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Oxidação dos Ácidos Graxos -Metabolismo dos Lipídeos- SUSANA FIGUEIREDO – UFC CATABOLISMO DOS LIPÍDEOS » A diferença dos lipídeos em relação à glicose é que os ácidos graxos não são tão reativos. Desse modo, é preciso ativar o ác. graxo para depois poder oxidá-lo e fornecer o ATP LIPÍDEOS USADOS COMO ENERGIA » Principalmente: Triacilgliceróis : estocados nos adipócitos Fosfolipídeos * Esteróis (esteróides), aqueles que originam o colesteol, NÃO podem ser utilizados como fonte de energia » Os ácidos graxos são fonte de energia prioritária para o coração e o fígado, principalmente por sempre estarem disponíveis no organismo Se ussasem glicose, esta, poderia eventualmente estar em falta, o que comprometeria o funcionamento e o metabolismo dos mesmos ARMAZENAMENTO » Adipócitos: forma de armazenamento de lipídeos em animais » Triacilgliceróis (triglicerídeos) Principal fonte de lipídeos da dieta (>90%) Principal forma de armazenamento de energia metabólica dos humanos » Células do cotilédone ou endosperma (sementes): forma de armazenamento de lipídeos em plantas VANTAGENS ENERGÉTICAS DE TRIGLICERÍDEOS Longas cadeias de alquila: estruturas com alta energia de oxidação Extremamente insolúveis em água: não aumentam a osmolaridade do citosol por não reterem muito líquido Inércia química: não atrapalham por serem armazenadas na célula DESVANTAGENS ENERGÉTICAS TRIGLICERÍDEOS Longas cadeias de alquila: necessidade de ativação através da ligação da coenzima A Extremamente insolúveis em água: necessidade de emulsificação antes de serem digeridos pelas enzimas instestinais DIGESTÃO E ABSORÇÃO DOS LIPÍDEOS QUILIMICRON » Estrutura molecular: Superfície: camada de fosfolipídeos, com os grupos polares em contato com a fase aquosa Triglicerídeos sequestrados em seu interior representam mais de 80% da massa do quilomicron Presença de várias apolipoproteínas que se projetam da superfície e que atuam como sinalizadores na absorção e no metabolismo do conteúdo dos quilomicrons Presença de colesterol na membrana MOBILIZAÇÃO DOS LIPÍDEOS » Ácidos graxos deixam os adipócitos e vão para o sangue onde se ligam à albumina ou soroalbumina para serem transportados para os tecidos onde serão utilizados como combustível » Nos momentos oportunos, os lipídeos são mobilizados dos adipócitos, sendo liberados e distribuídos pela corrente sanguínea até aos tecidos onde serão oxidados para produzir ATP » Triacilglicerol: Glicerol (5%) + Ác. graxos (95%) » Ác. graxos: usados para produzir ATP pela oxidação »Glicerol: pode ser usado para a síntese de glicose por meio da gliconeogênese ou levado para a glicólise para a produção de piruvato ENTRADA DO GLICEROL NA VIA GLICOLÍTICA » O glicerol não se perde, podendo ser tranformado em di-hidroxicetona-fosfato, um intermidiário da glicólise, juntamente com o gliceraldeído 3-fosfato, que entra na glicólise, podendo gerar ATP ou glicose, por meio da gliconeogênese LOCALIZAÇÃO CELULAR » Localização celular da oxidação dos ácidos graxos: Animais: principlamente na matriz mitocondrial, dentro da mitocondria Plantas: principalmente no peroxissomo (glioxissomo), responsável pela oxidação do ácido graxo e onde pode acontecer a síntese de glicose pela gliconeogênese o As plantas conseguem produzir glicose a partir de gordura. Os humanos não conseguem faze-lo por conta da reaçao do complexo da piruvato desidrogenase ser irreversível ATIVAÇÃO E TRANSPORTE DE ÁC GRAXOS PARA A MITOCÔNDRIA » Os ácidos graxos para serem usados como combustível, precisam ser ativados e transportados. »O ácido graxo entra na célula, chegando primeiramente no citosol. Como a oxidação ocorre na mitocôndria, esse ácido graxo deve ser transportado para o seu interior 1. Ativação: » Formação de ponte tioéster entre a carboxila de um ácido graxo e a coenzima A (CoA-SH) – Acil-CoA » Existem enzimas específicas para cada tipo de ácido graxo (cadeia longa ou curta) » O ácido graxo ativado é aquele ligado covalentemente à Coenzima A através do átomo de enxofre » Essa reação é catalisada pelas enzimas acil-CoA sintetase, responsáveis pela ativação »Uso de uma molécula de ATP, liberando AMP + PPi » Como 2 ligações fosfato de alta energia são liberadas » O ácido graxo ataca o ATP e leva para si, clivando no começo, o AMP (Adenosina Mono Fosfato) e libera 2 grupamentos fosfato, que serão clivados em 2 fosfatos inorgânicos » A coenzima A ataca e se liga, tornando o ácido graxo ativado e liberando o AMP » Como se libera o AMP e não o ADP, considera-se o gasto de 2 ATPs já que são liberados 2 PPi » O AMP é o produto da ativação do ácido graxo que depois será reciclado a ATP 2. Passagem do acil-CoA do espaço intermembrana para a matriz » A oxidação do ácido graxo acontece dentro da mitocôndria, ao passo que sua ativação ocorre fora. » O ácido graxo entra para dentro da mitocôndria via carnitina » A coenzima A é dispensada momentaneamente e em seu lugar liga-se a carnitina, que leva o ácido graxo » A ligação da carnitina com o ácido graxo é feita pela carnitina-aciltransferase 1 » Quando a carnitina entra levando o ácido graxo, a reação inversa ocorre. A carnitina se desliga do ác. graxo, a Coenzima-A reassume seu lugar, ligando-se novamente no ácido graxo e a carnitina retorna, estando outra vez apta para carrear outro ác.graxo » Entrada de ácido graxo na mitocôndria pelo transportador acil-carnitina: após a formação de acil- carnitina-graxo na membrana externa ou no espaço intermembrana, ela se desloca para a matriz pela difusão facilitada por meio do transportador na membrana interna » Na matriz, o grupo acila é transferido para a coenzima A mitocondrial, tornando a carnitina livre para retornar ao espaço intermembrana pelo mesmo transportador. » A aciltransferase 1 é inibida por malonil-CoA, o 1º intermediário na síntese de ácidos graxos. Essa inibição evita a síntese e a degradação simultâneas dos ácidos graxos »Carnitina: derivada da lisina e da metionina » Ácidos graxos com número de C menor ou igual a 13: podem penetrar livremente na mitocôndria » Ácidos graxos com número de C maior que 14 necessitam de transportadores. Para isso, é necessário uma série de reações enzimáticas 3. Na matriz o grupo acil-graxo é transferido da carnitina para a CoA-SH mitocondrial CICLOS DE B-OXIDAÇÃO » Etapas da oxidação de ácidos graxos: Etapa 1: um ácido graxo de cadeia longa é oxidado para produzir resíduos de acetil na forma de acetil-CoA. Esse processo é chamado de B-oxidação Etapa 2: os grupos acetil são oxidados a CO2 no ciclo do ácido cítrico (CK) Etapa 3: os elétrons derivados das oxidações das etapas 1 e 2 passam ao O2 por meio da cadeia respiratória mitocondrial, fornecendo a energia para a síntese de ATP por fosforilação oxidativa » Etapa 1: B-oxidação: Remoção oxidativa de unidades sucessivas de dois átomos de carbono na forma de acetil- CoA o Ex: se temos um ácido graxo de 16 carbonos, teremos 8 acetil-CoA » Ácidos graxos com número par de elétrons de carbono (mais encontrados na natureza) o produto final será acetil-CoA »Ácido Esteárico (C18) → 9 moléculas de acetil- CoA 1. Oxidação de acil-CoA a enoil-CoA: a. Retirar um H alfa e um beta, que serão entregues ao FAD para produzir FADH2 b. Essa retirada de hidrogênios, induz a criação de uma dupla trans c. Reação catalisada por uma enzima chamada Acil-CoA-desidrogenase 2. Hidratação da dupla formando 3-hidroxiacil- CoA: a. Introdução de uma hidroxila no C beta b. A hidratase é estereoespecífica, só introduz a molécula de água se a ligação for do tipo trans 3. Oxidação do grupo hidroxila do carbono B formando carbonila: a. Não usa o FAD mas sim o NAD b. Retirada de 2 H do carbonobeta retirados e entregues ao NAD para formar o NADH+ H+ 4. Cisão da B-cetoacil-CoA por uma reação com uma molécula de CoA: encurtamento de dois átomos de carbono: a. Libera o acetilCoA e introduz, no seu lugar, a coenzima-A (acido graxo fica então ativado, mas com 2C a menos, que acabaram de ser retirados) » O processo se repete até a quebra de todo o ácido graxo e liberar os Acetil-CoA » Em cada ciclo de B-oxidação são produzidos FADH2 e NADH, que vão para a CTE. Já o Acetil- CoA gerado vai para o CK » Nº de Acetil-CoA = n/2 » Nº de NADH= (n/2)-1 » Nº de FADH2 = (n/2)-1 » Nº de ciclos= nºacetil-CoA-1 » Equação parcial tendo como exemplo o ácido palmítico (16C) Palmitoil-CoA + 7 FAD + 2 H2O + 7 NAD+ + 7CoA → 8 acetil-CoA + 7 FADH2 + 7NADH + 7H+ EQUAÇÃO GERAL DA OXIDAÇÃO COMPLETA DO ÁCIDO PALMÍTICO (16C) » Para cada NADH + FAH2 → ½ O2 é consumido » Para um ácido graxo de 16 carbonos, geramos: 8 acetil-CoA, e cada um gera: o 3 NADH o 1 FADH2 o 1 GTP » Como temos 8 acetil CoA geramos: o 24 NADH, 8 FADH2 e 8 GTP 1 2 3 4 7 NADH 7 FAH2 » Então, para saber quanto O2 será consumido, somamos todos os NADH e todos os FADH2 24 + 8 + 7 + 7 = 46 X ½ O2= 23 O2 consumidos no final da CTE » Cálculo dos ATPs: Para cada Acetil-CoA que entra no CK: 3 NADH X 2,5= 7,5 ATP 1 FADH2 X 1,5= 1,5 ATP 1 ATP Então, cada acetil CoA gera 10 ATP Ácido graxo com 16C: 8 Acetil CoA X 10 =80 ATP 7 NADH X 2,5 = 17,5 7 FADH2 X 1,5= 10,5 TOTAL = 108 ATP » Quanto às moléculas de CO2, por cada CK são liberadas 2, então com 8 moléculas de acetil CoA que entram no CK, temos a produção de 16CO2 » Quanto à liberação de água: ½ O2 → 1 H2O 23 O2 → 46 H2O »Produção de 46 moleculas e consumo de 7 (1 por cada volta na B-oxidação), 16 H2O CK (2 moléculas por cada volta do CK)= 23 moléculas de H20 » Saldo de 106 pois foram usados 2 ATPs na ativação OXIDAÇÃO DOS ÁC GRAXOS MONOINSATURADOS EX: oleato (18:1 Δ9) » Processos de ativação e transporte semelhante aos de ácidos graxos saturados » Processo semelhante, mas sem necessidade de fazer uma dupla pois esta já se encontra feita » Presença de dupla cis, mas necessidade de que esta seja trans. Para isso, adiciona-se uma isomerase (Enoil-CoA isomerase) que vai transformar a cis em trans » Há também um reposicionamento da dupla » O ciclo continua normalmente » Há um pequeno prejuizo no saldo final, pois como já temos a presença de uma dupla, não será preciso produzi-la, então também não será liberado o FADH da primeira etapa. OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS EX: linoleato (18:2 Δ9, Δ12) » Necessidade de uma isomerase (transformar cis em trans) e de uma redutase para reorganizar as duplas OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS COM NÚMERO ÍMPAR DE CARBONOS » Geram no final da oxidação propionil-CoA no lugar de acetil-CoA » O propionil-CoA vai receber um carbono às custas de um ATP, produzindo-se metilmalonilCoA que será transformado em Succinil CoA, que entrará no ciclo de Krebs REGULAÇÃO DA OXIDAÇÃO DOS ÁC. GRAXOS » Quando o ácido graxo entra na célula vai ser ativado, podendo ir para a B-oxidação na mitocôndria, transportado através da cernitina »Outra alternativa é serem destinados para a síntese de triacilgliceróis e fosfolipídeos » Quando não se quer B-oxidar, evita-se o transporte via carnitina, inibindo-a por malonil-CoA (biossíntese de ácidos graxos) » Quando o NADH/NAD+ está em alta concentração inibe a B-hidrociacil-CoA desidrogenase »Quando o Acetil CoA está em alta concentração inibe a tiolase B-OXIDAÇÃO E PEROXISSOMOS » A B-oxidação também ocorre nos peroxissomos/glioxissomos, apenas para ácidos graxos de cadeia longa e muito longa (+20C) Via similar à existente na mitocôndria com exceção da primeira etapa Glioxissomos: sementes em germinação Principal local de B-oxidação nos vegetais »A acil-CoA-oxidase passa os elétrons diretamente para o O2 produzindo H2O2 »Não há produção de ATP através da primeira reação »Nos peroxissomos a B-oxidase é muito mais ativa para os ácidos graxos de cadeia muito longa e de cadeia ramificada » Dieta rica em gorduras → B-oxidase nos peroxissomos → Catabolismo até moléculas menores e exportação para mitocôndrias → Oxidação completa CORPOS CETÔNICOS »Ácidos produzidos a partir do acetil-CoA quando este se encontra em excesso B-hidroxibutirato Acetoacetato Acetona » Primeira reação do ciclo de Krebs Acetil-CoA + oxaloacetato → Citrato » Formação de corpos cetônicos e exportação a partir do fígado: as condições que promovem a gliconeogênese (diabetes não tratado, redução na ingestão de alimento) desaceleram o CK (pelo consumo de oxaloacetato) e aumentam a conversão de acetil-CoA em acetoacetato. » A coenzima A liberada permite a B-oxidação contínua de ácidos graxos » Alimentação rica em gordura → B-oxidação → Geração de acetil CoA → Jejum ou diabetes descontrolado, ou seja, ausencia de glicose dentro da célula → Retira-se então o oxaloacetato do CK para a síntese de glicose → Com a retirada de oxaloacetato, o Acetil-CoA se acumula e se combina com ele mesmo formando os corpos cetônicos que vão ser exportados do fígado para os tecidos para servir de energia » Quando ocorre deficiência de oxaloacetato haverá excesso de acetil-CoA devido à B-oxidação: Alimentação rica em gordura Estado de inanição Diabete Cetose → Cetoacidose »Perda excessiva de H+ na urina e escreção de Na+, K+ e H20, o que leva à desidratação e pode resultar em coma
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