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Prova2 2012_final Gabarito

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EAE 206 – Teoria Macroeconômica I 
Segundo Exame de Avaliação (26/05/2012) 
 
 
 
Questão 1 (3.0) Suponha que os impostos sejam fixados de forma exógena e não 
dependem do nível de renda. Considere uma alteração na política fiscal que não afete o 
orçamento público. Ou seja, que gastos do governo e impostos variam no mesmo 
montante. Explique e mostre graficamente o que acontece com a eficácia da política fiscal 
no curto prazo nos seguintes casos (suponha sempre que todas as curvas tenham as 
inclinações usuais): 
a) Taxas de juros e preços são exógenos. Qual é o efeito sobre o produto de equilíbrio 
neste caso? (1.0) 
b) Taxa de juros é endógena e preços são exógenos. (1.0) 
c) Taxa de juros e preços são endógenos. (1.0) 
 
Resposta: 
 
a) Quando a taxa de juros é exógena, a oferta nominal de moeda torna-se endógena. 
Quando os preços são exógenos temos o caso de uma relação AS infinitamente elástica 
(horizontal). 
Do ponto de vista da IS-LM, a figura abaixo apresenta esse caso: 
 
 
 i 
 LM0 
 LM1 
 
 
 
 
 i0 
 
 
 IS0 IS1 
 
 Y0 Y1 Y 
 
O equilíbrio inicial ocorre ao produto Y0. A IS se desloca para a direita (para IS1) com o 
aumento nos gastos do governo. Como a taxa de juros é exógena, a oferta nominal de 
moeda M deve também se expandir endogenamente deslocando a LM para LM1. O 
aumento no produto de equilíbrio (de Y0 para Y1) é igual ao deslocamento da IS para a 
direita (de IS0 para IS1), ou seja, a eficácia da política fiscal é máxima. 
2 
 
Outra possibilidade de taxa de juros exógena é quando o banco central tem como 
instrumento de política monetária a fixação da taxa de juros. Nesse caso, no diagrama 
acima, a curva LM se tornaria horizontal. 
 
b) Nesse caso, o instrumento de política monetária é o controle da oferta nominal de 
moeda e a relação AS continua sendo horizontal. Assim, o aumento nos gastos do governo 
não provoca o deslocamento subsequente na relação LM. 
 
 i 
 LM0 
 LM1 
 
 
 
 
 i0 
 
 
 IS0 IS1 
 
 Y0 Y2 Y1 Y 
 
 
Com o aumento nos gastos do governo a relação IS continua se deslocando para IS1. O 
produto final, nesse caso, aumenta para Y2. Ou seja, a eficácia da política fiscal é menor 
que no item (a) pois, agora, o aumento na taxa de juros deprime os gastos em 
investimento o que torna menor o aumento resultante no produto. 
 
c) Nesse caso, a relação IS continua como no caso anterior mas a relação AS agora tem 
inclinação normal. Assim, a posição inicial continua sendo IS0 e o produto de equilíbrio 
inicial continua sendo Y0. 
O aumento nos gastos do governo continua deslocando a IS para IS1 bem como continua 
ocorrendo o deslocamento da relação AD para a direita. Tal deslocamento provoca a 
aumento nos preços que, por sua vez, reduz a oferta real de moeda, deslocando a LM para 
a esquerda (de LM0 para LM2). 
 
3 
 
 
 i 
 LM2 LM0 
 LM1 
 
 
 
 
 i0 
 
 
 IS0 IS1 
 
 Y0 Y3 Y2 Y1 Y 
 
 
Assim, nesse caso, o produto de equilíbrio aumenta de Y0 para Y3. Portanto, a eficácia da 
política fiscal é menor que nos casos (a) e (b). 
 
Do ponto de vista do diagrama AS-AD, temos a representação abaixo: 
 
 
 P 
 AS1 
 
 
 
 
 
 AS0 
 
 
 AD0 AD2 AD1 
 
 Y0 Y3 Y2 Y1 Y 
 
a) AS0. Situação inicial: AD0 e produto Y0. Situação final: AD1 e produto Y1. 
b) AS0. Situação inicial: AD0 e produto Y0. Situação final: AD2 e produto Y2. 
c) AS1. Situação inicial: AD0 e produto Y0. Situação final: AD2 e produto Y3. 
 
 
Questão 2 (3.0): Verdadeiro ou Falso? Justifique. 
 
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a) Como na microeconomia, a curva AS é positivamente inclinada porque os produtores 
desejam produzir mais bens quando o preço do seu produto é mais elevado. (0.75) 
Resposta: Falso. A relação AS é positivamente inclinada em função do equilíbrio no 
mercado de trabalho: um nível de produto mais elevado leva a uma taxa de desemprego 
menor, que, por sua vez, aumenta o poder de barganha dos trabalhadores, que, então, 
negociam um salário nominal mais elevado (relação WS). Como as firmas têm poder de 
mercado tal aumento de salário é repassado para os preços (relação PS). 
 
b) Quando o produto está abaixo do produto natural, o nível de preços é menor do que o 
esperado. (0.75) 
Resposta: Verdadeiro. Nesse caso, o nível de preços é menor que o esperado. Essa 
situação está descrita na figura abaixo onde o produto de equilíbrio é Y0, abaixo do 
produto natural Yn. Nesse caso, o preço de equilíbrio é P0, que é inferior ao preço 
esperado P1. 
 
 
 P 
 AS (P
e
=P1) 
 
 
 P1 
 
 P0 
 
 
 
 AD 
 
 Y0 Yn Y 
 
 
c) Suponha que há uma queda do nível de preços. Dado o estoque nominal de moeda M, 
ocorre um aumento do estoque real de moeda, M/P, que desloca a LM para baixo. Assim, 
a curva AD se move para a direita. (0.75) 
Resposta: Falso. O erro está no final da afirmação: a queda do nível de preços provoca um 
movimento ao longo de uma dada curva AD e não seu deslocamento. 
 
d) De acordo com a versão aceleracionista da curva de Phillips, quando a taxa de inflação é 
estável, a taxa de desemprego é zero. (0.75) 
Resposta: Falso. Quando a taxa de inflação é estável, a versão aceleracionista da curva de 
Phillips implica que a taxa de desemprego é igual à taxa natural de desemprego. 
 
 
Questão 3 (2.0): Suponha que em uma economia sejam válidas as seguintes relações: 
5 
 
 
Relação IS: Y = C�Y − T� + I�Y, i� + G 
Relação LM: L�Y, i� = �� 
Relação AS: P = P��1 + μ�F�u, z� 
 
a) Calcule os efeitos de uma alteração no seguro desemprego (choque em z) sobre 
produto (Y), taxa de juros (i) e preço (P) no curto prazo. (1.0) 
Resposta: 
No curto prazo, �� é considerado exógeno. Diferenciando completamente o sistema e 
considerando �� ≠ 0, �� ≠ 0, �� ≠ 0 e �� ≠ 0, obtemos o sistema: 
Δ
��
���
 ������������!"
"""
#
= $ 00���1 + %� &'&�( 
Onde: 
Δ =
��
��
� )1 − * ′ − &+&�, −&+&� 0&-&� &-&� .�/�� )1 + %ℒ ,&'&1 0 1 !"
""
"#
 
Cujo determinante é: |Δ| = 34567 898: ;+<=>�<?çã@	BC − +<=>�<?çã@BDE < 0 
Resolvendo o sistema obtemos: ���� = |ΔH||Δ| = −3
.�/7 &+&� ���1 + %� &'&�|Δ| < 0 ���� = |Δ/||Δ| = − 3
.�/7���1 + %� &'&� 31− *I − &+&�7|Δ| > 0 ���� = |ΔK||Δ| = �
��1 + %� &'&� L31 − *I − &+&�7 &-&� + 3&+&�7 &-&�M|Δ| > 0 
 
b) Calcule os efeitos de uma alteração no seguro desemprego (choque em z) sobre 
produto (Y), taxa de juros (i) e preço (P) no médio prazo. (1.0) 
Resposta: 
Nesse caso, �� = �. Substituindo essa condição na relação AS e diferenciando 
completamente o sistema considerando �� ≠ 0, �� ≠ 0, �� ≠ 0 e �� ≠ 0, obtemos o 
sistema: 
6 
 
Δ
��
���
 ������������!"
"""
#
= $ 00�1 + %� &'&�( 
Onde: 
Δ =
��
��
� )1 − * ′ − &+&�, −&+&� 0&-&� &-&� .�/)1 + %ℒ ,&'&1 0 0 !"
""
"#
 
Cujo determinante é: |Δ| = −34567 898: 3HNOℒ 7 8P8Q < 0 
Resolvendo o sistema obtemos: ���� = |ΔH||Δ| = −3
.�/7 &+&� �1 + %� &'&�|Δ| < 0 ���� = |Δ/||Δ| = −3
.�/7 �1 + %� &'&� 31 − *I − &+&�7|Δ| > 0 ���� = |ΔK||Δ| = �1 + %�
&'&� L31 − *I − &+&�7&-&� + 3&+&�7 &-&�M|Δ| > 0 
 
 
Questão 4 (2.0): As relações WS e PS da economia são dadas por: 
 
)1( zuPW tett +−= α (Relação WS) 
tt WP )1( µ+= (Relação PS) 
 
a) Obtenha a curva de Phillips desta economia para a taxa de crescimento dos salários 
nominais (isto é, para 1
1
−≡
−t
tW
t W
W
g ) e não para a taxa de inflação. Ou seja, obtenha uma 
relação para 
W
tg como função linear de 
e
tpi , ut e dos parâmetros. (1.0) 
Resposta: 
Combinando a relação WS e PS obtemos a curva de Phillips aumentada por expectativas 
derivada em aula: 
 RS = RS� + �% + �� − T1S = RS� − T�1S − 1U� 
 
Da relação PS, dividindo o lado esquerdo e o lado direito por �SVH obtêm-se: 
 
7 
 
�S�SVH = �1 + %� ) WSWSVH, )WSVH�SVH , = �1 + %� ) WSWSVH, ) 11 + %, = ) WSWSVH, 
 
Onde utilizou-se que, quando defasamos a relação PS em um período temos: �SVH = �1 +%�WSVH. Assim: RS = XSY e, portanto, a curva de Phillips para o crescimento dos salários 
nominais é dada por: 
 XSY = RS� + �% + �� − T1S = RS� − T�1S − 1U� 
 
b) Como a curva de Phillips obtida no item (a) se compara com a curva de Phillips derivada 
em sala de aula? (1.0) 
Resposta: 
Ambas são idênticas.

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