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Trabalho Academico PCP Entrevista

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UNIVERSIDADE PAULISTA DE ENSINO E PESQUISA – UNIP 
Instituto de Ciências Humanas 
Curso de Psicologia 
Fabiano Anacleto Ramos RA G417GJ1 
Felipe Guilherme Torres de Oliveira RA T250609 
Gabriel Marques de Oliveira RA G5828D0 
Juliane Frazão Nascimento RA N806176 
Kátia Moura Mafra Serafim RA T092574 
Keila Cristina Venâncio Maia RA N925345 
Rafaelle Soares Ferreira RA N8867D8 
Victória Eduarda Nascimento de Carvalho RA G544HD1 
 
 
 
PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÕES 
ENTREVISTAS PROFISSIONAIS DA ÁREA JURÍDICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO / SP 
2022 – CAMPUS PARAÍSO / MATUTINO 
UNIVERSIDADE PAULISTA DE ENSINO E PESQUISA – UNIP 
Instituto de Ciência Humanas 
Curso de Psicologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÕES 
ENTREVISTAS PROFISSIONAIS DA ÁREA JURÍDICA 
 
 
 
 
 
Projeto de Pesquisa apresentado à disciplina 
Psicologia Ciência e Profissões em Psicologia 
Jurídica, sob a orientação do Profº D. Waldir Bettoi 
 
 
 
 
SÃO PAULO / SP 
2022 – CAMPUS PARAÍSO / MATUTINO 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 4 
2. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO (Contexto, área de atuação) ........................... 5 
3. A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO JURÍDICO ............................... 6 
4. POPULAÇÃO ATENDIDA .................................................................................... 7 
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 9 
6. ENTREVISTAS ................................................................................................... 11 
6.1 Entrevista 1 ...................................................................................................... 11 
6.2 Entrevista 2 ...................................................................................................... 34 
6.3 Entrevista 3 ...................................................................................................... 55 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 76 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1. INTRODUÇÃO 
Para um melhor conhecimento na área de atuação da psicologia jurídica 
entrevistamos 3 psicólogas que hoje atuam no mercado de trabalho. Foi possível 
identificar, onde e de que forma atuam, mercado de trabalho, importância da profissão 
perante a sociedade entre outras informações relevantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO (Contexto, área de atuação) 
Duas das entrevistadas trabalham para distintos Tribunais de Justiça na qual 
ingressaram através de concurso público. Já a terceira, após se formar se 
especializou em perícias, foi aceita no fórum através de currículo e atende quando é 
solicitada. 
Elas trabalham de forma técnica, realizando perícias psicológicas, assessorando 
um juiz que determina avaliações quando julgar necessárias, trabalham na vara da 
família e atendem desde crianças, adolescentes, casais e também idosos. Lidam com 
violência doméstica, abusos sexuais, adoções, violência aos idosos, alienação 
parental, guarda e regulamentação de visitas e destituição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
3. A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO JURÍDICO 
As entrevistadas atendem diretamente às pessoas determinadas no processo pelo 
juiz, mas também podem atender às redes de atendimento, como orfanatos, visitam a 
casa das famílias avaliando o ambiente não somente na dimensão material físico, mas 
também psico objetiva. 
Em relação às atividades realizadas, por ser uma área bastante abrangente, 
utilizam para coleta de informação diferentes técnicas a depender do caso. Na maioria 
das vezes foram apontadas entrevistas, mas a prática de realização de testes aparece 
com frequência nas situações. Também em alguns casos, elas realizam visitas na 
casa ou até mesmo no ambiente de convívio para observar o comportamento do 
mesmo junto a pessoas próximas. 
Para essa avaliação ou perícia, algumas vezes é necessário realizar mais visitas 
ou mesmo mais entrevistas, principalmente em caso de adoção e acolhimento, o 
processo pode levar meses. 
Existe também um trabalho de orientação, quando casais procuram a instituição, 
buscando instruções no processo de adoção. 
O trabalho preventivo também está presente no aconselhamento a famílias, 
cursos de adoção e orientação às redes de atendimento, isso pode ou não ser feito 
de forma multiprofissional com assistentes sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
4. POPULAÇÃO ATENDIDA 
As entrevistadas deram respostas diferentes em relação à população atendida. 
Há apenas duas igualdades entre as mesmas, a situação socioeconômica das 
pessoas que são atendidas é de renda baixa - é importante destacar que sempre deve 
haver um contexto, e no caso dos psicólogos existem contextos diferentes - e essa 
pluralidade de clientela. 
 Uma das entrevistadas trabalha em um contexto de cidade pequena, com uma 
população que vive do turismo como a economia principal, isso acrescenta o tipo de 
pessoas que são atendidas, uma população que não tem uma boa renda para se 
manter nos estudos e consequentemente abandonam a escola em busca de um 
trabalho. Esse é um contexto considerado complicado. 
A pluralidade entre as pessoas atendidas envolve principalmente a idade. Elas 
atendem pessoas de diversos anos como crianças, adolescentes e até mesmo idosos. 
Alguns serviços são: crianças e adolescentes em situação de adoção, pais 
adolescentes, casal em situação de divórcio. São diversas atividades realizadas por 
esses profissionais, vale destacar que elas auxiliam as pessoas sobre o processo que 
as mesmas estão passando. 
A busca por esses profissionais pode ser resumida em uma determinação 
judicial, onde o juiz pede que haja um profissional para realizar uma determinada 
função envolvendo as pessoas, mas também as pessoas veem de forma espontânea, 
como as entrevistadas disseram, geralmente essas pessoas vão para pegar 
informações sobre como funciona um processo de separação de casal, por exemplo. 
Geralmente as pessoas que buscam de forma espontânea estão começando com o 
processo. 
Atendem diretamente às pessoas determinadas no processo pelo juiz, mas 
também podem atender as redes de atendimento como orfanatos, visitam a casa das 
famílias avaliando o ambiente não somente na dimensão material físico, mas também 
psico objetiva. 
Em relação às atividades realizadas, por ser uma área bastante abrangente, 
utilizam para coleta de informação diferentes técnicas a depender do caso. Na maioria 
das vezes foram apontadas entrevistas, mas a prática de realização de testes aparece 
8 
 
com frequência nas situações. Também em alguns casos, elas realizam visitas na 
casa ou até mesmo no ambiente de convívio para observar o comportamento do 
mesmo junto a pessoas próximas. 
Para essa avaliação ou perícia, algumas vezes é necessário realizar mais 
visitas ou mesmo mais entrevistas, principalmente em caso de adoção e acolhimento, 
o processo pode levar meses. 
Existe também um trabalho de orientação, quando casais procuram a 
instituição, buscando instruções no processo de adoção. 
O trabalho preventivo também está presente no aconselhamento a famílias, 
cursos de adoção e orientação às redes de atendimento, isso pode ou não ser feito 
de forma multiprofissional com assistentes sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
5. CONCLUSÃO 
Com o término de todas as entrevistas fomos capazes de analisar, e 
compreender com mais precisão o que é um psicólogo na área jurídica. Apesar de ser 
uma área em crescimento de acordo com nossos entrevistados, é de extrema 
importância e necessidade mais profissionais atuantes na área jurídica. Pois ao 
contrário do que se costuma dizerdo psicólogo jurídico, vimos que suas atividades 
vão muito além de escrever laudos. O psicólogo jurídico visa a necessidade do público 
atendido, analisa, acolhe, escuta e é capaz de mudar o futuro de uma família, de uma 
criança através do seu trabalho. 
Eles possuem uma alta abrangência na sociedade, principalmente por não 
entenderem somente pessoas com boas condições financeiras que buscam esse tipo 
de atendimento como também pessoas de baixa renda. 
Concluímos também com base nos relatos dos entrevistados, que a psicologia 
jurídica não é tão abordada nas universidades. Apenas de modo superficial, e por 
isso talvez seja uma área menos explorada pelos recém-formados, e 
consequentemente pouco conhecida de fato. Vale ressaltar que não necessariamente 
é preciso de pós-graduação para ser um psicólogo jurídico, e é possível trabalhar de 
forma autônoma. 
A psicologia jurídica possui muitas possibilidades e caminhos a se seguir e nos 
mostrou por fim, o quão grande são as áreas de atuação de um profissional, não se 
limitando ao consultório, ou na função de remediar, e sim, prevenir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSCRIÇÕES DA ENTREVISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
6. ENTREVISTAS 
6.1 Entrevista 1 
 
Andréa Carvalho Campos Maldonado 
Universidade São Judas Tadeu 
Formada em 2011 
Início dos Trabalhos em janeiro de 2012 
Telefone de Contato 13 98218 1174 
Entrevistada em: 28/03/2022 
Entrevistada por: Felipe 
Todos os integrantes do grupo estavam presentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 (A). CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO (CONTEXTO, ÁREA) DE ATUAÇÃO 
1. Descreva sua(s) atividade(s) como psicólogo(a), descreva especificamente o que 
faz e como faz como profissional nesse contexto, quando não há impedimentos 
naturais como os atuais em função da pandemia. 
Eu sou psicóloga do tribunal de justiça de (local), o nosso trabalho é em grande 
parte com perícias na vara de família. Atendemos casos de guarda e regulamentação 
de visitas. E na vara da infância fazemos um acompanhamento junto com uma 
avaliação desses casos, de crianças que ficam em acolhimento, casos que tem 
violência, guarda que às vezes também tem na família, adoção que então fazemos a 
habilitação desses casais para a adoção, acompanhamento do estágio de 
convivência. Na vara da infância também há a destituição de poder familiar que 
quando a criança vai para adoção nós também fazemos esta avaliação, que 
geralmente é um caso que já estávamos acompanhando do acolhimento. É tanta 
coisa. E agora mais recentemente não sei se vocês tiveram conhecimento, porque 
acho que quem não está na área às vezes não fica sabendo tanto. Mas as vezes na 
faculdade chega mais porque tem a lei do depoimento especial, que agora as crianças 
não podem mais serem entrevistadas diretamente em casos de violência, mas 
especialmente violência sexual pelos juízes promotores. Então nós também 
realizamos o trabalho de entrevistador forense nesses de violência sexual contra a 
criança. É isso basicamente. 
2. No último ano em função da pandemia, quais foram suas atividades profissionais e 
como foi sua adaptação com as novas condições de trabalho determinadas pela 
pandemia? 
Bom, no meu caso específico eu fiquei afastada mesmo, só em home office 
durante a maior parte do tempo. Eu voltei no começo de 2021 a atender 
presencialmente. Mas porque eu era lactante então até minha filha completar 2 anos 
fiquei só em home office, então fiz poucos atendimentos em home office porque os 
casos são muito complexos então fiz casos que já conhecia só. Mas meus colegas 
estavam trabalhando escalonado alguns dias, iam presencial, mas a maior parte foi 
em home office das outras coisas todas que a gente faz então audiências, tudo em 
teletrabalho. 
13 
 
3.Onde é e como é o seu local de trabalho atualmente? E antes? Acredito que você 
ainda esteja trabalhando em casa, mas e antes? 
Antes você falava do que? da pandemia? (entrevistador responde que sim, que 
com certeza deve ter mudado) É porque eu trabalho aqui no fórum da minha cidade 
(nome da cidade) e lá temos nossa sala de atendimento, e depois fiquei de home 
office e quando voltei, voltei para o mesmo lugar, continuamos nas mesmas salas. 
Que são nossas salas e salas de atendimento lá. Não sei se respondi a pergunta 
(entrevistador responde que sim). 
4. Em sua opinião quais são as condições necessárias para a realização de 
seu trabalho? Você as tem? Você tem autonomia nas suas decisões relacionadas à 
sua atividade? 
Assim a gente sempre pode aprimorar , eu não tenho muito o que reclamar 
(inaudível) tenho um espaço de trabalho que em vista dos meus colegas de trabalho 
que estão na mesma instituição que eu que é o tribunal de justiça que é muito grande 
então a gente conhece a realidade de colegas de outras comarcas porque a gente faz 
grupos de estudos, supervisão. Então eu sei que tem gente que tem uma condição 
um pouco mais complicada. Eu trabalho numa equipe de 3 psicólogos, nós temos uma 
sala que comporta as três mesas com os computadores de todos. A sala de 
atendimento é bem pequena e poderia melhorar, foi feito inclusive um levantamento 
no tribunal de justiça recentemente sobre essas questões. Mas trabalhamos 
geralmente em prédios alugados então não tem muito o que fazer já tem muitas 
reformas. Mas o que poderia melhorar é uma sala um pouquinho maior, mais arejada 
e com mais privacidade porque às vezes na hora de atender vaza um pouco o som. 
A sorte é que na sala do lado ficam os mesmos colegas, então entre aspas tudo bem 
porque a gente sabe que vai ter sigilo, mas ainda não é o ideal. Outra coisa também 
em relação a instrumentos de trabalho, assim temos bastante brinquedos, essas 
coisas assim a gente tem lá mas falta um pouquinho de teste, as vezes sentimos falta 
de instrumento e tem que pagar do próprio bolso mesmo, a parte. (O entrevistador diz 
que trabalhar no Brasil nunca é fácil e a entrevistada concorda dizendo que ainda mais 
sendo funcionário público.) 
14 
 
(Uma integrante do grupo pergunta: E a maioria (inaudível) que você atende é 
já são destituídas ou você participa desse processo de destituição?) Acho que você 
tá falando no que quesito autonomia de trabalho, acho que essa pergunta tem a ver 
com isso também. A parte das famílias que eu atento? Se elas são destituídas? 
(integrante responde que sim) não, então geralmente quando chega pra gente atender 
o processo está no começo então muitas vezes a criança foi retirada, afastada da 
família, mas continua com vínculo e aí a gente vai trabalhar aquela família. Se tiver 
alguma condição para isso vamos verificar junto com a rede, a instituição do 
acolhimento (inaudível) e aí às vezes vai chegar em algum momento se todas as 
equipes entenderem que não tem mais condição de reinserir aquela criança na família 
ai que é feita a destituição. Aí o juiz, a gente sinaliza nossa opinião técnica pro juiz e 
eles o promotor, que impedem o processo de destituição. 
 
5. Você, nas suas atividades, trabalha com outros profissionais? Se sim, quais? 
Trabalho. Principalmente com os assistentes sociais. Três psicólogos e 
assistentes sociais na equipe. E também trabalhamos com o pessoal do direito, mas 
não temos um contato tão direto. A gente trabalha via processo, então a gente 
responde. O juiz a gente tem um pouco mais de contato , então as vezes fazemos 
reuniões , discute alguma coisa, algum caso mas o resto, promotor às vezes conversa 
alguma coisa com a gente, advogado às vezes eles vêm perguntar mas a gente não 
costuma falar muito com advogado, até porque nosso papel é de perito então a gente 
tem que ser imparcial. Então o resto tudo via processo a gente faz os nossos laudos 
e coloca no processo para que todos tenham acesso no processo. E assim no meu 
local de trabalho, voltando na anterior quevocê tinha perguntado sobre autonomia, a 
gente tem bastante autonomia para organizar a nossa rotina do dia a dia, agenda, 
como vamos atender, quando isso a gente tem. (Entrevistador diz que é bom saber 
pois assim já ficamos preparados) 
6. Se considera satisfeito com seu trabalho, atualmente? Poderia nos explicar os 
motivos disso? 
É assim como eu respondi anteriormente em relação às condições de trabalho, 
sempre tem alguma coisa que pode melhorar mas assim se for perguntar a (nome) 
15 
 
você gosta do que faz? , sim eu gosto é algo que eu queria desde quando eu estava 
em formação , uma área que eu me interessei , logo no estágio. Meu estágio já foi 
dentro do fórum assim, não trabalhei com o que eu trabalho hoje, mas fiz estágio 
dentro do fórum, com penas alternativas. Eu tive uma professora que era psicóloga 
do tribunal de justiça também, inclusive agora ela é minha colega de trabalho e eu vou 
participar de uma supervisão que ela vai dar. Então nesse ponto eu me sinto realizada 
porque eu consegui entrar na área que eu queria. A instituição ela tem seus 
problemas, como eu falei funcionário público, não sei se tem alguém aqui que é , mas 
quem já foi ou conhece alguém que foi funcionário público, sabe que tem suas 
questões, suas injustiças, a gente é mal visto às vezes meio que injustamente assim 
por falarem que a gente não trabalha muito e tem suas regalias e tudo. Mas na 
realidade não é bem assim. Como eu falei muitas vezes, a gente não consegue ter 
condições ótimas, bem diferente de um setor privado, não que seja mil maravilhas 
também, mas em geral as condições para você fazer seu trabalho costumam ser 
melhores. Não vejo muito o pessoal comprando coisas do bolso por exemplo para ter 
ali. Você precisa ter uma mínima estrutura. E no serviço público muitas vezes não, eu 
já trabalhei em prefeitura também então assim hoje em dia (inaudível) na prefeitura 
era mais complicado. Para quem pretende prestar concurso tem essa realidade. 
(inaudível) Acho que o mais realizado assim é no sentido de que eu atendo o público 
que eu queria. Eu queria atender essas pessoas mais vulneráveis que precisam desse 
trabalho e isso eu estou conseguindo fazer. Enrolei pra caramba (risos), mas acho 
que vocês entenderam.(inaudível) (Entrevistador pergunta : Tipo assim a gente sabe 
que quando você trabalha em setor público você não consegue diferenciar (inaudível) 
atender o máximo que você pode, e aí geralmente você pega as pessoas fragilizadas 
e aí você não pode dar aquele atendimento mais humanista vamos dizer assim, 
porque você tem horário, punições, (inaudível) então queria perguntar como você lida 
, se sente satisfeita , você consegue atender essas pessoas do jeito que você queria 
no trabalho que está hoje ? Eu digo assim porque às vezes você pega a pessoa 
fragilizada e às vezes você não consegue atender do jeito que queria por N motivos 
que o serviço impõe. Como você lida com esse sentimento?) Então em relação com 
o meu atendimento em si eu acredito que eu consigo fazer aquilo que está 
determinado dentro do meu espaço. Porque assim eu não faço uma terapia, então eu 
me preparo para aquele dia que eu vou atender aquela pessoa, dar o máximo de 
acolhimento possível e procurar entender o melhor possível, dar o melhor auxílio. Eu 
16 
 
costumo quando vou atender um caso eu busco tomar muito cuidado para não tomar 
nenhuma impressão precipitada, acho que às vezes temos nossos viés então tomo 
esses cuidados. Porque são questões muito delicadas que eu estou lidando , então 
procuro ouvir todo mundo com muito cuidado e atenção, ouvir o máximo de pessoas 
que eu consigo, e como eu trabalho em uma cidade pequena minha demanda me 
permite ligar numa escola, aqui temos poucos equipamentos um CREAS , uma 
instituição de acolhimento, tem três CRAS, gente estou falando muito CREAS, CRAS, 
não sei se todo mundo sabe o que é e na minha época de graduação não aprendíamos 
isso, víamos muito por alto , hoje em dia está mais consolidado isso. Então assim fica 
mais fácil eu saber para quem ligar, consigo conversar com as pessoas e eu consigo 
eu acho avaliar, fazer uma avaliação de qualidade. Não é a realidade de todos em 
todas as comarcas por exemplo a grande São Paulo que é um absurdo, população 
muito grande. Então nesse ponto sim, o que eu sinto mais é não conseguir depois 
encaminhar talvez essa pessoa, que eu percebo algumas necessidades. E a rede não 
tem nenhum psicólogo que atende criança no município, não tem para onde 
encaminhar. Acabou de ter um concurso, chamaram vários profissionais e vamos ver 
como vai ficar agora. Mas era o que mais estava me incomodando, e o que fizemos 
foi colocar isso em todos nossos documentos, apontando para o juiz, ministério 
público para que eles tomassem atitudes. Então é mais essa parte que ficamos muito 
limitados. 
 
(B). POPULAÇÃO ATENDIDA 
 
7. Como se caracteriza a clientela atendida por você em relação à:faixa etária, gênero, 
classe social, escolaridade e profissão? 
Nessa pergunta o professor está querendo saber mais sobre a população que 
você atende. Então a primeira pergunta é: Como se caracteriza a clientela atendida 
por você em relação à faixa etária, gênero, classe social, escolaridade e profissão? 
Então essa pergunta é bem complexa porque não posso te falar que tenho esse 
levantamento, vou te falar mais de uma forma empírica assim , e também é uma 
peculiaridade da cidade que eu estou, por exemplo se você pegar uma comarca 
17 
 
grande a pessoa trabalha na vara de família dependendo onde ela está ,ela vai 
atender uma população com um poder aquisitivo maior, mais escolarizada e tal. Aqui 
mesmo na vara de família a maior parte das pessoas são de baixa renda, e baixa 
escolaridade. Dificilmente eu atendo pessoas com ensino superior, ensino médio 
completo. É difícil, porque como eu falei é uma cidade pequena, então temos a 
comunidade que vive de turismo, (identificação da cidade), então é difícil chegar pra 
gente, pessoas com mais grana. Geralmente é isso, em relação à faixa etária 
depende, o público principal é crianças e adolescentes, mais dirigido para eles, mas 
tem as famílias. Vou falar assim por alto que eu acredito que em média as pessoas 
que eu atendo, os pais dessas pessoas têm em média 30 anos. Não passa disso. Às 
vezes ficamos assustados com as idades, principalmente mulheres muito jovens que 
já tem muitos filhos, isso aparece bastante na vara da infância então dificilmente 
atendo alguém com mais de 30 anos. Em relação às mães, falo mãe porque 
atendemos mais mães do que pais. As famílias em geral, é isso, baixa escolaridade e 
baixa renda. Respondi tudo? (entrevistador diz que sim). 
Aluno 3 – Rapidinho, queria fazer um ponto. Eu queria saber porque tipo você, 
você que escolheu, é como pode dizer, atender esse tipo de pessoas nessas 
condições, o tipo, meio é o que veio para você? 
Entrevistada – Então, assim desde a universidade eu fui fazer, eu consegui 
fazer psicologia, que era uma coisa que eu queria muito fazer, porque eu tive uma 
bolsa, com bolsa do ProUni, uma bolsa integral. Então eu sempre tive para mim que 
eu tinha o que eu queria. Não que eu tinha, o que eu queria retribuir à sociedade por 
eu estar podendo fazer a minha formação na área que eu queria. E aí eu me interessei, 
principalmente pela área pública, porque eu falei onde eu vou atender essa parcela 
da população, porque se eu abrir um consultório, quem vai conseguir no meu 
consultório e aí não é uma crítica, né? Eu acho que tem para todo mundo, mas eu 
optei por prestar concurso público também por isso, né? Por outras várias questões 
também, né? Quando a gente vai ser servidor público, a gente pensa na estabilidade, 
num salário geralmente acima da média do privado, pelo menos na área em que eu 
estou, essa parte assim. Mas era principalmente por isso, era o público que eu queria 
trabalhar assim, pessoas mais vulneráveis, euqueria dirigir meu trabalho para elas. 
18 
 
8. De que maneira as pessoas chegam até você (por exemplo, por iniciativa própria, 
encaminhadas a você diretamente, encaminhadas à Instituição etc.)? 
Voltando aquela pergunta lá das pessoas que você atende, e agora de que 
maneira essas pessoas chegam até você? 
É via judicial, processo, tem que ter processo. A gente até atente. O que a gente 
atende em uma demanda espontânea, pretendentes a adoção num primeiro 
momento, que vão procurar gente para serem orientados, a gente orienta como eles 
fazem dentro do processo. Mas é até o curso, a gente dá o curso de adoção também, 
aí ainda não tem processo também. Então são o único público que a gente faz o 
atendimento ainda sem processo, são os pretendentes à adoção. Todas as outras 
pessoas vêm via processo para a gente e aí às vezes também vai alguém lá, a gente 
faz um plantão, a gente fica lá até em horário de funcionamento se chega alguém lá. 
Geralmente, quando eles não sabem o que fazer, eles mandam para a assistência 
social. Psicologia, né? Então, a gente acaba fazendo esses atendimentos, mas é 
esporádico, nosso (inaudível). 
Aluno 2 – Mesmo as famílias que são pretendentes à adoção, têm um 
cronograma, alguma coisa assim, elas não vão aleatoriamente? 
Entrevistada – Sim, sim. É, a primeira vez eles vão geralmente para pegar 
informações, aí eles vão, geralmente é espontâneo, né? Eles foram em algum lugar e 
orientaram que eles tinham que ir lá no fórum, aí eles chegam na gente. Naquele 
primeiro momento a gente atende, mas a gente faz uma orientação breve de como 
funciona o processo, dá ali uma lista das coisas que eles precisam para entrar com o 
processo. E aí depois disso, aí sim, se eles continuam nessas (inaudível), 
documentos, a gente vai marcar o dia pra fazer o curso e tudo. Então aí não é mais 
aleatório, só nesse primeiro momento, mesmo que eles procuram. 
 
9. Em sua opinião, qual a imagem que a população tem do psicólogo e da Psicologia? 
Acho que está melhorando, mas ainda tem um certo preconceito sim, né? Eu 
acho que a partir do momento em que mais, acho que as redes sociais têm ajudado, 
eu vejo muito psicólogo fazendo trabalhos legais e levando informação para as 
19 
 
pessoas, do que é a psicologia, porque fica uma coisa assim meio mistificado, né? De 
que a gente tem poderes extraordinários de ler as mentes das pessoas. O que a gente, 
né? Fica misturado, fica muito misturado, agora com essa onda muito grande dos 
coaches e terapeutas holísticos e terapeutas de não sei o que, às vezes as pessoas 
não sabem muito diferenciar, o que é o psicólogo e não sabem tudo o que a gente 
pode fazer, então as pessoas pensam, quando eu atendi e como eu falei trabalhei na 
prefeitura e na prefeitura meu trabalho era clínico, né? Quando eu falei que eu ia 
trabalhar na justiça, “ah mas você não gosta mais de psicologia, você desistiu e você 
vai lá não”, falei, não vou lá como psicóloga, “mas psicóloga vai fazer o que no fórum?” 
então, as pessoas também têm uma visão ainda muito limitada. Acham que o 
psicólogo só serve para atender na clínica e pessoas que estão ali minimamente 
desequilibradas, mas eu acho que isso está mudando, acho que está mudando. 
Entrevistador – É a saúde mental está tendo assim, meio que descoberta de 
pouco tempo pra cá, né? Antigamente não se falava muito nisso. 
Entrevistada – Sim, sim. E a pandemia, né? Deixou bem autônomo, muito essa 
questão também. 
Entrevistador – Os exemplos disso, é que antigamente, um dos exemplos é 
cantor e jogador de futebol não tinha essa preocupação com saúde mental, muitos 
dos jogadores de futebol gastaram todo o dinheiro, cantor que morreu porque não 
tinha esse acompanhamento de algum psicólogo. Mas você vê que hoje em dia cantor 
e jogador de futebol sempre tem ganhado a saúde mental, porque eles viram a 
importância, né? Mas é de uma coisa de uns dez à vinte anos pra cá, porque, ainda é 
bem recente, né? 
Entrevistada – Sim. 
 
 
10. Em sua opinião, quais são as contribuições que a profissão de psicólogo tem dado 
à sociedade como um todo? 
Ah, é como eu disse em relação, acho que principalmente nos últimos tempos 
com a pandemia, acho que a psicologia foi muito importante, né? Porque as pessoas 
20 
 
viram o quanto a gente está passando por uma tragédia mundial e a reclusão, tudo 
isso fez muita gente adoecer. E aí eu acho que a psicologia foi crucial nesse momento, 
junto com outras coisas, claro, mas a informação que eu vejo, como eu falei de muitos 
colegas hoje trabalhando nessa questão de informar melhor a população sobre saúde 
mental, sobre a importância da qualidade de vida e importância das relações, trabalho 
sobre como você educar melhor seus filhos, né? Vejo muita gente também fazendo 
isso dentro da psicologia, né? De acolher e várias demandas que a sociedade traz, 
que não tinham talvez tanto espaço para serem faladas de todas essas dores, das 
violências que as pessoas sofrem, em relação às questões de gênero. Essas 
discussões, a psicologia também está muito presente de acolher as pessoas que têm 
ali qualquer diferença, em relação ao autismo, que hoje em dia super falado, chamo 
sardinha para essa área, mas tem muita contribuição. Acho que nos últimos tempos 
tem é, a psicologia tem aparecido bastante em muitas questões. 
Entrevistador – Agora a gente vai mudar de tópico de novo, agora a gente vai 
para formação profissional, vou perguntar aqui. 
 
(C). FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA GRADUAÇÃO 
 
11. No seu ponto de vista, quais são os requisitos necessários para a formação do 
psicólogo para a sua área de atuação? O seu curso de graduação vai atender a esses 
requisitos? 
Eu acho que para atuar nessa área, inclusive, eu estava indo num congresso 
no final de semana, da minha área em que foi falado bastante sobre isso, bastante 
não, mas em algumas palestras sobre essa questão da formação, minimamente uma 
pós-graduação, assim, porque na... Como eu disse não sei como está agora, se vocês 
vêm um pouco mais, mas na minha área a gente viu muito pouco disso, né? Era mais 
voltada para a questão clínica mesmo, hospital, escolar, que são áreas mais 
tradicionais assim, o organizacional, mas psicologia jurídica, psicologia forense, a 
gente ouviu falar, mas são demandas muito específicas, né? É bem diferente uma 
avaliação que você faz porque a pessoa te procurou, né? A gente não, a gente está 
fazendo uma avaliação, um atendimento de uma pessoa que muitas vezes nem queria 
21 
 
estar ali. Então, acredito que eu não tenho uma pós na área, então, mas eu ralei muito, 
estudei muito, ainda ralo, ainda estudo para caramba, eu vou tentar fazer a prova do 
CFP pelo título de especialização mês que vem, agora, porque eu já estou há um 
tempo atuando nisso. Então acho que agora eu reuni conhecimentos que podem me... 
Vamos ver né? Se eu passar na prova, vão saber se mesmo, levar ao título de 
especialista. Mas é isso quando eu me formei, foi bem complicado, recém-formada 
nessa área, sempre a gente não tem trabalho. 
 
 12. Há necessidade de formação posterior à graduação para que se possa trabalhar 
na sua área de atuação? Como foi com você? 
É, é isso, né? Acho que uma pós em psicologia jurídica, que hoje também eu 
vejo que tem muito mais opções também. Como me formei, eram poucos cursos, eu 
acho que hoje em dia tem mais opções para se formar dentro dessa especialização 
também, não acho que pra dar assim, para dar o pontapé inicial, talvez não precisasse 
a especialização, pelo menos sei lá, um cursinho, a pessoa vai fazendo cursos 
menores, vai fazer um curso específico, em laudo, elaboração de laudo, fazer um só 
em avaliação pericial para Judiciário. Existem advogados que dão esses cursos mais 
curtinhos, assim, de repente, às vezes é difícil a gente recém-formados a sair fazendo 
uma especialização. Mas acho, pelo menos minimamente, isso que foi como eu fui 
fazendo, comprando livro e fazendoum curso pequenininho ali e outro ali, só vai 
juntando o quebra cabeça, mas se puder fazer uma especialização, seria melhor. 
Entrevistador – Agora, era só duas perguntinhas da sua formação profissional. 
Agora a gente vai fazer uma pergunta sobre o mercado de trabalho. 
 
(D). MERCADO DE TRABALHO 
 
13. Qual a situação atual do mercado de trabalho na sua área (para recém-formados 
e mais experientes)? 
Ah, então eu acho que, eu tenho falado toda hora que eu acho que está 
melhorando, que está crescendo, acho que é isso mesmo. Acho que tanto a psicologia 
22 
 
no geral da profissão quanto a área da psicologia jurídica, tanto que assim, jurídica e 
forense, que assim uma coisa como eu falei, eu participei de um congresso 
internacional esse final de semana online e assim conheci vários profissionais que 
estão desbravando aí novos, não, não novas, na verdade áreas pouco exploradas 
pela psicologia. Então, dentro da área que eu estou já, que tem, tem gente, porque 
assim, às vezes não só como funcionário público você pode trabalhar nessa área, 
existem as nomeações que o juiz pode fazer de peritos ali fora do processo, às vezes 
a família tem condição de pagar um perito a parte, ele pode nomear. Então tem muita 
gente fazendo o curso com essa intenção de ser perito, tem os assistentes técnicos 
também, que são os peritos das partes que não vão fazer a perícia, mas eles fazem 
pareceres em cima dos relatórios dos peritos do juízo. E tem assim também a parte 
de psicologia criminal, tem um estado aí que parece que conseguiram o CRP da região 
acho que da Paraíba, se eu não me engano, foi falado lá nesse congresso que 
conseguiram pressionar para que o concurso da Polícia Civil tivesse perito ou 
psicólogo mesmo para trabalhar, para ajudar a polícia em investigação mesmo. Então 
tem uma área aí que ainda está pouco explorada, e que parece que há um movimento 
para expandir esse trabalho e eu acho que as pessoas que estão recém-formadas 
podem ser muito bem-vindas nessa área, porque como a área também está em 
expansão, então as pessoas estão chegando já fresquinhas e vão ajudar, acho que 
nessa expansão da área e as pessoas mais experientes, que já têm uma avaliação, 
uma experiência com avaliação clínica, por exemplo, trabalha com psicodiagnóstico 
em outras áreas, podem entrar, podem se inscrever para serem nomeados como 
peritos contratados. Então, acho que é uma área que tem possibilidades. 
Entrevistador – E novamente... Novamente você acabou entrando na segunda 
pergunta que é. 
Entrevistada – É que eu falo muito mesmo. 
Entrevistador – Não, não. É bom pra gente, que a gente precisa de conteúdo, 
a gente precisa explorar cada oportunidade que a gente tem. E a próxima pergunta 
é... 
 
14. E no futuro, como será este mercado, em sua opinião? 
23 
 
É isso, eu acho que vai expandir, acho que vai ter mais áreas, acho que vai ter 
tanto mais concursos, como foi nesse caso que esse colega falou que inclusive de 
Santa Catarina também, eles abriram lá uma área dentro da polícia para investigação 
para... Ah, gente, agora não me lembro exatamente o nome, mas é uma área de 
psicologia forense dentro da área de investigação, porque, vou falar, comentar 
rapidinho, porque achei muito interessante que justamente era um psicólogo que já... 
Vou até mandar pra aluna depois, a reportagem, se vocês quiserem pelo WhatsApp. 
Era um policial psicólogo ou psicólogo policial, não sei, ele trabalhava já na instituição, 
mas não era perito ou psicólogo. E aí ele ofereceu ali o trabalho dele, quando ele viu 
um caso que era um caso de um suicídio, que estava com uma suspeita de que talvez 
não fosse um suicídio. E aí, bem resumidamente, ele fez todo um trabalho que eu não 
sei se vocês já ouviram falar, mas é de autópsia psicológica, né? Então ele retomou 
ali, acho que a história de vida, os últimos, os últimos dias, os últimos meses, sei lá, 
dessa moça, dessa pessoa, para constitui um laudo sobre a probabilidade de ter sido 
um suicídio ou não. Basicamente, é isso aí, a partir desse trabalho que foi em 2015, 
que eles abriram aí esse núcleo, né? Enfim, esse local ali da psicologia investigativa. 
Por isso que eu falo que eu acho que futuramente essas coisas tendem a se expandir, 
porque tem pessoas fazendo bons trabalhos aí, na minha área continuamos também 
com a demanda sempre crescendo. 
Entrevistador – A gente precisando de psicólogo agora, sempre vai ter. 
Entrevistada – Em separação, conflito e judicialização das coisas, infelizmente 
são coisas, violências todas que a gente trabalha e infelizmente, no caso, são coisas 
que não tendem a ter uma diminuição, por hora, né? Não. 
 
15. Como foi sua entrada no mercado de trabalho? Como chegou à posição que ocupa 
hoje? 
Bom, como eu tinha comentado antes desde o meu estágio, fiz um estágio na 
Central de Penas Alternativas, na Barra Funda, no fórum da Barra Funda. 
(A vídeo chamada caiu, logo em seguida já começamos outra). 
24 
 
Entrevistador – Faltando duas perguntas A., vou voltar a pergunta que você 
estava respondendo só pra ficar registrado. 
 Como foi a sua entrada no mercado de trabalho? Como você chegou à posição 
que ocupa? 
Vou tentar resumir mais, falei que comecei a trabalhar nessa área lá no estágio, 
mas aí eu passei por outras áreas e logo que eu me formei, assim que eu me formei, 
eu trabalhei no tribunal, mas como terceirizado primeiro, trabalhei em Vara de 
Violência Doméstica, fiquei um ano e pouquinho. E aí, nessa mesma época, prestei o 
primeiro concurso do Tribunal de Justiça e aí eu passei, mas não querendo as vagas 
e eu não fui chamada. Então isso em 2012 e depois eu fui trabalhar no SUS, fiquei um 
tempo, aí em 2017 abriu um novo concurso e do Tribunal de Justiça de São Paulo e 
aí eu prestei esse concurso aí nessa passei. Então, onde eu estou hoje eu estou por 
conta de um concurso público feito, foi assim que eu cheguei aqui. 
Entrevistador – Eu queria fazer uma pergunta não está aqui, nas perguntas do 
professor, esses concursos que existem é para a prefeitura, é só na área jurídica. 
Entrevistada – Não. O concurso da prefeitura é outro, é outro que (inaudível) 
do Tribunal de Justiça só para essa área mesmo coisas jurídicas a prefeitura 
trabalhava no SUS, por exemplo, a prefeitura aqui da minha cidade acabou de abrir, 
teve um concurso agora que eles estão chamando as pessoas pra ir trabalhar tanto 
no posto de saúde, na área da saúde, no SUS, como também tem o pessoal que vai 
trabalhar no SUAS, CREAS, no CRAS, com população de rua também, apesar que 
aqui tudo é terceirizada, acho que só essa parte e também passou agora para 
educação porque teve a lei aprovada de equipes de psicólogas e assistentes social 
para a área da educação, então também estão mandando bastante psicólogos para 
as escolas. Então tem assim dentro das prefeituras, para várias áreas. Aí o hospital... 
 
16. Em termos de remuneração, como são as condições da sua área? Você saberia 
citar valores médios de remuneração? 
Entrevistador – Não precisa falar da parte pública, vamos falar da parte privada, 
mas se quiser falar dos dois. 
25 
 
Então assim na minha área mesmo de psicólogo perito do tribunal, aqui em 
São Paulo, o salário médio de entrada é em torno de sete mil reais. Mas tem outros 
estados que são entre dez mil reais e nove mil reais. No Rio Grande do Sul, há pouco 
tempo, uma colega foi para lá e parece que lá o salário inicial é um pouco maior. Mas 
a média acho que é isso daí, média entre seis e sete mil reais dentro da área de 
psicologia jurídica. Isso na área pública, no privado eu não vou saber dizer porque 
acho que varia bastante, depende do quanto aquela pessoa, dos honorários que 
aquela pessoa cobra. Porque tem dois jeitos de o perito ser nomeado, ele pode ser 
nomeado na Justiça gratuita e tem uma tabela de honorários que não é muito, né? 
Acho que aqui em São Paulo era em torno de trezentos reais, mas aí, àsvezes, o juiz 
pode determinar se o trabalho é muito complexo e, sei lá, pagar três vezes mais para 
o perito. E se a pessoa vai ser contratada pelas partes, aí ela vai negociar lá. Então 
tem gente que cobra muito mais do que isso para fazer uma perícia ou uma assistência 
técnica. Então, dentro dessa área tem essa variação. Em concurso é isso que eu te 
falei. 
Assistente técnico, não sei se vocês também, né? Porque também é quem está 
ali na área, mais na área que acaba tendo uma... Entendendo, né? A gente acaba 
falando muito em jargão, então pra vocês entenderem assim, dentro dos processos 
de família, você tem um perito que ele é nomeado pelo juiz, que aí pode ser desse 
jeito que eu falei, ou o juiz nomeia alguém lá de confiança dele, e aí essa pessoa vai 
receber o honorário. Ou a gente que é funcionário público, ele nomeia a gente lá "oh, 
você vai atuar nesse processo". E as partes que estão ali na Vara de Família, você 
tem ali geralmente a guarda litigando. Então, o requerente é aquele que entra no 
processo e é requerido é aquele que sofre processos. Eles podem nomear alguém da 
psicologia para assessorar eles, essa pessoa não vai fazer uma perícia com eles, mas 
essa pessoa vai acompanhar ali o perito. Ele não entra junto na perícia, mas ele vai 
ver o que o seu perito, por exemplo, aplicou no teste, ele vai ver se ele aplicou direito 
aquele teste e vai pegar o laudo do perito. E ele vai contestar ou não aquele 
documento. Ele vai fazer uma análise crítica, digamos assim, para assessorar aquelas 
partes. E aí essas pessoas também estão trabalhando dentro dessa área. Mas aí é 
isso, como eu falei, elas cobram conforme o cliente delas. Tem gente que cobra 
bastante aí. Então. 
26 
 
Entrevistador – Entendi. Aqui as perguntas do professor, do professor, já 
acabaram. Eu tenho uma aqui, porque eu tava, acabei pensando aqui. Geralmente, 
na sua área você pega pessoas que sofreram diversos, diversos traumas, de, na 
maioria, de pessoas que deveriam proteger elas, não é? 
Entrevistada – Então em relação à Vara de Família, principalmente sim, né? 
Entrevistador – Em alguns casos, né? 
Entrevistada – Sim, é... 
Entrevistador – É difícil trabalhar com essas pessoas assim? porque aqui que 
nem eu volto a pergunta. Eu não sei se o seu serviço, a sua área, proporciona dar 
aquele atendimento contínuo, porque não sei como é, não é no primeiro e nem no 
segundo consulta que as pessoas vão se sentir melhor né. 
Entrevistada – Uhum. 
Entrevistador – E eu queria que você contasse um pouco pra gente, como é 
que é atender esse tipo de caso? Se conseguir resumir. 
Entrevistada – Vou tentar. Assim, na verdade, como eu falei, meus 
atendimentos são mais pontuais. Por exemplo, vou falar meus dois principais, né, 
atendimentos aqui. Na Vara de Família, eu vou fazer só perícia, então vou verificar 
basicamente ali o, o, eu, eu assim tento não entrar naquele, naquele jogo né, quem é 
melhor para ficar com a criança? Não, mas eu vou avaliar a relação da criança com 
os dois, duas pessoas. Hoje em dia tem a questão da alienação parental, que com 
certeza vocês já ouviram falar. Então, é claro que na maior parte dos casos um acusa 
ou outro de alienação parental, então a gente vai verificar, se a criança não quer ver 
o pai? ou não quer ver a mãe? Porque? Será que tem um motivo justificável? Ou será 
que de fato está acontecendo outra coisa aqui? Então, meus atendimentos com a 
criança são pontuais. Eu não costumo fazer muitos atendimentos com as crianças, 
porque é muito tenso para elas estarem ali. Porque se elas estão numa situação de 
litígio, os pais ficam ali né, a mãe fala uma coisa, o pai fala outra coisa. E aí eu não 
quero que elas fiquem numa posição, que elas achem que elas têm que me contar 
alguma coisa, né, que elas têm que contar o que a mãe quer ou o que o pai quer. 
Então, meus atendimentos são pontuais, a gente procura. Eu procuro já tirar aquela 
27 
 
coisa deles, que eles acham que eles têm que me contar alguma coisa. Então tento 
fazer um atendimento bem lúdico, bem né, me conta de você e foco neles, nas 
crianças. Eu acho que essas crianças em geral na Vara de Família, são muito 
violentadas, uma violência psicológica, um caso muito grande, porque elas vêm 
geralmente, é, né, é aquela coisa, se eu tenho que escolher entre meu pai e minha 
mãe, não posso aqui dizer que eu gosto de um, porque o outro fica chateado. Então, 
são crianças que vêm muito fragilizadas nesse sentido. Então eu tomo muito cuidado 
com elas. E aí eu prefiro me focar nos adultos, entendeu? Porque eu entendo que a 
questão são eles. Então na Vara de família, meu foco maior, eu fico nos adultos, eu 
tento mostrar ali, né, que os motivos de eles não conseguirem resolver, né, as 
questões que eles deveriam resolver, e não incluir os filhos. E aí a gente tem um outro 
nicho grande, que é a Vara da Infância, assim são essas crianças que vêm de 
situações e contextos de mais vulnerabilidade, que sofreram alguma violência ou que 
na, o que acaba sendo, na maior parte das vezes, é uma negligência, que é muitas 
vezes causada pela situação de pobreza e nada mais do que isso sabe. Então, às 
vezes, essas crianças têm um vínculo muito bom com a mãe, mas era uma mãe que 
tinha que trabalhar o dia inteiro. Então, às vezes as crianças são acolhidas, em muitos 
casos a gente vê, não, porque essa mãe não era carinhosa, cuidadosa, mas porque 
ela tinha que estar em outras, fazendo outras questões, ela tinha outras demandas. E 
aí, por mais que o ECA fala, não, as crianças não podem ser acolhidas por pobreza. 
A gente vê que se a gente ver direitinho a situação é por isso, porque aquela mãe não 
tinha condições de pagar alguém ou não tinha uma creche integral para deixar esses 
filhos. E aí as crianças às vezes ficam expostas a outras violências. Então, em muitos 
casos, elas sofrem alguma violência na rua, porque não tem um adulto ali o tempo 
todo com elas, né, crianças maiores cuidando de crianças menores, a gente vê muito, 
né, mas, também existem os casos das crianças que apanharam muito. Caso de 
crianças, muitos casos (inaudível) são crianças, filhos de mãe e/ou pai, dependentes 
de drogas, então também acontece muita violência e negligência nesses contextos. E 
é complicado, porque assim as crianças têm o vínculo com essas pessoas, porque 
não (inaudível). Às vezes a gente vai ter a ilusão de que as pessoas vão morrer de 
raiva da mãe e do pai. Não, eles têm o amor, eles querem voltar para essas famílias 
porque é a única família que eles conhecem. Eles têm vínculo e aí assim, esse 
trabalho também é muito difícil. Mas nesse caso, o foco é mais na criança, mas o meu 
trabalho é pontual. Então, assim, como eu falei né, eu trabalho aí nesse caso para 
28 
 
tentar dar um suporte para essas crianças eu procuro tentar criar um vínculo, eu vou 
visitar quando está no acolhimento, eu vou lá ver e a gente acaba criando um vínculo, 
porque eu entendo que para essas crianças, qualquer vínculo positivo é importante. 
São modelos, outros modelos, mostrar outros modelos de relacionamento para elas, 
e tem que ser muito cuidadosa com a história delas, com a família delas, né. Mostrar 
para elas que eu entendo que elas têm amor, tem carinho, que elas não tão, muitas 
vezes as crianças quando são tiradas da família, elas pensam que elas fizeram 
alguma coisa de errado, por isso que elas estão sendo punidas. Então, meu foco é 
tentar tirar isso. Esses sentimentos de culpa, muitas vezes por uma coisa que não é 
culpa delas, e tentar mostrar para elas que a gente está ali para ajudar, que a gente, 
que a gente quer resolver a situação da família para que elas voltem e trabalhar com 
acolhimento também. 
Aluno – (NOME DO ENTREVISTADO) 
Entrevistada – Diga, quem é? 
Aluno 1 – Como você faz, tudo bem? Boa noite. Como você faz para não se 
envolver? É possível você não se envolver, não sofrer. Vamos ver se entende minha 
pergunta, é assim,é, emocionalmente. Como você faz para virar uma chavinha de 
chegar em casa e não chorar até a hora de dormir? Pegando aqueles casos assim 
que dói lá no fundo da alma, que deve ser muito difícil, como você, como você fez 
para lidar com isso nesses anos de carreira? Como você constrói esse lado? Virar 
essa chavinha, entendeu? É possível isso? 
Entrevistada – Então, se envolver, a gente se envolve né, não tem como, mas 
o que eu tento por assim na minha cabeça que enquanto eu estiver ali, enquanto eu 
estiver naquele papel ali de psicóloga, eu vou me envolver o tanto que eu precisar, 
claro, não para chorar junto com a criança, mas me envolver no sentido, porque se a 
gente não se envolve, a gente não consegue dar suporte. A gente sente que uma 
pessoa, se uma pessoa está com a gente de modo impessoal e mecânico, mas assim, 
foi mais difícil para mim em alguns momentos e em outros não tem casos que são 
mais complicados mesmo. E aí eu tento dar uma, né, assim antes de ir para casa, dar 
uma espairecida e tal, porque a minha família não tem nada a ver com isso. Então 
tento ali dar uma espairecida. E aí eu procuro dividir com os colegas, quando eu fico 
29 
 
muito angustiado, que é um caso muito difícil. Aí o bom de eu ter uma equipe que 
trabalha comigo, mas eu não consigo falar com a minha equipe, eu tenho algumas 
colegas, né, que eu preciso falar de um caso e a gente acaba falando um pouquinho, 
vai tirando um pouco a angústia que você vai dividindo. Trabalhar em equipe é legal, 
por isso é assim, aí a terapia, a supervisão dentro, uma coisa boa do tribunal é que 
hoje ele tem um espaço de supervisão que a gente vai discutir caso. Então, acho que 
o principal é isso, porque senão a gente fica em uma angústia e a gente tem que saber 
que a gente tem o nosso papel. Então é por isso que eu sempre falo, o meu papel é 
pontual nesses casos, porque não é para me desresponsabilizar, mas é porque saber 
que eu tenho meu limite de atuação ali. Aí não adianta querer passar porque não vai 
dar certo. Não vou com a criança no colo trazer para minha casa, dá vontade, muitos 
casos que deu vontade de esconder aqui dentro da blusa e falar vamos comigo para 
casa, porque ninguém merece passar por isso, mas é isso né. 
Aluno 1 – Entendi, ou seja, o psicólogo também faz terapia né? 
Entrevistada – Sim, senão não dá conta, inclusive eu não estou fazendo no 
momento, porque há muita demanda, mas estou precisando voltar, (inaudível) mas eu 
faço a supervisão que o tribunal disponibiliza pra gente. Participo de um grupo de 
estudos. Eu acho assim, estudar é uma das melhores maneiras da gente não cair 
nessa, porque a gente acaba vestindo a nossa opinião de profissional, eu sei que o 
meu trabalho aqui, como eu vou ajudar essa criança e o meu papel aqui não é só a 
mãe dela, não é ser boazinha. Não que você não, que você não tenha empatia nem 
nada no atendimento, isso faz parte, mas até se você tem, quando você entra com 
todo um aporte também teórico, você ajuda ali na hora da tua prática para você não 
se envolver de outras maneiras, sabe, como eu falei, é claro que a gente se envolve, 
a gente se emociona, mas a gente consegue manejar isso, quando a gente está mais 
seguro né. E até agora assim eu não, eu já quase chorei, mas eu nunca chorei em 
atendimento, não, mas depois sim, com colega, a gente já chorou junto. 
Aluno 2 – Fora o atendimento no público, você presta assistência privada? Se 
alguém quiser te como orientadora, quiser você como orientadora, você presta essa 
assistência? 
30 
 
Entrevistada – Não no momento, acho que futuramente até, mas hoje não, 
assim porque ainda não me sinto assim, sabe? Eu procuro orientação ainda. Acho 
que eu não cheguei nessa fase ainda de dar orientações. Nunca fiz um trabalho na 
área particular, nem clínica e nem assim, supervisão, orientação. Eu penso, inclusive, 
eu estou estudando. Vou fazer essa prova de especialização. Pretendo fazer um 
mestrado. Bem, eu cheguei e começou a um, mas aí engravidei e parei. Então, assim 
eu quero, para isso, eu pretendo me preparar mais, estudar mais, para poder me sentir 
segura, para falar, para oferecer esse tipo de trabalho. 
Aluno 3 – Então, desde que eu era pequeno assim, eu lembro que alguém 
falava algo assim. Muita gente próxima de mim falava a fazer terapia, todo mundo 
precisa, alguma coisa desse tipo. E pegando assim essas crianças que sofreram 
violência psicológica e tudo mais, ou também não fizeram terapia com o passar do 
tempo, o quão isso pode ser prejudicial para ela num futuro próximo? 
Entrevistada – Assim, eu concordo que a terapia é ótimo para todo mundo, mas 
eu também não, assim eu tomo um pouco de cuidado que eu acho que hoje em dia 
algumas pessoas que qualquer coisa estão falando de terapia, como se terapia se 
fosse resolver, ou dia eu vi assim, a guerra, porque as pessoas não fazem terapia, 
não, é por causa de dinheiro, poder. Mas é claro que eu acredito que a terapia, ela é 
muito potente, é muito importante. Não é panaceia, porque não adianta se a pessoa 
fazer terapia, se a pessoa chega em casa, ela não tem o que comer, não tem trabalho. 
Então a terapia, ela é muito, tem muita potência, mas ela também tem suas limitações, 
têm que outras áreas da vida ali está caminhando bem. Mas para essas crianças, sim, 
a gente tem brigado muito, inclusive aqui na minha cidade, para que as crianças sejam 
atendidas, porque faz uma diferença tremenda, porque em muitos casos, inclusive, a 
gente acaba atendendo. Eu não estou há tanto tempo, tenho dez anos de formação e 
aqui na cidade eu estou há sete anos, oito anos, sete anos, mas eu tenho uma colega 
que está aqui há 15 anos e ela está atendendo a filha daquela lá que ela atendeu na 
escolinha. Que a mãe já tinha problemas que a avó já tinha problema, então é 
intergeracional. Então a gente percebe isso que é assim, se a gente não cuidar dessas 
crianças, elas vão ser essas mães que vão tá trazendo os filhos dela depois delas, 
que vão estar sofrendo violência. Elas vão se repetindo esse ciclo, a história, né? 
Então é isso, elas não conseguem se relacionar bem, elas não conseguem. Eu tô 
falando que como falei, meu público acaba sendo predominantemente feminino, né? 
31 
 
Mas também não é diferente para os homens e para os meninos que estão ali no 
acolhimento, muitas vezes eles se colocando no papel de violadores também, porque 
eles crescem numa casa onde eles veem a violência para resolver tudo para eles pai 
ergue a mão para a mãe e a mãe, em contrapartida, violenta eles. Então a gente vê 
isso em muitas meninas que depois vão achar um companheiro violento. Então, e isso 
vai se repetindo essas histórias se essas crianças não conseguirem minimamente, 
não só a terapia, mas também que elas possam sair desse contexto de violência. 
Então, a gente luta por essas duas coisas. 
Entrevistador – Entendi, alguém tem mais alguma pergunta? 
Aluno 2 – Não, perfeito. 
Aluno 1 – Eu queria agradecer muito (NOME DO ENTREVISTADO), por nos 
ajudar, muito obrigada, 
Entrevistada – Imagina, vocês conseguiram? Vocês tinham comentado para 
mim que eram três profissionais, vocês conseguiram? 
Entrevistador – Conseguimos, perfeito. 
Aluno 2 – Tá dando certo. 
Entrevistador – A gente queria agradecer, porque é, não sei se a gente como 
inexperiente ainda não achou, mas a gente teve uma dificuldade para achar 
profissional nessa área, a gente mandava mensagem, a (NOME DO ALUNO 2), 
comentando com a gente que ela mandava mensagem e os profissionais não 
respondiam ou só visualizavam. Aí eu tava comentando até hoje na aula com o 
(NOME DO ALUNO 3) não sei se nessa área o pessoal já é um pouco mais, não sei 
porque se é que vê tanta coisa ruim o pessoal já é um pouco mais indefesa, e acha 
que, não sei, pode ser golpe, pode ser alguma pegadinha, e aí eu não sei por que. 
Não sei também se é uma área que tá, como você comentou tá em desenvolvimento 
também não tem muitoprofissional né? Mas aí a gente tá com um pouco de dificuldade 
de achar profissional na área. 
Entrevistada – É que eu acho também, como a gente trabalha mais, mais 
fechadinho ali, né? Como falei, não recebo pessoas, não vou distribuir meu cartão por 
32 
 
aí. Então poucas pessoas vão saber do meu trabalho. É uma coisa mais restrita. E aí 
eu acho que isso também dificulta que outras pessoas de fora saibam. Só um outro 
colega que sabe a esse trabalho com isso. Acho que isso também dificulta. 
Entrevistador – Entendi, mas que bom que a gente conseguiu encontrar, que a 
(NOME DO ALUNO 2) conseguiu encontrar você, que a gente conseguiu fazer essa 
entrevista, a gente aprendeu muito, muita coisa a gente não tinha nem noção do que 
acontece e você conseguiu esclarecer muita coisa pra gente, tá bom? 
(INAUDÍVEL) 
Aluno 2 – Fica com Deus, super ajudou e desculpa qualquer coisa, as 
atrapalhadas. 
Entrevistada – Não, não teve atrapalhada nenhuma, eu falei uma coisa para 
você depois não deu, tá tudo certo. 
Aluno 2 – Que isso, deu tudo certo. 
Entrevistador – Você foi perfeita, todas as respostas estão respondidas aqui e 
muito bem respondidas por sinal 
Entrevistada – Boa sorte para todos e muito sucesso. 
Todos os alunos – Obrigado (a). 
 
 
33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
6.2 Entrevista 2 
 
Aline Daniele Hoepers 
Universidade Estadual de Maringá 
Formada em 2007 - 2011 
Início dos Trabalhos em janeiro de 2011 
Telefone de Contato 18 98159 2087 
Entrevistada em: 04/04/2022 
Entrevistada por: Fabiano 
Todos os integrantes do grupo estavam presentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 (A). CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO (CONTEXTO, ÁREA) DE ATUAÇÃO 
1. Descreva sua(s) atividade(s) como psicólogo(a), descreva especificamente o que 
faz e como faz como profissional nesse contexto, quando não há impedimentos 
naturais como os atuais em função da pandemia. 
Entrevistador: Muito prazer (nome da entrevistada), sou (nome do 
entrevistador) irei conduzir nossa entrevista, muito prazer, primeiramente muito 
obrigado, é bom poder contar com profissionais que nos dão esse apoio. 
Entrevistada: Imagina, eu que agradeço. 
Entrevistador: A aluna 1 já deve ter adiantado nossos assuntos, nós somos 
alunos do primeiro semestre do curso de psicologia, da Unip campus Paraíso, a gente 
está incumbido de fazer esse trabalho, da matéria de psicologia Ciência e profissão, 
e nossa missão é encontrar ao menos 3 psicólogos que trabalhem na área jurídica, 
parece que é seu caso, não é? 
Entrevistada: Sim, sim, sou psicóloga do tribunal de justiça num momento, mas 
já atuei em defensoria pública também, já estou a bastante tempo na área jurídica. 
Aluna 1: É difícil encontrar profissionais nessa área assim? 
Entrevistada: É uma área que está em expansão, mas ainda né, profissionais 
concursados, nós temos poucos tribunais, de fato tem esse corpo técnico e é uma 
área que está em expansão, mas, comparado com outras áreas, muitas vezes acaba 
sendo um pouco difícil mesmo, de verdade encontrar profissionais entrar em diálogo, 
mas espero que vocês consigam, não sei se já conseguiram encontrar os demais. 
Entrevistador: Agora sim, agora a gente já tem, já conseguimos todos sim, me 
diz uma coisa (Entrevistada), esses concursos eles acontecem com uma certa 
periodicidade, sabe como funciona? 
Entrevistada: Sim sim, depende de cada estado, de cada tribunal, porque os 
tribunais eles são estaduais então a organização dos concursos públicos depende dos 
respectivos Estados né, mas aqui no tribunal, do (Estado), acabou de ter o concurso, 
agora recentemente, teve a prova, é, eu faço de quatro em quatro anos, que é o tempo 
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comum que os concursos ficam em vigência, que eles têm uma validade ali de dois 
anos e pode ser prorrogado por mais dois, para (Inaudível) aqueles candidatos, 
normalmente esses concursos eles, ocorrem de quatro em quatro anos, é o período 
que costuma ocorrer, aqui em (Estado) a gente tem concursos, com até bastante 
número de vagas, se comparar com outros estados que às vezes abrem uma vaga, 
aqui nós tivemos por exemplo agora, 63 vagas, inclusive eu até dei um cursinho 
preparatório, para alunos e alunas que desejam ingressar, então depende muito de 
cada instituição, mas a periodicidade costuma ser essa, ai tem as defensorias, os 
ministérios públicos, tem as penitenciárias, tudo isso está dentro, do sistema de justiça 
ou a ele relacionado, mas os tribunais ainda é o que envolve maior número de 
profissionais, nessa área, é a instituição que acolhe, insere mais fortemente os 
psicólogos, até então. 
Aluna 1: Aí tá vendo galera, eu já vou guardar seu contato, para ir me 
preparando para o futuro, 
Entrevistada: É, é uma área concorrida pessoal, porque em termos de salário, 
nós sabemos que esse é um fator que chama muita atenção, eu pessoalmente não 
entrei na área jurídica por isso, eu vou contar depois um pouquinho da minha trajetória 
para vocês, mas desde a faculdade, eu amo psicologia social jurídica, então é algo 
que eu realmente almejava, mas eu vejo, que essa é uma profissão muito concorrida, 
por esse fator, chama muito atenção, a questão da remuneração, comparada com 
outros salários outras áreas, é totalmente diferente, te falo como alguém que começou 
trabalhando em políticas públicas não municipais, como a gente já trabalhou em 
clínica, então em termos de salário é a nível Brasil mesmo, os tribunais hoje são as 
instituições que melhor pagam salários, fora as condições de trabalho, que também já 
já a gente vai conversar sobre isso, mas fiquem a vontade, não sei se temos mais 
alunas pra chegar. 
Entrevistador: Está faltando só uma, mas podemos ir seguindo, 
Aluna 1: A gente vai seguindo... 
Entrevistador: É, eu queria entender então, a, primeiro te contar, o que 
acontece aqui, o que vai ser gravado, é um trabalho completamente sigiloso, e seu 
nome e a instituição vai ser mantido em sigilo, e a qualquer momento, mesmo depois 
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da entrevista, mesmo depois do trabalho já entregue ao professor, você pode desistir 
se quiser. 
Entrevistada: Certo. 
2. No último ano em função da pandemia, quais foram suas atividades profissionais e 
como foi sua adaptação com as novas condições de trabalho determinadas pela 
pandemia? 
Entrevistador: Então (Entrevistada), eu queria saber, vamos pensar no mundo 
antes da pandemia, como eram suas atividades, como funcionava seu dia a dia? 
Entrevistada: Bom, é, são várias atividades, que envolvem o meu cotidiano de 
trabalho, mas se vocês quiserem assim (Inaudível) tem várias atividades, têm uma 
delas né, tem uma função que é um foco, que é assessorar clinicamente o Juiz, então 
veja, a psicologia assim como o serviço social, está dentro ali do campo do poder 
judiciário dos tribunais de justiça, justamente para ofertar uma assessoria técnica 
(Inaudível) haja visto que a demanda no campo da justiça, é altamente complexas, e 
o direito historicamente falando não é opção de agora, mas o direito sente essa 
necessidade de receber um suporte das áreas técnicas, é o que acontece 
historicamente no Brasil ou mundialmente a psicologia vai se inserindo a psiquiatria 
vai se inserindo, o serviço social vai se inserindo, é, então, essa é a nossa função 
primordial, é assessorar o juiz, que é o magistrado, que a nossa chefia, imediata nesse 
campo do tribunal de justiça, dentro disso, como prática elementar realizar perícias 
psicológicas, em quaisquer áreas que o juiz solicite, na verdade o termo usado é 
determine, então o juiz determina ali, a nossa avaliação psicológica, que dentro do 
campo de justiça é conhecida como perícia psicológica, e aí a gente faz o nosso 
processo de avaliação psicológica, eu atuo numa vara única, então o município que 
eu trabalho, atende todas as varas, que é uma vara única, tem psicólogos que estão 
em cidades maiores, que tem várias varas, e que tem mais psicólogos, 
consequentementeentão talvez, essas demandas essas varas separem cada 
profissional em uma área específica, eu particularmente atuo na infância e juventude, 
na área da família, idoso, violência doméstica e criminal, então, todo e qualquer 
processo que o juiz sentir necessidade de solicitar uma avaliação psicológica para que 
se esclareça melhor técnica e psicologicamente, ele envia esse caso e determina a 
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avaliação psicológica tá, então é assim que se constrói minha prática no cotidiano, eu 
recebo em ritmo constante processos e dentro desses processos eu realizo as 
avaliações psicológicas. 
Como vocês perceberam, como eu atendo múltiplas demandas, atendo tudo 
que se expressa nesse campo, é, eu fico muito atenta sempre a qual é o limite técnico 
da nossa casa, porque as vezes ele vai determinar algo e ai nos também precisamos 
dizer, perai, o trabalho do psicólogo é até aqui, então veja, a cada caso, dependendo 
da particularidade, de cada caso lendo o processo, é a partir daí que eu vou planejar 
como é que eu vou fazer minha avaliação psicológica pra aquele caso, se é um caso 
de guarda é um conjunto de procedimentos que eu uso, se é um caso de abuso sexual 
são outros procedimentos que eu vou precisar, quem são as pessoas que eu vou 
ouvir, quais são as pessoas importantes pra eu concretizar aquela avaliação 
psicológica, então percebam que a depender da demanda, a depender do que o juiz 
ta me solicitando daquele dentro daquele processo é que eu vou reger meus recursos 
metodológicos pra operacionalizar minha avaliação psicológica, e ai eu utilizo 
rotineiramente, mas não é regra, cada caso é um caso como eu disse, é comum na 
minha pratica eu realizar as entrevistas psicológicas com observações da criança, 
observação lúdica, aplicação de testes quando necessário, mas nem sempre, quando 
eu sinto necessidade eu utilizo, em alguns casos eu realizo visita domiciliar, em caso 
de adoção que é necessário entender como é que se configura esse campo familiar 
não só na dimensão material físico, mas pisco objetiva, se é um ambiente acolhedor 
para essa criança, ou não, então todas essas técnicas, a gente vai elegendo a 
depender de cada caso, discussão de caso com a assistente social, discussão de caso 
com a escola, com rede de atendimento, estudo bibliográfico, como vocês estão vendo 
aqui em meu entorno ne livros e mais livros, a gente nunca para de estudar, não tem 
como atuar nesse sistema de justiça e não estudar, cada caso é muito complexo nós 
temos e precisamos estar sempre estudando, se atualizando, então estudo teórico 
técnico faz parte da avaliação psicológica e todos os outros recursos que a gente 
considerar necessário, a, é uma avaliação de guarda ou de regulamentação de visitas 
de uma criança para o genitor, então eu vou observar essa criança junto com o pai 
durante um atendimento, então depende muito de cada caso, a gente vai elegendo 
esses instrumentos né, essas técnicas, e ao final sempre elaboramos o documento 
técnico que nesse caso das avaliações psicológicas são os laudos psicológicos, e 
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esse laudo é entregue então ao juiz tá, então essa é expressivamente a marca do 
meu cotidiano, realizar essas perícias que compõe todos esses fatores, mas tem mais 
coisa né, tem outras coisas que nem sempre está dentro do processo, por exemplo, 
discussões de caso com a rede de atendimento, no sentido mais preventivo para que 
esses problemas não cheguem ao sistema de justiça, então, sempre tem reuniões de 
rede né, nós do sistema de justiça, por mais que o caso não chegou ainda pra nós 
formalmente nós estamos lá, colaborando com a rede, (Inaudível) é, quando o juiz 
precisa fazer visitas às entidades, instituições de medidas socioeducativas, 
instituições de acolhimento institucional, as vezes precisa ir até esses locais, é a 
profissão técnica estar junto, pra fazer esses processos de mediação, a gente acaba 
tendo mais contato com esses profissionais da rede, os curso preparatórios a vários 
pretendentes a adoção, então casais, pessoas, que desejam se tornar pretendentes 
à adoção eles passam por um processo criterioso de vários pontos e um deles é o 
curso preparatório, eles precisam passar por esse curso, e somos nós que 
preparamos e executamos esse curso, dentre qualquer outra a função que o juiz 
entenda que necessite de um apoio da psicologia também compõe as nossas funções 
participar da capacitação, então vejam, não é só um direito nosso participar da 
capacitação, mas é também um dever do tribunal, consta lá nas nossas atribuições 
técnicas a gente tem que estar sempre se atualizando, então, recorrentemente tem 
capacitações e estamos lá participando dessas capacitações, em geral é isso, não sei 
se ficou claro, 
Entrevistador: Ficou claro sim, bacana ver esse lado de prevenção, não sabia 
disso, é legal, poder fazer pra sociedade uma forma de evitar que problemas. 
Entrevistada: Se judicia lizem né, é exatamente. 
3.Onde é e como é o seu local de trabalho atualmente? E antes? Acredito que você 
ainda esteja trabalhando em casa, mas e antes? 
Entrevistador: Legal, e, me diz uma coisa, com a pandemia o que mudou, como 
ficou seu ambiente, as coisas funcionaram online, não funcionaram, como aconteceu? 
Entrevistada: Então, assim que entrou começou a pandemia, eu fiquei muito 
receosa eu e todos os colegas da área, porque nós sabemos quão complexo é realizar 
avaliação psicológica forense, né, não é qualquer caso, que dá pra atender online, 
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especialmente quando a gente pensa em criança, crianças abusadas, crianças que 
sofrem violência, enfim, realmente é muito delicado, então quando veio a pandemia, 
de imediato nossos atendimentos, nossas intervenções presenciais foram suspensas, 
e na sequência até o conselho federal lançou uma nota técnica, não estou com ela 
agora então não me lembro o número, mas falava justamente para nós do campo 
jurídico dos tribunais, quanto ao cuidado ético necessário dada a especificidade das 
avaliações na nossa área, e que até se fosse caso mais tranquilo, acompanhamento 
de um casal por exemplo, pretendente a adoção, alguém que a gente já tinha feito 
uma avaliação e já estava acompanhando o caso, nesses casos até daria pra fazer 
online, mas avaliações envolvendo crianças ou envolvendo demandas mais 
complexas, que não era prudente, não era adequado realizar de modo online, então 
o conselho federal chegou até a lançar uma nota técnica, e nem precisava disso, antes 
disso antes de qualquer outra coisa nosso posicionamento ético obviamente nós 
estamos nessa área já estávamos preocupados com isso, eu particularmente me 
coloquei à disposição do juiz para sim ficar em home office, porque foi a determinação 
do tribunal, mas realizar os atendimentos de modo presencial com todos os cuidados, 
então tinha época que ficava totalmente suspensa, dois meses sem poder pisar no 
fórum, mas tinha época que tinha uma certa melhora, ai liberava pra gente fazer os 
atendimentos presenciais, então no curso da pandemia, e assim que estou até agora, 
nesses dois anos, os atendimentos e as entrevistas, as observações, as aplicações 
de testes, tudo eu tenho feito presencial, eu atendo e faço presencial, as pessoas 
comparecem de máscara, a minha sala é ampla, (Inaudível) álcool em gel, todas as 
medidas de segurança necessárias, agora o restante tudo eu faço em casa, então, 
reuniões, a elaboração dos laudos, a leitura dos processos, o estudo teórico, tudo que 
não tem necessidade do atendimento direto com as pessoas, eu tenho feito em casa, 
inclusive mesmo agora com a pandemia mesmo com a situação estando um 
pouquinho melhor, o tribunal de (Estado) está regulamentando o teletrabalho 
(Inaudível) eu vou ficar três meses em teletrabalho, e aí depois eu troco com um 
colega assistente social que vai, somos só nós dois no setor técnico, então a gente 
vai fazer esse revezamento de teletrabalho, mas com aquela condição, todos os 
atendimentos presenciais,eu continuo indo ao fórum, então eu vou assim umas duas 
vezes na semana, dois períodos, faço todos os atendimentos que eu preciso fazer 
qual o limite técnico e ético dos atendimentos. 
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Entrevistador: Você não é da cidade de (Estado)? 
Entrevistada: Não, não, eu atuo numa comarca do interior. 
Entrevistador: Qual cidade? 
Entrevistada: (Cidade), é uma cidade bem pequena próxima a presidente 
prudente, talvez vocês já tenham ouvido falar. 
Entrevistador: Aí você atende a outras cidades? 
Entrevistada: Não, atualmente, antes até que acontecia isso, do psicólogo ser 
locado e ter que atender a região, hoje em dia a gente já tem psicólogo praticamente 
em toda a comarca, isso no estado de (Estado) ta, na realidade em outros estados 
não está assim, mas aqui no estado de (Estado), nós já temos nessas comarcas 
pequenas que é o meu caso, pelo menos um psicólogo e um assistente social na 
equipe e aí nas cidades de médio porte, tem mais, uns cinco de cada área, e na capital, 
não sei ao certo quantos tem, mas muitos né, então, é de acordo com o número de 
demanda para cada localidade, que a gente tenha pelo menos um na equipe, 
geralmente acontece por determinação para realizar uma visita em alguma comarca 
vizinha, mas quando algum colega tem algum impedimento ético, vamos supor, vem 
determinada para ele fazer uma avaliação e essa avaliação é de uma pessoa parente 
dele, eticamente nós não podemos, e aí nesse caso, amanhã mesmo eu vou fazer 
uma avaliação em uma cidade aqui do lado em que a colega se declarou suspeita pra 
fazer aquela avaliação e isso se enquadra no nosso código de ética e também no 
código civil se eu não me engano, então, se tem algum impedimento ela justifica lá no 
processo e aí eu realizo, então por exemplo, amanhã vou nessa comarca vizinha 
realizar uma avaliação psicológica mas apenas por essa questão, no mais eu só atuo 
mesmo na minha comarca da minha cidade. 
4. Em sua opinião quais são as condições necessárias para a realização de seu 
trabalho? Você as tem? Você tem autonomia nas suas decisões relacionadas à sua 
atividade? 
Entrevistador: Quais as condições necessárias para a realização do seu 
trabalho? Você as tem? Você tem autonomia nas decisões relacionadas a sua 
atividade? 
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Entrevistada: As condições eu acho que são inúmeras ne, inúmeros fatores que 
devem se somar para que a gente consiga realizar nosso trabalho, com qualidade, 
acho que alguns fatores dependem da instituição e outros fatores dependem de nós 
né, da parte da instituição no mínimo nós precisamos de condições físicas que 
possibilitem o sigilo e a confidencialidade do nosso atendimento, e eu falo porque eu 
já passei por locais em que isso chegou a me adoecer, porque eu implorava por 
condições físicas de trabalho por um ambiente com sigilo, e inclusive foi uma das 
coisas que me fez sair daquele local, e começar estudar para concurso, porque 
realmente, esse é o limite tá gente, muitas vezes a instituição não se dá conta que a 
psicologia tem suas necessidades, que a gente precisa de sigilo de confidencialidade 
para atender, então, aqui onde estou, no tribunal eu considero que eu tenho essas 
condições, a instituição me oferece esse mínimo, uma sala que é acolhedora, uma 
sala que tem sigilo, autonomia ética e técnica porque muitas vezes no nosso 
imaginário social, a gente pode até pensar, tribunal eu acho que deve ser o lugar mais 
hierárquico possível, talvez vocês estejam pensando assim, eu me formei a um tempo 
já, já passei por inúmeros lugares, inúmeras instituições públicas, e hoje é o local que 
eu mais tenho autonomia técnica e ética, diversamente do que eu mesma pensava, 
será né, será que compensa ficar num lugar que vou trabalhar diretamente com um 
juiz? Mas depende muito também de cada juiz, hoje em dia minha relação é muito 
tranquila com o meu juiz, não sei se todos os locais são assim, e sei que não é porque 
alguns colegas se queixam disso, mas eu tenho e considero que esses fatores eu 
tenho, que a autonomia técnica e ética ofertada pela instituição e condições de sigilo 
e confidencialidade e acho que da minha parte profissional, esse permanente 
engajamento a permanente atualização, é necessário, não tem como a gente realizar 
nosso trabalho se não tivermos em constante atualização, em constante atenção, seja 
com a legislação da nossa profissão as normativas que saem constantemente seja o 
campo teórico para fundamentar nossa prática, eu acredito que seja esse conjunto de 
fatores, e algumas coisas que vem de nós né, um posicionamento e outras que 
dependem da instituição. 
Entrevistador: Estava ouvindo você falar de sempre estar atualizado né, antes 
de entrar na psicologia as pessoas já me falaram: Prepare se para estudar muito pro 
resto da vida. 
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Entrevistada: Tem que gostar mesmo muito de estudar, porque a gente não 
para né. 
5. Você, nas suas atividades, trabalha com outros profissionais? Se sim, quais? 
(Inaudível) … 
6. Se considera satisfeito com seu trabalho, atualmente? Poderia nos explicar os 
motivos disso? 
Entrevistador: Você se considera satisfeita com seu trabalho atualmente? 
Poderia nos explicar quais os motivos disso? 
Entrevistada: Sim, acho que eu demonstro né? O quanto esse trabalho me 
afeta positivamente né, é algo que eu gosto muito, e isso envolve uma série de fatores 
né, a instituição nos entrega né, em termos de carreira, em termos de valorização da 
psicologia dentro desse espaço, eu acho que quando a gente lança um olhar dentro 
da história de como era a psicologia jurídica, não sei se vocês já estudaram né, ao 
longo da trajetória vocês vão perceber que historicamente quando a psicologia jurídica 
nasce, na nossa realidade brasileira, ela está extremamente comprometida com as 
relações estigmatizantes, ela é naquele primeiro momento um braço da psiquiatria 
psicólogos se colocam como meros psicólogos, e infelizmente as avaliações que eram 
feitas naquela época, muito mais se comprometiam com (Inaudível) e a gente fez um 
processo histórico tão atenuado por avanços, expandiu tanto esse campo, que hoje 
eu considero muito plural né, engajado, que hoje é claro que não está perfeito a gente 
continua a caminho lutando, mas eu me sinto satisfeita nesse espaço, porque a 
psicologia se coloca de um jeito diferente acho que avançamos muito e hoje a gente 
luta pra que esse sistema de justiça de fato seja um sistema de justiça, né porque 
veja, quantas situações no sistema de justiça nomeadas de negligência, nem sempre 
aquela família é negligente, muitas vezes aquilo ali é sério e está camuflado, nada 
mais é que um problema social. E essas pessoas precisam ser ouvidas, essas famílias 
precisam ser acolhidas, elas precisam contar a sua história, e é a psicologia que dá 
ouvidos, que dá essa abertura, que dá essa acolhida para que essas pessoas possam 
dentro de um sistema de justiça de fato narrarem a sua história. Gente, os processos 
muitas vezes é o advogado A falando e o advogado B falando, muitas vezes 
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conflitando né, na maioria das vezes, e às vezes eu me pergunto: cadê a criança? 
Cadê o sujeito? Cadê a vida dessas pessoas? Cadê a história? Cadê os afetos? 
E aí, eu olho pra mim, eu olho pro colega assistente social e aí a gente pensa 
né: está aqui o nosso compromisso, dar voz, a essas pessoas, narrar essas histórias, 
que dentro do processo é visto diferente, e é assim que a gente vai colaborando com 
a transformação social, ainda que de modo micro, mas acho que é por aí que a gente 
vai ajudando algumas transformações. Então me sinto satisfeita com saber que de 
alguma maneira a psicologia pode colaborar com isso. Ainda que o nosso trabalho 
seja de formiguinha, mas acho que é por aí né, por aí que a gente causa alguma 
transformação social. 
7. Como se caracteriza a clientela atendida por você em relação à:faixa etária, gênero, 
classe social, escolaridade e profissão? 
 Entrevistador: Maravilhoso,

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