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SBCM I – Cardiologia – Michelle Del Nery Marcadores de Necrose Tumoral O paciente do caso apresenta fatores de risco para doença coronariana, como: hipertensão, tabagismo, diabetes, sedentarismo, maus hábitos alimentares e histórico familiar de doenças cardiovasculares. Ele também apresenta poliuria, polidipsia, polifagia e dor precordial. Por isso, o quadro é sugestivo de Síndrome Coronariana Aguda Síndrome Coronariana Aguda De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a SCA é caracterizada por dor precordial intensa que pode irradiar para membro superior, principalmente esquerdo. Além disso, há aumento dos Marcadores de Necrose Miocárdica e pode ou não ter alterações no Eletrocardiograma. Dor no IAM, na SCA: O fluxo sanguíneo está prejudicado e, por isso, ocorre desequilíbrio entre oferta e demanda de oxigênio, isto é, há hipoxia e depois anóxia. A mudança do metabolismo de aeróbico para anaeróbico leva ao acumulo de acido lático, que contribui para causar a dor. Com a anóxia, há a necrose das células miocárdicas. Desse modo, a membrana citoplasmática dos miócitos sofre alterações irreversíveis, perdendo sua integridade e então se rompe. Com isso, há a liberação dos Marcadores de Necrose Miocárdica na corrente sanguínea. ECG na SCA Na SCA, é necessário pedir o ECG. Baseado na analise deste, podem ocorrer os seguintes quadros: Marcadores de Necrose Miocárdica São proteínas e enzimas que existem no interior dos miócitos e são liberados na corrente sanguínea após o rompimento da membrana citoplásmica devido a necrose celular. Os principais são: ➢ CK total ➢ CK – MB ➢ Troponinas ➢ Mioglobina A liberação deles depende de 3 fatores: ✓ Peso molecular do marcador: por exemplo, a Mioglobina aparece mais rapidamente pois tem baixo peso molecular. Em contrapartida, AST/TGO e desidrogenase lática tem alto peso molecular e por isso demorar a aparecer, é por este motivo que estes dois não são tão utilizados no diagnostico laboratorial. Fazer Reperfusão Miocárdica Marcadores de Necrose + + Marcadores de Necrose - SBCM I – Cardiologia – Michelle Del Nery ✓ Localização: por exemplo, a Mioglobina está localizada no citoplasma do miócito, enquanto que TGO aparece mais tardiamente pois está dentro das mitocôndrias dos miócitos ✓ Se é livre ou complexado: por exemplo, a Mioglobina está livre, enquanto que a TGO pode estar complexada com outras moléculas. Os Marcadores de Necrose Tumoral são importantes para: ❖ Realizar Diagnostico Precoce ❖ Realizar Diagnostico Diferencial ❖ Acompanhar Conduta Terapêutica: por exemplo, ao utilizar substancias antitrombóticas – antiplaquetários como AAS/Clopidogrel ou trombolíticos como alteplase/tenecteplase – o pico do marcador é muito maior e ocorre mais rapidamente. Isto ocorre pois tudo aquilo que está retido dentro do miócito será liberado na corrente circulatória. Denomina-se de “Wash out” ❖ Avaliar o prognostico: quanto maior a concentração do marcador na corrente circulatória, maior a área miocárdica lesada. ❖ Diagnostico de Reinfarto: paciente com suspeita de SCA, deve-se dosar os marcadores seriadamente, observando se os marcadores estão diminuindo. No caso deles voltarem a subir, significa que o paciente teve uma reoclusão, isto é, um reinfarto. Por exemplo, ao dosar a CK-MB e após 72 horas ela continuar aumentando, indica que é reinfarto. CK Total É a enzima Creatina Quinase. Utilizada tanto na produção quanto na utilização de fosfato de alta energia nos tecidos contrateis. Tem três isoenzimas, que são localizadas em: ✓ Musculo cardíaco ✓ Musculo esquelético ✓ Cérebro Ou seja, não é especifica do musculo cardíaco. Tipos: ❖ CK 1 = CKBB = exclusivamente no cérebro. ❖ CK 2 = CKMB = no musculo cardíaco e 1% no musculo esquelético. É a utilizada para o diagnostico de IAM ❖ CK 3 = CKMM = no musculo esquelético. É a utilizada para o controle das Estatinas, visando prevenir a rabdomiólise. Laboratorialmente, dosamos CKBB e CKMB. Ou seja, a dosagem de CK total é utilizada quando não é possível utilizar outros marcadores mais sensíveis e mais específicos para diagnóstico. CK – MB Existem duas metodologias para dosagem: ✓ Atividade da enzima ✓ Massa Atividade da enzima: seu aumento é observado de 4-6h após a dor precordial/sinais de isquemia, seu pico máximo de atividade ocorre em 18h e volta aos valores normais entre 48- 72h. Nessa metodologia, pode ocorrer Falso Positivo = apresenta-se alterada mas não há infarto, devido a presença de macromoléculas de CK, que podem ser dos seguintes tipos SBCM I – Cardiologia – Michelle Del Nery o Tipo I – CKMM ou CKMB associado a IgG ou IgM. o Tipo II – neoplasias Para evitar falso positivo, devemos realizar o Calculo do Indice Relativo de CK: Se: • < 4% é de lesão muscular • 4-25% IAM, verdadeiramente positivo • 25% são de macromoléculas de CK, ou seja, é falso positivo Massa: é padrão ouro, mas só é realizada em laboratórios de referência. Se o local não fizer a dosagem de CK-Mb pela metodologia massa, devo solicitar CK-Mb pela metodologia atividade e também a CK total, para depois ser possível calcular o Indice Relativo de CK. O seu aumento é observado de 3-6h após o inicio da dor precordial, seu pico ocorre em 16h e volta aos valores normais de 48-72h. Não há falso positivo pois nesse método elimina as macromoléculas de CKMB. Troponinas São proteínas que regulam o complexo miofibrilar dentro do miocito. 3 tipos: ✓ T: tecido cardíaco somente. TnT ✓ I: tecido cardíaco somente. TnI ✓ C: tecido cardíaco e músculo esquelético. No diagnostico do IAM, utilizar a dosagem das troponinas TnT e TnI. Estão localizadas exclusivamente dentro dos miocitos então qualquer alteração na dosagem da troponinas tem alta especificidade e sensibilidade. A dosagem das troponinas é importante pois é utilizada para estratificação de risco para angina instável. De acordo com as Diretrizes, 30-40% dos portadores de Angina Instavel apresentam CK- MB normal e Troponinas aumentadas/alteradas. É importante pois fica alterada por todo o evento cardíaco. Existem duas metodologias para dosagem das troponinas TnT e TnI: • Convencional • Ultrassensivel Convencional: ng/ml. A Troponina é detectada de 4-8h após a lesão/dor precordial/sinais de isquemia, seu pico é em 18h e volta ao normal em 5-14 dias. Ultrassensivel: ng/L, por isso tem poder de detecção 100x maior. A Troponina é detectada de 3-4h após a lesão/dor precordial/sinais de isquemia, seu pico é em 18h e volta ao normal em 5-14 dias. A dosagem das Troponinas sempre deve ser feita associada a CK-MB. Isto ocorre pois as troponinas podem estar alteradas em outras patologias que não tem etiologia coronariana, como por exemplo: • Doença de Chagas. • Acidente (trauma cardíaco). • Taquirritimias. • Hipertrofia VE. • Embolia pulmonar. • Hipertensão pulmonar. • Overdose de cocaína. • Miocardites. • Pericardite. • Sepse. • Queimaduras. • Falência respiratória. • Doenças neurológicas agudas. SBCM I – Cardiologia – Michelle Del Nery Por isso, ao dosar troponina também dosamos CK, pois se troponina estiver positiva e CK-MB positiva, é necessariamente um evento coronariano. Obs: lembrar do dado de que, em angina instável, pode ocorrer Troponina aumentada e CK-MB normal. Mioglobinas É um marcador de baixo peso molecular, ouseja, é leve e não é complexado. A mioglobina se altera em 2h após a dor, tem seu pico às 12h e volta ao normal em 36 horas. A mioglobina é uma heme proteína, que tem a função de oxigenar os tecidos e por isso está localizada no musculo cardíaco, esquelético, fígado. Desse modo, ela é usada no diagnostico do IAM para realizar descarte. Ou seja, é dosada para que, no caso de estar normal, saber que não se trata de IAM. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia CRITERIO 1: MNM devem ser mensurados em todos os pacientes com suspeita de SCA CRITERIO 2: Os marcadores devem ser medidos na admissão e repetidos pelo menos uma vez, 6- 9 horas após. Devem ser medidos de maneira seriada para acompanhar a cinética do marcador. CRITERIO 3: CK-MB massa e troponinas são os marcadores bioquímicos de escolha. A preferência é que ambos sejam dosados. No caso de não ser possível dosar CK-MB massa, dosar CK-MB atividade e CK total. CRITERIO 4: Troponina T ou I com aumento acima do percentil 99 em pelo menos uma ocasião nas primeiras 24 horas de evolução indica IAM. Lembrando que o VR = 0,012/0,12 ng/ml. CRITERIO 5: Valor máximo de CK-MB massa maior do que o limite superior da normalidade em duas amostras sucessivas. (CK-MB massa: valor referencial até 5 mg/mL, portanto considerar > 5 mg/mL até < = 10 mg/mL em duas amostras sucessivas) CRITERIO 6: Valor máximo de CK-MB acima de duas vezes o limite máximo da normalidade em uma ocasião durante as primeiras horas após o evento (CK-MB > 10 mg/mL). CRITERIO 7: Na ausência de CK-MB ou troponina, CK total acima de duas vezes o limite superior pode ser utilizada (valor referencial até 190 UI/L) associado a dosagem da CK-MB atividade (valor referencial até 25 UI/L) mas este biomarcador é consideravelmente menos satisfatório do que a CK-MB massa.