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INTRODUÇÃO A ferramenta System Advisor Model (SAM), desenvolvida pelo National Renewable Energy Laboratory (DOE/NREL/Alliance), dos Estados Unidos, é de acesso livre, gratuita para qualquer usuário, que permite desenvolver estudos de viabilidade técnica e econômica (EVTE), no nível de pré-viabilidade para projetos de aproveitamento de energias renováveis, com forte foco nas tecnologias de concentração solar para geração elétrica (CSP, do inglês Concentrated Solar Power). Esta disciplina é importante na medida em que apresenta os fundamentos para um uso apropriado da ferramenta SAM para realizar EVTE de projetos CSP no Brasil. As análises realizadas na ferramenta facilitam a tomada de decisão para pessoas do setor de energia renovável. O objetivo geral desta disciplina é entender os fundamentos da ferramenta SAM para realizar EVTE de projetos CSP no Brasil. Os objetivos específicos, por sua vez, são: Entender a estrutura da ferramenta SAM, focando o módulo de tecnologia de concentração solar de cilindro parabólico. Explorar cada uma das abas e opções disponíveis no SAM. Identificar no SAM os principais parâmetros que devem ser calibrados para simular de forma apropriada o desempenho de uma usina CSP de cilindro parabólico operando no Brasil. Esta apostila segue uma estrutura que agrega conhecimento gradualmente, partindo dos fundamentos e das definições básicas necessárias para usar a ferramenta SAM, até a explicação do passo a passo para simular a operação de uma planta CSP operando no Brasil. A apostila explica como usar as características do SAM para realizar o dimensionamento ótimo do ponto de vista técnico e econômico de uma usina CSP de cilindro parabólico com armazenamento de energia térmica e sistema de back-up. Trata-se de um curso curto, introdutório, que apresenta como a ferramenta SAM pode ser usada para realizar o dimensionamento ótimo de uma usina CSP em condições locais. Para isso, esta apostila está dividida em quatro módulos, e a estrutura do curso segue a estrutura da ferramenta SAM, como exposto a seguir. O módulo 1 contém uma introdução à ferramenta SAM; depois, foca o módulo da tecnologia CSP de cilindro parabólico, cuja estrutura será explicada em detalhe. Também apresenta em detalhe o relacionado aos dados meteorológicos, ao dimensionamento do campo solar e à escolha dos módulos concentradores solares integrados por refletores, receptores, estrutura metálica e equipamento complementar. O módulo 2 apresenta o relacionado ao dimensionamento do bloco de potência, incluindo o sistema auxiliar ou de back-up, e do sistema de armazenamento de energia térmica (TES, do inglês Thermal Energy Storage). Depois disso, fecha com a apresentação da aba de custos, onde a desagregação de custos de capital e custos de operação e manutenção é discutida. O módulo 3 inicia-se apresentando as abas de perdas parasíticas e degradação do sistema ao longo da vida útil. Depois, expõe as possibilidades de avaliação financeira do projeto CSP. Para fechar, faz uma discussão rápida sobre as possibilidades de incentivos financeiros, esquemas de depreciação e opções de despacho otimizado em função de uma tarifação horária. Finalmente, o módulo 4 ensina como simular a operação do projeto CSP e como analisar os resultados com as diversas opções que o SAM possui, essa ferramenta bastante sofisticada, que permite inclusive realizar análises paramétricas e estocásticas. O detalhe de cada um dos parâmetros do modelo é claramente explicado no manual de usuário (Help) da ferramenta, e esta apostila não se destina a substituí-lo, mas fornece critérios práticos para usar o modelo SAM para avaliações técnico-econômicas a projetos CSP no Brasil. SUMÁRIO MÓDULO I – INTRODUÇÃO, DADOS METEOROLÓGICOS E CAMPO SOLAR ..................................... 7 DESCRIÇÃO DA FERRAMENTA SAM ................................................................................................. 7 DADOS METEOROLÓGICOS ............................................................................................................ 12 CAMPO SOLAR .................................................................................................................................. 16 Concentrador solar .................................................................................................................. 19 Receptor solar .......................................................................................................................... 20 CONCLUSÃO DO MÓDULO ............................................................................................................. 22 MÓDULO II – BLOCO DE POTÊNCIA, BACK-UP E SISTEMA DE ARMAZENAMENTO DE ENERGIA TÉRMICA ............................................................................................................................................... 23 BLOCO DE POTÊNCIA ...................................................................................................................... 23 SISTEMA DE ARMAZENAMENTO DE ENERGIA TÉRMICA ............................................................. 27 CONCLUSÃO DO MÓDULO ............................................................................................................. 29 MÓDULO III – CUSTOS, FINANCIAMENTO E INCENTIVOS ............................................................... 31 CUSTOS .............................................................................................................................................. 31 PARÂMETROS FINANCEIROS, INCENTIVOS E DEPRECIAÇÃO ...................................................... 35 Período de análise ................................................................................................................... 36 Taxa real de desconto ............................................................................................................. 36 Inflação ...................................................................................................................................... 36 Taxa Interna de Retorno (TIR) ................................................................................................ 36 Taxa federal, financiamento, seguro ..................................................................................... 37 Incentivos e depreciação ........................................................................................................ 37 Resumo de dados para modelar projetos CSP no Brasil ................................................... 38 CONCLUSÃO DO MÓDULO ............................................................................................................. 39 MÓDULO IV – SIMULAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................... 41 SIMULAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................................. 41 ANÁLISE PARAMÉTRICA ................................................................................................................... 43 CONCLUSÃO DO MÓDULO ............................................................................................................. 45 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 46 BIBLIOGRAFIA COMENTADA .............................................................................................................. 52 PROFESSOR-AUTOR ............................................................................................................................. 53 Este módulo apresenta a ferramenta System Advisor Model (SAM), desenvolvida pelo National Renewable Energy Laboratory (DOE/NREL/Alliance), dos Estados Unidos, de uso livre, muito usada ao redor do mundo para fazer o dimensionamentono nível de pré-factibilidade técnica e econômica de usinas heliotérmicas. Em paralelo, o módulo discute sobre os parâmetros técnicos e econômicos essenciais para o dimensionamento do campo solar e do bloco de potência para usinas heliotérmicas de cilindro parabólico, com menor ou maior capacidade TES e de hibridização (BUS, do inglês back-up system). Inicialmente, descreve a ferramenta SAM e o seu uso para avaliação técnico-econômica de projetos CSP. Na sequência, exibe as janelas/abas da ferramenta SAM sobre dados meteorológicos e campo solar. Descrição da ferramenta SAM O SAM é um software de uso livre, gratuito, desenvolvida pelo National Renewable Energy Laboratory (DOE/NREL/Alliance), dos Estados Unidos, com o objetivo de dar suporte à comunidade de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e à indústria solar. Inicialmente, foi desenvolvido para satisfazer às necessidades do projeto “Abordagem Baseada no Sistema” (SDA) que foi parte do Programa de Tecnologias da Energia Solar (SETP), pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE). O objetivo do SETP foi desenvolver tecnologias solares com uma relação custo-benefício positiva. Hoje, vários programas do DOE usam o modelo SAM como principal ferramenta para avaliação técnico-econômica de projetos CSP. O software SAM é uma das principais ferramentas de análise de viabilidade técnico- econômica de plantas CSP no nível mundial, permitindo simular uma ampla variedade de plantas. MÓDULO I – INTRODUÇÃO, DADOS METEOROLÓGICOS E CAMPO SOLAR 8 As versões recentes do SAM permitem modelar não só a tecnologia CSP, mas também projetos fotovoltaicos, eólicos, geotérmicos e termelétricas convencionais. Este curso focará só a tecnologia CSP de cilindro parabólico, por ser a tecnologia mais madura e com maior capacidade instalada no mundo até 2020. Vários autores já usaram o modelo SAM para diversos trabalhos de pesquisa na área de CSP, por exemplo, para: simulação e avaliação do desempenho de uma planta solar com cilindros parabólicos nos Estados Unidos (PATNODE, 2006); estudo do Departamento de Mudança Climática e Eficiência Energética da Austrália sobre o potencial técnico CSP na Índia (LOVEGROVE e al.,2011); avaliação do potencial técnico CSP e custos na China e Índia (UNMEL, 2010). O modelo tem sido usado também para várias avaliações da tecnologia CSP no Brasil, por exemplo, no estudo de caso de uma planta CSP no Nordeste (LODI, 2011), na avaliação técnico- econômica de usinas CSP hibridizadas com biomassa no Nordeste (SORIA et al., 2015), na avaliação de usinas CSP hibridizadas com gás natural na bacia do São Francisco (MALAGUETA et al., 2012), na avaliação de usinas de torre solar no Brasil (MILANI, 2014), etc. Além da análise de CSP com cilindros parabólicos, o SAM serve também para analisar outras tecnologias de concentração, como o disco parabólico com motor Stirling (FRASER, 2008), o receptor central de torre (WAGNER, 2008) e o receptor lineal de Fresnel. Além da análise de usinas CSP, nas últimas versões do SAM é possível analisar também aplicações para geração de calor de processo industrial (SHIP, do inglês Solar Heat Industrial Process) com cilindro parabólico e com Fresnel. Por trás da interface do SAM, várias séries do modelo “Transient System Simulation Program” (TRNSYS) são rodadas para cada análise (BLAIR et al., 2008). O TRNSYS, compilado em Fortran, executa a simulação anual em resolução horária em poucos segundos e com alta confiabilidade (BLAIR et al., 2008). Os resultados da versão inicial do SAM (2008) foram validados com dados recolhidos da usina CSP SEGS VI operando na California em 1991, mostrando boa aceitação e adequada simulação dos efeitos transientes nos trocadores de calor e na turbina (PATNODE, 2006). Desde então, dados históricos de outras usinas comerciais CSP foram usados para calibrar adequadamente o modelo, especialmente na opção de modelo empírico. Adicionalmente, o TRNSYS oferece uma base de dados extensa para simulação de modelos de sistemas solares tanto CSP quanto solar fotovoltaico (FV) (WAGNER; GILMAN, 2011). O objetivo principal da ferramenta SAM é permitir ao usuário a investigação dos impactos das variações nos fatores de desempenho e a comparação de custos e de parâmetros financeiros usando um entorno gráfico amigável (GILMAN et al., 2008; BLAIR et al., 2008). O SAM possibilita fazer análises de sensibilidade, paramétricas e estocásticas ao redor dos parâmetros considerados. A versão 2011 permitiu também aplicar funções de otimização, úteis para chegar a valores ideais no desenho (WAGNER; GILMAN, 2011). 9 Nas versões mais atuais do SAM, a opção de otimização não está disponível, entretanto, é possível chegar a resultados similares usando a opção de análise paramétrica, usando diversas iterações. Por exemplo, o SAM permite calcular o custo nivelado da eletricidade (LCOE), o tempo de retorno do investimento, a geração anual de energia elétrica e térmica, os custos de capital, os custos de operação e manutenção (O&M), a superfície de terra, o consumo anual de água, etc. (BLAIR et al., 2008). Embora o SAM tenha sido desenvolvido inicialmente pelo planejamento do DOE e do SAI nos Estados Unidos de América, o interesse de muitos atores da indústria solar, em permanente contato com os esforços de P&D gerou uma transformação no SAM, fazendo-o voltar ao mercado (BLAIR et al., 2008). As versões mais recentes do software incorporam no seu desenho os comentários enviados pelos usuários. De fato, a ferramenta é constantemente atualizada. Até novembro 2020, a versão mais recente do SAM é a v.2020.2.29, que apresenta algumas inovações na modelagem de sistemas CSP e FV, basicamente; entretanto, esta versão não permite variar a fração de hibridização de uma usina CSP. A última versão ainda está em um processo de aperfeiçoamento. Este curso virtual usará a versão 2018.11.11, que é madura e permite analisar o papel da hibridização em uma usina CSP. Isso é importante para o caso brasileiro, onde as usinas CSP poderiam ser hibridizadas com gás natural ou com biomassa. O SAM tem uma boa plataforma on-line e fóruns de discussão – https://sam.nrel.gov/forum.html – em que os usuários podem interagir diretamente com os desenvolvedores da ferramenta, que sempre respondem rapidamente. Da mesma forma, existe muito material disponível na internet – vídeos, webinars, cursos on-line, tutoriais, etc. – que indicam como trabalhar com a ferramenta. A ferramenta e o manual do usuário estão disponíveis unicamente em inglês, fato que tem limitado o seu uso. Precisamente, este curso introdutório em português busca facilitar aos brasileiros o primeiro contato com a ferramenta. O modelo SAM é capaz de integrar o dimensionamento, o financiamento, os incentivos, os custos e o desempenho de uma planta CSP dentro de um modelo único, possibilitando uma análise consistente para uma boa tomada de decisão, olhando tanto questões tecnológicas quanto os custos e aspectos financeiros ao longo da vida do projeto (WAGNER; GILMAN, 2011; NREL, 2009). Dado que os incentivos financeiros são muito críticos para as tecnologias solares, o SAM dá um tratamento especial a essa questão. Dessa forma, por um lado, o SAM possibilita simular no contexto dos Estados Unidos incentivos fiscais, de crédito, seja por geração de energia ou por potência instalada, etc. (NREL, 2011); por outro lado, esse grau de detalhe é uma das limitações quando se trata de projetos fora dos Estados Unidos. Esses modelos são baseados na realidade do setor elétrico norte-americano e, por conseguinte, não devem ser usados diretamente para simular projetos fora dos Estados Unidos. Todos os parâmetros devem ser adaptados ao Brasil e, como o Brasil apresenta uma estrutura de 10 financiamento e taxação única, é preciso tratar adequadamente os dados de entrada antes de rodar simulaçõesno SAM, representativas da realidade brasileira. Além disso, o conjunto de parâmetros financeiros escolhidos deve ser adaptado conforme o tipo de mercado modelado: residencial, comercial ou planta produtora de energia. Também é possível analisar vários tipos de esquemas contratuais, como geração distribuída ou contrato de compra de energia (PPA, do inglês Power Purchase Agreement). Adicionalmente, o SAM tem a capacidade de usar uma variedade de dados climatológicos em formato Typical Meteorological Year (TMY), que reúnem as informações necessárias – irradiação direta normal DNI, irradiação global GHI, velocidade do vento, temperatura ambiente, etc. – para o desenho do campo solar e para o cálculo da energia elétrica gerada ao longo de um ano típico em intervalos de uma hora (NREL, 2011). Atualmente, os dados meteorológicos do SAM são extraídos da base de dados National Solar Resource Data Base (NSRDB) desenvolvida por NREL, com uma resolução espacial de pixel de 4 km x 4 km (NREL GEOSPATIAL DATA SCIENCE, 2019). Isto é um grande avanço considerando a resolução prévia de 40 km x 40 km. O SAM, como ferramenta de simulação, permite a análise dos parâmetros climatológicos, econômicos e financeiros que norteiam a produção de eletricidade CSP. Também, as suas opções para análises paramétricas permitem o desenho da planta e a simulação da sua operação ao longo de um ano típico meteorológico. O SAM apresenta dois modelos de análise para a tecnologia CSP: o físico e o empírico. O modelo empírico roda com um conjunto de equações baseadas em análises de dados coletados principalmente das plantas SEGS nos Estados Unidos. No entanto, o modelo físico usa princípios de transferência de calor, termodinâmica e mecânica de fluidos para caracterizar cada um dos componentes da planta usando modelos matemáticos que representam a geometria e o funcionamento dos componentes da planta. Para fins de P&D, recomenda-se que as simulações usem o modelo físico, dada a flexibilidade que ele apresenta para a simulação de plantas CSP diferentes dos padrões SEGS. A flexibilidade do modelo físico, no entanto, pode acarretar maior incerteza nos resultados obtidos em comparação ao modelo empírico (NREL, 2011), especialmente quando os fenômenos físicos não são bem entendidos. A figura 1 apresenta a tela de início da ferramenta SAM. Este curso focará a tecnologia CSP de cilindro parabólico, modelo físico, esquema comercial de contrato de compra de energia (PPA). 11 Figura 1 – Tela de início da ferramenta SAM Fonte: SAM v.2018.11.11 Os dados de entrada do modelo estão organizados em janelas/abas no interior do SAM, fazendo as seguintes distinções: localização e clima, campo solar, montagem dos coletores, receptores, ciclo de potência, sistema armazenamento de energia térmica, perdas parasíticas e variáveis definidas pelo usuário, custos, financiamento, incentivos, depreciação e fatores para otimizar o despacho em caso de uso de uma tarifa horária. A figura 2 apresenta o menu principal, localizado na esquerda da janela principal da ferramenta. 12 Figura 2 – Menu principal, modelo CSP de cilindro parabólico, físico, PPA Fonte: SAM v.2018.11.11 Na sequência, cada uma das abas deste menu será apresentada. Dados meteorológicos Faz pouco tempo, uma das limitações para avaliar projetos CSP no Brasil era a disponibilidade de dados climatológicos em formato TMY. Tipicamente, usavam-se dados obtidos dos principais aeroportos do País em formato EPW e STAT (EERE, 2011), que podiam ser lidos pelo SAM. Entretanto, atualmente, os dados meteorológicos do SAM são extraídos da base de dados NSRDB desenvolvida pelo NREL, com uma resolução espacial de pixel de 4 km x 4 km, para qualquer ponto do País até a latitude -20,4 graus, que está limitada pela cobertura do satélite usado, conforme figura 3 (NREL GEOSPATIAL DATA SCIENCE, 2019). 13 Figura 3 – Irradiação direta normal média anual (kWh/m2/dia), valores segundo o Physical Solar Model (PSM) desenvolvido por NREL, apresentado na base de dados NSRDB Fonte: NREL Geospatial Data Science (2019). As regiões de maior potencial CSP no Brasil estão localizadas no Nordeste, para o qual existem dados TMY do NSRDB. Análises em regiões com potencial CSP no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil ainda devem usar dados meteorológicos fornecidos pelos aeroportos ou pelas estações climatológicas existentes, mas esses dados devem ser processados apropriadamente para tê-los no formato TMY, antes de serem utilizados no SAM. Dado que uma planta CSP só teria potencial econômico em regiões com DNI maiores que 5,5 kWh/m2/dia (ARVIZU et al., 2011; TRIEB et al., 2014; VIEBAHN et al., 2011), o primeiro passo deve ser escolher uma localização adequada para o projeto CSP. Uma vez feita a escolha da localidade, na sequência, o SAM apresenta os dados climatológicos mais importantes que influenciam no desenho, na operação e no desempenho de uma planta solar CSP (NREL, 2011; PATNODE, 2006). O software SAM, por meio da sua ferramenta D-VIEW1 permite visualizar os dados climatológicos em diferentes formatos gráficos e estatísticos, assim como exportá-los e administrá-los no Excel (NREL, 2011). A tabela 1 apresenta os dados climatológicos mais importantes apresentados no SAM para uma localidade escolhida. 1 Time series data viewer. 14 Tabela 1 – Dados climatológicos mais importantes apresentados no SAM dados climatológicos informação da localidade cidade estado fuso horário elevação latitude longitude dados climatológicos anuais irradiação direta normal (DNI) irradiação global horizontal temperatura de bulbo seco velocidade do vento Fonte: Elaboração própria usando dados do SAM/DVIEW A figura 4 traz um exemplo da visualização da ferramenta D-VIEW do SAM, útil para analisar a série horária de dados climatológicos. No exemplo, apresentam-se em resolução horária três dias consecutivos do mês de novembro, indicando a irradiação solar (DNI e GHI). 15 Figura 4 – Exemplo de apresentação gráfica do SAM D-VIEW v.2018.11.11. Dados horários de três dias de DNI e GHI da cidade Bom Jesus da Lapa na região Nordeste do Brasil Fonte: NREL, Geospatial Data Science (2019), SAM. A irradiação DNI horária é usada durante a simulação para calcular a superfície do campo solar requerida para que ele forneça o calor necessário para que o bloco de potência opere a plena carga (NREL, 2011). Porém, para dimensionar o campo solar – na aba Campo Solar – não são considerados os dados climatológicos hora a hora do ano típico meteorológico, unicamente é considerado um valor DNI de projeto, cuja escolha deve ser criteriosa. Esse valor depende da localização geográfica. Dessa forma, 950 W/m2 é um bom valor para o Deserto de Mojave na Califórnia, e 800 W/m2 é apropriado para o sul da Espanha (NREL, 2011). Soria (2011), em estudo para a região Centro-Oeste do Brasil, adotou um valor de DNI de 688 W/m2 para o dimensionamento do campo solar, que corresponde ao quartil superior do boxplot2 da irradiação anual média. A figura 5 apresenta um exemplo para a cidade de Campo Grande. 2 Descrição estatística gráfica que apresenta cinco quartis. 16 Figura 5 – Irradiação normal direta (DNI) mensal e anual em Campo Grande. Formato boxplot Fonte: Soria (2011). Os dados da temperatura ambiente e da velocidade do vento são referências usadas para calcular as perdas de calor nas tubulações do campo solar. Campo solar Nesta unidade, são apresentados os detalhes do campo solar e os seus parâmetros técnicos, usados durante a simulação. Uma das principais seções se relaciona à escolha, e posterior otimização, do múltiplo solar (MS), conformefigura 6. Múltiplo solar (MS) é a superfície do campo solar instalado expressada como múltiplo da superfície do campo solar requerido para operar o bloco de potência na sua capacidade de desenho – plena carga (NREL, 2011). Se não houver perdas parasíticas, um MS igual a 1 asseguraria que o calor necessário para que o bloco de potência opere a plena carga está sendo proporcionado pelo campo solar instalado. Dado que existem perdas térmicas importantes, o MS geralmente é maior a unidade. 17 Figura 6 – Janela: campo solar/múltiplo solar. Valores padrão Fonte: SAM v.2018.11.11 O múltiplo solar para plantas CSP simples é sempre maior do que a unidade, para atingir condições nominais no bloco de potência durante um intervalo de tempo maior do que seria obtido com um múltiplo solar de um. No entanto, um valor de múltiplo solar maior em plantas sem armazenamento térmico conduz à sobreprodução de calor que não poderá ser utilizada na geração elétrica. Embora essa configuração permita ao bloco de potência trabalhar em condições nominais por períodos de tempo longos, o custo do kWhe será mais caro devido à existência de investimento sem lucratividade (MONTES et al., 2009). A decisão ótima deve analisar também o tamanho do sistema de armazenamento de calor TES. O SAM traz uma base de dados de fluidos de transferência de calor (HTF, do inglês Heat Thermal Fluid), conforme figura 7. 18 Figura 7 – Janela: Campo solar/HTF. Valores padrão do SAM, correspondentes a uma usina CSP nos Estados Unidos Fonte: SAM v.2018.11.11 Um dos fluidos mais usados para projetos CSP atualmente é o fluido VP-1, que é um óleo sintético considerado como o fluido padrão para plantas CSP construídas até 2020. As plantas CSP “do futuro” poderiam usar diretamente sais fundidos como fluido de transferência de calor, evitando perdas em trocadores de calor adicionais, segundo as visões dos especialistas internacionais (ARVIZU et al., 2011; DERSCH et al., 2020; DIECKMANN et al., 2017; NREL, 2018; PITZ- PAAL, 2019; PITZ-PAAL; GUILIANO; WITTMANN, 2015). Os sistemas de armazenamento de calor do tipo direto não precisam de trocador de calor adicional porque o fluido que circula no campo solar é o mesmo usado nos tanques de estocagem de calor (NREL, 2009; NREL, 2010). O SAM também apresenta opções de sais fundidos, tanto para o seu uso como HTF como para meio de armazenamento de calor. O SAM também permite ajustar a orientação dos coletores, a quantidade de água usada para a lavagem dos espelhos, a superfície de terra usada, e tem vários fatores para ajustar as perdas de energia térmica ao longo dos processos da usina, conforme figura 8. 19 Figura 8 – Janela: campo solar/outros parâmetros. Valores padrão do SAM, correspondentes a uma usina CSP nos Estados Unidos Fonte: SAM v.2018.11.11 Concentrador solar Embora os concentradores solares componham os coletores solares, e estes integrem o campo solar, o SAM separa em uma janela diferente o relacionado aos detalhes do concentrador solar. Neste tópico, são apresentados os detalhes dos concentradores solares, e os seus parâmetros técnicos, usados durante a simulação. O modelo contém uma base de dados com uma boa quantidade de concentradores solares e os seus detalhes técnicos. A figura 9 apresenta alguns dos coletores solares incorporados no modelo SAM. Por exemplo, os coletores escolhidos na figura 9 (Solargenix SGX-1) são os mesmos usados na planta Nevada Solar One, de 64 MWe, nos Estados Unidos (NREL, 2011). Figura 9 – Janela: concentrador solar/base de coletores Fonte: SAM v.2018.11.11 Na sequência, o modelo SAM permite a escolha de vários tipos de coletores, ou de várias situações de operação de coletores, instalados em série; e filas instaladas em paralelo. Para cada coletor indica-se a informação completa sobre a sua geometria e parâmetros óticos, conforme a figura 10. 20 Figura 10 – Janela: Concentrador solar/Escolha do coletor Fonte: SAM v.2018.11.11 Recentemente, Soria et al. (2019) avaliaram e compararam os principais parâmetros técnicos e econômicos de coletores de espelho de vidro e de coletores de alumínio anodizado, no contexto brasileiro. Receptor solar Embora o receptor componha o coleto solar e, dessa forma, faça parte do campo solar, o SAM separa em uma janela diferente o relacionado aos detalhes do receptor solar. Neste tópico, são apresentados os detalhes dos receptores solares e os seus parâmetros técnicos, usados durante a simulação. O modelo contém uma base de dados com uma boa quantidade de receptores solares e os seus detalhes técnicos. A figura 11 apresenta alguns dos receptores solares incorporados no modelo SAM. Por exemplo, os receptores escolhidos na figura 11 (Schott PTR70), de uso comercial e alta confiabilidade, são os mesmos usados nas plantas Andasol I e II da Espanha (FERNÁNDEZ- GARCÍA et al., 2010; NREL, 2011). 21 Figura 11 – Janela: receptor solar/base de receptores Fonte: SAM v.2018.11.11 Na sequência, o modelo SAM permite a escolha de vários tipos de receptores, ou de várias situações de operação dos receptores, instalados em série; e filas instaladas em paralelo. Para cada receptor indica-se a informação completa sobre a sua geometria e parâmetros óticos-térmicos, conforme figura 12. Figura 12 – Janela: receptor solar/escolha do receptor Fonte: SAM v.2018.11.11 22 Conclusão do módulo O curso foca o uso da ferramenta SAM para avaliação técnica e econômica de projetos CSP, de cilindro parabólico. A ferramenta, desenvolvida pelo NREL dos Estados Unidos de América, é de uso livre. A interfase de usuário da ferramenta apresenta um menu principal no lado esquerdo, em que várias janelas permitem acessar os dados específicos de: escolha de lugar, com os respectivos dados meteorológicos; campo solar, incluindo a escolha do fluido de transferência de calor; concentradores; receptores; bloco de potência; sistema de armazenamento de energia térmica; custos; análise financeira e perdas parasíticas. É possível escolher um lugar específico para realizar a simulação da operação da usina. Para isso, o usuário deve ingressar as coordenadas – latitude e longitude – do lugar. O SAM descarrega um arquivo .TMY, que traz valores horários para um ano típico meteorológico das principais variáveis climatológicas: irradiação solar direta e global, velocidade do vento, temperatura ambiente, etc. Na aba de campo solar é possível escolher o valor de DNI para o desenho do projeto, o fluido de transferência de calor que circula pelo campo solar, e parâmetros para a configuração geométrica e ordem do campo solar. Embora as superfícies refletivas – concentradores – e receptores integram o coletor solar, e a união de coletores forma o campo solar, estes itens são detalhados em janelas independentes. Para cada um, o software fornece uma lista de modelos comerciais, com as suas caraterísticas. É necessário escolher o tipo de concentrador e receptor para continuar. Uma usina CSP é basicamente uma termelétrica renovável. A principal fonte de energia térmica é o campo solar, mas a configuração do bloco de potência de uma usina CSP é muito similar a qualquer outra usina térmica que use combustível fóssil. Este módulo apresenta os critérios para modelar o bloco de potência. Entretanto, usinas CSP podem instalar sistemas de armazenamento de energia térmica e sistemas de back-up com caldeira auxiliar, o que permite usar o bloco de potência instalado para produzir eletricidade fora do horário de sol. Este módulo também apresenta como incluir esses sistemas na modelagem de uma usina CSP. Bloco de potência O parâmetro mais importante a ser definido nesta unidade é o tamanho da usina ou capacidade instalada, em MWe. O SAM não conta com uma base de dados de fabricantesde turbinas; dessa forma, o único dado de entrada usado para modelar o bloco de potência é a sua eficiência. Para um ciclo Rankine – turbina a vapor de água – em usina CSP, o valor de eficiência médio é de 37,7% (NREL, 2011; CORRÊA NETO, 2001). Também é importante a eficiência da caldeira de back-up, que depende do combustível utilizado. Caldeiras a gás natural são bastante eficientes – aproximadamente 90% de eficiência – enquanto caldeiras a biomassa podem ter eficiências de 65% a 80%, dependendo do tipo de combustível e do nível de pressão na operação. Existem duas configurações para a operação de um sistema de hibridização: o modo de operação de mínimo nível de back-up e o modo de operação suplementar. No modo de operação de mínimo MÓDULO II – BLOCO DE POTÊNCIA, BACK-UP E SISTEMA DE ARMAZENAMENTO DE ENERGIA TÉRMICA 24 nível de back-up, o fator de hibridização (FH) define a quantidade de hibridização como uma função do calor gerado no campo solar – e da energia disponível desde o sistema de armazenamento de energia térmica, se for o caso –, para cada hora, e da capacidade nominal da turbina. No modo de operação de mínimo nível de back-up, o sistema de hibridização ativa-se quando o calor gerado no campo solar não é suficiente para operar a turbina a plena carga. Se a turbina operar a plena carga somente com o calor gerado no campo solar, o sistema de back-up não liga. Por exemplo, para um FH de 0,75, a caldeira de back-up ativa-se sempre que o calor gerado no campo solar for inferior ao requerido para operar 75% da capacidade nominal do bloco de potência. Por sua vez, o regime de operação suplementar adota um sistema de back-up de capacidade máxima constante, que opera de forma permanente para atender, com a caldeira suplementar, ao mínimo do calor requerido pela turbina a vapor. Neste regime, o tamanho do sistema do back-up é definido pelo produto da FH e da capacidade nominal do bloco de potência. Maiores detalhes em Soria (2016) . A figura 13 apresenta as janelas nas quais é definido o tamanho da usina, a eficiência do bloco de potência, a eficiência da caldeira de back-up, e a escolha do modo de operação do sistema de back-up. Figura 13 – Janela: bloco de potência/capacidade e dimensionamento do bloco de potência Fonte: SAM v.2018.11.11 25 Neste tópico, é importante indicar alguns fatores para o controle da usina. Devem ser especificadas as caraterísticas da turbina, por exemplo: i) que pode operar no máximo com 5% de sobrecarga com relação à capacidade nominal; ii) no mínimo, precisa operar com 20% de carga, com relação à capacidade nominal; iii) a flexibilidade (tempo para ligar/desligar a/desde um nível de potência), etc., conforme figura 14. Figura 14 – Janela: bloco de potência/controle da usina Fonte: SAM v.2018.11.11 Finalmente, existe uma janela para organizar os principais parâmetros para a operação e o controle da usina CSP hibridizada (Ver figura 15). É importante ajustar a pressão de operação da caldeira. Tipicamente, caldeiras a gás natural conseguem trabalhar a pressões muito altas, perto de 100 bar. Por outro lado, caldeiras a biomassa podem trabalhar em pressões menores, de 20 bar a 80 bar, dependendo do tipo de caldeira e combustível. No Brasil, as regiões Sudeste e Centro-Oeste têm um grande potencial para usar bagaço de cana como combustível no sistema de back-up de usinas CSP hibridizadas. Nessas regiões há bastante bagaço e palha que não têm atualmente um uso produtivo. Por outro lado, na região Nordeste, também existem biomassas locais que, se forem manejadas de forma sustentável, poderiam ser usadas para fornecer madeira a usinas CSP (SORIA et al., 2015). 26 Figura 15 – Janela: bloco de potência/operação e controle da usina CSP hibridizada Fonte: SAM v.2018.11.11 Também é importante calibrar de forma adequada o tipo de sistema de refrigeração do bloco de potência. Uma usina CSP de cilindro parabólico com resfriamento evaporativo precisa de uma vazão de água de 3-4 m3/MWh de eletricidade produzida (CLIFTON; BORUFF, 2010; DOE, 2009). O uso de água para o ciclo Rankine e para a limpeza dos coletores solares é pequeno – 2% do consumo total de água – em comparação ao uso para resfriamento do condensado em um sistema evaporativo. Em regiões onde não há a quantidade de água suficiente, pode ser usado um sistema de resfriamento seco, que diminui em 90% o consumo de água, mas representa um custo adicional na eletricidade gerada de 2% a 10% e ocasiona uma penalidade energética de aproximadamente 5%, embora esses valores dependam de vários fatores ambientais e tecnológicos (DOE, 2009). Em zonas onde não há disponibilidade de água, cogitam-se as alternativas de usar água subterrânea extraída de poços ou de usar efluentes de esgoto tratados (CLIFTON; BORUFF, 2010). Plantas CSP de cilindro parabólico na região Centro-Oeste/Sudeste do Brasil deveriam ser simuladas com resfriamento evaporativo, pois é uma zona rica em recursos hídricos. Para a região Nordeste, deveriam simular-se usando resfriamento seco, ou um sistema híbrido, pois é uma zona semidesértica com poucos corpos de água próximos (SCHAEFFER et al., 2012). O SAM apresenta em duas janelas adicionais os parâmetros para considerar as perdas parasíticas e a degradação da usina ao longo da vida do projeto. 27 Sistema de armazenamento de energia térmica Um sistema de armazenamento de energia térmica (TES) é dimensionado em horas de armazenamento de energia térmica necessárias para operar o bloco de potência a plena carga (Ver figura 16). Comumente refere-se a esta capacidade em número de horas. A literatura em inglês refere-se a full load hours (FLH). Se um sistema TES é parte da planta, o calor do sol coletado durante o dia pode ser armazenado em sistemas térmicos, atualmente baseados em óleos sintéticos e sais fundidos, para reter a energia térmica durante algumas horas (BAHAROON et al., 2015; IEA, 2014a). À noite, o calor pode ser extraído do armazenamento para ativar o ciclo de potência de forma contínua. O principal benefício de usar sistemas de TES em plantas CSP é que elas podem gerar energia elétrica fora do horário de operação regular, quando já não há mais sol, aumentando a sua flexibilidade. O TES mais usado comercialmente na atualidade baseia-se em um sistema de dois tanques – um a baixa temperatura e outro a alta temperatura –, trocadores de calor, fluido de transferência de calor, meio de armazenamento de energia térmica e um sistema de controle apropriado (BAHAROON et al., 2015; PSA, 2015). Em momentos de excesso de energia térmica, parte dela é transferida para um meio de armazenamento – sal fundido, óleo, concreto, etc. –, por meio de um trocador de calor. Depois, o fluido do tanque mais frio será aquecido quando circule pelo trocador de calor e direcionado ao tanque mais quente. Em momentos de baixa irradiação, períodos nublados ou mesmo à noite, o fluido quente do tanque de armazenamento pode ser reconduzido ao trocador de calor, para desta vez transferir calor ao bloco de potência. A capacidade de produzir uma quantidade de energia elétrica firme a qualquer hora tem um valor especial para uma usina do ponto de vista do operador do sistema elétrico. O despacho de usinas CSP com TES – energia firme e com alta flexibilidade – pode ajudar o operador do sistema a controlar melhor a variação da demanda ao longo do dia e a queda abrupta na geração das energias renováveis variáveis (VER), especialmente quando isso acontece nos picos. Para dimensionar o TES, o SAM pergunta o número de horas de armazenamento de calor durante as quais o bloco de potência poderia operar a potência nominal. A figura 16 ilustra a quantidade de parâmetros técnicos que devem ser dimensionados. A forma mais simples é escolher o tamanho do TES em horas; dessa forma, o modelo calcula ovolume do meio de armazenamento de calor. Dado um volume, é possível escolher uma geometria para os tanques. Também é possível escolher o meio de armazenamento de calor, mas o mais usado atualmente no nível internacional está baseado em sais fundidos. Cada um dos parâmetros deve ser calculado minuciosamente a partir dos modelos físicos detalhados de transferência de calor, termodinâmica e mecânica dos fluidos, mas, para fazer uma análise preliminar, vários dos parâmetros que vêm por padrão no modelo – a partir de usinas CSP operando nos Estados Unidos – poderiam ser usados, tendo a precaução de que são resultados preliminares e que deveriam posteriormente ser refinados modelando em detalhe o fenômeno físico. 28 Figura 16 – Janela: bloco de potência/sistema de armazenamento Fonte: SAM v.2018.11.11 A figura 17 apresenta as possibilidades para definir o uso dos sistemas de armazenamento de energia térmica e do sistema de back-up. Com base nos horários de um dia típico de semana – de segunda a sexta-feira – e de final de semana, definem-se as regras para armazenar ou usar energia térmica armazenada no TES, e, para complementar essa geração térmica solar com uma caldeira auxiliar. 29 Figura 17 – Janela: bloco de potência/controle de despacho Fonte: SAM v.2018.11.11 Conclusão do módulo Este módulo apresentou os principais critérios que devem ser considerados para a modelagem do bloco de potência, incluindo o sistema de back-up e o sistema de armazenamento de energia térmica. No bloco de potência, o principal parâmetro é a capacidade instalada do projeto, que impacta o dimensionamento do campo solar e do sistema de armazenamento de energia térmica. Outros parâmetros que devem ser revisados incluem a eficiência do ciclo termodinâmico, a eficiência da caldeira – segundo o tipo de combustível usado – e o tipo de resfriamento do bloco de potência. Entre os principais parâmetros que devem ser definidos no SAM para o dimensionamento do sistema de armazenamento de energia térmica estão o número de horas que o bloco de potência poderia operar a potência nominal com a energia térmica armazenada. Também é importante definir o meio de armazenamento de energia térmica. 30 Este módulo apresenta os principais critérios que devem ser usados para utilizar de forma apropriada as seções de custos, financiamento e incentivos da ferramenta SAM. Ressalta-se que os valores-padrão correspondem a uma estrutura de custos internacional e esquemas de financiamento, depreciação e outros incentivos próprios dos Estados Unidos de América. É necessário adaptar esses valores, na medida do possível, à realidade brasileira em função dos dados disponíveis para projetos CSP operando no Brasil. Custos Os valores-padrão de custos disponíveis no SAM, para uma planta CSP de cilindro parabólico, refletem as melhores estimações do NREL para representar os custos nos Estados Unidos (NREL, 2011). O SAM inicialmente apresenta valores-padrão de custos de capital (diretos e indiretos) e custos de operação e manutenção (fixos e variáveis) para plantas CSP entendidas como representativas nos Estados Unidos. Por exemplo, os valores de SAM versão 2011, para cilindro parabólico, estavam baseados no estudo de custos de uma planta de referência de 100 MWe com resfriamento úmido, desenvolvido pelo grupo consultor Worley Parsons e também com base em discussões mantidas com empresários e industriais (NREL, 2011). Os custos da versão SAM 2014, e posteriores, estão fortemente baseados no estudo de Turchi (2010). Esses custos são valores médios nos Estados Unidos, mas não representam um mercado ou uma localidade específica dentro do país (NREL, 2011). Os custos de um projeto CSP variam segundo o mercado, a tecnologia e a locação geográfica do projeto. MÓDULO III – CUSTOS, FINANCIAMENTO E INCENTIVOS 32 A tabela 2 apresenta a evolução dos custos do SAM, desde a versão 2011 até a versão v.2018.11.11, considerada neste curso. A análise mais importante deve ser feita sobre os custos da tecnologia. Basicamente, constata-se que houve uma queda de custo para o campo solar e para os fluidos de transferência de calor. O somatório dos itens “bloco de potência” e “balanço de planta” incrementou ligeiramente. O custo do terreno e da melhoria do terreno, adequados para os Estados Unidos, devem ser atualizados para a realidade brasileira. Tabela 2 – Evolução de custos no modelo SAM para cilindro parabólico SAM 2011.6.30 SAM 2018.11.11 custos diretos de capital melhorias do terreno USD/m2 25 25 campo solar USD/m2 295 150 sistema com fluido térmico de alta temperatura USD/m2 90 60 armazenamento de energia térmica USD/kWht 80 62 back-up fóssil USD/kWe 0 0 bloco de potência USD/kWe 940 910 balanço da planta USD/kWe 0 90 contingências % 7 7 custos indiretos de capital EPC e custos próprios % sobre o total de custos diretos 11% 11% terreno % sobre o total de custos diretos 2% 1,5% imposto sobre vendas % sobre 80% do total de custos diretos 5% 5% custos de operação e manutenção custo anual fixo USD/ano 0 0 custo fixo por capacidade USD/kW/ ano 70 66 custo variável por geração USD/MWh 3 4 custo do combustível USD/MMBTU 0 0 Fonte: Elaboração própria, baseado em NREL (2011, 2014, 2019). 33 Usando essa configuração típica de custos, proposta pelo NREL no seu modelo SAM, é possível apreciar o peso aproximado de cada item no total de custo de um projeto de cilindro parabólico na figura 18. Figura 18 – Distribuição de custos em uma planta CSP de cilindro parabólico de referência Fonte: NREL (2010). Se o usuário não tiver dados oficiais de custos para a tecnologia CSP no Brasil, os dados sobre custos de capital e O&M propostos pelo SAM constituem uma primeira boa referência para avaliar um projeto de forma preliminar, mas, na medida do possível, custos mais adaptados à realidade brasileira devem ser usados. Dessa forma, os dados específicos, como o valor da terra, o valor da contingência, as taxas e os tributos e o custo do combustível de hibridização, devem ser alterados no SAM, para caracterizar o caso da localidade brasileira específica onde se realizaria o estudo de caso. O valor da terra é um dos fatores que devem ser próprios para a realidade brasileira. No Brasil, esse valor varia de acordo com o uso do solo e a localização geográfica segundo o estado. Por exemplo, a análise de mercado da Scot Consultoria (2009) apresenta para a região Centro-Oeste valores de terra de pastagem na faixa de R$ 4.000/ha a R$ 8.000/há, e de R$ 7.000/ha a R$ 15.000/ha para terras de agricultura (SCOT CONSULTORIA, 2010). A priori, considera-se que a terra para agricultura não pode ser tomada em consideração para a instalação de uma planta CSP. 31% 9% 17% 13% 7% 12% 3% 5% 3% Campo solar Sistema de fluido de transferência de calor Armazenamento de energia térmica Bloco de potência Contingência EPC Terra e licenciamentos Imposto à venda de energia (fração do custo direto) Melhorias no terreno 34 Considera-se que o valor da contingência deve ser conservador, dado que não há experiências prévias com CSP no Brasil (SCHAEFFER et al., 2012). Um valor de contingência conservador é 20%, proposto para a análise de custos de usinas termelétricas (UTEs) a carvão e UTEs com carbon capture and storage (CCS) no Brasil (HOFFMANN, 2010). O valor de 20% é conservador com relação ao 7% padrão proposto no SAM para plantas CSP nos Estados Unidos (NREL, 2011). Existe pouca informação atual com relação ao preço do bagaço e os seus custos de colheita e transporte. Por outro lado, existem várias fontes de informação sobre o custo do gás natural para UTEs no Brasil. Os custos dos combustíveis tradicionais são públicos e devem ser usados nas simulações no SAM. O SAM nãopermite incluir explicitamente o valor da taxa por uso do sistema de distribuição (TUSD), por isso, para considerá-la na avaliação, ela pode ser somada no custo fixo por potência instalada, considerada entre os custos O&M. Essa é uma forma para conseguir simular a influência dessa taxa no custo da energia de uma planta CSP no Brasil. A tabela 3 apresenta os custos usados por Soria (2011) para a simulação de diversas configurações de usinas CSP no Brasil. Para mais informação e detalhes sobre os cenários e as premissas, consultar a referência original. 35 Tabela 3 – Custos usados na simulação de plantas CSP no Brasil tecnologia (cenários base e alternativo) detalhe dos custos CSP_simples CSP_CAC* CSP_HIB** CSP_CAC_HIB CSP_do futuro custos do sistema com cilindro parabólico custos diretos de capital obras de melhoria do sítio 25 USD/m2 campo solar 295 USD/m2 260 USD/m2 fluido de transferência de calor 90 USD/m2 84,6 USD/m2 armazenamento térmico 0 USD/kWht 80 USD/kWht 0 USD/kWht 80 USD/kWht 70,4 USD/kWht sistema de hibridização 0 USD/kWe 420 USD/kWe 0 USD/kWe bloco de potência 940 USD/kWe 893 USD/kWe contingência 20% 10% custos indiretos de capital EPC e custos do proprietário 11% dos custos diretos terra 3.100 USD/ha custos de operação e manutenção custo fixo por potência 139 USD/kW – ano no cenário base, e 70 USD/kW – ano no cenário alternativo 70 USD/kW – ano, só é simulado no cenário alternativo custo variável por geração 3 USD/MWh custo do combustível de hibridização 0 USD/MMBTU 1,47 USD/MMBTU 0 USD/MMBTU * CAC: com armazenamento de calor ** HIB: hibridização Fonte: Soria (2011) Parâmetros financeiros, incentivos e depreciação Os principais parâmetros usados no SAM para avaliar usinas CSP foram discutidos por SOria (2011), o qual cita algumas informações. 36 Período de análise O período de vida usual, tanto do campo solar como do bloco de potência, é de 30 anos; o período de vida do sistema de armazenamento de calor é de 25 anos; e o das edificações, ao redor de 60 anos (VIEBAHN et al., 2008; 2011). Para o estudo financeiro de plantas CSP, o período de análise comum é de 25-30 anos (IEA, 2010; LODI, 2011; ARVIZU et al., 2011; PETERS et al., 2011; VIEBAHN et al., 2011; etc.). Taxa real de desconto Vários estudos consideram uma taxa real de desconto de 10% ao ano para estudos de caso com tecnologia CSP e para desenvolver cenários de instalação de usinas CSP (IEA, 2010; 2008; ARVIZU et al., 2011; MONTES et al., 2011). Entretanto, o valor da taxa de desconto depende da ótica de análise. O valor varia entre a visão do bem-estar comum do governo e a visão de lucro dos investidores privados, cada um tem uma percepção diferente do valor do dinheiro ao longo do período de análise. Inflação Recomenda-se usar um valor de inflação igual a zero, e analisar os resultados em termos reais. O SAM calcula, por exemplo, o custo nivelado da eletricidade (LCOE) em termos reais e nominais. Dependendo do objetivo do estudo, deve ser avaliado o uso – e o valor usado – da variável inflação. Taxa Interna de Retorno (TIR) Com o objetivo de avaliar a atratividade financeira, recomenda-se adotar como indicador a taxa interna de retorno (TIR) equivalente à de projetos similares. O valor da TIR deve ser superior ao Custo Médio Ponderado de Capital (CMPC)3 da empresa ou do grupo de empresas que façam o investimento. Recomenda-se considerar uma TIR estimada para a análise de projetos CSP de 15% ao ano, valor considerado razoável para esse tipo de projetos elétricos renováveis. Esse valor também varia segundo a ótica do investidor ou planejador. 3 O CMPC é a taxa usada pela empresa para calcular o fluxo de caixa do negócio. Ela converte um valor futuro em um presente, para todos os seus investidores, considerando que tanto credores como acionistas esperam obter retorno em relação ao custo de oportunidade de investir recursos em um negócio específico, em lugar de investir esses recursos em outro de risco equivalente (LUMBRAS ENERGÉTICA; ECOINV GLOBAL, 2008). 37 Taxa federal, financiamento, seguro Avaliações prévias de usinas CSP no Brasil escolheram um valor de tributo federal que varia entre 34%, para um cenário base, e 27%, para cenários alternativos que supõem reduções da carga de taxas e impostos para incentivar o desenvolvimento de energias renováveis (SORIA, 2011). Um valor de 0,5% do total de custos instalados poderia ser usado para o valor de seguro. Em cenários de incentivo a tecnologias renováveis, como a CSP, deveriam considerar, por exemplo, o financiamento por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com a linha Finem. Essa linha de financiamento usa uma taxa próxima a 7,4% a.a., com prazo de amortização de 16 anos e fração de dívida de 70%. Recomenda-se sempre atualizar os valores segundo informação oficial do banco. Incentivos e depreciação O SAM traz janelas específicas para considerar os incentivos, a depreciação e as regras de despacho/remuneração segundo esquemas de tarifação horária. Ressalta-se a importância de verificar os incentivos que existem no Brasil e incluí-los da melhor forma no modelo. Ao criar um arquivo novo, o SAM apresenta valores-padrão, inclusive para os incentivos. Muitos desses incentivos, esquemas de depreciação e regras de despacho segundo tarifa horária não existem no Brasil. É importante verificar que estes não fiquem ativos no arquivo, ou adaptá-los para o caso de estudo. No Brasil, por exemplo, costuma-se usar uma regra de depreciação lineal em 10 anos, mas é interessante avaliar outros esquemas que o SAM propõe, que poderiam ser sugeridos como políticas interessantes em cenários alternativos. 38 Resumo de dados para modelar projetos CSP no Brasil O resumo de todos os valores usados por Soria (2011) no SAM para modelar a parte financeira de diversas usinas CSP no Brasil é apresentado na tabela 4. Tabela 4 – Parâmetros financeiros usados como entrada no SAM cenário parâmetro base alternativo financiamento general período de análise 30 anos inflação 0% (avaliação em termos reais) taxas e garantias taxa real de desconto 10% taxa federal 34% 27% seguro 0,5% do custo total instalado valor de salvamento valor de salvamento líquido 0% do custo total instalado parâmetros do empréstimo prazo de amortização * 16 anos taxa de juros * 7,4% a.a. fração de dívida * 70% modo de solução especificar a TIR e calcular o PPA ou especificar o PPA e calcular a TIR especificar a TIR e calcular o preço da energia (PPA) meta de TIR específico TIR mínima requerida 15% (a.a.) depreciação federal depreciação federal linear 10 anos macros 5 anos * O cenário base não considera financiamento. Fonte: Soria (2011). 39 Conclusão do módulo Este módulo revisou os principais parâmetros para incluir os custos do projeto: custo de capital desagregado por sistema, custos de operação e manutenção (O&M) fixos e variáveis e custo de combustível. Considerando estes custos, uma taxa de desconto e o período de análise do projeto, o SAM calcula o custo nivelado da eletricidade (LCOE). Além dos custos, em uma aba diferente, todos os parâmetros financeiros devem ser indicados: fração da dívida; taxa de interesse; período de análise financeira, que será igual à vida útil da planta; inflação; taxa de desconto; taxa interna de retorno (TIR) esperada. Finalmente, o SAM permite incluir na avaliação técnica e financeira outros incentivos ou políticas que alavanquem o projeto CSP, por exemplo, podem ser incluídos subsídios, ingressos não reembolsáveis, tarifas preferencias, tarifas horárias que impactam a regra de despacho, osesquemas de depreciação acelerada, etc. Recomenda-se sempre verificar que os incentivos ativos no modelo sejam os que se quer considerar para o caso de estudo. 40 Uma vez que todos os parâmetros climatológicos, parâmetros técnicos associados à escolha e operação de cada componente, os custos e o esquema de financiamento sejam indicados à ferramenta SAM, o usuário pode rodar o modelo para obter resultados. Este módulo explica como rodar o modelo e como analisar os resultados usando ferramentas de análise paramétrica. Simulação e análise dos resultados Na parte inferior esquerda da janela principal do SAM estão localizados os botões para rodar o modelo, e para executar análises paramétricas e probabilísticas. Rodar o modelo é rápido, o esforço computacional é baixo. Entretanto, executar análises paramétricas variando simultaneamente o valor de vários parâmetros, em uma faixa de valores grande, e com um passo fino, pode consumir ao modelo um esforço computacional elevado. Depois de cada rodada do modelo, o SAM entrega um resumo dos resultados-chave, similar ao apresentado na figura 19. São vários resultados relevantes: custo nivelado da eletricidade (LCOE), custo de capital (USD/kW instalado), custos de O&M, geração elétrica e térmica anual, fator de planta, consumo de água por ano, superfície de terra usada, valor presente líquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR), tempo de retorno do investimento, etc. Se o valor de inflação considerado é de 0%, devem-se considerar apenas os resultados em termos reais, por exemplo o LCOE real. MÓDULO IV – SIMULAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 42 Figura 19 – Principais resultados entregues pelo SAM Fonte: SAM v.2018.11.11 Entretanto, o SAM também fornece resultados detalhados em diversas resoluções temporais: valores horários, valores mensais e valores anuais. Por exemplo, a figura 20 apresenta o formato dos resultados horários para um ano típico meteorológico. No caso apresentado, indicam-se resultados de geração elétrica bruta e geração elétrica líquida da usina, para cada hora do ano. Basicamente, é possível visualizar e descarregar ao Excel todos os resultados e dados de entrada ao modelo, assim como também os cálculos internos intermediários que o modelo faz para chegar aos resultados. 43 Figura 20 – Resultados em resolução horária de geração elétrica bruta e líquida, entregues pelo SAM Fonte: SAM v.2018.11.11 Este curso enfatiza a importância do indicador de LCOE, no qual se sintetiza a maior parte dos outros resultados. O LCOE é a relação entre os custos totais anualizados – investimento, recuperação do capital, O&M fixo, O&M variável, combustível, outros custos, impostos e outros tributos – ao longo da vida útil do projeto, que deve ser igual ao período de análise financeira, e a geração elétrica anual. Este é o principal indicador de viabilidade técnico-financeira, dado que ele permite a comparação entre os custos nivelados da eletricidade produzida por CSP com a produzida por outras tecnologias de geração elétrica. O LCOE, incrementando uma percentagem de lucro, é uma boa referência para determinar o preço de venda da eletricidade ou tarifa que deveria ser negociada em um contrato de compra e venda de eletricidade (PPA, do inglês Power Purchase Agreement). Essa estimativa, ao mesmo tempo, é uma boa aproximação para se comparar com relação à tarifa de venda de eletricidade em cada uma das distribuidoras elétricas do Brasil, para cada uma das tecnologias da matriz elétrica. Análise paramétrica Os resultados entregues pela ferramenta SAM podem ser apropriadamente tabulados para analisar a influência da capacidade do sistema de armazenamento de calor (TES) e do dimensionamento e uso do sistema de hibridização (BUS) sobre o custo nivelado da eletricidade (LCOE), o fator de capacidade e a produção anual de eletricidade. O SAM conta com ferramentas 44 para desenvolver análises paramétricas que permitam entender qual é a influência do valor de cada parâmetro de entrada sobre algum dos resultados. É de especial interesse a análise da relação entre os custos de capital adicionais por instalar o sistema de armazenamento de energia térmica e resultados-chave como a produção anual de eletricidade, o fator de capacidade e o custo nivelado da eletricidade. É também de interesse a análise da quantidade adicional de eletricidade gerada conforme a capacidade de armazenamento incrementa. Uma atividade importante para quem estuda usinas CSP é otimizar os valores do múltiplo solar (MS), dada uma configuração de usina (tamanho do TES e BUS). É possível fazer isso usando a análise paramétrica da ferramenta SAM, mas observe que só a versão 2011 teve o módulo de otimização. É claro que com uma ferramenta de simulação só não se encontra a solução ótima, entretanto, usando de forma iterativa e recursiva uma ferramenta de simulação, fazendo análise paramétrica, pode-se encontrar uma solução próxima da solução ótima. A ideia é otimizar o múltiplo solar, tendo como função objetivo a minimização do custo nivelado da eletricidade (LCOE) (MONTES et al., 2009; SORIA et al., 2014). A versão 2018.11.11 permite analisar de forma paramétrica também o fator de hibridização –fill fraction –, algo que não é possível na versão 2020. O múltiplo solar (MS) é uma variável importante de ser analisada, tanto para avaliação de desempenho da planta como para determinar a viabilidade econômica. Dado que o campo solar representa a maior parte do investimento em capital, entre 33% e 39% do custo da potência instalada (MONTES et al., 2009; LODI, 2011), a otimização do campo solar seguindo critérios econômicos tem sido uma prática comum por vários autores (MONTES et al., 2009; MONTES et al., 2011; LODI, 2011; IZQUIERDO et al., 2010; SORIA, 2011; SORIA et al., 2015). O correto dimensionamento do tamanho do campo solar deve considerar a relação existente entre o múltiplo solar (MS) e a potência térmica nominal da planta – gross output. Um campo solar grande demais pode ser parcialmente útil em condições de alta irradiação solar DNI, por outro lado, um campo pequeno principalmente provocará que o bloco de potência não opere em condições de plena carga – part-load (MONTES et al., 2009). O valor ótimo de múltiplo solar não depende só da superfície do campo solar, mas também da localização da planta, das condições de desenho – temperatura ambiente, velocidade do vento, DNI, etc. – e dos parâmetros do bloco de potência em condições normais (MONTES et al., 2009). Durante o desenho da planta é fundamental analisar as relações do múltiplo solar com: a) os custos nivelados da eletricidade b) a irradiação DNI do lugar; c) a quantidade de calor obtido por unidade de área do campo solar; d) a produção anual de eletricidade; e) o fator de capacidade; f) as horas de armazenamento de calor; e g) a quantidade de hibridização. Por exemplo, o estudo de Soria et al. (2014) usa o SAM para analisar na região Nordeste do Brasil a relação entre múltiplo solar (MS), irradiação DNI, tamanho do sistema de armazenamento de calor (TES) e tamanho do sistema de back-up (BUS). 45 O tamanho do sistema de armazenamento de calor também deve ser otimizado usando as ferramentas de análise paramétrica do SAM. A função objetivo deve ser a minimização do custo nivelado da eletricidade (LCOE) produzida pela usina. Cada um dos parâmetros é dimensionado de tal forma que o LCOE é minimizado. Conclusão do módulo O SAM é uma ferramenta apropriada para desenvolver avaliações técnicas e financeiras de projetos de concentração solar para geração elétrica. Permite simular a operação da usina definida durante um ano típico meteorológico. Os principais resultados da ferramenta são: custo nivelado da eletricidade (LCOE), geração elétrica anual, fatorde planta, consumo anual de água, superfície usada pela usina, custo de capital por potência instalada e valor da tarifa de venda de eletricidade para um contrato de compra e venda, do tipo Power Purchase Agreement (PPA). O SAM disponibiliza algumas ferramentas úteis para executar análises paramétricas e de sensibilidade. O objetivo dessas análises é entender qual é a influência da variação do valor de um parâmetro de entrada sobre os principais resultados. A ferramenta é usada com frequência para dimensionar o tamanho do campo solar que permita gerar eletricidade a mínimo custo nivelado (LCOE). Essa análise pode ainda ser sofisticada considerando, além do dimensionamento do campo solar, o dimensionamento do sistema de armazenamento de energia térmica e do sistema de back-up, que permita operar com mínimo LCOE. 46 BIBLIOGRAFIA ARVIZU, D. et al. 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Este estudo usou a ferramenta SAM para simular diversas configurações de usinas CSP de cilindro parabólico, operando em diversas localidades do Brasil, em um cenário base e em vários cenários alternativos. É a principal referência para este curso, apresenta alguns valores que podem ser usados para modelar usinas CSP no País. SORIA, R.; SCHAEFFER, R.; SZKLO, A. Configurações para operação de plantas heliotérmicas CSP com armazenamento de calor e hibridização no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENERGIA SOLAR, 5., 2014, Recife. Anais [...]. Recife: CBENS, 2014. Nesta publicação os autores usaram a ferramenta SAM para modelar usinas CSP de cilindro parabólico operando no Brasil. Uma análise paramétrica ajudou a entender qual seria o dimensionamento ótimo do campo solar em função da capacidade do sistema de armazenamento de energia térmica e do sistema de back-up. 53 PROFESSOR-AUTOR Rafael Soria é doutor em Planejamento Energético pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ). Fez doutorado “sanduíche” no Instituto de Economia da Energia e Uso Racional da Energia (IER) da Universidade Stuttgart, e no Departamento de Análise de Sistemas Energéticos do Instituto de Termodinâmica Aplicada do Centro Aeroespacial Alemão (DLR), Alemanha. É mestre em Planejamento Energético (COPPE/UFRJ) e graduado em Engenharia Mecânica pela Escuela Politécnica Nacional (EPN), Equador. Integrou a equipe de pesquisadores do Laboratório de Economia da Energia (Cenergia/COPPE/UFRJ) entre 2010 e 2016, onde trabalhou com modelos de planejamento energético para o Brasil, focando especialmente as tecnologias de concentração solar para geração elétrica. Atua como consultor para a FGV Energia, desde 2018 no marco do projeto de P&D estratégico “Desenvolvimento de Tecnologia Nacional de Geração Heliotérmica de Energia Elétrica”; e para a Fundação Bariloche, Argentina, onde trabalhou em diversos projetos de planejamento energético no México, em Honduras e no Equador. Foi pesquisador em diversos projetos sobre planejamento energético, ferramentas de modelagem integradas, energias renováveis, especialmente heliotérmica, política energética, eficiência energética, etc. Atualmente, é professor associado do Departamento de Engenharia Mecânica da
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