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Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 1 Introdução ● Embriologia ◦ Tireoide se origina no endoderma no forame cego. ◦ Tireoide migra no sentido descendente para a região cervical. ● Anatomia ◦ Tireoide possui dois lobos ligados pelo istmo. ◦ Lobo piramidal localizado no ducto tireoglosso. ◦ Pesa em torno de 15 a 20g. ◦ Possui 04cm de comprimento, 02 cm de largura e 1,5cm de profundidade. ● Histologia ◦ Tecido tireodiano é composto por folículos esféricos – célula folicular: produção de T3 e T4 ◦ Células C, derivadas da crista neural – secreta calcitonina (não tem relevância clínica; apenas se carcinoma medular de tireoide). → Síntese e produção dos hormônios tireoidianos Tireoide puxa o iodo através do NIS e estoca o íon de iodo no coloide, ocorre organificação de iodo (que é a transformação o iodeto em iodo pela peroxidase) e a tireoglobulina incorpora o iodo virando monoiodotirosina ou diiodotirosina que se acoplaram formando tri-iodotirosina (T3) ou tiroxina (T4) – secreção de T3 e principalmente T4, que circulam ligados a TBG, transtirretina, albumina. Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 2 →Ações dos hormônios tireoidianos: T3 – mais ativo, regulado pelos tecidos periféricos. T3 livre circulante passa pela membrana e vai direto para o núcleo, se liga a regiões específicas do DNA e acarreta em síntese de diversas proteínas. O fígado é responsável pelo Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 3 nível de T3 circulante, porque o T4 no fígado, pela ação da deiododinase é transformado em T3 que é liberado no plasma. Em todos os tecidos essa conversão ocorre, mas no fígado isso é mais expresso. Por isso não adianta dosar T3 em certos casos, porque a deiodinase sempre compensará. Efeitos do T3: liga no receptor do hormônio tireoidiano junto com o receptor x e hormônio receptor tireoidiano, levando a síntese de proteínas, com efeitos de aumento do metabolismo. →Metabolismo dos hormônios tireoidianos: Tipos de deiodinase: D1: ativa e invativa – fígado, rim e tireoide. D2: ativa hormônio tireoidiano – cérebro, hipófise, tecido adiposo marrom, tireoide, placenta, musculo esquelético e cardíaco. D3: inativa – mais expressa é cérebro, placenta e pele. →Fisiologia dos hormônios tireoidianos Eixo hipotálamo-hipófise-tireoide. Na prática clínica o hipotálamo não serve para nada – foco em hipófise e tireoide. Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 4 Eutiroidismo: hipófise secreta TSH, que estimula HTs, que faz feedback negativo no TSH. Hipotireoidismo primário (tireoide não funciona adequadamente): T3/T4 diminuem, com essa queda dos níveis, não tem feedback negativo na hipófise, aumentando secreção do TSH. Hipertireoidismo primário (tireoide hiperfuncionante): muito aumento de T3/T4, muito feedback negativo, TSH supresso. →Avaliação laboratorial dos hormônios tireoidianos: Relação log-linear. TSH no eixo y vai multiplicando de 10 em 10 (escala logarítmica). Eixo x tem-se o T4 livre, vai de unidade em unidade (linear). Para cada 2x que altera um hormônio tireoidiano, o TSH altera mais de 100x. Triangulo: base – valor de normalidade do T4. TSH: parte da altura do triangulo – valor de normalidade (ente 4 e 40), então mínimas alterações do T4 não consegue visualizar em exames laboratoriais, mas o TSH consegue. Por isso o TSH é o exame de escolha. A relação log-linear é o que garante a sensibilidade e especificidade do TSH. Normal – dentro da faixa de normalidade. Evolução com disfunção tireoidiana – queda de T4L, já houve uma alteração individual. Como a relação em T4L e TSH é log-linear, já ocorre alteração do TSH, mas laboratorialmente o T4 está normal laboratorialmente e o T3 dentro dos níveis. Quanto mais vai caindo, mais vai aumentando TSH. O T3 só vai se demonstrar baixo em situações graves de hipotireoidismo. Subclínico – definição laboratorial (não tem relação com sintomas, paciente pode já ter sintomas). Hipertireoidismo – pedir T3, porque a tireotoxicose tem mais produção de T3 do que T4. Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 5 →O que é TSH normal? CONCEITO DE NORMAL: O que predomina em uma população saudável. Critérios da NACB: Sangue colhido em jejum, pela manhã, de indivíduos sem história pessoal ou familiar de doença tireoidiana, sem bócio, sem alterações tireoidianas ao US e Ac anti-TPO e anti-Tg negativos. Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 6 ____________________________________________ Se histórico de que a alteração é hipofisária, TSH não é confiável. T4 livre sempre baixo. Imagina um adenoma hipofisário, TSH pode vir baixo, mas as vezes pode vir normal ou alta – a dosagem de TSH é um ensaio antígeno-anticorpo; na hipófise doente, ela pode secretar algumas proteínas anômalas, mas o ensaio pode reconhecer como TSH e não é. Por isso TSH pode vir discretamente elevado. O hipotireoidismo primário estará acima de 20. Endocrinologia Pamela Barbieri – T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 7 TBG transporta maior parte dos HTs. A albumina, apesar de transportar pouco, tem muita albumina circulante. E sequencialmente transtirretina. →Armadilhas na avaliação laboratorial dos hormônios tireoidianos Fatores que influenciam os níveis séricos das proteínas de ligação dos hormônios tireoidianos ● Aumento da TBG ◦ Congênito ◦ Estados hiperestrogênicos: gravidez, estrogenioterapia ◦ Hepatite infecciosa aguda ● Redução da TBG ◦ Congênito ◦ Drogas (androgênios, glicocorticoides, L- asparaginase) ◦ Cirrose, desnutrição proteica, síndrome nefrótica ● Aumento da transtirretina ◦ Congênito ◦ Glucagonoma, carcinoma de ilhotas pancreáticas ● Drogas que afetam afinidade de ligação à TBG ◦ Salicilatos, fenilbutazona, fenclofenac, fenitoína, diazepam, mitotano, furosemida, heparina ● Causas congênitas ◦ Hipertiroxinemia disalbuminêmica familiar (todos valores normais, T4total aumentado). ◦ Hipertriiodotironinemia disalbuminêmica (todos valores normais, aumento do T3total). Outras causas ● Doenças não tireodianas ◦ Pacientes com doença grave ou estado crítico (hipotireoidismo central transitório) ◦ Síndrome do eutireoidino doente ● Laboratoriais ◦ Auto-anticorpos anti-T3 ou anti-T4 – 0 repercussão clínica, mas com grandes alterações laboratoriais) ◦ Anticorpos heterofílicos ● Drogas ◦ Biotina ● Gestação ◦ Ação da hCG ◦ Aumento da TBG ● Doenças psiquiátricas agudas ◦ Esquizofrenia, psicose afetiva, abuso de anfetamina Endocrinologia Pamela Barbieri– T23 Prof. Dr. Sérgio Luchini 8 O estrógeno aumenta TBG. Se aumenta TBG, aumenta T4total. hCG tem semelhança estrutural com o TSH (subunidade beta diferentes) e no início da gravidez sobe tanto, que se liga aos receptores da tireoide e tireoide aumenta T4L – é fisiológica a tireotoxicose no primeiro trimestre. Quando o hCG cai, volta a cair o T4L, mas mesmo assim mais alto que o normal, porque mesmo que pouco, ainda sofre influência do hCG. Quando o indivíduo tem uma doença e quanto mais grave, menos T4 será produzido pela tireoide (devido a liberação de catecolaminas, citocinas inflamatórias). Por outro lado, diante de uma resposta de estresse, o organismo também faz menos T4 e mais T3reverso – pelas deiodinases responsáveis pela inativação do T4. A hipófise fica em estado ‘contemplativo’ e não sobe TSH – ocorre um hipotireoidismo central na doença aguda. Se a doença é muito grave – ou morre, ou entra em recuperação. Quando entra em recuperação, a hipófise ‘acorda’ e o TSH começa a subir e tireoide volta a funcionar e as deioidinases voltam a produzir HTs, normalizando os valores. Essa redução da taxa metabólica é protetora – direcionar o metabolismo para onde necessita maior energia. Não é necessário avaliar HTs em pacientes graves!!!
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