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Entrevista com Psicóloga Hospitalar

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Entrevista - Psicologia Hospitalar
Identificação:
C. A. C., residente em psicólogo, 2016
· O que motivou cursar psicologia?
A psicologia fez a escolha, nunca pensei em fazer psicologia, mas queria fazer algo na área de humanas. Pensava em fazer direito. Sendo assim, fiz o vestibular para psicologia apenas para tentar. Porém, no primeiro momento me apaixonei, já estava encantada pelo curso. Por esse motivo sempre falo que a psicologia que fez escolha, pois nunca tinha pensado em fazer o curso. 
· Qual abordagem em que atua?
Não afirmo que atuo em nenhuma abordagem, pois ainda estou iniciando. Mas, estou começando a me aprofundar na Gestalt Terapia. Estou tentando alinhar essa abordagem que relativamente é nova comparada a outras abordagens. Essa abordagem tem pouca literatura na área hospitalar. Então, tenho encontrado alguns desafios, mas tenho tentado. 
· Qual é publico alvo do hospital?
O publico alvo é a população de Vitoria da Conquista. O hospital atendente cerca de 72 municípios próximo de conquista, incluindo norte de minas. Então, o publico não está direcionado apenas a Conquista ou Bahia. Temos também o publico infantil com a UTI PEDI, UTI NEU NATAL e a pediatria. O hospital de Base é referência em traumas, logo a maior parte dos traumas é direcionada para nós. Exemplos: Traumas ortopédicos, neurológicos. Hoje o hospital tem três UTI’s, então o suporte está sendo bem maior. O hospital é referência em quase tudo, exceto para cirurgias cardiológicas. Nessa situação os pacientes são encaminhados para o IBR, pois o mesmo é especializado nessa área. 
· Psicologia da saúde e psicologia Hospitalar. Qual diferença?
A psicologia da saúde é mais abrangente, a psicologia hospitalar se restringe apenas no contexto hospitalar. Por exemplo, eu fiz meu opcional em Uberlândia - Minas Gerais, lá elas não usam o termo psicologia hospitalar. É um hospital universitário e isso faz toda diferença, eles fazem outras atividades além da psicologia hospitalar. Então a psicologia da saúde ela será mais abrangente nesse sentido. Nessa universidade eles têm ambulatório, clinica e etc. Na psicologia hospitalar não temos agendas externas, apenas internas. A porta de entrada aqui é regulação, demanda espontânea e samu. 
· Qual experiência o psicólogo necessita para atuar na área?
Não tem pré-requisito. Eu, nunca tive experiência em estágios nessa área, nunca tive contato com hospital. Mas, no inicio foi muito difícil, pois se adaptar ao contexto do hospital, adaptação a situações. Não é só você e o paciente no consultório, como idealizamos na faculdade. Encontramos situações complicas que você tem que lidar, mas você como psicóloga não tem base. Exemplos, paciente que não são da cidade, vulnerabilidade social, quando olhamos para família da paciente vemos que não iremos ter apoio em alguns sentidos. Nesse sentido eu procurei uma especialização na minha abordagem, pois eu sentir a necessidade de um aprofundamento no olhar clinica, pois é muito importante. No hospital você também faz clinica, uma clinica ampliada. 
· Quais os impactos na vida pessoal do psicólogo que trabalha nesse espaço?
É muito difícil, eu cheguei a adoecer nesses dois anos. A psicoterapia é impressindível, o psicólogo hospitalar não pode ficar sem psicoterapia. Além de ser uma área muito complicada, muito complexa, tanto do orgânico quanto do subjetivo isso vai repercutir na nossa própria vida, no nosso existir. A gente vai resignificar coisas do nosso existir e a forma que isso impacta é uma coisa que te muda. Então hojt não consigo ficar mais sem a psicoterapia, atuar nessa área sem terapia, isso é importantíssimo. No começo eu achava tão angustiante que as dificudldades do serviço não ser estruturado, de não ter um espaço físico, logística, estruturais, de equipe iam impactando, sobrecarregando a gente de uma forma que eu não queria mais ver hospital na minha vida. Mas agora que estou me cuidando, estou fazendo a minha terapia, agora resgatei isso em mim, a paixão. O fato de não ter uma espaço físico diminui a visibilidade do profissional naquele ambiente, as pessoas não sabiam que existia um psicologo nesse hospital. Agora que as coisas estão de estruturando que as pessoas estão começando a procurar.Tem psicologo nesse hospital desde de 2010, talvez um pouco antes porque eu não consegui conhecer, mas veja que só agora está se estruturando o setor.
· Quais os maiores desafios do psicólogo no ambiente hospitalar?
Temos uma lista.
Mas vou falar do meu principal desafio. Meu principal desafio vem sendo a visibilidade no hospital porque a gente não consegui dá suporte para todos os pacientes, então a gente depende muito da equipe, muito da integração dessa equipe na articulação em equipe. Nosso trabalho mesmo psicólogo e paciente é muito sozinho mas até chegar nesse momento a gente depende muito dessa articulação. Então vai ser um assistente social que vai está identificando uma demanda, solicitando... Então até esse profissional saber identificar uma demanda “o que é da psicologia ou não” , é claroq eu a gente que tem o conhecimento para identificar o que é da psicoogia ou não então por isso que você vai lá faz sua avaliação e dá o feedback, pra o profissional masé a gente não tem condição de ter acesso a todos os pacientes. Então a equipe é o principal desafio pra mim, então a gente já teve muitos problemas e tem melhorado a cada dia porque eles vão se acostumando, está tendo psicologo todos os dias então vão sabendo melhor filtrar essas demandas. Antes vinha demandas nada haver ora gente, então íamos lá, acolhia, dava o feedback e explicava.. então é um trabalho de formiguinha mesmo.
Além da equipe a estrutura, então no meu R2 eu tenho me dedicado para melhorar e deixar para os outros que virão, porque fico pensando “tantos anos aqui e nada de concreto ficou para esse serviço, então a gente tem tentado melhorar essas questõesaqui do serviço, da estrutura da visibilidade, aceitação da equipe, são desafios diários.
· Você já teve um caso marcante que influenciou na sua vida profissional?
Já. Especialmnte os casos que tem haver com o objeto que escolhi para fazer meu TCC que é a ausência de sentido, de vazio existêncial, de a pessoa não querer viver, não ver mais sentido eu sempre tive isso muito como um desafio, eu não conseguia compreender, não conseguia ajudar, pensava “ o que vou fazer com essa pessoa” então já tive casos que com o passar do tempo com o acompanhamento a gente conseguiu ver mudança, e não só aqui, porque a área hospitalar é muito frustante por conta disso porque você não consegue ver um retorno rápido do seu trabalho, ocê tem contato com o paciente por no máximo 1 semana. Aqui a gente faz o pssível, se encaminhou para o CAPS e a gente conhece o profissional do CAPS de tá ligando pra saber “como está , como ficou, o que aconteceu, está melhorando” a gente faz o máximo pra tentar fazer isso mas especialmente esses casos de vazio existencial me impactaram muito, a morte, cuidados paliativos. Os cuidados paliativos é muito comum na clínica médica e era um óbito por dia as vezes e cada família reage de uma forma diferente, toda vez até hoje quando vou em um caso de óbito independente o motivo que seja já fico com o coração desparado, nunca sei o que vai acontecer e sempre vai impactar na gente. É claro que a gente tem o traquejo, claro, a gente não vai se mobilizar como o primeiro caso que você atendeu mas sempre vai está impactando na gente.
· Que tipo de entrevista é mais utilizada no ambiente hospitalar, no caso com um paciente ou familiar?
Eu não caracterizo como entrevista, caracterizo como próprio atendimento, a não ser em um caso específico, está apresentando suspeita de delírio, abstinência as vezes fazemos perguntas específicas para identificar alguns casos mas não tem um questionário específico que a gente use aqui, como um roteiro de entrevista para determinada coisa mas a gente tem o hábito de fazer uma anamnese para coletar dados essenciais para conhecer o caso mas isso não necessariamente vou está com um papel,perguntando e anotando, não vai ser dessa forma. A gente faz um atendimento normal depois a gente vai lá e faz o preenchimento da fixa, você já sabe os dados que vai ter que coletar para fazer essa ficha do caso, pare entender aquela história, se tem alguma especificidade, uso de substância, suicídio, delírio, esse tipo de coisa você já sabe que vai ter umas outras perguntas além para fazer e é aquilo ali que você precisa mas não usamos um roteiro específico. 
· O que é mais recorrente nos transtornos emocionais/mentais que chegam aqui?
Temos muito ansiedade e depressão. É porque assim, a gente não costuma diagnosticar porque não temos tempo hábil para isso, para fazer um psicodiagnótico, a gente faz uma hipótese diagnóstica que é o que temos tempo para fazer como o contato com o paciente é muito breve então tem aquele macete, que está muito choroso, humor deprimido, não quer mais se alimentar, as vezes a demanda chega da equipe para a gente de que o paciente está desistindo então são esses relatos que a gente ver o que é muito comum nos paciente que vem a sofrer amputação de membro, prolongamento de tempo de internação, paciente queimado, eles passam muitotempo hospitalizado, 3/4/5 meses, ainda vai ser tranferido para Salvador e as vezes fica mais tempo lá ainda, então é muito tempo de hospitalização. E ele vai passando por várias fases as vezes está mais ansioso, depois com humor deprimido e agente vai acompanhando e a gente faz a hipotese diagnóstica e na maioria das vezes a gente encaminha para uma avaliação psiquiátrica se perceber alguma coisa mais crônica, algo antecedente a hospitalização mas tem coisas que são intensificadas, que surgem apõs a hspitalização, coisas que surgem após a hospitalização e é nesses casos que a gente vai está intervindo mais.

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