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MATRIZ DO PARECER 2 Elaborado por: Amanda Cristina Fonseca Couto Disciplina: Compliance Turma: 01 3 Cabeçalho Órgão solicitante: Conselho de Administração da empresa Carnes para a Família Assunto: Parecer a respeito das responsabilidades e deveres da auditoria, com base nos princípios do compliance 4 Ementa O presente parecer tem por objetivo analisar as obrigações do auditor interno e seu dever de obediência a alta direção da empresa, baseado nos princípios do compliance e também da governança corporativa. De forma suplementar, será analisado as diferenças entre as funções de auditor e complicance officer, analisando ainda se este possui a mesma independência daquele. 5 Relatório Trata-se de situação fática em que José, auditor interno da empresa Carnes para a Família, constatou durante suas atividades que a ração fornecida aos animais estava vencida. Preocupado com a contaminação das carnes que posteriormente seriam vendidas normalmente, José comunicou a alta direção que afirmou estar ciente do fato mas que, em razão do melhor preço devido a proximidade da data de vencimento, fez a compra mesmo assim. Ainda, o auditor foi orientado a não tocar mais no assunto, tendo em vista que ele é um funcionário da empresa. 6 Fundamentação A auditoria interna possui como finalidade o desenvolvimento de um plano de ação visando a melhoria da organização da empresa, agregando valores e resultados as operações. Assim, dentre as obrigações da auditoria interna, esta a de reportar eventuais irregularidades em seus relatórios, visando a melhoria do processo e, sobretudo, assegurar de que os procedimentos de controle interno estejam sendo efetivamente aplicados. No caso de José, após comunicar a administração da empresa e constatar a resistência da mesma em adequar seus procedimentos as normas regulatórias, deverá fazer constar em seu relatório, elaborado nos termos da NBC TI 01, item 12.3, o ponto a ser melhorado, asseverando quais são as principais implicações do problema, caso não seja corrigido. Neste ponto, imperioso ressaltar que o auditor não é responsável pela prevenção de fraudes ou erros, sendo apenas de sua responsabilidade que o seu trabalho seja elaborado avaliando o risco da ocorrência destes. Por outro lado, sobre o ponto de vista da empresa empregadora, caso referido problema não seja apontado no relatório realizado pela auditoria interna, o auditor poderá responder na justiça do trabalho, assim como, civilmente. Neste ponto, cumpre registrar que, nos termos do art. 932, III do Código Civil o empregador é objetivamente responsável por seus empregados, no exercício dos trabalhos que lhe competir. A definição de governança corporativa segundo o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) é “o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”. Em outras palavras, podemos dizer que a governança corporativa indica a direção que uma empresa deve seguir para alcançar os resultados esperados. No caso em discussão, a atuação da alta direção viola diretamente os princípios da governança corporativa, que são a transparência, prestação de contas, responsabilidade corporativa e equidade. Visando uma melhor compreensão do tema, passemos a falar sobre cada um deles. 7 O princípio da transparência visa a disponibilização de dados relevantes a qualquer parte interessada, que assim requerer de forma fundamentada. Neste ponto, imperioso registrar que, em que pese algumas informações podem ser de fato confidenciais, não há por que criar barreiras para o acesso a dados que não trazem prejuízos a individualidade de cada um na sociedade, mas que poderão ser capazes de otimizar a organização e gerencia do negócio. Ao lado da transparência, temos o princípio da prestação de contas, que também pode ser definido pelo termo em inglês accountability. De forma objetiva, a prestação de contas por um agente da governança, quanto a sua atuação, denota o comprometimento e responsabilidade da empresa para com as boas práticas da gestão. Não obstante, o pilar da responsabilidade corporativa é de grande valia para zelar a saúde economica das organizações, prezando pela desenvolvimento profissional e mental dos colaboradores, minimizando assim os eventuais impactos negativos. E por fim, mas não menos importante, o princípio da equidade possui como finalidade o comprometimento da alta gestão em levar em consideração as diferenças de cada colaborador, conforme sua participação dentro da empresa, ao mesmo tempo que se mantem um tratamento justo e isonômico a todos eles. Assim, a posição tomada pela alta direção em orientar o auditor interno a não reportar a questão da validade da ração que é oferecida aos animais, pode ser caracterizada como uma violação direta a todos os princípios acima elencados, ao passo que demonstra o pouco comprometimento da alta gestão em estar em conformidade com as normas regulatórias, o compliance. O compliance pode ser entendido como ser/estar conformidade com as instituições legais de direito com marcos regulatórios somados à ética empresarial, ou ética corporativa. Portanto, temos que a governança corporativa esta diretamente ligada ao complicance. Para a implementação do compliance, é de extrema importância a figura do complicance officer que pode ser definido como o “profissional responsável por implantar e gerenciar o Programa de Compliance e, com isso, garantir que toda a legislação, 8 regulamentos internos e externos, nacionais e internacionais, relativos a Organização e ao mercado a que pertença, sejam observados e cumpridos por todos os departamentos e stakeholders.”1 Registre-se que a figura do compliance officer não deve ser confudida com a figura do auditor interno, ao passo que enquanto aquele é responsável por implantar e gerenciar programas de compliance, este é responsável por certificar-se do cumprimento das normas e processos instituídos pela alta administração. De modo geral, podemos dizer que o compliance “faz parte da estrutura de controles, enquanto a auditoria avalia essa estrutura”2 Ainda, de acordo com o Instituto dos Auditores Internos do Brasil a missão ao auditor interno consiste em “aumentar e proteger o valor organizacional, fornecendo avaliação (assurance), assessoria (advisory) e conhecimento (insight) baseados em risco”3 Não obstante, o Código de Ética apresentado pelo IIA Brasil prevê quatro princípios que devem ser observados pelos auditores internos, quais sejam, integridade, objetividade, confidencialidade e competência. No que se refere ao princípio da integridade, como regra de conduta, os auditores internos “não devem conscientemente fazer parte de qualquer atividade ilegal ou se envolver em atos impróprios para a profissão de Auditoria Interna ou para a organização.”4 Portanto, no tocante a situação fática, em que pese José seja empregado contratado da empresa Carnes para a Família, deve, acima de tudo, estar em conformidade com os valores de sua profissão, devendo respeitar o Código de Ética bem como as normas que a regulamentam. Assim, muito embora tenha sido orientado a não expor o irregularidade constada, deve aponta-la em seu relatório final, asseverando quanto aos riscos de sua 1 Compliance Officer & Data Protection Officer. Claudio Carneiro e Sircéia Macedo. Curitiba: Instituto Memória. Centro de Estudos da Contemporaneidade,2019. 2 MANZI, Vanessa A. Compliance no Brasil, p. 61. 3 Disponível em: <https://iiabrasil.org.br//ippf/missao-da-auditoria-interna> . Acesso em: 21 de abril de 2021. 4 Disponível em: < https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/editorHTML/uploadDireto/cdigo-de-tica-v- editorHTML-00000010-09102019100736.pdf>. Acesso em: 21 de abril de 2021. https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/editorHTML/uploadDireto/cdigo-de-tica-v-editorHTML-00000010-09102019100736.pdf https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/editorHTML/uploadDireto/cdigo-de-tica-v-editorHTML-00000010-09102019100736.pdf 9 ocorrência. Isso porque, conforme normas supracitadas, a independência do auditor interno impacta diretamente no seu dever de integridade. Ainda, as Normas Internacionais para a Prática de Auditoria Interna5 prevê, dentre as normas de atributo, que “a atividade de auditoria interna deve ser independente e os auditores internos devem ser objetivos ao executar seus trabalhos” Do mesmo modo, para que o compliance officer possa atuar de maneira eficaz, é fundamental que seja assegurar a sua independência, de modo que o profissional responda diretamente ao órgão mais alto da organização, de forma que permaneça desvinculado a pontenciais conflitos de interesse. Assim, ante o acima exposto, tem-se que tanto a figura do auditor interno como a do compliance officer devem ter resguardados a independência na execução de suas atividades, visando o respeito as normas de programas de integridade, bem como as praticas de auditoria interna. 5 Disponível em: < https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/ippf/downloads/livreto-ippf-vs-ippf-00000010- 01102019105200.pdf>. Acesso em: 21 de abril de 2021. https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/ippf/downloads/livreto-ippf-vs-ippf-00000010-01102019105200.pdf https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/ippf/downloads/livreto-ippf-vs-ippf-00000010-01102019105200.pdf 10 Considerações finais Ante o acima exposto, em análise a situação fática, tem-se que o papel de José, como auditor interno, deve ser de reportar a irregularidade constatada durante a execução de seu trabalho, tendo em vista que estamos diante de uma atividade ilegal da empresa que, em razão do dever de integridade da auditoria interna, deve ser avaliado pela alta gestão. 11 Referências bibliográficas Compliance Officer & Data Protection Officer. Claudio Carneiro e Sircéia Macedo. Curitiba: Instituto Memória. Centro de Estudos da Contemporaneidade, 2019. MANZI, Vanessa A. Compliance no Brasil, p. 61. Disponível em: https://iiabrasil.org.br//ippf/missao-da-auditoria-interna. Acesso em: 21 de abril de 2021. Disponível em: https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/editorHTML/uploadDireto/cdigo- de-tica-v-editorHTML-00000010-09102019100736.pdf. Acesso em: 21 de abril de 2021. Disponível em: https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/ippf/downloads/livreto-ippf-vs- ippf-00000010-01102019105200.pdf. Acesso em: 21 de abril de 2021 https://iiabrasil.org.br/ippf/missao-da-auditoria-interna https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/editorHTML/uploadDireto/cdigo-de-tica-v-editorHTML-00000010-09102019100736.pdf https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/editorHTML/uploadDireto/cdigo-de-tica-v-editorHTML-00000010-09102019100736.pdf https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/ippf/downloads/livreto-ippf-vs-ippf-00000010-01102019105200.pdf https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/ippf/downloads/livreto-ippf-vs-ippf-00000010-01102019105200.pdf
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