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Lei 10.639/2003 e o Papel do Professor

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Relações Étnico-Raciais na 
Educação e Educação Indígena
2º Aula
O papel do professor frente à 
diversidade cultural e racial
Nesta segunda aula vamos debater sobre a Lei 
nº. 10.639, de 09 de janeiro de 2003, que altera a Lei 
nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para incluir no 
currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da 
temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. 
Debater o racismo, a pluralidade cultural e a 
legislação é essencial para compreender como essa 
temática deve ser vivenciada no ambiente educacional. 
Lembre-se de que é importante consultar a 
bibliografia recomendada ao final da aula para reforçar 
o aprendizado. 
Boa Aula!
Boa aula!
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de:
• compreender o teor e a importância da Lei 10.639/2003 para a atuação do professor em sala de aula perante as 
mudanças no currículo oficial que prevê o ensino da história e cultura afro-brasileira. Conhecer a legislação que aborda 
o assunto;
• definir o conceito de ações afirmativas;
• identificar quais são as ações afirmativas referentes à diversidade cultural e racial. 
10
9
1 - Reflexões sobre a Lei 10.639/2003
2 - Educação para todos: política de ação afirmativa
Seções de estudo
1 - Re exões sobre a Lei 10.639/2003
Conscientização. Essa é a mola mestra na formação 
do perfil de um professor que se compromete a combater 
o racismo, o preconceito e a discriminação, os quais não 
produzem nenhum benefício para a escola ou a sociedade. Ao 
adotarmos uma postura combativa, percebemos que estamos 
lutando contra algo que, na maior parte das vezes, encontra-se 
mascarado atrás de valores historicamente cultivados e normas 
sociais devidamente estabelecidas. Elas influenciam o agir e 
o pensar da etnia dominante sobre a etnia dominada. Ainda 
hoje, muitos profissionais não compreendem a importância 
que caracteriza o encontro de diferentes etnias por acreditarem 
que, ao não promoverem ações discriminatórias, elas não 
existam. Caso a discriminação aconteça, pensam que quanto 
mais salientarmos, mais discriminação estaremos gerando. 
Tal ideologia deve ser modificada, pois a sua permanência 
significa não dar voz ao aluno negro, índio, asiático e outros, e 
estigmatizar o preconceito.
1.1 - Tratando o “diferente” de 
maneira diferente
O que signi ca tratar os “diferentes” enquanto “iguais”?
Historicamente, a sociedade brasileira vem tratando os 
diferentes enquanto iguais, e, o que se vê de fato é a permanência 
das grandes desigualdades sociorraciais. Mas como ocorre isso?
Ou melhor, por que problematizar a igualdade na 
diferença, se tudo que se busca é uma sociedade igualitária? E 
mais, qual é a validade desse questionamento no atual contexto 
brasileiro? Trazer o diálogo dos diferentes enquanto desiguais 
para, aí sim, buscarmos de fato a igualdade implica em entender 
que a diferença tem a ver com possibilidades, ou seja, com as 
condições de acesso aos recursos materiais da sociedade, e não 
com identidade. 
Então, como contextualizar a partir do olhar da 
complexidade que nos impõe a nova agenda de discussões 
culturais, de modo a provocar rupturas nos valores 
hegemonizados pelo culturalismo, as discussões emergentes 
a partir do atravessamento do discurso da diversidade 
sociocultural brasileira? 
É nessa busca de possibilidades que trago a Lei 10.639, 
de 9 de janeiro de 2003, que altera a Lei 9.394/1996, que 
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para 
incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade 
da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, que em seu 
Art. 26-A, no caput § 1º do conteúdo programático, inclui o 
estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros 
no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da 
sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro 
nas áreas social, econômica e política pertinentes à História 
do Brasil, neste momento intelectual e político efervescente 
do qual emergem reflexões e ações paradoxais que expõem e 
propõem o quanto de efervescência e paradoxalidade constitui 
e institui o que chamamos de realidade.
Ao termos consciência ou ciência dessa realidade, 
permite-nos salientar que o povo brasileiro é constituído de 
uma diversidade e pluralidade que nos torna singular. Essa 
singularidade trazida sob a égide das reparações ao povo 
negro necessita ser percebida pela sua diversidade, e por que 
não dizer, também, sua singularidade. 
E retratar essa heterogeneidade, é importante como 
mecanismo para reconstituir a alteridade do negro brasileiro 
assujeitado pela homogeneidade de seus costumes e tradições 
culturais e linguísticas. Nesse sentido, ao trazer a Lei 10.639, 
com a perspectiva de trabalhar na formação de professores 
para a diversidade étnico-racial, significa não apenas possibilitar 
o aprendizado de uma cultura que é baseada na oral, mas a 
constituição da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade 
dos conhecimentos da história e da cultura do negro no Brasil. 
Pensar na formação docente como mecanismo de dar 
conta da demanda trazida pela Lei 10.639 pressupõe, antes 
de tudo, descrever de que “lugar” e “olhar” falamos, ou seja, 
implica em dizer que em nome da diversidade étnico-racial é 
preciso adotar nova postura frente ao processo educacional. 
Ao analisar qual concepção está presente e se impõe ao 
sujeito social histórico, como nos diz Brandão (1986), de um 
lugar Generalizante (com uma posição social abstrata) como 
o historicamente definido, ou Significativo no qual damos 
atenção aos seus sentimentos, pensamentos, expectativas e a 
sua realidade.
Segundo, ainda, Brandão, a prática educacional catequética 
do passado que destrói na vida, na consciência e na cultura, a 
diferença do outro de “mim”, necessita ser abolida, porque 
ela é responsável pela cristianização do índio, pelo batismo 
do negro e pela opressão das mulheres. Necessita-se pensar 
em um processo educacional que ressignifique a cultura e a 
identidade das diversas culturas. 
A educação, longe de ser uma prática desinteressada e 
neutra, é um importante instrumento de reprodução social 
que impõe ao educando o modo de pensar considerado 
correto, a maneira “científica”, “racional”, “verdadeira” de se 
entender e explicar a sociedade, a família, o trabalho, o poder, 
bem como os modelos sociais de comportamento.
1.2 - Ainda sobre a legislação
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional define 
como finalidade da educação básica, “desenvolver o educando, 
assegurar-lhe a formação indispensável para o exercício da 
cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e 
em estudos posteriores”. Culminado a isso, a Lei 10.639 de 
janeiro de 2003, que em seus artigos 26-A, 79-A e 79B, institui 
nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais 
e particulares, a obrigatoriedade do ensino sobre História e 
Cultura Afro-Brasileira. E ainda, os conteúdos referentes à 
História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito 
de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação 
Artística e de Literatura e História Brasileira.
11
10Relações Étnico-Raciais na Educação e Educação Indígena
A formação de professores para dar conta da 
implementação desta Lei, se dá no contexto atual do 
estabelecimento de um conjunto de Políticas Públicas de 
Ações Afirmativas para população afrodescendente e 
indígena, através do protagonismo central do Programa 
Diversidade na Universidade do Ministério da Educação 
(2001), da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da 
Igualdade Racial da Presidência da República - SEPPIR 
(2003), da Fundação Cultural Palmares do Ministério da 
Cultura - FCP/Minc 1998 - Governo Fernando Henrique 
Cardoso, do Conselho Nacional de Combate à Discriminação 
da Secretaria Especial de Direitos Humanos do Ministério da 
Justiça - CNCD/SEDH/MJ (2001).
Essa configuração política de políticas encontra sua 
história nos vários tratados internacionaisde Direitos 
Humanos, assinados pelos governos brasileiros desde 1944 
com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e as 
Convenções Internacionais Sobre a Eliminação de Todas 
as Formas de Discriminação Racial, de 1969, que introduz 
o princípio da discriminação positiva (consignado na atual 
Constituição brasileira) sustentando: 
 o dever do estado de erradicar a marginalização e as 
desigualdades; 
 o estabelecimento de prestações positivas em prol da 
promoção e integração de segmentos desfavorecidos e 
 a prescrição da discriminação justa para compensar 
a desigualdade de oportunidade ou fomentar setores 
considerados prioritários. 
Também encontra sua história tanto na ação e organização 
das entidades e grupos do Movimento Negro, quanto nas 
pesquisas e reflexões acadêmicas sobre as questões étnico-
raciais, estas tendo como fundamento teórico-metodológico 
tanto as inspirações e aspirações provenientes dos intelectuais 
do próprio Movimento Negro, quanto aquelas poucas voltadas ao 
cotidiano vivido por uma população negra, que está incluída 
nas contradições e paradoxos históricos dos quais é parte 
singular, o que escapa de uma perspectiva homogeneizante, 
parte fundante e desrespeitosa da vitimização.
As novas bases materiais que caracterizam a produção 
(reestruturação produtiva), a economia (globalização) e 
a política (neoliberal) trazem profundas implicações para 
a educação deste século, uma vez que cada estágio de 
desenvolvimento das forças produtivas gesta um projeto 
pedagógico que corresponde às suas demandas de formação 
de intelectuais, tanto dirigentes quanto trabalhadores.
Aos educadores cabe, dada a especificidade de sua função, 
fazer a leitura e a necessária análise desse projeto pedagógico 
em curso, de modo a tomar por base as circunstâncias 
concretas, participar da organização coletiva em busca da 
construção de alternativas que articulem a educação aos 
demais processos de desenvolvimento e consolidação de 
relações sociais verdadeiramente democráticas.
2 - Educação para todos: políticas de 
ação a rmativa
O artigo acima mencionado, autoria de Dircenara dos 
Santos Sange, tem como foco apresentar uma discussão 
atual a respeito do tema das ações afirmativas como políticas 
públicas. Essa temática vem se inscrevendo na agenda nacional 
de maneira definitiva no que tange aos negros brasileiros: da 
Lei Federal 10.639/03, dos programas de cotas nas Instituições 
de Ensino Superior, na reserva de vagas para afrodescendentes 
nos concursos públicos, nos NEAB’s (Núcleos de Educação 
Afro-brasileiras), entre outros.
No entanto, precisamos ainda comprovar com as pesquisas 
realizadas pelos órgãos oficiais o abismo social existente entre 
brancos e negros na nação brasileira. A diferença é revelada 
através dos dados, ficando evidente quais os indivíduos que 
estão situados nos piores percentuais na escola, no mercado de 
trabalho, nas condições básicas de vida.
Com base nas pesquisas que apresentam a discrepância 
nos números entre os brasileiros, percebemos a necessidade de 
meios que possibilitem erradicar ou minimizar as desigualdades 
existentes entre os cidadãos. Para tanto, as políticas de ações 
afirmativas seria uma das possibilidades para mudar esse 
quadro.
Mais especificamente, no aspecto educacional, a partir 
do ano de 2003, temos a Lei Federal assinada pelo Presidente 
Luiz Inácio Lula da Silva, que traz a História e Cultura Afro-
brasileira e Africana e as Relações Raciais como obrigatoriedade 
nas escolas brasileiras.
Para finalizar essa introdução, apresento os aspectos 
que serão abordados neste artigo: começo trazendo alguns 
percentuais das pesquisas na área educacional. Posteriormente, 
situo as políticas de ação afirmativa no cenário mundial. Em 
seguida, trago o conceito de ação afirmativa, e ao término 
desse trabalho, abordo a Lei 10.639 e as possibilidades que esta 
oferece pela primeira vez na história da educação brasileira.
2.1 - Conhecendo a realidade dos 
dados 
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
mostra, em números, uma retrospectiva feita na década de 90 
do século passado, com a categoria cor no Brasil. A população 
brasileira compõe-se de 54% de brancos e 45% de não brancos, 
ou negros (somando-se pretos e pardos), (Brasil, Ministério do 
Planejamento e Orçamento, 2000). Cabe ressaltar que houve 
uma mudança significativa nessa afirmação, visto que os 
indivíduos, ao se declararem segundo a sua cor ou raça, têm 
demonstrado um outro olhar, de 1993 a 2003 nas pesquisas 
realizadas.
Conforme consta na reportagem intitulada “Síntese dos 
indicadores sociais traz um retrato do Brasil em 2003” no site 
do IBGE:
A população que se declarara branca sofreu 
redução de 2%, passando de 54,3% para 
52,1%, enquanto os percentuais de pretos (de 
5,1% para 5,9%) e pardos (de 40% para 41,4%) 
cresceram. No Nordeste, a participação de 
pretos passou de 5,2% para 6,4% no período. 
No Sul, essa proporção passou de 3% para 
3,7% e, no Centro-Oeste, de 2,8% para 4,5%. 
Os pardos também tiveram aumento: no 
Sudeste, sua proporção, que era de 27,7% 
em 1993, subiu para 30,3%; no Sul, de 12,1% 
para 13,4%; e no Centro-Oeste, de 48,9% para 
51,8%.
12
11
Esses dados apontam o aumento do número de negros se 
autodeclarando como tal, e mais precisamente na região sul do 
país o quadro fica assim constituído: 3,7% para pretos e 13,4% 
para pardos, totalizando 17,1% de negros ou não brancos. 
Com base nos dados nacionais, destaco a área educacional 
como foco do estudo. Quando consideramos a taxa de 
analfabetismo, a dos negros é de 16,9% e a dos brancos é de 
apenas 7,1%. Segundo o Censo de 2000, dados sobre nível 
de instrução por raça revelam: 18% dos pretos e 14,5% dos 
pardos estudaram por menos de um ano na vida contra 7,5% 
dos brancos e 6% dos amarelos. Entre aqueles que estudaram 
mais de 11 anos, os brancos são 25% e os amarelos 47%, os 
pretos apenas 11% e os pardos 12%. 
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira (INEP) destaca no seu Informativo nº 88 de 
11 de maio de 2005 a pesquisa realizada pelo Pnad (Pesquisa 
Nacional por Amostra de Domicílios, 2003) / IBGE menciona 
que: pretos e pardos, na faixa etária de 15 a 17 anos, que não 
concluíram o ensino fundamental somam 63,6%, enquanto os 
brancos e amarelos na mesma faixa são 37,8%.
Na faixa seguinte – de 18 a 24 anos – na mesma situação 
de desvantagem na escolarização: há 44,3% de pretos e pardos 
contra 23,1% de brancos e amarelos.
Partindo do pressuposto de que a população de 15 
anos ou mais que não concluiu o ensino fundamental é 
predominantemente pobre, é razoável supor que pretos e 
pardos pobres estão em pior situação do que os brancos e 
amarelos pobres. Nesse ponto do texto cumpre destacar os 
percentuais que revelam a questão não sendo simplesmente de 
classe social, mas também de cunho racial: Em 1999, entre as 
famílias brancas pobres, vemos que 21% das crianças de 7 anos 
não frequentam a escola, enquanto que esse valor é de 30,5% 
entre as famílias negras pobres.
Analisando a população brasileira como um todo, 
constatamos que apenas 20,4% dos alunos de 15 anos 
conseguem finalizar esse nível de ensino. Quando consideramos 
essas informações sob o recorte racial, observamos que 29,2% 
dos brancos completam o ensino fundamental e apenas 11,5% 
dos negros chegam a esse resultado. 
Após essa breve contextualização de dados estatísticos, 
confirmando a desigualdade entre brancos e negros na 
educação e na sociedade de maneira geral, passo a discutir as 
políticas de ação afirmativa como uma forma de superação 
desse quadro.
2.2 - Políticas de ação afirmativa: 
algumas referências 
Esta parte do texto situa os primórdios da ação afirmativa 
como sendo uma política já implantada em outros países 
e, no caso brasileiro, estamos começando a reclamar essa 
possibilidade. Em 1963, nos Estados Unidos, no governo de 
John Kennedy, já existiam políticas de ação afirmativa nas 
universidades.
No Brasil tivemosa Lei do Boi de 1968 que dizia: “Os 
estabelecimentos de ensino médio agrícola e as escolas 
superiores de agricultura e veterinária, mantidas pela União, 
reservarão anualmente, de preferência, cinquenta por cento 
de suas vagas a candidatos agricultores ou filhos destes, 
proprietários ou não de terras, que residam com suas famílias 
na zona rural, e trinta por cento a agricultores ou filhos destes, 
proprietários ou não de terras, que residam em cidades ou 
vilas que não possuam estabelecimentos de ensino médio” 
(GOMES, 2003, p. 17).
Temos também as leis que garantem uma cota mínima de 
30% de mulheres entre os candidatos de cada partido político 
para eleições em qualquer nível da federação.
Verificam-se políticas de ação de afirmativa nos concursos 
públicos: no município de Porto Alegre, Viamão, Bagé, Caxias 
do Sul (esses são do Estado do Rio Grande do Sul), entre 
outros no restante do país. Existem quatorze universidades 
públicas que implementaram cotas até o momento, são:
Universidade de Brasília, Universidade Federal do Paraná, 
Universidade Federal de São Paulo, Universidade Federal de 
Juiz de Fora, Universidade Federal de Alagoas, Universidade 
Federal da Bahia, Universidade Estadual do Rio de Janeiro, 
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, 
Universidade Estadual da Bahia, Universidade Estadual 
de Mato Grosso do Sul, Universidade Estadual Amazonas, 
Universidade Estadual de Londrina, Universidade Estadual de 
Mato Grosso e Universidade Estadual Montes Claros.
2.3 - Conceituando as políticas de 
ações afirmativas 
Dando continuidade a respeito das discussões sobre 
ações afirmativas, não podemos perder de vista os conceitos 
que são atribuídos a essas políticas. Nos casos citados acima se 
pode entender como políticas de ação afirmativa porque são 
emanadas do poder estatal. Quero enfatizar dois conceitos 
que se complementam e que caminham na mesma linha. 
Guimarães (1999, p. 153) define a ação afirmativa como 
“programas voltados para acesso de membros de minorias 
raciais, étnicas, sexuais ou religiosas a escolas, contratos 
públicos e postos de trabalho”.
Outro conceito que converge neste olhar ajudando-nos 
a entender as ações afirmativas, conforme Joaquim B. Gomes 
(2005): podem ser definidas como um conjunto de políticas 
públicas e privadas de caráter compulsório, facultativo 
ou voluntário, concebidas com vistas ao combate à 
discriminação racial, de gênero, por deficiência física e de 
origem nacional, bem como para corrigir ou mitigar os efeitos 
presentes da discriminação praticada no passado, tendo por 
objetivo a concretização do ideal de efetiva igualdade de 
acesso a bens fundamentais como educação e o emprego.
Com base nos conceitos entende-se a Lei Federal 
10.639/03, por meio da obrigatoriedade da temática de 
História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, como uma 
política em que as escolas tanto públicas quanto privadas 
devem fazer cumprir as letras da lei. Essa Lei é fruto das lutas 
há tempos reclamadas pelo Movimento Negro Brasileiro para 
que a história do povo negro na formação e construção da 
nação viesse a ser estudada pela comunidade escolar.
2.4 - Novos horizontes: política 
de ação afirmativa através da Lei 
10.639/2003
Desde o dia 9 janeiro de 2003 foi promulgada a Lei 
Federal 10.639 que altera a Lei 9.394 de 20 de dezembro 
13
12Relações Étnico-Raciais na Educação e Educação Indígena
Retomando a aula
Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar 
essa aula, vamos recordar:
Vale a pena
Vale a pena ler
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Identidade e etnia: a 
construção da pessoa e resistência cultural. São Paulo: 
Brasiliense, 1986.
BRASIL. Ministério da Educação - Reforma da Educação 
Superior - Reafirmando princípios e consolidando diretrizes 
da reforma da educação superior - Documento II, 2004.
de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino 
a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-
Brasileira”.
A lei 9.394 passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 
26-A, 79- A e 79-B: Art. 26-A. Nos estabelecimentos de 
ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se 
obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1º. O conteúdo programático a que se refere o caput 
deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos 
Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira 
e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a 
contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e 
política pertinentes à História do Brasil.
§ 2º. Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-
Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo 
escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de 
Literatura e História Brasileira.
Art. 79-A. (Vetado); 
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de 
novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”. 
Depois de feita a explicitação do que diz a lei, destaco 
rapidamente ainda o artigo 79-A que foi vetado e que tratava 
em seu conteúdo de um item fundamental para que a lei 
fosse realmente apropriada pelo corpo docente das escolas: 
a formação de professores. Nesse sentido, gostaria apenas 
de fazer uma reflexão que merece talvez, um outro artigo, 
porque justamente onde deveria haver o comprometimento 
das instâncias governamentais na formação dos professores 
com relação à lei o artigo é vetado?
Seguindo na legislação, o Conselho Nacional de 
Educação (CNE/CP Resolução 1/2004) institui: 
Art.1º A presente Resolução institui Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-
Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira 
e Africana, a serem observadas pelas instituições de ensino, 
que atuam nos níveis e modalidades da Educação Brasileira e, 
em especial, por instituições que desenvolvem programas de 
formação inicial e continuidade de professores.
Com isso, as secretarias de educação e os cursos de 
formação de professores estão comprometidos a abordarem 
o assunto de maneira responsável para que a lei seja 
adequadamente implementada nas escolas de todo o país. 
A educadora Jeruse Romão em entrevista ao Jornal Irohin 
destaca seis desafios para implementação da Lei. Um deles 
diz respeito justamente à formação de professores e sua 
preocupação com o assunto: “Estamos escrevendo um 
capítulo sem precedentes na história da educação do país. 
Um capítulo em que os excluídos retornam à escola para 
ensinar/educar o sistema que os exclui. [...] recomendo que 
as organizações negras brasileiras com excelência no tema de 
educação se conveniem com os sistemas de educação formais 
e certifiquem estes [...]”.
Dessa forma, não podemos tratar esta Lei como um 
curso/ oficina/seminário de tantas horas depois ser esquecida 
pelas escolas. A Lei deve ser abordada na escola durante 
todo o ano, e não somente em novembro (mês que reflete 
o Dia Nacional da Consciência Negra). Deve estar incluída 
no currículo, no projeto político-pedagógico, nas reuniões de 
formação de professores e outros espaços que for possível o 
tema ser discutido, inclusive na sala de aula pensando numa 
educação para todos, que não exclua o ALUNO NEGRO.
1 - Reflexões sobre a lei 10.639/2003
1.1 - Tratando o “Diferente” de maneira diferente.
1.2 - Ainda sobre legislação. 
A formação de professores para dar conta da 
implementação desta Lei, se dá no contexto atual do 
estabelecimento de um conjunto de Políticas Públicas de 
Ações Afirmativas para população afrodescendente e indígena.
2 - Educação para todos: políticas de ação afirmativa
2.1 - Conhecendo a realidade dos dados.
2.2 - Política de ação afirmativa, algumas referências. 
2.3 - Conceituando as políticas de ações afirmativas.
2.4 - Novos horizontes – política de ação afirmativa 
através da Lei 10.639/03.
Com base nas pesquisas, apresenta-se a discrepância nos 
números entre os brasileiros, percebendo a necessidade de 
meios que possibilitemerradicar ou minimizar as desigualdades 
existentes os cidadãos. Para tanto, as políticas de ações 
afirmativas seria uma das possibilidades para mudar esse quadro. 
Mais especificamente, no aspecto educacional, a partir do 
ano de 2003 temos a Lei Federal assinada pelo Presidente Luiz 
Inácio Lula da Silva que traz a História e Cultura Afrobrasileira 
e Africana e as Relações Raciais como obrigatoriedade nas 
escolas brasileiras.
Vale a pena assistir
UM GRITO DE LIBERDADE
Ficha Técnica / Título original: “Cry Freedom” / 
Inglaterra, 1987, 157 / minutos. Direção: Richard 
Attenborough.
14

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