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VULVOVAGINITES 27/05 MICROBIOTA VAGINAL O orifício interno divide o trato genital feminino anatomicamente em superior e inferior. As vulvovaginities acometem a parte inferior, o que acomete o superior é a doença inflamatória pélvica. CINCO ESTADOS COMUNITÁRIOS DE MICROBIOTA VAGINAL DESCRITAS EM MULHERES PRÉ-MENOPAUSICAS 4 SÃO DOMINADAS POR ESPÉCIES DE Lactobacilos ( baixa diversidade de espécies e uniformidade ). A outra comunidade definida como estado de diversidade dominada por bactérias anaeróbias ( Prevotella, Dialister, Atopobium, Gardnerella, Megasphera, Anaerococus, Streptococos, Sneathia ) Esses 5 grupos são denominados por tipos de estado de comunidade ( CSTs ) : CST I – composta predominantemente por L. crispatus CST II – L. Gasseri CST III – L. iners CST IV – estado de diversidade com níveis mais baixos de Lactobacilos; dominada por bactérias anaeróbias CST V - L. jenseii Transição mais comum observada é de CST III para CST IV, sugerindo que L. iners pode ser menos capaz de inibir a colonização de anaeróbios e patobiontes estritos,ou seja, nem todo lactobacilo funciona como agente de proteção para microbiota FATORES QUE INFLUENCIAM A COMPOSIÇÃO DA MICROBIOTA VAGINAL - Etinicidade/genética- Mulheres caucasianas e asiáticas com > prevalência de Lactobacillus spp. Como microbiota dominante, comparada às mulheres hispânicas e negras( as negras tem predominância do tipo 4 – anaeróbicas) - Práticas higiene/duchas vaginais -Fases da vida – relação com hormônios – pior na pós menopausa. Na menopausa as camadas de células superficiais maduras ricas em glicogênio elas começam a diminuir e começam a prevalecer as células basais e para basais por isso que o teste de Schiller em pacientes assim é chamado de iodo claro pois não tem uma quantidade de glicogênio suficiente para reagir com o iodo. Sem essas células n tem formação de acido lático, que é formado por enzimas. O ph acido protege contra agentes bacterianos. -Fases do ciclo menstrual- pior pós menstrual - ↓ hormônios e presença de sangue; melhor pico estrogênios. Tanto o esperma quanto a menstruação alcalinizam o ph e favorece a entrada de bacterias - Contracepção hormonal- ↑ Lactobacilo e < diversidade da flora. Fumo e relação sexual- ↓ LB e > diversidade flora, predominância de bactérias anaerobicas LACTOBACILOS Lactobacillus spp. Com potenciais fatores de proteção contra a aquisição e persistência do HPV e desenvolvimento e progressão da NIC - Manutenção de baixo pH – enzimas capazes de fermentação de glicogênio , produzindo grandes quantidades de àcido láctico. - Ambiente ácido- inibição crescimento várias espécies potencialmente patogênicas e fornece suporte ideal para a função metabólica celular do colo útero e da vagina - Produção de bacteriocinas – proteínas viricidas, bactericidas ou bacteriostàticas - Manutenção da função de barreira epitelial cervical que inibe a entrada do HPV nos queratinócitos basais. - Produção de peróxido de hidrogênio ( H2O2 ) com propriedades antibacterianas e antivirais. - Exibem efeitos citotóxicos em células tumorais cervicais in vitro, independente do pH e ácido lático, sem os mesmos efeitos sobre as células cervicais normais. - Produção numerosos outros peptídeos protetores e metabólitos capazes de inibir o crescimento bacteriano , a adesão e a ruptura de biofilmes. VAGINOSE BACTERIANA -A vaginose bacteriana ( CST IV ) é um distúrbio caracterizado por aumento da diversidade de espécies bacterianas ( anaeróbios ) e diminuição de lactobacilos - Importantes implicações para a saúde pública- associada com morbidade reprodutiva grave e significativa, incluindo doença inflamatória pélvica, abortamento, parto prematuro. Associada a maior aquisição de ISTS e transmissão do vírus da imunodeficiência humana ( HIV) Processo inflamatório praticamente ausente QUADRO CLINICO- critérios de Amsell Em 1983, Amsell et al. Apresentaram quatro situações para classificar a vulvovaginite como vaginose, implicando na atuação prevalente da Gardnerella vaginalis, Mobiluncus e anaeróbios em geral: 1- corrimento vaginal fluido, branco acinzentado, acompanhado de graus variados de hiperemia vulvovaginal 2- teste das aminas ( Whiff ) positivo – as aminas se tornam voláteis e fazem com que surja o dor de peixe podre. 3- pH vaginal ≥ 4,5 4- presença das células-guia “clue cells “no exame a fresco ou no Gram Obs.: presença de 3 desses 4 critérios conferem o diagnóstico de vaginose bacteriana DIAGNÓSTICO: PCR- custo elevado. Boa sensibilidade e especificidade – caro e sus não faz A cultura não é útil Amsell Nugent ( Gram ) TRATAMENTO: Metronidazol 500 mg VO 12/12 h – 7 dias ou Metronidazol gel 0,75%- 5g VV – 5 noites ou Clindamicina creme 2%- VV- 7 noites TRATAMENTO ALTERNATIVO: Tinidazol 2g VO uma vez ao dia – 2 dias ou Tinidazol 1gVO uma vez ao dia- 5 dias ou Clindamicina 300mg VO 12/12 h – 7 dias CANDIDIASE -Aumento da incidência por outras espécies que não a albicans ( C. globrata, C. tropicalis, C. pseudotropicalis, C. stellatoidea, C. krusei e C. guilliermondi - Pouco frequente na infância e no climatèrio . Fungos tem preferencia por ambiente acido - Geralmente assintomática no sexo masculino -Agentes oportunísticos- maior incidência em imunodeprimidos (HIV ) -Não é sexualmente transmissível. Mas em casos de candidíase recorrente ( mais de 4 episodios ao ano diag por cultura) muitas vezes o reservatório esta no homem e nesse caso tem que tratar o parceiro. ETIOPATOGENIA: Para que o microorganismo se torne patogênico são necessários fatores que determinem seu desenvolvimento assim como fatores que inibam o poder de proteção do hospedeiro: - Alteração do fenótipo ( transposição de elementos genéticos móveis no genoma do fungo )→ levando a diferentes formas de invasão nos tecidos do hospedeiro; alteração na capacidade de aderência às células epiteliais; alteração na resposta do fungo aos fatores ambientais ( hormônios esteróides ); alteração na capacidade antigênica do fungo; alteração na resistência aos agentes antifungicos - Produção de enzimas proteolíticas, toxinas e fosfolipases que parecem aumentar o poder de virulência da C. albicans - Hospedeiro- gravidez, uso de contraceptivos orais, DM, uso de antibióticos – altera o ph vaginal, imunidade, hábitos de higiene, vestuàrio Quadro clínico: -Prurido vulvar - Corrimento é mais branco,parece flocos de algodão aderidos a parede vaginais - Irritabilidade vaginal, ardor vulvar, dispareunia, disuria Exame ginecológico: edema e ou eritema vulvar, fissuras na vulva e períneo. Mucosa vaginal hiperemiada, aumento do conteúdo vaginal , de coloração variável, aderente às paredes vaginais. - Ph vaginal geralmente abaixo de 4,5 - Sintomatologia desencadeada ou exacerbada no pré- menstrual Classificação Não complicada : 1-Episódios esporádicos e infrequentes E 2- Sinais e sintomas suaves/moderados E 3- Provável C. albicans E 4- Mulheres não imunocomprometidas Classificação Complicada: Recorrente OU Severa OU Candida não albicans OU Diabetes, condições imunossupressoras ( HIV ), estado debilitado, terapia imunossupressora ( corticóides ) DIAGNÓSTICO: Exame a fresco do conteúdo vaginal; Exame de conteúdo clarificado com KOH; Coloração de Gram do conteúdo vaginal Cultura ( recidivas ); Teste rápido para leveduras; Fungiograma Tratamento: Cremes vaginais ( miconazol, clotrimazol, tioconazol ) Agentes orais ( fluconazol 150 mg, itraconazol 100mg, cetoconazol 200 a 400mg/dia ) Uso tópico ( fenticonazol, miconazol, clotrimazol – antifúngicos com corticoide Em candidíase recorrente é feita a fluconazol a 150mg no primeiro dia da menstruação durante 6 meses ou 1 comprimido uma vez na semana durante 4 semanas TRICOMONIASE Tricomonas vaginalis- protozoário flagelado; habitat natural é a vagina ( uretra, bexiga, ureteres, canal cervical, cavidade uterina, glândulas de Skene e Bartholin ) Cresce em condições de anaerobiose ( pH acima de 5,0 ) Serve como veículo para outros agentes sexualmentetransmissíveis ( N.gonorrhoeae ) Considerada uma IST Etiopatogenia: Aumento do pH vaginal durante e após a menstruação favorece o aprecimento da infecção Acometimento do epitélio escamoso pelo parasita→ aumento da vascularização ( papilites, edema, erosão das camadas superficiais e necrose ) Colo do útero com aspecto de “morango” ( acentuada distensão dos vasos sanguíneos superficiais e a focos de hemorragia Quadro clinico: Corrimento vaginal em grande quantidade de coloração , na maioria das vezes, esverdeada, acinzentada, podendo ser amarelada ou esbranquiçada Ardor, prurido, disuria e dispareunia Dor baixo ventre ( acometimento do trato genital superior ) Exame ginecológico ( hiperemia e edema vulvar, aumento acentuado do conteúdo vaginal, ao exame especular observa-se hiperemia na vagina e colo, colo com aspecto de morango ) Diagnóstico: Exame clinico pode ser insuficiente e sem especificidade para permitir um diagnóstico baseado apenas em sinais e sintomas Exame a fresco- Tricomonas móveis em lâminas de conteúdo vaginal Bacterioscopia Coloração pelo Gram PCR Cultura – melhor sensibilidade e especificidade Tratamento: Metronidazol – 2g VO em dose única Tinidazol- 2g VO em dose única Tratamento alternativo: Metronidazol- 500 mg VO 12/12 h por 7 dias Obs.: Tratar o parceiro PACIENTE F.C.S, 32 ANOS, SOLTEIRA, ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO, COMERCIANTE, NATURAL E PROCEDENTE DE SALVADOR, NEGRA, CATOLICA, APRESENTA-SE EM AMBULATÓRIO DE GINECOLOGIA COM QUEIXA DE CORRIMENTO VAGINAL HÁ 3 DIAS. REFERE QUE O FLUXO É AMARELADO, ABUNDANTE E FÉTIDO, COM PRURIDO VULVAR E DISPAREUNIA. NEGA LINFADENOPATIAS, FEBRE, ÚLCERAS OU OUTRAS LESÕES EM GENITÁLIA. RELATA AINDA DISÚRIA ASSOCIADA AO QUADRO. NEGA HEMATURIA. NÃO SABE INFORMAR SOBRE APARECIMENTO DE SINAIS OU SINTOMAS NO PARCEIRO COM O QUAL CONVIVE HÁ 3 ANOS. NEGA USO DE PRESERVATIVOS. DUM= HÁ 5 DIAS. CICLOS REGULARES. REFERE USO DE ACO REGULARMENTE. NEGA ISTS, CAUTERIZAÇÃO, BIÓPSIA DE COLO UTERINO, INTERNAMENTOS OU QUALQUER CIRURGIA. NULIGESTA. NEGA TABAGISMO, ETILISMO. NÃO SABE INFORMAR SOBRE ANTECEDENTES FAMILIARES ( FILHA ADOTIVA ). AO EXAME: BEG, LÚCIDA, ORIENTADA, CORADA, HIDRATADA, ACIANÓTICA, ANICTÉRICA. TA= 128X84MMHG, FC= 82 BPM, FR- 18IPM, T- 36,50C,. MAMAS:MÉDIO VOLUME, SIMÉTRICAS, FIRMES, SEM ABAULAMENTOS, SEM RETRAÇÕES. NÓDULOS NÃO PALPÁVEIS, LINFONODOS NÃO PALPÁVEIS, COMPLEXO AREOLO-MAMILAR SEM LESÕES, MAMILOS PROTRUSOS. ABDOME: SEMIGLOBOSO POR PANICULO ADIPOSO, FLÁCIDO, LEVE DOR A PALPAÇÃO PROFUNDA DE REGIÃO HIPOGÁSTRICA, SEM SINAIS DE IRRITAÇÃO PERITONEAL, SEM VISCEROMEGALIAS OU MASSAS PALPÁVEIS. GENITÁLIA EXTERNA: LÁBIOS EXTERNOS E INTERNOS SIMÉTRICOS, MONTE DE VENUS TRÓFICO, PILIFICAÇÃO GINECÓIDE, MEATO URETRAL TÓPICO, FLUXO ESVERDEADO ABUNDANTE EXTERIORIZANDO-SE PELO INTRÓITO VAGINAL. AO EXAME ESPECULAR NOTA-SE SECREÇÃO ESVERDEADA, ABUNDANTE, ESPUMOSA E COM ODOR BANHANDO O COLO DO ÚTERO QUE SE ENCONTRA EDEMACIADO E COM HIPEREMIA PERI-ORIFICIAL. AO TOQUE: VAGINA PÉRVIA PARA 2 DEDOS JUSTOS, ELASTICIDADE E TONICIDADE DAS PAREDES VAGINAIS MANTIDOS, FUNDOS DE SACO LIVRES, COLO ENDURECIDO, ÚTERO E ANEXOS NÃO PALPÁVEIS. PH VAGINAL=6,0 R- TRICOMONIASE CASO 2 QUEIXA DE CORRIMENTO VAGINAL HÁ 15 DIAS. REFERE QUE O CORRIMENTO É BRANCO, ESPESSO, MODERADO VOLUME COM PRURIDO INTENSO.NEGA ODOR E DIZ PIORAR COM O ESTRESSE. RELATA TAMBÉM ARDOR MICCIONAL E DISPAREUNIA ASSOCIADOS AO QUADRO. REFERE HIPEREMIA E ULCERAÇÃO EM VULVA QUE ATRIBUI AO ATO DE COÇAR. INFORMA QUE PARCEIRO QUEIXOU-DE DE PRURIDO E VERMELHIDÃO NO PÊNIS. RELATA QUE JÁ TEVE VÁRIOS EPISÓDIOS SEMELHANTES ANTERIORMENTE. LÁBIOS SIMÉTRICOS, HIPEREMIADOS E EDEMACIADOS, PRESENÇA DE PEQUENAS ESCORIAÇÕES EM REGIÃO VULVAR; MEATO URETRAL TÓPICO E SEM LESÕES. OGI- AO EXAME ESPECULAR , PAREDES VAGINAIS PREGUEADAS, EMBEBIDAS EM SECREÇÃO MODERADA QUANTIDADE COM ASPECTO DE “LEITE TALHADO “. COLO APARENTEMENTE EPITELIZADO, OE EM FENDA TRANSVERSA., COLORAÇÃO ROSEA BRILHANTE. TESTE DE SCHILLER NEGATIVO. TOQUE : VAGINA PÉRVIA PARA 2 DEDOD JUSTOS, ELASTICIDADE E TONICIDADE PRESERVADOS, COLO CONSISTÊNCIA FIBRO EL,ASTICA, MÓVEL, INDOLOR À MOBILIZAÇÃO E PALPAÇÃO, FUNDOS DE SACO LIVRES. ÚTERO E ANEXOS NÃO PALPÁVEIS. O PH VAGINAL É 3,5. R- CANDIDIASE VULVOVAGINAL
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