelo menos com uma hora de antecedência no aeroporto. De acordo com Dias (2010), as diferenças no transporte de cargas nacionais e internacionais ocorrem devido às condições típicas regionais, entretanto, são sempre semelhantes nos conceitos básicos de segurança e operacionalidade. As reservas podem ser realizadas para um espaço na aeronave, para transporte de certo tipo de carga ou para o espaço total, ou ainda para afretamento de aviões cargueiros destinados a tal �nalidade, sendo realizadas pelos expedidores diretamente com a companhia aérea ou através de um agente de cargas. Por ser de alto custo, o transporte aéreo somente é utilizado pelas empresas em caso de extrema urgência ou necessidade. Nesse aspecto, Bowersox e Closs (2011, p.289) enfatiza: O alto custo do transporte aéreo, porém, torna-o um meio de transporte extremamente caro; entretanto, esse aspecto pode ser compensado pela grande rapidez, que permite que o custo de outros elementos do projeto logístico, como armazenagem ou estoque, sejam reduzido ou eliminado. O transporte aéreo ainda permanece mais como uma possível oportunidade do que uma realidade. 57 Figura 1 – Mapa aeroviário do Brasil Fonte: CNT (2019) Disponível aqui As poucas empresas que operam o transporte de cargas trabalham sob o regime de concessão. O órgão responsável pela �scalização do setor é a ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil. A crescente privatização de aeroportos tem propiciado melhorias no tocante à qualidade dos serviços prestados. Por meio da Figura 1, é possível visualizar as principais rotas aéreas do Brasil e seus respectivos aeroportos. Os mecanismos de �scalização das aeronaves são bastante rigorosos e impedem que aeronaves irregulares realizem o transporte de cargas e passageiros. Nesse sentido, Dias (2010, p. 447) apresenta os principais órgãos do Governo Federal, �scalizadores do transporte aéreo: 58 Ministério da aeronáutica: é responsável máximo pelo transporte aéreo e aeroportos no país, ditando as normas a serem seguidas pelo setor. Anac (Agência Nacional de Aviação Civil): agência governamental ligada ao Ministério da Defesa que controla a aviação nacional e internacional no país, regulamentando e instrumentalizando as normas internacionais dos acordos da aviação civil internacional. Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária): empresa responsável pela administração e construção de aeroportos no Brasil, controle de armazéns de carga nas exportações e importações nos terminais aeroportuários brasileiros, bem como dos terminais de passageiros nos respectivos aeroportos. Caro(a) aluno(a), sempre quando nos referimos a custo, pensamos naquele diretamente relacionado ao usuário, ou seja, o custo de operação. No entanto, há que ser considerado o custo de implantação (custo �xo) que se refere, por exemplo, à construção de uma estrada, de um porto, de um navio ou à aquisição de uma aeronave. Nesse contexto, Bowersox e Closs (2014, p. 289) enfatizam: O custo �xo do transporte aéreo é baixo se comparado ao dos transportes ferroviário, aquaviário e dutoviário. Na verdade, o transporte aéreo ocupa o segundo lugar no que diz respeito a baixo custo �xo, perdendo apenas para o transporte rodoviário. As vias aéreas e aeroportos são normalmente mantidos por fundos públicos. Os terminais são geralmente mantidos por comunidades locais. Os custos �xos do transporte aéreo são representados pela compra de aeronaves e pela necessidade de sistemas de manutenção especializados, bem como por contêineres de carga. No tocante aos tipos de aeronaves comumente utilizadas no transporte de cargas, Dias (2010, p. 450) descreve que são vários os modelos de aviões utilizados, classi�cados em três tipos quanto à sua con�guração e utilização: • All Cargo (Full Cargo): são aeronaves especí�cas, con�guradas apenas para o transporte de carga, não transportando passageiros. • Combi: aeronave mista, utilizada para o transporte de passageiros e de cargas; 59 • Full Pax: avião de passageiros, porém onde o deck inferior é destinado unicamente a cargas. Acesse o link: Disponível aqui Conheça o maior avião de cargas do mundo, o Antonov AN – 225, com capacidade para transportar mais de 200 toneladas de cargas. Prezado(a) aluno(a), para um melhor entendimento sobre a forma do transporte de mercadorias por via aérea, a �gura 2 ilustra o modelo de contêiner próprio para esse �m: 60 Provavelmente você já deve ter notado o ambiente dinâmico dos bastidores de aeroportos. É uma correria imensa, colaboradores transitando para todos os lados, porém, todos de forma organizada e síncrona. Para ilustrar essa movimentação, observe, por meio do Quadro 2, a lista dos 7 aeroportos mais movimentados do país: Figura 2 – Os aeroportos mais movimentados do país Fonte: Disponível aqui Ranking Aeroporto Localização 1 Aeroporto Internacional de Guarulhos São Paulo – Guarulhos 2 Aeroporto de Congonhas São Paulo – SP 3 Aeroporto Internacional de Brasília Brasília – DF 4 Aeroporto Internacional do Galeão Rio de Janeiro – RJ 5 Aeroporto Santos Dumont Rio de Janeiro – RJ 6 Aeroporto Internacional de Viracopos Campinas – SP 7 Aeroporto Internacional de Con�ns Belo Horizonte – MG Por meio do Quadro 1, podemos veri�car as principais vantagens e desvantagens do modal aeroviário: 61 Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do modal aeroviário Fonte: : adaptado de Ballou (2010); Morais (2015); Dias (2010) Vantagens: rapidez na entrega. localização estratégica dos aeroportos (próximos aos centros de produção). o seguro do transporte aéreo é mais baixo em relação ao marítimo, dependendo da mercadoria, quantidade, local e origem. maior segurança no transporte de pequenos volumes. redução de custos de embalagem. redução de estoques. maior competitividade do exportador pelo fato da entrega rápida. rastreio de carga. acesso a áreas remotas. Desvantagens: existência de diversas restrições a determinados produtos. alto custo. transporte de volumes pequenos. Fique atento! É importante conhecer as principais vantagens e desvantagens desse importante modal. Faça comparações com os demais modais! 62 08 Fundamentos de Distribuição 63 Prezado(a) aluno(a), a distribuição, um dos três pilares da logística, é responsável pela movimentação dos produtos até o cliente. Esse cliente não necessariamente precisa ser o cliente �nal, mas pode ser um representante, um distribuidor ou um atacadista. Como exemplo, um fábrica de chocolates pode vender seus produtos diretamente ao consumidor �nal por meio de uma loja da fábrica, ou pode vender a seu distribuidor ou um atacadista regional que posteriormente revende ao consumidor �nal. O processo de distribuição física tem início após as comprasdas matérias-primas e componentes necessários para iniciar o processo produtivo. É importante entender o que signi�cam os termos armazenagem e distribuição. Neste contexto, Silva et al (2009) de�ne distribuição como: Essa é a função responsável pela disponibilização dos itens de material necessários às operações de uma organização. Ela está presente em todos os níveis de uma cadeia de suprimentos, assim como outra função logística, certamente a mais onerosa: o transporte (SILVA et al, 2009, p. 132). De acordo com Ballou (1993), a distribuição física é o ramo da logística que trata da movimentação, estocagem e processamento de pedidos dos produtos �nais de uma empresa. Fique atento! É importante conhecer o conceito de distribuição física e identi�car em que fase da cadeia de suprimentos ela inicia. Hoje não basta simplesmente vender o produto: é necessário garantir a entrega dentro do prazo estipulado e conforme as especi�cações constantes no pedido inicial. Não basta somente garantir a qualidade do produto, mas sim de todo o processo. 64 Tudo isso porque a competitividade do mercado é intensa e, se por algum momento o cliente se sentir desprestigiado, a concorrência ganha mercado. De acordo com Russo (2009, p. 166), as principais atribuições da gestão da distribuição física são “selecionar rotas e meios de transportes; negociar fretes e administrar os relacionamentos com fornecedores e consumidores imediatos”. O modelo de distribuição A escolha do modelo de distribuição visa eleger as melhores condições para a entrega dos produtos ao cliente �nal. Nesse aspecto, algumas perguntas devem ser respondidas: Onde e quando o produto precisa estar disponível? O produto pode ser vendido diretamente aos varejistas? O produto precisa ser distribuído por atacadistas? Quantos níveis intermediários são precisos no canal de distribuição? A distribuição será exclusiva, seletiva ou generalista? Canais de distribuição Os canais de distribuição são os meios utilizados para que o produto chegue até o consumidor �nal. De maneira geral, os canais de distribuição constituem-se de: Centros de Distribuição (CD); Distribuidores; Atacadistas; Varejistas; Representantes; Mala direta; Telefone; Internet (e-commerce). 65 Acesse o link: Disponível aqui A BRASPRESS, operadora logística, entre outras funções, atua na distribuição para vários clientes contratantes. Conheça a sede da empresa e sua so�sticada tecnologia: Na distribuição física, toda a atenção deve recair sobre a função transporte, logo, as estratégias são adotadas para fazer chegar o produto o mais rapidamente possível e ao menor custo. Em função das necessidades de cada cliente, a estrutura de distribuição pode sofrer adaptações ou mudanças. Nesse sentido, Shigunov Neto e Gomes (2016, p. 143) destacam os as principais estruturas utilizadas: • Canais de distribuição vertical • Canais de distribuição híbridos • Canais de distribuição múltiplos • Canais de distribuição reversos Por meio da Figura 1, os autores ilustram a estrutura dos canais de distribuição vertical: 66 Figura 1 – Canais de distribuição vertical Fonte: Sperotto (2014 apud Shigunov Neto e Gomes, 2016, p. 143). Caro(a) aluno(a), os canais de distribuição vertical são aqueles em que as estruturas de distribuição seguem uma sequência lógica rígida de responsabilidade de um segmento a outro. Percebemos na Figura 1, que, após �nalizar o processo de produção, a empresa carrega o caminhão, transporta seus produtos até o armazém do atacadista, que por sua vez recebe esses produtos e os revende aos varejistas, os quais revendem às lojas e consumidores �nais. Por meio da Figura 2, Shigunov Neto e Gomes (2016) ilustram a estrutura dos canais de distribuição múltiplos: 67 Figura 2 – Canais de distribuição múltiplos Fonte: Sperotto (2014 apud Shigunov Neto e Gomes, 2016, p. 144). Os canais de distribução múltiplos são outra forma de estrutura que permite melhorar o gerenciamento da cadeia de distribuição. Nesse exemplo, é possível perceber que a indústria despacha os produtos para o atacadista e para a loja. Nessa situação, o consumidor pode adquirir o produto diretamente do atacadista ou do varejista. Por meio da Figura 3, Shigunov Neto e Gomes (2016) ilustram a estrutura dos canais de distribuição híbridos: 68 Figura 3 – Canais de distribuição híbridos Fonte: Sperotto (2014 apud Shigunov Neto e Gomes, 2016, p. 145). O canal de distribuição híbrido é caracterizado pelo fato de a empresa utilizar intermediários, porém, assumindo parte do processo de contato com seus clientes. Um exemplo típico ocorre quando a empresa divulga diretamente seus produtos indicando os distribuidores autorizados a fazer a venda física. Por meio da Figura 4, Shigunov Neto e Gomes (2016) ilustram a estrutura dos canais de distribuição reversos: 69 Figura 4 – Canais de distribuição reversos Fonte: Sperotto (2014 apud Shigunov Neto e Gomes, 2016, p. 145). Prezado(a) aluno(a), se considerarmos a amplitude do território de atuação da empresa, a distribuição deve ser pensada e planejada de forma estratégica. As empresas se utilizam de parcerias para fazer com que o seu produto chegue até as mãos de seus clientes dentro dos prazos e condições estabelecidos em contrato. Um estratégia comumente utilizada é a de formação de redes, alianças e terceirizações. Para a realização de uma distribuição e�caz, é fundamental que haja o equilíbrio de três componentes: estrutura da rede, automação e operações. De acordo com Giacomelli e Pires (2016, p. 88), as etapas para manter a distribuição otimizada com os três componentes que incluem as principais decisões e premissas são: 1. Estruturar e otimizar a rede: determinar quantas localizações, onde e quanto espaço é necessário para entregar aos clientes: assumir uma previsão, parâmetros-chave sobre cada produto e sobre a distribuição demográ�ca. 2. Projetar e automatizar os processos: projetar e simpli�car os processos e implementar tecnologias de informação e de manuseio de materiais para automatizar as atividades do armazém: presumir a de�nição de necessidades para automação. 3. Operar os processos e a rede: desenvolver e gerenciar os 70 processos de negócio e as operações físicas dos centros de distribuição e da logística. Quanto mais estruturada a rede de distribuição, por meio de suas diretrizes e políticas, mais contínua e crescente é a melhoria no nível de serviço oferecido ao cliente, o que evita falhas na formação de estoques e consequentemente falta de produtos. 71 09 Fundamentos de Armazenagem 72 Prezado(a) aluno(a), a armazenagem constitui um importante pilar da logística, a�nal, os produtos não são consumidos imediatamente após sua produção. Há necessidade de guardá-los em um ambiente propício até sua venda ou consumo. Como exemplo, imagine você fazendo as compras do mês em um supermercado. Ao chegar em casa, cada produto é guardado em um ambiente especí�co até ser consumido. Carnes, verduras e frutas provavelmente vão para a geladeira, produtos de limpeza são guardados na lavanderia e produtos não perecíveis provavelmente são acondicionados em um armário. Na armazenagem não é diferente! A produção em larga escala exige armazenagem. É importante entendermos o que signi�ca armazenagem e distribuição. Neste aspecto, Silva et al. (2009) de�ne distribuição como: Essa é a função responsável pela disponibilização dos itens de material necessários às operações de uma organização. Ela está presente em todos os níveis de uma cadeia de suprimentos, assim como outra função logística, certamente a mais onerosa: o transporte (SILVA et al., 2009, p. 132). É importante conhecermos a principal diferença entre dois termos muito usuais: armazenagem e estocagem. Enquanto a armazenagem é voltada para a guarda de materiais no longo prazo, a estocagem se refere à guarda dos materiais no curto prazo. É conveniente sabermos que a armazenagem é uma função logística geradora de custos. Mas se a armazenagem é geradora de custos, por que armazenamos? Aconteceque as empresas precisam de uma reserva estratégica para que seus produtos não faltem no mercado. De acordo com Russo (2013, p. 20), a armazenagem ocorre, “entre outras razões, para melhorar o atendimento aos consumidores, reduzir custos de fretes e otimizar custos de produção”. A atividade de armazenagem normalmente se segue às tarefas de recebimento e tem como �nalidade a manutenção de determinados volumes de mercadorias para consumo da organização ao longo do tempo. 73 O planejamento é de fundamental importância quando a empresa resolve produzir grandes quantidades. A�nal, a necessidade de armazenagem surge a partir da falta de informações quali�cadas a respeito de demandas futuras. Assim, quanto menor o nosso controle sobre a variação dessas demandas, maior será a necessidade de armazenagem (RUSSO, 2009). As empresas buscam cada vez mais reduzir seus estoques e consequentemente seus custos, com a utilização de diferentes e variadas técnicas, entre as quais se destaca o JIT – Just in time, constante acurácia dos estoques e a disponibilização de informações em tempo real. A ideia geral é a de um maior controle para a melhoria na tomada de decisão. No entanto, os principais objetivos de um bom armazenamento são elencados por Russo (2013, p. 21): Controlar a quantidade estocada; Conservar a qualidade dos materiais, mantendo inalteradas as suas características; Permitir e manter clara a identi�cação dos materiais; Racionalizar adequadamente a classi�cação dos materiais, identi�cando aqueles sem movimentação, os iguais porém estocados com nomes diferentes, os materiais inúteis e os materiais com estoques excessivos; Reduzir custos relativos à armazenagem dos itens; Sistematizar informações sobre os materiais estocados de forma rápida e e�caz; Reduzir progressivamente a área de armazenagem Um exemplo bem atual de armazenagem são os silos das grandes propriedades produtivas ou de cooperativas. Quando a cotação da soja ou do milho, por exemplo, não é favorável à venda, a função do silo é justamente guardar o produto para ser comercializado no futuro, preservando a sua característica original. 74 A armazenagem se transformou em mais um desa�o para os gestores logísticos, pois a responsabilidade pela guarda e conservação dos produtos é grande, no qual o principal inimigo é o tempo. Um produto pode �car por instantes no armazém ou por um tempo indeterminado, comprometendo a sua validade e representando perda signi�cativa para a empresa. Nesse aspecto, são destacados os principais desa�os da função armazenagem: 1. Maximização do uso do espaço: para a maximização do espaço do armazém é utilizado o comprimento, a largura e a altura. 2. Aproveitamento e�caz dos recursos humanos e equipamentos: Esse conceito, tão importante em qualquer atividade, ganha destaque especial na armazenagem, uma vez que mão de obra e equipamentos são utilizados em atividades que, normalmente, não agregam valor ao produto. 3. Facilidade de acesso aos itens estocados: por mais óbvio que pareça, permitir fácil acesso ao estoque é, se não a primeira, uma das principais metas da armazenagem. Para que um item possa ser encontrado rapidamente, é fundamental um layout apropriado e um sistema planejado de localização, com identi�cação e codi�cação inteligentes. 4. Qualidade na armazenagem: a qualidade da armazenagem começa com a preocupação da administração em planejar as operações e o ambiente. A boa iluminação dos corredores, a limpeza do piso e a segurança nos procedimentos são fatores fundamentais para uma estocagem ordenada e e�ciente. 75 5. Proteção total dos itens: uma das principais preocupações em relação à estocagem é manter a integridade dos itens estocados, que devem ser devolvidos nas mesmas condições em que se encontravam quando foram armazenados. Isso exige procedimentos seguros, para evitar deterioração, perdas ou danos. 6. E�ciência na movimentação dos itens: a simples movimentação de materiais não agrega valor ao produto, mas agrega custos. Mesmo assim, é uma das mais importantes atividades em uma área de estocagem, empenhando signi�cativamente a mão de obra e os equipamentos disponíveis. Todos os esforços devem ser feitos na direção de garantir as movimentações e�cientes e seguras, sejam elas manuais, sejam elas mecanizadas (RUSSO, 2013, p 22-23). A atividade de armazenagem, embora siga instruções comuns por várias organizações do setor, não é um procedimento rígido como uma imposição. Alguns aspectos, inclusive denominações e nomenclaturas podem variar de empresa para empresa. O que vale é o objetivo �nal, ou seja, a armazenagem deve cumprir sua �nalidade com o menor custo e com a máxima e�ciência possível. As funcionalidades de um armazém são dependentes dos objetivos de cada empresa. Nesse sentido, Seleme e De Paula (2019, p. 61) destacam as principais funções da armazenagem: Armazenagem propriamente dita: em que se deve prover a guarda do material/produto pelo tempo necessário, com layout adequado e equipamentos de manuseio adequados. Consolidação: consiste no agrupamento de mercadoria em embalagens maiores, que permitirão o transporte e o manuseio de forma otimizada e entregas regionalizadas. Desconsolidação: caracterizada pelo desmembramento de carregamentos maiores em pequenos lotes para o envio a destinos diferentes. Um armazém pode receber produtos em pequena quantidade e aglomerá-los de modo que a saída seja em grande quantidade, ou ainda, receber grandes quantidades e transformá-las em lotes pequenos. Um armazém pode ainda nem receber produtos, apenas desembarcando-os e reembarcando-os em outra unidade de transporte. Como vimos, tudo depende do objetivo e da estratégia da empresa responsável pela importante função de armazenagem. 76 Figura 1 – Funções da armazenagem Fonte: Seleme e De Paula (2019, p. 62) De acordo com Seleme e De Paula (2019, p. 61), uma outra classi�cação considera quatro funções primárias para a armazenagem: 1. Manutenção: suas características assemelham-se à armazenagem no sentido de manter estocados os itens no armazém. 2. Consolidação: caracterizada pelo recebimento de cargas menores e diversas, agrupando-as em lotes diversi�cados para entrega ao cliente. 3. Fracionamento de volumes: idealmente comparativo à desconsolidação. 4. Combinação: agrupamento de produtos com recebimentos diversos, que, a partir de um pedido, passam ser combinados para ser entregues ao cliente [...]. Por meio da Figura 1, Seleme e De Paula (2019, p. 62) ilustram as principais funções da armazenagem: Dentro do armazém são desenvolvidas e praticadas várias funções. Dentre essas funções, as mais comuns executadas no armazém são descritas a seguir: 77 Funções comuns executadas nos armazéns Ponto de formação de estoques: associado com o conceito de ponto de desacoplamento, pode envolver a criação e manutenção de grandes volumes de estoques. Centro de consolidação: os clientes, muitas vezes, encomendam um número de linhas de produtos em vez de apenas uma e, normalmente, preferem a entrega em conjunto. O armazém executa a função de agrupá-los a partir de seu recebimento, pois os produtos podem ser oriundos do estoque controlado pelo próprio armazém ou de qualquer outra parte da cadeia de suprimentos, além de encaminhá-los para os locais indicados. Centro de cross-docking: se as mercadorias são recebidas de outro lugar na cadeia de fornecimento (por exemplo, diretamente de fabricantes ou de outros armazéns) e devem satisfazer, especi�camente, um pedido de um cliente, elas podem ser embarcadas imediatamente. Signi�ca que as mercadorias recebidas podem ser transferidas diretamente do veículo de entrada para o veículo de saída, sem precisar ser colocadas no armazém, e encaminhadas ao cliente. Centro de separação/classi�cação: essa é, basicamente, uma atividade transversal às atividades do armazém, mas é utilizada em depósitos de suporte de encomendas, onde os produtos são levados ao armazém especi�camente para ordenação e encaminhamento a uma região ou a um cliente. Operação semelhante
Compartilhar