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Nutrição-UFGD Hemograma: composto por diversas medidas da função e das quantidades de células vermelhas. Avalia e detecta anemias, leucemias, infecções bacterianas e virais, processos inflamatórios, plaquetoses e plaquetopenias, entre outros. O sangue é composto por células: • Hemácias ou glóbulos vermelhos (eritrócitos); • Leucócitos ou glóbulos brancos; • Plaquetas ou trombóticos. SEPARAÇÃO DOS COMPONENTES DO SANGUE Anticoagulante, geralmente ácido etilenodiaminotetracético (EDTA, ethyl- enediaminetetraacetic acid) que melhor preserva as células sanguíneas. Tubos utilizados em coleta em coleta de sangue para análises bioquímicas: SÉRIE VERMELHA Contagem total de hemácias (eritrócitos): • Células responsáveis por transportar a hemoglobina no sangue, são produzidas na medula óssea e têm meia-vida de 90 a 120 vidas. • Exame usado para o diagnóstico diferencial de anemias e poliglobulias, hemorragias, sobrecarga de líquidos e etc. Nutrição-UFGD Podem apresentar as seguintes alterações: • Tamanho: anisocitose (microcitose e macrocitose); • Cor: ansiocromia (hipocromia e hipercromia); • Forma: poiquilocitose (esferócitos, ovalócitos, etc). As alterações na forma dos eritrócitos são chamadas de Poiquilocitose. Valores de referência: • Homens adultos: 4,5 a 6,0 milhões/mm³; • Mulheres adultas: 4,0 a 5,5 milhões/mm³; • Recém-nascidos: 4,0 a 6,0 milhões/mm³ Valores aumentados: • Diarreias; • Desidratação; • Queimaduras; • Intoxicação por álcool etílico ou fármacos; • Vômitos; • Acidose metabólica. Valores diminuídos: • Anemias; • Leucemias; • Hemorragias intensas; • Sangramento do TGI; • Distúrbios na menstruação; • Infecções graves. HEMOGLOBINA Proteína responsável pelo transporte de O2 no sangue. Seu valor depende da concentração de hemácias (eritrócitos). Valores de referência: • Homens adultos: 13,5 a 18,0 g/dL; • Mulheres adultas: 12,0 a 16,0 g/dL; • Recém-nascidos: 13,5 a 19,5 g/dL. Nutrição-UFGD Valores aumentados: • Casos de perda excessiva de líquidos – falsa policitemia. Valores diminuídos: • Anemia; • Hemorragias; • Retenção de líquidos. HEMATÓCRITO (HT OU HCT) Quantidade de eritrócitos existentes em uma amostra de sangue circulante. Constitui uma medida para avaliação dos índices hematimétricos e para complementar o diagnóstico de anemias. Valores de referência: • Homens adultos: 40 a 54%; • Mulheres adultas: 37 a 47%; • Recém-nascidos: 44 a 60%. Valores aumentados: • Quando há hemoconcentração: o Policitemias; o Desidratações; o Queimaduras; o Diarreias; o Vômitos intensos. • Indicativo de macrocitose. Valores diminuídos: • Anemias; • Leucemias; • Infecções; • Indicativo de microcitose. ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS Considerados parâmetros qualitativos do hemograma, pois são usados para diferenciar as células e os diagnósticos de anemia. Volume corpuscular médio (VCM): tamanho médio das hemácias. • Homens e mulheres: 80 a 100 fL = normocitose; • Recém-nascidos: 98 a 120 fL = normocitose; • Valores < 80 fL (adultos) = microcitose; • Valores > 100 fL (adultos – macrocitose. Hemoglobina corpuscular média (HCM): média da massa de hemoglobina por hemácia – eritrócito (em pictogramas). • Homens e mulheres: 27 – 32 pg = normocromia; • Recém-nascidos: 31 – 37 pg = normocromia; • Valores < 27 pg (adultos) = hipocromia; • Valores > 32 pg (adultos) = sem significado clínico. Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM): média da concentração de hemoglobina por hemácia – eritrócito em g/dL. • Homens e mulheres: 32 a 36% = normocromia; • Recém-nascidos: 30 a 36% = normocromia; • Valores < 32% (adultos) = hipocromia; • Valores > 36% (adultos) = sem significado clínico. Red cell distriuiton width (RDW): representa o grau de variação do tamanho das hemácias. • Homens e mulheres: 11,5 a 14,5% • Recém-nascidos: 12 a 14,5%; • Valores > 14,5% = maior dispersão de amanho; • Valores < 11,5% = sem significado clínico. ANEMIA FERROPRIVA Possíveis deficiências/distúrbios: Nutrição-UFGD • Deficiência na ingestão ou absorção de erro, porém pode estar relacionada também com o comprometimento no transporte de ferro ou com perdas aumentadas (ex.: hemorragias ou doenças do TGI). Alterações hematológicas: • Redução dos níveis séricos de ferro, transferrina, hemoglobina e VCM. Anemia microcrítica e hipocrômica. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA Possíveis deficiências/distúrbios: • Deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico. Alterações hematológicas: • Redução dos níveis séricos de vitamina B12 e ácido fólico, CHCM normal, aumento de VCM (>95 fL) e redução de plaquetas, eritrócitos e leucócitos. Anemias macrocrítica e megaloblástica. ANEMIA SIDEROBLÁSTICA Possíveis deficiências/distúrbios: • Acúmulo de ferro na mitocôndria das hemácias jovens. Alterações hematológicas: • Pode ser confundido com anemia ferropriva, apesar de apresentar hipocromia e de o ferro sérico estar elevado. Tem como função avaliar a competência imunológica. LEUCOMETRIA GLOBAL (CONTAGEM GLOBAL DE LEUCÓCITOS) • Determina inflamação e infecção; • Resposta à quimioterapia e a radioterapia. Valores de referência: • Homens e mulheres adultos: 4.000 a 11.000 céls./mm³; • Recém-nascidos: 10.000 a 18.000 céls./mm³. • Valores aumentados: leucocitose Valores aumentados: leucocitose. • Inflamação; • Infecção; • Leucemias; • Situações fisiológicas: gravidez, parto, digestão, após exercícios físicos. Valores diminuídos: leucopenia. • Infecções virais: sarampo, hepatite, rubéola, dengue, caxumba; • Uso de fármacos imunossupressores. LEUCOMETRIA DIFERENCIAL (CONTAGEM DIFERENCIAL DE LEUCÓCITOS) Valores de referência: • Neutrófilos: 55 a 5% (3.000 a 5.000 céls./mm³); • Eosinófilos: 2 a 6% (100 a 300 cél./mm³); • Basófilos: 0 a 1% (50 a 80 céls./mm³); • Monócitos: 4 a 8% (200 a 650 céls./mm³); • Linfócitos: 20 a 30% (1.500 a 2.500 céls./mm³). Nutrição-UFGD Desvio à esquerda: Neutrófilos: • Valores aumentados: neutrofilia; • Valores diminuídos: neutropenia. Linfócitos: • Valores aumentados: linfocitose; • Valores diminuídos: linfopenia. Valores diminuídos: • Neutropenia: drogas, irradiação, AIDS, carência de vitamina A; • Eosinopenia: infecções agudas, intoxicações, surtos emocionais; • Basopenia: infecções agudas e alguns tipos de leucemias; • Monocitoepnia: fase aguda de infecções, caquexia e desnutrição; • Linfopenia: uso de medicamentos e deficiência do sistema imunológico. CONTAGEM TOTAL DE LINFÓCITOS OU LINFOCIMETRIA Há relação entre estado nutricional e imunidade. A depressão da imunidade é observada à medida que a desnutrição progride. A avaliação da resposta imunológica auxilia muito na identificação de alterações nutricionais. A contagem total de linfócitos (CTL) mede as reservas imunológicas momentâneas, indicando as condições do mecanismo de defesa celular do organismo. Depleção leve: 1.200 a 2.000 cél./mm³. Depleção moderada: 800 a 1.199 cél./mm³. Depleção grave: < 800 cél./mm³. Exemplo: COAGULOGRAMA Células relacionadas com a coagulação sanguínea. Valores aumentados: plaquetose ou trombocitose. • Inflamação; • Infecção; • Hemorragia; • Anemia ferropriva; • Leucemia mieloide aguda. Valores diminuídos: plaquetopenia ou trombocitopenia. • Uso de alguns medicamentos; • Drogas; • Anemia megaloblástica; • Secundário a doenças autoimunes; • Dengue. Valores de referência: 1500.00 a 450.00/mm³. Nutrição-UFGD O coagulorama é constituído pelos seguintes exames: • Contagem de plaquetas; • Tempo de sangramento; • Tempo de coagulação; • Tempo de protrombina; • Tempo de tromboplastina. EAB Relação entre duas forças de oposição:acidez e alcalinidade. O organismo produz quantidades gigantescas de íon hidrogênio, mas sua presença não é tolerada nos fluídos orgânicos, exceto por um espaço de tempo muito pequeno. Por este motivo existe um complexo maquinário para neutralizar, suprimir e eliminar este cátion quando excedente – a ação de dois sistemas orgânicos é fundamental: rins e pulmões. pH – abreviação das palavras da língua alemã: • p significa poder, potência; • H símbolo do hidrogênio. ESCALA PH Ácidos: substâncias capazes de doar hidrogênio (H*). Bases: substâncias capazes de receber hidrogênio (H*). pH sangue: 7,4 – fracamente básico ou alcalino. REGULAÇÃO QUÍMICA E FISIOLÓGICA DO EQUILÍBRIO ACIDOBÁSICO Para manter-se vivo, um organismo precisa que a água extracelular esteja ligeiramente desviada para o lado básico ao ponto de neutralidade, portanto, levemente acima de 7. Situações que podem desestabilizar o pH: • Ácidos produzidos como resíduo da oxidação usual dos alimentos; • Transtornos eletrolíticos: vômito, diarreia e fístulas digestivas. Mecanismos de ação de equilíbrio acidobásico: • Tampões químicos: substâncias existentes no sangue (líquido endovascular), nos tecidos (líquido intersticial) e no interior das células (líquido intracelular) capazes de reagir tanto com os ácidos quanto com as bases, neutralizando-os e dificultando as oscilações do pH. • Sistemas tampões: ácido carbônico-bicarbonato, fosfatos, proteínas e hemoglobina. As variações na concentração de H= no sangue podem gerar desequilíbrios acidobásicos que, conforme sua origem, podem ser de natureza metabólica ou respiratória. • Mecanismos respiratórios: agem na eliminação do ácido carbônico, um dos produtos finais do metabolismo energético oxidativo, sendo o complexo oxidativo, sendo o complexo Co2/ácido carbônico de tendência ácida. • Mecanismos renais: agem na eliminação tanto dos excessos de ácidos quanto de bases. Regulam a concentração de bicarbonato no sangue (90% de reabsorção de bicarbonato ocorre nos túbulos renais proximais). Gasometria sanguínea – sangue arterial. Capaz de detectar desvio no componente: • Respiratório: O2/oxigenação e pCO2/ventilação; • Metabólico: BE. Nutrição-UFGD Utiliza como principais referências os valores sanguíneos de: • pH: 7,35 a 7,45; • pCO2: 35 a 45 mmHg (pressão parcial de dióxido de carbono); • CO2: 23 a 27 mmol/L; • pO2: 70 a 90 mmHg (pressão parcial de oxigênio); • HCO3-: 22 a 26 mEq/L (bicarbonato); • BE: -3 a +3 mEq/L (excesso de base; • SaCO2: 95 a 97% (saturação arterial de oxigênio). Os desequilíbrios acidobásicos passíveis de ocorrer no organismo são: • Acidose metabólica; • Alcalose metabólica; • Acidose respiratória; • Alcalose respiratória; • Distúrbios mistos. 1. Determinar se há acidose ou alcalose: • Analisar o pH do sangue: acidose (< 7,35), alcalose (> 7,45). 2. Identificar o distúrbio: • Respiratório: pCO2; • Metabólico: BE e HCO3. ACIDOSE METABÓLICA • pH arterial < 7,35 • HCO3- < 22 mEq/L • BE < -3 mEq/L Ação compensatória por hiperventilação com objetivo de aumentar a excreção de dióxido de carbono (pCO2 baixo). Possíveis promotores: • Acidose láctica: anemia profunda, sepse, exercício físico intenso, intoxicação por CO2, insuficiência renal e hepática; • Cetoacidose: diabetes mellitus tipo 1, jejum prolongado, alcoolismo, dieta com elevado teor de gordura; • Substâncias tóxicas: etanol, metanol, etilenoglicol; • Perdas gastrointestinais: diarreia severa; • Perda renal de bicarbonato: ácidos e tubular renal. ALCALOSE METABÓLICA • pH arterial > 7,45; • HCO3- > 26 mEq/L; • BE > +3 mEq/L. Alguma compensação respiratória como resultado da hipoventilação (pCO2 alto). Possíveis promotores: • Depleção de volume: desidratação severa, uso crônico de diuréticos, hemorragia. • Excesso de mineralocorticoides: uso de diuréticos que promovem perda de K+ e promovem liberação da aldosterona, que aumenta a excreção renal de ácidos. ACIDOSE RESPIRATÓRIA • pH arterial < 7,35; • pCO2 > 45 mEq/L; • HCO3- > 26 mEq/L Compensação metabólica (renal) pelo aumento na retenção de bicarbonato. Possíveis promotores: • Distúrbios toracopulmonares: inalação de fumaça, pneumonia grave, edema de pulmão. • Obstrução de vias aéreas: edema ou espasmo de laringe, presença de corpo estranho; • Anormalidades neurológicas: uso de drogas ilícitas, lesões neurológicas (supressão do centro respiratório por derrame cerebral). ALCALOSE RESPIRATÓRIA • pH arterial > 7,45; • pCO2 < 35 mmHg; • HCO3- < 22 mEq/L. Compensação metabólica (renal) pelo aumento na eliminação de bicarbonato. Possíveis promotores: Nutrição-UFGD • Estimulação do centro respiratório bulbar: febre, infecções sistêmicas, intoxicação, hipoxemia; • Estimulação de receptores torácicos: pneumopatias agudas (congestão pulmonar, pneumonia). Desidratação Hipotônica: quando a perda de eletrólitos excede a de água, pode ocorrer hiponatremia. Pode ser resultante da transpiração muito elevada, perdas gastrointestinais ou por reposição com água sem eletrólitos. Nesse caso recomenda-se a ingestão de sal ara reestabelecer o equilíbrio osmótico. Isotônica: quando água e eletrólitos são perdidos nas proporções em que se encontram no organismo, a desidratação pode ser causada por vômitos e diarreias. Quadros de ascite, perda de secreções digestórias, diuréticos, entre outros, são comuns em crianças sendo necessária a reposição com soluções isotônicas. Hipertônica: quando a perda de água excede a de eletrólitos, a desidratação pode ocorrer por falta de ingestão de água e/ou ausência da percepção da sede (idosos), sudação excessiva, diurese, diarreia osmótica, entre outros. Comumente encontrada durante a prática de exercícios. AVALIAÇÃO DO ESTADO DE HIDRATAÇÃO POR EXAMES LABORATORIAIS Osmolaridade: • Valores de normalidade: 280 a 290 mOsm/kg H2O; • Valores superiores indicam desidratação; • Valores inferiores indicam hiper-hidratação. Hematócrito: • Valores de normalidade: 42 a 52% (homens) e 35 a 47% (mulheres; • Valores críticos: < 15% e > 60%; • A desidratação pode impor elevação até 10%; • Valores inferiores indicam hiper-hidratação. Concentração de sódio: • Valores de normalidade: 135 a 145 nmol/L; • Valores superiores indicam desidratação; • Valores < 120 mmol/L indicam hiper-hidratação. Bricarello L. et al. Interpretação de exames laboratoriais: importância na avaliação nutricional. In: Rossi L, Caruso L, Galante AP. Avaliação nutricional: novas perspectivas. São Paulo: Roca/ Centro Universitário São Camilo, 2008. Karkow FJ.et al. Desordens do equilíbrio ácidobásico. In: Calixto-Lima L, Reis NT. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à Nutrição Clínica. Rio de Janeiro: Rubio, 2016. Lima LM, et al. Avaliação Hematológicado Sangue. In: Calixto-Lima L, Reis NT. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à Nutrição Clínica. Rio de Janeiro: Rubio, 2016. Oliveira, T. V. Exames laboratoriais| prescrição e interpretação. In: Rossi L, Poltronieri F (Orgs). Tratado de nutrição e dietoterapia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2019. pp 411-8. Rossi L. Hidratação. In: Rossi L, Poltronieri F (Orgs). Tratado de nutrição e dietoterapia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2019. pp 523-34.
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