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Geografia Geral & Brasil 01 Brasil Brasil: Localização Geográfica, Limites e Pontos Extremos. A atual área territorial brasileira corresponde a: 1,6% da superfície total da Terra. Ocupa o 5ª lugar no mundo, antecedido pelos países: Federação Russa (17.075.400 km2) Canadá (9.970.610 km2), China (9.571.300 km2) e Estados Unidos (9.372.614 km2), terras contínuas, o Brasil ocupa o 4ª lugar, (os Estados Unidos sem o Alasca e o Havaí corresponde à 7.852.155 km2) 6% das terras emersas; 20,8% do continente americano, 47,7% da América do Sul, ocupando o 1ª lugar, seguido por Argentina (2.780.272 km2), Peru (1.285.216 km2) e Colômbia (1.141.748 km2). O Brasil é cortado ao norte pela linha do Equador e ao sul pelo Trópico de Capricórnio. Possui 93% do seu território no hemisfério sul e 92% na zona tropical. Os limites territoriais do Brasil totalizam 23.086 km, dos quais 7.367 km com o Oceano Atlântico e 15.719 km com os países da América do Sul, com exceção do Chile e do Equador As distâncias máximas entre os pontos extremos te e sul (4.394 km) e leste e oeste (4.319 km) são enormes e quase equivalentes. República da América do Sul que é o maior país do subcontinente, ocupando quase metade de sua superfície. Limita-se ao norte com a Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e oceano Atlântico; ao sul com o Uruguai; a oeste com Argentina, Paraguai, Bolívia e Peru e a noroeste com a Colômbia, sendo seu litoral leste banhado pelo Atlântico. O país tem fronteiras comuns com todas as nações da América do Sul, com exceção do Chile e Equador. Com uma superfície total de 8.514.876,599 km2, o Brasil é o quinto maior país do mundo, depois da Rússia, China, Canadá e Estados Unidos. Suas maiores distâncias são no sentido norte- sul, de 4.345 km, e no sentido Leste-Oeste de 4.330 km. Com uma população de 212.664.367 habitantes (IBGE - 2018). O Brasil tem como cidades principais: São Paulo (12.106.920), Rio de Janeiro (6.520.266), Brasília (3.039.444), Salvador (2.953.986), Fortaleza (2.627.482), Belo Horizonte (2.5236.794), Manaus (2.130.264), Curitiba (1.908.359), Recife (1.633.697), Porto Alegre (1.484.941) (IBGE - 2017). A maior parte da população vive junto ao litoral atlântico, devido a um fator histórico (colonizador). Norte - nascente do Rio Ailã, no Monte Caburaí em Roraima; Sul - Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul; Leste - Ponta do Seixas, na Paraíba; Oeste - nascente do Rio Moa, na Serra da Contamana, Acre. Geografia Geral & Brasil 02 Brasil, República presidencialista. Divisão administrativa: 26 estados e 1 Distrito Federal. Com 5.570 municípios, constituem as unidades autônomas de menor hierarquia. Regem-se por leis próprias, desde que observados os princípios estabelecidos na Constituição Federal e nas constituições dos Estados onde se situam. Chefe de Estado e de governo: Após o Senado instaurar processo de impeachment de Dilma em 12 de maio de 2016, Temer foi empossado interinamente na presidência da República. Legislativo: bicameral - Senado com 81 membros e Câmara dos Deputados com 513 membros, eleitos por voto direto para mandatos de 8 e 4 anos, respectivamente. Constituição em vigor: 1988. "País do futuro", "terra dos contrastes", "nação da cordialidade" e "gigante adormecido" São alguns dos qualificativos com que se tenta resumidamente explicar a complexa e multifacetada realidade brasileira, onde a abundância de terras férteis convive com multidões de desempregados, prodigiosos recursos naturais não conseguem impedir bolsões de miséria e se veem cidades tão modernas quanto às do primeiro mundo ou tribos indígenas que vivem ainda como seus antepassados de 1500, ao tempo do descobrimento. Uma vasta região de terras altas, conhecida como Planalto Brasileiro, e a bacia do rio Amazonas são os traços fisiográficos dominantes do Brasil. O planalto ocupa a maior parte do país. Com uma altura que varia entre os 305 m e os 915 m, esse altiplano erodido é cortado irregularmente por cadeias montanhosas e por numerosos vales fluviais. O limite sudeste, geralmente paralelo à costa, eleva-se de modo íngreme do oceano em várias áreas, concretamente ao sul do paralelo 20° sul. A bacia do rio Amazonas ocupa mais de um terço da superfície do país. Nela predominam terras baixas cuja altitude raramente supera os 150 m, os pântanos e as planícies inundadas ocupam vastas áreas da região. Grande parte da bacia está coberta por florestas. Devido à dificuldade de acesso a esse território, amplas áreas das terras baixas brasileiras só começaram a ser exploradas recentemente. O pico da Neblina (2.995,30 metros de altitude - medição revista por satélite/GPS pelo IBGE em 2015), situado na serra do Imeri, na fronteira com a Venezuela, é o ponto mais elevado do Brasil. A linha da costa brasileira, com uma longitude total próxima dos 8 mil km, apresenta um contorno regular, sobretudo ao norte, mas várias fendas profundas formam excelentes portos naturais, como os do Rio de Janeiro, Salvador e Recife. A costa é margeada por uma estreita planície costeira, com exceção de algumas áreas nas quais o planalto do Brasil entra no oceano. Organização do Espaço Brasileiro Divisão Regional Brasileiro Em 1938 surgiu o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com a preocupação do Governo federal em estabelecer uma divisão regional oficial. No período do Estado Novo, Governo da Ditadura de Getúlio Vargas. “Reveste-se de caráter estratégico importante já que ele será visto como mecanismo tecnocientifico de instrumentalização do espaço, necessário para impulsionar o desenvolvimento capitalista no Brasil e a construção de Estado-Nação” (André Roberto Martins, in Revista do Departamento de Geografia da USP, n. 5, p.79). No Inicio da Década de 1940, o IBGE estabeleceu a primeira divisão regional oficial do Brasil, onde delimitava em cinco grandes regiões (Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste), em 1945 a divisão regional foi substituída, embora tenha conservado as mesmas grandes regiões da divisão anterior, porem foi acrescida de um sistema hierárquico de regiões (grandes regiões, regiões, sub-regiões, e zonas fisiográficas) e dos novos Territórios Federais, criados em 1942 (Fernando de Noronha) e 1943 (Amapá, Rio Branco, Guaporé, ponta Porá e Iguaçu). As divisões regionais de 1941 e 1945 foram elaboradas com base no Quadro físico do território, na qual os geógrafos denominaram de Regiões Naturais (divisão do território fundamentada nos elementos natural). Em 1969, em decorrência dos novos conhecimentos adquiridos sobre o território brasileiro e também das profundas transformações ocorridas em razão do desenvolvimento Industrial e Urbano, e a criação da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) em 1959, o IBGE estabeleceu uma nova divisão regional, a nova regionalização baseou-se não apenas nas semelhanças físicas das paisagens, https://pt.wikipedia.org/wiki/Processo_de_impeachment_de_Dilma_Rousseff#Votação_no_Senado_Federal https://pt.wikipedia.org/wiki/Presidente_do_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Brasileiro_de_Geografia_e_Estat%C3%ADstica http://pt.wikipedia.org/wiki/2004 Geografia Geral & Brasil 03 mas também nas características econômicas e sociais. O Estado da Bahia e Sergipe, que na divisão regional de 1945 pertenciam à Região Leste (Leste setentrional), foi anexado á Região Nordeste onde os aspectossociais e econômico sobrepôs aos aspectos naturais. Já a Região Sudeste, criada em substituição ao Leste meridional, onde a região esta diretamente vinculada ao intenso processo de industrialização e urbanização verificado nessa porção do país. A divisão regional atual em vigor pelo IBGE continua sendo a de 1969, porem com as modificações de 1988, onde o Estado de Tocantins foi criado e desmembrado do estado de Goiás, e incluído na Região Norte, além dos Territórios Federais se tornarem Estado e o Território Federal de Fernando de Noronha ser incorporado ao Estado de Pernambuco. A Divisão Do Brasil Em Três Regiões Geoeconômicas. Outra divisão regional do Brasil é aquela que estabelece três complexos regionais ou regiões geoeconômicas: a Amazônia, o Nordeste e o Centro- Sul. Esta divisão em grandes regiões não se preocupa tanto com as divisas entre estados e sim com os traços comuns entre essas enormes porções territoriais. A divisão em três complexos regionais está mais de acordo com a formação histórico-econômica do país. A Amazônia representa a região que durante séculos foi deixada de lado, embora nos dias de hoje venha sendo intensamente ocupada num processo de destruição de suas matas. O Nordeste representa a porção territorial de ocupação econômica mais antiga do país. No passado já contou com a maioria da população nacional, mas a partir do século XIX vem fornecendo grande número de migrantes para as demais regiões. O Centro-Sul é a região que mais se desenvolveu após a independência e a abolição da escravatura. É a parte mais industrializada e urbanizada do Brasil. A regionalização do IBGE é a mais utilizada em livros, jornais, revistas e pela mídia em geral. Os críticos dessa divisão regional afirmam que ela se baseia nos limites dos estados brasileiros e que nem sempre essas divisas são adequadas para delimitar as regiões. Simplificando um pouco, podemos afirmar que o Nordeste simboliza o “Brasil Velho”, o Brasil colonial, com enormes plantações monocultoras, mão de obra extremamente mal remunerada e pobreza intensa. O Centro-Sul, por sua vez, representaria o “Brasil Novo”, o Brasil da indústria e das grandes metrópoles, o país da imigração e da modernização da economia. A Amazônia simbolizaria talvez o “Brasil do Futuro”, um território com muitos recursos naturais - madeira, frutos, fauna (incluindo os peixes), minérios, etc. Porém, essas riquezas vêm sendo destruídas pela rápida ocupação da região amazônica, que beneficia apenas uma minoria privilegiada. Geografia Geral & Brasil 04 Nordeste O Nordeste atual, como unidade regional individualizada, configurou-se apenas no pós-guerra. A divisão regional do IBGE de 1946 ainda excluía os estados da Bahia e Sergipe do Nordeste, agrupando-os ao lado de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro na Região Leste. Foi o aprofundamento do processo de integração nacional sob o comando do Sudeste que condicionou a emergência do que hoje se denomina Nordeste. Características gerais O Nordeste brasileiro compreende uma área com cerca de 1.558.196 km2, o que equivale a 18,27% do território nacional. Nessa região vivem 57.360.000 (IBGE – 2017), cerca de, 27,8% da população brasileira. Podemos considerar como Nordeste a área que vai da metade leste do Maranhão até o norte de Minas Gerais, incluindo Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. O Nordeste é visto como a grande “Região Problema” do Brasil. Quando se fala em miséria, em pobreza absoluta, em insuficiência alimentar, pensa-se logo nessa região. É fato que esses problemas sociais são encontrados em todas as regiões brasileiras, mas no Nordeste eles são mais acentuados. Em geral, o nível de vida da população nordestina é muito baixo. Além disso, existe uma classe dominante - uma pequena minoria da população - que concentra em suas mãos parte considerável das riquezas regionais. Isso explica por que, durante muito tempo, milhões de nordestinos emigraram para as demais regiões brasileiras, em busca de melhores condições de vida. Esse importante movimento migratório caracterizou o Nordeste como o grande fornecedor de mão de obra barata para o Centro-Sul e a Amazônia até a década de 80. Entretanto, o desempenho da economia do Nordeste melhorou muito a partir da década de 90. Os setores industriais e de prestação de serviços, liderados respectivamente pela construção civil e pela telefonia, são os responsáveis pelo atual dinamismo da economia do Nordeste. E isso nos permite afirmar que a modernização tende a se consolidar no início do século XXI na região. Por outro lado, os seus indicadores sociais, a exemplo das taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil, continuam sendo os piores do Brasil. Embora o PIB nordestino tenha apresentado um crescimento, o aumento da renda per capita é muito baixo. O Nordeste não é uma região homogênea. Existem nessa região áreas mais industrializadas, outras com agricultura moderna e outras ainda com agropecuária tradicional e pouquíssimo desenvolvimento. Costuma-se dividir o Nordeste brasileiro em quatro principais sub-regiões: Zona da Mata, Sertão, Agreste e Meio-Norte. A Zona da Mata A Zona da Mata é a principal sub-região nordestina: é a mais povoada, a mais industrializada e a mais urbanizada. Compreende a área litorânea que vai do Rio Grande do Norte até a Bahia. Na direção Leste- Oeste, a Zona da Mata é uma estreita faixa de terras que vai do litoral oriental até o planalto da Borborema. O clima nessa área é tropical úmido, com temperaturas médias mensais elevadas e chuvas abundantes, concentradas no outono-inverno (de março a junho). A vegetação original era a mata Atlântica, que já foi quase completamente destruída. Durante os primeiros séculos de colonização, essa foi a principal região econômica, a mais densamente povoada do país e a mais pelos colonizadores. Hoje a maioria da população nordestina encontra-se na Zona da Mata, que apresenta elevadas densidades demográficas. Aí também estão as principais metrópoles do Nordeste – Recife e Salvador. A região Nordeste esta dividida em Sub-regiões: A – Zona da Mata B – Agreste C – Sertão D – Meio-Norte Geografia Geral & Brasil 05 Apesar de a Zona da Mata ser a mais rica das sub-regiões do Nordeste, aí se localizam os maiores problemas sociais da região. Provavelmente, por ser a sub-região mais povoada e com os maiores centros urbana. Nas grandes cidades são comuns as habitações precárias, como as favelas de São Paulo e do Rio de janeiro, os mocambos de Recife, os cortiços e as moradias antigas, que hoje estão em ruínas. É muito grande o número de subempregados e de mendigos. No meio rural os salários são baixíssimos, muitas vezes inferiores ao mínimo. Além disso, o trabalho no campo é extremamente cansativo e prolongado. Pode-se dividir a Zona da mata nordestina em três partes distintas: Zona da Mata açucareira, Recôncavo Baiano e Sul da Bahia. Zona da Mata açucareira - É a área que vai do Rio Grande do Norte até a parte norte (ou setentrional) da Bahia. Aí predominam as grandes propriedades agrícolas - os latifúndios -, que normalmente praticam a monocultura açucareira. O cultivo da cana-de-açúcar, voltado para a fabricação do açúcar com vistas à exportação, é praticado nessa área desde a época colonial. O cultivo da cana foi a primeira atividade econômica realmente importante do país. A monocultura açucareira da Zona da Mata, que atingiu o apogeu do século XVIao XVIII, entrou em decadência a partir do século XIX. Isso se deve à grande produção de açúcar em outras partes do país, especialmente em São Paulo, e também à grande oferta do produto no mercado internacional. Recôncavo Baiano - Área situada ao redor da cidade de Salvador, que se destaca pela extração do petróleo e pelas indústrias, especialmente as petroquímicas. O Recôncavo Baiano já chegou a produzir cerca de 80% do petróleo nacional. Atualmente, devido a descobertas e explorações feitas em outras áreas (principalmente na bacia de Campos, no Rio de janeiro), o Recôncavo contribui com cerca de 35% do total produzido no país. Ocorreram nessa área uma razoável industrialização nos anos 70 e 80, com indústrias petroquímicas, mecânicas e químicas. No ano de 2001 foi instalada a indústria automobilística da Ford. Por isso o Recôncavo é hoje a principal área industrial do Nordeste. Sul da Bahia ou Zona do cacau - Área com centro nas cidades de ilhéus e Itabuna. O Sul da Bahia é voltado essencialmente para o cultivo do cacau, importante produto de exportação. Essa planta originaria da floresta Amazônica, se desenvolve melhor à sombra de outras árvores maiores (cultivo sombreado). Essa área já foi bem mais rica no passado, mas sofreu um esvaziamento econômico nas últimas décadas devido à queda do preço internacional do cacau. O Sertão É a maior das sub-regiões nordestinas, abrangendo mais da metade da área total do Nordeste. Corresponde às terras interioranas, de clima semiárido e vegetação de caatinga. As menores densidades demográficas do Nordeste são encontradas no Sertão. Aí também se desenvolvem atividades econômicas tradicionais, como a pecuária extensiva de corte, a principal delas. O que mais caracteriza o Sertão nordestino é o clima semiárido - um clima tropical, com temperaturas médias mensais elevadas e baixos índices pluviométricos: de 300 a 600 mm por ano. As chuvas concentram-se durante dois ou três meses do ano. Há anos em que quase não chove, e às vezes durante anos seguidos chove pouquíssimo. São as periódicas secas, fenômeno climático pelo qual o Sertão nordestino é mais conhecido. A vegetação típica dessa sub-região - a caatinga – constitui-se de mata esparsa, adaptada ao regime de semiaridez. É uma vegetação complexa e heterogênea, que consegue sobreviver em solos normalmente rasos e arenosos. Na caatinga predominam as plantas xerófitas, isto é, adaptadas à falta de água. São comuns as raízes longas, que permitem às plantas buscarem água no subsolo. As folhas pequenas, às vezes transformadas em espinhos, evitam grande perda de água por evaporação. Geografia Geral & Brasil 06 Outro exemplo de adaptação ao clima seco é a carnaúba, árvore encontrada na caatinga. Suas folhas são revestidas por uma cera, que protege a planta contra o calor intenso e evita que ela perca muita água por evaporação. De acordo com a estação do ano, a caatinga exibe duas paisagens bem distintas: um aspecto verde e exuberante no curto período de chuvas, e outro acinzentado, com plantas sem folhas e aparentemente mortas, na época seca. Existem aí plantas de portes variados: desde árvores como o juazeiro e o imbuzeiro, até cactáceas como o xiquexique e o mandacaru, além de ervas ou plantas rasteiras como o caroá ou gravatá. Os rios do Sertão nordestino são em geral intermitentes, isto é, secam completamente durante alguns meses do ano. A grande exceção é o São Francisco, que corre continuamente, mesmo nos períodos de seca prolongada, sendo, portanto, um rio perene. A construção de açudes ou represas em alguns rios intermitentes tenta regularizar esses cursos fluviais, tornando-os permanentes. Como exemplo, podemos citar o açude de Orós, o maior açude do Nordeste, construído no rio Jaguaribe, no Ceará. Mesmo em épocas de seca, as águas do Orós alimentam o Jaguaribe, que nunca deixa de correr. No interior do Sertão, encontram-se alguns locais mais úmidos, em encostas de serras ou em vales fluviais. São os chamados brejos, que constituem as principais áreas agrícolas dessa sub-região. Nos brejos cultivam-se milho, feijão e cana-de-açúcar. Em algumas áreas, como no vale do Cariri (Ceará), cultiva-se o algodão de fibra longa, de alta qualidade, chamado seridó. A cidade de Fortaleza, terceira metrópole regional do Nordeste, teve um rápido e recente desenvolvimento, constituindo o centro urbano polarizador de grande parte dessa sub-região. Ela recebe um número enorme de migrantes vindos do Sertão. As secas constituem provavelmente o fenômeno que mais tem caracterizado o Nordeste em filmes, romances, canções, noticiários de imprensa. As imagens transmitidas por esses meios são às vezes exageradas, dando origem a mitos ou explicações falsas e fantasiosas. É comum, por exemplo, ouvirmos dizer que as secas constituem a principal causa do subdesenvolvimento nordestino, ou ainda a grande razão da vinda de migrantes dessa região para São Paulo ou Rio de janeiro. Nada disso é verdadeiro. Com ou sem secas o Nordeste continuaria sendo a região mais pobre do país, pois essa pobreza tem causas históricas, e não climáticas ou naturais. Ela se deve à decadência das atividades tradicionais da região, como a agroindústria açucareira e o cultivo de algodão, paralelamente à industrialização do Centro-Sul do país. Além disso, as secas ocorrem somente no Sertão, onde vive uma pequena parcela da população nordestina. Na área mais povoada e onde se situam as principais metrópoles - a Zona da Mata -, não ocorrem secas. Ao contrário, em certas ocasiões, os índices de pluviosidade chegam a ser bastante elevados, com enchentes periódicas em Recife, Maceió e outras importantes cidades da região. A maioria dos nordestinos que saem de sua região para as metrópoles do Centro-Sul não vem do Sertão, e sim da Zona da Mata. Portanto, o verdadeiro motivo dessa migração não é a seca, mas a estrutura fundiária (distribuição das terras). Há uma extrema concentração das propriedades agrárias no Nordeste, ou seja, um pequeno número de grandes proprietários possui considerável parcela dos solos bons para a agricultura. É por não terem terras para trabalhar que os nordestinos deixam sua própria região. No entanto, sendo um fenômeno natural, a seca constitui uma justificativa bem mais simples e cômoda para a pobreza nordestina do que as razões sociais, como a existência de grandes propriedades ao lado de milhões de agricultores sem terra. A própria classe dominante local, que evita mostrar a concentração da propriedade e da renda, culpa a seca pela precária condição de vida da maioria dos nordestinos. Através da intensa divulgação dos efeitos dramáticos da seca pelos meios de comunicação, certos grupos dominantes no Nordeste políticos, fazendeiros e empresários - acabam conseguindo verbas e auxílio do governo. No entanto, eles se utilizam desses recursos muito mais para servir a seus interesses particulares do que à população pobre que sofre com a falta de água, os chamados flagelados da seca. Aproveitando-se das secas muitos empresários nordestinos deixam de pagar suas dívidas bancárias ou contraem novos empréstimos sob condições especiais. Alguns fazendeiros constroem com dinheiro público açudes e estradas em suas terras particulares. São formas de tirar proveito das secas. É o que se chama “indústria da seca”, que apenas beneficia as pessoas poderosas, sem contribuir para resolver estes terríveis problemas da população pobre. Geografia Geral & Brasil 07 O Agreste O Agreste é umafaixa de terras bastante estreita na direção Leste-Oeste e alongada na direção norte- sul, situada entre o Sertão semiárido (a oeste) e a Zona da Mata úmida (a leste). É uma área de transição entre essas duas sub-regiões. Seu clima não é tão seco quanto o do Sertão, nem tão úmido quanto o da zona da Mata. Na sua porção oeste normalmente chove menos do que na parte leste. Sua vegetação em alguns locais se assemelha à mata Atlântica; em outros, à caatinga. O Agreste é uma área relativamente alta (500 a 800 m). Corresponde à região do planalto da Borborema, com altitudes mais elevadas que as demais sub-regiões do Nordeste. Constitui uma espécie de barreira, dificultando a penetração no interior dos ventos úmidos que vêm do oceano Atlântico e perdem sua umidade nas chuvas frequentes que ocorrem na parte oriental do Nordeste, na Zona da Mata e na porção leste do Agreste. Ao contrario das demais sub-regiões do Nordeste, onde predominam as grandes propriedades agrárias, no agreste prevalecem as pequenas propriedades, os minifúndios. A atividade econômica mais importante é a agricultura, desenvolvida sob a forma de policultura, aliada à pecuária leiteira semi- intensiva. Os principais cultivos do Agreste são: algodão, café e agave (planta da qual se extrai o sisal, fibra utilizada para fabricar tapetes, bolsas, cordas, etc.). Existem no Agreste algumas importantes cidades comerciais, isto é, centros urbanos com um intenso comércio, que constitui sua principal atividade econômica. São as chamadas capitais regionais do Agreste, entre as quais se destacam Campina Grande, na Paraíba; Feira de Santana, na Bahia; Caruaru e Garanhuns, em Pernambuco. O Meio-Norte O Meio-Norte, como o próprio nome constitui uma área de transição entre (Amazônia) e o Nordeste, especialmente o Sertão. Apesar de tradicionalmente se considerar como Meio-Norte ou Nordeste ocidental todo o Maranhão e todo o Piauí, na verdade somente uma área que vai da bacia do rio Grajaú, a oeste, até a bacia do rio Parnaíba, a leste, pode de fato ser considerada como Meio-Norte ou área de transição entre o Sertão semiárido e a Amazônia úmida. A parte ocidental do Maranhão é amazônica, com um clima mais úmido e matas equatoriais semelhantes à floresta Amazônica. E a maior parte do Piauí é sertaneja, com clima semiárido e vegetação de caatingas. A área situada entre o Sertão e a Amazônia é tão somente uma faixa de terras que ocupa alguns vales fluviais: os rios Grajaú, Mearim e Itapicuru, no Maranhão, e o rio Parnaíba, que serve de divisa entre o Maranhão e o Piauí. Nessa faixa de terras encontra-se a Mata de Cocais, paisagem típica do Meio-Norte. A zona dos Cocais é de fato considerada uma vegetação de transição entre a caatinga e a floresta Amazônica, É constituída por palmeiras como a carnaúba e, principalmente, o babaçu. A economia dessa sub-região baseia-se no extrativismo vegetal e na agricultura. Do caule do babaçu se extrai o palmito e, de suas sementes, um óleo utilizado na fabricação de cosméticos e de aparelhos de alta precisão. Do caule da carnaúba pode-se retirar uma cera, e de seu caroço é extraído um óleo. Tanto a cera quanto o óleo da carnaúba são utilizados na fabricação de ceras, velas, lubrificantes, etc. A principal cidade é São Luís, capital do Maranhão, com edifícios antigos que simbolizam um passado mais rico e um presente em decadência. Na verdade, o Meio-Norte já teve o seu período de esplendor econômico no século XVIII e parte do século XIX, quando o cultivo e a exportação do algodão lhe renderam vultosos recursos financeiros que aí foram parcialmente investidos. Desde os anos 70, porém, a agricultura tradicional do Meio-Norte, baseada no algodão, na cana-de- açúcar e no arroz, está se modificando muito. Dez anos depois, a soja havia se tornado o principal produto cultivado em Balsas, uma cidade localizada às margens do rio de mesmo nome em uma das “manchas” de cerrado localizadas no sul do Maranhão. A plantação dessa leguminosa, aí introduzida por agricultores que emigraram do sul do Brasil, é mecanizada, o que explica o aumento de sua produção de 33.863 toneladas, na safra de 19881989, para 550 000 toneladas, em 1988-1999. Hoje, 90% da produção da soja é exportada pelo porto de São Luís. Os lucros proporcionados pela exportação atraíram um contingente ainda maior de emigrantes dos estados meridionais do país para a cidade de Balsas e arredores. Geografia Geral & Brasil 08 Processo de Desenvolvimento da Região Nordeste Na época colonial, delineou-se nitidamente um “Nordeste Açucareiro”, que correspondia essencialmente à região de influência direta de Recife, abrangendo os atuais estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. A Capitania Geral de Pernambuco e as capitanias subordinadas adjacentes constituíram um espaço econômico e político definido pela hegemonia dos “barões de açúcar”, limitados a um punhado de famílias que controlavam os engenhos. A Capitania da Bahia também fundamentava a sua economia nos engenhos e nas plantações de açúcar. Contudo, até meados do século XVIII, Salvador foi à sede do Governo-Geral, desenvolvendo relações diretas com a metrópole colonial. Na Bahia, formou-se uma oligarquia própria, distinta daquela baseada em Recife e cujo poder espraiava-se até Sergipe. Nos atuais Ceará e Piauí, predominavam atividades de pouca expressão, como a pecuária sertaneja e o extrativismo, que não propiciavam relações mais intensas como o centro econômico açucareiro. Mais separado ainda da dinâmica nordestina estava o Maranhão, que funcionou como trampolim para a colonização do vale amazônico e, politicamente, formou um Estado à parte, que seria o embrião do Grão- Pará. Desde o final do século XVIII, o “Nordeste açucareiro” iniciou uma longa trajetória descendente, ligada ao deslocamento do capital comercial europeu para os polos produtores de açúcar do Caribe. Mais tarde, a decadência acentuou-se, sob o impacto da constituição do complexo cafeeiro no Vale do Paraíba e a sua expansão para o oeste paulista. Durante o Império, a velha “região do açúcar” tornou-se fornecedora de escravos para a “região do café”. Na Segunda metade do século XIX, o desenvolvimento da policultura de alimentos e o crescimento das cidades da faixa do Agreste tornaram mais complexos as estruturas geoeconômicas do que hoje se denomina Nordeste. Na mesma época, emergia no sertão um “Nordeste algodoeiro-pecuarista”. A expansão acelerada da indústria têxtil europeia, principalmente inglesa, multiplicava a demanda pelo algodão, enquanto a Guerra de Secessão (1861-1865) provocava o colapso das exportações do sul dos Estados Unidos. Nessas condições, ocorreu a explosão da produção no semiárido nordestino, beneficiado por condições ecológicas favoráveis ao cultivo do algodão de fibra longa. A estrutura produtiva do “Nordeste algodoeiro-pecuarista” contrastava com a do “Nordeste açucareiro”. Em vez das intermináveis plantations características dos tabuleiros e morros da Zona da Mata, a paisagem do Sertão pontilhou-se de uma infinidade de pequenas explorações, nas quais o algodão se combinava com as culturas alimentares de subsistência. Os camponeses funcionavam, em geral, como parceiros do latifundiário pecuarista, pagando em algodão a renda pelo uso da terra. O latifundiário atuava como intermediário, vendendo o algodão para as empresas transnacionais, como a Sanbra, o Clayton e a Machine Cotton. O contraste entre os “nordestes” refletia-se também na constituição de oligarquias fundiárias distintas e concorrentes. O advento da República propiciou disputas intermináveis entre as elites da Zona da Mata e as do Sertão pelo controle político estadual. No início do século XX, no sudeste da Bahia,estruturou-se o “Nordeste cacaueiro”. A produção do cacau, destinada aos mercados da Europa e dos Estados Unidos, propiciou a emergência de uma oligarquia regional de ricos fazendeiros e o crescimento concomitante de Itabuna e do centro portuário de Ilhéus. No interior das belas fazendas, a cultura sombreada do cacau preservou, em grande parte, a cobertura original de matas tropicais. As Oligarquias Sertanejas O fenômeno natural das secas, de que se tem registro documental desde o início do século XVIII, recebeu a atenção do poder central quando os “coronéis” sertanejos do algodão e do gado completavam a sua ascensão econômica. Durante a grande seca de 1876-1879, que dizimou cerca de 500 mil nordestinos, entre os quais a metade dos 120 mil habitantes de Fortaleza, D. Pedro II chegou a afirmar que “empenharia até as joias da Coroa, mas não permitiria que os sertanejos passassem fome”. O Geografia Geral & Brasil 09 imperador não vendeu as joias, mas iniciou, em 1884, a construção do primeiro grande açude, em Quixadá, no Ceará. O açude de Quixadá representou a antecipação da política oficial de combate às secas, formalizada em 1909 com a criação da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (Ifocs). O novo órgão federal nascia quando as oligarquias sertanejas atingiam o auge do seu poder. A “política hidráulica” que tomava corpo, focalizada na construção de barragens, açudes, poços e estradas, constituiu um conduto de transferência de recursos públicos para o patrimônio privado dos coronéis sertanejos. Na década de 1930, sob o governo de Getúlio Vargas, a “política hidráulica” consolidou-se e expandiu- se. A grande seca instalada em 1932 repercutiu na Constituição de 1934, que destinava 4% dos recursos orçamentários federais para o novo órgão. Nesse momento, as oligarquias do algodão e da pecuária encontravam-se em plena decadência. Em 1945, a Ifocs foi rebatizada como Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). O Dnocs reuniu excelentes equipes de especialistas nacionais e estrangeiros, formadas por engenheiros, agrônomos, geólogos, hidrólogos e botânicos, que contribuíram para a construção de uma sólida base de conhecimentos científicos sobre a ecologia do semiárido. Contudo, o diagnóstico de que a pobreza nordestina derivava das secas mascarava as raízes sociais do drama regional. A política de implantação de obras hidráulicas não tocava na questão da concentração fundiária e nas suas consequências: a exploração dos camponeses pobres e dos vaqueiros pelos latifundiários do algodão e da criação de gado. A captura dos recursos públicos pelas oligarquias sertanejas evidencia-se na delimitação da área de atuação dos órgãos de combate às secas. Embora fosse nacional, a Ifocs e, depois, o Dnocs devia circunscrever a sua ação ao chamado Polígono das Secas – uma zona demarcada no Sertão e no Agreste que exibia condições climáticas ecológicas propícias ao fenômeno das secas. O Polígono, aparentemente definido em função da geografia física, constituía na verdade um produto do poder político dos “coronéis” nordestinos. A “política hidráulica” originou a chamada “indústria da seca”. As obras financiadas por recursos federais – açudes e barragens para retenção de águas pluviais, poços e estradas de rodagem – funcionaram como meios de valorização das grandes propriedades, onde em geral foram construídas. Nas secas moderadas, serviam para salvar o gado dos latifundiários, mas não evitavam a perda das safras alimentares dos camponeses pobres. As obras e frentes de trabalho geraram fantásticas oportunidades para a corrupção e a manutenção do poder político coronelístico. Manipuladas pelos governadores e prefeitos, as verbas destinadas à “luta contra à seca” engordaram o patrimônio de particulares e compravam votos para a eleição dos poderosos locais. No rastro dos escândalos, sobravam açudes inacabados, barragens fantasmas, hospitais imaginários e estradas ilusórias. O Dnocs expressou, antes de tudo, a captura do planejamento regional pela oligarquia cearense. No Ceará não existiu uma elite açucareira, à moda de Pernambuco ou da Bahia. A associação entre o gado e o algodão representou o fundamento praticamente único do poder coronelístico. Durante décadas, o controle sobre o órgão federal, que tem sede em Fortaleza, permaneceu com os políticos cearenses. A Constituição de 1946 reduziu para 3% a parcela dos recursos federais dedicada ao Dnocs. Em compensação, direcionou 1% dos recursos orçamentários para uma nova área de planejamento – a Bacia do Rio São Francisco. O controle desses recursos foi atribuído à Comissão do Vale do São Francisco (CVSF), regulamentada pela lei de 1948. A CVSF inspirou-se diretamente na experiência de planejamento regional iniciada na década anterior nos Estados Unidos, sob o New Deal de Franklin D. Roosevelt. Lá, tinha sido criado um órgão federal – o Tennessee Valley Authority – destinado a coordenar a intervenção para a recuperação econômica e social da Bacia do Rio Tennessee. Com essa experiência, surgia a noção de delimitação de regiões de intervenção assentadas sobre bacias hidrográficas. A CVSF foi uma resposta às demandas das elites sertanejas da Bahia. As suas finalidades abriam-se em leque, envolvendo desde a irrigação até a instalação de estradas, escolas e hospitais. Na década de 1960, as finalidades do planejamento na bacia foram reduzidas, passando a enfatizar a irrigação, e a CVSF deu lugar à Superintendência do Vale do São Francisco (Suvale). Em 1974, a atual Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) sucedeu à Suvale. Com ela, deflagraram-se as grandes obras de irrigação que promoveram a valorização agrícola de importantes áreas, localizadas principalmente no semiárido baiano. Geografia Geral & Brasil 010 O Nordeste Açucareiro No final do século XIX, o “Nordeste açucareiro” conheceu revitalização técnica, com o início da introdução das usinas e a transformação dos proprietários de antigos engenhos em fornecedores de cana. As estradas de ferro contribuíram para a expansão da influência das usinas, promovendo concentração fundiária. Os grandes usineiros pernambucanos enfrentavam, contudo, a concorrência crescente da produção de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em 1926, criaram um Instituto de Defesa do Açúcar, que seria o embrião do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), criado por decreto federal em 1933. O IAA destinava-se e a administrar o mercado nacional dos derivados de cana, definindo preços únicos nacionais e distribuindo cotas de produção pelos estados, usinas e engenhos. Durante mais de meio século, o órgão federal serviu como escudo de proteção das elites decadentes do açúcar e pilar de sustentação do latifúndio agroindustrial na Zona da Mata nordestina. Os preços únicos, baseados nos custos de produção das unidades menos eficientes, asseguraram margens aceitáveis de lucros para os usineiros nordestinos e garantiram ganhos astronômicos para os produtores do Sudeste. As cotas reduziram o ritmo de crescimento da produção paulista e fluminense. Sabotando a concorrência e penalizando os consumidores, o IAA subsidiava as elites decadentes do “Nordeste açucareiro” e congelava as relações de produção arcaicas da Zona da Mata, baseadas na miséria dos trabalhadores rurais. Na década de 1970, o lançamento do Proálcool representou poderoso estímulo para a agroindústria sucroalcooleira. O financiamento, a fundo perdido, para a ampliação das destilarias anexas à s usinas assegurou a expansão acelerada da produção nacional. São Paulo, que desde 1955 tinha ultrapassadoPernambuco, tornando-se o primeiro produtor, ampliou a sua liderança. Mas os usineiros da Zona da Mata, especialmente em Pernambuco e Alagoas, receberam um novo impulso, que durou até a queda dos preços do petróleo e a crise do Proálcool. Enquanto se concluía a decadência do “Nordeste açucareiro”, a “Bahia do cacau” também entrava em crise. A concorrência dos produtores africanos do Golfo da Guiné, em especial da Costa do Marfim, contribuiu para a redução dos preços internacionais, desde a década de 1960. A inércia dos fazendeiros baianos – muitos dos quais viviam em Salvador ou na Europa, consumindo as rendas geradas pelas plantações – conduziu à deterioração da competitividade do produto nacional. O golpe fatal foi desferido pela praga conhecida como vassoura-de-bruxa, que nas décadas de 1980 e 1990 dizimou vastas plantações e desvalorizou as terras. O desenvolvimento de variedades resistentes à praga deu novo fôlego às velhas fazendas, mas não interrompeu o processo de dissolução da unidade produtiva da área. O monopólio do cacau foi desfeito pela diversificação de culturas, com o plantio de frutas tropicais e a introdução de cafezais. Itabuna evoluiu como centro comercial. Ilhéus consolidou a sua vocação turística. Diversas fazendas transformaram-se em hotéis. A antiga oligarquia cacaueira desapareceu quase sem deixar vestígios. O Nordeste da SUDENE O Nordeste é um produto da integração nacional, sob comando do Centro-Sul, durante o século XX. O complexo cafeeiro e, em seguida, a industrialização, transferiram, definitivamente, o foco geográfico da acumulação de riquezas. A marginalização econômica das oligarquias nordestinas acompanhou a formação de um mercado interno unificado e subordinado aos capitais urbanos e industriais sediados no Sudeste. A centralização do poder de Estado, que se acelerou a partir de 1930, removeu os fundamentos tradicionais da reprodução das oligarquias agroexportadoras dos “nordestes”. Mas as oligarquias conservaram os seus controles sobre a terra e as máquinas políticas estaduais. Essa herança histórica permitiu que sobrevivessem como elite periférica, por meio da captura de rendas geradas pelas políticas de planejamento regional do poder central. No pós-guerra, a consolidação do poder econômico das elites urbanas e industriais do Sudeste expressou-se pela redefinição dos objetivos do planejamento regional no Nordeste. Essa trajetória começou a ser percorrida no ciclo de secas de 1951-1953, com a criação do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), e a deflagração do debate sobre a necessidade de reformas estruturais na economia nordestina. Geografia Geral & Brasil 011 Sob o governo Juscelino Kubitschek, em 1957, formou-se o Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), cujo relatório final enfatizava o aprofundamento do desequilíbrio regional no Brasil. O relatório preconizou a intensificação dos investimentos industriais, a reforma agrária na Zona da Mata, a modernização da agropecuária do semiárido e a incorporação produtiva da fronteira agrícola maranhense. A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), fruto do relatório do GTDN, nasceu em 1960 como instrumentos para a subordinação econômica e política das oligarquias nordestinas. A indústria, não a agropecuária, era proclamada como caminho para a redenção da região periférica. Os investimentos de empresas sediadas no Sudeste, não os latifúndios do Nordeste, tornavam-se beneficiários dos incentivos e subsídios federais. Nos primeiros anos da SUDENE, a sua “época heroica”, a espada da reforma agrária chegou a lançar uma sombra ameaçadora sobre a grande propriedade fundiária da faixa açucareira. Os debates parlamentares sobre a criação da SUDENE refletiram a mudança em curso. O novo órgão foi bombardeado impiedosamente pela maioria dos representantes nordestinos, que vocalizavam os interesses do latifúndio úmido ou semiárido. A sua defesa ficou a cargo dos parlamentares do Centro-Sul e de alguns poucos deputados nordestinos ligados aos interesses de um punhado de grupos industriais e financeiros regionais. Com a Sudene, os “nordestes” dissolveram-se no Nordeste. A lei que criou o novo órgão definiu como sua área de atuação a totalidade dos noves estados nordestinos e o extremo norte de Minas Gerais. Em 1998, toda a porção mineira do Vale do Jequitinhonha e o norte do Espírito Santo foram incluídos na área da Sudene. A reformulação da divisão regional do IBGE, concluída em 1969, transferiu para o Nordeste os estados da Bahia e de Sergipe. Agricultura empresarial no semiárido A oligarquia do açúcar perdeu, há um século, a condição hegemônica de que desfrutava. Mas as paisagens tradicionais da Zona da Mata – com seus morros, tabuleiros e vales recobertos por plantações canavieiras – permanecem quase intocadas. O latifúndio monocultor e a pobreza do trabalhador rural, as duas faces complementares da sub-região, também persistem para atestar a força das velhas estruturas econômicas e sociais nordestinas. A concentração fundiária continua a ser o traço marcante do Sertão. Mas, no semiárido, as paisagens tradicionais sofreram profundas mudanças. O antigo complexo do algodão, da pecuária e da pequena agricultura de alimentos foi dissolvido pela crise da cultura algodoeira. O avanço descontrolado da praga do bicudo praticamente eliminou as plantações de algodão. Ao mesmo tempo, o fortalecimento da pecuária comercial provocou a redução da produção camponesa de alimentos, a supressão de sítios e a intensificação do êxodo rural. A diversificação da agricultura sertaneja manifesta-se desigualmente, sobre o pano de fundo do predomínio espacial da pecuária extensiva de bovinos. Nas bordas do semiárido – na faixa de transição entre os domínios do cerrado e da caatinga – as culturas mecanizadas de soja, milho, arroz e feijão invadiram o oeste baiano e o sul do Maranhão e do Piauí. O impulso da modernização, associado aos fluxos migratórios de agricultores do sul do país, redundou no desenvolvimento de atividades como a avicultura, a criação de suínos, a instalação de fábricas de processamento de soja e frigoríficos. No interior do domínio da caatinga, obras rodoviárias e de irrigação atraíram produtores empresariais de frutas – uva, manga, melão e abacaxi, principalmente destinados à exportação. Os mais notáveis são o do complexo agroindustrial de Petrolina e Juazeiro e o do polo de fruticultura do Vale do Açu. O Vale do Açu, no oeste do Rio Grande do Norte, transformou-se com a inauguração, em 1983, de um grande açude que valorizou as terras do baixo vale do Rio Piranhas (ou Açu). Uma empresa agroindustrial de porte – a Maisa S.A. – estabeleceu-se na área, ao lado de médios e pequenos agricultores empresariais. As culturas de frutas, destinadas à exportação e ao mercado nacional, incorporam investimentos em pesquisa agronômica e tecnologias de ponta. Todo o polo de fruticultura – que abrange tarefas de plantio, colheita, empacotamento e administração – gera 12 mil empregos diretos. Geografia Geral & Brasil 012 Maior e mais antigo é o complexo agroindustrial de Petrolina e Juazeiro, no médio vale do Rio São Francisco. No final da década de 1970, o reservatório de Sobradinho proporcionou o desenvolvimento de extensos projetos de irrigação. Depois, empresas agrícolas nacionais e transnacionais iniciaram o cultivo de frutas para exportação in natura ou para processamento local. O dinamismo da economia local acabou atraindo fábricas de alimentos, equipamentos agrícolas, fertilizantes, rações, embalagens, materiais de construçãoe bens de capital para as cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). As águas do São Francisco O São Francisco nasce na Serra da Canastra, na porção meridional de Minas Gerais. O seu longo vale configura uma depressão entre os Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste, a leste, e os Planaltos e Serras de Goiás-Minas, a oeste. O rio atravessa de sul a norte o Sertão baiano, assinala os limites entre a Bahia e Pernambuco e, no baixo curso, entre Sergipe e Alagoas. A unidade humana do Vale do São Francisco foi construída desde o povoamento original das várzeas pelas fazendas de gado, nos tempos coloniais. Mais tarde, no final do século XIX, a introdução de linhas de vapores reforçou o eixo fluvial. Ao longo desse eixo, surgiram núcleos urbanos, como Pirapora e Januária, em Minas Gerais, Serra do Ramalho, Barra, Xique-Xique, Pilão Arcado, Remanso e Juazeiro, no Sertão da Bahia. A navegação regular, desde Pirapora até Juazeiro e Petrolina, promoveu a circulação de pessoas e mercadorias, conferindo ao São Francisco a alcunha de “rio da unidade nacional”. No pós-guerra, essa unidade começou a ser ameaçada. A navegação tornou-se secundária, diante dos usos concorrentes das águas do rio para a geração elétrica e a irrigação. Mas o golpe fatal foi desferido pela construção e pavimentação de rodovias interligando o Alto Vale a Belo Horizonte e o Médio Vale a Salvador. As infraestruturas viárias estabeleceram eixos de circulação transversais ao vale fluvial e consolidaram a influência das duas metrópoles sobre o longínquo interior. As rodovias propiciaram o surgimento de manchas de agricultura moderna no Sertão baiano e, em particular, de empreendimentos agrícolas irrigados ao longo do vale. Essas novas atividades, por sua vez, contribuíram para a soldagem fragmentária do interior aos eixos de circulação estruturados em torno das metrópoles. O lento desaparecimento dos vapores que singravam o São Francisco e a decadência de diversos núcleos portuários simbolizaram o fim de uma época. A transposição do rio São Francisco não está ainda concluída. As demandas de água para irrigação na porção setentrional do semiárido geraram o polêmico projeto de transposição do São Francisco, que envolve o desvio de cerca de 5% da vazão média para bacias hidrográficas do Ceará, Rio Grane do Norte e Paraíba. A obra prevê uma ligação, através de 120 quilômetros de canais, com a bacia do Rio Jaguaribe, no Ceará, e desvios secundários de águas para os rios Piranhas e Apodi e para o açude de Orós. Uma outra ligação prevista destina-se a verter águas do São Francisco para o Rio Paraíba, através do açude pernambucano de Poço da Cruz. O projeto guarda estranha semelhança com “política hidráulica” do passado. Mas a semelhança é apenas superficial. As grandes obras de engenharia dos tempos áureos do Dnocs destinavam-se a beneficiar a oligarquia sertaneja do algodão e da pecuária. As águas oriundas da transposição têm outro endereço: os empreendimentos agroindustriais irrigados. Os “coronéis” sertanejos saem de cena, substituídos pelos Complexos Globalizados do Agribusiness. As secas delimitadas O Polígono das Secas foi delimitado originalmente em 1936, abrangendo 620 mil km2. Como se tratava da área apta a receber os recursos federais controlados pela Ifocs e depois pelo Dnocs, a pressão das elites sertanejas logrou amplia-lo por duas vezes, em 1946 e 1951, até abranger quase 937 mil km2. O jornalista pernambucano Carlos Garcia caracterizou adequadamente a fantasia cartográfica materializada nesse perímetro: “O Polígono foi criado por burocratas que, sobre o mapa do Nordeste, traçaram linhas imaginárias determinando que fora dos riscos feitos por eles não haveria seca. Assim, muitos fazendeiros chegaram a sofrer perda total dos seus rebanhos e lavouras pela falta de chuva, sem que fossem socorridos pelo governo, porque não estavam na área das secas. Da mesma forma, milhares de trabalhadores tiveram de se deslocar centenas de quilômetros para empregar-se em frentes de trabalho de emergência, porque os municípios onde moravam estavam excluídos do Polígono e, por decreto, ali não poderia haver seca”. Geografia Geral & Brasil 013 Bahia Bahia, estado do nordeste do Brasil, destaca-se como a maior unidade política da região em área, abrangendo 564.830,859 km2, o que corresponde a 6,9% do território nacional, onde se encontra 417 Municípios. De configuração aproximadamente quadrangular, situa-se em baixas latitudes, estendendo-se entre os paralelos de 9º e 18ºS e interiorizando-se até o meridiano de 46ºW Gr. Limita ao norte com os estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Piauí, a oeste com os de Tocantins e Goiás, ao sul com Minas Gerais e Espírito Santo e a leste com o oceano Atlântico. Fatos Históricos A Bahia é a primeira das capitanias hereditárias a ser transformada em capitania real. Em 1549, o primeiro governador geral do Brasil, Tomé de Sousa, constrói a cidade de São Salvador, na Baía de Todos os Santos, para ser a capital da colônia. Além de sede política e administrativa, funcionam como pólo de desenvolvimento econômico de toda a região, com açúcar, tabaco e algodão nos séculos XVI e XVII, ouro e diamante no século XVIII e tráfico de escravos até meados do século XIX. Com a colonização, a capitania da Bahia incorpora os territórios das capitanias de Ilhéus, Itamaracá e Porto Seguro. Em 1763, com cerca de 60 mil habitantes, Salvador perde a condição de capital para o Rio de Janeiro. O declínio econômico da cidade e de todo o Recôncavo Baiano gera forte sentimento anticolonialista e lutas pela independência. Em 1798, a Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos Alfaiates, que conta com representantes das camadas populares, propõe a independência da colônia e uma sociedade baseada nos ideais da Revolução Francesa. No século XIX, durante o Império, como todo o Nordeste, a província da Bahia sofre com a decadência da economia açucareira. Apesar do surgimento de novas áreas de prosperidade econômica, como a zona cacaueira no sul do estado, o empobrecimento é geral. Nos sertões do norte e do oeste, ao longo da bacia do São Francisco, a agropecuária de subsistência garante a sobrevivência da população, submetida ao poder das oligarquias e sujeita à influência de líderes messiânicos, como Antônio Conselheiro, fundador do arraial de Canudos. Visto como ameaça à República e à ordem social, o arraial é destruído por tropas federais em 1897, após intensos combates. O estado permanece isolado do poder central durante a República Velha. Em 1912 sofre intervenção do governo federal e Salvador é bombardeada. O ataque é uma represália ao apoio dado pelo governo baiano à oligarquia paulista, que é contra o governo do marechal Hermes da Fonseca. Com a Revolução de 1930, o território fica novamente afastado do governo federal. População O estado da Bahia apresentou, em 2014, população residente de 15.126.371 habitantes, com densidade demográfica de 24,82hab./km2, sendo que só na região metropolitana de Salvador estão concentradas 3.767.902pessoas, em uma área territorial de 4.056,918 km² e uma densidade representando 1.126hab./km2. Quanto à distribuição da população nas zonas rural e urbana, constata-se que 7.007.729 pessoas habitam as cidades, ou seja, 59,1%, sendo a mesorregião metropolitana de Salvador responsável pela concentração de 40,1% da população urbana do estado. Já na zona rural, registrou-se o contingente de 4.847.428 habitantes, correspondendo a 40,9% do total estadual, destacando-se as mesorregiões do Centro-Sul, Nordeste e Sul Baiano, que acusaram os maiores percentuais de população residindo nas zonas rurais, da ordem de 25,5%, 17,8% e 15,8%, respectivamente. Municípiosmais populosos: Salvador (2.953.986), Feira de Santana (627.477), Vitória da Conquista (348.718), Camaçari (296.893), Juazeiro (221.773), Itabuna (221.046), Lauro de Freitas (197.636), Ilhéus (176.341), Jequié (162.209), Teixeira de Freitas (161.690). (IBGE - 2017). Geografia Geral & Brasil 014 Relevo e Clima Um dos elementos de identificação do estado é o caráter maciço e elevado do seu relevo, constituído, na maior parte, por superfícies regulares, cuja altitude oscila entre 200 e mais de 1.000 m. Outra característica marcante está ligada às condições climáticas que apresentam uma transição quanto ao total de chuvas, identificando-se em seu território o clima semiárido quente, que caracteriza o norte e trechos do centro, penetrando o sul pelo vale do rio São Francisco, com menos de 650 mm anuais de chuva e que domina e imprime feições particulares à maior parte do sertão da Região Nordeste, enquanto que para o oeste encontramos zonas de clima quente semiúmido, com aumento da pluviosidade, e quente e úmido na parte leste, correspondendo à faixa litorânea e suas proximidades, onde os totais pluviométricos alcançam 1.000 mm anuais. Quanto às temperaturas médias anuais, apresentam-se elevadas, com totais acima de 22ºC, conferindo ao estado certa homogeneidade, exceção verificada apenas nos trechos mais elevados do divisor entre a bacia do São Francisco e a vertente atlântica, onde ocorre um clima mais ameno. Zonas Geoeconômicas A estruturação do território, de modo geral, desenvolveu-se com base na agricultura de produtos comerciais no litoral, destacando-se o fumo e a cana-de-açúcar, no Recôncavo Baiano, e o cacau, no sul, nas imediações de Ilhéus e Itabuna, enquanto o interior, em decorrência das suas características climáticas (temperaturas elevadas e pouca pluviosidade), foi ocupado com a expansão do rebanho bovino, extravasando para o sertão dos estados vizinhos. Na faixa costeira, quente e úmida, bastante estreita em relação à área do estado, a estrutura econômica é heterogênea: nos trechos do norte ocorrem planícies e tabuleiros, com solos pobres e vegetação de pequeno porte, tendo como atividade importante a lavoura comercial do coco e o extrativismo vegetal. Terrenos cristalinos revestidos de matas aproximam-se do litoral na altura da zona de Ilhéus e Itabuna, principal área de produção de cacau, ainda hoje, do país. No Recôncavo Baiano, férteis solos de massapé, rios navegáveis e clima favorável possibilitaram, desde o início da ocupação e colonização do estado, um maior adensamento demográfico, com o desenvolvimento das culturas de cana-de-açúcar, fumo e mandioca. Esta área, a partir da década de 1950, começou a passar por transformações profundas, em decorrência da expansão das atividades da Petrobrás, ligadas à exploração do petróleo, iniciadas com a instalação da Refinaria Landulpho Alves, em Mataripe, seguindo-se a implantação do Centro Industrial de Aratu – CIA –, nos anos 60, e do Polo Petroquímico de Camaçari – COPEC –, no final dos anos 70. Tais empreendimentos vieram dinamizar, ainda mais, esta porção do Recôncavo e contribuem para o maior adensamento populacional. O extremo sul da Bahia é constituído por restingas e tabuleiros, tendo como reflexo um menor adensamento populacional em comparação com as demais áreas do litoral, apresentando pequeno desenvolvimento da economia, representada pelo turismo, pesca e pecuária. Atualmente, nesta área fronteira com Espírito Santo, tem se intensificado a exploração madeireira com projetos de reflorestamento. Geografia Geral & Brasil 015 A zona centro-norte, que antecede o bloco elevado central, é constituída por superfícies com altitudes entre 200 e 500m, onde a presença de cerrados e do agreste já denota a diminuição da pluviosidade, até se alcançar o sertão seco do baixo-médio São Francisco, domínio franco da caatinga. Esses trechos, mais ao norte, apresentam densidades populacionais baixas e estão organizados em função da atividade pastoril, agricultura de subsistência e algumas culturas comerciais como algodão, mamona e cebola. Na parte central, verifica-se um maior adensamento de população, sendo que a nota característica foi o impulso recebido pela pecuária, com valorização do gado, decorrente da expansão dos mercados consumidores, apresentando, entretanto, níveis diferenciados quanto ao sistema de criação, desde a pecuária extensiva à melhorada, havendo áreas onde são adotados processos mais evoluídos, com efetivo bovino bastante expressivo. A zona centro-sul, constituída por extenso bloco central elevado, com altitudes médias de 800 m, é composta pela Chapada Diamantina, ao norte, e pela Serra Geral, ao sul. Apresenta estrutura de produção tradicional baseada na agropecuária, sendo que a atividade do pastoreio é exercida nas depressões semiáridas revestidas de caatinga, enquanto nas áreas mais altas e chuvosas, correspondentes aos cerrados e matas tropicais, predominam a agricultura de subsistência (mandioca, feijão, milho, cana-de-açúcar) e a produção de cultivos comerciais (algodão, café e cacau) e de frutas. Em alguns trechos da porção ocidental dessa zona, como resquício de uma tradicional atividade mineradora, ainda são explorados o chumbo e a Magnesita. A zona do vale do São Francisco estruturou-se com base na atividade pastoril extensiva, tendo como identidade regional o rio São Francisco que apresenta, hoje, estruturas espaciais diferenciadas, coexistindo pequenos, médios e grandes estabelecimentos rurais onde se pratica pecuária menos extensiva. Nos terrenos recobertos de caatingas, utilizam-se técnicas de irrigação para lavouras de tomate, cebola e frutas, e ainda se desenvolve a atividade pesqueira no lago Sobradinho. A densidade demográfica fraca é uma constante em toda essa área, exceção feita à maior concentração ao longo do São Francisco onde se desenvolvem os principais projetos de irrigação. A zona oeste baiana, ocupada pelo chapadão divisor das águas do São Francisco e do Tocantins, de clima semiúmido, praticamente despovoado até a década de 60, caracteriza-se como uma nova fronteira agrícola aondese vem observando importantes transformações que se ligam mais diretamente a seu processo de ocupação e de uso da terra. Antiga área de pecuária extensiva e pequena produção agrícola de alimentos que se desenvolveram na caatinga e no cerrado, os famosos gerais passam por alterações significativas na década de 1980 com a introdução do plantio e a crescente produção de soja, visando a sua comercialização e industrialização. Fator importante que contribui para o dinamismo desta porção do estado é, sem dúvida, o traçado viário estabelecendo ligação entre Salvador e Brasília. A Bahia é marcada pela cultura africana e possui o maior número relativo de negros e mulatos do Brasil. Essa influência aparece na culinária – acarajé, vatapá, xinxim de galinha –, na capoeira e no sincretismo religioso, em festas como as do Nosso Senhor do Bonfim e de Iemanjá. Contribui também com a música e os inúmeros ritmos que atraem visitantes de todo o mundo. Com a economia razoavelmente industrializada, na qual se destacam a petroquímica e a extração mineral, a Bahia tem hoje a maior participação no PIB brasileiro entre os estados do Nordeste. O governo estabelece incentivos fiscais, como a isenção de 75% do ICMS, o que atraiu novas indústrias para o estado, principalmente do setor automobilístico. A soja, cultivada na zona de cerrados do oeste do estado, que registra aumento de produção, incremento de área e rendimento. Paralelamente, duas novasculturas – frutas tropicais e café – começam a ganhar força. As frutas tropicais, como manga, acerola e pinha, desenvolvidas, sobretudo no norte e oeste da Bahia, com destaque para a cidade de Juazeiro, destinam-se principalmente à exportação. O café surge como alternativa ao cacau no sul da Bahia, com mais força na região de Vitória da Conquista e na chapada Diamantina. Na pecuária, o setor avícola registra um aumento de 24,5% nos últimos dez anos. Essa evolução decorre de melhorias tecnológicas na produção e da expansão da demanda nos principais núcleos urbanos do estado. Geografia Geral & Brasil 016 Feira de Santana Características Gerais Feira de Santana é um município brasileiro do estado da Bahia com uma área de 1.344 Km2, situado a 107 km de sua capital, Salvador, à qual se liga através da BR-324. Feira é a segunda cidade mais populosa do estado, com uma população de 627.477 (IBGE – 2017) á a maior cidade do interior nordestino. Localiza-se a 12º15'25" de latitude sul e 38º57'53" de longitude oeste, a uma altitude de 256 metros. Feira de Santana possui os seguintes Distritos: Bonfim de Feira, Governador João Durval Carneiro, Humildes, Jaguara, Jaíba, Maria Quitéria, Matinha e Tiquaruçu. Feira de Santana é um importante nó rodoviário, faz a ligação da região Nordeste com a Sudeste através da Rio- Bahia (BR-116) e com o interior do estado pela BA-052, que vai até Xique- Xique, às margens do rio São Francisco, passando por Irecê, a maior área produtora de feijão do Nordeste. A cidade também comercializa no atacado o gado da região de Itaberaba, na porção central do estado e a fibra de sisal de Serrinha, a 70 km ao norte, além do feijão de Irecê. No campo da indústria, feira de Santana deu um grande salto na década de 70, em virtude da criação do centro Industrial do Subaé. A partir daí muitas indústrias se instalaram no município tais como: Pirelli Pneus, Nestlé, Jossan da Bahia, Cervejaria Kaiser, Refrigerantes da Bahia (Coca-Cola), Locarpe Embalagens, Parmalat, Química Geral do Nordeste, etc. Centro comercial do estado da Bahia, na região Nordeste do Brasil. Localiza-se no Agreste Nordestino, área de contato entre a faixa úmida do litoral e o sertão semiárido. Historia Uma das fazendas, localizada na estrada das boiadas, três léguas ao sul do arraial de São José das Itapororocas, chamava-se Santana dos Olhos d'Água. Ela é de particular interesse, porque se tornou o sítio da presente cidade de Feira de Santana. Com quase uma légua de comprimento e meia légua de largura, Santana dos Olhos d'Água era conhecida como uma grande propriedade nessa área. Pertencia ao português Domingos Barbosa de Araújo e à sua esposa Ana Brandoa, que nela se havia instalado nos princípios do século dezoito. De acordo com a tradição corrente em Feira de Santana, Domingos e Ana Brandoa constituíam um casal virtuoso, amado, e admirado por todos que o conheciam. Bons cristãos construíram uma capela próxima da casa de residência, dedicada a Santana e a São Domingos. A devoção era tal que, quando faleceram em 1833, toda a fazenda foi considerada propriedade da capela, não podendo ser dividida nem vendida. Em 1833, foram criados o município e a vila, com o território desmembrado de Cachoeira e constituído pelas freguesias de São José das Itapororocas, Sagrado Coração de Jesus do Perdão e Sant'Anna da Comissão (atual Ipirá). Algum tempo depois da construção da capela, tornou-se ela um ponto de encontro para o povo do distrito, que aí se reunia para fazer orações, visitas e negócios. Dessa maneira, a pouco e pouco se ia http://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpio http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Unidades_federativas_do_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Bahia http://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_%28Bahia%29 http://pt.wikipedia.org/wiki/BR-324 http://pt.wikipedia.org/wiki/Interior_do_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Interior_do_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Latitude http://pt.wikipedia.org/wiki/Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/Longitude http://pt.wikipedia.org/wiki/Oeste http://pt.wikipedia.org/wiki/Altitude http://pt.wikipedia.org/wiki/Metro Geografia Geral & Brasil 017 desenvolvendo uma feira periódica em Santana dos Olhos d'Água. A feira, que teve início por volta de 1840, deu o seu nome à atual Feira de Santana. Conhecida a princípio como a feira de Santana dos Olhos D'Água, depois se chamou simplesmente Feira de Santana. Uma vez localizada, a feira tornou-se uma parte da vida econômica e social de toda a circunvizinhança e suficientemente importante para ser considerado um arraial florescente junto à capela de Santana dos Olhos d’Água. Em 1873, com o nome de Cidade Comercial de Feira de Santana. Em 1938, esta denominação foi simplificada para Feira de Santana. A "Princesa do Sertão" - nome dado por Rui Barbosa, numa visita à cidade, em 1919, pela sua posição geográfica privilegiada, vem experimentando um processo de evolução sem precedente no Estado, permanecendo, fiel ao seu passado de sempre crescer e produzir. A Bahia, por causa de sua formação geográfica característica, divide-se em duas regiões distintas e desiguais. A primeira é a estreita planície costeira, ou seja, uma área agrícola bastante rica, onde caem pesadas chuvas no inverno. Este cinturão tropical estende-se ao longo da orla marítima, de norte a sul e varia em largura de dez a cinquenta milhas. Conquanto compreenda somente uma pequena fração da área total da Bahia, contém mais do que uma quarta parte da população do Estado, a maioria da qual vive na cidade de Salvador (capital do Estado) e nos municípios ao redor da baía de Todos os Santos. Essa pequena área domina o Estado, econômica, política e socialmente. A segunda das duas regiões da Bahia é o sertão, um vasto planalto semiárido que cobre a maior parte do interior do Estado. É uma terra de secas periódicas, de invernos frios, compridos e sem chuva, de verões quentes, apenas interrompidos por trovoadas ocasionais. A economia do sertão baseia-se, especialmente, na criação de gado. Nestas circunstâncias não é de estranhar que haja poucas grandes cidades em toda a região. Feira de Santana localiza-se favoravelmente entre o sertão e a costa, a mais ou menos 108 quilômetros da cidade do Salvador, utilizando-se a rodovia federal BR-324. Feira de Santana está numa elevação de 256 metros (aproximadamente 800 pés) situa-se numa porção de Planalto interior que alcança quase até a baía de Todos os Santos. Por outro lado, os vales dos rios Pojuca e Jacuípe, que atravessam o município a leste e a oeste, respectivamente, da cidade, são projeções, para o interior, dos solos profundos e ricos da planície costeira. Situação semelhante observa-se em relação às chuvas. Os padrões da região costeira e do interior modificaram-se para formar um terceiro tipo de Feira de Santana. A não ser durante os anos de seca, o município tanto é beneficiado com as chuvas moderadas do inverno, vindas do oceano Atlântico, como pelas trovoadas de verão, que se origina no sertão. A posição geográfica de Feira de Santana, a meio caminho entre a costa e o interior, reflete-se na economia do município. Tal como no sertão propriamente dito, a criação de gado está grandemente desenvolvida e por muitas décadas a cidade sustentou a fama de uma das mais concorridas feiras de negócios de gado no Brasil. Ao mesmo tempo, a combinação da topografia típica, com diferentes solos e chuvas moderadas permitiu uma ampla variedade de produção agrícola tropical e semitropical, em Feira de Santana. A população crescenteno município exige um consumo local cada vez mais pronunciado de gado e de produtos agrícolas, enquanto a proximidade das cidades costeiras assegura aos criadores e agricultores um mercado imediato para os excedentes. Conquanto uma parte considerável da sua prosperidade seja uma consequência do clima favorável, Feira de Santana deve a importância presente, em razoável proporção, à posição estratégica, visto que se localiza como a principal cidade na estrada tronco que liga a Capital ao interior. Desde os dias pioneiros dos primeiros estabelecimentos da Bahia, a economia do Estado se orientou para a cidade de Salvador. Por ter um grande porto, Salvador foi e é o principal mercado para os produtos do sertão, bem como de lá procedem as mercadorias de fabricação nacional ou estrangeira. E desde que cinco das seis rodovias principais entre a cidade de Salvador e o sertão passam por Feira de Santana, também passa através do município o grande volume de tráfego entre o interior e a costa. Feira de Santana é muito mais do que um pouso nas estradas da Bahia. Desde os tempos coloniais tornou-se conhecida como um entreposto comercial de vida própria. As atividades comerciais cresceram consideravelmente em Feira de Santana, e por mais de um século a cidade gozou da reputação de empório líder do sertão baiano. Como tal, há muito tempo é o ponto de convergência de quase todas as matérias-primas embarcadas do interior para a metrópole, bem como o mercado principal e o mais Geografia Geral & Brasil 018 importante centro de distribuição para os produtos provenientes da Capital. Essa atividade comercial verifica-se não somente pelo grande número e pela variedade de estabelecimentos comerciais localizados na cidade, como também pelo volume de negócios pecuários e agrícolas que realizam-se na feira semanal. Conquanto a feira se instalasse, originariamente, para a venda ou troca de mercadorias produzidas dentro do município, já em 1950 era conhecida em todo o nordeste do Brasil. Os compradores viajavam dos municípios circunvizinhos e da costa para a aquisição dos artigos produzidos em regiões distintas da Bahia e dos outros estados. Já em 1950, Feira de Santana era um mercado importante para os produtos agrícolas e pastoris, do interior. Uma nova fase surgira com rápida expansão dos processos industriais no município, desde o início da Segunda Guerra Mundial. Na cidade, o número de estabelecimentos para o beneficiamento do fumo, do algodão e dos couros e o aproveitamento da carne e dos gêneros alimentícios aumentara de mais de cinco vezes, entre 1940 e 1950. Em todos os anos, somente a cidade de Salvador excedia Feira de Santana em produção industrial. Do que precede é evidente que a economia de Feira de Santana está firmemente fundada na pecuária, na agricultura, no comércio e na indústria. Tal situação é notável na Bahia, onde a maioria das regiões sofre os efeitos de uma longa tradição de monocultura, derivando suas rendas de um único produto. Esse sistema está de tal modo espalhado na Bahia que de todos os municípios do estado, somente o da cidade de Salvador terá a sua economia mais variada do que a de Feira de Santana. A natureza complexa da economia municipal, todavia, não se deve à previsão do povo de Feira de Santana, mas, de fato, à feliz situação geográfica do município, na convergência das estradas na Bahia. Em menos de um século e meio, Feira de Santana transformou-se de região pastoril, quase desconhecida, de escassa população, numa das comunidades mais ricas e mais densamente povoadas do sertão baiano. Essa importância explica-se pela feliz combinação de fatores geográficos e humanos que fazem de Feira de Santana a "Princesa do Sertão". Geografia Altitude: Feira de Santana está a 256metros acima do nível do mar. Área: Possui uma área de 1.337 km², sendo reconhecida como o portal do sertão por estar situada no início do agreste baiano. A sede possui 111 km². Clima: O clima de Feira de Santana é considerado tropical, úmido e semiárido, sendo que a sua estação chuvosa vai de abril a julho e setembro a dezembro, com um índice pluviométrico variando de 900 a 1.400 mm anuais. Sua temperatura média é de 24,1°C. Hidrografia: Registra a presença dos seguintes: Rio Subaé, o menos caudaloso do município, porém permanente. O Pojuca, o Jacuípe, diversas lagoas, alguns riachos e várias fontes nativas. Localização: Está localizada na zona de planície entre o Recôncavo baiano e os tabuleiros semiáridos do nordeste baiano. Mineralogia: O solo contém: argila, caulim, areias, arenitos, granulitos e minerais. São explorados: areia, argila e pedras que são industrialmente transformadas em várias espécies de britas. Relevo: Conjunto de tabuleiros, planaltos e esplanadas. Nota-se no município a presença de algumas serras: Serra da Agulha, Cágado, Serra Grande, São José (675 m), Branco, Santa Maria e Boqueirão. Vegetação: A vegetação está relacionada com as chuvas de outono e inverno. É constituída de matas que se transformam em cerrados, à medida que se aproxima do centro da cidade. A caatinga, de solo raso, predomina no norte e oeste. A vegetação é xenófila com arbustos espinhosos (mandacaru, xique-xique, palma e outros cactáceos) e de gramíneas ralas que acumulam água e têm raízes profundas. A vegetação predominante é a caatinga. http://pt.wikipedia.org/wiki/Metro http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%ADvel_do_mar http://pt.wikipedia.org/wiki/Clima http://pt.wikipedia.org/wiki/Rec%C3%B4ncavo_baiano http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabuleiro http://pt.wikipedia.org/wiki/Semi-%C3%A1rido http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Tabuleiros&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Planaltos http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Esplanadas&action=edit&redlink=1
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