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Asma: Doença Inflamatória das Vias Respiratórias

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Asma 
Doença inflamatória crônica das vias respiratórias 
que tem como característica a hiperatividade 
brônquica (broncoconstrição) e hipersecreção de 
muco. 
Pacientes apresentam episódios frequentes de 
dispneia, sibilos (chiado) e tosse. 
Casos graves de asma podem persistir por dias ou 
semanas, podendo ser fatais, caracterizando o status 
asmaticus. 
Sinais e Sintomas 
 
Crises Agudas: Duração de horas; Dor torácica; 
Dispneia; Sibilos; Tosse 
EPIDEMIOLOGIA 
− Doença prevalente 
− 5% da pop. Mundial = +300.000.000 
− Acomete principalmente crianças e 
adolescentes, mas ocorre também em 
adultos 
− Brasil = 20.000.000 
− Apenas 12% dos asmáticos estão com a 
doença controlada 
− 4ª causa de internações 
− 3 mortes/dia 
 
DOIS GRUPOS 
1. Asma Atópica: quando há evidências de 
sensibilização e resposta imunitária a certos 
antígenos, geralmente em indivíduos que 
têm história familiar da doença e 
apresentam também eczema e rinite 
alérgica 
2. Não Atópica, quando não se identifica um 
alérgeno predisponente. 
A. Asma induzida por medicamentos, como a 
aspirina e outros anti-inflamatórios não 
esteroides. Nesses casos, o mecanismo 
parece ser inibição da ciclo-oxigenase 2, com 
redução da PGE2, que inibe a produção de 
leucotrienos (mediadores pró-inflamatórios) 
B. asma ocupacional, que se manifesta em 
indivíduos que se expõem no ambiente de 
trabalho a certas substâncias (plásticos, 
madeira, algodão, tolueno, entre outras). Nas 
várias formas da doença, as manifestações 
clínicas são desencadeadas por fatores 
diversos, como infecções respiratórias, 
poluentes atmosféricos, fumaça do cigarro, 
frio, estresse e exercício físico. 
 
 
ETIOPATOGÊNESE E FISIOPATOGENIA 
Inflamação das vias aéreas é o principal fator 
responsável pela hiper-reatividade brônquica 
(broncoconstrição por estímulos com pouco ou 
nenhum efeito em pessoas não asmáticas). 
Inflamação é constante e está presente inclusive nos 
intervalos entres as crises. A inflamação atinge todo 
o trato respiratório, até o parênquima alveolar. 
Alérgenos inalados (pó doméstico, pelos de animais, 
pólen, alguns alimentos etc.) entram em contato 
com a mucosa respiratória e são capturados por 
células dendríticas que apresentam seus fragmentos 
ligados a moléculas MHC II a linfócitos T auxiliares. 
Com isso, ocorre a produção de IL-3, IL-4, IL-5, IL-10 
e IL-13, levando a uma resposta humoral com 
proliferação de linfócitos T auxiliares do tipo 2 
(resposta Th2). 
Reação de hipersensibilidade do tipo I 
- IL-4 = induz a produção de IgE 
- IL-5 = quimiotática para eosinófilos 
 
Quando mastócitos que apresentam IgE na sua 
superfície são expostos ao antígeno, ocorre 
liberação do conteúdo presente dentro do 
mastócito: 
(1) causam broncoconstrição, vasodilatação, 
aumento da permeabilidade vascular e aumento da 
produção de muco (crise aguda de asma); 
(2) recrutam e ativam outras células, como 
eosinófilos, linfócitos, neutrófilos, basófilos e 
macrófagos para o sítio inflamatório, os quais são 
capazes de perpetuar a resposta inflamatória 
mediante a liberação de novos mediadores pró-
inflamatórios. 
 
 
 
 
Célula que participam do processo 
inflamatório da doença: 
• Células epiteliais. Liberam citocinas (IL-1, IL-
6, IL-8, GM-CSF, TGF-β), fibronectina e 
derivados do ácido araquidônico 
• Células dendríticas. São responsáveis por 
capturar, processar e apresentar os 
antígenos aos linfócitos T 
• Linfócitos. O número de linfócitos T ativados 
correlaciona-se com a gravidade da doença. 
A maioria dos linfócitos tem padrão Th2, os 
quais liberam IL-4, IL-5, IL-6, TNF-α e GM-CSF 
(linfócitos de padrão Th1 liberam IL-2, TNF-α 
e IFN-γ) 
• Mastócitos. Quando mastócitos revestidos 
por IgE são expostos ao antígeno 
sensibilizante, há dimerização da IgE, que 
induz desgranulação de mastócitos e 
liberação de: (a) histamina; (b) fatores 
quimiotáticos para neutrófilos e eosinófilos; 
(c) mediadores lipídicos da inflamação 
(prostaglandinas e leucotrienos) 
• Eosinófilos. Recrutados na fase tardia da 
inflamação, sobretudo por IL-5, os 
eosinófilos estão presentes em número 
variado nas vias respiratórias (em pessoas 
normais, são praticamente ausentes). Seus 
grânulos contêm várias substâncias, entre 
elas a proteína básica principal (MBP). MBP 
é capaz de lesar o epitélio brônquico, 
expondo terminações nervosas sensitivas 
subepiteliais que respondem com 
broncoconstrição, vasodilatação e 
hipersecreção de muco. Além disso, ativação 
de eosinófilos libera leucotrienos 
(broncoconstritores) e fator ativador de 
plaquetas (PAF, broncoconstritor) e aumenta 
a hiper-reatividade brônquica. PAF é 
também quimiotático para eosinófilos, o que 
cria um mecanismo de retroalimentação 
positiva, perpetuando a reação inflamatória 
• Neutrófilos. Em alguns pacientes, 
especialmente na forma não atópica da 
asma, a inflamação das vias aéreas é rica em 
neutrófilos, que liberam enzimas 
lisossômicas, leucotrienos e fator liberador 
de histamina (HRF), que pode amplificar a 
reação alérgica. Elastase neutrofílica, que 
induz secreção nas células caliciformes e 
glândulas submucosas, contribui para a 
hipersecreção brônquica (nesses pacientes, 
a obstrução brônquica é mais intensa) 
• Macrófagos. Em asmáticos, macrófagos 
pulmonares têm maior número de 
receptores para IgE e liberam citocinas pró-
inflamatórias (IL-1, IL-6 e TNF-α). 
Formas de resposta ao alérgeno: 
(a) reação imediata, que surge minutos após o 
estímulo e desaparece em 30 a 60 minutos, 
espontaneamente ou após tratamento; 
(b) reação tardia, que aparece em cerca de 60% dos 
pacientes e se manifesta 6 a 8 horas após como nova 
crise de broncoconstrição, edema e hipersecreção. A 
resposta tardia é mediada pela chegada de células 
inflamatórias recrutadas na fase anterior. 
 
PRINCIPAIS EVENTOS 
1 - Exposição primária ao alérgeno (fase de 
sensibilização), que desencadeia uma resposta do 
tipo Th2, os quais passam a produzir determinadas 
citocinas (IL-4 - leva células b a produzirem 
anticorpos, em especial IgE; IgEs são reconhecidos 
na superfície do mastócitos localizados nos tecidos 
conjuntivos próximos aos vasos sanguíneos; IL-5 - 
ativa o mastócito já sensibilizado, fazendo com que 
ele libere o conteúdo do seu interior -- outros 
citocinas que recrutam leucócitos como neutrófilos e 
eosinófilos*, aminas, leucotrienos, prostaglandinas -- 
causando uma inflamação inicial; IL-13) 
 
 
obs: eosinófilos marcam a fase tardia da inflamação 
→ marcam o dano tecidual que ocorre devido a 
proteínas liberadas por eles 
obs2: a broncoconstrição ocorre tanto pelas 
citocinas liberadas pelos mastócitos, quanto pela 
exposição das vias nervosas colinérgicas devido ao 
dano tecidual causado pelos eosinófilos 
 
ALTERAÇÕES MICROSCÓPICAS 
- Eosinofilia 
- Hipertrofia das glândulas da submucosa; aumento 
do número de fibras musculares lisas; aumento do 
número de células caliciformes, espessamento da 
parede brônquica 
 
 
Remodelamento das vias aéreas - Brônquio de um 
paciente asmático exibindo hiperplasia das células 
caliciformes (cabeça da seta verde), fibrose da 
membrana sub-basal (cabeça da seta preta), 
inflamação eosinofílica (cabeça da seta amarela) e 
hipertrofia muscular (cabeça da seta azul). 
 
 
 
CORPOS DE CREOLA 
− Agrupamentos com mais de 100 células 
epiteliais ciliadas 
 
 
ESPIRAIS DE CURSCHMANN 
− Muco condensado envolto por numerosas 
tênues fibrilas 
 
 
CRISTAIS DE CHARCOT-LEYDEN 
− Precipitado encontrada no escarro 
decorrente da degeneração de eosinófilos 
(galectina-10) 
 
 
 
ALTERAÇÕES MACROSCÓPICAS 
 
Hiperinsuflação - pulmão muito distendido, ao 
respirar exige mais esforço, logo, a sensação de 
dispneia. 
Palidez 
 
 
AÇÃO DO SNA 
O que mantém o tônus normal das vias respiratórias 
é o equilíbrio entre as fibras nervosascolinérgicas 
(broncoconstritoras) e as fibras nervosas 
adrenérgicas (broncodilatadoras) 
 
Figura 14.52 Inflamação das vias aéreas na asma. A. Fase de 
sensibilização. A estimulação antigênica resulta na produção de 
IgE, que se liga a mastócitos e promove a desgranulação destes. 
Com isso, há liberação de vários produtos (histamina, citocinas 
etc.) que causam broncoconstrição e iniciam a resposta 
inflamatória. B. Fase efetora da resposta inflamatória. 
Eosinófilos exsudados liberam vários produtos lesivos, citocinas 
e mediadores lipídicos, que amplificam as lesões. A proteína 
básica principal agride células epiteliais, que liberam citocinas 
(aumento da permeabilidade vascular e edema da mucosa) e 
estimulam terminações vagais, cuja resposta é 
broncoconstrição. O ambiente inflamatório assim criado 
aumenta o edema da mucosa, a hiperreatividade brônquica e o 
broncoespasmo. 
 
FATORES GENÉTICOS 
Cromossomos relacionados com a síntese de 
citocinas e com o receptor de IgE. 
- Cromossomos 2q, 5q, 6p, 11q, 12q, 17q 
- Genes ADAM3, DPP10, PHF11, SETDB2, GPRA e 
SPINK5 
 
REMODELAMENTO BRÔNQUICO 
Processo que acompanha a inflamação e ocorre pela 
persistência da mesma, a qual provoca alterações 
estruturais irreversíveis nas vias aéreas, como o 
espessamento da parede. 
 
Bibliografia 
BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Bogliolo - Patologia. 
Grupo GEN, 2016.

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